Maria Luzia da Silva Santana

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MARIA LUZIA DA SILVA SANTANA
A RELAÇÃO ENTRE SINTOMAS
DEPRESSIVOS E HABILIDADESSOCIAIS
EM ADOLESCENTES DO ENSINO FUNDAMENTAL
Dissertação
apresentada
ao
Programa de Pós-Graduação Stricto
Sensu
em
Psicologia
da
Universidade Católica de Brasília,
como requisito parcial para obtenção
do Título de Mestre em Psicologia.
Orientadora: Drª. Erenice Natália
Soares de Carvalho.
Coorientadora: Drª. Cláudia Cristina
Fukuda.
Brasília
2014
S232r
Santana, Maria Luzia da Silva.
A relação entre sintomas depressivos e habilidades sociais em
adolescentes do ensino fundamental. / Maria Luzia da Silva Santana
– 2014.
80 f.; il.: 30 cm
Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2014.
Orientação: Profa. Dra. Erenice Natália Soares de Carvalho
Coorientação: Profa. Dra. Cláudia Cristina Fukuda
1. Psicologia. 2. Depressão na adolescência. 3. Conscientização
social. 4. Interação social em adolescentes. I. Carvalho, Erenice Natália Soares de, orient. II. Fukuda, Cláudia Cristina, coorient. III. Título.
CDU 159.922.8
Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a todos aqueles que diretamente ou indiretamente contribuíram
para a finalização dessa etapa da minha vida.
A nossa gratidão aos adolescentes, professores, diretor e demais funcionários
da escola.
Agradeço as professoras Erenice e Cláudia que apostaram em mim e
contribuíram efetivamente no processo de construção deste trabalho.
E aos meus familiares pelo apoio durante esse processo de formação.
Obrigada por existirem!
RESUMO
SANTANA, Maria Luzia da Silva. A Relação entre Sintomas Depressivos e
Habilidades Sociais em Adolescentes do Ensino Fundamental. 2014, 80 f.
Dissertação de Mestrado em Psicologia, Universidade Católica de Brasília,
Brasília, 2014.
Essa pesquisa teve como objetivo geral descrever a relação entre sintomas
depressivos e o repertório de habilidades sociais em adolescentes,
relacionando os níveis de depressão à frequência e dificuldades de habilidades
sociais. Como objetivos específicos, identificar os níveis de depressão
apresentados pelos participantes, caracterizar o repertório de habilidades
sociais dos adolescentes e contribuir com a construção de conhecimento sobre
a depressão na adolescência na perspectiva das interações sociais.
Participaram 153 adolescentes com idades entre 12 e 17 anos de uma escola
pública localizada em Planaltina, no Distrito Federal. Foram aplicados três
instrumentos: o questionário sociodemográfico, que contém sete questões que
possibilitam caracterizar os participantes nos aspectos sociais e escolares; o
Inventário de Depressão de Beck (BDI-II), que detecta sintomas depressivos
conforme os critérios sintomáticos de Episódio Depressivo Maior; e o Inventário
de Habilidades Sociais para Adolescentes Del Prette (IHSA- Del Prette) que
caracteriza as interações sociais de adolescente entre 12 e 17 anos nos vários
contextos e com diferentes interlocutores conforme a frequência e dificuldade
na emissão de comportamento de interações sociais. Esses instrumentos
foram aplicados coletivamente em uma sala reservada para essa finalidade. Na
análise preliminar dos dados, verificou-se a existência de outliers e de dados
perdidos (missings). A normalidade dos dados dos participantes foi verificada
por meio dos testes Kolmogorov-Smirnov e do teste Shapiro-Wilk. Também,
analisaram-se a consistência interna do BDI-II e do IHSA- Del Prette mediante
o teste Alpha de Cronbach. Os escores brutos apresentados pelos
participantes no IHSA-Del Prette foram convertidos em posição percentílica e
caracterizados quanto à frequência e à dificuldade de habilidades sociais. Os
níveis de sintomatologia depressiva foram aferidos por meio da soma dos
pontos de cada item do BDI-II e foram posicionados nos níveis: mínimo, leve,
moderado e grave de depressão. Na análise de correlação, empregou-se o
teste de Coeficiente de Correlação de Pearson; na verificação das diferenças
entre níveis de sintomas depressivos por sexo, usou-se o Teste t. Quatro
participantes apresentaram nível moderado de sintomas depressivos e cinco
adolescentes, nível grave. Desses, sete foram do sexo feminino. Encontrou-se
diferenças entre os níveis de sintomas depressivos apresentados pelo sexo
feminino e masculino, sendo que as adolescentes apresentaram índices de
sintomatologia depressiva mais elevada que os adolescentes. Não houve
diferenças significativas entre as médias nos escores de frequência e de
dificuldade de habilidades sociais entre os sexos. Encontrou-se uma correlação
inversa entre depressão e frequência de habilidades sociais e uma correlação
positiva entre depressão e dificuldade de habilidades sociais, o que sugere
uma relação entre sintomas depressivos e repertório de habilidades sociais em
adolescentes.
Palavras-chave: Sintomas Depressivos. Habilidades Sociais. Adolescentes.
ABSTRACT
The aim of this research is to describe the relation between depressive symptoms and social skills in teenagers, relating the depression levels to the frequency and difficulties in social skills. The main goals in this work were to identify the participants depression level, characterize the teenagers´ social skills and
to contribute to the building knowledge about depression in teenagers from the
social interactions perspective.153 teenagers between 12 and 17 years old from
a public school located in Planaltina, Distrito Federal took part of this research.
Three instruments has been applied in the work: the demographic questionnaire
with seven questions that enable to characterize the social and educational aspects of the participants; the Beck Depression Inventory ( BDI - II ) , which detects depressive symptoms as symptomatic criteria for Major Depressive Episode; and Social Skills Inventory for Teenagers Del Prette (IHSA - Del Prette)
featuring social interactions in teenagers between 12 and 17 years old in various contexts and with different interlocutors as frequency and difficulty in issuing behavior in social interactions. These instruments have been applied in a
reserved room prepared for this purpose. In preliminary analysis of the data, we
verified the existence of outliers and missing data. The participants data normality has been verified by the Kolmogorov - Smirnov and the Shapiro - Wilk tests.
We also analyzed the internal consistency of the BDI - II and IHSA - Del Prette
by the Cronbach's Alpha test. The participants scores in IHSA - Del Prette were
converted to percentile and characterized as the frequency and difficulty of social skills position.The depressive symptoms levels have been measured by the
sum of points for each item of the BDI - II and they have been placed in differents depression levels : minimal, mild, moderate and severe. In the correlation
analysis, we used the coefficient of Pearson's correlation test; for the verification
of diferences in depressive symptoms levels by gender, we used the t test. Four
participants had a moderate level of depressive symptoms and five teenagers
had serious level. Among them seven were females. Differences in the depressive symptoms levels have been reported by males and females, and the females teenagers had higher rates of depressive symptoms than the males
ones. There were no significant differences in the frequency and difficulty in social skills mean scores between the genders. We found an inverse correlation
between depression and social skills frequency and a positive correlation between depression and social skills difficulty, suggesting a relation between depressive symptoms and social skills in teenagers.
Keywords : Depressive Symptoms . Social Skills. Teenagers.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1-
Frequência de idades por sexo ...............................................
35
Tabela 2-
Renda familiar dos participantes .............................................
35
Tabela 3-
Consistência interna das subescalas do IHSA-Del Prette aferida por meio dos dados da pesquisa.......................................
43
Tabela 4-
Frequência de habilidades sociais por idade ...........................
45
Tabela 5-
Frequência de habilidades sociais por sexo.............................
45
Tabela 6-
Dificuldade de habilidades sociais por idade ...........................
46
Tabela 7-
Dificuldade na emissão de habilidades sociais por sexo........
47
Tabela 8-
Níveis de sintomas depressivos por idade ..............................
49
Tabela 9-
Níveis de sintomas depressivos por sexo ..............................
50
Tabela 10-
Relação entre sintomas depressivos e frequência de
habilidades sociais ..................................................................
56
Tabela 11-
Relação entre sintomas depressivos e dificuldades de
habilidades sociais...................................................................
56
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO …………………………………………………………..........…. 10
1. REFERENCIAL TEÓRICO ……….............................................................. 13
1.1 ADOLESCÊNCIA ..................................................................................... 13
1.1.1 A depressão na adolescência ............................................................ 14
1.1.1.1 Pesquisas brasileiras sobre depressão em adolescentes ................. 18
1.2 AS HABILIDADES SOCIAIS ................................................................... 25
1.2.1 Habilidades sociais: conceitos e caracterizações............................ 27
1.2.2 Habilidades sociais e depressão em adolescentes ......................... 29
2. OBJETIVOS …………………………………………………………….…........ 33
2.1 OBJETIVO GERAL …………………………………………………….…...... 33
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ……………………………………………....... 33
3. RECURSOS METODOLÓGICOS ……....................................................... 34
3.1 QUESTÕES ETICAS ................................................................................ 34
3.2 PARTICIPANTES ..................................................................................... 34
3.3 INSTRUMENTOS ..................................................................................... 36
3.3.1 Questionário Sociodemográfico ........................................................ 36
3.3.2 Inventário de Depressão Beck– BDI-II .............................................. 36
3.3.3 Inventário de Habilidades Sociais para Adolescentes- Del Prette
37
(IHSA- Del Prette)..........................................................................................
3.4 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DOS DADOS ................................ 39
3.5 PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE DOS DADOS ............................... 40
4. RESULTADOSE DISCUSSÃO ................................................................. 42
4.1 EXPLORAÇÃO INICIAL DOS DADOS .................................................... 42
4.2 AS HABILIDADES SOCIAS NOS ADOLESCENETS............................... 43
4.3 OS SINTOMAS DEPRESSIVOS NOS ADOLESECNTES ....................... 49
4.4 A RELAÇÃO ENTRE SINTOMAS DEPRESSIVOS E HABILIDADES
SOCIAIS......................................................................................................... 53
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 59
REFERÊNCIAS ………………………………………………………………....... 62
APÊNDICES ................................................................................................... 71
APÊNDICE A- Questionário Sociodemográfico ............................................. 72
APÊNDICE B- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para o
73
responsável ...................................................................................................
APÊNDICE C-Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para o
75
adolescente ....................................................................................................
APÊNDICE D- Carta Convite ......................................................................... 77
ANEXO ........................................................................................................... 78
ANEXO A- Folha de Aprovação do Comitê de Ética ...................................... 79
10
INTRODUÇÃO
A Organização Mundial de Saúde - OMS (2013) indica que cerca de 20%
dos jovens apresentam algum tipo de transtorno mental, como transtornos de
humor,
abuso
de
substâncias,
comportamento
suicida
e
transtornos
alimentares. Em uma revisão de literatura sobre epidemiologia dos transtornos
depressivos em crianças, Bhals (2002) apontou a prevalência de 0,4 a 3,0% de
depressão em crianças e de 3,3 a 12,4% em adolescentes.
Esses índices demonstram que, tendo como referência a infância, houve
um aumento significativo de depressão na adolescência (BHALS, 2002; OMS,
2000). Conforme Bhals (2002, p.360), ―[...] a depressão maior na infância e na
adolescência apresenta natureza duradoura e pervasiva, afeta múltiplas
funções e causa significativos danos psicossociais‖. Bhals e Bhals (2002)
salientam a relevância de pesquisa na temática da depressão na adolescência,
uma vez que se observam índices crescentes e elevados do transtorno nessa
população específica, em muitos casos levando ao suicídio.
Conforme Baptista e Assunção Jr. (1999), o problema da incidência da
depressão entre os jovens brasileiros deveria ser melhor analisado pelas
políticas públicas, visando obter informações mais criteriosas sobre a
quantidade de crianças e adolescentes que convivem com sintomas de
depressão e, por meio desses dados, desenvolver programas de tratamento,
assim como medidas preventivas para casos dessa natureza, que parecem ser
mais rotineiros do que se pensa.
Conforme aponta Bhals (2004), o tratamento da depressão é mais eficaz
no começo da patologia. Portanto, é relevante que os casos sejam
precocemente identificados e tratados. Nesse sentido, é importante que
profissionais e demais pessoas que convivam com adolescentes tenham
informações a respeito da manifestação da depressão e dos fatores associados
nessa população. Essa medida pode favorecer uma identificação precoce
nessa fase do desenvolvimento e evidenciar a importância de pesquisas com
foco nessa temática.
Estudos sugerem que a depressão está associada ao déficit de
habilidades sociais em adolescentes (CAMPOS, 2009; GRESHAM; COOK;
11
CREWS, 2004; HOROWITZ, 2007; ROCKHILL et al., 2009; YOUNG; MUFSON;
GALLOP, 2010). Adolescentes deprimidos se beneficiam do treino de
habilidades sociais. Eles podem ser instruídos a observar seus pares e a imitar
situações nas quais eles se sentem desconfortáveis ou inseguros devido às
normas sociais esperadas (FRIDIBERG; McCLURE, 2004).
No Brasil, são escassas as pesquisas que discutem a relação entre
sintomas depressivos e habilidades sociais, o que indica a importância de
investigações científicas que abordem a questão (DEL PRETTE; DEL PRETTE,
2009). Tal constatação justifica a realização do presente trabalho, cujo
propósito é contribuir para esse debate de interesse para as áreas de saúde,
educação e desenvolvimento humano.
Assim, o estudo é relevante por contribuir para o preenchimento das
lacunas de pesquisas no Brasil que discutam a relação entre habilidades
sociais e depressão na adolescência, apesar de constituir um tema abordado
em outros países, como se verifica na revisão compreensiva de literatura
(CAMPOS, 2009, 2010; DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009, 2010; GALLOP,
2010; GOLDSTEIN; MIKLOWITZ; MULLEN, 2006; GRESHAM; COOK;
CREWS, 2004; GUNLICKS-STOESSEL et al., 2010; COOK; CREWS, 2004;
HOROWITZ et al., 2007; SEGRIN, 2000; ROCKHILL el al., 2009; WITVLIET et
al., 2010; YOUNG; MUFSON; GUNLICKS-STOESSEL, 2010).
Estudos com esse foco possibilitam ampliar as discussões e melhores
condições de prevenção, controle, diagnóstico, acompanhamento e medidas
psicoeducativas direcionadas à adolescência. Destaca-se a importância de
investigações que abordam fenômenos associados (como as habilidades
sociais) como medidas preventivas e de superação de sintomas e indicadores
de depressão.
A temática em estudo foi discutida na introdução, nos quatro capítulos e
nas considerações finais. Na introdução, foram realizadas considerações que
justificam a escolha do tema: relação entre sintomas depressivos e habilidades
sociais de adolescentes. No primeiro capítulo, foram discutidas as questões
teóricas sobre a adolescência e sobre a depressão nessa fase de
desenvolvimento. Além disso, foram apresentados os principais estudos
12
desenvolvidos no país e os instrumentos usados para rastrear sintomas
indicativos de sintomas depressivos nessa população.
No segundo capítulo, foram apresentados o objetivo geral e os objetivos
específicos da pesquisa. E, no terceiro capítulo, foram descritos os recursos
metodológicos, incluindo a caracterização dos participantes, dos instrumentos
utilizados, os procedimentos para coleta e para análise dos dados. Os
resultados e a discussão fazem parte do quarto capítulo, com análises
estatísticas das habilidades sociais e sintomas depressivos apresentados pelos
adolescentes e, por último, foram realizadas algumas considerações finais
desse estudo.
