Inclusão, bidocência, ensino colaborativo: quem ganha com isso? Carla Cordeiro Marçal y Guthierrez/UERJ/UNESA1 Claudia Hernandez Barreiros Sonco/UERJ2 Crizan Sasson Corrêa de Oliveira/UERJ3 Eixo temático: 20. Práticas de inclusão escolar na educação básica. Categoria: Relatos de experiências Resumo Nesse trabalho, relatamos uma experiência de bidocência numa proposta de ensino colaborativo. Trata-se da inclusão de um menino de seis anos com autismo numa turma de primeiro ano do ensino fundamental numa escola pública reconhecida como de excelência no segundo ano em que foi implantado o sistema de cotas sociais no sorteio para ingresso nesse ano de escolaridade. No processo de ensino colaborativo, nós, professoras procuramos não apenas incluir o aluno como um ser que estaria “fora do sistema” e precisaria ser recebido num grupo através da mediação permanente de um único docente. Buscamos desenvolver nosso trabalho pedagógico entendendo que todos na classe são diferentes e têm o direito à diferença. Compreendemos ainda que nós, professoras, exercemos nossa docência com uma turma, em que todos são igualmente alunos. Nesse processo, que se configura como de aprendizados múltiplos e conjuntos, outras crianças vão mostrando diferenças que exigem um olhar mais atencioso por parte das docentes em diferentes aspectos. Assim, sem abrir mão do direito da criança com autismo ao atendimento diferenciado, outras crianças foram sendo "incluídas" de diferentes maneiras nesse atendimento, seja na própria sala de aula do coletivo da turma, seja em outros espaços, com finalidades diversas, Professora Assistente do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira CAp/UERJ. Mestre em Educação. 2 Professora Adjunta do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira CAp/UERJ. Docente e coordenadora do PPGEB. Doutora em Educação. 3 Professora Assistente do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira CAp/UERJ. Mestre em Educação. 1 para viver experiências específicas que ajudem todas as crianças a sentiremse parte do grupo. Assim, nossa pergunta do título sobre quem ganha com a inclusão, vai sendo respondida: todos ganhamos! Palavras-chave: Educação Inclusiva; Ensino Colaborativo; Bidocência. Introdução Esse artigo tem como foco as experiências de uma prática pedagógica realizada no Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira da Universidade do Estado do Rio de Janeiro de ensino colaborativo na perspectiva da bidocência com uma turma de primeiro ano do ensino fundamental. Essa prática tem nos motivado e contribuído no processo de ensino aprendizagem de todos os alunos, sobretudo daqueles que têm necessidades educacionais especiais. A presença de dois professores em sala de aula potencializa os olhares sobre as diferenças, dificuldades e processos de aprendizagem nesse espaço. A composição da turma, seus sujeitos. A turma formou-se a partir de uma seleção por sorteio, num conjunto de três turmas de 1º ano na referida escola. Por princípio e norte de concepção de ensino da instituição, todas as turmas são compostas de modo que sejam igualmente heterogêneas. Assim, são definidos critérios como quantidade de meninos e meninas, quadrimestre de nascimento, região da cidade ou do Grande Rio de origem de cada uma... As cotas sociais são também igualmente distribuídas: igual número de filhos de docentes e técnicos da instituição, igual número de crianças oriundas de ampla concorrência, igual número de crianças negras, igual número de crianças incluídas... No caso da nossa turma, coube-nos, receber o Marcosi, um lindo menino com diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo. Uma de suas peculiaridades repousa no fato de que ele nunca havia frequentado uma escola regular. Antes, somente participava de atividades numa instituição de atendimento a crianças com deficiências tendo em seu grupo outras crianças com autismo. Na primeira semana, a professora responsável pelo Atendimento Educacional Especializado ainda não estava na escola, pois encontrava-se atendendo aos trâmites necessários para a posse após realizar concurso público. Desse modo, estavam com a turma apenas as duas professoras do núcleo comum (em dias alternados) e, especificamente para apoiar os primeiros dias de Marcos, dois bolsistas (estudantes de graduação, também em dias alternados). Optamos por ter conosco a mãe do menino para que ele pudesse, aos poucos, ir se identificando como membro do grupo e da instituição. Quando já contávamos com quase um mês de aula, após reduções gradativas no tempo de permanência dela na