relatório de vivência

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Relatório de Vivência da 3° Edição do VERSUS- TO
Vivente: Camila Betelli Cardoso Alves
Curso: Medicina
Instituição: UFGD
Palmas, 24 de janeiro de 2016
Relatório de Vivência
Por Camila Betelli
O VER-SUS ( Vivência e Estágio na Realidade do Sistema Único de Saúde ) é uma oportunidade
ímpar de aprendizado para a formação profissional dos estudantes da área da saúde. Conhecer os
meandros do nosso sistema público de saúde e a sua realidade no cotidiano é de fundamental
importância. Sem dúvida, essa imersão dentro do SUS, proporcionada por esse projeto, foi um
divisor de águas para a minha formação acadêmica e profissional.
Albert Einstein afirmou certa vez: “A mente que se abre para um novo conhecimento jamais
voltará ao seu tamanho original”. E é assim que me sinto depois de ter participado do VERSUS.
Como se minha mente houvesse expandido , meu olhar e minha visão ampliado horizontes e
meu pensamento crítico e minha percepção alargado fronteiras .
Confesso que o VERSUS me surpreendeu positivamente e superou todas as minhas expectativas
iniciais. Desde a recepção realizada pela comissão organizadora até o dia de encerramento das
vivencias, posso dizer que foram dias inesquecíveis e de muito conhecimento adquirido.
Nesse relatório disserto, de maneira resumida , sobre nossas visitas e como foram nossos dias de
vivência durante o projeto.
A 3° edição do versus Tocantins aconteceu no município de Palmas, capital do Estado. A
vivencia ocorreu do dia 11 ao dia 17 de janeiro de 2016. Ao todo foram 37 participantes do
projeto. Dentre esses, 25 eram viventes, 5 eram facilitadores e 7 integrantes da comissão
organizadora. Os viventes eram acadêmicos pertencentes à instituições públicas e privadas de 6
estados do Brasil ( Tocantins, Maranhão, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Mato Grosso
do Sul). Sendo estudantes dos cursos de Enfermagem, Nutrição, Medicina, Fonoaudiologia,
Serviço social, Odontologia, Farmácia e Biomedicina.
Primeiro dia de vivência (11/01/2016)
Pela manhã ocorreu o primeiro encontro de todos os integrantes da 3° edição do versus Tocantins:
comissão organizadora, facilitadores e viventes. Durante esse encontro a comissão organizadora
preparou uma atividade interativa para a apresentação de cada participante, tendo sido uma
excelente estratégia para o entrosamento dos viventes.
Para realizarmos as visitas, a comissão organizadora dividiu os participantes em 5 grupos, sendo
cada grupo composto por 1 facilitador e 5 viventes. Cada grupo foi intitulado pelo nome de tribos
indígenas típicas do Tocantins, sendo elas: Xerente, Apinajé, krahô, Javaé e Xambioá.
Concomitante a isso, também foi feita uma divisão em 3 grupos maiores, de 10 participantes cada,
que foram remanejados dos 5 grupos menores. Esses três grandes grupos receberam o nome de:
Ypê branco, Ypê amarelo e Ypê rosa. Desta forma, as visitas aconteceram de maneira organizada
e bem dinâmica.
Nossa primeira vivência se deu no período da tarde do dia 11 de janeiro de 2016. Nós do grupo
Ypê branco visitamos o Centro de Referência em Fisioterapia da Região Sul ( CREFISul).
Inaugurado em meados de maio de 2015, o local atende pacientes encaminhados, realizando
principalmente serviços de fisioterapia traumato/ ortopédica e neurológica. O Centro de
Referência conta com uma equipe de 15 fisioterapeutas e 1 educador físico que realiza um
trabalho de educação e recuperação física durante e pós tratamento fisioterapêutico. O
atendimento é realizado em três turnos que compreendem das 7:00 da manhã até as 22:00 da noite.
Existe também a hidroterapia como serviço disponível, contendo piscina aquecida nas instalações
do Centro. Uma fisioterapeuta da equipe nos relatou sobre o projeto de hidroterapia com
gestantes que é feito no local. Uma inciativa dos próprios profissionais do Centro. Pudemos
perceber a excelente estrutura do local, que possui instalações novas, espaço adequado para o
tratamento dos pacientes, equipamentos e aparelhos de qualidade. O atendimento é feito por
agendamento, com cada paciente no seu horário marcado. Assim, não há demora no atendimento
e o tempo de tratamento vai de acordo com a evolução do quadro de cada paciente.