13
1 REFERENCIAL TEÓRICO
1.1 A ADOLESCÊNCIA
O vocábulo ‖adolescência‖ é de origem latina adolesço - que significa
―crescer‖ (COLE; COLE, 2003). Trata-se de um período compreendido entre a
infância e a fase adulta, marcado por um complexo processo de crescimento e
desenvolvimento biopsicossocial (BRASIL, 2005). A Organização Mundial da
Saúde delimita a adolescência entre 10 e 19 anos de idade, referência também
adotada pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 1996, 2005).
O Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA (BRASIL, 1990) situa a
adolescência entre 12 e 18 anos de idade. Caracterizar o período da
adolescência unicamente como faixa etária representa uma forma muito
simplificada de observá-la. Ela abrange a transformação do jovem até a idade
adulta (CAVALCANTE; ALVES; BARROSO, 2008).
Além do aspecto cronológico, também critérios biológicos, psicológicos e
sociais devem ser considerados na abordagem conceitual da adolescência
(BRASIL, 2005). Admite-se, em geral, que essa fase do desenvolvimento
humano tem início a partir das mudanças físicas que ocorrem durante a
puberdade. Apesar de a puberdade e a adolescência se relacionarem, elas
correspondem a dois fenômenos específicos (PRATTA; SANTOS, 2007).
Conforme Cole e Cole (2003), o desenvolvimento biológico conhecido
como puberdade transforma o jovem de um estado de imaturidade física para
um estado de capacidade e maturidade biológica. Ainda salientam que, nas
sociedades, as transformações biológicas associadas à puberdade têm um
expressivo significado sociocultural, assim como também psicológico. As
consequências psicológicas e sociais desse período variam conforme as
especificidades culturais e pessoais.
De acordo com Schoen-Ferreira, Aznar-Farias e Silvares (2010), na
puberdade acontecem transformações orgânicas que levam à maturação
biológica adulta, com dimorfismo sexual e capacidade reprodutiva. Considerase a puberdade a partir de um parâmetro universal que ocorre de forma
semelhante em todas as pessoas nessa faixa etária. Já a adolescência, como
um fenômeno particular, é marcada pelas influências socioculturais que vão se
14
consolidando por meio de mudanças de caráter social, sexual e de gênero,
ideológico e vocacional (BRASIL, 2005).
Cada pessoa vivencia esse período de modo diferente, a depender de
sua maturidade física, emocional e cognitiva, assim como de outras
contingências (UNICEF, 2011). A Organização Mundial da Saúde considera a
adolescência como um período de rápido desenvolvimento no qual os jovens
adquirem novas habilidades e que representa uma fase fundamental para o
desenvolvimento de práticas sociais e educativas saudáveis.
A adolescência tende a ser um tempo de oportunidades, idealismo e
esperança.
Durante esse período, os adolescentes entram no mundo do
trabalho ou avançam em sua educação (UNICEF, 2011). Essa fase é
caracterizada pelo desenvolvimento do autoconceito, autoestima e de
conceitos mais elaborados, pelo aumento das responsabilidades sociais,
familiares, aprendizado de normas, conceitos sociais e morais (BAPTISTA;
BAPTISTA; DIAS, 2001).
Por ser um período de grandes mudanças, pode acontecer inquietação,
dúvidas e transformações no comportamento (BAPTISTA, 1999). Papalia,
Oldes e Feldman (2000) pontuam que, geralmente, os adolescentes passam
pela
adolescência
sem
problemas
físicos
ou
emocionais,
conquanto
considerem a possibilidade de apresentarem problemas psicossociais, a
exemplo da depressão. Sobre esse aspecto, Sukiennik et al. (2000), sugerem
que a adolescência é o período de maior vulnerabilidade para o aparecimento
de sintomas depressivos, tema que será desdobrado na seção seguinte.
1.1.1 A depressão na adolescência
Na década de 70, eram poucos os estudos sobre sintomas depressivos
em adolescentes, pois se acreditava que a depressão nessa faixa etária fosse
rara ou inexistente, o que torna esse tema relativamente recente (BHALS,
2004). Caracterizada pelo sentimento de tristeza, o termo depressão é usado
de maneira abrangente e, em ocasiões distintas, a depressão pode significar
desânimo. Pode ser um sintoma ou um quadro psicopatológico (BHALS, 2000;
LIMA, 2004).
15
O sentimento de tristeza, afeto depressivo e cognição depressiva podem
fazer parte da experiência de muitas pessoas, sem constituir, necessariamente,
um transtorno mental (ABRAMOVITCH; MOREIRA, 2008). Para Bhals (2000),
a depressão, como transtorno do humor, não é sinônimo de tristeza ou
infelicidade, mesmo que a infelicidade seja um componente comum do humor
depressivo.
Segundo Baptista (1999), não se observa um fator específico único e
predeterminante para o desencadeamento, desenvolvimento e manutenção da
depressão. Portanto, é relevante considerar uma visão multifatorial para a
compreensão desse construto, incluindo-se fatores genéticos, psicológicos e
sociais no seu desenvolvimento.
A manifestação depressiva é multivariada. Está relacionada com as
variáveis dos contextos de desenvolvimento do adolescente, a maneira como
ele percebe o mundo, as crenças a respeito de si mesmo e com os fatores
genéticos. Desse modo, a depressão agrega uma combinação de vários
sintomas (LIMA, 2004) e manifesta-se de muitas formas (FRIESERBERG;
MCCLURE, 2004). Pode ocorrer nesse transtorno o aparecimento de sintomas
inespecíficos de grande espectro (FONSECA; FERREIRA; FONSECA, 2005),
bem como manifestações heterogêneas (BHALS, 2002).
No Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-IV-TR
(APA, 2000), a Associação Psiquiátrica Americana indica características
similares para os Transtornos Afetivos Depressivos em adolescentes e adultos.
Segundo o manual, as pessoas com Transtorno Depressivo podem
experimentar, consistentemente, sintomas como: humor deprimido; perda de
interesse ou prazer, em um período mínimo de duas semanas sem ter prazer
em quase todas as tarefas desenvolvidas; diminuição do interesse ou prazer;
perda ou ganho significativo de peso; distúrbios do sono; agitação ou retardo;
fadiga ou perda de energia; sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou
inadequada; capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se; indecisão;
pensamentos de morte recorrentes; ideação suicida recorrente sem que haja
um plano específico para cometer suicídio.
O quadro de depressão tem como elemento principal o humor triste,
podendo também ser caracterizado por múltiplos sintomas afetivos, instintivos,
16
neurovegetativos, ideativos e cognitivos relacionados à autovalorização, à
volição e à psicomotricidade, além de sintomas psicóticos e fenômenos
biológicos
associados
(CRIVELATTI;
DURMAN;
HOFSTATTER,
2006;
MONTEIRO et al., 2007).
Além do mais, nos adolescentes, os sintomas depressivos podem
manifestar-se mediante a perda de interesse nas tarefas antes consideradas
atrativas, uma espécie de mau-humor constante diante de atividades como
esportes, jogos e brincadeiras (WALTHIER; DELL’AGILIO, 2007). Os principais
sintomas depressivos nos adolescentes são: irritabilidade e instabilidade;
humor deprimido; perda de energia; desmotivação e desinteresse; retardo
psicomotor; sentimentos de desesperança e/ou culpa; alteração do sono;
isolamento; dificuldade de concentração; prejuízo no desempenho escolar;
baixa autoestima, ideação e comportamento suicida (BAHLS, 2002).
Há possibilidades de a depressão na adolescência ocorrer de forma
mascarada. Assim, ela pode ser subdiagnosticada com a presença de sintomas
inespecíficos,
como,
por
exemplo,
preocupação
com
dores,
disforia,
agressividade, dores abdominais, cefaleia e baixa autoestima (FONSECA;
FERREIRA; FONSECA, 2005).
Há diferenças na manifestação da depressão entre os adolescentes do
sexo feminino e do sexo masculino. De acordo com Bahls e Bahls (2002), as
meninas relatam mais sintomas subjetivos como sentimentos de tristeza, vazio,
tédio e ansiedade. Nesse sentido, elas têm mais preocupação com
popularidade, menos satisfação com a aparência, mais conscienciosidade,
menos autoestima. Enquanto os adolescentes relatam mais sentimentos de
desprezo, desafio e desdém e demonstram problemas de conduta.
Khalil et al. (2010), em uma pesquisa com 602 adolescentes do sexo
feminino, estimaram a prevalência de depressão em 15,3%, conforme medida
pelo Children’s Depression Inventory- CDI e 13,3%, com base em entrevista
clínica estruturada. No estudo, foi observado que a fadiga e a falta de energia
foram os sintomas mais comuns entre as adolescentes deprimidas. Os autores
sugeriram que a cultura influencia a maneira como as adolescentes
experimentam e expressam os sintomas depressivos.
17
De acordo com Bohman et al. (2010), as adolescentes com sintomas
depressivos recorrem a consultas ambulatoriais devido a problemas somáticos
e os adolescentes demandam mais assistência ambulatorial devido ao abuso
de
drogas. Para Marcelli e Braconnier (2007), as adolescentes podem
apresentar mal-estar devido às preocupações com a imagem do corpo, peso e
dores difusas. Segundo esses pesquisadores, os adolescentes revelam sua
depressão de uma forma comportamental, agressiva, descarregando sua
tensão e sofrimento com a imagem negativa de si mesmos, muitas vezes
dissimulada por uma aparente insolência ou reação violenta.
Outros estudos demonstram que os sintomas depressivos podem variar
com a idade. Adolescentes com a sintomatologia depressiva apresentam
características diagnósticas parecidas, semelhantes ou próximas aos de
adultos (BAHLS, 2002; FONSECA; FERREIRA; FONSECA, 2005; LIMA 2004).
No adolescente, a irritação do humor pode acontecer ao invés da tristeza
(BAHLS, 2002).
A fase da adolescência apresenta dificuldade específica para o
diagnóstico de depressão (KHALIL et al., 2010; SALOMA et al., 2009), uma vez
que constitui um período de vida com muitas mudanças biopsicossociais e
suas peculiaridades dificultam a identificação da depressão nos adolescentes.
Nessa direção, Garber (2006) salienta que, por ser uma etapa marcada por
mudança e transição, com a reorganização biopsíquica que afeta os aspectos
físicos, sexuais, cognitivos, sociais e emocionais, a adolescência torna o
quadro clínico da depressão complexo. Para o pesquisador, a depressão tem
uma estrutura complexa e multifatorial causal.
Dentre os fatores que podem contribuir para o aparecimento da
depressão na adolescência, estão: conflito familiar; situação socioeconômica;
conflitos relacionados à sexualidade; solidão; perdas; histórico de vida; falta de
suporte familiar e social e reconhecimento da ausência desse suporte; número
acumulado de mudanças no decorrer da vida; desemprego dos pais; mudanças
na
estrutura
familiar;
dificuldades
psicossociais
crônicas;
uso
de
medicamentos; abuso de substâncias; e estresse (CRIVELATTI; DURMAN;
HOFSTATTER, 2006).
18
Do ponto de vista de Pauneskua et al. (2008), o contexto familiar está
implicado no risco e na proteção da depressão, sendo que as relações
familiares, inclusive a proximidade com os membros da família, são
importantes para prever o curso de episódios depressivos. Assim, as famílias
não podem ser ignoradas no tratamento da depressão.
Convém observar que outras variáveis podem constituir fatores de risco
para a depressão. Nesse sentido, Boutelle et al. (2012) associou o excesso de
peso com o desenvolvimento da depressão em 496 adolescentes do sexo
feminino. Os resultados do estudo sugeriram que a obesidade está associada e
constitui um fator de risco para sintomas depressivos. Por outro lado, fatores
relacionados à insatisfação corporal, menor apoio social e outros, de natureza
comportamental, podem colaborar para o desenvolvimento da depressão.
Ainda no sentido de pesquisar variáveis associadas à depressão, o
estudo de Luiz, Gorayeb e Liberatore Júnior (2010) avaliou a ocorrência desse
transtorno com problemas comportamentais e competência social em 90
crianças e adolescentes. Os participantes do estudo tinham idades entre 7 e 13
anos, sendo 60 obesos e 30 não obesos (grupo controle). Os dados coletados
mediante o Children’s Depression Inventory- (CDI) e o Inventário de
Comportamentos da Infância e Adolescência (CBCL) indicaram que 43,3% das
crianças obesas apresentaram índice elevado de sintomatologia depressiva.
Como abordado, os estudos sobre depressão trazem indícios de que
esse fenômeno na adolescência está associado a diversas variáveis, entre
elas,
obesidade,
contexto
familiar
e
competência
social.
Pesquisas
desenvolvidas no Brasil que ampliam a discussão serão apresentadas na
próxima seção, focalizando principalmente os instrumentos utilizados nas
investigações.
1.1.1.1 Pesquisas brasileiras sobre depressão em adolescentes
Pesquisadores brasileiros têm utilizado o Self Reporting Questionnaire
(SRQ-20), a Escala de Hamilton, o Beck Depression Inventory (BDI) e o
Children’s Depression Inventory (CDI) para rastrear os sintomas depressivos
na adolescência. O CDI tem sido o instrumento mais usado para aferir
sintomas depressivos em crianças e adolescentes (COUTINHO; CAROLINO;
19
MEDEIROS, 2008; CRUVINEL; BORUCHOVITCH; SANTOS, 2008; GOLFETO
et al., 2002; JATOBÁ; BASTOS, 2007; ROCHA et al., 2006; SANTOS, 2009;
WATHIER; DELL’AGLIO; BANDEIRA, 2008).
Os estudos de validação do CDI no Brasil apontam que essa escala
possui condições de realizar o reconhecimento e a triagem de sintomas
depressivos
(COUTINHO;
CAROLINO;
MEDEIROS,
2008;
CRUVINEL;
BORUCHOVITCH; SANTOS, 2008; GOLFETO et al., 2002; WATHIER;
DELL’AGLIO; BANDEIRA, 2008).
Foi realizada uma pesquisa para comparação de duas versões do CDI
por Cruvinel, Boruchovitch e Santos (2008), sendo uma delas adaptada no
Brasil por Gouveia et al. (1995) e a outra, original de Kovocs (1992). O
resultado sugeriu que a versão original possui um índice mais alto de
consistência interna, quando comparada à versão reduzida brasileira.
Ainda nesse sentido, Fernandes e Castro (2011) usaram o CDI para
avaliar a incidência de sintomas depressivos em 40 crianças de escola pública
e 40 de escola privada com idades entre 7 e 11 anos em São Paulo. Os
pesquisadores sugeriram que fatores educacionais relacionados diretamente a
aspectos socioculturais interferiram nos resultados do estudo e na aplicação
literal do CDI, apontando a necessidade de um aperfeiçoamento do
instrumento em seus procedimentos de aplicação.
Além disso, há pesquisas em andamento com o intuito de desenvolver e
validar instrumentos brasileiros, a exemplo, os estudos de Pereira e Amaral
(2007) da Escala de Avaliação da Depressão para Crianças e a pesquisa de
Leite (2011) sobre a Escala de Depressão Infanto-Juvenil (EDEP-IJ) do grupo
de avaliação psicológica da Universidade de São Francisco. Esses estudos, de
caráter psicométrico, têm ampliado o debate sobre a avaliação da depressão
na adolescência no contexto brasileiro.
Observa-se que, nos últimos anos, há um número considerável de
pesquisas que rastreia a depressão em adolescentes não diagnosticados.
Jatobá e Bastos (2007) realizaram uma pesquisa de prevalência, de base
populacional, utilizando uma amostragem aleatória e estratificada, incluindo
243 alunos do ensino fundamental e médio de 11 escolas, com idade entre 14
e 16 anos. Os resultados indicaram níveis de depressão e de ansiedade
20
aferidas pelas escalas de Hamilton, apontando a prevalência de sintomas
depressivos expressivos de 59,9% e de ansiedade de 19,9%. Além do mais, a
ideação suicida/tentativa de suicídio foi mencionada por 34,3% dos
adolescentes, com uma associação significativa de ideação suicida com grau
leve ou moderado de sintomas depressivos e moderado de ansiedade.
