O papel da família e da escola no processo de aprendizagem

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Curso de Pedagogia
Artigo Original
O papel da família e da escola no processo de aprendizagem do aluno com TDAH
The role of family and school in the student learning process with ADHD
Edna Cristina Lopes dos Santos¹, Sonia Maria Gomes Lima ², Giselda Jordão³
1 Aluna do Curso de Pedagogia
2 Aluna do Curso de Pedagogia
3 Giselda Jordão Pedagogia
Resumo
Este artigo foi desenvolvido a partir de uma pesquisa bibliográfica sobre o papel da família e da escola no processo de aprendizagem
do aluno com TDAH. Pode se perceber no cenário educacional na última década, o crescimento significativo de alunos com
diagnóstico de TDAH, fato que tem preocupado educadores e familiares. Muitas são as inquietações, alguns entendem o problema,
outros desconhecem e temos ainda aqueles que desqualificam o aluno que apresenta este quadro como sendo um aluno mal
educado e indisciplinado. Entende-se assim que estamos diante de uma realidade que merece atenção e comprometimento por parte
da escola e da família, no sentido de realizar a identificação e o diagnóstico adequado para atender às necessidades educacionais do
aluno. Para este estudo buscou-se fazer uma pesquisa aprofundada sobre o assunto, a partir de material já publicado, como artigos,
livros, revistas cientificas e outros materiais disponíveis. Verificou-se na literatura, principalmente, o conceito, histórico e
características do TDAH, procurando conhecer as necessidades do aluno com esse transtorno e analisando as práticas pedagógicas
utilizadas pelos professores no processo de aprendizagem do aluno. O estudo teve como objetivo principal analisar o papel da família
e da escola no processo ensino aprendizagem do aluno com TDAH de forma a contribuir com os educadores e familiares envolvidos
nesta questão, proporcionando-lhes conhecimentos para melhor entender e atender as necessidades educacionais desses alunos.
Assim, as reflexões realizadas neste artigo expressam a importância do desenvolvimento de estratégias pedagógicas adequadas que
favoreçam o processo ensino aprendizagem.
Palavras-chave: TDAH, práticas pedagógicas, papel da família e da escola.
Abstract
This article was developed from a literature review on the role of family and school in the student learning process with ADHD. You can
realize the educational landscape in the last decade, a significant increase of students diagnosed with ADHD, a fact that has worried
educators and family. There are many concerns, some understand the problem, others do not and we still have those who disqualify
the student who presents this framework as a rude and undisciplined student. It is understood as well that we are facing a reality that
deserves attention and commitment by the school and family in order to carry out the identification and diagnosis suited to meet the
educational needs of the student. For this study we sought to do a thorough research on the subject, from published material, such as
articles, books, scientific journals and other materials available. It was found in the literature, mainly the concept, history and ADHD
characteristics, seeking to know the needs of students with this disorder and analyzing teaching practices used by teachers in the
student learning process. The study aimed to analyze the role of family and school in the learning process of students with ADHD in
order to contribute to the educators and family members involved in this matter by providing them with knowledge to better understand
and meet the educational needs of these students. Thus, the reflections made in this article express the importance of developing
appropriate teaching strategies that favor the learning process.
Keyword: ADHD, pedagogical practices, family and school paper.
Contato: [email protected]/[email protected]
Introdução
Este estudo teve como proposta refletir
sobre o papel da família e da escola no
atendimento ás necessidades educacionais do
aluno com TDAH. Para isto foi necessário definir o
conceito de TDAH, identificar as características
comportamentais e de aprendizagem, relacionar
estratégias de diagnóstico e de intervenção clínica
e pedagógica, bem como, suas implicações na
vida pessoal e nas relações familiar, escolar e
social da criança que apresenta este transtorno.
Verifica-se que, o quanto antes a criança for
diagnosticada, e, receber os apoios e intervenções
adequadas às suas necessidades, maiores serão
as possibilidades de aprendizagem e de
desenvolvimento das suas potencialidades e
consequentemente a melhoria da sua qualidade
de vida pessoal e social.
O Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH) é uma das grandes
dificuldades no processo ensino-aprendizagem
vivenciadas pelas escolas, na atualidade, tendo
em vista que nem sempre os profissionais de
educação tem conhecimento sobre o problema e
como identificar e atender às necessidades
desses alunos no contexto escolar.
Antes de ser diagnosticada com TDAH a
criança é taxada como a “baderneira”,
indisciplinada, desinteressada e uma “máinfluencia” para os colegas. É notável as
dificuldades que uma criança com TDAH vivencia.
É na escola que os sintomas do transtorno
tornam-se mais evidentes. Pois o modelo
educacional exige atenção, concentração e acima
de tudo cumprimento de normas e regras. Logo a
criança com TDAH possui características como a
impulsividade, hiperatividade e distração, por isso,
se perde muito fácil no que está fazendo, começa
uma tarefa ou um jogo e logo perde o interesse e
tende abandonar a atividade. Também percebese a dificuldade em seguir instruções e regras, não
que ela seja rebelde, indisciplinada, apenas insiste
em fazer tudo do seu jeito, tornando-se o aluno
difícil.
Para que se possa ajudar o aluno com
TDAH, é preciso conhecer sobre o transtorno,
suas características e como agir de forma
adequada frente a este diagnóstico. A família tem
papel fundamental no processo diagnóstico e no
tratamento do TDAH. Muitas vezes, os pais se
sentem culpados pelo comportamento dos filhos,
são cobrados e responsabilizados pela sociedade,
sendo vistos como pais negligentes e pouco
comprometidos com a educação dos filhos,
principalmente se a criança ainda não foi
diagnosticada como TDAH.
