PRODUÇÃO DE CULTIVARES COMERCIAIS DE ALFACE EM AMBIENTE PROTEGIDO EM CÁCERES -MT (1) (2) (2) Clesia Limas dos Santos ; Vanessa Cristina de Almeida Theodoro ; Santino Seabra Junior . 1 Acadêmico do curso de Agronomia – UNEMAT. Campus Universitário de Cáceres. e-mail: [email protected] ;2 Professor Orientador, Depto de Agronomia, UNEMAT. e -mail: [email protected]; [email protected]. Resumo: Com o objetivo de avaliar cultivares de alface tipo crespa durante o verão em Cáceres/MT, conduziu-se na área experimental pertencente à UNEMAT , um experimento avaliando cinco cultivares de alface (Vera, Verônica, Cinderela, Isabela e Veneranda), sob malha termo-refletora 40%. O delineamento utilizado foi em blocos casualizados com quatro repetiçõe s. A unidade experimental foi composta por 12 plantas totais , sendo avaliadas somente as 6 plantas centrais. O espaçamento utilizado foi de 30x30 cm . Na ocasião da colheita foram avaliadas a produção , número de folhas por planta, comprimento do caule, diâ metro da cabeça comercial. As plantas foram cultivadas sob telados coberto com malha termorefletora 40%. Indicam-se como sugestão de cultivo a cultivar Verônica, Veneranda e Isabella. Palavras-chave: cultivares de alface, produtividade, malha termo-refletora 40%. Introdução O desenvolvimento da alface é bastante influenciado por condições ambientais, sendo que temperaturas acima de 20ºC estimulam o pendoamento, o qual é acelerado à medida que a temperatura aumenta, porém, há variação de comportamento entre cultivares (Viggiano, 1990). No Mato Grosso, especificamente em Cáceres, onde as médias anuais de temperatura atingem cerca de 32°C (Rozales, 2006) e no período de verão onde as temperaturas são extremamente cálidas atingindo 40°C, ocorre uma demanda de estudo para a alface. Essas temperaturas são desfavoráveis ao cultivo da alface, pois a variação ótima para a cultura é de 4 a 27°C (Puiatti & Finger, 2005). A alface, procedente de regiões de clima temperado, quando cultivada em condições de temperat ura e luminosidade elevadas, deixa de manifestar todo seu potencial genético, havendo redução do ciclo e antecipação da fase reprodutiva. Leite et al. (2003) recomendam o uso de telados de malha termo -refletora no cultivo de alface de verão. Visando fornecer maiores subsídios aos produtores de alface de Cáceres -MT, objetivou avaliar diferentes cultivares comerciais de alface tipo crespa, visando indicar aos olericultores da região o(s) melhor(es) materiais sob a tela termo-refletora 40%. Material e Métodos O experimento foi conduzido na área experimental pertencente à UNEMAT, campus de Cáceres–MT. O local apresenta latitude sul 16º 04 ´33´´ e longitude oeste 57º39´10´´ de Greenwich, apresenta um clima tropical úmido, com altas temperaturas e uma longa est ação de seca que corresponde ao inverno. Segundo a classificação de Köppen, enquadra -se no tipo Am (megatérmico com clima tropical de monção). Utilizou-se o delineamento experimental de blocos casualizados, com quatro repetições, sendo os tratamentos const ituídos por 5 cultivares de alface tipo crespa solta (Verônica, Veneranda, Vera, Isabela e Cinderela ). As mudas foram transplantadas para ambiente telado (malha termo-refletora 40%) quando estas apresentavam cerca de quatro folhas definitivas, sendo dispostas em canteiros de 0,2 metros de altura, 1,5 metros de largura e 9,0 metros de comprimento e espaçadas entre si 30x30 cm, as parcelas experimentais foram compostas de doze plantas, sendo que somente as seis plantas centrais foram avaliadas e as restantes consideradas bordaduras. A adubação de plantio constituiu se de esterco bovino, formulado 4 -14-8 e superfosfato simples. Utilizou -se irrigação por aspersão, sendo realizada três vezes ao dia . A colheita foi realizada aos 30 dias após o transplantio, confo rme (Filgueira, 2003), nesta ocasião as plantas foram levadas para laboratório e com auxílio de um paquímetro de madeira, avaliou -se o diâmetro da planta, expresso em centímetros, o comprimento do caule, da base até a inserção da última folha. Foram avalia das também a produção (massa fresca comercial) da planta sem as folhas externas (velhas, danificadas e retirando -se também a base do caule). Avaliou-se ainda o número de folhas comerciais considerando -se apenas as folhas que atingiram o comprimento mínimo de 1,5 cm. Os dados foram submetidos à análise