DESEMPENHO AGRONÔMICO DE CULTIVARES DE ALFACE PARA CULTIVO DE OUTONO EM RIO DO SUL - SC Autores: Tiago Filipe ABREU1; Jeferson SCHMITZ1; Guilherme Silva FARIA1; Gabriel S. FARIA1; Gilmar Silvério da ROCHA2 1 Estudantes do Curso Técnico em Agropecuária, Instituto Federal Catarinense, Campus Rio do Sul. Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico, Instituto Federal Catarinense, Campus Rio do Sul. 2 Introdução A alface (Lactuca sativa) originou-se de espécies silvestres, ainda hoje encontradas em regiões de clima temperado, no sul da Europa e na Ásia Ocidental. Já era conhecida pelos egípcios desde 4.500 a.C. A alface destaca-se, entre as hortaliças folhosas, como a mais produzida no Brasil, onde chegou através dos Portugueses, no século XVI (Filgueira, 2008). A alface é cultivada em todas as regiões brasileiras e é a principal salada consumida pela população, tanto pelo sabor e qualidade nutricional quanto pelo reduzido preço para o consumidor (Resende et al., 2007). A semeadura desta olerícola pode ser realizada durante todo o ano. A germinação leva de quatro a seis dias. Quando as mudas estiverem com duas a três folhas e com 8 a 10cm, devem ser transplantadas em canteiros bem adubados, de modo que a planta fique com o colo acima do nível do solo e com espaçamento de 25 a 30cm entre as plantas. Só devem ser transplantadas as mudas mais desenvolvidas, fortes e sadias. Fatores climáticos como temperaturas elevadas (acima de 20°C) e fotoperíodo longo, podem resultar em plantas com o ciclo reprodutivo precocemente acelerado (pendoamento e florescimento precoces), que são características indesejáveis em alface pelo fato de torná-las impróprias para o consumo (Nagai e Lisbão, 1980). Atualmente existe um grande número de cultivares de alface no mercado, que possuem diferentes formatos, tamanhos e cores. Essas cultivares podem ser agrupadas em seis tipos, de acordo com as características das folhas e a formação ou não da cabeça: Repolhuda-crespa (Americana), Repolhuda-Manteiga, Solta-Lisa, Solta-crespa, Mimosa e Romana. Normalmente o produtor utiliza cultivares recomendadas pelas empresas produtoras de sementes, já que a cultura da alface não dispõe de uma rede de ensaios de competição de cultivares como as culturas de batata, milho e feijão. Assim, o produtor pode estar usando uma cultivar não muito produtiva em sua região para determinada época do ano. Logo, é importante para os produtores conhecer quais as cultivares de alface que mais se adaptam às condições climáticas de determinada estação do ano em um local específico. Neste contexto esse trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho agronômico de quatro cultivares de alface para o cultivo no outono, no município de Rio do Sul – SC. Material e Métodos O experimento foi conduzido no Instituto Federal Catarinense, Campus Rio do Sul, no Setor de Agricultura I, em condições de campo. A temperatura média anual é de 18°C. No dia 26 de março de 2015 as sementes de cada cultivar de alface foram semeadas em bandejas de poliestireno contendo 128 células. Foram usadas quatro bandejas. Após a semeadura, as bandejas foram umedecidas e colocadas uma sobre a outra na estufa visando aumentar a eficiência de germinação. A última bandeja foi coberta com um plástico e em seguida foi colocado um tijolo para que o vento não retirasse o plástico. O transplantio foi realizado aos 22 dias após a semeadura, sendo utilizado o delineamento em blocos casualizados com três repetições e quatro cultivares de alface: Mimosa (Grupo Crespa), Americana, Quatro Estações e Mimosa Roxa. As plantas de alface foram dispostas em quatro fileiras no canteiro (Figura 1), com espaçamento de 0,25 m entre linhas e entre plantas. Foram empregadas 36 mudas de cada cultivar, já que 12 plantas formaram uma parcela. Figura 1. Canteiro com as quatro cultivares de alface utilizadas no trabalho. Não foi realizada adubação de plantio, visto que o solo dos canteiros do Setor de Agricultura I possui elevada quantidade de nutrientes minerais. A irrigação e as capinas foram feitas sempre que necessário. As quatro cultivares foram avaliadas aos 49 e 56 dias após a semeadura (DAS) em relação à altura de planta e diâmetro da cabeça, usando uma régua. Aos 35 dias DAS também foi medida a altura de planta. Todas as plantas de cada parcela foram medidas, sendo que posteriormente utilizou-se a média da parcela. No momento da colheita, a qual foi realizada aos 56 dias após a semeadura, foram colhidas as três maiores plantas de alface de cada parcela, visando determinar a massa fresca e o número de folhas comercializáveis de cada cultivar, estas duas avaliações foram realizadas no Laboratório de Genética e Melhoramento Vegetal. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey. As análises foram realizadas pelo programa estatístico Assistat. Resultados e discussão A altura de planta (Tabela 1), que compreende a distância entre a base da planta até seu ápice, da cultivar Mimosa Roxa foi estatisticamente superior às demais nas avalições aos 35 e 49 dias após a semeadura (DAS). Já aos 56 DAS (dia da colheita) a cultivar Mimosa apresentou uma altura que não diferiu das demais. Para o diâmetro da cabeça, aos 56 DAS, as cultivares Mimosa Roxa e Mimosa demonstraram ser superiores. Houve uma diferença de 7,9 cm, quando se compara a média das cultivares com maior diâmetro (Mimosa Roxa e Mimosa) com a média das cultivares Americana e Quatro estações. Tabela 1 – Médias da altura de planta (aos 35, 49 e 56 DAS), diâmetro da planta (aos 49 e 56 DAS), massa fresca total (MFT) e número de folhas comercializáveis (NFC) em função das diferentes cultivares de alface. Rio do Sul, SC, outono de 2015. Cultivares Altura de planta (cm) Diâmetro (cm) MFT (g) 35 DAS1 49 DAS 56 DAS 49 DAS 56 DAS Americana 8,5 b 13,2 b 15,4 b 24,6 b 29,3 b 555,7 b Mimosa 10,1 b 15,2 b 18,5 ab 29,9 ab 37,3 a 1004,4 a Quatro Estações 10,1 b 14,1 b 16,3 b 27,0 b 30,9 b 641,7 b Mimosa Roxa 13,6 a 19,2 a 22,3 a 33,4 a 38,0 a 724,3 b Média Geral 10,6 15,4 18,1 28,8 33,9 731,5 CV (%) 6,31 6,51 8,82 7,15 5,07 10,08 1DAS: dias após a semeadura. Letras iguais na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. NFC 46,3 c 92,7 a 78,7 ab 63,0 bc 70,2 12,31 A massa fresca total (MFT), que compreende toda a parte aérea da planta, inclusive as folhas que não apresentavam proveito por estarem danificadas por alguma razão, da cultivar Mimosa apresentou diferença significativamente superior as demais, com valores de 1004,4 gramas por planta. Para o número de folhas comercializáveis (NFC) a cultivar Mimosa mostrou uma sensível diferença em relação as demais, embora não tenha sido superada estatisticamente pela cultivar Quatro Estações. Houve alta precisão experimental para as variáveis que foram medidas (altura e diâmetro), evidenciada pelos baixos valores dos coeficientes de variação (CV). Para massa fresca total (CV=10,08%), obtida por pesagem, e número de folhas comercializáveis (CV=12,31%) a precisão foi menor, mas ainda caracterizada como média. Essa diferença na precisão com que as variáveis foram avaliadas pode ser explicada pelo fato de que nas tomadas de medidas (altura e diâmetro) foram usadas as 12 plantas de cada parcela. Já para as variáveis avaliadas com menor precisão foram utilizadas apenas as três maiores plantas por parcela. Conclusão A cultivar Mimosa Roxa apresentou maior altura nas duas primeiras avaliações. No dia da colheita, as cultivares Mimosa e Mimosa Roxa se destacaram em relação ao diâmetro da planta. A cultivar Mimosa revelou os maiores valores quando se consideram massa fresca total e número de folhas comercializáveis simultaneamente, sendo a mais produtiva entre as cultivares avaliadas, portanto, a que melhor se adaptou às condições de cultivo de outono na região de Rio do Sul – SC. Como há uma elevada quantidade de tipos e de cultivares de alface disponíveis no mercado, há necessidade de se realizar mais estudos com outras variedades na região de Rio do Sul – SC, para se determinar quais variedades mais se adaptariam não só no Outono, mas também nas outras épocas de cultivo. Vale lembrar que esta cultura é de grande aceitação no mercado e representa uma grande oportunidade para diversificação da propriedade rural. Referências FILGUEIRA, F. A. R. Novo manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. 3. ed. Viçosa: UFV, 2008. 421p. NAGAI, H.; LISBÃO, R. S. Observação sobre resistência ao calor em alface (Lactuca sativa L.). Revista de Olericultura, Campinas. v. 18, p. 7-13, 1980. RESENDE, F. V.; SAMINÊZ, T. C. O.; VIDAL, M. C.; SOUZA, R. B.; CLEMENTE, F. M. V. Cultivo de alface em sistema orgânico de produção. EMBRAPA Hortaliças: Brasília, 16p. 2007. (Circular Técnica, 56).