A fila de espera atual dos pacientes encaminhados para o CREFISul e que aguardam pelo serviço
é de cerca de 400 pessoas. Apesar do número elevado, um fisioterapeuta nos informou que nos
últimos meses do ano de 2015 a equipe conseguiu uma redução no número da lista de espera
entorno de 1000 pacientes. Até agosto de 2015, o centro de fisioterapia dispunha de um transporte
comunitário para pacientes com dificuldades de se locomoverem até o CREFISul. Entretanto, em
virtude de um acidente e por falta de concerto, o veículo se encontra indisponível no momento, o
que segundo nos foi informado tem contribuído para o aumento da desistência do tratamento por
parte dos usuários.
Durante a noite tivemos uma palestra e roda de conversa com a professora e enfermeira Kelly
Cristina. Durante a conversa foram ressaltados os percalços e as dificuldades vivenciadas dentro
do sistema público de saúde brasileiro, bem como os possíveis fatores que levam à existência
desses problemas. Dentre os que foram falados podemos citar alguns como a corrupção; a má
gestão; falha no sistema educacional brasileiro e a questão histórico- cultural do Brasil. Em
contrapartida, também foi relatado que, embora haja esses entraves, existem serviços de boa
qualidade disponíveis no SUS( Sistema Único de Saúde) e que muitas vezes esses serviços não
são encontrados nem mesmo nos melhores planos de saúde privados. Ainda tivemos durante essa
reunião um momento disponível para cada vivente relatar sobre as percepções e experiências do
primeiro dia de vivencia. Nessa primeira roda de conversa, quase que em unanimidade, nós
viventes relatamos que ficamos surpreendidos positivamente com os locais visitados até então.
Pela estrutura, pelos profissionais e pelo trabalho realizado.
No segundo dia de vivência (12/01/2016), visitamos pela manhã a UBS (unidade básica de
saúde) do Aureny 3, Laurides de Milhomem. Fomos recebidos pela enfermeira residente Camila,
que nos mostrou todo o funcionamento da unidade. De forma explicativa e bem detalhada, a
enfermeira nos levou por todas as estruturas da unidade, e nos relatou como é feito o trabalho no
local. A UBS é a porta de entrada do SUS, sendo pertencente a Atenção Primaria à saúde. A
demanda é espontânea e os pacientes que utilizam do serviço são, em sua maioria, SUS
dependentes. Há uma grande necessidade de melhora, inclusive nas instalações da unidade.
Segundo nos disse a enfermeira e como pudemos perceber também, o espaço é limitado e
insuficiente para atender as necessidades dos serviços. Como por exemplo, para a coleta do
preventivo. As salas disponíveis são apertadas, além de não possuírem banheiros para que as
pacientes possam se trocar, o que lhes causam extremo constrangimento.
Existe também a dificuldade enfrentada em relação a forma como os recepcionistas da unidade
organizam a ordem de atendimento dos pacientes. O sistema de senha utilizado ainda é manual
o que dificulta a ordem de chamada, pois esta é feita por meio da fala do recepcionista. Devido
ao grande número de pacientes, muitas vezes o recepcionista não consegue ser ouvido e acaba
tendo que gritar para ser entendido, o que gera desordem e falhas no processo de atendimento.
Além disso, apesar de haver uma capacitação, falta preparo adequado para que os recepcionistas
saibam discernir qual a necessidade de cada paciente e para qual profissional deve ser
encaminhado.
No período vespertino visitamos a Policlínica da 303 Norte. A policlínica é um centro de
especialidades e atende somente pacientes que são encaminhados por outros profissionais da rede
em especial das UBSs . Compreendem médicos especialistas nas aéreas de ginecologia,
neurologia, ortopedia, além de uma equipe de enfermeiros,um psicologo e uma nutricionista.
Ao contrário da unidade de saúde que visitamos pela manhã, não fomos bem recepcionados pela
enfermeira da policlínica que nos atendeu. Demonstrou desinteresse em nos relatar sobre o
funcionamento da policlínica e sobre os profissionais que trabalham no local. Por outro lado, um
fisioterapeuta que atua na policlínica foi bastante receptivo conosco e nos falou um pouco sobre
seu trabalho e sobre as dificuldades enfrentadas no local. Ele nos relatou sobre a falta de
equipamentos adequados para a realização da fisioterapia com os pacientes e o espaço inadequado
que impossibilita muitas atividades. Todavia, é uma situação provisória pois está sendo construído
um novo centro de fisioterapia para atender a região norte da cidade. Conversamos também com
um psicólogo que trabalha ali, e este também foi muito atencioso com o nosso grupo. Falou sobre
seu trabalho e também nos relatou sobre a falta de instrumentos imprescindíveis para o
diagnóstico e tratamento dos pacientes, sendo este um entrave para que a policlínica ofereça um
atendimento adequado para pacientes com necessidades de tratamento psicológico.