Por essa razão é importante atentar para o
comportamento do seu filho, e, ao notarem algo de
diferente buscar informações para realizar o
diagnóstico e receber orientações sobre como
lidar com essa situação. Apesar de o professor ser
um dos primeiros a perceber as dificuldades da
criança, não é dele a responsabilidade de
diagnosticar o TDAH. O ideal é que, ao notar algo
diferente no comportamento do aluno, o professor
relate à escola o que foi observado e solicite à
família que procure ajuda de um especialista na
área. Pois na maioria das vezes, os pais não
observam os sintomas do transtorno, mas apenas
acham que o filho é muito desobediente. E ainda
alguns pais se perguntam se o que o professor
descreve sobre seu filho é realmente verdade,
pois, como uma criança pode se comportar em
casa e na escola de forma totalmente diferente.
Como já dito anteriormente, é na escola
onde os sintomas mais se manifestam, pelo fato,
de ser neste ambiente que a criança muitas vezes
tem seus primeiros contatos sociais, e, onde lhe é
exigido uma maior concentração para realização
de tarefas e o cumprimento de regras e normas.
Portanto, o professor deve estar preparado para
lidar com uma criança com TDAH. Ele precisa
saber identificar as necessidades educacionais e
modificar estratégias de ensino, se for o caso,
para ajustá-las ao estilo de aprendizagem e
necessidades do aluno. Além disso, deve estar
ciente que para um aluno com TDAH, o fato de
estar em uma sala de aula monótona, sem graça,
onde não há interação, é praticamente uma
“tortura”. É fundamental que o professor torne a
sala de aula um ambiente agradável e que
estimule o prazer em estar e aprender.
O presente estudo foi desenvolvido a partir
de uma pesquisa bibliográfica e teve objetivo
analisar o papel da família e da escola no
processo ensino como aprendizagem do aluno
com TDAH. O referencial teórico foi dividido em
três capítulos, nos quais foram apresentados o
histórico, conceituação e características do quadro
de TDAH, um capítulo sobre o diagnóstico e a
identificação das necessidades educacionais do
aluno com TDAH e o último capítulo sobre as
intervenções e práticas pedagógicas que auxiliam
o processo ensino-aprendizagem. A organização
do referencial teórico foi sistematizada de forma á
atender os objetivos propostos, bem como
oferecer ao leitor conhecimentos sobre a temática
de forma a contribuir para melhor atender ao
aluno com TDAH.
Metodologia
O método de abordagem escolhido foi o
qualitativo, pois oferece uma perspectiva integrada
dos fenômenos, que podem ser melhor
compreendidos no contexto em que ocorrem e do
qual fazem parte, levando ao entendimento da
dinâmica de suas relações (GODOY, 1995).
Este método não costuma empregar um
instrumental estatístico como base na análise de
um problema, não pretendendo medir ou numerar
categorias (RICHARDSON, 1989). Mas sim, obter
dados descritivos e fazer uma análise profunda de
um determinado estudo. O pesquisador procura
entender os fenômenos estudados e a partir daí,
faz sua própria interpretação.
Como técnica para a coleta de dados,
dentre outras, destaca-se a pesquisa bibliográfica,
a qual foi utilizada neste estudo, por meio de
livros, artigos e revistas científicas.
“A pesquisa bibliográfica é feita a partir do
levantamento
de
referências
teóricas
já
analisadas, e publicadas por meios escritos e
eletrônicos, como livros, artigos científicos,
páginas de web sites”. (FONSECA, 2002 P.32).
Existem pesquisas que se baseiam apenas na
pesquisa bibliográfica como instrumento para
coletar dados, e a partir daí, procurar respostas a
respeito do problema.
Segundo Fonseca (2002), a preparação
cuidadosa de uma pesquisa bibliográfica é
condição essencial para o sucesso de uma
pesquisa. Quanto mais adequada for essa
preparação, mais rapidamente os resultados serão
atingidos.
Portanto, para este estudo buscou-se
fazer uma pesquisa aprofundada sobre o assunto,
a partir de material já publicado, como artigos,
livros, revistas cientificas e material disponível na
internet. Verificou-se na literatura, principalmente,
o conceito, histórico e características do TDAH,
procurando conhecer as necessidades do aluno
com esse transtorno e analisando as práticas
pedagógicas utilizadas pelos professores no
processo ensino e aprendizagem.
Referencial Teórico
2.1 Histórico, Conceito e Características
Na última década presenciou-se no
cenário educacional o crescimento significativo de
alunos com diagnóstico de TDAH, fato que tem
preocupado educadores e familiares. Muitas são
as inquietações que emergem diante a temática
no cotidiano escolar. Alguns entendem o
problema, outros desconhecem e temos ainda
aqueles que desqualificam o aluno que apresenta
este quadro, como sendo um aluno mal educado e
indisciplinado. Entende-se assim que estamos
diante de uma realidade que merece atenção e
comprometimento por parte da escola e da família,
no sentido de realizar a identificação e o
diagnóstico
adequado
para
atender
às
necessidades educacionais desse aluno.
De acordo com a ABDA (Associação
Brasileira do Déficit de Atenção) o Transtorno do
Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é
um transtorno neurobiológico, de causas
genéticas,
que
aparece
na
infância
e
frequentemente acompanha o indivíduo por toda a
sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de
desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é
chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de
Atenção). Em inglês, também é chamado de ADD,
ADHD ou de AD/HD.
Desde quando começou a ser estudado, o
TDAH sofreu várias alterações em sua
nomenclatura. Passando por, Lesão Cerebral
Mínima, Síndrome Hipercinética ou Hiperatividade,
Disfunção Cerebral Mínima (DCM), até que em
1994, a Associação Americana de Psiquiatria
publicou o DSM-IV, a partir de então o distúrbio do
déficit de atenção foi renomeado para transtorno
do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) e
dividido em três subtipos básicos, tipo
predominantemente
desatento,
hiperativo/impulsivo e tipo combinado.
Segundo
SILVA
(2008),
o
tipo
predominantemente desatento é aquele em
quando os sintomas de desatenção são mais
marcantes, já no tipo predominantemente
hiperativo/impulsivo os sintomas de hiperatividade
e impulsividade estão presentes em proporções
significativas e equivalentes, e por fim, o tipo
combinado que é quando os sintomas de
desatenção e de hiperatividade/impulsividade
estão presentes no mesmo grau de intensidade.
