Avaliação de cultivares de alface americana no verão pernambucano. Júlio Carlos Polimeni de Mesquita1; Dimas Menezes1; Adriana Guedes Magalhães1; Roberto de Albuquerque Melo1; Miguel Raimundo de Aguiar Filho2. 1 2 UFRPE, DEPA, Dois Irmãos, 52171-900 - Recife-PE, Engº Agrº Sítio Vertentes, Chã Grande – Pe. e-mail: [email protected] RESUMO O presente trabalho foi conduzido na mesorregião da mata pernambucana, município de Chã Grande, na área de transição com a mesorregião agreste, com clima beneficiado pela altitude em torno dos 500m. Teve como objetivo avaliar características das cultivares de alface (Lactuca sativa L.), do grupo americana, submetidas ao cultivo de verão. O delineamento utilizado foi blocos ao acaso. Os tratamentos foram compostos pelas cultivares Coolgreen, Lucy Brown, Rafaella, Robinson e Tainá, distribuídos em seis blocos. Avaliou-se a produção das plantas inteiras sem as raízes; produção de plantas comerciais sem as raízes e folhas velhas; número de folhas da cabeça; número de folhas da saia; altura das plantas; diâmetro médio da planta; diâmetro médio da cabeça; diâmetro médio do coleto e o comprimento do caule. As cultivares Coolgreen, Rafaella e Robinson apresentaram pendoamento precoce, enquanto Lucy Brown e Tainá mostraramse resistentes ao pendoamento precoce nas condições do verão pernambucano. PALAVRAS – CHAVES: Lactuca sativa L., temperatura elevada, cultivo de verão. ABSTRACT Evaluation of crisphead lettuce cultivars of in the summer in Pernambuco. The present work was driven in the region of the forest, but in the transition area with the agricultural activity region, with climate beneficiary for the altitude around the 500m. The objective of the work went evaluate the behavior of the you cultivate of lettuce (Lactuca sativa L.), of the American group, with relationship resistance to the high temperature. The used design maybe went blocks to the with five treatments (Coolgreen, Lucy Brown, Rafaella, Robinson, Tainá) and six repetitions. The production of the whole plants was evaluated without the rootses; production of commercial plants without the rootses and old leaves; number of leaves of the head; number of leaves of the skirt; height of the plants; medium diameter of the plant; medium diameter of the head; medium diameter of the I collect; and the length of the stem. Cultivate them Coolgreen, Rafaella and Robinson they presented precocious early flowering, while, Lucy brown and Tainá were shown more resistant the conditions of the summer from Pernambuco. KEYWORDS: Lactuca sativa L., high temperature, yield. INTRODUÇÃO A alface é a hortaliça folhosa de maior consumo no Brasil. Atualmente, as alfaces repolhudas de folhas crespas, vulgarmente denominadas de alfaces americanas, vêm adquirindo importância crescente. O plantio deste tipo de alface visa atender às redes de lanchonetes e, atualmente, tem se constatado o aumento do consumo desta hortaliça também na forma de salada. No ano de 2001, entre os diferentes tipos de alface comercializados no CEAGESP, 29,6% foram representados pela alface americana (CEAGESP, 2001). No Nordeste brasileiro a sua introdução comercial é recente. Em Pernambuco a sua trajetória ainda pode ser rastreada. Em 1990 teve início a comercialização nas principais lojas de supermercados. A alface americana era importada do estado de São Paulo, embalada em bandejas cobertas com filme plástico e a unidade de comercialização era o quilograma. Em 1991, o Bompreço – Supermercados do Nordeste, forneceu sementes a dois produtores/fornecedores para cultivo e abastecimento contínuo das suas lojas. O produtor, engenheiro agrônomo, José da Silva Santos estabeleceu o seu cultivo no município de Capoeiras, mesorregião do agreste pernambucano, com clima ameno, a 237 km do Recife. O outro, Júlio Correia Alves, iniciou o cultivo em Vitória de Santo Antão, mesorregião da mata pernambucana, com clima quente, distante 51 km do Recife. Posteriormente se deslocou para o município de Chã Grande, 80 km do Recife, ainda na mesorregião da mata, mas na área de transição com a mesorregião agreste, com clima beneficiado pela altitude em torno dos 500m. O desenvolvimento da alface é bastante influenciado pelas condições ambientais. Temperaturas acima de 20ºC estimulam o seu pendoamento, que é acelerado à medida que a temperatura aumenta. Dias longos associados a temperaturas elevadas, aceleram ainda mais o pendoamento, mas há variação de comportamento entre cultivares (Viggiano, 1990). A alface americana requer, como temperatura ideal para o desenvolvimento, 23ºC durante o dia e 7ºC à noite. Temperaturas muito elevadas podem provocar queima das bordas das folhas externas, formarem cabeças pouco compactas e também contribuir para a deficiência de cálcio, conhecida como "tip-burn". Outro fator que pode afetar a planta é o fotoperíodo, pois a alface exige dias curtos para se manter na fase vegetativa e dias longos, para