Também Silva (2011) investigou as duas variáveis entre 25 jovens com
idade de 16 a 20 anos, submetidos a medidas socioeducativas na cidade de
Planaltina-DF, tendo utilizado o Inventario de Ansiedade de Beck - BAI e o
Inventário de Depressão de Beck- BDI. Os resultados revelaram níveis
elevados de ansiedade e depressão, quando comparados com a média dos
adolescentes no Brasil.
Os resultados do estudo de Silva (2011) apontam variação nos valores
do BDI com valor mínimo de 5 pontos e máximo de 36, sendo contabilizados
níveis ―mínimos‖ de depressão em quatro participantes, ―leves‖ em doze
participantes e grave em um participante do estudo. Os valores do BAI
variaram entre os participantes com valor mínimo de 4 pontos e máximo de 49,
sendo contabilizados níveis ―mínimos‖ de ansiedade em dois participantes,
―leves‖ em nove participantes, ―moderado‖ em nove e grave em cinco
participantes do estudo.
Abaid
(2008)
realizou
um
estudo
longitudinal
envolvendo
127
participantes crianças e adolescentes entre 7 e 16 anos que viviam em abrigos
de proteção na região metropolitana de Porto Alegre. Essa pesquisa investigou
eventos de vida considerados estressantes, variáveis psicossociais e preditores
de sintomas depressivos, tendo utilizado o Inventario de Eventos Estressores
na Infância e Adolescência (IEEIA) e o CDI. Os resultados não evidenciaram
diferenças significativas no escore do CDI na frequência e no impacto de
eventos estressores. No referido estudo, mais de 31,5% dos participantes
apresentaram escores de sintomas depressivos clinicamente significativos,
sendo que nas meninas entre 7 e 12 anos escores clinicamente significativo
ocorreram em mais de 45% delas. Os eventos caracterizados como preditores
de depressão indicaram problemas com professores e entre pares, e a
ocorrência de afastamento social, além de afastamento em relação a um dos
pais.
21
Wathier e Dell’Aglio (2007), usando o Inventario de Eventos Estressores
na Infância e Adolescência (IEEIA) e o CDI, verificaram a manifestação de
sintomas depressivos e a frequência e o impacto de eventos estressores em
crianças e adolescentes institucionalizados e não institucionalizados. Os
participantes do estudo foram 257 crianças e adolescentes entre 7 a 16 anos,
de ambos os sexos, 130 moradores de abrigos de proteção e 127 residentes
com familiares na região metropolitana de Porto Alegre. Os resultados da
pesquisa mostraram médias mais altas no grupo institucionalizado, com
17,21% do total da amostra para um provável diagnóstico de depressão. Foram
encontradas diferenças entre os sexos e entre os contextos, no impacto
atribuído aos eventos estressores.
Outros estudos, como as investigações de Santos (2009) e de Teodoro,
Cardoso e Freitas (2010) sugerem uma possível associação entre suporte
familiar e sintomas depressivos na adolescência. Santos (2009) usou a Ficha
de Dados Sociodemográficos, o Inventário de Depressão de Beck-II (BDI-II) e o
Inventário de Percepção de Suporte familiar (IPSF) para investigar a
prevalência de indicadores de depressão em 175 adolescentes com idade
entre 15 e 19 anos em Belo Horizonte e a relação com o nível de apoio e
suporte familiar percebido por eles. Os resultados do estudo apontaram 21,8%
da amostra com escore indicativo de depressão, no BDI-II, sendo 18,9% de
depressão moderada e 2,9% de depressão grave. Apesar da correlação entre
os escores do IPSF e do BDI-II ter sido fraca, a maioria dos adolescentes que
apresentou escore equivalente à depressão grave ou moderada tinha uma
percepção de baixo suporte familiar.
Nesse sentido, Teodoro, Cardoso e Freitas (2010) investigaram as
propriedades psicométricas do Familiograma, associando os resultados de
afetividade e conflito familiar com a intensidade da sintomatologia depressiva
em 234 crianças e adolescentes, com idades entre 8 a 14 anos, com o uso do
Familiograma e o Inventário de Depressão Infantil. Segundo o estudo, a
depressão correlacionou-se negativamente com a afetividade e positivamente
com o conflito, existindo associação entre relações familiares pouco afetivas e
conflituosas com a intensidade dos sintomas depressivos.
22
O estudo transversal de Avanci, Assis e Oliveira (2008), com 1.923
alunos das 7ª e 8ª séries do Ensino Fundamental e 1º e 2º anos do Ensino
Médio de escolas públicas e privadas de um município do Rio de Janeiro, aferiu
a sintomatologia depressiva por meio de itens da SRQ-20 e da escala de
resiliência. Os dados demonstraram que 10% dos adolescentes apresentavam
sintomatologia depressiva. No estudo, os fatores familiares que estiveram
associados à depressão nos participantes foram: estrutura familiar menos
preservada, formada por padrasto/madrasta ou sem figuras parentais;
relacionamento regular/ruim entre familiares próximos; ausência ou pouca
orientação familiar; pouco apoio emocional e baixa interação positiva. Além
disso, a ocorrência de eventos estressantes no contexto familiar esteve
relacionada à demonstração de sintomas depressivos. Dentre eles, problemas
financeiros, de saúde, com o uso de álcool e drogas, relação conjugal dos pais,
prisão/indiciamento de um familiar, severa violência física cometida pelo pai e
pela mãe contra o adolescente, violência no contexto familiar.
A pesquisa de cunho quantitativo e qualitativo, realizada por Ribeiro et
al. (2007), com o objetivo de apreender as representações sociais da
depressão elaboradas por crianças de uma escola da rede pública de ensino
da cidade de João Pessoa - PB, sugeriu uma provável associação entre a
relação familiar e depressão em adolescentes. Essa pesquisa, com amostra
não probabilística, intencional e acidental, incluiu 370 crianças e adolescentes
entre 7 e 12 anos.
Para selecionar os participantes da segunda etapa desse estudo,
utilizou-se o Children’s Depression Inventory- CDI. Os resultados indicaram que
22 participantes, ou seja, 5,95% da amostra apresentou sintomatologia
depressiva. Nessa etapa, adotou-se o desenho-estória como instrumento e os
achados demonstraram a pessoa depressiva como isolada, sem amigos e com
medo de ser rejeitada. Essas representações sociais, ancoradas na esfera
psicossocial, sugeriram que os participantes com indicativo de depressão
podem ter comprometimento nos laços afetivos e sociais com seus pares e
familiares.
Por outro lado, a pesquisa de Monteiro, Coutinho e Araújo (2007), com
abordagem de multimétodos e triangulação dos resultados, objetivou apreender
23
as representações sociais (RS) da depressão de adolescentes com e sem
sintomatologia depressiva. Os participantes do estudo foram 210 adolescentes
com idade entre 14 e 18 anos. As representações sociais da depressão
apresentadas pelos participantes evidenciaram o quanto esta pode intervir de
forma significativa na vida diária, nas relações sociais e no bem-estar geral do
adolescente. Os dados da pesquisa indicaram que as representações sociais
dos estudantes sem sintomatologia basearam a depressão na morte e na dor,
ao passo que os adolescentes com sintomatologia depressiva basearam-se na
solidão e na droga. Monteiro, Coutinho e Araújo (2007) alegam que as
manifestações camufladas do sofrimento são apresentadas em forma de
inquietação, rebeldia, preocupações somáticas e hipocondríacas, fugas, baixa
autoestima, sentimentos de inferioridade sobre si mesmos, condutas
antissociais e impulsividade.
Ademais, o estudo de Souza et al. (2008), verificou a prevalência da
sintomatologia
depressiva
e
identificou
fatores
associados
em
1.145
adolescentes de 11 a 15 anos, da cidade de Pelotas. Encontrou-se uma
prevalência
de
depressão
de
2,1%
associada
à
baixa
condição
socioeconômica, histórico de fracasso acadêmico, ausência de prática
religiosa, abuso de álcool nos últimos 30 dias e indicativo de transtorno de
conduta.
De maneira aproximada, o estudo transversal de Zinn-Souza et al.
(2008), com 724 estudantes, com idades entre 14 e 18 anos do Município de
São Paulo, apresentou uma prevalência de sintomas depressivos de 7,5%,
com
um índice mais elevado no sexo feminino. A regressão logística
demonstrou os seguintes fatores associados à depressão: baixo escore na
autoavaliação de saúde, gênero feminino e consumo de bebidas alcoólicas. As
variáveis sociodemográficas, estilo de vida e de saúde estavam associadas aos
distúrbios depressivos.
Santos (2007) realizou uma pesquisa com 132 alunos, entre 14 a 18
anos do Ensino Médio, de duas escolas, uma pública e outra particular, do
interior do estado de São Paulo. O autor identificou e discutiu a relação entre o
uso abusivo de álcool, a depressão e a consequência do uso no
desenvolvimento cognitivo. Os instrumentos utilizados foram o AUDIT - (Alcohol
24
Use Disorder Identification Test), o Inventário para Depressão Beck (BDI-Beck
Depression Inventory) e as provas para o desenvolvimento operatório
(Permutação, Combinação e Torre de Hanói). Os resultados revelaram que o
consumo de álcool em excesso é significativo e que a depressão é existente,
84,3% dos sujeitos apresentaram depressão mínima, enquanto 15,8% estavam
com depressão. Não foi observada, para os participantes (segunda etapa da
pesquisa), uma relação favorável entre o uso de álcool, depressão e
desenvolvimento
cognitivo.
Os
resultados
mostraram
que
houve
um
decréscimo cognitivo na realização das provas e maior dificuldade do grupo
como um todo na prova mais elaborada, sendo que esse aspecto pode ser
explicado pelo fato de que esse efeito é tardio, com possibilidade de ser
agravado gradativamente.
Por outro lado, Cruvinel (2009) pesquisou outras variáveis relacionadas
ao desenvolvimento cognitivo dos estudantes, com uma amostra inicial de 157
alunos de 3ª e 4ª séries do ensino fundamental com idade de 8 a 11 anos, de
uma escola pública de Campinas. Investigaram-se variáveis cognitivas e
psicossociais dos participantes com e sem sintomas de depressão. No estudo,
usou-se o CDI e foram selecionadas 54 crianças, 27 com sintomas depressivos
e 27 sem sintomatologia. Os participantes com e sem sintomas foram
comparados em estratégias de aprendizagem, crenças de autoeficácia,
autoconceito e autorregulação emocional. Os resultados indicaram que os
participantes com sintomas depressivos apresentam autoconceito negativo e
baixa autoeficácia. Por outro lado, outras variáveis relacionadas ao contexto
escolar foram investigadas.
Cunha (2009) analisou a relação entre a vitimização entre pares no
contexto escolar e a presença de sinais de depressão em 849 adolescentes,
com idade média de 14,3 anos. O estudo realizou-se em quatro cidades
brasileiras: Curitiba (PR), Goiânia (GO), Governador Valadares (MG) e Teresina
(PI). Os participantes responderam à Escala de Agressão e Vitimização entre
Pares. No estudo, os participantes envolvidos como vítimas ou agressores
apresentaram escores mais altos no CDI, com elevada incidência de sinais de
depressão. O percentual de participantes com sinais depressivos entre os não
envolvidos foi de 1,6%, aumentando para 6,6% entre o grupo de participantes
25
que se destacaram como vítimas e chegando a 11% entre os agressores e
vítimas-agressoras.
A partir dos resultados dos estudos apresentados, é possível sugerir que
há
adolescentes
com
índice
grave
de
sintomas
depressivos
sem
acompanhamento. Mesmo que as escalas de avaliação não substituam o
exame clínico, somente os resultados de sua aplicação não são suficientes
para fechar o diagnóstico da depressão; apenas são instrumentos que o
sugerem (BHALS, 2004).
Considera-se, portanto, que as variáveis contextuais de desenvolvimento
dos adolescentes com índices elevados de sintomas depressivos são fatores
que, possivelmente, estão associados ao desenvolvimento de sintomas
depressivos. Assim, é relevante o acompanhamento visando à proteção, à
promoção de saúde e ao desenvolvimento positivo dessa população.
Considera-se que programas psicoeducativos com vista às interações
sociais dos adolescentes poderão contribuir com a remissão de sintomas
depressivos nessa população. Inclusive, sugere-se que o treino de habilidades
sociais poderá possibilitar efeitos positivos nos adolescentes e familiares
envolvidos no programa (SILVA; MURTA, 2009).Questões relacionadas ao
campo das habilidades sociais, inclusive sobre a associação entre habilidades
sociais e depressão serão discutidas na próxima seção.
1.2 AS HABILIDADES SOCIAIS
A área de habilidades sociais integra temas variados dentro da
Psicologia,
dentre
eles
focalizam
fenômenos
como
assertividade
e
competência social (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009). Algumas questões
conceituais são discutidas por Caballo (2010), que aponta a existência de
variadas terminologias para designar termos semelhantes, causando uma certa
profusão conceitual que precisa ser considerada na investigação ou
intervenção nesse campo de estudo. O autor considera os termos
―assertividade‖
e
―habilidades
sociais‖
como
equivalentes. A mesma
equivalência se observa nos conceitos de treino assertivo, treinamento
assertivo
ou
treinamento
em
habilidades
sociais,
sinalizando
interpessoalidade está associada a designações bastante variadas.
que
a
26
Del Prette e Del Prette (2010) salientam que as habilidades sociais
integram um campo teórico mais complexo, cobrindo uma gama de temas
como assertividade, não-assertividade, desempenho social e competência
social.
Esclarecendo
cada
uma
dessas
categorias,
os
seguintes
comportamentos podem ser considerados para caracterizá-las:
Assertividade
inclui:
honestidade
ao
expressar
apropriadamente
sentimentos negativos; procurar atingir os objetivos preservando, ao máximo, a
relação entre os interagentes; perseverar nos objetivos, avaliando o próprio
comportamento; conseguir discordar do grupo; valorizar-se, sem ferir os
demais; defender os próprios direitos, respeitando os alheios e; fazer as
próprias escolhas (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2010).
Não assertividade: geralmente, a pessoa não expõe seus sentimentos
ou pensamentos ao interlocutor, expressando, muitas vezes, comportamento
que não condiz com a sua própria vontade, ou deixando de defender-se, por
medo de gerar prejuízos em sua relação futura com o interlocutor (BOLSONISILVA; MARTURANO, 2002). Do ponto de vista dessas autoras, a não
assertividade nega e inibe a expressão de sentimentos. Leva a pessoa a sentirse ferida, ansiosa, autodesvalorizada, raramente atingindo os objetivos
desejados. A propósito, ela poderá recorrer à agressividade que, às vezes,
possibilita alcançar os objetivos desejados. Mas, nesse processo, a pessoa
magoa os demais, realiza escolhas por eles, além de não os valorizar como
pessoas, possibilitando represálias futuras.
Desempenho social: diz respeito ao comportamento, ou sequência de
comportamentos que acontece em uma interação social que pode ser
considerado competente ou não (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009). Os
pesquisadores ainda esclarecem que a competência social pode ser entendida
como a capacidade que a pessoa tem para desempenhar, de maneira
satisfatória, as atividades propostas, garantindo consequências positivas.
Envolve a avaliação e a autoavaliação.
