Anemia Carencial.cdr

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MANUAL DO PACIENTE - ANEMIA CARENCIAL
EDIÇÃO REVISADA
02/2004
Este manual tem como objetivo fornecer informações aos
pacientes e seus familiares a respeito da Anemia
Carencial.
Sabemos que as informações médicas são cercadas, na
maior parte das vezes, por termos técnicos, difíceis e
incompreensíveis pela maioria dos usuários. Dessa forma,
esperamos que esse encarte possa esclarecer suas
dúvidas.
Qualquer comentário é muito bem vindo, seja sobre a
clareza desse manual ou sobre a omissão de alguma
informação considerada importante e pode ser enviado
através da urna de sugestões do HEMORIO ou pelo e-mail
[email protected].
O que é Anemia Carencial ?
As Anemias Carenciais representam um grupo de alterações no qual, apesar de
não apresentar doença específica há carência de elementos essenciais para
produção de hemácias (ferro, folato ou Vitamina B12). As anemias carenciais
podem ocorrer em qualquer idade, sendo entretanto, mais freqüente na criança
devido à grande necessidade de produção de células, nesta fase, para fazer
frente ao processo de crescimento
Para entender melhor as anemias carenciais é bom conhecermos as funções da
medula óssea, tecido responsável pela produção do sangue.
O sangue atua:
ª Carregando oxigênio e outros nutrientes para as células.
ª Protegendo de infecções.
ª Removendo dejetos e toxinas.
O sangue é feito de diferentes células. Os três principais tipos de células
sangüíneas são:
Glóbulos Vermelhos (Hemácias ou Eritrócitos):
Contém hemoglobina que é uma proteína rica em ferro. O oxigênio é captado
pela hemoglobina, quando ela passa pelos pulmões. O oxigênio é carregado
pelos glóbulos vermelhos e distribuído para diferentes órgãos e tecidos no
corpo. Quando a quantidade de hemoglobina está baixa, ocorre a anemia.
Plaquetas:
São pequenos elementos em forma de disco que ajudam a coagulação
sangüínea. As plaquetas previnem o sangramento anormal ou excessivo.
Glóbulos Brancos (Leucócitos):
São células sangüíneas que defendem o organismo contra infecções. Uma
redução de qualquer tipo de glóbulo branco pode resultar em maior chance de
desenvolvimento de infecção.
Quais são as causas de Anemia Carencial ?
A carência alimentar e as perdas sangüíneas correspondem às causas mais
freqüentes de anemias carenciais, em nosso meio.
Entre as causas de carência alimentar devemos ressaltar a ingestão deficiente
de elementos ricos em ferro. A principal fonte de ferro é a mioglobina de origem
animal (sobretudo carne, fígado e ovos) e nos de origem não animal, verduras,
legumes e vegetais. No entanto, o organismo humano tem uma capacidade
muito maior de absorver o ferro de origem animal.
Na faixa etária do recém nascido, a alimentação inadequada é a principal causa
de anemia. No pré-escolar (1 a 6 anos), além da dieta inadequada, a verminose
representa outra causa muito comum. A incidência de anemia carencial nas mulheres jovens e adultas é maior que nos homens. A hemorragia menstrual, associada ou não à gestação e lactação é a maior causa de desequilíbrio entre a produção de hemácias e a necessidade de ingesta, que se agrava, quer por regimes
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alimentares inadequados, ou por perda excessiva de sangue. A gravidez é outra
causa extremamente comum, particularmente nos casos de gestações consecutivas. No indivíduo adulto e no idoso, além da carência alimentar, a perda
sangüínea digestiva (por hérnia de hiato, úlceras, gastrite ou hemorróidas), deve
constar entre as causas mais comuns de anemia.
Além de deficiência de ferro, a dieta inadequada leva à carência de outros
elementos essenciais, como vitamina B12, ácido fólico e proteínas. A Vitamina
B12 e as proteínas são encontradas nas carnes, enquanto que as verduras cruas
correspondem à principal fonte de ácido fólico. A ingestão freqüente de álcool
pode levar à anemia, tanto pela ingesta alimentar deficiente, como por inibir a
absorção de alguns elementos nutritivos.
