Relatório Final Vivências VER-SUS Oeste O VER-SUS é um estágio de vivência que permite ao acadêmico experimentar um novo espaço de aprendizado, conhecer o trabalho das organizações de saúde, entender como funciona o desenvolvimento das lutas dos setores do campo da saúde; possibilitando a formação de profissionais com olhar crítico reflexivo, que lutem pelo pleno funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS), por um atendimento integral de qualidade, comprometido para com as necessidades de saúde da população. Com o intuito de mudança essa iniciativa aliada ao fortalecimento e ampliação dos processos de mudança durante a graduação visa ampliar o conhecimento e uma troca de experiências. A uma grande necessidade no cenário atual de construir novos compromissos entre as instituições de ensino, serviços e movimentos sociais, busca-se através dessa vivência por em prática o tripé pedagógico universitário de ensino, pesquisa e extensão por meio de mudanças na atuação das práticas condizentes a saúde. A vivência citada possibilitou aprimorar conhecimentos já adquiridos durante a graduação e aprendizado de muitos outros novos, conhecer os princípios e diretrizes do SUS, seu funcionamento, uma rica troca de experiências entre os viventes, por meio de discussões sobre situações problema e estratégias de soluções possíveis com a visão de equipe multiprofissional. A atenção básica é um emaranhado de ações de saúde, tanto no âmbito individual quanto no coletivo, abrangendo a promoção e a proteção da saúde e de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte na situação de saúde e autonomia das pessoas e nos determinantes e condicionantes de saúde das coletividades. É desenvolvida por meio do exercício de práticas de cuidado e gestão, democráticas e participativas, sob forma de trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios definidos, pelas quais assume a responsabilidade sanitária, considerando a dinamicidade existente no território em que vivem essas populações. Utiliza tecnologias de cuidado complexas e variadas que devem auxiliar no manejo das demandas e necessidades de saúde de maior frequência e relevância em seu território, observando critérios de risco, vulnerabilidade, resiliência e o imperativo ético de que toda demanda, necessidade de saúde ou sofrimento deve ser acolhida. Vivências: No dia 29/07/2014 pelo período matutino tivemos a oportunidade de conhecer a Aldeia Condá, localizada no interior do município de Chapecó, a mesma atualmente conta com 192 famílias. Os moradores aparentemente são bem unidos e seguem suas leis. A unidade básica de saúde, conta com uma população aproximada de 800 pessoas, tem três micros áreas, com um médico 20 horas, três ACS, um enfermeiro, dois técnicos, um auxiliar de dentista e uma dentista. A unidade é composta por 1 recepção, onde é realizada a triagem, 1 consultório odontológico, 1 farmácia, 1 consultório médico, 1 pequena sala para agente comunitário de saúde. Podendo ser visível a falta de um local de espera, para que as pessoas tenham um espaço para esperar pelo atendimento. A um local socioeducativo, que é muito importante para que os mesmos tenham um espaço para ter um aprendizado da cultura no contra turno do período da aula, cerca de 65 alunos participam e os mesmos ganham a alimentação no período que ficam no centro. Pode-se perceber que a uma relação bem próxima entre a saúde e a educação. Há presença de acumulo de lixos espalhados na comunidade, o que nos faz refletir se é algo cultural, se é falta de planejamento de coleta, ou consciência ambiental. Eles apresentam uma peculiaridade de um sistema de saúde um pouco diferente, a questão de encaminhamento é diferente, os mesmos quando precisam de serviços da média e alta complexidade são agendados diretamente pelo setor de agendamentos e encaminhamentos da secretária municipal de saúde do município, porém nos foi relatado a dificuldade quando são encaminhados para s serviços de internação que não existe a entrada direta ao setor de internação mesmo havendo referencia do médico da aldeia, eles devem passar pela consulta do pronto atendimento antes. Indagando-nos sobre os serviços de referencia pois possui uma atenção básica pela SESAI e quando são encaminhados para outros serviços não seguem o fluxo preconizado para as demais ESF, UBS, nesse processo fica falho a contra referência. Dia 29/07 a tarde foi realizado uma visita a Clinica Renal de Chapecó que é primeiramente particular, mas é conveniada com o SUS. A mesma apresenta uma equipe multiprofissional bem estruturada, contando, com psicóloga, nutricionista, técnicas de enfermagem, enfermeira, médico, com a presença de uma estrutura física bem estruturada, onde a enfermeira compara e descreve que os protocolos seguidos são internacionais. Cria-se um vinculo com os usuários provenientes de 14 municípios do oeste, sendo 176 usuários realizando hemodiálise