SILVA (2008) ainda complementa dizendo
que o comportamento TDA (Transtorno do Défict
de Atenção) nasce do que se chama trio base
alterada. Esse trio nada mais é que as alterações
que mais se destacam no TDAH, que são as
alterações na atenção, impulsividade e da
hiperatividade física e mental da criança.
Dentre essas alterações, destaca-se sem
duvida, a atenção. Uma pessoa com TDAH, nem
sempre irá apresentar sintomas de hiperatividade,
mais com certeza sua capacidade de selecionar o
estímulo e manter-se concentrado em algo, por
maior tempo será afetada. Essa dificuldade em se
manter concentrado em determinado assunto ou
tarefa, pode trazer situações desconfortáveis para
a criança. Isso e bem comum em meninas, elas
são mais difíceis de serem diagnósticas, pois,
diferente dos meninos, não costumam apresentar
sintomas de hiperatividade, são mais quietas, e
podem ser tão desatentas quanto.
Ao mesmo tempo em que a pessoa com
TDAH pode ter dificuldade em se concentrar em
um assunto ou trabalho, ela pode estar totalmente
concentrada em outra coisa, no caso das crianças,
isso acontece muito. A criança pode ser dispersa
na escola, e em casa, com um jogo eletrônico
pode ser super focada. É nessa hora que o TDAH
pode ser confundido como desinteressado ou até
mesmo como preguiçoso. “É importante destacar
que o termo transtorno do déficit de atenção não
traduz com precisão, ou mesmo com justiça, o que
ocorre com a função da atenção no TDA”. (SILVA,
2008 p.15)
De acordo com Souza et. al (2007), por
muitos anos, o TDAH foi considerado não como
um transtorno, e sim, como uma fase na vida de
crianças e adolescentes. Hoje em dia, pesquisas
mostram que além de um transtorno evidente em
fase escolar, o TDAH pode acompanhar o
individuo também na fase adulta, e que se não
tratado adequadamente, pode interferir na vida
social, familiar e acadêmica.
Segundo o DSM – V (Diagnosticand
Statistical Manual), o TDAH é caracterizado por ter
dificuldade
no
desenvolvimento
que
se
manifestam precocemente e influenciam o
funcionamento pessoal, social, acadêmico ou
pessoal, ele e classificado como um transtorno do
neuro
desenvolvimento.
(AMERICAN
PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2013)
A hiperatividade pode ser um problema,
uma vez que pode acabar perturbando o ambiente
ao redor. A busca constante por estimulação,
impulsividade e dificuldade em pensar antes de
agir pode trazer consequências, tanto para
crianças quanto para adultos. Uma criança agitada
em sala de aula, pode influenciar toda a dinâmica
da turma.
O individuo com TDAH pode ter muita
instabilidade na atenção, se distrai facilmente, tem
dificuldade em prestar atenção em uma conversa,
costuma ser muito desorganizado. Por serem
hiperativos, apresentam dificuldade em se manter
na mesma posição por muito tempo, estão sempre
inquietos e ansiosos. Impulsivos, costumam falar o
que vem a mente, o que pode levar a situações
constrangedoras, num ambiente familiar, escolar e
de trabalho. Podem ser impulsivos nas compras,
sair de relacionamentos, trocar de emprego com
frequência, além disso, tem uma tendência a não
seguir regras e normas preestabelecidas. Se não
tratado adequadamente, o TDAH, na fase adulta,
pode levar a pessoa a ter uma baixa autoestima,
depressão e até mesmo dependência química.
Geralmente esses sintomas ficam mais
evidentes em situações que requerem uma maior
atenção e durante a realização de tarefas
repetitivas, como ocorre na escola. É importante
que pais e professores fiquem atentos para não
confundir o transtorno com “birra”, capricho ou
preguiça.
Apesar dos sintomas estarem presentes
desde cedo, só ficam realmente evidentes a partir
do momento em que a escola começa a exigir
mais da criança, por exemplo, passar maior
período de tempo sentada, prestando atenção, o
que acontece quando a criança sai da Educação
Infantil, onde geralmente as atividades tem como
base a ludicidade e a socialização por meio de
brincadeiras e passa para a alfabetização, onde
lhe é exigido uma atenção maior, pois e nessa
fase que a criança aprende a ler e realizar
operações matemáticas simples.
De acordo com Souza et. al (2007),
grande parte dos indivíduos com TDAH
apresentam
co-morbidades
com
outros
transtornos, e na maioria das vezes, os problemas
emocionais ficam bem evidentes, como a
depressão, ansiedade e até mesmo a
bipolaridade. Por esses e outros motivos, quanto
mais precoce for feito o diagnostico e tratamento,
menos prejuízos sociais, emocionais e cognitivos
terá o individuo.
Uma das causas do TDAH é a genética.
Existe muita investigação científica sobre os
fatores que causam o TDAH e a hereditariedade
parece ser um deles. De fato, o TDAH é o
transtorno psiquiátrico com maior coeficiente de
herdabilidade, ou seja, cerca de 70 a 80% dos
casos. (GOULARDIN, Juliana. Causas do TDAH).
O ambiente familiar não é o determinante
para o aparecimento do transtorno, porém, pode
agravar, caso a criança viva em um ambiente
conturbado, com pais muitas vezes mais
problemáticos que os próprios filhos. Alguns
sintomas podem ser confundidos, caso a criança
esteja apresentando comportamento agressivo,
intolerante, é importante investigar o ambiente em
que a criança está vivendo, antes de repreendê-la
por alguma atitude.
“O tratamento do TDAH requer uma
abordagem global e interdisciplinar, que inclui
intervenções farmacológicas e psicossociais”.
(DESIDÉRIO & MIYAZAKI, 2007, p. 168). A partir
dessa compreensão, identifica-se a necessidade
de espaços de apoio para essas crianças e para
os seus pais, potencializando os recursos
existentes dentro dessas famílias, para que todos
possam melhor lidar com as dificuldades que este
transtorno sugere, tais como psicoterapia para as
crianças e os pais, intervenção medicamentosa,
bem como orientação às escolas e aos
professores.