As doenças crônicas de origem infecciosa, inflamatória ou neoplásica também
podem levar a anemia. Entre essas, as mais freqüentemente associadas à
anemia são a Artrite Reumatóide e a Tuberculose.
As anemias não são doenças contagiosas (não passam para outras pessoas), e
nem apresentam um caráter pré-maligno, ou seja, o desenvolvimento de
Leucemia ou outra malignidade não é decorrente de uma “anemia mal curada”.
Quais são os sintomas de Anemia ?
Como citado anteriormente, as hemácias carregam oxigênio para os tecidos,
garantindo assim, o metabolismo dos mesmos. Em outras palavras, as hemácias
transportam o combustível essencial à sobrevivência de nosso organismo.
Dessa forma, quando esse “combustível” encontra-se escasso, pode se sentir
tontura, falta de ar, dores de cabeça, fadiga muscular, sonolência, irritabilidade,
entre outros sintomas, correspondendo à falta de oxigênio nos diferentes tecidos
e órgãos. Esses são chamados “Sintomas Gerais”, porque podem ser
observados em qualquer tipo de anemia.
Outros sinais e sintomas podem também ser encontrados, e merecem destaque,
frente à sua alta freqüência, como a alteração do paladar, que corresponde a
desejos de ingerir terra, sola de sapato, parede, gelo, entre os mais citados.
Esses “desejos inusitados”, também conhecidos como “perversão alimentar” são
causados por deficiência de ferro nos tecidos que regulam o paladar. A exposição
deste sinal é profundamente influenciada pelas “regras sociais”, sendo por isso
mais facilmente encontrado em crianças e gestantes.
Como é feito o diagnóstico ?
O diagnóstico de Anemia Carencial pode ser feito durante exames de rotina ou
após testes de sangue realizados durante a investigação de uma doença em
curso. Muitos pacientes com anemia vão ao médico porque sentem sintomas de
fadiga, falta de ar, ou simplesmente porque observaram palidez.
É muito importante salientar que nada substitui a consulta médica, já que apenas
um profissional médico é capaz de, através de história minuciosa e exame físico
adequado, propor a melhor conduta em cada caso. A auto-medicação é sempre
indesejável, muitas vezes perigosa, podendo inclusive, mascarar o diagnóstico.
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Ressaltamos que a severidade dos sintomas nem sempre reflete a gravidade da
doença que causou a anemia. Assim, não se deve menosprezar o grau de
anemia ou dos seus sintomas, mas sim, devemos buscar a sua causa exata para
que possamos tratá-la de forma correta. Da mesma forma, não devemos nos
basear no grau de anemia para procurar um médico.
Na maioria dos casos, a consulta com o clínico geral ou pediatra é suficiente para
que o diagnóstico seja elucidado e o tratamento correto seja administrado.
Geralmente, correspondem a casos de Anemia secundária a verminose, a
alimentação inadequada, a perda sangüínea abundante (menstrual ou de tubo
digestivo) ou ainda secundária a doenças crônicas, como as de origem
inflamatória, infecciosa ou ainda, uso de certos medicamentos.
Quando a anemia se mostra persistente, apesar do tratamento instituído, alguns
pacientes, podem necessitar de uma ou mais consultas complementares com o
especialista (hematologista).
Além do hemograma, exames complementares mais sofisticados podem ser
necessários para esclarecer a causa da anemia. Um exame especial, chamado
Eletroforese de Hemoglobinas pode estar indicado, sobretudo nos casos cuja
suspeita que a anemia não seja carencial, e sim de origem hereditária. As
informações obtidas através desse exame auxiliam na confirmação do
diagnóstico e ajudam o médico a desenvolver um plano de tratamento mais
especifico para o paciente e, muitas vezes, para a sua família.
Em alguns casos, um mielograma pode estar indicado. O mielograma consiste
em se obter uma amostra de material contido dentro da medula dos ossos, que é
então examinado, para identificar que tipo ou tipos de células estão envolvidas
na doença. Obter uma amostra de medula óssea é relativamente fácil. Amostras
de medula óssea são geralmente obtidas através da crista ilíaca (quadril) ou
esterno (osso do peito). A pele de onde a amostra será retirada é primeiro
desinfetada e então anestesiada com um medicamento parecido com o que o
dentista usa. Depois que a área é anestesiada, uma agulha é inserida dentro do
osso, através da pele. Uma pequena quantidade de medula óssea é retirada pela
seringa. Esse processo é chamado “aspiração de medula óssea”.
