Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo TROMBOCITOPENIA INDUZIDA PELA HEPARINA – RELATO DE CASO ALEYDE DINIZ LOUREIRO São Paulo, 2011 ALEYDE DINIZ LOUREIRO TROMBOCITOPENIA INDUZIDA PELA HEPARINARELATO DE CASO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Comisão de Residência Médica do Hospital do Servidor Público Municipal , para obter o título de Residência Médica. Área: Clínica Médica Orientadora: Drª Fernanda Lemos São Paulo, 2011 FICHA CATALOGRÁFICA LOUREIRO,ALEYDE DINIZ Trombocitopenia induzida pela heparina-relato de caso/ Aleyde Diniz Loureiro – São Paulo 2011. 25p Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Comisão de Residência Médica do HSPM-SP, para obter o título de Residência Médica, na área de Clínica Médica. Descritores: 1 HEPARINA 2 TROMBOCITOPENIA 3 TEP AUTORIZO A INCLUSÃO APENAS DO RESUMO DO TCC DE MINHA AUTORIA NA BIBLIOTECA VIRTUAL DE SAÚDE DO MUNICIPIO DE SÃO PAULO. São Paulo, ____/____/______ Assinatura do Autor: E-mail do autor: [email protected] SUMÁRIO Introdução .......................................................................................................... 8 Relato de Caso................................................................................................... 9 Discussão ......................................................................................................... 11 Conclusão ........................................................................................................ 20 Bibiografia ........................................................................................................ 21 Anexos ............................................................................................................. 23 Exames Laboratoriais .............................................................................23 Análise do Líquido Pleural ......................................................................23 Exames de Imagem ...............................................................................24 ALEYDE DINIZ LOUREIRO TROMBOCITOPENIA INDUZIDA PELA HEPARINARELATO DE CASO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Comisão de Residência Médica do Hospital do Servidor Público Municipal , para obter o título de Residência Médica. Área: Clínica Médica Orientadora: Drª Fernanda Lemos Avaliador 1 Avaliador 2 Avaliador 3 RESUMO: A heparina é um anticoagulante amplamente utilizado na prática clínica desde 1930 e que apresenta uma série de efeitos colaterais tais como: hemorragias, alopecia, alteração da função hepática, hipercalemia e trombocitopenia induzida por heparina(HIT) que pode ser fatal(1).Relatamos um caso de Trombocitopenia Induzida por Heparina do tipo II em um paciente previamente hígido que foi submetido a uma intervenção ortopédica e suas subseqüentes complicações. Na discussão posterior, abordaremos o quadro clínico, diagnóstico , prevenção e tratamento desta complicação que se associa há altos índices de morbi-mortalidade e ao aumento dos custos das internações hospitalares.Por fim, concluímos que o controle da contagem plaquetária se faz necessário durante o período de exposição a heparina para o diagnóstico precoce da complicação relatada, bem como da necessidade de dispor-se para uso no SUS de inibidores específicos da trombina para uso nestas circunstâncias,melhorando, assim, o prognóstico destes pacientes. ABSTRACT: Heparin is an anticoagulant widely used in clinical practice since 1930 and presents a high number of side effects such as: bleeding , alopecia, abnormal liver function , hyperkalemia and heparin- induced thrombocytopenia(HIT) that can be fatal(1). We report a case of heparin- induced thrombocytopenia type II in a previously healthy patient who underwent an orthopedic intervention and its subsequent complications . Afterward, we will discuss the clinical presentation, diagnosis , prevention and treatment of that complication that is associated with high