Conversamos um pouco também com a nutricionista do local, mas esta parecia conhecer pouco
sobre o funcionamento da policlínica e ainda demonstrou não ter conhecimento adequado sobre
sua própria função e atuação no serviço que lhe é de competência. De forma rápida também
falamos com uma ginecologista que estava encerrando o seu turno e pouco nos falou sobre seu
trabalho ali.
O mais surpreendente da visita foi o fato de que nossas dúvidas e questionamentos sobre o local
foram melhor sanadas por dois estagiários da policlínica. Um era graduando em educação física
e outra era graduanda em nutrição. Ambos pareciam mais inteirados dos serviços e funcionamento
do local, do que qualquer outro profissional ali presente. Além disso notamos que não há
entrosamento entre os profissionais que trabalham no local, sendo que cada um se restringe atuar
na sua área e exercer aquilo que lhe é de sua incumbência.
Como todas as outras noites, fizemos a roda de conversa e discutimos sobre a vivencia diária de
cada grupo e de cada vivente em particular. Nessa noite, diferente da anterior, já pudemos
perceber e conhecer mais sobre as necessidades e dificuldades enfrentadas pelos profissionais e
usuários do Sistema Único de Saúde. Além do que, percebemos também que um profissional
engajado no seu trabalho, apesar dos obstáculos e percalços existentes no sistema faz toda a
diferença no trabalho e serviço oferecido à população. Da mesma maneira, a gestão local é
responsável, em grande parte, pelo bom funcionamento do local, não podendo aqui eximir ou
diminuir a responsabilidade dos gestores governamentais de atenderem as demandas solicitadas
pelos coordenadores e diretores locais, que muitas vezes não são atendidos na sua integralidade.
Isso acaba por prejudicar o bom funcionamento das unidades de saúde, deixando de oferecer um
tratamento de qualidade para os usuários.
No terceiro dia de vivência (13/ 01/2016) visitamos pela manhã o NASF ( Núcleo de Apoio à
Saúde da Família) da região central. O NASF realiza um apoio matricial de suporte especializado,
fazendo uma articulação entre as unidades básica e as unidades com níveis de maior
complexidade. Fomos recepcionados por duas piscólogas residentes que nos falou sobre o
trabalho especifico que o NASF realiza quando é solicitado, e com muita propriedade nos relatou
sobre a criação do NASF e sua importância. Pelo tempo limitado disponível, não foi possível
abordar todos os assuntos que elas haviam preparado para nos mostrar. Entretanto, a visita foi de
grande valia para o nosso aprendizado e experiência.
Em seguida, a convite do governador do estado do Tocantins, Marcelo Miranda ,fomos ao palácio
para uma conversa franca com ele. Falamos sobre a nossa experiência adquirida na vivencia e
a percepção que tivemos do SUS oferecido à população palmense. Foram destacados pontos
positivos e negativos que observamos durante as nossas visitas, foram elogiados alguns serviços,
mas em contrapartida houve críticas construtivas sobre a necessidade de haver melhora no serviço
prestado pelo sistema público em diversos aspectos. Outro ponto que foi falado e que vale ser
destacado foi sobre a carência e desestrutura do SUS nos municípios do interior. Apesar de nossa
vivencia não incluir a visita a esse municípios, já é conhecida essa triste realidade que precisa ser
mudada.
Durante a tarde visitamos o CAS (Complexo de Atenção a Saúde ) de Taquaralto. O CAS tem um
funcionamento semelhante ao das policlínicas, pois também é um centro de especialidades
medicas. Além do que o atendimento aos pacientes também é através de encaminhamento de
outros profissionais. Ao chegar no CAS fomos recebidos pela enfermeira residente Thaise que
nos recepcionou gentilmente e nos falou com se dá o funcionamento do local. No dia da visita,
quase não havia agendamento de atendimento no local, em virtude disso, o CAS estava bastante
tranquilo, sem muita movimentação. Por isso, a enfermeira Thaise pode nos falar detalhadamente
sobre o trabalho no local. A unidade contém consultórios de ginecologia, pediatria, ortopedia
entre outros. No local também há um centro cirúrgico, mas é bem simples sem muitos
instrumentos e aparelhos .Pois segundo nos informou a enfermeira, são realizadas ali apenas
cirurgias de pequeno porte e pequenos procedimentos.
