GUIA CLINICO PARA MANUSEIO INICIAL DA SEPSE – HUOP Joao Victor de Oliveira Diego Henrique de Oliveira Fernando Spencer Netto Definições: Infecção: causada pela invasão de tecido, fluido ou cavidade corporal estéril por microorganismos patogênicos. Síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS)- pelo menos dois dos seguintes itens: 1) 2) 3) 4) Temperatura axilar >37,8 ou <35,5 Frequência cardíaca> 90 bpm Frequência respiratória >20 irpm ou PaCO2<32 mmHg ou uso de ventilação mecânica Leucócitos>12000/mm³ ou <4000/mm³ ou presença de >10% de formas jovens Sepse: infecção associada a alguns dos sinais e sintomas de resposta inflamatória. Sepse grave: sepse complicada por disfunção orgânica. Choque séptico: sepse grave acompanhada de falência circulatória caracterizada por hipotensão arterial persistente apesar de reposição volêmica adequada e sem outra causa aparente. Disfunção de múltiplos órgãos e sistemas (DMOS) – pelo menos um. - Sistema circulatório: taquicardia, hipotensão. - Sistema respiratório: hipoxemia, diminuição da relação PO2/FiO2 (<300). - Rins: oligúria, elevação das escórias nitrogenadas. - Sistema digestivo: estase gástrica, obstipação, hemorragia digestiva. - Fígado: bilirrubina total >2mg/dL. - Sistema nervoso: Glasgow < 13. - Sistema hematológico: plaquetopenia (100 mil); lactato>1,5X normal (ou maior que 2 mmol/L). Programa de otimização do tratamento da síndrome séptica III (POTSS 3.0): os nove passos principais do POTSS 1) Identificar o paciente portador de sepse grave ou choque séptico: a) evidência clínica de sepse com foco suspeito ou confirmado; b) PCR>5 mg/dL ou procalcitonina acima de 2 DP devem ser suspeitos de infecção. 2) Após o ABC primário, obter 2 acessos venosos para coleta de sangue ou administração de volume. Coletar 2-3 amostras para hemocultura. Não atrasar o início do antibiótico! 3) Iniciar ressuscitação hemodinâmica. Objetivos: PVC=8-12 mmHg (PVC de 12-15 mmHg em pacientes sob VM), PAM>65 mmHg ou PAS>90 mmHg, Débito urinário>0,5 mL/kg/h, Saturação venosa de O2>70%. Administrar bolus de cristalóides (500 a 1000 mL em 15-30 minutos); iniciar DVA se a PAM insatisfatória após ressuscitação volêmica adequada (noradrenalina 0,1-2,0 mcg/kg/min); 4) Administrar antimicrobianos dentro da 1ª hora do diagnóstico de sepse grave ou choque séptico. Usar ATB de largo espectro e depois otimizar de acordo com culturas. 5) Estabelecer VM “protetora” – volume corrente para 6 mL/kg; pressão de plateau<30 cm H2O, Peep moderada. Cabeceira elevada a 30-15 graus. 6) Se níveis de glicemia acima de 180 mg/dL (2 glicemias consecutivas), iniciar insulina EV contínua. 7) Se após administração de volume e DVA o paciente continuar hipotenso, iniciar hidrocortisona 50 mg 6/6 horas. 8) Outros: manter Hb entre 7-9 mg/dL; transfusão de plaquetas se abaixo de 10 mil/mm³ ou 20 mil/mm³ com alto risco de sangramento; sedação e analgesia; profilaxia de TVP/TEP e HDA; nutrição enteral precoce. 9) Monitorização das disfunções orgânicas.