Competência social deve garantir, simultaneamente: a consecução de
objetivos de uma situação interpessoal; a manutenção ou melhora de sua
relação com o interlocutor, incluindo a busca do equilíbrio de poder e das trocas
nas relações; a manutenção ou melhora da autoestima e a manutenção dos
27
direitos humanos socialmente reconhecidos (DEL PRETTE; DEL PRETTE,
2008, 2010). Está relacionada com as classes de comportamento que
compõem as habilidades sociais (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009).
Neste trabalho serão focalizados comportamentos relacionados ao
conceito e aos componentes das habilidades sociais, que serão apresentados,
em maior detalhe na seção seguinte.
1.2.1 Habilidades sociais: conceitos e caracterizações
Os vocábulos desempenho social, habilidades sociais e competência
social são centrais no campo do treino das habilidades sociais (DEL PRETTE;
DEL PRETTE, 2008). De maneira geral, o comportamento e o desempenho
social ou interpessoal são termos que equivalem às habilidades sociais (DEL
PRETTE; DEL PRETTE, 2010).
As habilidades sociais representam o universo mais abrangente das
relações interpessoais, envolvendo um conjunto de comportamentos que estão
presentes no repertório da pessoa e que facilitam seu relacionamento
interpessoal. As habilidades sociais se estendem para além da assertividade,
incluem as habilidades de comunicação, de resolução de problemas, de
cooperação e aqueles próprios dos rituais sociais estabelecidos pelo contexto
cultural (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 1996, 2010).
A propósito, Tavares (2005) acrescenta que as habilidades sociais são
adquiridas ao longo da vida. Quando são pouco desenvolvidas, a pessoa tende
a se comportar de forma passiva, aceitando o que lhe é imposto, não
delimitando os limites e deixando que outros decidam por ela. Além do mais, a
pesquisadora salienta que as habilidades sociais podem ser consideradas
como a habilidade para lidar de maneira satisfatória com as mais diversas
situações sociais, expressando o que se pensa e sente de forma coerente e
respeitando os demais.
Nesse sentido, Caballo (2010) ressalta que as habilidades sociais devem
ser consideradas dentro de um contexto cultural específico, pois os padrões de
comunicação sofrem variações entre as culturas e dentro de uma mesma
cultura, estando na dependência de fatores como idade, sexo, posição cultural
e educação. O pesquisador ainda aponta que o grau de eficácia apresentado
28
por uma pessoa dependerá do que ela quer conseguir na situação particular
que emite o comportamento. Assim, o comportamento apropriado em uma
situação poderá ser inoportuno em outra ocasião.
Desse modo, não existe uma maneira correta de comportamento que
seja universal (CABALLO, 2010). Ser habilidoso, portanto, tem relação com
uma série de elementos, sendo importante considerar o contexto histórico,
social e cultural em que se está inserido, considerando, ainda, os processos
cognitivos de quem está sendo avaliado.
Há um relativo consenso sobre os componentes das habilidades sociais
(DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2010). Do ponto de vista de Caballo (2010),
esses componentes são organizados em comportamentais, fisiológicos e
cognitivos. O componente cognitivo inclui as competências cognitivas, as
estratégias de codificação e construtos pessoais, expectativas, valores
subjetivos dos estímulos e sistemas e planos de autorregulação. Os elementos
cognitivo-afetivos estão concretamente presentes no treino das habilidades
sociais e no próprio conceito das habilidades sociais numa dimensão pessoal
(DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2010).
Além
disso,
esses
autores
pontuam
que
os
componentes
comportamentais e cognitivos coexistem, pois comportamentos emitidos
requerem processos cognitivos. Os componentes comportamentais incluem
aspectos que podem ser diretamente observáveis, subdividindo-se em verbais
de conteúdos, verbais de formas e não verbais, sendo que, a conversação
verbalizada, inclui signos que regulam o intercâmbio verbal e que tornam
possível a compreensão do que se fala.
Por outro lado, o comportamento social é afetado pelos sentimentos e
cognições que a pessoa elabora sobre seu interlocutor; pela situação social;
pelos próprios comportamentos e suas consequências nas diversas situações
(DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2010). Desse modo, a percepção e a avaliação
cognitiva da pessoa sobre as diversas situações, estímulos e acontecimentos
estão determinados por um sistema persistente integrado por abstrações e
concepções do mundo, incluindo os conceitos de si mesmo (CABALLO, 2010),
de forma que ―[...] a aprendizagem social do comportamento é mediada por
29
processos cognitivos que, quando disfuncionais, influenciam negativamente no
desempenho interpessoal” (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2000, p. 225).
Nesse sentido, Tavares (2005) salienta que pessoas com poucas
habilidades sociais podem desenvolver problemas psicológicos, dentre eles,
timidez excessiva, síndrome do pânico, dificuldades sexuais e depressão.
Aquelas com depressão tendem a demonstrar déficits de habilidades sociais e
relações interpessoais pobres (FERNANDES; FALCONE, 2009; SELIGMAN,
1977). Essa relação entre o déficit nas habilidades sociais e a depressão em
adolescentes será discutida a seguir.
1.2.2 Habilidades sociais e depressão em adolescentes
Há evidências empíricas e clínicas de que a falta de repertório
apropriado de habilidades sociais está relacionada à depressão. Além da
etiologia multivariada da depressão, é reconhecido que os estados depressivos
caracterizam-se, também, pela deteriorização das relações sociais (DEL
PRETTE; DEL PRETTE, 2010). Assim, adolescentes com indicadores de
depressão apresentam comprometimento no repertório de habilidades sociais.
De acordo com Segrin (2000), pode-se identificar três pressupostos na relação
entre repertório deficitário de habilidades sociais e depressão: (a) repertório
deficitário de habilidades sociais como causa de depressão; (b) depressão
como causa do deficitário repertório de habilidades sociais; e (c) poucas
habilidades sociais como fator de vulnerabilidade para o desenvolvimento de
depressão. O pesquisador ainda pontua que, na atualidade, há evidências para
sustentar cada uma dessas concepções e que a relação entre elas pode ter
uma variedade de formas.
Campos (2010) caracterizou o repertório de habilidades sociais de 103
adolescentes com indicadores de depressão, sendo 75 meninas e 28 meninos
com idades entre 12 a 14 anos. Nessa pesquisa, 52,4% dos participantes
apresentaram repertório de habilidades sociais abaixo da média inferior e
10,7% demonstraram repertório médio inferior de habilidades sociais. As
adolescentes apresentaram repertório mais deficitário de habilidades sociais
em todas as categorias investigadas: empatia, autocontrole, civilidade,
assertividade,
desenvoltura
social,
abordagem
afetiva,
enquanto
os
30
adolescentes
apresentaram
mais
recursos
comportamentais,
como
autocontrole, empatia, assertividade e abordagem afetiva.
Witvliet et al. (2010) realizou uma pesquisa com 310 crianças com a
duração de três anos, com acompanhamento dos 11 aos 14 anos de idade e
examinou se o isolamento de colegas aumentava os sintomas depressivos.
Esses achados sugerem que o isolamento social é um dos fatores de risco
para o desenvolvimento da depressão na adolescência.
Estudos que associam dificuldades interpessoais de adolescentes
deprimidos a déficits de habilidades sociais foram realizados por Gresham,
Cook e Crews (2004). Como descritos pelos autores, os adolescentes
deprimidos,
com
frequência,
expressaram
sentimentos
em
momentos
inapropriados e emitiram comportamentos indesejados. Consequentemente,
distanciavam as pessoas de seu convívio, gerando rejeição social.
Em uma perspectiva psicopatológica, adolescentes com diagnóstico de
depressão bipolar ficaram atrás de seus pares no desempenho de habilidades
sociais. Em se tratando de dificuldade na regulação emocional, estudos
demonstraram sua interferência no desenvolvimento de comportamentos
sociais apropriados (GOLDSTEIN; MIKLOWITZ; MULLEN, 2006).
Nesse sentido, a pesquisa de Rockhill el al. (2009) examinou a relação
entre competência social, apoio social e psicopatologia, incluindo a depressão
e o transtorno de conduta, envolvendo uma amostra de 521 adolescentes, que
foram agrupados nos grupos de risco: depressão, problemas de conduta e
depressão com problemas de conduta. Os resultados sugeriram que os baixos
níveis de competência social têm relações significativas no grupo de
adolescentes com sintomas depressivos.
No que diz respeito aos aspectos interventivos, os pesquisadores
sugeriram que a intervenção com vistas à melhoria da competência social e do
apoio social poderia melhorar os resultados funcionais, especialmente para
jovens com sintomas depressivos ou depressão e comorbidade. Por sua vez, a
presença de determinadas classes de habilidades sociais podem contribuir
para maximizar a competência social e funcionar como fator de proteção
(CAMPOS, 2009).
31
Decerto a pesquisa de Young, Mufson e Gallop (2010) avaliou a eficácia
de um programa de prevenção indicada para adolescentes deprimidos,
incluindo 57 adolescentes com sintomas elevados de depressão. Os
participantes da investigação foram randomizados em dois grupos: um grupo
submeteu-se a psicoterapia interpessoal com o treinamento de habilidades
sociais e o outro foi atendido em escola de aconselhamento. A partir dos
resultados, notou-se que os adolescentes do grupo de psicoterapia
interpessoal relataram taxas significativamente maiores de mudança nos
sintomas de depressão e funcionamento em geral de que os adolescentes em
aconselhamentona
avaliação
pós-intervenção.
Os
primeiros
mostraram
significativamente menos sintomas de depressão e melhor funcionamento
geral.
Outro estudo, na temática anterior, foi realizado por Gunlicks-Stoessel et
al.
(2010),
examinando
aspectos
do
funcionamento
de
adolescentes
deprimidos com o uso da psicoterapia interpessoal e o tratamento usual em
clínicas baseadas na escola de saúde. Participaram do estudo 63 adolescentes
com idade entre 12 a 18 anos, aleatoriamente designados para receber um dos
tipos de acompanhamento. Os resultados indicaram que a aplicação da
psicoterapia interpessoal beneficiou, particularmente, os adolescentes que
relataram altos níveis de conflito com suas mães e disfunção social com
amigos. A propósito, as intervenções que ensinam estratégias aos jovens para
lidar com os eventos negativos da vida e estressores interpessoais podem ser
especialmente úteis no tratamento e prevenção da depressão (HOROWITZ,
2007).
A revisão de literatura realizada neste trabalho a concepção de que o
treinamento de habilidades sociais contribui com a remissão de sintomas
depressivos em adolescentes. Aliás, demonstrou evidências da relação entre
déficit nas habilidades sociais e depressão nessa população específica. Por
outro lado, possibilitou a construção da hipótese que orienta o presente estudo,
que reafirma a relação entre depressão e habilidades sociais e cuja
contribuição consiste em investigar a hipótese da existência de uma relação
entre os dois fenômenos, aliás, essa pesquisa buscou resposta para essa
32
hipótese. Com base na hipótese, os objetivos descritos na seção seguinte
orientaram a investigação.
33
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
 Descrever a relação entre sintomas depressivos e o repertório de
habilidades sociais em adolescentes, relacionando os níveis de
depressão à frequência e dificuldades de habilidades sociais.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
 Identificar os níveis de depressão apresentados pelos participantes.
 Caracterizar o repertório de habilidades sociais dos participantes.
 Contribuir com a construção de conhecimento sobre a depressão na
adolescência na perspectiva das interações sociais.
Nesse estudo de caráter exploratório-descritivo, realizou-se a análise da
relação entre sintomas depressivos e habilidades sociais adotando os recursos
metodológicos descritos a seguir.
34
3 RECURSOS METODOLÓGICOS
3.1 QUESTÕES ÉTICAS
A pesquisa foi iniciada após aprovação pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Católica de Brasília— CEP/UCB, número 393.089.
Durante o estudo, foi assegurado o sigilo dos participantes, o direito de desistir
da pesquisa em qualquer momento sem nenhum prejuízo. O retorno do
resultado aos participantes foi realizado mediante a entrega do relatório
contendo informações referentes ao resultado da pesquisa.
Os documentos desse estudo estão arquivados pela pesquisadora
responsável por um período mínimo de cinco anos. Em relação aos
instrumentos usados, é importante ressaltar que o Inventário de Depressão de
Beck (BDI-II) e o Inventário de Habilidades Sociais para Adolescentes-Del
Prette (IHSA-Del Prette), utilizados para aferir, respectivamente, os níveis de
depressão e as habilidades sociais dos adolescentes, são de uso restrito dos
psicólogos. Considerando esse aspecto ético e legal, nenhum dos elementos
que possam comprometer a validade deles serão apresentados no presente
trabalho.
3.2 PARTICIPANTES
A coleta dos dados foi realizada com uma amostra de conveniência em
uma escola pública localizada em Planaltina, no Distrito Federal. Foram
utilizados os critérios especificados abaixo para inclusão dos estudantes na
pesquisa.

Aceitar participar da pesquisa.

Entregar a autorização dos pais ou responsáveis mediante a
devolução do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
assinado.

Frequentar regulamente as aulas.

E responder a todos os instrumentos da pesquisa.
35
Os participantes foram 153 estudantes com idades entre 12 e 17 anos
(͞x= 13,6; dp= 1,1), desses 66,7% do sexo feminino e 33,3% do sexo masculino
(Tabela 1).
Tabela 1 — Frequência de idades por sexo
Idade
12
13
14
15
16
17
Total
Masculino
n (%)
7 (4,6%)
23 (15,0%)
9 (5,9%)
9 (5,9 %)
1 (0,7%)
2 (1,3 %)
51 (33,3%)
Feminino
n (%)
13 (8,5 %)
31(20,3 %)
34 (22,2%)
20 (13,1%)
3 (2,0%)
1 (0,7%)
102 (66,7%)
Os dados da Tabela 1 demonstram que 126 (82,4%) participantes tinham
idades entre 13 a 15 anos. Do total geral dos participantes 41 (26,8%)
cursavam o 6˚ ano e 112 (73,2%), o 8˚ ano. Desses, 71 (46,4%) frequentavam
a escola no turno matutino e 82 (53,6%) no turno vespertino. Os participantes
possuíam renda familiar baixa visto que 57,5% informou uma renda familiar de
até 2 salários mínimos (Tabela 2).
Tabela 2 — Renda familiar dos participantes
Salários mínimos / R$
Até 2
Entre 2 a 4
Entre 4 a 10
Total
n (%)
88 (57,5%)
31 (20,3%)
34 (22,2%)
153 (100%)
Os 153 participantes desse estudo moravam na zona urbana. Deles, 119
(77,8%) declararam ter moradia própria, 29 (19%) moravam em residências
alugadas e 5 (3,3%) residiam em moradias em condições não especificadas.
Do total geral, 142 (92,8%) dos respondentes conviviam com os pais e 11
(7,2%) com outras pessoas.
Ainda sobre as questões familiares, 145 (94,8%) dos participantes
relataram ter pais vivos enquanto 8 (5,2%) deles relataram ter pais falecidos. E
148 (96,7%) possuíam irmãos. No aspecto religioso, 66 (43,1%) dos
respondentes afirmaram ser católicos, 45 (29,4%) declararam-se evangélicos,
4 (2,6%) assinalaram ter uma religião sem especificá-la e 38 (24,8%)
apontaram não ter religião.
36
3.3 INSTRUMENTOS
Os seguintes instrumentos foram utilizados no estudo:
3.3.1 Questionário Sociodemográfico
O questionário sociodemográfico elaborado pela pesquisadora contém 7
questões e foi utilizado para caracterizar os participantes da pesquisa nos
aspectos sociais e escolares. A aplicação possibilitou obter informações sobre
idade, gênero, família e aspectos econômicos (APÊNDICE A).