Segundo o ministério da Saúde, o SUS
(Sistema Único de Saúde) tem uma rede de
assistência às pessoas portadoras do TDAH e
esse atendimento pode ser feito por equipes de
saúde da família e em centros de atendimento
psicossocial.
Dentre as intervenções psicossociais,
além de profissionais de várias áreas, como os da
área médica, de saúde mental e pedagógica, é
importante que os pais saibam lidar com os
sintomas dos filhos e os auxiliem na organização e
no planejamento de suas atividades.
Já o tratamento farmacológico, dar-se
preferência
aos
estimulantes.
Segundo
DESIDÉRIO& MIYAZAKI (2007), a medicação
mais utilizada é o metilfenidato (ritalina), com
diversos trabalhos relatando uma melhora
significativa, diminuindo ou eliminando os
principais sintomas de TDAH (desatenção,
hiperatividade e impulsividade) em cerca de 70%
dos casos.
SHIRAKAWA, TEJADA & MARINHO
(2012) concluem que, nos últimos anos, com a
popularização do TDAH, o metilfenidato vem
sendo utilizado de forma indiscriminada até
mesmo por pessoas que não possuem o
transtorno, buscando uma melhora no processo de
aprendizagem e desempenho acadêmico.
“A expressão “Aprimoramento Cognitivo
Farmacológico” é usada para nomear a prática de
aprimorar a aprendizagem, atenção e memória em
pessoas saudáveis e normais por meio de
medicamentos”. (SHIRAKAWA, TEJADA &
MARINHO, 2012, p. 49).
De acordo com DESIDÉRIO & MIYAZAKI
(2007), o tratamento farmacológico combinado
com o tratamento psicossocial é a única forma
terapêutica que produz a normalização no
funcionamento de crianças com TDAH.
Ainda não existe uma legislação especifica
que dispõe sobre o diagnóstico e tratamento do
TDAH, existe apenas um projeto de Lei do Senado
de nº 402 de 2008, que dispõe sobre o diagnóstico
e o tratamento da dislexia na educação básica,
mais que ainda não se transformou em Lei. Caso
não tenha condições, a pessoa com TDAH pode
recorrer ao Poder Público e receber os
medicamentos para o tratamento gratuitamente.
2.2 Conhecendo as necessidades educacionais
do aluno com TDAH
Segundo a ABDA (Associação Brasileira
do Déficit de Atenção) o TDAH é o transtorno mais
comum
em
crianças
e
adolescentes
encaminhados para serviços especializados. Ele
ocorre em 3 a 5% das crianças, e, em mais da
metade dos casos o transtorno acompanha o
indivíduo na vida adulta, embora os sintomas de
inquietude sejam mais brandos.
“O TDAH ocorre em toda a faixa de
inteligência,
qualquer
Q.I.(Quociente
de
inteligência) pode ser encontrado em quem tem o
transtorno, desde alunos com inteligência limítrofe
até os superdotados” (MATTOS 2011, p. 122).
Apesar de ter mais dificuldades em realizar
algumas tarefas, de prestar atenção nas
explicações e estudar em casa, se a criança for
bem orientada, ela pode melhorar seu
desempenho significativamente. O fato de ter esse
transtorno, não quer dizer de forma alguma que
ela seja menos inteligente que as demais, pelo
contrário, crianças com TDAH costumam ser
inteligentes e criativas, precisam apenas de mais
estímulos que as demais.
Agitações, bagunças e distrações são
características normais para qualquer criança,
mas o que difere de uma criança com TDAH é a
intensidade e a frequência com que isso ocorre.
Ela costuma ser a que mais chama atenção em
uma classe, sempre vai ser a mais inquieta, mais
hiperativa, mais distraída em comparação com as
demais.
O
TDAH
tem
como
principais
características a desatenção, impulsividade,
hiperatividade, que pode ocorrer tanto em crianças
e adolescentes quanto em adultos, independente
de sexo, idade e formação acadêmica. Os
sintomas aparecem principalmente em situações
que requerem uma maior atenção e durante a
realização de tarefas repetitivas, como as tarefas
escolares.
A criança com TDAH apresenta um
comportamento hiperativo e compulsivo, como dito
anteriormente, e em família esse comportamento
pode se agravar. Pois, geralmente em casa, a
criança recebe punições mais severas do que na
escola, como castigos físicos e comentários em
relação as suas atitudes.
Como tem muita dificuldade em controlar
seus impulsos, ela sempre acaba fazendo tudo
novamente e acreditando no que dizem, que ela é
uma pessoa “má”, que é a “ovelha negra da
família”, que “não vai para o céu” e coisas assim.
Muitas vezes os pais não fazem esses
comentários por mal, por que querem de certa
forma humilhar a criança, mais, imagine o quanto
deve ser difícil, muitas vezes chegar de um dia de
trabalho e só escutar reclamações sobre a
criança, da escola, dos cuidadores, dos irmãos.
financeira, stress, se deparam com os filhos
diagnosticados com TDAH, e, ficam totalmente
desnorteados, se culpando pelo diagnostico, por
não terem conseguido educar os filhos, devido a
falta de tempo ocasionada pelo excesso de
trabalho. De acordo com SILVA (2008) é
importante
buscar
informações
sobre
o
comportamento inadequado da criança antes de
tirar conclusões precipitadas sobre o seu
comportamento. Quanto mais informações a
família buscar acerca do transtorno, melhor será
para a convivência de todos.
O primeiro passo que a família deve tomar
para melhorar a convivência e estimular bons
comportamentos, na criança com TDAH é buscar
conhecimento sobre o assunto. Entender as
atitudes da criança, como e por que dos seus
comportamentos é fundamental. Isso os ajudará a
lidar com seus filhos de forma adequada, sabendo
diferenciar desobediência de incapacidade de
controlar seus impulsos.