classe e na escola, enfim, Marcos ficou na escola sem a presença da mãe, o que significou um grande ganho de autonomia de ambos. A educação inclusiva. Segundo Rosana Glat (2010), a educação inclusiva vem sendo estabelecida como política pública, respaldada pela legislação a nível nacional, estadual e municipal desde meados da década de 1990. No entanto, o modelo educacional brasileiro possui muitos problemas e desafios, sobretudo devido a metodologias de ensino inadequadas, professores mal preparados, currículos fechados sem relação com as diversidades sócio-econômicas e culturais da população, dentre outros aspectos. Segundo a autora, para que uma escola se torne inclusiva é preciso transformar sua organização, sua estrutura, suas práticas pedagógicas e curriculares. Além de adequar seus espaços e recursos materiais e, sobretudo, capacitar seus professores para atender à diversidade dos alunos. Assim, mais que uma proposta educacional, a Educação Inclusiva pode ser considerada uma nova cultura escolar, ou seja, uma concepção de escola que visa ao desenvolvimento de todos os alunos. Concepções teóricas de desenvolvimento aprendizagem na perspectiva inclusiva... e ensino- Investimos na potência da perspectiva sociointeracionista e do conceito de zona de desenvolvimento proximal desenvolvido por Vigotsky em nosso trabalho como docentes, uma vez que ele nos leva a apostar em processos de aprendizagem colaborativos. Chaiklin (2011) afirma que há variadas interpretações desse conceito, embora Vigotsky mesmo tenha escrito pouco sobre ele. Desse modo, entende que é necessário analisar mais detidamente o papel desse conceito no projeto vigotskyano. Para ele : “o interesse de Vigotski era desenvolver uma base teórica para intervenções pedagógicas apropriadas que incluísse princípios para um possível agrupamento de ensino de crianças e a identificação de intervenções específicas para crianças individuais.” (CHAIKLIN, 2011: 667) Ele nos lembra que “quando Vigotski introduz o conceito de zona de desenvolvimento próximo em Pensamento e Linguagem, ele considera como um fato bem conhecido que ‘a criança é sempre capaz de fazer mais e resolver tarefas mais difíceis em colaboração, sob direção ou mediante algum tipo de auxílio do que independentemente’” (Vigotsky, 1987, p. 209 Apud CHAIKLIN, 2011:662) Assim, o autor argumenta pela necessidade de apropriação das caracterizações que Vigotsky faz do papel da imitação e da colaboração nos processos de aprendizagem. Vigotski utilizou o termo imitação para referir-se a situações nas quais uma criança é capaz de interagir com outros mais competentes em torno de determinadas tarefas que ela não seria capaz de realizar por si mesma, em razão de suas funções psicológicas ainda estarem em maturação. (CHAIKLIN, 2011: 668) Ao passo que a colaboração refere-se a qualquer situação em que se está proporcionando à criança alguma interação com outra pessoa relacionada a um problema a ser resolvido. (Cf. CHAIKLIN, 2011: 669) Ora, o que podemos considerar dessa concepção em uma perspectiva de Educação Inclusiva? Primeiramente é preciso compreender a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva que tem como objetivo assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, orientando aos sistemas de ensino para garantir acesso ao ensino regular com participação, aprendizagem e continuidade nos níveis mais elevados do ensino. Portanto, pensar Educação Inclusiva é pensar a diversidade e ter atenção às necessidades educacionais especiais de cada aluno. Assim, as concepções de desenvolvimento, ensino e aprendizagem numa perspectiva sociointeracionista, considerando a Educação Inclusiva, sugerem um processo colaborativo, um trabalho cooperativo, entre o professor da turma comum, o professor especializado, os estudantes, a equipe técnica e as famílias. É neste aspecto que propomos uma reflexão sobre a Educação Inclusiva em diálogo com a atuação coletiva de professores e estudantes em suas diferentes performances e diferenças, no fazer efetivamente em colaboração. Como implicações do estudo, discutimos a necessidade de perceber o direto à diferença que abrange a todas as crianças, redefinindo o papel do professor de ensino especial, do professor na classe comum e dos estudantes, para atuar prioritariamente na discussão de uma mudança de cultura que leve à compreensão de que todos, sejam quais forem suas diferenças, têm igual direito à educação e, portanto, ao acesso, apropriação, produção e socialização de conhecimentos valorizados pela cultura na qual está imersa com outras crianças