Plano Decenal dos Direitos Humanos da Criança e do Adolescente SÃO LOURENÇO DO OESTE - SC São Lourenço do Oeste, novembro de 2016. 1 PLANO DECENAL DOS DIREITOS HUMANOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES 2017/2026 São Lourenço do Oeste, novembro de 2016. 2 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ADR Agência de Desenvolvimento Regional AMNOROESTE Associação dos Municípios do Noroeste Catarinense APAE Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais BPC Benefício de Prestação Continuada CECAD Consulta e Extração de Dados do Cadastro Único CMDCA Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente CNAS Conselho Nacional de Assistência Social CONANDA Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente CF/1988 Constituição Federal de 1988 CRAS Centro de Referência de Assistência Social CREAS Centro de Referência Especializado de Assistência Social ECA Estatuto da Criança e do Adolescente IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDH-M Índice de Desenvolvimento Humano Municipal LOAS Lei Orgânica da Assistência Social NASF Núcleo de Apoio à Saúde da Família NOB/SUAS Norma Operacional Básica do SUAS PAIF Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família PNAD Pesquisa Nacional de Amostra de Domicdílios PNAS Política Nacional de Assistência Social PSB Proteção Social Básica PSE Proteção Social Especial RMA Registro Mensal de Atendimentos SCFV Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos SIAB Sistema de Informações da Atenção Básica SINASE Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo SISC Sistema de Informações do Serviço de Convivência SUAS Sistema Único de Assistência Social TFD Tratamento Fora de Domicílio 3 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................7 2. MARCO LEGAL ...............................................................................................................................10 3. PRINCÍPIOS .......................................................................................................................................24 3.1 Universalidade dos Direitos com Equidade e Justiça Social ............................................................ 24 3.2 Igualdade e Direito à Diversidade ..................................................................................................... 24 3.3 Proteção Integral para a Criança e o Adolescente............................................................................. 25 3.4 Prioridade Absoluta para a Criança e o Adolescente ........................................................................ 25 3.5 Reconhecimento das Crianças e dos Adolescentes como Sujeitos de Direitos ............................... 26 3.6 Descentralização Político-Administrativa......................................................................................... 26 3.7 Participação e Controle Social .......................................................................................................... 27 3.8 Intersetorialidade e Trabalho em Rede ............................................................................................. 27 4. MARCO SITUACIONAL ..................................................................................................................29 4.1 Dados Gerais do Município .............................................................................................................. 29 4.2 Aspectos econômicos ........................................................................................................................ 36 5. DIAGNÓSTICO DA ÁREA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE .............................................42 5.1 Política Municipal de Educação: aspectos gerais e de atendimento ................................................ 45 5.2 Política Municipal de Saúde: aspectos gerais e de atendimento ...................................................... 51 5.3 Politica Municipal de Assistência Social: aspectos gerais e de atendimento. ................................. 53 5.4 Política Municipal de Cultura, Esportes e Lazer.............................................................................. 67 5.5 População em situação de vulnerabilidade social: aspectos gerais e de atendimento. ................... 69 6. PROBLEMÁTICAS ENFRENTADAS NA ÁREA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE .........79 7. MATRIZ DE PLANEJAMENTO (PLANO DE AÇÃO) ...................................................................94 7.1 EIXO I: PROMOÇÃO DOS DIREITOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES .......................... 94 7.2 EIXO II: PROTEÇÃO E DEFESA DE DIREITOS ...................................................................... 106 7.3 EIXO III: PROTAGONISMO E PARTICIPAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES ....... 111 4 7.4 EIXO IV: CONTROLE SOCIAL DA EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS ..................................... 113 7.5 EIXO V: GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DOS DIREITOS HUMANOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES ............................................................................................................................ 