morbidity and mortality and increased costs of hospitalizations. Finally, we conclude that the control of platelet counts is necessary during the period of exposure to heparin for the early diagnosis to prevent the complications related in the paper and the necessity that the SUS provide us specifics thrombin inhibitors for use in these circumstances improving the prognosis of theses patients INTRODUÇÃO A heparina é um anticoagulante amplamente utilizado desde 1930 que se associa a uma série de efeitos colaterais tais quais : hemorragias, alopecia, alteração da função hepática, hipercalemia e trombocitopenia induzida por heparina(HIT) que pode ser fatal(6). Neste relato de caso, abordaremos um caso de HIT tipo II em um paciente previamente hígido que foi submetido a uma intervenção ortopédica e suas subseqüentes complicações. Na discussão posterior, abordaremos o quadro clínico, diagnóstico , prevenção e tratamento desta complicação do uso da heparina que esta associada a altos índices de morbi-mortalidade. RELATO DE CASO Paciente A.J.L., sexo masculino, pardo, 29 anos, admitido no serviço de emergência do HSPM queda da laje (5 no 9/12/2010 por quadro de fratura de mm iii após m de altura). Ao exame físico apresentava-se hemodinamicamente estável com exposição óssea, edema e diminuição de pulsos nos membros acometidos, ao RX :fratura bilateral de tíbia . Paciente foi submetido a cirurgia ortopédica no dia 10/12/2010 com colocação de fixador externo. Foi iniciado heparina não fracionada no dia 27/12/2010 quando o paciente apresentava em exames laboratoriais hemoglobina de 8g/dl, leucócitos 9.300 /mm3 e plaquetas 150mil, TTPA de 42,1 com AP de 74%, TP de 14,8 e INR de 1,2, No dia 29/12/2010 paciente evoluiu com dispnéia aos mínimos esforços associado a tosse com expectoração sanguinolenta, taquipnéia e diminuição do murmúrio vesicular em base direita, abolido em base esquerda com estertores crepitantes até 2/3 de hemitórax esquerdo com freqüência respiratória de 25irpm.Foi realizado TC de tórax neste mesmo dia que evidenciou pneumonia em hemitórax esquerdo com atelectasias em lobo inferior direito, derrame pleural bilateral com trombo em tronco de artéria pulmonar direita até lobo médio e alguns basais e pneumotórax discreto a direita( anexo III).A heparina não-fracionada foi suspensa e iniciado anticoagulação plena com HBPM( clexane) sendo suspenso no dia 01/01/2011 devido a plaquetopenia. No dia 04/01/2011 foi realizado USG com Doppler de MMII evidenciando TVP em todos os segmentos vasculares( veias femorais comum, superficial e profunda). Neste mesmo dia foi iniciado Warfarina na dose de 5mg/dia quando apresentava plaquetas de 343 mil ,hemoglobina 10,6g/dl e leucócitos de 8.400/mm3 em hemograma. Dia 06/01/2011 o paciente foi submetido a colocação de filtro de veia cava e a dose de Warfarina foi aumentada para 7,5mg/dia . Durante a internação o paciente necessitou de transfusão de 4 concentrados de hemácias e apresentou um quadro de pneumonia hospitalar tratada com cefepime(21-25/12/2010), Vancomicina(22/12/2010 – 04/01/2011) e meropenem(25/12/2011- 04/01/2011). O paciente evoluiu com melhora dos estado geral e dos parâmetros clínicos encontrando-se com INR almejado desde o dia 08/01/2011 e alta hospitalar no dia 27/01/2011. Atualmente, o paciente encontra-se em acompanhamento ambulatorial no serviço de ortopedia deste hospital. DISCUSSÃO A Heparina é um anticoagulante amplamente utilizado na prática clínica para prevenção e tratamento de fenômenos trombóticos desde 1930(6). Existem no mercado farmacêutico 2 tipos de heparina: a heparina não fracionada(HNF) e a heparina de baixo peso molecular (HBPM). A HNF é composta por polissacarídeos altamente sulfatados com massa molecular média de aproximadamente 15KDa extraídos de pulmão bovino ou da mucosa intestinal suína, apresentando uma mistura de pentassacarídios de distribuição aleatória capaz de se ligar a antitrombina.Uma vez ligada a