MESA 25 INTERFACE ENTRE A NEUROPSICOLOGIA E A

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MESA 25
INTERFACE ENTRE A NEUROPSICOLOGIA E A TERAPIA COGNITIVOCOMPORTAMENTAL
Coordenadora: Patrícia Porto (IPUB – UFRJ)
[email protected]
Relatores:
Patrícia Porto
Fabiana Leão
Rosinda Oliveira
Helenice Charcat Fichman
Resumo 1: TRANSTORNO DO PÂNICO E DISFUNÇÃO EXECUTIVA
Patrícia Porto (IPUB/UFRJ)
[email protected]
Airaksinen em seu estudo relata que os Transtornos de Ansiedade estão associados com
comprometimento cognitivo, em especial, de memória episódica e função executiva.
Lautenbacher aponta que pacientes com Transtorno do Pânico e Depressão apresentam
déficits de atenção dividida. O córtex pré-frontal pode estar envolvido na neurobiologia do
Transtorno do Pânico. Este trabalho tem como objetivo investigar se o Transtorno do
Pânico está associado a disfunção do córtex pré-frontal, manifestada através da síndrome de
disfunção executiva. Os pacientes serão avaliados através do teste Auditory Consonant
Trigrams (CCC) também conhecido como tarefa de Brown-Peterson. Objetivo deste teste é
avaliar a memória de curto prazo, atenção dividida e processamento de informações. O
funcionamento executivo refere-se à habilidade do indivíduo de desenvolver e sustentar
uma organização voltada para o futuro e a capacidade de flexibilizar e resolver situações
problemas. As funções executivas permitem que o indivíduo adapte suas habilidades
básicas como, linguagem e memória a um ambiente complexo. Segundo Barkley, podemos
dividir as funções executivas em seis partes que interagem entre si, sendo elas: controle
inibitório de comportamento, capacidade de flexibilizar pensamentos, auto-regulação do
afeto, memória de trabalho, capacidade de análise e síntese e memória contextual. O
controlo inibitório do comportamento está relacionado a 3 processos: inibir uma resposta
inicial a um evento, atrasar essa resposta, permitindo um intervalo para decidir o que
responder e controlar eventos e respostas concorrentes neste intervalo de tempo, ou seja,
está relacionado ao controle inibitório de interferências.A capacidade de flexibilizar está
relacionada a habilidade de mudar de uma estratégia cognitiva ou comportamental para
outra. A capacidade de auto-regulação do afeto refere-se a modulação interna do afeto para
alcançar um objetivo. A memória de trabalho é uma especialização da memória de curto
prazo, modelo proposto por Baddley e Hitch, composta de três componentes: a alça
fonológica, a via visuo-espacial e o executivo central. Para Baddley o executivo central está
relacionado a um sistema de controle atencional capaz de integrar os dois componentes e
realizar uma interface com a memória de longo prazo. A análise e síntese envolvem a
capacidade mental de separar experiências antigas ou informações e sintetizar essas partes
em novos caminhos. Esta habilidade é fundamental para criar novas direções e resolver
problemas. A memória contextual permite ao indivíduo lembrar quando e em qual situação
a informação foi aprendida, que pode estar dissociado do conteúdo aprendido. O
comprometimento do funcionamento executivo reflete em: dificuldade de manipular
informações mentalmente, dificuldade de planejamento e execução de planos,
desorganização, julgamento pobre, dificuldade para tomar decisões, rigidez mental,
dificuldade de manter a atenção e motivação, labilidade emocional, hiperatividade
(principalmente em crianças).
Palavras-chaves: transtorno do pânico, disfunção executiva, atenção dividida.
Resumo 2: ATENÇÃO DIVIDIDA NOS PACIENTES COM TRANSTORNO DO
PÂNICO: UM ESTUDO ATRAVÉS DO TESTE DE BROWN-PETERSON
Fabiana Leão (IPUB/UFRJ)
A literatura aponta para um comprometimento executivo nos transtornos depressivo e
ansiosos, mas o transtorno do pânico (TP) tem sido pouco investigado e apresentado com
dados contraditórios. O objetivo do presente trabalho foi avaliar as funções executivas em
um grupo de pacientes com transtorno de pânico. Vinte e cinco sujeitos com TP (DSM-IV)
do Laboratório de Pânico & Respiração – IPUB/UFRJ, foram avaliados através da Escala
de Brown-Peterson. Três sujeitos foram excluídos e a amostra final consistiu de 22
indivíduos. Foi encontrado um comprometimento da amostra de indivíduos com pânico nos
intervalos de 9, 18 e 36 segundos, quando comparados a um banco normativo de controles.
Os resultados foram mais robustos nos intervalos de 9” e 18” (1,244 e 1,037 abaixo da
média, respectivamente). Os dados encontrados sugerem um comprometimento cognitivo
dos indivíduos com transtorno do pânico, com um déficit do processo de atenção dividida.