que ocorra o pendoamento (Robinson et al., 1983). MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Sítio Vertentes, em Chã Grande-PE, durante o verão 2005/2006, no delineamento de blocos casualizados com cinco tratamentos repetidos seis vezes. Os tratamentos foram compostos pelas cultivares de alface americana Coolgreen (Isla); Lucy Brown (Seminis); Rafaela (Isla); Robinson (Isla) e Tainá (Sakata). A semeadura, em 28.12.2005, foi em bandejas de isopor com 200 células contendo um substrato composto por pó de coco mais substrato comercial na proporção de 1:1 volume/volume. As bandejas permaneceram sob telado até o transplante 24 dias após o semeio. Os blocos foram compostos por leirões (canteiros) contínuos, confeccionados com a utilização de rotocanteirador tratorizado, com 0,25m de altura, largura entre sulcos de 1,80m, ficando com 1,40m na parte superior. No preparo do solo, inicialmente foi realizada uma gradagem, seguido da confecção dos canteiros com o rotoencanteirador. Em seguida sobre os canteiros procedeu-se uma adubação de fundação com 500 kg /ha de NPK 06-24-12, 100 kg/ha de sulfato de magnésio, 10 kg/ha de sulfato de zinco, 20 kg/ha de ácido bórico e 15m3/ha de esterco de curral. O rotoencanteirador foi novamente utilizado para incorporar os adubos e melhorar a formação dos canteiros. Foram realizadas duas adubações de cobertura, aos oito e 22 dias após o transplante, com 150 kg/ha de NPK 20-10-20. A parcela experimental ocupou uma área total de 4,32 m2, contendo 24 plantas, no espaçamento de 0,35 m por 0,40 m, com quatro fileiras sobre o canteiro. As avaliações foram realizadas na área útil da parcela (2,88 m2), composta por 16 plantas, deixando-se quatro plantas de bordas em cada extremidade. Foram avaliadas as variáveis: (a) produção das plantas inteiras sem as raízes; (b) produção de plantas comerciais sem as raízes e folhas velhas; (c) número de folhas da cabeça; (d) número de folhas da saia; (e) altura das plantas; (f) diâmetro médio da planta; (g) diâmetro médio da cabeça; (h) diâmetro médio do coleto; (i) comprimento do caule. Os dados obtidos foram submetidos a analise de variância e comparados pelo teste de Tukey (5%). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos encontram-se sumarizados nas tabelas 1 e 2. As cultivares apresentaram valores semelhantes para as variáveis peso da planta inteira, peso da planta comercial e os diâmetros da planta, da cabeça e do coleto. Durante o desenvolvimento das plantas a temperatura manteve-se sempre elevada, máximas diárias superiores a 300C e mínimas nunca inferiores a 220C. Após a ocorrência de chuvas de verão, todas as plantas de todas as cultivares foram atacadas pelo fungo Cercospora longissima, afetando, principalmente as folhas da saia. De acordo com Gomes (2003), esse fungo ocorre, freqüentemente, nas áreas de produção de alface das mesorregiões mata e agreste pernambucanos. O ataque foi menos severo nas cvs. Lucy Brown e Tainá. As cultivares Coolgreen, Rafaela e Robinson emitiram o pendão floral precocemente. Aos quarenta dias após o transplante, por ocasião da colheita, o caule apresentava-se alongado, quando não mostrava externamente, estava enrolado por sob as folhas da cabeça. Tainá e Lucy Brown mostraram-se resistentes ao pendoamento precoce, justificando a preferência de ambas pelos alfacicultores pernambucanos. Tabela 1. Valores médios da massa da planta inteira sem raízes, da planta comercial (após a toalete), do número médio de folhas da cabeça e da saia e da altura da planta. Cultivares Planta inteira Planta Nº de folhas da Nº de Altura da (g) comercial (g) cabeça folhas da planta (cm) saia Coolgreen 324,9 a 227,6 a 25,6 a 9,2 ab 17,7 ab Lucy Brown 344,9 a 221,8 a 15,7 b 12,3 a 18,1 ab Rafaela 310,6 a 218,1 a 17,2 ab 8,4 ab 18,4 a Robinson 318,3 a 227,1 a 21,4 ab 5,9 b 16,4 ab Tainá 282,6 a 191,8 a 17,8 ab 5,2 b 15,2 b Tabela 2. Valores médios dos diâmetros da planta, cabeça e coleto e do comprimento do caule. Diâmetro da Diâmetro da Diâmetro do Comprimento do Cultivares planta (cm) cabeça (cm) coleto (cm) caule (cm) Coolgreen 20,6 a 10,5 a 2,3 a 23,1 a Lucy Brown 28,3 a 9,1 a 2,3 a Rafaela 33,2 a 10,1 a 2,0 a 15,7 b Robinson 24,8 a 12,2 a 2,1 a 12,4 bc Tainá 24,0 a 12,4 a 1,9 a 7,7 c 8,4 c LITERATURA CITADA COMPANHIA DE ENTREPOSTOS E ARMAZÉNS GERAIS DE SÃO PAULO – CEAGESP. Conjuntural de produtos por agência. São Paulo, 2001. GOMES, A.M.A. Cultura da alface: produção de mudas utilizando Bacillus spp.; escala diagramática para Cercosporiose e levantamento da doença em Pernambuco. Recife: UFRPE, 2003. 90p. (Tese de Doutorado). ROBINSON, R.W.; Mc CREIGT, J.D.; RYDER, J.E.; The genes of lettuce and closely related species. In: JANICK, J. (ed.) Plant Breeding Reviews. Westport: AVI, 1983, v.1, 397p. VIGGIANO, J. Produção de sementes de alface. In: CASTELLANE, P.D. (org.) Produção de sementes de Hortaliças. Jaboticabal: FCAV/FUNEP, 1990. p. 1-15.