antitrombina, a HNF potencializa seu efeito anticoagulante resultando na rápida ligação e inativação do Fator Xa. A ligação inespecífica da HNF aos leucócitos, células endoteliais e reagentes de fase aguda resultam em uma “aparente resistência “ com TTPa normal ou discretamente alargado, porém a atividade do antifator Xa encontra-se diminuída com maior risco de sangramentos. A HBPM por sua vez também é um conjunto de glicosaminoglicanos (massa molecular média de 5KDa) que se liga a trombina através da mesma seqüência de pentassacarídios que a HNF, apresentando porém, uma atividade antitrombina limitada . A HBPM ocasiona menos reações adversas que a HNF mas é apenas, parcialmente neutralizada pelo sulfato de protamina.(4) Existe uma grande variedade de resposta clínica entre os pacientes e uma margem estreita entre anticoagulação eficaz e risco hemorrágico, tornando necessário o controle laboratorial periódico. Além disso, é pouco eficaz em inativar a trombina ligada a fibrina e o fator Xa ligado a plaquetas ativadas em um trombo permitindo que o trombo cresça com a suspensão da heparina (5,4) A heparina pode causar uma série de efeitos colaterais tais quais: hemorragias, alopecia, alteração da função hepática, hipercalemia e trombocitopenia induzida por heparina (HIT) que pode ser fatal(6). A HIT pode ser de dois tipos: A HIT tipo I que é uma forma benigna de trombocitopenia de provável origem não imune que se manifesta com uma queda na contagem plaquetária transitória e limitada nos primeiros dias de uso da heparina, talvez provavelmente por seu efeito pró-agregação plaquetária , com normalização subseqüente independente da manutenção ou não do uso da heparina. A HIT tipo II ( objeto deste relato de caso) é uma trombocitopenia mediada por anticorpos que induz a ativação e subseqüente agregação plaquetária, na presença da heparina podendo ter conseqüências catastróficas.(7,2,3). A formação do anticorpo associado a HIT tipo II ocorre em até 8% dos pacientes heparinizados(3) e o quadro clínico associado a eles se desenvolvem em 0,2 a 5 % dos pacientes,sendo que 1/3 destes apresentarão fenômenos trombóticos . A incidência varia na dependência do tempo de exposição a heparina, menos que 4 dias a incidência é próxima do 0,2% (2), e do tipo de heparina utilizada, é mais freqüente quando é utilizado a HNF, porém exposições prévias a HNF aumenta o risco de ocorrência de HIT tipo II quando a HBPM é utilizada. A freqüência da HIT tipo II é maior em mulheres (2,3) e a incidência é maior nos pacientes cirúrgicos, os pacientes submetidos a cirurgias cardíacas tem maior propensão a formação de anticorpos anti- heparina porém a ocorrência de HIT tipo II é maior em pacientes submetidos a cirurgias ortopédicas. A administração da heparina por 4 dias ou mais pode levar a formação de anticorpos. Estes anticorpos tem sua gênese estimulada pelo complexo heparina- fator 4 plaquetário(F4P) que é altamente imunogênico. O F4P é uma proteína sintetizada no megacariócitos e armazenada nos alfa grânulos plaquetários que tem sua concentração aumentada com a infusão da heparina cuja função é neutralizá-la. A heparina se liga a F4P formando um neo antígeno que reagem com anticorpos específicos (geralmente IgG) formando um imunocomplexo capaz de se ligar as plaquetas circulantes através da Fcy RIIa do receptor plaquetário resultando na sua ativação. Esta ativação plaquetária promove nova liberação de F4P que irá formar novos complexos heparina-F4P gerando um feedback positivo cíclico.A ativação plaquetária promove, ainda, a produção de adenosina difosfato(ADP) e micropartículas plaquetárias procoagulantes que induzem a formação de trombina. O complexo heparina-F4P pode se ligar e ativar células endoteliais aumentando a liberação da interleucina -6, fator de Von Willebrand e outras moléculas de adesão.Tudo isto resulta em um estado de hipercoagulabilidade e formação de trombo. A trombocitopenia ocorre pela remoção prematura de plaquetas agregadas da circulação.