3.3.2 Inventário de Depressão de Beck (BDI-II)
O BDI-II tem como objetivo detectar sintomas depressivos conforme os
critérios sintomáticos de Episódio Depressivo Maior, listados na 4ª versão do
DSM-IV. Esse instrumento pode ser usado em adolescentes a partir de 13 anos
e em adultos. É um instrumento de autoaplicação, constituído por 21 grupos de
afirmações sobre sintomas depressivos que poderiam ter ocorrido nos últimos
15 dias (GORENSTEIN et al., 2011).
Cada item da escala é integrado por quatro afirmativas, com pontuação
em escala Likert, variando de 0 a 3, possibilitando a soma de pontuações no
intervalo entre 0 a 63. Descreve a sintomatologia depressiva, compreendendo
cognições negativas e sintomas somato-vegetativos. Os itens 16 (alterações no
padrão do sono) e 18 (alterações de apetite) demandam atenção especial, pois
cada um contém sete opções com valores 0, 1a, 1b, 2a, 2b, 3a e 3b que são
usados para diferenciar o aumento e a diminuição do comportamento ou da
motivação. Em geral, a aplicação do BDI-II leva em torno de 10 a 15 minutos
para ser respondido e sua pontuação final é classificada em níveis mínimo,
leve, moderado e grave, indicando assim a intensidade da depressão
(GORENSTEIN et al., 2011).
O estudo de validação original do BDI-II demonstrou que a escala tem
elevada consistência interna, com o coeficiente Alpha de Cronbach em torno de
0,90 para a amostra total, por gênero e para as diversas subamostras
estudadas. A versão brasileira do BDI-II apresentou Alpha de Cronbach de
37
0,882 para o grupo de adolescentes com idade entre 10 a 19 anos
(GORENSTEIN et al., 2011).
3.3.3 Inventário de Habilidades Sociais para Adolescentes - Del Prette
(IHSA-Del Prette)
Para avaliação das habilidades sociais, foi utilizada o IHSA- Del Prette
que é um instrumento desenvolvido no Brasil, destinado a caracterizar o
desempenho social de adolescentes brasileiros entre 12 e 17 anos nos vários
contextos e tipos de interlocutores. Trata-se de um instrumento de autorrelato
que permite avaliar o repertório de habilidades sociais em um conjunto de
situações
interpessoais
cotidianas,
considerando
os
indicadores
de
frequências e dificuldade com que os adolescentes reagem às diferentes
demandas de interação social.
O
IHSA-Del
Prette
contemplam habilidades de
é
composto
relacionamento
com
por
38
diferentes
itens
que
interlocutores
(parceiro/a afetivo-sexual, pais e irmãos, colegas, amigos, pessoas de
autoridade, desconhecidos ou não especificados) que são requeridas em
contexto público (escola, trabalho, lazer, consumo), privado (familiar e íntimo)
ou não especificado. Para cada item, o adolescente deve se autoavaliar,
julgando a dificuldade que ele apresenta na reação indicada no item e a
frequência com que é apresentada (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009).
Nesses indicadores de frequências e dificuldades, as respostas são
mensuradas em uma escala tipo Likert de 5 pontos. Quanto à frequência, as
categorias de respostas são: 0 a 2— para cada 10 situações desse tipo,
comporto-me dessa forma no máximo 2 vezes; 2 a 4 — para cada 10 situações
desse tipo, comporto-me dessa forma de 3 a 4 vezes; 5 a 6 — para cada 10
situações desse tipo, comporto-me dessa forma de 5 a 6 vezes; 7 a 8 — para
cada 10 situações desse tipo, comporto-me dessa forma de 7 a 8 vezes; 9 a
10— para cada 10 situações desse tipo, comporto-me dessa forma de 9 a 10
vezes. Nas categorias de respostas para indicar a dificuldade é apresentada as
seguintes opções: nenhuma, pouca, média, muita e total (DEL PRETTE; DEL
PRETTE, 2009).
38
Os resultados da escala, mediante os indicadores de frequência e de
dificuldade de habilidades, indicam quanto os adolescentes estão acima ou
abaixo da média do grupo normativo, caracterizam o desempenho social dos
respondentes nas diferentes subescalas e subclasses e identificam as
situações e os tipos de interlocutores que o respondente apresenta maiores
recursos ou déficit em habilidades sociais (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009).
O IHSA-Del Prette possibilita verificar especificidades das interações
sociais dos adolescentes a partir das subescalas: Empatia, Autocontrole,
Civilidade, Assertividade, Abordagem Afetiva e Desenvoltura Social. Conforme
Del Prette e Del Prette (2009), as subescalas agregam demandas associadas a
determinados conjuntos de comportamentos, contextos ou interlocutores que
apontam a particularidade situacional das habilidades sociais do respondente.
Para maiores esclarecimentos, será apresentada a definição de cada uma das
subescalas, a saber:
1. Empatia inclui as habilidades para identificação de sentimentos e
problemas dos outros, bem como demonstrar compreensão, apoio e
negociar soluções em situações de conflitos.
2. Autocontrole agrega habilidades de reagir com tranquilidade em
situações
aversivas,
expressando
sentimentos
de
maneira
competente, com a expressão de desagrado ou raiva.
3. Civilidade contempla as habilidades de traquejo social, ou seja,
cordialidade que envolve cumprimentos, elogios, agradecimentos,
fazer favores e perguntas às pessoas.
4. Assertividade reúne as habilidades para lidar com defesas e
afirmações de direitos e autoestima, com risco potencial de reação
indesejável por parte do interlocutor.
5. Abordagem Afetiva refere-se às habilidades para realizar contato
e conversação para fins de amizades, relação de intimidade sexual e
desenvolver atividades em grupos.
6. Desenvoltura Social contempla as habilidades de exposição social
e conversação com pedido de informações que incluem pessoas de
autoridades, os pares e outras.
39
O estudo de validação do IHSA-Del Prette apresentou elevada
consistência interna, com o coeficiente de confiabilidade Alpha de Cronbach de
0,896 para frequência e 0,904 para dificuldade com uma estrutura de seis
fatores. Os fatores são: Fator 1— Empatia (10 itens, na frequência Alpha=
0,820 e na dificuldade Alpha= 0,866); Fator 2 — Autocontrole (8 itens, na
frequência Alpha= 0, 728 e na dificuldade Alpha= 0,753); Fator 3 — Civilidade (6
itens, na frequência Alpha = 0,751 e na dificuldade Alpha= 0,836); Fator 4—
Assertividade (7 itens, na frequência Alpha= 0, 679 e na dificuldade Alpha=
0,720); Fator 5— Abordagem Afetiva (6 itens, na frequência Alpha= 0, 698 e na
dificuldade Alpha= 0,676) e Fator 6— Desenvoltura Social (5 itens, Alpha= 0,
615 e na dificuldade Alpha= 0,511) (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009).
Os índices de consistência interna foram aceitáveis para a escala total e
para a maioria das subescalas com valores > 0,70. No entanto, os valores da
consistência interna apresentado pelo fator desenvoltura social na frequência e
na dificuldade de habilidades sociais foram os mais baixos.
3.4 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DOS DADOS
Foram realizados contatos com a direção da escola e apresentada a
proposta da pesquisa, que foi acolhida pela escola, incluído professores e
coordenadores. Depois do projeto de pesquisa ser aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da Universidade Católica de Brasília (CEP/UCB), a
pesquisadora retornou a escola e agendou com os professores a data e o
horário de visitas às turmas.
No primeiro contato com os adolescentes, foi feito o convite para
participação na pesquisa. Os adolescentes que aderiram ao estudo levaram
para os pais ou responsáveis a carta-convite (Apêndice D), o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido do responsável— TCLE (Apêndice B) e o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do adolescente—TCLE (Apêndice
C).
A pesquisadora frequentou a escola durante uma semana, realizando a
aproximação com o campo de pesquisa. Nesse período, ocorreu a
familiarização com os professores e estudantes, acesso aos espaços da
40
escola, incluindo a sala dos professores, a biblioteca e as salas de aulas
constituintes do espaço da pesquisa.
Esses contatos viabilizaram a aplicação dos instrumentos e a obtenção
de informações sobre a dinâmica dos alunos. Contudo, durante a coleta das
informações, surgiram dificuldades para recolher os TCLEs assinados pelos
responsáveis. Os participantes relatavam que tinham esquecidos de pegar a
assinatura do responsável.
Na coleta dos dados, foram desenvolvidos os seguintes procedimentos:
os estudantes participantes da turma, aproximadamente 15 alunos por sessão,
foram convidados a ir à sala reservada para aplicação dos instrumentos. Nesse
espaço, eles foram acomodados e, em seguida, realizou-se a aplicação dos
instrumentos. A aplicação de cada instrumento foi coletiva e ocorreu sob a
orientação da pesquisadora. Foram realizados os seguintes procedimentos
para a coleta dos dados: distribuição e leitura das instruções dos instrumentos
conforme os procedimentos padronizados, com prévios esclarecimentos das
dúvidas
colocadas
pelos
adolescentes,
recolham
e
checagem
do
preenchimento dos instrumentos. Os instrumentos foram aplicados na seguinte
ordem: primeiro o BDI-II, seguido do IHSA-Del Prette e, por último, a aplicação
do questionário sociodemográfico (Apêndice A).
3.5 PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE DOS DADOS
Os
dados
do
BDI-II,
do
IHSA-Del
Prette
e
do
questionário
sociodemográfico foram transpostos para um banco de dados do software
estatístico SPSS 18.0 for Windows (Stastiscal Package for Social Sciences).
Realizou-se a inspeção preliminar dos dados para verificar a existência de
outliers, de dados perdidos (missings) e de normalidade. Para verificação da
normalidade, empregou-se o teste Kolmogorov-Smirnov e o teste Shapiro-Wilk.
Também, verificou-se se a consistência interna do BDI-II e do IHSA- Del Prette
mantinha na amostra desta pesquisa, essa análise foi realizada por meio do
teste estatístico Alpha de Cronbach.
As informações do questionário sociodemográfico foram analisadas por
meio de estatísticas descritivas que foram apresentadas na caracterização da
amostra do estudo.
41
Os dados do IHSA-Del Prette foram analisados por meio dos resultados
brutos (escores totais e de cada escala), convertidos em posição percentílica.
Esses percentis foram relacionados aos dados da amostra normativa do
mesmo sexo e da mesma idade conforme as orientações especificadas no
manual do instrumento (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009).
As informações foram interpretadas considerando a posição percentílica
do escore total do respondente, conforme a frequência em: repertório
altamente elaborado de habilidades sociais (percentil entre 76-100); repertório
elaborado de habilidades sociais (percentil entre 66-75); bom repertório de
habilidades sociais (percentil entre 36-65); repertório médio inferior de
habilidades sociais (percentil entre 26-35); e repertório abaixo da média inferior
de habilidades sociais (percentil entre 01-25). Também foram analisados
quanto à dificuldade na emissão das habilidades sociais, conforme as
seguintes categorias: alto custo de resposta ou ansiedade na emissão das
habilidades (percentil entre 66-100); médio custo de resposta ou ansiedade na
emissão das habilidades (percentil entre 36-65); e baixo custo de resposta ou
ansiedade na emissão das habilidades (percentil entre 01-35) (DEL PRETTE;
DEL PRETTE, 2009).
Os níveis de depressão dos participantes foram aferidos por meio da
soma dos pontos de cada item do BDI-II. Conforme as orientações
especificadas no manual, os participantes foram caracterizados considerando
os seguintes níveis de depressão: mínimo (pontuação total 0-13); leve
(pontuação total 14-19); moderado (pontuação total 20-28); e grave (pontuação
total 29-63) (GORENSTEIN et al., 2011).
Foi usado o teste estatístico Coeficiente de Correlação de Pearson, na
análise de correlação das variáveis sintomas depressivos e habilidades sociais
de adolescentes e para verificar a direção do relacionamento, e o Teste t, para
verificar as diferenças entre os escores de depressão, frequência e dificuldade
de habilidades sociais dos adolescentes conforme o sexo. Para esses testes,
adotou-se como parâmetro o nível de significância inferior a 0,05. Os
resultados foram apresentados e discutidos no capítulo seguinte.
42
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 EXPLORAÇÃO INICIAL DOS DADOS
Na análise preliminar dos dados, verificou-se no BDI-II uma ausência de
resposta em cinco (5) itens, no IHSA-Del Prette encontrou oito (8) dados ausentes nos itens de frequência e dez (10) dados ausentes nos itens de dificuldade. Realizou-se a reposição desses dados pela média dos dados do item.
Também, observaram-se seis (6) dados atípicos com valores de escores
z maiores que 3 nas variáveis depressão, três (3) dados atípicos na frequência
de habilidades sociais e quatro (4) dados atípicos nas respostas de dificuldades
de habilidades sociais, indicando a presença de outliers. O maior valor de escore z encontrado foi na frequência de habilidades sociais, z= -6,06. Quanto a
esses outliers, optou-se por mantê-los por considerar que eles representam
parte da população com altos e baixos níveis nas variáveis.
Considerando a presença dos outliers, realizou-se o teste de normalidade dos dados dos participantes divididos em dois grupos. Para o grupo que
apresentou baixos níveis de sintomas depressivos, por ter um número de participantes considerado grande, utilizou-se o teste Kolmogorov-Smirnov. E para o
grupo com níveis elevados de sintomas depressivos, por ter um número de participantes considerado pequeno, usou-se o teste Shapiro-Wilk.
A análise dos resultados do teste Kolmogorov-Smirnov aceitou a hipótese de normalidade para os dados de depressão (s=0,071; df=144; p= 0,73), de
frequência de habilidades sociais (s=0,071; df=144; p=0,70) e dificuldade de
habilidades sociais (s=0,069; df=144; p=0,88). Por meio da análise dos resultados do teste Shapiro-Wilk, aceitou-se a normalidade dos dados de depressão
(s=0,907; df=9; p=0,295), de frequência de habilidades sociais (s=0,835; df=9;
p=0,510) e dificuldade de habilidades sociais (s=0,949; df=9; p=0,682).
Realizou-se análise da consistência interna dos instrumentos utilizados
por meio do teste estatístico Alpha de Cronbach. Para o BDI-II encontrou-se
α=0,826, o IHSA-Del Prette, na frequência de habilidades sociais, encontrou
α=0,810 e na dificuldade de habilidades sociais α=0,800. Nas subescalas de
habilidades sociais, o fator desenvoltura social apresentou índice mais baixos
43
que os demais tanto na frequência quanto na dificuldade de emissão de habilidades sociais (Tabela 3).
Tabela 3 – Consistência interna das subescalas do IHSA-Del Prette aferida por meio
dos dados da pesquisa
Subescalas
Empatia
Autocontrole
Civilidade
Assertividade
Abordagem Afetiva
Desenvoltura Social
Frequência
0,668
0,772
0,759
0,664
0,608
0,568
Dificuldade
0,788
0,641
0,781
0,669
0,624
0,535
Os subfatores empatia, civilidade, assertividade, abordagem afetiva e
desenvoltura social de frequência de habilidades sociais e os subfatores autocontrole, assertividade, abordagem afetiva e desenvoltura social de dificuldade
de habilidades sociais não apresentaram índices aceitáveis de consistência
interna que devem ser maiores que 0,70.
4.2 AS HABILIDADES SOCIAS NOS ADOLESCENTES
No estudo das habilidades sociais de adolescentes, considera-se que o
campo das habilidades sociais é abrangente. Enquanto um dos elementos do
campo das habilidades sociais, a competência social, envolve a funcionalidade
do comportamento, a coerência com os pensamentos e sentimentos das pessoas. A competência social é caracterizada como um atributo avaliativo do
comportamento da pessoa numa situação de interação e está relacionada com
as variáveis do contexto (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009).
