MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA Coordenadoria de Pesquisa – CPES Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Bloco 06 – Bairro Ininga Cep: 64049-550 – Teresina-PI – Brasil – Fone (86) 215-5564 E-mail: [email protected] A CRÍTICA AO EMOTIVISMO NA ÉTICA DAS VIRTUDES DE ALASDAIR MACINTYRE. Jéssyca Conceição Araújo Cavalcante ( Voluntaria do ICV/UFPI) Helder Buenos Aires de Carvalho (orientador, Departamento de Filosofia – UFPI). Introdução A desordem na moralidade teve inÍcio com o iluminismo no século XVII; o projeto iluminista tinha como pretensão dar á moralidade uma justificativa racional sem ter uma base histórica , pois deixavam de lado toda a tradição aristotélica de justificar a moralidade. A tese de MacIntyre, é que somos herdeiros do fracasso iluminista de tentar justificar racionalmente a moralidade . A partir disso, MacIntyre denuncia uma catástrofe no âmbito moral, a perda de objetividade , onde não se tem mais uma base racional e objetiva que rege o agir humano. A contemporaneidade é marcada pelo caos na linguagem moral, e também em buscar e encontrar fundamentos racionais e históricos para poder justificar a moralidade. As discordâncias morais estão cada vez mais presentes na contemporaneidade, estamos ficando impotentes para apelar por critérios que antes, em outras épocas e lugares, resolveria esse desacordo. É nesse contexto histórico que o emotivismo toma forma e se destaca no âmbito da moralidade. Apos ter diagnosticado uma catástrofe na modernidade, MacIntyre procurar uma solução para tal catástrofe. Para ele, ainda é possível estabelecer algumas virtudes que podem ser aplicáveis á modernidade, tentando dessa forma escapar do relativismo que toma as sociedades e a própria historia, pois falta um critério para decidir o que é justo, por exemplo, falta um critério para decidir os desacordos morais. Metodologia Utilizamos como corpo básico de pesquisa o livro de Alasdair MacIntyre "Depois da virtude", dando destaque aos cinco primeiros capítulos da obra; Utilizamos ainda como suporte o artigo “Alasdair Macintyre e o retorno às tradições morais de pesquisa racional” (CARVALHO, 2009). os livros “ Da catástrofe ás virtudes” (MOTA ,2014) e “ A corrosão do caráter” (Sennett 2012). O foco da análise é o emotivismo como teoria metaética e como descrição sociológica do agir moral na contemporaneidade. Resultados e Discussão O emotivismo é uma teoria acerca do significado que pretende dar uma explicação da natureza de todos os juízos de valor a partir das nossas emoções e preferências. Macintyre desenvolve uma cíitica a essa teoria, pois ela seriam a base dos desacordos morais, Três características caracterizam esse desacordo, o primeiro é a incomensurabilidade conceitual dos argumentos rivais, no qual os argumentos rivais podem ser logicamente validos, assim ocorre a perda da racionalidade na construção dos argumentos; segundo é pretender ser discussões racionais impessoais, de modo a expressar a linguagem de forma racional; o terceiro é por possuir uma heterogeneidade de origens históricas, é relativo ao fato das premissas incomensuráveis envolvidas nos argumentos rivais. Mas de acordo com MacIntyre , essa teoria fracassa por que recusa a historicidade, tornando-a incapaz de lidar com a justificação racional. Após ter um feito um diagnostico sobre a contemporaneidade, MacIntyre fornece um “remédio” para tal problema, que é o retorno a ética Aristotélica da virtudes como uma tradição moral de pesquisa racional que considere toda a tradição e a história. Para MacIntyre , tradição não é algo estagnado, mas algo que está sendo se desenvolvendo, na qual o conflito tem um lugar necessário na sua constituição. O medicamento , encontrado por MacIntyre , é retornar a visão aristotélica das virtudes, na qual a virtude é importante para manter a tradição de uma dada cultura, mesmo sendo de forma particular. MacIntyre tenta formular a sua própria teoria das virtudes, baseando -se nos conceitos de prática, narrativa e tradição. Dois tipos de bens são obtidos na pratica: os bens externos, que são contingentes, como dinheiro; os bens internos são obtidos de forma particular. Sem as virtudes os bens internos não podem ser alcançados, e assim determinar a relação do sujeito com a prática. Esses três conceitos formam uma unidade , na qual as virtudes estão inseridas, as virtudes asseguram a existência da prática, da narrativa e com essas duas, garante a própria existência da tradição. Então, o que seria preciso era retomar á visão aristotélica das virtudes, e buscar os preceitos deixados pela modernidade, para um melhoramento da sociedade, que se tornou tão individual. Conclusão A crítica feita por MacIntyre a teoria emotivista, baseia-se na ideia de que os juízos morais não passam de preferências pessoais. Se da a partir do diagnóstico que ele fez em relação a moralidade nas sociedades contemporâneas, a desordem na linguagem moral e as discordâncias sem fim em relação as teorias morais. De acordo com ele, são três características que estão nesse desacordo moral: incomensurabilidade conceitual; Argumentações impessoais; Mudança de significado de acordo com a história. Para ele, o emotivismo fracassa como teoria do significado, só seria possível como uma teoria acerca do uso, para expressões de preferência etc. Mostra que o emotivismo é representado na sociedade em forma de personagens. Podemos notar que a sociedade contemporânea é marcada pela perda da tradição, portanto para resolver esses desacordos morais, devemos olhar para a história, e pensar no futuro. Como um remédio para esse diagnostico, ele afirma que devemos buscar na tradição argumentos racionais, pois o caos na modernidade fez as teorias morais terem uma base irracional e subjetiva. O que foi exposto aqui, é o diagnostico de uma catástrofe moral e uma possível solução encontrada por MacInyre , baseada na ideia Aristotélica , na qual, busca-se uma retomada da teoria das virtudes, porém com uma nova roupagem , partindo de conceitos novos, como os de prática, narrativa e tradição. Ainda não encontramos respostas concretas para solucionar esses problemas, mas é indiscutível que MacIntyre tenha acertado com a sua denúncia, de que vivemos em uma sociedade onde o ser humano está cada vez mais autônomo e as ações morais perderam seus critérios objetivos. Palavras-chave Emotivismo. MacIntyre. Virtudes. Referências CARVALHO, Helder Buenos Aires de. Alasdair Macintyre e o retorno às tradições morais de pesquisa racional.In: OLIVEIRA, Manfredo A de: (Org.) Correntes Fundamentais da Ética Contemporânea. 4ª ed. Petrópolis, RJ:Vozes, 2009. 31-63p MOTA, Francisco Sassetti. Da catástrofe ás virtudes : a critica de Alasdair MacIntyre ao liberalismo emotivista. Edições Loyola, Sáo Paulo, 2014. MACINTYRE, Alasdair. Depois da Virtude .Tradução de Jussara Simões: revisão de Helder Bueno Aires de Carvalho. Bauru, SP: EDUSC, 2001. SENNETT, Richard. A corrosão do caráter. Tradução de Marcos santarrita. 1.ed, Rio de Janeiro: Best bolso, 2012.