(2,5) Postula-se que a ocorrência de anticorpos anti- complexo heparina-F4P precoce possa ser devido a pré-imunização por antígenos que mimetizam este complexo, como a ligação F4P-polissacarídios da superfície bacteriana. Outros fatores também podem explicar a variabilidade de manifestações clínicas como: estado protrombótico do paciente, polimorfismo dos glicosaminoglicanos plaquetários, polimorfismo do receptor da porção Fc da IgG que se relaciona ao clerance deste anticorpo, gravidade do trauma ou necessidade de cirurgias de grande porte.(2) O quadro clínico da HIT tipo II é marcado por eventos trombóticos. Ocorre uma queda plaquetária de 50% ou mais em relação ao valor pré-heparina podendo ou não haver uma contagem plaquetária inferior a 150 mil que se inicia tipicamente 5-10 dias após o início da terapêutica voltando aos valores iniciais após a suspensão desta. A ocorrência de sangramento espontâneo é incomum pois a contagem plaquetária raramente cai abaixo de 20.000/microl.Os eventos trombóticos se associam com uma mortalidade de aproximadamente 20-30% dos casos de HIT tipo II com igual percentagem de seqüelas importantes. A trombose na HIT tipo II pode ocorrer em território artéria ( AVCs(acidente vascular cerebral e infarto agudo do miocardio, IAMs ) e em território venoso(TVPs, TEPs), havendo correlação entre o local da trombose e a situação clínica do paciente. Alguns pacientes desenvolvem HIT tipo II tardiamente. Nestes casos, a trombocitopenia e os eventos trombóticos ocorrem após a suspensão da heparina . São pacientes com alta concentração de anticorpos que apresentam um aumento da ativação plaquetária dependente e independente da heparina talvez porque esta alta concentração da anticorpos reaja com plaquetas associadas ao F4P ligadas a outros glicosaminoglicanos que não a heparina. Em outro extremo, tem-se os pacientes que desenvolvem a HIT tipo II precoce quando a queda plaquetária se inicia horas após o início da heparina que costuma ocorrer em pacientes com anticorpos heparina.(2,3,6) persistentemente positivos após prévia exposição a O diagnóstico da HIT tipo II é clínico, os testes laboratoriais confirmatórios nem sempre estão disponíveis na prática clínica. Clinicamente o diagnóstico é sugerido pelo achado/ocorrência de trombocitopenia não explicada por outras etiologias, associada ao evento trombótico, queda na contagem plaquetária de 50% ou mais , necrose cutânea em sítio de administração da heparina ou reação sistêmica aguda(anafilóde) durante infusão EV de heparina em pacientes recebendo HNF entre 5-10 dias ou em tratamento prolongado com HBPM. Foi proposto por Warkentin um sistema de pontuação de probabilidade chamado de 4 Ts(7): 2 pontos 1 ponto 0 ponto plaquetária Redução plaquetária Redução plaquetária ≥50% ou média de 20- de 30-50% ou média ≤30% ou média de 100.000/mmᶟ de 10-19.000/mmᶟ 10.000/mmᶟ Tempo de redução 5º ao 10º dia ou ≤ 1 dia ≥10 dias ou período ≤ da se não exposição recente à Trombocitopenia contagem plaquetas Redução de exposição heparina nos a últimos 100dias Complicação definido mas sugestivo de TIH dia sem heparina tipo II Episódio necrose bem 1 trombótico, de pele ou reação sistêmica aguda Trombose Nenhuma progressiva, recorrente ou silenciosa, lesão eritematosa de pele Outra causa ? Sem evidência Possível Definida Alta probabilidade: 6-8; Média probabilidade: 4-5; Baixa probabilidade: 0-3 Samantha C.Oliveira , 2008 Para confirmação laboratorial existem dois grupos de teste: o imunológico detecção do antígeno(heparina-F4P) pelo metodo elisa e os funcionais: teste da liberação da serotonina-C14 e o teste de agregação plaquetária induzida pela heparina. O Elisa é um teste com alta sensibilidade (acima de 97% ) e uma menor especificidade(74-86%)(3).Tem um alto valor preditivo negativo (acima de 95%) e um valor preditivo positivo que varia de 50-93% dependendo da população e do momento em que houve queda plaquetária(2).O padrão ouro é o teste de liberação de serotonina-C14 que possui uma sensibilidade de 88-100% e especificidade de 89-100%(3) porém, por exigir uso de material radioativo e profissional treinado apresenta um alto custo para sua execução. O teste de agregação plaquetária induzida pela heparina tem uma especificidade de 90% porém com uma baixa sensibilidade.