de sua faixa etária O ensino colaborativo e a bidocência no contexto da turma e da educação inclusiva. A proposta da escola em questão para a educação inclusiva é o Ensino Colaborativo (EC), consistindo no desenvolvimento de uma parceria entre as docentes do Atendimento Educacional Especializado (AEE) e as das matérias escolares - no caso dos anos iniciais do EF, professoras do Núcleo Comum (NC) -, compartilhando regência, planejamento e avaliação no ensino. Assim, esperamos que um docente se responsabilize mais pelo currículo que deve (ou deveria) atender a todos, enquanto o do AEE por propostas de adequação curricular, flexibilização das atividades pedagógicas, recursos diferenciados e outras formas de garantir a promoção da aprendizagem da criança em processo de inclusão. É bem-vindo que a bidocência promovida pelo EC caminhe num sentido em que cada vez mais as ações sejam articuladas de modo que as atribuições iniciais passem a se entrelaçar na construção das aprendizagens e tal relação amplie as diferentes atuações, dado o envolvimento de ambos os docentes com o conjunto das ações e com cada criança. Na turma em questão, embora nós, professoras, tivéssemos essa inserção inicial distinta, com o desenvolvimento do trabalho junto às crianças, fomos nos envolvendo cada vez mais com o conjunto do trabalho e com cada criança em especial, fazendo com que nossas intervenções fossem ganhando de fato os contornos de uma bidocência. Nossa proposta, através desse relato de experiência, baseia-se na possibilidade de redimensionar as práticas escolares como espaço privilegiado de reflexão, estudo e formação. Pensar a prática em sala constitui conjecturar o contexto e as condições em que se desenvolvem os processos de aprendizagem. A complexidade de uma instituição escolar ressalta ainda mais a importância da troca de experiências entre os alunos, sobretudo como aprendizagem colaborativa. Entendemos a atuação colaborativa como um processo que permite mudanças de valores, no que tange o respeito às diferenças do grupo. Aproxima a colaboração do coletivo como um atendimento com grande potencial e recurso para a classe, uma vez que oportuniza a reflexão coletiva da turma, e ainda, aproxima os diferentes processos de aprendizagens de cada criança. Ainda que o processo de reflexão e discussão sobre a prática não seja suficiente para se obterem mudanças, ele é indispensável para outras condições, sem as quais elas não se operam e não se mantêm: perceber a mudança como uma necessidade individual e coletiva, iniciar o exercício de observar e estudar a própria ação (discutindo e analisando seus próprios dados com o grupo), estudar alternativas de ação, experimentálas e avaliá-las, individual e coletivamente. (CAPELLINI &MENDES, 2007, p.2) Infelizmente, ainda encontramos um abismo entre o professor de classe comum e de atendimento especial pela dispersão com integração aos demais estudantes colaboradores da turma, desperdiçando uma estratégia com tamanha potencialidade por equívocos diversos e/ou desconhecidos, como o engessamento da formação profissional, dificuldades de desenvolvimento de habilidades necessárias à colaboração coletiva, entre outros. Objetivos O objetivo deste trabalho é discutir, a partir do relato de nossa experiência docente, quem são ou podem ser os beneficiários da educação inclusiva. Tratamos aqui de nossas intervenções com o objetivo de criar estratégias e possibilidades de ensino e aprendizagem para todos os alunos com dificuldades, sobretudo com necessidades educacionais especiais. Transversalmente, tratamos da reflexividade de nossa prática, ao buscarmos compreender os processos de aprendizagem e desenvolvimento de nossos alunos através das diferentes interpretações e atuações, tanto nossas, como dos estudantes, no fazer do ensino colaborativo. Desejamos ainda ampliar a reflexão sobre nosso trabalho pedagógico entendendo que todos têm o direito à diferença, com aprendizados múltiplos e conjuntos, apostando na proposta sociointeracionista em que todas as crianças colaboram com os aprendizados de todos e, com isso, sentem-se como parte de um grupo. Metodologia Diariamente nossa turma é composta pela presença de dois professores, sendo um do núcleo comum e um do atendimento especializado. Ambos dividem as responsabilidades com a turma, a dinâmica da aula, planejamento e avaliação. Além disso, observam quais são as especificidades de cada criança, fazendo as intervenções necessárias dentro e fora do espaço de sala de aula. O professor do atendimento educacional especializado muitas vezes precisa