É importante que os pais destaquem os
acertos dos filhos, dando ordens positivas, ao
invés de dar bronca ou puni-lo por algo errado que
tenha feito, a melhor opção é orienta-lo a fazer o
que é certo e recompensá-lo quando ele acertar,
não apenas com presentes, brinquedos, mais
também com elogios e carinhos.
A família deve estimular a criança a
realizar os deveres de casa. Sempre que ela
chegar da escola, é importante verificar agenda e
caderno para ver se foi passado algo pelo
professor. A criança necessita prestar atenção,
focar e resistir a distrações, para isso, é
importante que o ambiente em que a tarefa for
realizada seja calmo, arejado e de preferência
sem ruídos.
Sem dúvidas a família pode contribuir com
o tratamento, ou a melhor compreensão do TDAH.
É de extrema importância que os pais deem apoio,
conversando, permitindo que a criança expresse
seus sentimentos, sempre respeitando, e não
sendo ofensivo. Regras são necessárias, e caso a
criança as descumpra, resolver com castigos e
restrições é esperado, porém, nunca se deve usar
de violência física ou ofensas.
Diferente de uma criança que seja maleducada, a criança com TDAH tem a consciência
que
seu
comportamento
pode
trazer
consequências, só que por ser impulsivo e não
conseguir refletir sobre essas questões, acaba se
deixando levar pelo momento e fazendo o que não
deveria, ou não seria o certo naquela ocasião.
De acordo com o artº 205 da Constituição
Federal de 1988 “A educação, direito de todos e
dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade,
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho”. Portanto, escola e
família precisam conhecer sobre o assunto e
buscar orientações para apoiar adequadamente o
processo de formação humana e de aprendizagem
da criança.
O TDAH pode interferir em toda a
dinâmica da família. Os pais, muitas vezes com
problemas no trabalho, na vida acadêmica,
Com base nos princípios constitucionais
acima citado, tanto a família quanto a escola
precisam fazer cumprir as suas funções legais.
Desta forma o Estado deve garantir ao aluno com
TDAH,
um
atendimento
educacional
especializado, pois, de acordo com a resolução n°
02 de 2001, do CNE/CEB, o aluno com TDAH
apresenta necessidades educacionais especiais.
Logo ele não pode ser proibido de ingressar em
qualquer instituição de ensino regular, caso isso
ocorra, pode ser entendido como discriminação, e,
cabe à família procurar uma conciliação com a
escola. Caso não ocorra, ai sim, deve-se procurar
os órgãos competentes para o cumprimento dos
direitos da criança e do adolescente. A escola
deve receber o aluno e desenvolver projetos que o
ajude na interação com os demais alunos, bem
como, disponibilizar adequações curriculares
compatíveis
com
as
suas
necessidades
educacionais, para que ele possa ter acesso,
participação e sucesso escolar.
2.3 Práticas pedagógicas que auxiliam o
processo ensino-aprendizagem do aluno com
TDAH
Assim que o aluno for diagnosticado com
TDAH, é muito importante que a família busque
uma aproximação maior com a escola, no intuito
de trocar experiências e definir estratégias
conjuntas que possam apoiar o processo ensino
aprendizagem do mesmo.
É importante que o professor tenha
conhecimento sobre o transtorno, a manifestação
dos sintomas e suas consequências em sala de
aula. Uma vez que o aluno com TDAH, necessita
de uma atenção especial, por não conseguir
muitas vezes, desenvolver uma atividade com a
mesma facilidade e agilidade dos demais alunos.
O professor também deve reconhecer o potencial
do aluno e sua capacidade de aprender. Pois,
desde que receba a ajuda necessária ao seu
processo de aprendizagem ele se desenvolverá
satisfatoriamente.
Sabe-se que as crianças com TDAH
são capazes de aprender, mas têm
dificuldades de concentração na
escola devido ao impacto que os
sintomas têm sobre um bom
desempenho nas atividades. (SILVA,
VERA CRUZ, LIMA e ASFORA, 2010,
p.09).
É muito importante que o professor seja
capaz de adequar as estratégias metodológicas
em sala de aula e se adequar ao estilo de
aprendizagem do aluno. Ele deve tornar a sala de
aula um ambiente agradável e dinâmico, onde o
aluno tenha o prazer de estar, conviver e
aprender. É fundamental que o professor saiba
diferenciar incapacidade de desobediência, pois, é
comum que crianças com TDAH evidenciem
dificuldades de controlar o seu comportamento,
porém não se trata de desobediência. Muitas
vezes o comportamento do aluno melhora quando
o professor muda a sua postura e a sua relação
com o aluno, ou quando muda de professor. A
escola deve adaptar-se ao aluno, buscando
sempre recursos que favoreça o mesmo em
relação aos assuntos tratados em sala de aula, ás
normas e condutas de convivência e às
interações com professores e colegas.
Verifica-se que o desempenho escolar
desses alunos, apresenta uma estreita relação
com as práticas de seus professores em sala de
aula, além disso, a escola precisa assumir o
importante papel de organizar os processos de
ensino de forma a favorecer ao máximo a
aprendizagem de todos os alunos.
No processo ensino-aprendizagem a
motivação
é
um
elemento
fundamental para que os alunos
aprendam e obtenham resultados
satisfatórios. Logo, o planejamento do
professor é um fator imprescindível,
pois a forma como ele planeja e
conduz sua aula, desperta nos alunos
interesse em aprender a temática
desenvolvida. É necessário que o
professor sempre repense suas
atitudes, decisões e ações em sala de
aula, pois estas são essenciais para
criar um ambiente motivador que
propicie oportunidades aprendizado.
(HENRIQUE, 2014).
A criança com TDAH precisa de
motivação, de ser estimulado a realizar as
atividades propostas. Um professor despreparado,
provavelmente não conseguirá envolver um aluno
com TDAH para que ele realize certas atividades.
É importante explorar a criatividade por meio de
tarefas que exijam criação e construção do
conhecimento por parte do aluno.