(2) A prevenção da HIT tipo II pode ser feita a partir do uso criterioso da heparina, utilizando sempre que possível a HBPM , limitando o seu tempo de uso, de preferência menor que 5 dias, iniciando precocemente o anticoagulante oral (ACO) para aqueles pacientes que irão exigir anticoagulação por tempo prolongado.(2) O tratamento da HIT consiste na suspensão imediata de todas as formas de heparina que o paciente esteja em uso com o devido alerta em prontuário que nem a HNF nem a HBPM podem ser administradas sob nenhum circunstâncias no paciente com suspeita de HIT tipo II. Contudo, a suspensão da heparina não bloqueia o processo de geração de trombina e nem impede novos eventos trombóticos que podem ocorrer em até 50% dos casos(3), por isso, deve ser iniciado uma terapia anticoagulante alternativa com Danaparóide, Hirudina recombinante ou Argratoban. O uso DE ACO warfarina só deve ser iniciado após normalização da contagem plaquetária posto que, antes disto ele se associa a piora das complicações tromboembólicas e necrose cutânea que acredita-se seja secundária a redução da proteína C antes da adequada supressão dos níveis de protrombina. Assim, uma vez que a contagem plaquetária se normalizar, o uso de warfarina deve ser iniciado com adequado controle do INR pois a anticoagulação destes pacientes terá que ser mantida por ao menos 2-3 meses para prevenção de recorrência de eventos trombóticos. O Fondaparinux é um pentassacarídio sintético de eliminação renal e meia vida longa que inibe indireta e seletivamente o fator Xa. Não é um droga recomendada para tratamento da HIT tipo II conforme os guidelines da ACCP de 2008 apesar de não interagir com as plaquetas ou o F4P. Este droga tem o inconveniente de não possui antídotos.(1,2). A Lepirudina é uma hirudina recombinante que age como um potente e irreversível inibidor da trombina ligada ao coágulo com meia vida curta (90 MIN) sendo monitorizada pelo TTPa. Ela mostrou-se capaz de reduzir a mortalidade e novos eventos trombóticos em pacientes com HIT tipo II em 50% quando o TTPa era mantido entre 1,5-2,5 vezes o valor de referência(acima disto se associou a sangramentos sem melhores resultados na prevenção destes eventos e abaixo disto não foi eficaz.). Apesar disto, é uma droga que não dispõe de antídotos e que exige redução da dose e controle cauteloso do TTPa em pacientes com insuficiência renal devendo ser evitada em pacientes em hemodiálises ou com insuficiência renal aguda. Pode ocorrer a formação de anticorpos IgG anti-hirudina que não se associa a fenômenos anafiláticos e sim diminui a depuração renal da droga podendo aumentar o efeito anticoagulante deste havendo a necessidade de redução das doses.(2,3) Bivalirudina é um análogo da hirudina que se comporta como um inibidor direto hemodialisável da trombina que também requer controle do TTPa sendo associado a formação de anticorpos anti-hirudina.(1) O Argatroban é um derivado da L-arginina e atua como um inibidor reversível da trombina esteja ela livre ou ligada à fibrina.Tem eliminação hepática com meia-vida de 40 minutos sendo necessária redução da dose em pacientes com hepatopatia significativa.O TTPa deve ser mantido entre 1,5-3 vezes o valor de referência retornando ao valor de base duas horas após suspensão da infusão da droga. Esta droga também promove o alargamento do TPa dificultando a transição para warfarina(1,2). O Danaparóide atua interferindo na formação do complexo heparina-F4P que requer ajuste da dose através do fator-Xa que deve ser mantido entre 0,50,8 anti-Xa U/ml. Além desta desvantagem ele ainda possui uma meia-vida prolongada , eliminação renal e não dispõem de antídotos.