Apesar da importância que tem a competência social para as situações
de interações sociais, seria insuficiente se apropriar somente desse atributo
avaliativo para definir e caracterizar as habilidades sociais. O construto habilidades sociais se relaciona com a existência de diferentes classes de comportamentos existentes no repertório da pessoa para lidar com as demandas das
situações interpessoais (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2008).
Destarte, as habilidades sociais incluem as relações interpessoais, assertividade, habilidades de comunicações, de resolução de problemas interpessoais, de cooperação e de desempenhos interpessoais nas demandadas
44
nas relações profissionais (BOLSI-SILVA; MARTURIANO, 2002; DEL PRETTE;
DEL PRETTE, 2008), nas relações escolares, familiares e afetivas. Desse modo, incluem comportamentos que caracterizam os construtos empatia, autocontrole, civilidade, assertividade, abordagem afetiva e desenvoltura social.
Del Prette e Del Prette (2009) categorizam a frequência de habilidades
sociais dos adolescentes em repertórios que pode ser altamente elaborado,
elaborado, bom, médio inferior ou abaixo da média inferior. Os referidos pesquisadores também apontam que respondentes com repertório altamente elaborado de habilidades sociais demonstram resultados acima da média para
praticamente todos os itens e subescalas, aspecto que indica disposição de
recursos interpessoais altamente satisfatórios.
Do total geral de 153 adolescentes participantes dessa pesquisa, 19
(12,4%) apresentaram repertório altamente elaborado de habilidades sociais e
50 (32,7%) relataram ter repertório elaborado de habilidades sociais (Tabela 4).
Adolescentes com repertório de habilidades sociais elaborado demonstram resultados acima da média na maioria dos itens e subescalas, indicando que dispõem de recursos indicadores de interações sociais satisfatórias (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009).
Bom repertório de habilidades sociais significa que o respondente apresenta resultados dentro da média na maioria dos itens, ou seja, tem um equilíbrio entre recursos e déficit nos itens e nas subescalas (DEL PRETTE; DEL
PRETTE, 2009). Nesse estudo, 76 (49,7%) adolescentes relataram ter bom
repertório de habilidades sociais, 8 (5,2%) apresentaram repertório abaixo da
média inferior de habilidades sociais e não houve respondentes que apresentaram repertório médio inferior de habilidades sociais (Tabela 4).
Conforme Del Prette e Del Prette (2009), os repertórios médio inferior e
abaixo da média inferior de habilidades sociais indicam resultados abaixo da
média para a maior parte dos itens. Também, devido às restrições na frequência de habilidades sociais é necessário o Treino de Habilidades Sociais, principalmente, de comportamentos das subescalas e itens considerados críticos
para o ajustamento pessoal e profissional.
45
Tabela 4- Frequência de habilidades sociais por idade
Idade
Repertório de habilidades sociais
Altamente
elaborado
n (%)
12
13
14
15
16
17
Total
1 (0,7%)
6 (3,9%)
7 (4,6%)
4 (2,6%)
1 (0,7%)
19 (12,4%)
Elaborado
n (%)
Bom
n (%)
Médio
inferior
n (%)
6 (3,9%)
25 (16,3%)
9 (5,9%)
7 (4,6%)
2 (1,3%)
1 (0,7%)
50 (32,7%)
11 (7,2%)
20 (13,1%)
27 (17,6%)
15 (9,8%)
1 (0,7%)
2 (1,3%)
76 (49,7%)
-
Abaixo da
média inferior
n (%)
2 (1,3%)
3 (2,0%)
3 (2,0%)
8 (5,2%)
Além disso, Caballo (2010) considera o Treinamento de Habilidades Sociais como uma das técnicas eficazes de intervenção para problemas psicológicos, pois possibilita melhoria na relação interpessoal e na qualidade de vida.
Com isso, sugere-se como medida interventiva o Treino de Habilidades Sociais
para os 8 (5,2%) adolescentes desse estudo que apresentaram repertório abaixo da média inferior de habilidades sociais.
Na frequência de habilidades sociais, conforme o sexo dos respondentes, tem-se 1 (0,7%) dos adolescentes do sexo masculino e 7 (4,6%) do sexo
feminino com repertório abaixo da média inferior de habilidades sociais (Tabela
5). Os dados demonstram 14 (9,2%) adolescentes do sexo masculino e 5
(3,3%) adolescentes do sexo feminino com repertório altamente elaborado de
habilidades sociais, com mais meninos nessa categoria, mesmo a pesquisa
incluindo no seu total geral 102 meninas e 51 meninos (Tabela 5).
Tabela 5 – Frequência de habilidades sociais por sexo
Repertório de habilidades
sociais
Masculino
n (%)
Feminino
n (%)
Altamente elaborado
14 (9,2%)
5 (3,3%)
Elaborado
27 (17,6%)
23 (15%)
Bom
9 (5,9%)
67 (43,8%)
Médio inferior
Abaixo da média inferior
Total
1 (0,7%)
51(33,3%)
7 (4,6%)
102 (66,7%)
O mesmo é observado no repertório elaborado de habilidades sociais,
com 27 (17,6%) adolescentes do sexo masculino e 23 (15%) do sexo feminino
46
situados nessa caracterização. Por outro lado, observa-se 9 (5,9%) adolescentes do sexo masculino e 67 (43,8%) do sexo feminino com bom repertório de
habilidades sociais (Tabela 5).
Para verificação de diferenças das médias entre os escores de frequência e de dificuldade de habilidades sociais conforme o sexo utilizou-se o Teste t
e não foram encontradas diferenças significativas. Del Prette e Del Prette
(2009) ressaltam que a exploração da correlação entre as idades dos 1172 participantes que fizeram parte do grupo normativo do IHSA-Del Prette apontou
poucos resultados significativos. Porém, quando a análise foi realizada separadamente para cada um dos subgrupos do sexo masculino e do sexo feminino,
eles encontraram diferenças significativas entre os grupos das faixas etárias de
12 a 14 anos e de15 a 17 anos. Há possibilidade de que as mudanças desenvolvimentais não fossem detectáveis ano a ano, mas em faixas etárias.
Contudo, na presente pesquisa não foi realizada essa análise devido a
pouca quantidade dos participantes. Mas realizou-se a análise descritiva dos
dados de dificuldade de resposta ou ansiedade na emissão de habilidades sociais considerando as idades dos participantes (Tabela 6).
Tabela 6- Dificuldade de habilidades sociais por idade
Idade
12
13
14
15
16
17
Total
Repertório de habilidades sociais
Alto custo
n (%)
2 (1,3%)
3 (2,0%)
3 (2,0%)
8 (5,2%)
Médio custo
n (%)
9 (5,9%)
29 (19,0%)
23 (15,0%)
14 (9,2%)
1 (0,7%)
2 (1,3%)
78 (51,0%)
Baixo custo
n (%)
9 (5,9%)
22 (14,4%)
20 (13,1%)
12 (7,8%)
3 (2,0%)
1 (0,7%)
67 (43,8%)
De acordo com Del Prette e Del Prette (2009), a dificuldade de habilidades sociais pode ser considerada de alto custo de resposta ou ansiedade na
emissão de habilidades, médio custo de resposta ou ansiedade na emissão de
habilidades e baixo custo de resposta ou ansiedade na emissão de habilidades.
Os dados de dificuldade de habilidades sociais demonstraram 8 (5,2%) adolescentes com alto custo de resposta ou ansiedade na emissão de habilidades
47
sociais; desses 2 (1,3%) com 12 anos de idade, 3 (2,0%) com 13 anos e mais 3
(2,0%) com 15 anos.
Dos 43 (28,1%) adolescentes com 14 anos de idade, 23 (15,0%) desses
apresentaram médio custo e 20 (13,1%) baixo custo de resposta ou ansiedade
na emissão das habilidades. O mesmo pode ser observado nos adolescentes
de 16 e de 17 anos, eles não relataram alto custo de resposta ou ansiedade na
emissão das habilidades sociais. Além disso, realizou-se a análise de custo de
resposta ou ansiedade na emissão de habilidades sociais conforme os sexos
dos participantes (Tabela 7).
Tabela 7 – Dificuldade de habilidades sociais por sexo
Repertório de habilidades sociais
Alto custo
Médio custo
Baixo custo
Total
Masculino
n (%)
1 (0,7%)
27 (17,6%)
23 (15%)
51 (33,3%)
Feminino
n (%)
7 (4,6%)
51 (33,3%)
44 (28,8%)
102 (66,7%)
Dos adolescentes da pesquisa, 7 (4,6%) do sexo feminino e 1 (0,7%) do
sexo masculino foram situados na categoria alto custo de resposta ou ansiedade na emissão das habilidades sociais. Verificou-se que, dos respondentes
desse estudo, 27 (17,6%) do sexo masculino e 51 (33,3%) do sexo feminino
apresentaram médio custo ou ansiedade na emissão de resposta de habilidades sociais. E também 67 relataram baixo custo ou ansiedade na emissão de
resposta, 23 (15%) meninos e 44 (28,8%) meninos demostraram características dessa categoria.
Também foi realizada análises dos dados dos respondentes conforme as
subescalas de frequência e dificuldade habilidades sociais, quanto a isso empregou-se o Teste t para comparação das médias de diferenças conforme o
sexo. Os resultados demonstraram que o sexo masculino (͞x=16,9; dp=3,8)
apresentou maior frequência nas habilidades sociais de abordagem afetiva que
o sexo feminino (͞x=15,2 dp=3,5). As diferenças das médias foram estatisticamente significativas (t (151) = - 2,74; p<0,01).
Por outro lado, o sexo masculino (͞x=14,3; dp=3,2) apresentou menor
frequência nas habilidades sociais de autocontrole que o sexo feminino (͞x=16,1
dp=4,5), as diferenças das médias foram estatisticamente significativas, (t (151)
48
= - 2,50; p<0,001). Na subescala de habilidades sociais de autocontrole inclui
as habilidades de reagir com calma a situações aversivas incluindo críticas de
pais, professores e amigos, derrotas em jogos, etc., não significa deixar de demonstrar o desagrado ou a raiva, mas fazê-lo de maneira socialmente competente, no que se refere ao controle dos próprios sentimentos negativos (DEL
PRETTE; DEL PRETTE, 2009). Também, os adolescentes (͞x=18,6; dp=4,7)
apresentaram níveis mais elevados de dificuldade de resposta ou ansiedade de
habilidades sociais de autocontrole que as adolescentes (͞x=15,6 dp= 3,8) (t
(151) = - 4,22; p<0,001).
As diferenças encontradas entre a frequência de interações dos sexos
sugerem que os adolescentes possuem mais habilidades sociais para manter
contato e conversação, nas interações sociais de amizades e nas relações de
intimidade sexual e demonstração de satisfação ou insatisfação a diferentes
formas de carinhos. Quanto às interações sociais relacionadas à intimidade
sexual Caballo (2010) considera a não expressão de sentimentos afetuosos
como amor e carinho enquanto elemento que poderá debilitar a relação, a outra
pessoa poderá sentir se esquecida ou não apreciada.
De acordo com Tavares (2005), as habilidades sociais são aprendidas
durante a vida. Esse aspecto faz alusão a importância da cultura e do contexto
social como variáveis influenciadoras da expressão de habilidades sociais.
Nesse sentido, é possível sugerir, a partir da análise dos dados de correlação
das subclasses de interações sociais dos sexos feminino e masculino, que a
menor frequência e a maior dificuldade de autocontrole dos adolescentes do
sexo masculino, assim como a maior frequência nas habilidades sociais de
abordagem afetiva, podem estar relacionadas com as ideias existentes na cultura do comportamento ditos como masculino ou feminino.
Conforme os dados do presente estudo, os adolescentes do sexo
masculino relataram maior frequência de abordagem afetiva nas suas
interações sociais que o sexo feminino, porém eles apresentaram menor
frequência e maior dificuldade na subescala de habilidades sociais de
autocontrole que as meninas. Além disso, nas análises de correlação das
subescalas encontrou-se uma correlação negativa entre sintomas depressivos
e as subescalas civilidade, assertividade e abordagem afetiva de frequência de
49
habilidades sociais. E uma correlação positiva entre os dados de sintomas
depressivos e os de dificuldade de habilidades sociais das subescalas de
empatia, civilidade, assertividade abordagem afetiva e desenvoltura social.
Mesmo entendendo que as causas das dificuldades nas interações sociais são multidimensionais, sugere-se que um elaborado ou bom repertório de
habilidades sociais do adolescente poderá ser um fator de proteção e o déficit
um fator de risco para a sua saúde mental (CAMPOS, 2009). Por isso, sugeri
um olhar atento das pessoas que convivem ou trabalham com os adolescentes
que apresentaram frequência de habilidades sociais abaixo da média inferior.
Como lembra Caballo (2010), as pessoas buscam algumas situações de interações sociais e evitam outras, são afetadas pelas situações e afetam o que
está ocorrendo, contribuem continuamente para as mudanças situacionais e
ambientais.
4.3 OS SINTOMAS DEPRESSIVOS NOS ADOLESCENTES
Conforme as orientações de Gorenstein et al. (2011), os índices de
depressão podem ser considerados como: mínimo com o ponto de corte 13;
leve com o ponto de corte 19; moderado com o ponto de corte 28; e grave que
poderá chegar até 63 pontos, corresponde a pontuação máxima que a pessoa
poderá atingir, ao responder o BDI-II.
Dos 153 participantes dessa pesquisa 117 (75,5%), apresentaram nível
mínimo de sintomas depressivos; 27 (17,4%) relataram índice leve de
sintomatologia depressiva; 4 (2,6%) descreveram sintomas depressivos
moderados; e 5 (3,2%) indicaram gravidade na sintomatologia depressiva
(Tabela 8).
Tabela 8 – Níveis de sintomas depressivos por idade
Idade
Minímo
Níveis de sintomas depressivos
Leve
Moderado
Grave
12
13
14
15
16
12 (7,8%)
36 (23,5%)
38 (24,8%)
25 (16,4%)
3 (2,0%)
5 (3,3%)
15 (9,8%)
5 (3,3%)
1 (0,7%)
1 (0,7%)
2 (1,3)
1 (0,7%)
1 (0,7%)
-
1 (0,7%)
2 (1,3%)
2 (1,3%)
-
17
3 (2,0%)
-
-
-
117 (76,5%)
27 (17,6%)
4 (2,6%)
5 (3,3%)
Total
50
Os adolescentes com 14, 16 e 17 anos não apresentaram níveis
moderado e nem grave de sintomas depressivos. Dos 43 (%) adolescentes
com 14 anos, 38 (24,8%) apresentaram nível mínimo e 5 (3,3%) relataram nível
leve de sintomas depressivos (Tabela 8).
Dos 20 (13,1%) adolescentes com 12 anos, desses 12 (7,8%)
apresentaram nível mínimo; 5 (3,3%) nível leve; 2 (1,3) % nível moderado e 1
(0,7%) nível grave de sintomas depressivos. Os 54 (35,3%) respondentes com
13 anos, desses 36 (23,5%) relataram nível mínimo; 15 (9,8%) nível leve; 1
(0,7%) nível moderado; e 2 (1,3%) grave de sintomas depressivos (Tabela 8).
Também, dos 29 (19,1%) adolescentes com 15 anos, 25 (16,4%)
apresentaram nível mínimo; 1 (0,7%) demonstrou nível leve; 1 (0,7%) relatou
nível moderado; e 2 (1,3%), índice grave de sintomas depressivos. Ainda não
há segurança quanto às idades médias de começo da depressão na
adolescência, porém, alguns autores apontam uma, provável, faixa etária de
idade inicial abrangente que varia entre 13 e 19 anos de idade (BHALS, 2004).