três vezes por semana atualmente, todos pelo SUS. O custo de cada procedimento é elevado comparado ao que se gastaria se investido em prevenção e promoção de saúde. Realizam visita domiciliar, e os moradores de Chapecó são buscados em casa e levados após o procedimento por profissionais motoristas da clinica. Destaca-se a prestação de serviços da clinica com os serviços hospitalares do município. O individuo é visto de forma integral, tratado de forma humanizada, com prestação de serviços e encaminhamentos para exames de rastreamento precoce de doenças. Por ser um serviço particular, conveniado com o SUS o mesmo aderiu as politicas de saúde do sistema único de saúde. Identificamos que a gestão desse serviço apresenta resolutividade e investe em plano de careira dos profissionais, infraestrutura e tecnologia. No qual resulta em uma boa assistência, e qualidade no atendimento. Dia 30 de julho de 2014, no período da manhã visitamos a Casa de Passagem de Chapecó, que atende três públicos: moradores de rua, pacientes oncológicos e migrantes, tendo capacidade de 90 leitos. A Casa está ligada à Igreja Católica e conveniada ao SUS. A equipe profissional é composta por psicóloga, coordenadora, enfermeira, assistente social, duas cuidadoras, duas cozinheiras e dois seguranças. É considerado um serviço de alta complexidade, por ser 24hs e estar aberto nos finais de semana. Há o serviço de abordagem social, com o intuito de levar as pessoas para a instituição. A referência deles é a Unidade de Saúde do território da Casa (são encaminhados para a Unidade mais próxima à instituição, por motivos ambulatoriais – questiona-se a criação de vínculo, a promoção e prevenção à saúde á essa população.). A equipe multiprofissional faz relação com o CAPS e a Rede do SUS. Nesse processo, segundo a enfermeira, a referência é efetiva, mas a contra-referência não. Percebe-se que por o serviço não ser assumido pela Secretaria de Saúde, as questões básicas de saúde, como higiene e alimentação são deficitárias. Seria necessário ter um serviço de saúde que assiste essa população, pois esta é um serviço de assistência social. No período da manhã também foi visitado o Centro de Convivência do Idoso (CCI) que atende 16 internos acima de 60 anos. A equipe profissional é composta por educador físico, nutricionista, psicólogo, assistente social e cuidadores, ao todo com 25 profissionais divididos em turnos. O atendimento médico é pontual no CCI. A nutricionista dá suporte e faz avaliação dos internos, preparando o cardápio de acordo com a dieta dos idosos. A psicóloga faz atendimento individual. A assistente social faz dinâmicas grupais. A referência para as consultas é a Unidade de Saúde do território do CCI. Não foram relatadas atividades realizadas com os idosos. Percebemos que não há investimentos no envelhecimento ativo. No período da tarde participamos de uma Reunião do Conselho Municipal de Saúde, na Prefeitura Municipal de Chapecó, onde identificamos a participação dos três segmentos (usuários, prestadores de serviço e profissionais de saúde). Iniciou com a leitura dos conselheiros que estão aptos para votar. Posteriormente, discutiu-se 10 pautas na quais todas tiveram seus encaminhamentos deliberados. Foi realizada a alteração da data para oportunizar o projeto Ver-SUS a participar da Reunião. Também houve a apresentação do projeto para o Conselho. Na ocasião, um conselheiro relatou a importância dos estudantes conhecerem o SUS para trabalhar futuramente no Sistema. Destacamos que, segundo a presidente do Conselho, a participação dos conselheiros é pouca, sendo uma reunião mensal, com adequação de horários votada por eles. Percebemos que é um Conselho que dá voz e vez para todos que estão presentes.A secretária de Saúde não estava presente na Reunião. Identificamos a existências das comissões permanentes, na qual prestam contas do seu serviço. Dia 31 de julho de 2014 visitamos a Estratégia Saúde da Família Santa Terezinha, de Xaxim. A equipe básica é composta por uma enfermeira, auxiliar de enfermagem, médico, dentista e auxiliar de dentista. Também há psicóloga, assistente social, nutricionista, farmacêutica, fonoaudióloga, que são profissionais da Secretaria Municipal de Saúde, com cumprimento de menor carga horária no local. Possui estrutura física ampla, com muitas salas, mas percebemos uma má distribuição do espaço, que não corresponde com a NR 22. Tem a nomenclatura de ESF, mas a nosso ver, atua como UBS, pois foi relatado que o trabalho dos profissionais se limita ao atendimento clínico. Não há atividades de grupo de promoção de saúde e prevenção de doença no momento, relatado pelos próprios profissionais, que também não conseguem manter estas atividades. Dispõe de estratégias de informação à comunidade, como informar os horários de reuniões do Conselho Local, a categoria e carga horária dos profissionais disponíveis na Unidade. Percebe-se o