INCIDÊNCIA DE “TIP BURN” NA PRODUÇÃO DE CULTIVARES DE ALFACE SOB DIFERENTES TELAS DE SOMBREAMENTO Fernando André Silva Santos ¹, Santino Seabra Júnior², Vanessa Cristina de Almeida Theodoro ³, 4 Sergio Batista Silva de Souza . 1 Acadêmico do curso de Agronom ia. – [email protected] ;2 Professor Orientador , Depto. de Agronomia, UNEMAT. [email protected] ; 3 Professora Depto. de Agronomia, UNEMAT - [email protected] ; 4 Acadêmico do curso de Agronomia – UNEMAT. Campus Universitário de Cáceres [email protected] . Resumo: A utilização de genótipos adaptados e ambientes modificados favorece o cultivo de alface. Com o objetivo de a valiar a incidência de “Tip burn” em cinco genótipos de alface tipo crespa solta, cultivadas sob sete diferentes ambientes (campo aberto, telados cobertos com malhas de sombreamento 30, 40 e 50 % e malhas termorefletora de 30, 40 e 50%), foram realizados dois experimento nas estações de verão e inverno. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados em esquema fatorial 7x5, sendo se te ambientes e cinco cultivares. Os experimentos foram conduzidos na área experimental pertencente à UNEMAT, localizada no Município de Cáceres -MT, numa altitude média de 118,0 metros ao nível do mar e com uma latitude de 16º04’33” e longitude de 57º39’10”. Os ambientes apresentam a dimensão de (10x10 m 2) de comprimento e os canteiros foram levantados com 0,2 m de altura por 9 m de comprimento e 1,5 m de largura, com espaçamento entre estes de 0,3 m. A incidência de “Tip burn” foi realizada 30 dias após o transplante (18 e 19 de dezembro de 2008 ), na colheita. Foi realizado a análise de variância e o teste Tukey (P<0,05) utilizando o software Genes . Foi observada interação significativa para os fatores cultivares e ambientes. Houve aumento da incidência do distúrbio n os ambientes telados em comparação com o campo aberto, sendo que a cultivar Isabela apresentou -se mais resistente. Palavras-chave: ambiente protegido, distúrbio fisiológico, Lactuca sativa L. Introdução A queima de bordas, conhecida também pelo termo in glês “Tip burn”, é uma necrose que ocorre nas margens das folhas em desenvolvimento, na parte interna das plantas, ou seja, nos tecidos mais jovens. O efeito é muito comum em alface (Lactuca sativa L.), principalmente em cultivos protegidos e sistemas hidr opônicos, cuja produtividade é alta, e o crescimento das plantas bastante acelerado (Silva, 1999). A queima de bordos em alface é uma desordem fisiológica atribuída à deficiência de cálcio nas folhas. Este nutriente é um dos constituintes do pectato de cálcio, composto que atua como elemento cimentante da parede celular e a sua deficiência leva a um enfraquecimento da estrutura e rompimento dos vasos lactíferos, com isso há liberação do látex, levando a um colapso celular e necrose do tecido (Fernandes; Martins, 1999; Morgan, 2000 apud Pereira; Junqueira; Oliveira, 2005). A produção de alface sob estruturas de proteção é uma atividade regular em inúmeros países e em franca expansão no Brasil (Silva, 1999). Segundo Sganzerla (1991) apud Silva (1999), o cultivo protegido, além de proteger a cultura dos efeitos negativos do vento, chuvas e granizo, possibilita aumentos consideráveis na produtividade, além de maior precocidade, melhor qualidade e economia de insumos. O emprego de telas de sombreamento e de malhas termorefletoras, por serem revestidas de alumínio e terem fios retorcidos, reduzem a temperatura do ambiente. O cultivo sobre telado é outro fator que pode contribuir para o aumento da produção em condições tropicais, já que alteram a intensidade luminos a no interior do ambiente protegido e modificam outros parâmetros agrometereológicos, como temperatura do ar e do solo e umidade relativa (Seabra et al, 2009). O objetivo dessa pesquisa foi avaliar a incidência de “Tip burn” em cinco cultivares de alfaces cultivadas sob sete diferentes ambientes protegidos nas condições de Cáceres, Mato Grosso. Material e Método Os experimentos de verão (outubro a dezembro de 2008) e inverno (julho a setembro de 2009) com a mesma metodologia foram realizados em Cáceres-MT, na área Experimental da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), campus de Cáceres-MT, situado a uma altitude média de 118 metros, latitude sul 16º 04´43´´ e longitude oeste 57º 40´51´´ de Greenwich, Clima tropical úmido tipo Am (megatérmico com clima tropical de monção). O solo da área é do Tipo Plintosolo Petrico Concrecionário Distrófico (Embrapa, 1999), Os ambientes apresentam a dimensão de (10x10 m 2) de comprimento e os canteiros foram levantados com 0,2 m de altura por 9 m de comprimento e 1 ,5 m de largura, com espaçamento entre estes de 0,3 m. Cada ambiente ocupava uma área de 10x10 m 2, com pé direito 2,4m de altura, cada ambiente foi coberto com um diferente tipo de tela (telados cobertos com malhas de sombreamento 30, 40 e 50 % e malhas termorefletora de 30, 40 e 50%) . A adubação de plantio foi baseada nas recomendações de (Trani et al., 1997) e (Filgueira, 2003), para a cultura de alface, utilizando o formulado 4 -14-8, superfosfato simples e esterco bovino e como fonte da adubação de cobe rtura foi utilizada torta de mamona na quantidade de 250g por metro linear de canteiro, na forma de adubação de cobertura. Os dados da temperatura do solo e do ar (UR) e umidade relativa foram obtidos nos diferentes ambientes de estudo, coletados em três horários (7, 14 e 18 h), na profundidade de 0 a 10 cm, com auxílio de um termômetro de solo portátil modelo TEC-1311 e um Termo-higrômetro modelo HT-208, instalado a 1,5 m acima da superfície do solo. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados em esquema fatorial 7x5, sendo set e ambientes e cinco cultivares. A produção de muda das cultivares de alface foi realizada em bandejas de polietileno expandido tipo 128/6 (formato de pirâmide invertida) com volume de 34,6 cm 3 de substrato, utilizando o substrato comercial Plantmax HT®, estas bandejas foram dispostas sobre bancadas com 0,7m de altura sob ambiente protegido com pé direito de 2,4 m, coberto com filme plástico agrícola (polietileno). O transplante para os ambientes foi realizado 16/11/2008, com as plântulas dispostas no canteiro com espaçamento de 30x30cm entre plantas em três fileiras utilizando 12 plantas por parcelas em quatro canteiros por ambiente. A avaliação foi realizada nas doze plantas de cada parcela , obtendo-se a percentagem de plantas com o distúrbio . Para a análise estatística dos dados foi utilizado o software Genes (Cruz, 2006). E a análise de variância foi realizada com as médias das parcelas baseada no seguinte Modelo Fixo: Yijk = m + Gi + Aj + GAij + B/Ajk + Eijk, assim como as estimativas dos parâmetros genéticos, e o teste de média Tukey (P<0,05). Resultados e discussão Foi verificado que houve interação entre os fatores estudados (Tabela 1). A análise foi realizada na colheita, no qual a plantas apresentavam ainda o início dos sintomas. Segundo Cometti et al. (2004) a idade da planta interfere na severidade do sintoma. Se fossem deixadas estas plantas mais tempo no campo poderiam ter atenuados os sintomas, facilitando a visualização. Foi observado que as cu ltivares Verônica, Vera, Isabela e Veneranda , cultivadas em campo aberto não apresentaram e a cultivar Cinderela diferiu dos demais ambientes, com menor incidência (Tabela 1). Este efeito pode estar relacionado com a produção da planta, que foram menores n o ambiente no campo aberto, sendo que plantas com maior desenvolvimento apresentam maior incidência de “Tip burn”. Para os ambientes que proporcionaram maior incidência de “Tip burn” (tela de sombreamento 40 e 50% e tela termo -refletora 50%), houve uma inf luencia do genótipo cultivado, sendo que a cultivar Isabela apresentou -se mais resistente a este distúrbio fisiológico, principalmente quando comparada a cultivar Veneranda. Apesar da maior incidência de “Tip burn” nos ambientes com telado, de uma forma geral houve uma tendência de maior produtividade de alface (g planta -1) nos ambientes com maior sombreamento, principalmente os com tela termo -refletora com maior porcentagem de sombreamento, já que nestes ambientes houve diminuição da temperatura ambiental. A maior incidência do distúrbio nos ambientes protegidos está associada à redução de temperatura nos mesmos, já que essa redução ocasionou maior desenvolvimento de plantas, e conseqüentemente, aparecimento de “Tip burn”. Tabela 1. Incidência de “Tip burn” em cultivares de alface, cultivadas sob diferentes ambientes. Universidade do Estado de Mato Grosso, Cáceres, MT, 2008. Cultivares Verônica Vera Cinderela Isabela Veneranda Campo aberto 0 aB 0 aB 9,37 aB 0 aA 0 aD Ambientes Telado com Sombrite 30 % 40 % 50 % 20,1 aAB 29,2 abAB 21,5 bAB 10,8 aAB 37,5 abA 31,7 abA 17,7 aAB 41,7 abA 22,4 abAB 0 aA 21,2 bA 12,8 bA 12,5 aCD 57,2 aA 50,6 aAB Telado com Termo-refletora 30 % 40 % 50 % 22,0 aAB 43,0 aA 47,4 aA 21,1 aAB 37,8 aA 29,4 abAB 16,7 aAB 42,3 aA 42,1 aA 2,3 aA 18,72 aA 4,15 bA 25,4 aBCD 46,6 aAB 35,4 aABC Médias seguidas pelas mesmas letras Maiúsculas na Horizontal e Minúscula na Vertical , não diferem estatisticamente entre si. No experimento de inverno, não foram observadas a incidência de esse distúrbio fisiológico nas cultivares avaliadas. Outro fator interessante foi que as utilizações de adubos pouco solúveis que disponibilizaram os nutrientes de forma gradativa contribuíram para o aparecimento de “Tip burn”, porém os sintomas observados atingiram somente as folhas centrais, avaliadas no período de colheita , com baixa severidade. Conclusão A cultivar Isabela apresenta maior resistência à incidência de “Tip burn”. A redução da temperatura nos ambientes protegidos com telados contribui para o aumento da incidência de “Tip burn”. Referência bibliográfica ABAURRE, M. E. O.; PUIATTI, M.; CECON, P. R.; M. B. COELHO; HUAMAN, C. A. M.Y.; PEREIRA, F. H. F.; L. A. de AQUINO . Produtividade de duas cultivares de alface sob malhas termorrefletoras e difusora no cultivo de outono -inverno. Disponível em << http://www.abhorticultura.com.br/biblioteca/arquivos/Download/Biblioteca/44_615.pdf >>. 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