sair de sala de aula com o aluno que possui autismo para realizar algumas atividades que exigem mais concentração ou para explorar outros espaços. Como nos baseamos na teoria de Vigotsky (1998), apostando numa perspectiva sociointeracionista e na Zona de Desenvolvimento Proximal, geralmente estamos acompanhados por outros alunos da turma para que a relação com o outro seja constante. Os relatos aqui trazidos aconteceram ao longo ano letivo de 2015, e envolveram a atuação de estudantes, professoras e funcionários do Instituto. Os registros escritos das experiências foram descritos ao longo do ano através do uso de um Diário de Bordo com as narrativas da turma. Para o desenvolvimento desse trabalho, também usamos parte do registro avaliativo das crianças, que é feito através de um relatório descritivo, e anotações complementares. A proposta teve como base o respeito aos saberes das crianças e suas relações com o ensino colaborativo. Nesse relatório, fazemos uma reflexão sobre aquilo que os alunos aprenderam durante o trimestre e as próximas etapas a serem alcançadas. Com relação aos primeiros dias de aula, as crianças apresentaram uma concepção inicial de que a inclusão escolar pressupõe o acolhimento à diversidade humana, e que o colega com autismo precisava ser aceito, uma vez que era considerado o único DIFERENTE da turma. Boa parte das crianças chegaram nos primeiros dias sabendo que encontrariam um colega especial, pois nas entrevistas para anamnese realizadas antes do início das aulas esse assunto foi tratado. Já nos primeiros dias, a postura de colaboração à insegurança do colega contribuiu para a confiança e acolhimento dos demais alunos que também estavam chorosos. A sua chegada ao CAp foi bastante desafiadora. Marcos, em sua escola anterior, não permanecia no horário integral, por isso lidar com esse espaço e com a turma foi algo muito diferente de seu convívio. O vínculo com sua mãe é muito forte, por isso sua presença era fundamental na sala de aula. Caso contrário, Marcos chorava e saía de sala para seu encontro. O horário da entrada era algo muito difícil. Hoje ainda é algo delicado. Ele chorava, gritava, tentava sair e quando não conseguia, apagava as luzes. O que contribuía com sua permanência em sala eram as chaves do armário da professora. (Relato do primeiro trimestre de 2015) Inicialmente, foi nítido que houve um distanciamento por parte de alguns colegas, com certo mal-estar em relação às demandas do menino com autismo para adaptar-se. As definições dos papéis na sala de aula começaram a ser configurados, e as crianças começaram a apresentar suas diferenças. Ainda assim, para a maioria, a classe era homogênea e a única diferença estava no colega com autismo. Esse obstáculo foi gradativamente sendo superado (e ainda permanece em processo) por cerca de quinze crianças, parcialmente por cerca de três crianças e quase totalmente não superada por uma delas, até o término do ano letivo. Ao longo do ano, em variados momentos, as crianças percebiam que as diferenças estavam em todas elas, alguns destacavam principalmente as diferenças no ritmo e nos níveis de aprendizagem. Outras observavam a facilidade e rapidez em brincadeiras e atividades corporais. Em outros casos ressignificavam suas aproximações e distanciamentos nos novos desafios cognitivos, enquanto que outros necessitavam de pequenos retornos a conteúdos recentemente desenvolvidos. Alguns perceberam que existiam colegas escultores, desenhistas, atletas, dentre outras habilidades e que a interação entre eles os fazia conhecer melhor uns aos outros. Percebemos tal entrosamento em um dos nossos relatos do Diário de bordo: “Marcos tem aprendido bastante, principalmente com os amigos”. “Tem seus amigos preferidos e muitas vezes dá gargalhadas com as brincadeiras dos colegas, sobretudo quando foge da “normalidade”, como: engatinhar pela sala ou ficar debaixo da mesa das professoras. Ele aproveita e faz também”. Percebemos como é fundamental a interação com o outro e como essa proximidade contribui para o desenvolvimento e para a aprendizagem. Resultados parciais Nossas experiências e pesquisas mostram, que os casos de sucesso no processo de inclusão escolar, seja com um aluno com deficiência, transtorno ou necessidade educacional especial, acontecem onde há ensino. E para que ocorra o ensino, é preciso um trabalho e uma vivência colaborativa, sobretudo entre o professor de núcleo comum e o professor especializado. Na entrevista inicial com a família de Marcos, os pais mostravam preocupação se a presença de seu filho na classe não