Beanie Medeiros Tayane Miranda Salvador Abril de 2014 Câncer Diabetes Sarcoidose Lúpus ICC Depressão Fibromialgia Caso clinico QP:A Sra. M.L.S, 36 anos, procura ajuda médica porque está muito nervosa e emagreceu muito nos últimos 3 meses. Caso clinico HMA: Ela sempre se considerou muito nervosa, mas desde a morte da mãe, se tornou ainda mais ansiosa, chora facilmente, está inquieta e apreensiva e se sente trêmula. Ela sente calor o tempo todo, e apesar de inverno mais rigoroso este ano, não usou nenhuma “blusinha de manga”. Seu apetite está bom e até um pouco exagerado, mas mesmo assim, perdendo peso (7 Kg em 3 meses). Está se cansando facilmente e sente palpitações com frequência. Suas menstruações tornaram-se escassas e cessaram completamente há 3 meses. Ela nega poliúria ou polidipsia, não apresenta febre ou quadro respiratório. Suas fezes estão mais pastosas e ela passou a evacuar 3 a 4 vezes ao dia. Ela se sente deprimida, pois não consegue fazer suas tarefas do trabalho por se sentir confusa e agitada. Não tem dormido normalmente e passa a noite com medo de ter cardiopatia como a mãe. Diz que a mãe morreu por insuficiência cardíaca. Qual sua suspeita diagnostica? Caso clinico O exame físico revelou uma mulher magra, apreensiva e muito nervosa. As mãos estão quentes e úmidas, a pele muito fina e aveludada. Percebe-se um tremor fino nas mãos. A temperatura é de 37°C, pulso de 120, frequência cardíaca de 120 bpm, PA de 150x60 mmHg. A tireoide encontra-se difusa e moderadamente aumentada, sem nódulos palpáveis. Há frêmito em toda a extensão da tireoide, percebido pela palpação leve da mesma. Caso clinico AR: NDN AC: Precordio ativo, impulsivo, palpável no 5º EIE na LMC, bulhas arrítmicas, normofoneticas em 2 tempos, sem sopros com presença de extrassístole em salva. AB: Globoso sem outras alterações; Pele e fâneros: Edema em região tibial e queda acentuado dos cabelos; Neurológico: Tremores finos, pares cranianos, marcha e sensibilidade preservados. Quais achados do exame clínico corroboram sua hipótese diagnóstica? Caso clinico 15-04-2014 4,1 Caso clinico Colesterol total é de 98 mg/dl; Eletrólitos normais Ureia 20 mg/dl(15 a 39) e creatinina 0,9 mg/dl(<1,1) AST/TGO 09 U/L(<35 U/L) ALT/TGP 05 U/L( <32 U/L) BHCG- Positivo Y-GT 37 U/L(0,5 A 36 U/L) T4 livre é de 3,5 ng/dl (VN 0,8 a 2,0) TSH está suprimido (é < 0,01 mU/ml) ECG revelou arritmia, sem ondas p detectáveis e grande variabilidade R-R. Glândula tireoide • Abaixo da laringe • Anteriormente a traqueia • 15 a 20 gramas • Secreta T3,T4 e calcitonina Eixo Hipotálamo-Hipófise-Tireoide Secundário Primário Hipertireoidismo Hipertireoidismo Liberação dos hormônios da tireoidianos Síndrome clinica Tireotoxicose Causas de Tireotoxicose Dependente da produção aumentada dos HT 1-Imunoglobulinas tireoestimulantes (TSI) Doença de Grave Hashitoxicose 2-Hormonios tireoestimulantes (TSH) Tumor hipofisario produtor de TSH Superprodução autônoma de hormônio tireoidiano 3-Adenoma toxico: Bócio multinodular tóxico Câncer folicular Hipertireoidismo produzido pelo excesso de Iodo Causas de tireotoxicose Independente da produção aumentada dos HT 1-Liberação aumentada de HT Tireoidite granulomatosa subaguda(dolorosa) Tireoidite Linfocitária subaguda(indolor) 2-Fonte não-tireoidiana de HT Tireotoxicose factícia 3-Produção ectópica por: Teratoma ovariano Metástase de câncer Doença de Graves(BDT) Doença autoimune 60 a 90% de todos os estados de tireotoxicose; Mais comum em mulheres 9:1 Prevalência geral -0,5% Maior incidência 20-50 anos Fisiopatogênica C-T Celular T