desencantamento de alguns profissionais. Refletimos que é necessária uma equipe multiprofissional unida para que se tenha maior resolutividade e eficácia. Pela manhã, também visitamos o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) de Xaxim. É constituído por duas psicólogas, uma terapeuta ocupacional, uma assistente social, uma enfermeira, uma psiquiatra, médico clínico e com apoio da equipe do NASF. Atende usuários de transtornos mentais moderados e graves, sendo que os leves são atendidos pela Unidade de Saúde da Família. O Ministério preconiza que o local tenha aspecto de ‘casa’ para que o paciente se sinta acolhido, e o Centro está adequado á esta normativa. Atendem em média 400 pessoas, o que representa 1,6% da população, entre dependentes químicos, transtornos mentais adultos e infantis. O tratamento de alguns usuários é assistido de forma diária ou semanalmente, classificado com grau de necessidade do paciente. A equipe profissional atua de forma multiprofissional, garantindo desde o atendimento multiprofissional, com reuniões da equipe, discutindo os casos, tornando a assistência qualificada e prazerosa. A equipe também atua de forma integral e universal, garantindo a transversalidade do atendimento. A referência existe em serviços (atenção básica e internação psiquiátrica – como última instância) e os profissionais estão preocupados em realizar a contra-referência aos serviços que encaminham os pacientes. Há um grupo de prevenção de recaídas, quando são reencaminhados ao CAPS. Há a psicoeducação com estratégias de pintura, artesanato, horta, grupos de conversa. Os profissionais são capacitados para fazer contenção em pacientes em casos de surtos. À tarde, foi visitado o Lar dos Idosos de Xanxerê. É uma instituição privada que se mantém com doações e o benefício dos idosos que são provenientes de vários municípios da região (oriundos por via judicial). A administradora nos relatou que passam por dificuldades financeiras para manter a instituição e dar o mínimo de dignidade e qualidade de vida para os idosos. A instituição procurou parcerias, mas não existe parceria com prefeituras da região. A instituição oferece uma estrutura ampla, com acessibilidade (contendo barras de segurança), onde dispõe de 27 leitos, divididos em dois ou três leitos por quarto. Identificamos o quanto é importante planejar o local para o qual ele é destinado. Percebemos um ambiente familiar e aconchegante, com atendimento humanizado. Alguns idosos relatam que consideram o local como uma casa, um lar. Outros tem o desejo de sair da instituição, devido á vontade de voltar para sua casa. Alguns idosos relatam que tem depressão por causa do abandono da família. O SUS precisa começar a criar estratégias com finalidade de acolher o idoso abandonado. Segundo a administradora, o Estatuto do Idoso é bonito no papel, mas não dá garantias ao idoso. Só existe o serviço dos profissionais de saúde porque estes são voluntários (dentista, médico, fisioterapeuta). Com isso, questiona-se qual é o apoio do Sistema Único de Saúde á estas instituições. Percebemos o encantamento dos profissionais no atendimento aos idosos, e do médico, dentista e fisioterapeuta pela realização do trabalho voluntário. Há a importância do Sistema Único de Saúde investir na educação continuada dos profissionais para se especializarem na geriatria e gerontologia (administradora e médico realizam tais especializações). Dia 01/08 pelo período matutino visitamos o Hospital regional do Oeste, conhecemos a funcionamento. parte estrutural, sua constituição profissional e seu O mesmo conta com 274 leitos, 942 funcionários, é administrado pela associação Lenoir Vargas Ferreira, mas 92% do atendimento de todo o hospital é conveniada ao SUS. Para manter o titulo de hospital amigo da criança realizam cursos para reciclagem e, além disso, oferecem metodologias ativas, cursos para todos os profissionais promovendo a educação permanente. É referencia para 125 municípios, principalmente nos setores de Oncologia, Neurologia, Radioterapia, Obstetrícia e os transplantes de rins e córneas. Segundo a responsável pelos recursos humanos não há plano de carreira, cargos e salários. A mesma relata a recente implantação, do protocolo de Manchester que trabalha com categorias de risco, com classificação para atendimentos de emergência, muita urgência, urgente, pouca urgência, não urgente. Realizamos visitamos 4 setores: Oncologia, internação, neurologia, e pronto socorro. No setor do pronto socorro foi relatada a implantação do protocolo de Manchester que hoje completava 31 dias, segundo o enfermeiro coordenador o protocolo estava sendo bem aceito pela população e foi realizada a capacitação com todos os profissionais para que trabalhem com o protocolo. Na Neurologia a enfermeira relata gostar da área, porém enfrenta dificuldade por falta da capacitação dos profissionais, também relata a não