Observou-se que o nível grave de sintomas depressivos só foi relatado
pelo sexo feminino 5 (3,3%), já o nível moderado de sintomas depressivos
apareceram na mesma quantidade 2 (1,3%) em ambos os sexos (Tabela 9).
Esses resultados estão de acordo com os achados de Rocha et al. (2006) que
encontrou indicativo de transtornos depressivos, predominantemente em
estudantes do sexo feminino.
Tabela 9 – Níveis de sintomas depressivos por sexo
Níveis de sintomas depressivos
Masculino
n ͦ (%)
Feminino
n ͦ (%)
Mínimo
Leve
Moderado
Grave
Total
43 (28,1%)
6 (3,9%)
2 (1,3%)
-
74 (48,4%)
21 (13,7%)
2 (1,3%)
5 (3,3%)
51 (33,3%)
102 (66,7%)
Sobre a depressão na adolescência, Bhals (2002) lembra que
adolescentes nessa condição precisam de cuidados e acompanhamento
especializado. Contudo, os níveis moderado e grave de sintomas depressivos
rastreados nos (5,9%) adolescentes dessa pesquisa não revelam que eles
tenham a depressão.
51
Conforme lembra Gorenstein et al. (2011), os resultados do BDI-II não
demonstram somente sintomas cognitivos e afetivos, também refletem
sintomas somáticos e vegetativos da depressão, assim alguns pacientes
poderão não indicar ideias suicidas, todavia, deixaram de alimentar-se ou de
dormir. Cada pessoa poderá apresentar indicativos de sintomas depressivos de
forma diferente, portanto, deverá ser avaliada considerando as suas
particularidades.
Outro aspecto relevante é que as escalas de autoaplicação estão
sujeitas a resposta tendenciosa. Algumas pessoas poderão marcar mais
sintomas do que realmente apresentam, assim, produzir pontuações altas de
forma falseada, como também outras podem negar sintomas e obterem
pontuações baixas (GORENSTEIN et al., 2011).
Essas considerações evidenciam a necessidade de cautela na
interpretação dos dados aferidos, pois o BDI-II apenas rastreia os sintomas
depressivos, os seus resultados por si não representam um espelho do
diagnóstico, esse demanda um processo de avaliação ampliado e cuidadoso,
principalmente no período da adolescência.
Foi realizada análise de comparação de médias, por meio do Teste t,
encontraram-se diferenças entre os níveis de depressão apresentados pelo
sexo feminino e masculino. O sexo feminino (͞x=12,7; dp= 6,1) demonstrou
índices de depressão mais elevados que o sexo masculino (͞͞x=10,7; dp= 3,4), (t
(151) = 2,18; p< 0,05).
Esses resultados estão próximos dos achados de Gorenstein et al.,
(2011), no estudo de validação do BDI-II, eles encontraram nas adolescentes
(͞x=13,2; dp= 9,6) níveis de depressão mais altos que nos adolescentes (͞x=9,4
dp= 8,2),
(t (1100) = 58,0; p< 0,001). Conforme esses pesquisadores as
diferenças de gênero observadas em todas as amostras dos escores do BDI-II
corroboram a literatura que discute a temática.
Esses dados se aproximaram dos resultados do estudo de Zinn-Souza
et al. (2008), que encontrou uma prevalência de depressão de 7,5%, com
níveis mais alto nas adolescentes. E também do estudo de Bhals (2002) que
apontou a prevalência entre 3,3 a 12,4% de adolescentes com depressão.
Além do mais, os resultados da presente pesquisa estão em consonância com
52
os achados de Santos (2009) com 2,9% dos 175 adolescentes com índice
grave de depressão e o de Silva (2011) que relatou níveis elevados de
depressão ao comparar com a média dos adolescentes brasileiros.
Contudo, os dados do presente estudo estão distantes dos achados de
prevalência de Jatobá e Bastos (2007), em 243 alunos verificou níveis
expressivos de depressão em 59,9% deles, desses 34,3% apresentaram
ideação suicida/tentativa de suicídio. Também da pesquisa de Abaid (2008) que
apontou escores altos de depressão em 31,5% das 127 crianças e
adolescentes em abrigos de proteção que participaram do estudo. E dos
achados de Khalil et al. (2010), numa pesquisa com 602 adolescentes egípcia
do sexo feminino,
estimou-se a prevalência de depressão em 15,3%
e
ideação suicida de 13,3% nas participantes.
No entanto, é importante ressaltar que apesar de o sexo feminino ter
apresentado índices mais elevados de sintomas depressivos, por questões
metodológicas, não é possível sugerir que houve prevalência de sintomas
depressivos ―graves‖ nas adolescentes. Esse estudo foi de caráter descritivo
exploratório e o número de participantes do sexo masculino foi menor que do
sexo feminino.
Também, cabe destacar que os participantes do presente estudo foram
adolescentes e estudantes de uma população não clínica. Essa característica
já diferencia-se da pesquisa de Abaid (2008) com adolescentes abrigadas, do
estudo de Silva (2011) com adolescentes em medidas socioeducativas e a de
Khalil et al. (2010) com jovens egípcias.
Dos 153 adolescentes participantes da presente pesquisa, 4 relataram
nível moderado de sintomas depressivos (2 do sexo feminino e 2 do sexo
masculino)
e 5 adolescentes do sexo feminino apresentaram nível grave de
depressão. As análises de diferenças das médias de sintomas depressivos
apresentadas por esses sexos demonstraram diferenças significativas, as
meninas apresentaram níveis de sintomas depressivos mais elevados que os
meninos. Com isso, é possível sugerir que os sintomas depressivos estão mais
presentes no sexo feminino.
De acordo a OMS (2000), o sexo feminino tem um índice mais elevado
de depressão que o sexo masculino, porém elas dialogam mais sobre seus
53
problemas e procuram ajuda, o que pode contribuir para a prevenção de atos
fatais. Garber (2006) afirma que as adolescentes têm mais risco do que os
adolescentes para desenvolver depressão, mas os dois sexos podem
responder de maneira similar a uma intervenção. Segundo o autor,
intervenções
com
vista
à
aprendizagem
de
resolução
de
conflitos,
enfrentamento e comunicação interpessoal podem possibilitar benefícios para
as pessoas nessa condição.
4.4 A RELAÇÃO ENTRE SINTOMAS DEPRESSIVOS E HABILIDADES SOCIAIS
Foi realizada a análise de correlação de Pearson com os dados dos escores brutos de sintomas depressivos, frequência e dificuldade de habilidades
sociais e das subescalas de habilidades sociais dos participantes. Encontrouse uma correlação inversa entre sintomas depressivos e frequência de habilidades sociais (r= -0,67; p<0,01) e uma correlação positiva entre sintomas depressivos e dificuldade de habilidades sociais (r= 0,68; p<0,01). Segundo Dancey e Reidy (2006), correlações que se aproximam de 0,70 são consideradas
fortes.
A correlação negativa sugere que adolescentes com índices elevados de
sintomas depressivos, tendem a suprimir comportamentos de frequência de
habilidades sociais. Na correlação positiva encontrada nas variáveis sintomatologias depressiva e dificuldade na emissão de resposta ou ansiedade de resposta de habilidades sociais, os respondentes com níveis elevados de sintomas depressivos, possivelmente, demonstram problemas em contextos e situações que demandas interações sociais.
Explorando os dados de frequência e de dificuldade de habilidades sociais das subescalas, encontraram-se mais algumas correlações. Verificou-se
uma correlação negativa entre sintomas depressivos e as subescalas de civilidade (r= - 0,63; p<0,01); assertividade (r= - 0,62; p<0,01); e abordagem afetiva
(r= - 0,59; p<0,01) de frequência de habilidades sociais. Também, encontrou-se
uma correlação positiva entre os dados de sintomas depressivos e os de dificuldade de habilidades sociais das subescalas de empatia (r= 0,65; p<0,01);
54
civilidade (r= 0,67; p<0,01); assertividade (r= 0,63; p<0,01); abordagem afetiva
(r= 0,64; p<0,01); e desenvoltura social (r= 0,59; p<0,01).
As correlações negativas entre sintomas depressivos e subclasses de
habilidades sociais possibilitam sugerir que, adolescentes com níveis elevados
de sintomas depressivos podem apresentar baixa frequência de comportamentos de civilidade, assertividade e abordagem afetiva. Além disso, as correlações
positivas entre sintomatologia depressiva e dificuldade na emissão de resposta
de habilidades sociais permitem aludir que, adolescentes com níveis elevados
de sintomas depressivos apresentam dificuldade de interação em diferentes
situações, com diferentes interlocutores, a exemplo, de professores, colegas,
amigos, pais, diretores, etc. e em diferentes contextos. Porém, tais resultados
devem ser considerados com cautela, uma vez que as subescalas apresentaram baixo nível de consistência interna.
As subclasses de habilidades sociais empatia, civilidade, assertividade
abordagem afetiva e desenvoltura social envolvem diversos comportamentos
de demanda do interlocutor ou contexto e do próprio adolescente na situação
de interação social. Entre os comportamentos estão: o despedir-se de pessoas;
agradecer elogios ou favores; elogiar; cumprimentar e realizar favores; defender seus direitos sem desrespeitar o interlocutor; negociar soluções em situações conflituosas; demonstrar desagrado; resistir à pressão do grupo; conversar com pessoas de autoridades; estabelecer contatos e conversações de amizade e de trabalho; expressar satisfação ou insatisfação a diferentes maneiras
de carinho e relações de intimidade sexual; identificar sentimentos e problemas
do outro; guardar segredos e preocupar se com o bem estar do outro (DEL
PRETTE; DEL PRETTE, 2009).
Além disso, Del Prette e Del Prette (2010) salientaram que o funcionamento cognitivo das pessoas com depressão tem um papel importante em suas
dificuldades interpessoais. E que o excesso de autocriticismo, a negação da
autoeficácia, a baixa autoestima e as crenças distorcidas, geralmente estão
relacionadas às dificuldades da pessoa com depressão para manter conversações interessantes, agir nas defesas dos próprios direitos e demonstrar empatia.
55
A análise dos dados sobre a correlação entre sintomas depressivos e as
subclasses de frequência e de dificuldade de habilidades relatados pelos adolescentes corrobora a Caballo (2010) que considera os programas de Treino de
Habilidades Sociais como uma estratégia eficaz para o tratamento da depressão. Assim, ele considera a premissa de que o comportamento depressivo está
relacionado com o funcionamento interpessoal inadequado.
Conforme o pesquisador, esses programas centraram nos repertórios
comportamentais de asserção negativa (defesa dos seus direitos e ação com
base nos seus próprios interesses), asserção positiva (expressão de sentimentos positivos acerca de outras pessoas e apresentação de desculpas apropriadas) e nas habilidades de conversação (fazer perguntas, fazer autorrevelações
apropriadas e encerrar conversas) que parecem ser especificamente relevantes para a pessoa com depressão.
Além das habilidades concretas, como apontam Friedberg e McClure
(2004), adolescentes deprimidos podem necessitar de ser educados em comportamentos não verbais e podem se beneficiar com a leitura da linguagem
corporal, com o contato visual, as observações de sinais sociais de outras pessoas.
Para fins de melhor compreensão da relação entre depressão e habilidades sociais, procedeu-se à análise dos resultados na distribuição entre as
categorias de níveis de sintomas depressivos e de habilidades sociais, conforme as categorias propostas pelos autores dos instrumentos BDI-II e IHSA- Del
Prette (2009). Os participantes com índices de sintomas depressivos mínimos e
leves foram categorizados sem sintomas depressivos e os que apresentaram
níveis moderados e graves de depressão foram considerados com sintomas
depressivos. Esses resultados foram cruzados com a frequência de habilidades
sociais dos participantes, categorizados em repertório elaborado, bom e inferior
a médio (Tabela 10).
Conforme esses dados, os 144 adolescentes sem sintomas depressivos,
em relação à frequência de habilidades sociais, desses 69 (47,9%) relataram
elaborado repertório e 75 (52,1%) bom repertório de habilidades sociais. Dos 9
(100%) adolescentes com sintomas depressivos, 7 (77,8%) relataram repertório
56
de frequência de habilidades sociais inferior a médio e 2 (22,2%) apresentaram
bom repertório de frequência de habilidades sociais (Tabela 10).
Tabela 10 – Relação entre sintomas depressivos e frequência de habilidades sociais
Repertório de
habilidades sociais
Sem sintomas depressivos
n ͦ (%)
Com sintomas depressivos
n ͦ (%)
Elaborado
Bom
Inferior à média
Total
69 (47,9%)
75 (52,1%)
144 (100%)
2 (22,2%)
7 (77,8%)
9 (100%)
A esses resultados de déficit nas interações sociais dos participantes
dessa pesquisa com sintomas depressivos corroboram com Rockhill et al.
(2009), ao sugerirem que adolescentes com sintomatologia depressiva demonstram baixa frequência de habilidades sociais, assim como Gresham, Cook
e Crews (2004), ao apontarem que adolescentes com níveis elevados de depressão têm restritas interações sociais. E Witvliet et al. (2010) que consideraram o afastamento do adolescente dos pares, um fator crítico para o aumento
da sintomatologia depressiva.
Os dados dos participantes com sintomas depressivos e sem sintomas
depressivos foram cruzados com os resultados de dificuldade de resposta ou
ansiedade na emissão de habilidades sociais. Verificou-se que do total de 144
adolescentes sem sintomas depressivos, 77 (55,0%) deles têm médio custo de
resposta ou ansiedade na emissão de comportamentos de habilidades sociais.
E com baixo custo de resposta ou ansiedade na emissão de habilidades sociais, encontrou-se 67(45,0%) adolescentes (Tabela 11).
Tabela 11 - Relação entre sintomas depressivos e dificuldades de habilidades sociais
Dificuldade de
habilidades sociais
Alto custo
Sem sintomas depressivos
n ͦ (%)
-
Médio custo
Baixo custo
Total
77 (55,0%)
67 (45,0%)
144 (100%)
Com sintomas depressivos
n ͦ (%)
8 (88,9%)
1 (11,1%)
9 (100%)
Dos nove respondentes com sintomas depressivos, 8 (88,9%) deles relataram alto custo de resposta ou ansiedade na emissão de habilidades sociais
e, apenas, 1 (11,1%) demonstrou médio custo de resposta ou ansiedade na
57
emissão de comportamentos de habilidades sociais. Os dados apontaram que
144 adolescentes relataram médio custo de resposta ou ansiedade na emissão
de habilidades sociais, aspecto que possibilita sugerir medidas psicoeducativas, com vista nas suas interações sociais enquanto elementos protetores da
saúde mental e favorecedores do seu bem-estar.
Na adolescência, um número considerável de transformações, num período curto de tempo, possibilita certa inquietação relacionada ao desenvolvimento de problemas ligados à saúde mental (BAPTISTA; BAPTISTA; DIAS,
2001).Segrin (2000) considerou três hipóteses na relação entre habilidades
sociais e depressão: o déficit de habilidades sociais como causa de depressão;
a depressão como causa do déficit de habilidades sociais; e restritas habilidades sociais como fator vulnerável à depressão.
Considerando a suposição de Segrin (2000) da depressão como causa
do deficitário repertório de habilidades sociais, é possível sugerir que os 2
(22,2%) adolescentes dessa pesquisa com sintomas depressivos e com bom
repertório de frequência de habilidades sociais, futuramente, poderão apresentar frequência inferior de habilidades sociais.
A partir do pressuposto de Segrin (2000), do deficitário repertório de habilidades sociais como possível fator de vulnerabilidade para o desenvolvimento da depressão, é possível sugerir que os 75 (52,1%) adolescentes deste estudo sem depressão e com repertório moderado de frequência de habilidades
sociais, encontram-se numa zona fragilizada, favorável ao desenvolvimento de
sintomas depressivos a nível moderado ou grave.