reagem contra 4 antígenos Tiroideus : 1-Tireoglobulina(Tg) 2- Peroxidase tireoideia(TPO) 3-Co-transportador de sódio-iodo 4-Receptor de tireotropina(TSH) As células T ativadas aumentam a secreção de anticorpos pelas células B. Multiplicação de c-t C-B Anticorpos anti-rTSH Ginsberg JP- 2013 1-Captação de iodeto; 2-Formação e secreção de TG(tirosina); 3-Oxidação iodeto(TPO); do 4-Organificação da tireoglobulina(TPO) 5-Liberação de T3 e T4. Fisiopatogênica Os anti rTSH ligam-se ao receptor e activam-no, estimulando a atividade da AMPc tiroideia, levando à síntese e secreção hormonais, ao crescimento da glândula (bócio difuso) e ao aumento da sobrevivência celular. Ginsberg JP- 2013 Fisiopatogênia da oftalmopatia Anticorpos anti-rTSH rTSH nos préadipocitos e fibroblastos da órbita glicosaminoglicanos Ginsberg JP- 2013 Fisiopatogênia da oftalmopatia Infiltrado por linfócitos e macrófagos Inflamação Ação hidrofílica dos glicosaminoglicanos Edema dos músculos extraoculares Aumento do tecido conjuntivo e adiposo Fatores predisponente para desenvolvimento da autoimunidade Estrogênio Stress Infecção Iodo Trauma na glândula Tabagismo Manifestações Clinicas de hipertireoidismo Manifestações Clinicas de hipertireoidismo Manifestações Clinicas da Doença de Graves Exame físico • Peso e pressão arterial • A taxa de pulso e ritmo cardíaco • palpação da tireóide • O exame neuromuscular • Exame dermatológico • O exame cardiovascular • exame linfática (gânglios e baço) Diagnostico Concentração de hormônio no sangue Função tireoidiana TSH: -Melhor teste de triagem -Não é bom para acompanhamento T4 livre: -Bom para acompanhamento Autoanticorpos antitireoidianos Anti- TPO Anti-TG Anti-TRAB Tireoidite de Hashimoto >80% 80 a 90% 20% Doença de Graves 75% 50 a 70% 95% População normal 15% 15% 0% Alterações hematológicas e bioquímicas Leve anemia normocrômica normocitica; Leucopenia;(Comum) Hipercalciuria(ocasionais) Hiperbilirrubinemia( Casos graves) Aumento das transaminases,FA e yGT. Obs: Sempre dosar transaminase durante o tratamento por conta da hepatotoxidade dos medicamentos. Estratégias Terapêuticas Drogas antitireoidianas até a remissão Radioablação com iodo radioativo (I¹³¹) Cirurgia (tireoidectomia subtotal) Betabloqueadores Propanolol ( 20-40mg a cada 6 a 8 horas) Atenolol (50-200mg/dia) Por que não usar o metaprolol? Efeito bloqueador das manifestações adrenérgicas da tireotoxicose Propanolol inibe a conversão periférica T4 Contraindicações de beta bloqueadores: antagonista de canal Ca²+ T3 Antitireoidianos PTU (propiltiouracil) e MMI (metimazol) Vantagens do MMI sobre o PTU: mais barato e uso em dose única Mecanismo de ação PTU Inibição da peroxidase tireoidiana (TPO): inibe a oxidação, organificação, formação de MIT e DIT e, por consequência T3 e T4 Em doses altas (>600mg/dia): inibe conversão periférica de T4 T3 Efeito imunossupressor na tireoide: redução da expressão de antígenos e da liberação dos mediadores inflamatórios Dose de ataque: (4-8 semanas); 300-600mg/dia em 3 tomadas para atuar no hormônio estocado Manutenção: 100-400mg/dia em 2 tomadas Meia vida: 1,5h Indicações PTU Segunda linha Gestantes Crise tireotoxica devido a conversão periférica de T4 Efeitos colaterais ao MMI Contraindicação ao tratamento cirúrgico ou com radioiodo T3 Mecanismo de ação MMI Semelhante ao PTU porém não há inibição da conversão periférica T4 T3 Equivalência: 100mg PTU: 10mg MMI Contraindicado em gestantes Droga de escolha Acompanhamento TSH porém demora de meses a ano para se normalizar T4 livre alvo: 0,9-2ng/dL Efeitos