Pode também ser necessário a retirada de um pequeno pedaço do osso, que
chamamos de “Biópsia de Medula”, que é então levado para uma avaliação. A
biópsia é feita em osso ilíaco, com uma agulha, como a aspiração. Ressaltamos
que o mielograma e a biópsia óssea são efetuados em casos especiais, não
sendo um exame de rotina para o esclarecimento da maioria das anemias.
Qual é o tratamento ?
Nesse tópico, é muito importante se entender que na maioria dos casos, a
recuperação das anemias acompanha o tratamento das suas causas. Dessa
forma, se a causa da anemia for carência alimentar, a conduta é a correção
nutricional e a reposição dos elementos carentes. Por outro lado se a causa for
perda menstrual abundante, deve-se indicar o acompanhamento ginecológico
para investigação e correção das causas da hemorragia. Já as anemias que
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acompanham as doenças crônicas, evoluem igualmente, de forma crônica, e seu
tratamento depende do tratamento da doença de base.
Qual é o prognóstico ?
Por não se tratar de uma única doença. O prognóstico depende da doença que
causou a anemia, do tempo de instalação dessa e do tratamento que poderá ser
instituído. Na maioria dos casos, o prognóstico é muito bom, devendo-se, contudo, manter a maior atenção possível para que as causas detectadas não retornem, sobretudo nos casos de carência alimentar, verminose e alcoolismo.
Quais são as medidas preventivas contra a Anemia Carencial?
De maneira geral, podemos dizer que as principais medidas preventivas são:
1. USAR ÁGUA FILTRADA E SAPATOS DE SOLA GROSSA – Essas medidas visam evitar a verminose, outra causa importante de anemia. A água filtrada
ou fervida deve ser usada para beber e para lavar os alimentos.
2. ACOMPANHAMENTO MÉDICO REGULAR – Essa medida é aconselhável, especialmente em crianças, cuja taxa de crescimento é muito grande, sendo,
por vezes, necessária suplementação vitamínica e/ou calórica.
Nas adolescentes, as primeiras menstruações podem representar um dos fatores responsáveis pela instalação de anemia, devendo-se manter consultas com
ginecologista para correção.
A realização de exames parasitológicos periódicos é também aconselhável, em
qualquer faixa etária.
3. DIETA BALANCEADA – Uma alimentação balanceada não é necessariamente dispendiosa. A ingestão diária de feijão (principalmente o preto), carne ou
ovo e verduras cruas e bem lavadas, é o suficiente. Um suplemento semanal de
carne de fígado (cozido ou ensopado) é desejável, especialmente em crianças,
gestantes e durante a amamentação. Consulte o Quadro 1, onde são listados os
alimentos ricos em ferro, e o Quadro 2 onde podem ser observados os fatores
que interferem na sua absorção.
Quadro 1: Lista de Alimentos Ricos em Ferro:
ABÓBORA
BERTALHA
FARINHA DE SOJA
GUANDO
AÇAÍ
ACARÁ (PEIXE)
COUVE
ERVILHA SECA
FEIJÃO (PRETO)
FÍGADO
LENTILHA
MARISCO
AGRIÃO
AVEIA EM FLOCOS
ESPINAFRE
FARINHA DE PEIXE
FLOCOS DE CEREAIS
GEMA DE OVO
MÚSCULO
OSTRA
Quadro 2: Lista de fatores que interferem na absorção do ferro alimentar:
AUMENTAM A ABSORÇÃO DE FERRO
REDUZEM A ABSORÇÃO DE FERRO
(quando ingeridos próximo ao almoço e jantar) (quando ingeridos próximo ao almoço e jantar)
Acerola
Abacaxi
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Caju
Laranja
Limão
Vitamina C
Café
Chá preto
Mate
Leite
Antiácidos
Derivados de leite
Direção Geral
Clarisse Lobo
Equipe Técnica
Maria Aparecida Bezerra
Vera Marra
Editoração
Marcos Monteiro
Revisado em
Maio de 2005
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SECRETARIA
DE SAÚDE
E DEFESA CIVIL
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