Quarto dia de vivência –
Pela manhã visitamos o DSEI( Distrito Sanitário Especial Indígena) Tivemos uma palestra com
a coordenadora do local sobre a função que o DSEI desempenha em relação ao cuidado e a saúde
dos indígenas. Foi uma visita rápida e apenas foi nos mostrado a teoricamente o trabalho
desempenhado pelos profissionais que atuam ali. |
Visitamos também a ocupação Capadócia. Localizada no Jardim Taquari é uma invasão
populacional dentro do município de Palmas. Ali encontramos situações extremamente precárias,
e conversamos um pouco com alguns moradores.
Totalmente desassistidos, esses moradores não possuem acesso a saneamento básico, o esgoto é
a céu aberto, a energia elétrica e a água foram instaladas pelos próprios moradores de forma
irregular, a fiação é precária e corre riscos de provocar sérios acidentes. As casas são
improvisadas, feitas de pedaços de papelão, placas de metal, lonas. O banheiro também é
improvisado do lado de fora das casas, a maioria descobertos e sem nenhum tipo higienização,
estão todos no piso de terra. Há um grande número de crianças no local e não há escolas para
atender essas famílias. Muitas crianças com idade escolar que moram ali, não frequentam nenhum
tipo de ensino. Conversamos com uma moradora que, paradoxalmente a realidade em que vive,
trabalha com educação em uma creche de Palmas. Ela nos relatou que antes de ir para a Capadócia
morava de aluguel em outro setor da cidade. Suas despesas eram maiores do que seu salário e por
isso não conseguia manter o sustento de seus três filhos. Hoje, segundo ela, apesar da situação em
quem vive, de condições precárias de saúde e saneamento, possui uma vida mais fácil, porque
não falta alimentação para os seus filhos e espera que um dia aquele pedaço de terra seja seu.
Essa visita foi um choque de realidade para os viventes, que apesar de saberem da existência de
lugares como esse em todo o país, vivem uma realidade totalmente diferente. A definição de saúde
segundo a OMS( Organizaçao Mundial de Saúde) é a do pleno estado de bem estar físico, mental
e social.Sendo nós futuros profissionais da saúde, precisamos ter um olhar para essas situações e
pessoas que carecem de serem assistidas em todos os aspectos que um ser humano necessita, para
que possam ter saúde na sua forma mais ampla e abrangente, como define a OMS.
Pela tarde, visitamos o serviço da Diretoria de Vigilância em Saúde que faz um trabalho de
vigilância epidemiológica. A recepção que os profissionais nos deram foi excelente e tivemos
uma ótima impressão do trabalho realizado ali. Encontramos profissionais extremamente
capacitados e engajados em seus serviços e descobrimos ali a imensa quantidade de dados e
assuntos importantes que são analisados para se ter informações uteis para a saúde e controle de
doenças.
A Vigilância Epidemiológica é dividida em departamentos de acordo com os assuntos analisados.
Conhecemos o departamento de Agravos por Causas Externas, Doenças transmissíveis não
vetoriais e Doenças transmissíveis vetoriais. Cada profissional da área nos falou um pouco do seu
trabalho e os dados mais recentes sobre cada tema. Tivemos ainda uma rápida palestra sobre a
PNSTT( Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora) aonde foi abordado sua
implantação e qual o seu papel dentro do SUS.
Após visitarmos a vigilância epidemiológica tivemos um encontro com o secretário de saúde,
que nos recebeu para uma conversa sobre o SUS de Palmas.
Quinto dia de vivência - Pela manhã visitamos o SAMU ( Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência), pudemos vivenciar ali um pouco do serviço de urgência. Fomos recebidos por uma
condutora que trabalha ali a mais de 10 anos que nos falou sobre o funcionamento do local e sobre
o serviço prestado a comunidade. Acompanhamos por alguns minutos as chamadas telefônicas na
sala de atendimento. Conhecemos uma ambulância de suporte avançado, sua estrutura e equipe e
presenciamos uma saída para atendimento de uma idosa que infelizmente veio a óbito antes da
chegada do SAMU.
A tarde visitamos o Hospital Público Infantil de Palmas. Com o auxílio e orientação de uma
profissional de enfermagem que trabalha no hospital há alguns anos, pudemos conhecer a
realidade do local, bem como sua demanda e suas necessidades.
Segundo nos foi informado o hospital atende os 139 municípios do Estado do Tocantins além de
receber pacientes de Estados circunvizinhos. Percorremos todas as instalações do hospital, desde
a recepção até as enfermarias e aéreas de isolamento.