O aluno com TDAH reage muito bem a
incentivos e elogios. O professor deve estimular a
criatividade e o entusiasmo do aluno para que ele
possa dar tudo de si. Apesar de reagir bem aos
elogios, não costuma receber bem as criticas,
podendo retrair-se, ficar cabisbaixa, ou pode
simplesmente se revoltar, e ao invés de tentar
melhorar, só vai fazer tudo pior que antes, uma
forma de conseguir mais atenção para si.
O aspecto criativo do professor em sala de
aula é fundamental. Ele precisa ser bem
preparado, saber criar situações adequadas para
provocar curiosidade no aluno e estimular a
construção do seu conhecimento. Pois o professor
não será somente alguém que transmite
conhecimento, mas quem diretamente influencia a
personalidade e conduta do aluno
De acordo com MATTOS (2011) o
professor tem que ser capaz de modificar as
estratégias de ensino, adequando-as ao estilo de
aprendizagem e as necessidades do aluno. Ele
deve interagir com os alunos, tornando a sala de
aula
um
ambiente
democrático,
criativo,
participativo e questionador onde todos se sintam
respeitados mesmo com suas diferenças. Um
professor despreparado, provavelmente não
conseguirá envolver um aluno com TDAH para
que ele realize certas atividades.
Dentre as estratégias que podem ser
usadas pelo professor podemos destacar o uso de
vídeos, revistas, computador ou até mesmo aulas
ao ar livre sempre que possível. Pois estas
atividades saem da rotina básica da sala de aula e
estimulam a participação e favorecem para que
o aluno foque a sua atenção. Para o aluno
hiperativo, é uma verdadeira “tortura” chegar todos
os dias na escola e encontrar as mesmas coisas,
nos mesmos lugares, por isso, também é
importante que o professor mude as carteiras de
lugar, deixe a sala sempre um ambiente
agradável, onde o aluno se sinta a vontade para
desempenhar as tarefas propostas.
De
acordo
com
os
Parâmetros
Curriculares Nacionais (1998) o currículo é
construído a partir do projeto pedagógico da
escola, além disso, ele relaciona princípios e
operacionalização, teoria e prática, planejamento e
ação. O currículo pode ser visto como um guia
sobre o que, quando e como ensinar; o que, como
e quando avaliar.
As Diretrizes Nacionais para a Educação
Especial na Educação Básica, Resolução
CNE/CEB nº 2/2001, no artigo 15º, afirma que:
A organização e a operacionalização
dos currículos escolares são de
competência e responsabilidade dos
estabelecimentos de ensino, devendo
constar de seus projetos pedagógicos
as disposições necessárias para o
atendimento
às
necessidades
educacionais especiais de alunos,
respeitadas, além das diretrizes
curriculares nacionais de todas as
etapas e modalidades da Educação
Básica, as normas dos respectivos
sistemas de ensino. (MEC/SEESP,
2001)
O currículo é parte indispensável da
escola, a partir dele, pode-se definir o fracasso ou
sucesso da escola, com relação ao ensino. Por
esse motivo é tão importante que o currículo
esteja adequado com as necessidades dos
alunos. Ele deve, principalmente, atender as
necessidades particulares de aprendizagem,
sendo assim, a escola deve adaptar seu currículo,
a partir das necessidades educacionais de cada
aluno. Ainda sobre as Diretrizes Nacionais para a
Educação Especial na Educação Básica,
Resolução CNE/CEB nº 2/2001, o artigo 17º,
determina que:
Em consonância com os princípios da
educação inclusiva, as escolas das
redes
regulares
de
educação
profissional, públicas e privadas,
devem
atender
alunos
que
apresentem
necessidades
educacionais especiais, mediante a
promoção
das
condições
de
acessibilidade, a capacitação de
recursos humanos, a flexibilização e
adaptação
do
currículo
e
o
encaminhamento para o trabalho,
contando,
para
tal,
com
a
colaboração do setor responsável
pela educação especial do respectivo
sistema de ensino. (MEC/SEESP,
2001)
Com base nos princípios previstos no
documento acima citado sobre a importância das
adequações curriculares, cabe ressaltar que
estas orientações devem ser observados pelo
professor que atua com o aluno diagnosticado
com TDAH. Uma vez que este aluno, segundo o
mesmo documento, apresenta necessidades
educacionais especiais. Considerando que ele
compõe o quadro de aluno que apresentam
dificuldades não vinculadas a uma causa orgânica
específica.
Art. 5º Consideram-se educandos
com
necessidades
educacionais
especiais os que, durante o processo
educacional, apresentarem: I dificuldades
acentuadas
de
aprendizagem ou limitações no
processo de desenvolvimento que
dificultem o acompanhamento das
atividades
curriculares,
compreendidas em dois grupos: a)
aquelas não vinculadas a uma causa
orgânica específica; b) aquelas
relacionadas a condições, disfunções,
limitações ou deficiências; II –
dificuldades de comunicação e
sinalização diferenciadas dos demais
alunos, demandando a utilização de
linguagens e códigos aplicáveis; III altas
habilidades/superdotação,
grande facilidade de aprendizagem
que os leve a dominar rapidamente
conceitos, procedimentos e atitudes.
Desta
forma
entende-se
que
as
adequações curriculares devem estar presentes
nas práticas pedagógicas para os alunos com
TDAH. Desde a organização do espaço e do
tempo
escolar,
estratégias
e
recursos
pedagógicos, e, principalmente no processo de
avaliação. Cabe ao professor conhecer todos os
aspectos que envolvem a aprendizagem do seu
aluno, para definir e planejar as adequações
que irão atender às necessidades educacionais
dos alunos. Pois, não tem receita pronta, cada
aluno é um ser único, com estilo de aprendizagem,
potencialidades e necessidades educacionais
específicas.
Problema
Como a família e a escola podem
contribuir para que o aluno com TDAH supere as
dificuldades educacionais vivenciadas no contexto
escolar e potencialize o seu processo de
aprendizagem?