implantação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE). NO setor da Oncologia a enfermeira ressalta a falta de leitos perante a demanda, porém está sendo construído um novo prédio, com previsão de mais 48 leitos, há 100% de ocupação dos leitos no momento, também apresenta dificuldade no quadro de funcionários, tem uma nutricionista exclusiva, a coordenadora da unidade relata gostar muito da área e por isso percebemos seu encantamento. Na Internação a coordenadora relata que a porta de entrada é igual tanto dos usuários do SUS quanto Particulares, e sobre a importância do atendimento diferenciado a gestantes garantindo ao hospital o titulo de hospital amigo da criança. As coordenadoras de todos os setores relatam que o serviço de apoio está presente sempre que necessário (fisioterapeuta, psicóloga, nutricionista, assistente social). Pode-se perceber como os coordenadores dos setores gostam de trabalhar na sua área especifica, mas relatam a falta de profissionais capacitados, e o cansaço pelo excesso de horas extras e sobre carga de trabalho. À tarde visitamos o Ambulatório de Lesões de Pele, em Chapecó. Constituído por uma enfermeira e cinco técnicas de enfermagem, dois médicos vasculares, uma clínica vascular, um dermatologista e um cirurgião plástico. Tem objetivo de fazer curativos na qual a Unidade Básica, ortopedia e oncologia encaminha o paciente, que tem lesões abertas. Não há fila de espera e nos casos onde os usuários não tem como se locomover até o laboratório, é realizado uma visita domiciliar pelo projeto Melhor em Casa, tiram fotos dos ferimentos e enviam para o Ambulatório, onde é avaliado pela enfermeira o tipo de curativo adequado. Apresenta dois turnos de 6 horas, há atendimentos, diariamente, semanalmente e mensalmente, tendo a média de 200 pacientes fixos, todos os atendimentos são feitos com agendamentos, exceto as queimaduras, pois quanto antes o atendimento melhor a resolutividade. Somente a população de Chapecó é atendida. E os atendimentos nos finais de semana são agendados e realizados na unidade de pronto atendimento (UPA). Os pacientes assinam um termo de compromisso que só vão usar os materiais oferecidos pelo ambulatório. A técnica que nos recebeu comentou que alguns dos materiais utilizados eram ultrapassados e outros bem atualizados. Sendo ainda relatado que quando chega o segundo semestre, começa a faltar o material utilizado, mas a principal fragilidade é a falta de uma equipe multiprofissional, pois segundo ela muitas vezes a conversa é mais eficiente que o procedimento. Com isso seria um atendimento mais humanizado se pudessem atender a família juntamente com o paciente. Percebemos que o processo de referência e contra-referência, se dá por um sistema de informação, que consequentemente facilita o acesso dos profissionais aos prontuários e histórico do paciente no SUS. Ainda na tarde do dia 01/08 visitamos a Central de referência em saúde municipal (CREM) e a Clinica do Homem, o mesmo é um serviço de média complexidade, e o horário de atendimento e das 7 às 22 horas, localizados no mesmo espaço físico. É constituída por uma equipe profissionais da enfermagem, médicos: urologista, dermatologista, cardiologista, ortopedista, otorrinolaringologista, e apoio de nutricionista e psicóloga. Os pacientes vêm sempre encaminhados da unidade de saúde e a consulta é agendada na central de referencia, antigamente este local tinha pronto atendimento e atualmente é encaminhado para uma UPA. A referência e contra-referência funciona devido ao sistema de informação que facilita o acesso dos profissionais ao prontuário eletrônico e o histórico dos pacientes. A estrutura apresenta deficiência por ter ambientes fechados, escuros e de difícil acesso, não contém expurgo e a sala de esterilização é bem precária. Grande parte dos profissionais do centro de especialidades trabalha em outro serviço de saúde e por consequência disso ocorrem atraso e adiamento das consultas agendadas. Foi relatado que a uma grande demanda de atendimento no período noturno. Referente a clinica do homem, na entrada do local está exposta uma placa com essa nomenclatura, percebe-se que a pela fala dos profissionais que existe essa placa, pelo fato de ter o urologista e pelo repasse de verbas presente. Diante disso refletimos que a saúde do homem não é vista de forma integral, se restringe somente ao urologista. Ao final se espera das vivências que todos os viventes sejam profissionais com uma visão ampla e crítica visando o auge de capacidade e qualidade do SUS, tornando-se futuros trabalhadores “apaixonados” pela luta em prol do melhor pelo SUS, que a disseminação do conteúdo e das experiências seja efetuada pelos viventes em suas respectivas universidades. Apesar de todas as dificuldades e problemáticas mostradas pela mídia e criticadas pelos usuários, pudemos perceber nas vivências exemplos de equipes multiprofissionais unidas e humanizadas.