de variância (teste F) e as médias comparadas pelo teste de Scott -knott 5%, utilizando o programa (Software) Sasm agri (Althaus, 2001). Resultados e Discussão Para os parâmetros de produtividade total, massa fresca comercial e diâmetro entre as cultivares de alface n ão se observou efeito significativo pelo teste F a 5% de probabilidade. Em relação à característica produção e diâmetro não apresentaram diferença significativa entre as cultivares estudadas (Tabela 1). A produção variou de 100,5 a 157,5 g planta -1, abaixo da obtida por Salatiel et al., (2001) em Jaboticabal -SP, onde obtiveram valores de massa fresca variando de 249,4 a 257,8 g planta -1 para as cultivares Verônica e Vera, sob temperatura média de 22ºC. Porém, Rodrigues et al., (2007) obtiveram produção total variando de 26,96 à 104,61 g planta -1 e comercial de 25,54 a 96,7 g planta -1, ao avaliarem diferentes cultivares no período de novembro a dezembro em Iranduba -AM, Santos et al (2009) observa ram produção variando de 29,9 a 104,3 g planta-1, quando avaliaram 14 cultivares no perído de verão em Cáceres MT. Estes dados evidenciam a variação do comportamento das cultivares em relação ao ambiente. Os resultados registrados para o diâmetro das plant as não apresentaram efeito significativo e variaram de 23,4 cm a 26,7 cm, esses resultados são considerados adequados, pois segundo dados de Isla (1993), o diâmetro da planta deve ficar em torno de 25 a 35cm, sendo assim os resultados sugerem que as cultivares não mostraram todo o seu potencial de produção (Tabela 1). Tabela 1. Médias de produção em g planta-1, comprimento do caule (CC), expresso em cm, diâmetro da planta (DP) expresso em cm, número de folhas (NF) para cultivares de alface do tipo crespa . ______________________________________ _____________________________ CULTIVARES Produção CC DP NF Verônica 157,5 a 26,7 a 14,6 a 18,15 a Veneranda 141,3 a 10,2 a 26,5 a 18,1 b Vera 109,4 a 9,1 a 24,9 a 13,8 b Isabela 103,7 a 6,8 b 23,4, a 15,1 b Cinderela 100,5 a 7,8 b 24,2 a 13,8 b CV (%) 27,2 19,8 12,7 14,0 Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, não diferem entre si a 5% de probabilidade pe lo teste de Scott-Knott. Na comparação das médias a cultivar Veneranda destacou -se quanto ao número de folhas apresentando média superior às demais, apresentando valores de 18,15 folhas/planta. Enquanto que a Verônica obteve uma média de 14,6 folhas/planta, resultado este semelhante ao encontrado por Santana (2008), que trabalhando com o desempenho de cultivares de alface em ambiente protegido com malha termo-refletora no município de Assis Chateaubriand – PR obteve 14,88 folhas/planta. Observou-se variação para o comprimento do caule entre as cultivares avaliadas. A cultivar Isabela demonstrou menor comprimento do caule (6,8 cm), enquanto que Verônica apresentou um caule com leve tendência ao alongamento (11,3cm) mostrando-se pouca adaptada às condições ambientais verificadas no ensaio. Resultado este inferior ao observado por Silva (1998), que avaliando o desempenho de cultivares de alface durante o verão em Adamantina-SP obtiveram valores de 15,16cm para Verônica. A resistência ao florescimento prematur o é considerado um dos fatores que mais afetam o comportamento das cultivares de alface cultivadas nas épocas mais quentes do ano Zatarin (1985). No caso da alface, a emissão do pendão floral é estimulada pelas altas temperaturas e fotoperíodos longos. De fato, durante o período de condução deste experimento, as temperaturas foram elevadas (acima de 25°C) estimulando, portanto, o comprimento do caule e a emissão do pendão floral o que, indiretamente afeta as demais características avaliadas. Por esses resultados, os genótipos usados nas pesquisas têm sido os existentes no mercado e utilizados normalmente pelos produtores em seus plantios comerciais. Os inúmeros ensaios de competição de variedades efetuados sob as mais diversas situações têm demonstrado uma c onsiderável diversidade de comportamento, indicando uma significância para a interação genótipo x ambiente. Conclusão Através dos dados apresentados foi concluído que: - Não houve diferença significativa para produção e diâmetro entre as cultivares estudadas; - A cultivar Isabela apresentou menor comprimento de caule; - A cultivar Verônica apresentou maior número de folhas. 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