Hipótese
O aluno diagnosticado com TDAH
apresenta muitas dificuldades durante o seu
processo educacional. Pois em decorrência do
déficit de atenção, da inquietação e agitação
motora, características do transtorno, a qualidade
da sua escolarização fica comprometida. Portanto,
a família e a escola exercem papel fundamental,
pois cabe a cada um atuar de acordo com suas
competências para favorecer as condições
adequadas para que o aluno possa se
desenvolver e aprender. Nesta perspectiva toda
ação interventiva inicia-se com o momento da
identificação da necessidade educacional do
aluno, ou seja, o professor precisa estar atento e
conhecer o seu aluno para identificar suas
dificuldades e assim atuar junto à família para que
a mesma possa buscar ajuda de profissionais
qualificados para realizar o diagnóstico do
transtorno. A partir do diagnóstico adequado a
família e a escola poderão em conjunto, buscar
conhecimentos e estratégias de intervenções,
tanto no contexto familiar como escolar para
apoiar o aluno nas suas necessidades
educacionais contribuindo efetivamente para o seu
processo de desenvolvimento e aprendizagem.
Objetivos
5.1 Geral

Analisar o papel da família e da escola no
processo de aprendizagem do aluno com
TDAH
5.2 Específicos

Identificar os critérios utilizados para o
diagnóstico do TDAH

Discorrer
sobre
as
necessidades
educacionais especiais vivenciadas pelos
alunos com TDAH no processo ensino
aprendizagem.

Identificar o papel da família e da escola
no
diagnóstico
e
na
intervenção
pedagógica junto ao aluno com TDAH.

Verificar na literatura as estratégias
pedagógicas adequadas ás necessidades
educacionais do aluno com TDAH.
Justificativa
O
Transtorno
do
Déficit
de
Atenção/Hiperatividade (TDAH) é um distúrbio
neurobiológico crônico que se caracteriza por
desatenção, desassossego, impulsividade e
hiperatividade. Pode ocorrer tanto em crianças e
adolescentes quanto em adultos, independente de
sexo, idade e formação acadêmica. Os sintomas
aparecem principalmente em situações que
requerem uma maior atenção e durante a
realização de tarefas repetitivas, como ocorre na
escola.
É de conhecimento geral a importância da
família para o desenvolvimento de todas as
crianças. Os pais, ao mesmo tempo em que
procuram não repetir os mesmos erros de sua
família de origem, encontram-se sobrecarregados
pela questão tempo/ trabalho/carreira e, ainda, a
dedicação aos filhos. O resultado disso são
momentos de conflito, de não saber o que fazer
para administrar a situação, necessitando, então,
de orientação para educar seus filhos. Nas
famílias que possuem um dos filhos com TDA/H,
esta dificuldade ainda é agravada.
É de extrema importância que os pais deem
apoio, conversando, permitindo que a criança
expresse seus sentimentos, sempre respeitando, e
não sendo ofensivo. Regras são necessárias, e
caso a criança as descumpra, resolver com
castigos e restrições é esperado, porém, nunca
se deve usar de violência física ou ofensas.
Na maioria dos casos, a responsabilidade
de alertar os pais de que alguma coisa não está
bem com a criança fica por conta dos professores,
pois, e na escola onde o transtorno mais se
manifesta, por exigir uma maior concentração,
para realização de tarefas. Por isso, é importante
ressaltar que o professor deve conhecer os
determinantes do desempenho escolar de seus
alunos, além de refletir sobre a participação da
escola frente ao problema.
Muitos professores ainda sentem dificuldade
em lidar com alunos com TDAH, talvez por não ter
aprofundado o assunto enquanto acadêmicos de
pedagogia, ou por falta de experiência. O que se
sabe é que para lidar com o aluno com esse
transtorno, o professor precisa primeiramente
conhece-lo e saber diferencia-lo de uma falta de
interesse ou até mesmo preguiça do aluno.
Um professor despreparado pode agravar
um caso de TDAH. Na maioria das vezes, as salas
de aula tem um numero excessivo de alunos, cada
um com pensamentos e problemas diferentes, o
que deixa o professor sobrecarregado e incapaz
de dar a devida atenção ao aluno com TDAH, ele
fica taxado como o “baderneiro” da turma, o que
sempre vai para a direção levar bronca e que pode
ser até expulso, por falta de preparo da escola
como um todo que não notou que aquele
comportamento era mais que capricho ou “má
educação” da criança.
Não há necessidade de o aluno com TDAH
ser matriculado em uma escola de ensino
especial. Os pais devem ficar atentos apenas a
alguns detalhes, como por exemplo, se a escola
leva em conta métodos de ensino que possam ser
adaptados a criança com dificuldade, se utiliza
critérios de avaliação diversificados, não somente
uma prova por bimestre, ou algo assim, e a
quantidade de alunos por sala de aula, é
importante que o aluno possa ter uma atenção
especial, o que e dificultado em uma sala com
muitos alunos para um único professor.
A escola deve ser um ambiente acolhedor,
onde o aluno se sinta bem para desenvolver suas
atividades, sem ser pressionado ou constrangido
por ter mais dificuldade que os outros colegas. É
importante que o professor proporcione um
trabalho de aprendizagem em grupos pequenos e
favoreça oportunidades, atividades físicas para a
turma toda, como exercícios de alongamento
também são bem vindos, pois, o aluno com TDAH
costuma ter dificuldade em se concentrar muito
tempo, a atividade irá ajuda-lo a relaxar e voltar a
suas tarefas, sem perder muito o foco.
Limites devem ser impostos, porém, nada
de constranger ou humilhar o aluno na frente dos
colegas por ele ter mais dificuldade em realizar
algumas tarefas, pelo contrário, o aluno deve
sempre ser elogiado quando conseguir terminar
algo proposto, isso ajuda na autoestima dele.
Considerações Finais
profissionais da saúde e de educação. Após a
identificação das necessidades educacionais do
aluno o professor deverá compartilhar suas
inquietações em relação ao comportamento e
aprendizagem do aluno com a equipe pedagógica
da escola. Para que a família possa ser
comunicada e solicitada a buscar ajuda
especializada na área de saúde. É de consenso
que mesmo quando os pais percebem os sintomas
no comportamento da criança dentro de casa,
apenas um ambiente não é suficiente para o
diagnóstico, daí a importância de conhecer os
comportamentos apresentados na escola. Uma
vez
que
as
alterações
e
dificuldades
comportamentais do aluno são evidenciadas nos
diferentes contextos em que convive.