Durante a visita encontramos situações inadequadas para um bom ambiente de trabalho e para o
atendimento adequado aos pacientes. A estrutura física do local não é suficiente para atender toda
a demanda que o hospital comporta. Espaços apertados, como por exemplo, as alas de enfermaria
que acomodam poucos leitos. Reflexo disso, é a presença de macas nos corredores, situação que
se torna mais crítica pela ausência de verba destinada a essas macas especificamente.
Segundo nos foi dito, o valor da verba repassada ao hospital é orçado com base no número de
leitos registrados. Tendo em vista que, apenas os leitos que estão dentro das enfermarias possuem
registro, as macas dos corredores se tornam “inexistentes” no registro oficial, de maneira que o
hospital acaba por ficar com um déficit no seu orçamento de gastos. O que prejudica o
atendimento a esses pacientes e dificulta o trabalho dos profissionais, pela ausência de recursos
disponíveis.
Faltam salas de descanso para a maioria dos funcionários, os quais acabam por improvisar algum
espaço para repousarem durante os horários de descanso.
Devido à ausência de uma sala para reuniões, foram improvisados 2 contêineres no pátio interno
do hospital para esses fins e, vale ressaltar, o espaço é pequeno e inadequado para essas
atividades.
Ainda no pátio interno percebemos a necessidade de uma reforma do local para melhor atender
não só os profissionais que possuem uma extrema sobrecarga de trabalho, mas também os
pacientes e seu familiares. Durante a visita, havia algumas mães que saíram das enfermarias para
amamentarem seus filhos e para mudarem de ambiente por alguns instantes. Elas haviam se
acomodado em uma parte do pátio. Nesse local, o único com alguma tipo de cobertura do sol,
havia apenas algumas cadeiras e nada mais. O hospital não dispõe de nenhum ambiente propício
para momentos como esse , apesar do espaço disponível do terreno ser consideravelmente
suficiente.
Também visitamos os diferentes departamentos do hospital, tendo um em particular chamado
atenção pelo seu papel fundamental na recuperação das crianças, o departamento de
Humanização. Esse departamento realiza, com a participação de voluntários, apresentações e
animações lúdicas para os pacientes internados, além de eventos em datas comemorativas, como,
por exemplo, no dia das crianças. Esse departamento equipou uma sala do hospital, que foi
personalizada com decoração infantil, brinquedos, livros infantis, para proporcionar um ambiente
diferente do hospitalar, sendo um momento de lazer e descontração para esses pacientes.
Em suma, a visita ao Hospital Infantil nos mostrou um pouco da realidade local, que embora
tenha pontos positivos, ainda em muitos aspectos está aquém daquilo que é preconizado e
necessário para se oferecer serviço de qualidade à população e um ambiente de trabalho adequado
para os profissionais da saúde.
No sexto dia foi feita uma visita pela manhã ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem
Terra). Eles nao possuem tratamento de agua e esgoto e estão completamente desassistidos pelo
SUS. A situação é bastante precária.
Pela tarde o local visitado foi a aldeia da tribo Xerente localizada em Tocantínia. Houve a
oportunidade de conversar com o líder da aldeia, que informou sobre as deficiências da atenção à
saúde prestada aos indígenas. Existe um unidade de saúde no local, mas falta profissionais,
equipamentos e matérias para atender a população local. Por isso o atendimento fica
comprometido, e quase não há assistência por parte do DSEI como deveria e como é divulgado
pelo departamento.
O sétimo dia foi o encerramento da vivência. Nesse dia o pessoal foi a Taquaruçu, na cachoeira
do Roncador para um momento de lazer e descanso, depois de 6 dias intensos de programação. À
noite fizemos a revelação do anjo, brincadeira que começou no início das vivências. Cada
participante ficou responsável por cuidar de outro durante toda a vivência, sem que o protegido
soubesse. Somente nesse dia foi revelada a identidade de cada anjo. Foi um momento de
descontração e de muitas emoções. Ao final todos nós estávamos pesarosos pelo fim das
vivências, e cada um teve a oportunidade de deixar seu relato sobre o que foi o VERSUS para sua
vida. Como disse em outro momento, volto a escrever aqui. Participar do VERSUS- Tocantins
foi uma experiência enriquecedora, aprendi e compreendi mais sobre o nosso sistema público de
saúde e, percebi que ele é muito mais amplo do que eu poderia imaginar. Pude perceber também
a importância do trabalho interdisciplinar e multiprofissional para oferecer um atendimento e
tratamento de qualidade para os usuários, além da necessidade de se ter uma gestão local e
regional com eficiência para gerir, para que as unidades tenham serviços de qualidade para a
população.
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