acabaria por trazer “prejuízos” para o restante da turma. Na ocasião, lembramos à família que todas as crianças têm direito à educação escolar de boa qualidade e que Marcos não seria diferente como sujeito de direito. Avaliamos hoje que todas as crianças foram beneficiadas com a presença dele na turma, uma vez que ele ajudou a todos a reconhecer-nos todos como diferentes e também iguais. Tal experiência apresenta uma forma diferente de pensar sobre a criança, ao entender que elas são únicas em sua forma de pensar e aprender. Todas as crianças, não apenas as que apresentam alguma restrição ou são consideradas especiais, são estudantes direcionados ao ensino de “núcleo comum” ou “educacional especializado”. Não se trata de segregar alguém como o único diferente, mas atendê-lo em sua diferença como também aos demais. Por isso, também não acreditamos em exigir de diferentes crianças o mesmo desempenho e Iidar com elas de maneira invariável. Acreditamos que a educação deve ser constituída de forma que contemple as crianças em suas distintas capacidades. A individualização do ensino significa individualizar os alvos, a didática, a avaliação. Ao mesmo tempo, entender que todos são igualmente alunos em suas propostas coletivas traz ao grupo o reconhecimento de que o espaço é de aprendizado para todos. Nossos alunos compreendem a presença de dois professores em sala de aula, assim como respeitam e solicitam a presença de ambos, tanto para a aprendizagem quanto para realizações do cotidiano de uma sala de aula, como a ida ao banheiro, bebedouro etc. Marcos tem desenvolvido e aprendido bastante nesse ambiente. Assim como domina o ambiente escolar com autonomia. Como relatamos, no início do ano letivo, havia uma dependência por parte de sua mãe e tudo era muito novo para ele. Hoje, necessita de ajuda apenas para entrar na sala de aula e quando acostuma com o espaço, participa de toda rotina escolar, como: lanchar junto com os amigos, ir ao pátio sozinho ou na companhia de algum colega, ir à biblioteca, dentre outros. Interessante destacar, que Marcos aprendeu escrever seu nome e por isso, ao escolher um livro na biblioteca, assina seu nome como todos os alunos na responsabilidade com o uso coletivo dos materiais. Um outro resultado a destacar é a participação em festas na sala de aula. Alguns amigos comemoram seus aniversários na escola e Marcos canta parabéns, lancha com os amigos e participa das fotos. Acreditamos que nossa turma tem se desenvolvido e potencializada diariamente, uma vez que a atenção não está voltada apenas para as especificidades do nosso aluno com diagnóstico de autismo, mas para cada um deles em suas diferenças. Conclusões parciais Ora, para que o aluno aprenda e se desenvolva é preciso uma Educação Inclusiva de qualidade e isso não implica apenas no acesso e na permanência do aluno, mas sobretudo nos investimentos feitos em seu desempenho acadêmico. É preciso planejamento da atividade docente no atendimento educacional especializado – ensino colaborativo. Pensar, então, sobre o atendimento educacional especializado dirigido para alunos com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, nos leva a uma reflexão sobre a repercussão e implementação das deliberações contidas nas Diretrizes desse atendimento educacional especializado na educação básica, modalidade especial – Resolução 4º de 2 de outubro de 2009. E isso nos faz pensar, também, em políticas públicas atuais de inclusão escolar. Paulo Freire (2007) enfatiza que a educação proporciona a emancipação e promove a autonomia e a consciência crítica dos educandos. Pois bem, nesse sentido, a educação deve estender-se a todos os homens sem distinção de cor, credo ou qualquer outro tipo de discriminação. E o Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira – CAP/Uerj com os profissionais que nele atuam tem buscado essa prática, sobretudo construindo junto dos alunos autonomia, criticidade e ensino colaborativo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEYER, Hugo Otto. Pioneirismo da escola (modelo) Flämming na proposta de integração (inclusão) escolar na Alemanha: aspectos pedagógicos decorrentes. Revista Educação Especial. Universidade de Santa Maria/ Cascavel. n. 25, 2005, p. 9 – 24. BRAUN, P.; VIANNA, M. Atendimento educacional especializado, sala de recursos multifuncional e plano de ensino individualizado: desdobramentos de um fazer pedagógico. In.: PLETSCH, M. D. & DAMASCENO, A. (orgs). Educação especial e inclusão escolar: reflexões sobre o fazer pedagógico. 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