A constante necessidade por estimulação, a
impulsividade e a dificuldade em pensar antes de
agir pode trazer consequências para o aluno com
TDAH. Esse aluno pode apresentar dificuldade em
se manter na mesma posição por muito tempo,
está sempre inquieto e ansioso. Ele pode ter muita
instabilidade na atenção, se distrair facilmente,
apresentar dificuldade em prestar atenção em uma
conversa, e costuma ser muito desorganizado.
Acaba falando o que vem a mente, o que pode
levar a situações constrangedoras, num ambiente
familiar, escolar e social. Em casa, esse
comportamento pode se agravar, pois, a criança
recebe punições mais severas do que na escola,
como castigos físicos e comentários em relação as
suas atitudes.
Verificou-se que a escola é fundamental
para o diagnóstico precoce do transtorno, uma vez
que é na sala de aula que as características e
traços que caracterizam o transtorno se tornam
evidentes. Os professores são os primeiros a
observar as dificuldades e necessidades que estes
alunos apresentam em relação à adequação do
comportamento
e
suas
implicações
na
aprendizagem e na interação com os demais
alunos da turma. Sendo assim é de suma
importância que as relações entre a família e a
escola sejam estreitadas na perspectiva de
atender às necessidades pessoais, sociais e
educacionais do aluno.
O presente estudo buscou analisar o papel
da família e da escola no processo de
aprendizagem dos alunos diagnosticados com
este transtorno a partir de uma pesquisa
bibliográfica, com vistas a contribuir com a
melhoria da prática pedagógica para atendimento
às necessidades educacionais dos alunos.
Portanto, pode-se verificar que o Transtorno do
Déficit de Atenção e Hiperatividade envolve uma
dinâmica complexa, a qual deve ser analisada e
estudada de forma interdisciplinar e colaborativa
entre família, escola e demais profissionais
envolvidos.
A
família
deve
sempre
buscar
conhecimento sobre o transtorno para melhorar a
convivência e estimular bons comportamentos na
criança com TDAH. Os pais devem estimular a
criança a realizar as tarefas propostas, procurando
sempre destacar os acertos de seus filhos, dando
ordens positivas, ao invés de punições. A melhor
opção é orienta-lo a fazer o que é certo e
recompensá-lo quando ele acertar. Pois acreditar
e
estimular
as
potencialidades
e
os
comportamentos e atitudes positivas contribuem
para a melhoria da autoestima do aluno.
O diagnóstico de TDAH deve ser realizado
uma equipe multidisciplinar, envolvendo
Constatou-se pela pesquisa realizada que a
literatura sobre a temática abordada restringe-se
aos aspectos que envolvem o diagnóstico e
por
tratamento clínico, pouco se dedicando
práticas e estratégias pedagógicas.
às
Em relação às práticas pedagógicas para
atender às necessidades educacionais dos alunos
com TDAH, pode-se destacar as adequações
curriculares. Pois estes alunos não apresentam
déficit intelectual, mas sim, limitações na
capacidade de atenção, concentração e controle
do comportamento. Desta forma a escola precisa
atuar de forma inclusiva, exercitando e
vivenciando a flexibilidade prevista no currículo. As
adequações serão definidas de acordo com a
condição e a necessidade de cada aluno.
Dentre os elementos do currículo que são
mais indicados para adequar às necessidades
educacionais dos alunos com TDAH, destaca-se
a organização dos espaço e do tempo escolar, ou
seja, organizar a sala de aula de forma que não
apresente excesso de estímulos que favoreçam
a distração e a perda de foco. Considerando a
dificuldade do aluno no que se refere à atenção e
concentração, o processo de avaliação é outro
elemento muito importante, pois deve ser
adequado tanto em relação aos objetivos
propostos, quanto ao número de questões,
comando de execução das tarefas propostas e
tempo de realização.
Quanto aos elementos que envolvem a
metodologia, cabe enfatizar a relevância do uso
de recursos diversificados como revistas, vídeos,
computadores ou até mesmo aulas ao ar livre
sempre que possível, são de extrema importância
para alunos com TDAH. O professor deve ter
conhecimento sobre o transtorno, pois, a partir daí,
ele terá maior facilidade em modificar suas
estratégias de ensino, adaptando-as, a esse aluno
e oferecendo condições para que ele possa
acompanhar a turma. Se for preciso, ele deve
mudar sua postura, no sentido de tornar o ensino
mais participativo. Em casa, pode ser feita a
mesma coisa, os pais devem participar mais da
vida do aluno, auxiliando, incentivando e
apoiando, sem esquecer-se de parabeniza-lo e
elogia-lo, sempre que realizar alguma tarefa.
Todas
as
propostas
e
estratégias
apresentadas neste artigo tem a intenção de
conscientizar o professor de que ele precisa refletir
sobre sua prática pedagógica, buscando sempre
conhecimentos necessários para desempenhar
sua função com excelência e atender às
necessidades dos alunos. A família também deve
procurar conhecer sobre o assunto, com o intuito
de melhorar a convivência e estimular bons
comportamentos da criança. É fundamental
entender suas atitudes e o porquê dos seus
comportamentos, isso os ajudará a lidar com a
criança de forma adequada, sabendo diferenciar
desobediência de incapacidade em controlar seus
impulsos.
Podemos concluir desta forma que ainda
temos muito o que fazer, e, portanto, aprender
sobre o transtorno, para que possamos como
educadores, ressignificar continuamente a nossa
prática
pedagógica
para atender
às
necessidades educacionais de todos os alunos,
inclusive dos daqueles diagnosticados
com
TDAH. Pois somente por meio do conhecimento é
que alcançaremos as mudanças que a nossa
educação necessita
para tornar-se de fato
inclusiva.
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