Na análise da correlação de Pearson, os valores elevados na frequência
de habilidades sociais implicaram valores baixos de sintomatologia depressiva
e vice-versa. Os níveis altos de sintomas depressivos sugeriram dificuldade de
emissão de resposta ou ansiedade de habilidades sociais. Os achados da
presente pesquisa sugerem que há uma relação entre sintomas depressivos e
repertório de habilidades sociais em adolescentes, corroborando com os
achados dos estudos anteriores (CAMPOS, 2009; DEL PRETTE; DEL
PRETTE, 2010; FERNANDES; FALCONE, 2009; GOLDSTEIN; MIKLOWITZ;
MULLEN, 2006; GRESHAM; COOK; CREWS, 2004; HOROWITZ, 2007;
58
ROCKHILL et al. 2009; SELIGMAN, 1977; TAVARES, 2005; YOUNG;
MUFSON; GALLOP, 2010).
Independentemente do sexo, adolescentes com níveis elevados de
sintomas depressivos poderão ter sua qualidade de vida e bem-estar
comprometidos. Supõe-se que sintomas depressivos relacionados a déficits
nas habilidades sociais podem prejudicar os adolescentes em áreas
importantes do seu desenvolvimento, entre elas, nas relações com os pares,
com os familiares, com os colegas do contexto profissional e do contexto
escolar.
Na análise de Silva e Murta (2009), déficits em habilidades sociais na
adolescência podem afetar fases posteriores do ciclo vital. Considera-se que
programas com foco nas interações sociais favorecem mudanças no quadro
clínico de depressão (CAMPOS, 2009; GUNLICKS-STOESSEL et al. 2010;
HOROWITZ, 2007; YOUNG; MUFSON; GALLOP, 2010). Com isso sugerem-se
investimentos voltados para o Treino de Habilidades Sociais dos nove
adolescentes desse estudo que relataram níveis críticos de sintomas
depressivos e descreveram fragilizadas interações sociais, tal intervenção
poderá contribuir com a regulação emocional deles.
Além disso, é relevante pensar e propor medidas interventivas de caráter
interdisciplinar, articulando as áreas de políticas públicas de saúde do
adolescente, políticas educativas e projetos sociais. Destaca-se, a importância
de um olhar integral para os adolescentes que demandam melhoras nas
interações sociais, principalmente, as relacionadas a sintomas e indicadores de
sintomas depressivos.
59
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa se propôs a descrever a relação entre sintomas
depressivos e o
repertório de habilidades sociais em adolescentes,
relacionando a sintomatologia depressiva à frequência e dificuldades de
habilidades sociais; identificar os níveis de sintomas depressivos apresentados
pelos participantes; caracterizar o repertório de habilidades sociais dos
adolescentes; e contribuir com a construção de conhecimento sobre a
depressão na adolescência na perspectiva das interações sociais.
Entre os achados, encontrados em conformidade com esses objetivos,
aponta-se a existência de uma correlação inversa entre sintomas depressivos e
frequência
de
habilidades
sociais
e
uma
correlação
positiva
entre
sintomatologia depressiva e dificuldade de habilidades sociais. Assim, é
possível sugerir que há relação entre sintomas depressivos e repertório de
habilidades sociais de adolescentes.
Além disso, foi aferida a presença elevada de sintomatologia depressiva
em nove participantes do estudo, desses sete foram do sexo feminino. Quatro
adolescentes relataram nível moderado de sintomas depressivos e cinco
descreveram nível grave.
Quanto às habilidades sociais, dezenove adolescentes relataram
indicadores de repertório altamente elaborado de habilidades sociais; cinquenta
apresentaram repertório elaborado de habilidades sociais; setenta e seis
descreveram bom repertório de habilidades sociais; e oito indicaram repertório
abaixo da média inferior de habilidades sociais. E não houve respondentes que
com repertório médio inferior de habilidades sociais.
Na dificuldade de resposta ou ansiedade na emissão de habilidades
sociais, encontraram-se oito adolescentes com alto custo de resposta ou
ansiedade na emissão de habilidades sociais; setenta e oito com médio custo
de resposta ou ansiedade na emissão de habilidades sociais; e sessenta e sete
demonstraram baixo custo de resposta ou ansiedade na emissão de
habilidades sociais. Não houve diferenças significativas entre as médias nos
escores de frequência e de dificuldade de habilidades sociais entre os sexos.
60
Os resultados da pesquisa apresentam algumas contribuições, entre
elas, possibilita sugerir o Treino de Habilidades Sociais educativas como um
elemento favorecer do desenvolvimento socioemocional dos adolescentes com
níveis elevados de sintomas depressivos e com fragilizadas interações sociais.
Essa medida interventiva poderá amenizar conflitos, indisciplina e violência
nesse contexto, uma vez que o repertório de habilidades sociais adequado
favorece a competência social, respostas adaptativas em situações adversas e
contribui com a elevada autoestima, o autoconceito positivo e a aprendizagem.
Além disso, com base nos achados da pesquisa, é relevante, portanto,
que essa problemática seja analisada na escola pelos professores,
coordenadores e familiares. A construção de projeto com foco nas habilidades
sociais poderá ser um dos objetivos das atividades educativas, visando atender
as demandas afetivas dos adolescentes.
Por outro lado, os resultados dessa pesquisa poderão subsidiar ações
interventivas em redes, considerando o nível micro e intersetorial, envolvendo
escola, instituição de assistência social, religiosa e rede de saúde da área
adscrita do adolescente. E, também, a nível macro com políticas públicas
direcionadas aos adolescentes para potencializar as habilidades sociais
enquanto fatores de promoção e proteção da saúde dessa população.
Contudo, a pesquisa apresenta algumas limitações, entre elas: a escolha
dos participantes foi por conveniência; a quantidade dos respondentes não foi
abrangente e representativa dos adolescentes da escola, por isso, não é viável
generalizar os resultados para esse universo. Ademais, não foi realizado o
diagnóstico clínico dos participantes que apresentaram sintomatologia
depressiva, portanto, é necessário ter cuidado no uso dos resultados
encontrados.
No Brasil, ainda há poucos estudos que focalizam essa temática,
portanto, essa pesquisa contribui com o debate inicial. Contudo, não supre a
lacuna de conhecimento a respeito da relação entre sintomatologia depressiva
e habilidades sociais de adolescentes do contexto brasileiro.
Por conseguinte, em pesquisas futuras sugere-se a replicação desse
estudo, incluindo um número de participantes representativo dessa faixa etária
e de diferentes localidades do país. Também, é interessante o uso de
61
procedimentos
metodológicos
diversificados,
incluindo
delineamentos
longitudinais, multimodais e programas avaliativos e interventivos de Treino de
Habilidades sociais para adolescentes com índices elevados de sintomas
depressivos.
62
REFERÊNCIAS
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Programáticas Estratégicas. Saúde do adolescente: competências e
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71
APÊNDICES
72
APÊNDICE A- Questionário sociodemográfico
Nome: ____________________________ Sexo: Masculino ( ) Feminino ( )
Data de Nascimento: ___/ _____/ ______ Idade ______________________
Endereço:___________________________________ Telefone: ___________
Sou estudante do Mestrado em Psicologia da Universidade Católica
de Brasília e estamos desenvolvendo essa pesquisa com
adolescentes. Estamos aplicando esse questionário para obter
informações sobre você.
Desde já, agradecemos pela sua colaboração!
1- Onde você mora?
Zona rural ( )
Zona urbana ( )
2- Com quem você mora?
Pais ( )
Outras ( ) _______________________
3- Você têm irmãos?
Sim ( )
Não ( )
Quantos? ______________________
4- Seus pais são vivos?
Sim ( )
Não ( )
5- Qual o tipo de sua residência?
( ) Própria ( ) Alugada ( ) Instituição ( ) Outras _____________________
6- Qual o valor de sua renda familiar?
( ) Até 2 salários mínimos
( ) 2 a 4 salários mínimos
( ) 4 a 10 salários mínimos
( ) 10 a 20 salários mínimos
( ) Acima de 20 salários mínimos
7- Você pratica alguma religião?
Sim ( )
Não ( )
Qual? ___________________________
73
APÊNDICE B- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para o
responsável
Como responsável pelo aluno (a) ______________________________
_______________________________________ solicito sua autorização para
ele (a) participar da pesquisa: “A Relação entre Sintomas Depressivos e
Habilidades
Sociais
em
Adolescentes
do
Ensino
Fundamental”,
sob
responsabilidade da mestranda Maria Luzia da Silva Santana e sob orientação
das Profª. Drª. Erenice Natália Soares de Carvalho e Drª. Cláudia Cristina
Fukuda.
O objetivo dessa pesquisa é descrever a relação entre sintomas
depressivos e o repertório de habilidades sociais em adolescentes,
relacionando os níveis de depressão à frequência e dificuldades de habilidades
sociais. Essa pesquisa justifica-se, pelo fato da ocorrência de depressão em
adolescentes e a necessidade de ampliar o conhecimento sobre esse tema.
O
aluno
(a)
participante
dessa
pesquisa
receberá
todos
os
esclarecimentos necessários antes e no decorrer da pesquisa e lhe
asseguramos que o seu nome não aparecerá sendo mantido o mais rigoroso
sigilo através da omissão total de quaisquer informações que permitam
identificá-lo (a). Ele (a) pode se recusar a responder qualquer instrumento ou
questão que lhe traga constrangimento, podendo desistir de participar da
pesquisa em qualquer momento sem nenhum prejuízo para ele (a).
A participação dele (a) será para responder por escrito e em sala de aula
3 instrumentos: a) um questionário sociodemográfico, b) o Inventário de
Depressão Beck– BDI-II e c) o Inventário de Habilidades Sociais para
Adolescentes- IHSA. O tempo estimado para a aplicação destes instrumentos
será de 1 hora e ocorrerá sob a orientação da pesquisadora, numa sala de aula
reservada para esse fim.
Os resultados da pesquisa serão divulgados na Universidade Católica de
Brasília podendo ser publicados posteriormente. Os dados e materiais
utilizados na pesquisa ficarão sobre a guarda da pesquisadora. Essa pesquisa
possui os seguintes benefícios: contribuição pessoal para o desenvolvimento
de um estudo científico que possibilita pensar sobre prevenção, controle,
diagnóstico, acompanhamento e medidas psicoeducativas direcionadas a
74
adolescentes. Aponta-se como risco de pesquisa o cansaço durante a
aplicação dos instrumentos e se necessário o aluno (a) participante será
encaminhado para o Serviço de Orientação Individual (SOI) e para o serviço de
saúde da localidade.
Se o (a) Senhor (a) tiver qualquer dúvida em relação à pesquisa, por
favor, telefone (61) 86059277 para: Mestranda Maria Luzia da Silva Santana.
Esse projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
UCB,número do parecer: 393.089. As dúvidas com relação à assinatura deste
Termo de Consentimento ou os direitos do sujeito da pesquisa podem ser
obtidos também pelo telefone: (61) 3356-9784.
Este documento foi elaborado em duas vias, uma ficará com o
pesquisador responsável e a outra com o voluntário da pesquisa.
______________________________________________________
Assinatura do responsável pelo adolescente
____________________________________________
Maria Luzia da Silva Santana
(Pesquisadora responsável pela pesquisa)
Planaltina- DF, 2013.
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APÊNDICE C- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para o
adolescente
Você está sendo convidado (a) para participar da pesquisa: ―A Relação
entre Sintomas Depressivos e Habilidades Sociais em Adolescentes do Ensino
Fundamental”, sob responsabilidade da mestranda Maria Luzia da Silva
Santana e sob orientação das Profª. Drª. Erenice Natália Soares de Carvalho e
Drª. Cláudia Cristina Fukuda.
O objetivo dessa pesquisa édescrever a relação entre sintomas
depressivos e o repertório de habilidades sociais em adolescentes,
relacionando os níveis de depressão à frequência e dificuldades de habilidades
sociais. Essa pesquisa justifica-se, pelo fato da ocorrência de depressão em
adolescentes e a necessidade de ampliar o conhecimento sobre esse tema.
O (a) participante dessa pesquisa receberá todos os esclarecimentos
necessários antes e no decorrer da pesquisa e lhe asseguramos que o seu
nome não aparecerá sendo mantido o mais rigoroso sigilo através da omissão
total de quaisquer informações que permitam identificá-lo (a). Você pode se
recusar a responder qualquer instrumento ou questão que lhe traga
constrangimento, podendo desistir de participar da pesquisa em qualquer
momento sem nenhum prejuízo.
A sua participação será para responder por escrito e em sala de aula 3
instrumentos: a) um questionário sociodemográfico, b) o Inventário de
Depressão Beck– BDI-II e c) o Inventário de Habilidades Sociais para
Adolescentes- IHSA. O tempo estimado para a aplicação destes instrumentos
será de 1 hora e ocorrerá sob a orientação da pesquisadora, numa sala de aula
reservada para esse fim.
Os resultados da pesquisa serão divulgados na Universidade Católica de
Brasília podendo ser publicados posteriormente. Os dados e materiais
utilizados na pesquisa ficarão sobre a guarda da pesquisadora. Essa pesquisa
possui os seguintes benefícios: contribuição pessoal para o desenvolvimento
de um estudo científico que possibilita pensar sobre prevenção, controle,
diagnóstico, acompanhamento e medidas psicoeducativas direcionadas a
adolescentes. Aponta-se como risco de pesquisa o cansaço durante a
aplicação dos instrumentos e se necessário você será acompanhado para o
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Serviço de Orientação Individual (SOI) e encaminhado ao serviço de saúde da
localidade.
Se você tiver qualquer dúvida em relação à pesquisa, por favor, telefone
(61) 86059277 para: Mestranda Maria Luzia da Silva Santana.
Esse projeto
foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UCB, número do
parecer:393.089. As dúvidas com relação à assinatura deste Termo de
Consentimento ou os direitos do sujeito da pesquisa podem ser obtidos
também pelo telefone: (61) 3356-9784.
Este documento foi elaborado em duas vias, uma ficará com o
pesquisador responsável e a outra com o voluntário da pesquisa.
______________________________________________________
Assinatura do adolescente
____________________________________________
Maria Luzia da Silva Santana
(Pesquisadora responsável pela pesquisa)
Planaltina-DF, 2013.
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APÊNDICE D - Carta Convite
Estamos lhe convidando para participar da pesquisa: “Relação entre
sintomas depressivos e habilidades sociais em adolescentes do Ensino
Fundamental”,
mediante
a
sua
autorização
para
que
o
aluno
(a)
_____________________________________ seja incluído nesse estudo.
A pesquisa está sendo desenvolvida sob responsabilidade da
mestranda Maria Luzia da Silva Santana e sob orientação das Profª.
Drª.
Erenice Natália Soares de Carvalho e Drª. Cláudia Cristina Fukuda.
A participação do aluno (a) nesse estudo contribuirá com o
desenvolvimento de conhecimento científico que possibilita pensar sobre
prevenção, controle, diagnóstico, acompanhamento e medidas psicoeducativas
direcionadas a adolescentes.
O aceite em participar do estudo será realizado mediante a assinatura
do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido sendo que uma cópia dele
ficará com o (a) senhor (a) e a outra será encaminhada de volta para a
pesquisadora responsável.
Agradecemos a sua colaboração
____________________________________________
Maria Luzia da Silva Santana
(Pesquisadora responsável pela pesquisa)
Planaltina-DF, 2013.
78
ANEXO
79
ANEXO A - Folha de Aprovação do Comitê de Ética
80
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