(1) A Warfarina deve ser iniciada apenas após o paciente esta anticoagulado com inibidor específico da trombina e as plaquetas tenham, ao mínimo, atingido o patamar de 150.000/mm. Dever ser usada em associação com inibidor da trombina por, ao menos, 5 dias e o INR deve ser mantido entre 2-3. A transfusão plaquetária pode ser realizada quando houver sangramento ativo ou um alto risco deste ocorrer.(1). No caso clínico relatado acima, observou-se um paciente previamente hígido que após um trauma de membros inferiores e início do uso da heparina evolui com plaquetopenia precoce com imediata suspensão da HNF evoluindo com TVP extensa de membros inferiores e TEP, seguindo o uso da HBPM, pela indisponibilidade de inibidores da trombina no Serviço. O paciente evoluiu com piora da plaquetopenia, sendo suspensa a HBPM .E optado pela colocação do filtro de veia cava seguido do inicio do ACO após recuperação da contagem plaquetária. CONCLUSÃO Conclui-se, portanto, que em vigência de uso da heparina, os pacientes devem ser monitorizados quanto a presença de plaquetopenia para a correta e precoce intervenção possa ser realizada no intuito de reduzir os eventos fatais e as seqüelas que podem ocorrer de um quadro de HIT tipo II. Observou-se, também , a necessidade de inibidores específicos da trombina para que os pacientes que desenvolvam HIT-tipo II possam ser adequadamente anticoagulados, melhorando assim o prognóstico destes pacientes. BIBLIOGRAFIA: 1. Aster, Richard H; Curtis, Brian R. ; Farland, Janice G Mc.; Bougie,Daniel W. – Drug- Induced Immune Thrombocytopenia pathogenesis, Diagnosis and Management publicado em junho de 2009 em Journal Thromb Haemost acessado em 28/01/2011 2. Coutre , Steven -Heparin Induced thrombocytopenia –2011 acessado via Up to Date em 28/01/2011 3. Franchini, Massimo Heparin –induced thrombocytopenia : an update,Thrombosis Journal outubro 2005, acessado em www.thrombosisjournal.com/content em 28/01/2011 4. Harrison et all – Medicina Interna , ed 16 volume 1 – 2006 (pag 355357;723-728) 5. Leung Lawrence L K - Anticoagulants other than heparin and warfarin-, Janeiro de 2011, acessado via Up to Date em 28/01/2011 6. 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ANEXOS: I – Exames Laboratoriais: Data 10/12 Glicose 21/12 22/12 25/12 104 93 105 Uréia 31 35 15 24 Creatinina 0,7 0,6 0,5 Sódio 135 134 Potássio 3,8 3,9 Cálcio 27/12 30/12 31/12 01/01 02/01 03/01 125 80 26 26 28 18 0,6 0,6 0,5 0,6 0,5 137 138 140 132 137 135 3,6 4,0 4,2 3,7 4,1 3,8 7,6 8,5 2,3 Magnésio 2,1 2 AST 60 132 93 ALT 49 27 92 DHL 335 454 435 08/01 2,1 374 TP(S) 15,9 14,4 14,8 14,1 13,9 13,5 13,9 13,2 24 AP(%) 65 78 74 81 84 89 84 9,3 93 TTPA 33,3 39 42,1 42,5 40,6 32,3 33,1 36,5 59,5 INR 1,33 1,17 1,21 1,14 1,11 1,07 1,04 2,27 PTN Total 5,4 6,2 Albumina 2,8 3,1 Fosfatase Alcalina 203 Gama-GT 276 Bilirrubina Total 0,6 Bilirrubina Direta 0,3 Hemoglobina 11,6 8,6 7,6 8,1 8,0 11,5 11,7 Hematocrito 36,2 26,9 22,9 26 25,7 35,5 Leucócitos 9.600 18.500 16.900 9.200 9.300 Segmentados 71 76 81,5 86 Eosinofilos 1 1 Basófilos 0 Linfócitos Plaquetas 11,5 11,7 10,6 35,3 35,6 35,2 34,1 9.400 10.200 11.800 10.500 8.400 77 72,8 70,7 73,2 69,5 60 1,4 2,5 4,4 6,7 5,6 5,7 6,3 0 0 0,1 0,1 0,8 0,9 0,3 0,6 12 10 7,5 13,7 15,8 17,5 16,6 18 28 150 82 69 151 77 84 109 181 343 Linfocitos Macrofagos 4 22 86 10 89 II- Análise Líquido Pleural 25/12: Glicose DHL 109 662 Hemácias Células 1.300 4.100 Amilase 24 Células Negativo Neutrofilos Monocitos 64 9 Proteina Total Albumina 2,9 1,5 Neoplásicas Cristais negativo III – Exames de Imagem: Rx-Tórax 09/12/2010 Rx-Tórax 21/12/2010 Rx-Tórax 25/12/2010 Rx-Tórax 27/12/2010 Rx-Tórax 04/01/2011 TC –Tórax 29/12/2010 TC –Tórax 29/12/2010 TC –Tórax 29/12/2010 TC –Tórax 29/12/2010 TC –Tórax 29/12/2010 TC –Tórax 29/12/2010 TC –Tórax 29/12/2010 TC –Tórax 29/12/2010 USG Doppler de MMII Filtro de Veia Cava em 06/01/2011