colaterais das tionamidas Comuns: Rash cutâneo (5%), prurido, artralgias, doença do soro, alopecia, perda do paladar, sintomas gastrintestinais e sialoadenite Graves: hepatite medicamentosa (PTU), colestase (MMI) e alterações hematológicas (leucopenia, trombocitopenia e agranulocitose neutropenia grave < 500/mm³ Suspensão: febre, amigdalite (manifestação da agranulocitose), leucócitos < 1500 cels/mcl Complicação: hipotireoidismo Uso de iodo Efeito Wolff-Chaikoff Indicada na crise tireotóxica Dose: 6mg/dia (1/8 de gota de iodeto de potássio ou 1 gota de lugol) Reações adversas: rash, febre, sialoadenite, conjuntivite, rinite e granulocitose eosinofilica Carbonato de lítio Inibe secreção dos hormônios tireoidianos Doses: 300-450mg 8/8h Efeito terapêutico se perde com o tempo Efeitos colaterais: diabetes insipidus,nefrogenico, hipercalcemia, distúrbios psiquiátricos etc. Dexametasona: inibe secreção dos hormônios tireoidianos, inibe conversão periférica T4 efeito imunossupressor T3 e tem Radioablação com iodo¹³¹ indicações: Idosos com hipertireoidismo moderado e aumento da glândula Reações toxicas às drogas antitireoidianas Recidiva Dose média: 5-15mCi Drogas antitireoidianas 1 mês antes e suspensão de 7 dias: risco de crise tireotoxica por lesão actinica da glândula Tratamento junto com AINE: pode provocar tireoidite dolorosa Contraindicação: gravidez e amamentação Efeitos: hipotireoidismo (80%) Crise tireotóxica Fatores precipitantes: Infecções Cirurgia Terapia com iodo radioativo Suspensão de drogas antitireoidianas Uso de amiodarona Ingestão de hormônios tireoidianos dentre outros. Crise tireotóxica Patogênese: Aumento das catecolaminas e seus receptores Aumento súbito nos níveis de T4 livre: diminuição da proteína carreadora, formação de inibidores da ligação hormonal à proteína de transporte, liberação excessiva de hormônio pela glândula Manifestações clínicas: escala de Herman Estágio I: > 150bpm (taquicardia); arritmia, hipertermia, diarreia, tremor, desidratação, agitação Estagio II: E I + distúrbios de consciência ( estupor, sonolência, psicose, desorientação) Estagio III: coma Tratamento Objetivo: inibir a desiodase tipo I, diminuir síntese, liberação, atividade simpática (efeito) Drogas: PTU: doses altas (ataque): 800mg e 200-300 a cada 8h Objetivo: inibir conversão periférica, bloquei da D1, redução da produção dos hormônios IODO: após 1h da dose de PTU 5 gotas de iodato de K 8/8h ou lugol 10 gotas 8/8h ou acido iopanoico 0,5mg 12h Objetivo: efeito Wolff-Chaikoff Propanolol: altas doses inibe a D1 (40-60mg a cada 6h) Dexametasona: 2 mg IV a cada 6h; altas doses inibe a D1 Objetivo: impedir insuficiência adrenal Referencias Goldman L, Ausiello D. Cecil: Tratado de Medicina Interna. 22ªEdição. Rio de Janeiro:ELSEVIER, 2005. Ginsberg JP. Diagnosis and management of Graves’ disease. CMAJ, 4 de Março 2003; 168 (5); Kasper, DL. et al. Harrison Medicina Interna, v.2. 16ª. Edição. Rio de Janeiro: McGrawHill, 2006. NEVES, Celestino et al . Doença de Graves. Arq Med, Porto, v. 22, n. 4-5, 2008 . Disponível em <http://www.scielo.gpeari.mctes.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S087134132008000300007&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 09 abr. 2014. SGARBI, José Augusto; MACIEL, Rui M. B.. Pathogenesis of autoimmune thyroid diseases. Arq Bras Endocrinol Metab, São Paulo , v. 53, n. 1, Feb. 2009 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S000427302009000100003&lng=en&nrm=iso>. access on 09 Apr. 2014. http://dx.doi.org/10.1590/S0004-27302009000100003. Obrigado!!!