Resumo 3: AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA E PSICOLOGIA CLÍNICA
Rosinda Oliveira (Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, RJ)
A avaliação neuropsicológica é recomendada em casos de queixa de comprometimento
psicológico decorrente de lesão cerebral de diferentes etiologias ou compatível com
disfunção cerebral. O objetivo é uma formulação diagnóstica que permita encaminhamento
ou indicação de terapêutica adequados.As referências teóricas utilizadas são aquelas das
neurociências e da psicologia cognitiva, em especial do conjunto teórico que concebe a
mente humana como um processador de informação. Neste trabalho é discutida necessidade
de que a situação clínica de avaliação conte também com a mediação de uma teoria que dê
conta de fatores emocionais e ambientais que afetam o comportamento.Esta necessidade
decorre das seguintes observações clínicas: (1) Alterações neurológicas com impacto sobre
o funcionamento cognitivo podem ocasionar diretamente comprometimento em nível dos
afetos, do humor e do comportamento, como ocorre, por exemplo, em demências frontais e
epilepsias temporais. (2) Alterações neurológicas com impacto sobre o funcionamento
cognitivo podem ter efeitos indiretos sobre os afetos, o humor e comportamento. Estes
efeitos podem decorrer, por exemplo, do impacto das alterações cognitivas na vida do
paciente. (3) Padrões comportamentais-emocionais disfuncionais decorrentes da história do
paciente podem ter impacto sobre o desenvolvimento das funções cognitivas muitas vezes
associado a alterações funcionais do cérebro. Diante dessas observações clínicas, a
metodologia da avaliação neuropsicológica deve compreender entrevistas – com o paciente
e com os pais, quando se trata de crianças-, sessões livres, baterias de testes formais - que
podem ser fixas ou flexíveis e mais ou menos compreensivas de acordo com os objetivos
particulares da avaliação. Pode ser ainda necessário formular tarefas específicas, quando
não é possível uma avaliação com testes formais - seja em função de um nível de
comprometimento cognitivo extremo ou de padrões de interação extremamente
disfuncionais. Durante todo o processo de avaliação, o objetivo é traçar um perfil do
funcionamento psicológico do paciente, com especial ênfase em aspectos cognitivos, e
compreender a participação das variáveis emocionais, ambientais e neurológicas na
configuração deste perfil, a fim de formular hipótese diagnóstica, que resultará na indicação
terapêutica. Um processo de avaliação concebido com estes objetivos necessita contar com
a fundamentação teórica e técnica das neurociências, da teoria do processamento da
informação e de uma teoria psicológica que dê conta da participação de fatores emocionais
e ambientais na configuração de padrões comportamentais. Serão apresentados casos
clínicos para ilustrar os argumentos propostos. [email protected]
Resumo
4:
REABILITAÇÃO
NEUROPSICOLÓGICA:
INTERVENÇÃO
COGNITIVO-COMPORTAMENTAL.
Helenice Charchat Fichman (Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, RJ)
[email protected]
A reabilitação neuropsicológica é o processo terapêutico que tem por finalidade habilitar o
paciente com distúrbio cognitivo a funcionar da forma mais adaptada possível ao seu
contexto psicossocial (ambiente familiar, escolar, profissional, lazer e atividades
instrumentais e básicas do cotidiano). A presença de distúrbio cognitivo é reconhecida em
diferentes doenças neurológicas (demência, acidentes vasculares cerebrais, traumatismos
cranianos, encefalites, epilepsias, tumores e neurocirurgias) e psiquiátricas (depressão,
transtornos de ansiedade, transtornos de déficit de atenção e hiperatividade, entre outros). O
objetivo do presente trabalho é desenvolver uma breve introdução dos princípios teóricos e
práticos que fundamentam a reabilitação neuropsicológica, descrevendo as diferenças entre
esta abordagem clínica e um treinamento cognitivo e finalmente discutindo se esta proposta
terapêutica seria uma forma de intervenção cognitivo-comportamental. As bases teóricas
que alicerçam a reabilitação neuropsicológica são: 1) neuropsicologia cognitiva clínica; 2)
psicologia cognitiva baseada nas teorias de processamento das informações e 3) psicologia
comportamental baseada nas teorias de aprendizagem e análise experimental do
comportamento. A neuropsicologia cognitiva clínica contribui para compreensão das
relações entre os distúrbios cognitivos e circuitos neurais envolvidos, identificando as
funções cognitivas comprometidas e as preservadas, além de auxiliar no diagnóstico de
doenças neurológicas e psiquiátricas. A psicologia cognitiva é a base teórica para
compreensão da natureza dos distúrbios cognitivos, identificando que funções cognitivas
são passíveis de reabilitação e que estratégias cognitivas devem ser adotadas para o
treinamento ou compensação destas alterações. A psicologia comportamental tem como
finalidade desenvolver a análise funcional, mapeando o impacto das alterações cognitivas
no contexto psicossocial e monitorar a eficácia do tratamento ao longo do tempo. Além
disso, a psicologia comportamental oferece as técnicas de intervenção para o
desenvolvimento de um repertório comportamental mais adaptativo minimizando os efeitos
dos distúrbios cognitivos no cotidiano dos pacientes. Os dois princípios que fundamentam a
prática da reabilitação neuropsicológica são: 1) recuperação e 2) compensação. Na
recuperação, o objetivo é desenvolver um treinamento da função cognitiva comprometida.
Na compensação, o objetivo é ensinar formas alternativas de realizar atividades que
dependam da função cognitiva comprometida ou ainda maximizar o uso das funções
cognitivas preservadas ou proporcionar uma reestruturação ambiental. Estes dois princípios
podem ocorrer combinados ou de forma seqüencial no contexto da reabilitação. Neste
contexto teórico-prático, a reabilitação neuropsicológica envolve um processo terapêutico
mais abrangente e global que um simples treinamento cognitivo, os aspectos emocionais,
sociais e especialmente o contexto ambiental que o paciente está inserido tornam-se
fundamentais para um adequado programa de reabilitação neuropsicológica. Assim, a
reabilitação neuropsicológica seria uma forma de intervenção cognitivo-comportamental.
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