115 8. MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO ...........................................................................................120 9. MATRIZ DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO ....................................................................122 10. REFERENCIAS ..............................................................................................................................123 Anexo 1: Resolução do CMDCA que cria a Comissão Municipal Intersetorial .................................. 127 Anexo 2: Lista de presença da reunião para seleção e busca de dados municipais. ............................. 130 Anexo 3: Lista de presença da Oficina Municipal para levantamento de problemáticas ..................... 133 Anexo 4: Fotos da Oficina Municipal para levantamento de problemáticas ........................................ 134 Anexo 5: Lista de presença da Oficina do Diagnostico e Matriz de Planejamento do Plano Decenal 136 Anexo 6: Fotos da Oficina de Diagnostico e Matriz de Planejamento do Plano Decenal ................... 137 Anexo 7: Lista de presença da Oficina de Revisão da Matriz de Planejamento do Plano Decenal ..... 138 Anexo 8: Fotos da Oficina de Revisão da Matriz de Planejamento do Plano Decenal ........................ 141 Anexo 9: Resolução de aprovação do Plano Decenal ........................................................................... 144 5 Gestão Atual Prefeito Municipal Vice-prefeito Secretário de Assistência Social Vice Presidente do CMDCA Geraldino Cardoso Daniel Rodrigo Hippler Adirlei Carlos Santian Viviane do Nascimento Erbes da Maia Comissão Municipal de Acompanhamento da Elaboração do Plano Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente - CMDCA Governo: Silvana Furlanetto Sociedade Civil: Mariza Helena Rambo Conselho Tutelar Conselheiro Tutelar: Selvina Wesolovski Conselheira Tutelar: Altair Borges Conselho Municipal de Assistência Social Governo: Nivo Ede Mallmann Sociedade Civil: Madelaine Lucia Castelli Conselho Municipal de Educação Governo: Elizangela Calegari Sociedade Civil: Margarete de Giacometti Gerhardt Conselho Municipal de Saúde Governo: Marlete de Fátima Bandeira Sociedade Civil: Jociel Beal Conselho Municipal da Pessoa do Idoso Governo: Samara Alexandre Sociedade Civil: Jandira Sordi Órgãos Estaduais Assistência Social: Diogo Menegatti Saúde: Maria da Graça Balvedi Nomuna Educação: Denize Ranzan Crianças e Adolescentes ONG Entre Amigos: Géssica Peretti Núcleo de Atendimento à Criança e ao Adolescente: Aline Gonçalves De Almeida Escola Básica Santa Maria Goretti: Guilherme Augusto Bortoli Bampi 6 1. INTRODUÇÃO O Plano Decenal dos Direitos da Criança e do Adolescente 2017-2026, tem como base de sustentação a Constituição Federal de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente, os quais amparam a elaboração de Políticas próprias voltadas a crianças e adolescentes sendo estes sujeitos de direitos, dignos de tratamento diferenciado em função de maior vulnerabilidade inerente à peculiar condição de pessoas em desenvolvimento (Plano Decenal do Estado de Santa Catarina 2015). De forma complementar, a LOAS – Lei Orgânica de Assistência Social (art.2.º), o atendimento a criança e ao adolescente é uma das prioridades da Política de Assistência Social. Este conjunto de leis adota o mesmo paradigma de defesa da cidadania, se opondo ao assistencialismo e ao clientelismo, abrindo a perspectiva da proteção integral. No âmbito estadual, houve lançamento do Plano Decenal dos Direitos da Criança e do Adolescente do Estado de Santa Catarina. Também, se agrega ao referido ato de lançamento, a existência de mobilização estadual (com apoio do CONANDA – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, deliberando para que os municípios elaborem seus respectivos Planos). Nesta direção, o CONANDA deliberou através da Resolução 171/2014, que os Conselhos Municipais de Direitos da Criança e do Adolescente terão até 03 de dezembro de 2016 para elaborar e deliberar o seu respectivo plano. Decorrente de tais orientações, o município de São Lourenço do Oeste instaurou a Comissão Intersetorial para acompanhamento da elaboração do Plano Decenal através da Resolução do CMDCA Nº 005/2016 de 12 de agosto de 2016, pactuado com Executivo Municipal o processo participativo de debates para a elaboração do presente Plano Decenal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Assim, o CMDCA com o apoio da rede intersetorial e de uma Comissão Intersetorial iniciou a discussão e organização para a elaboração do presente plano em Agosto de 2016. A primeira atividade coletiva de elaboração aconteceu em agosto de 2016, concomitantemente com o apoio do Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente e da Rede Intersetorial que atuaram na coleta de informações e indicadores junto a equipamentos e atores sociais pertinentes à área, para a sistematização de um diagnóstico no que se refere ao atendimento da criança e do adolescente no município. Vale destacar que a Constituição Federal de 1988 estabelece que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida e 7 à saúde, além de diversos outros direitos que possibilitam a fruição de uma vida digna e de qualidade. Ademais, preceitua que a saúde constitui direito de todos e dever do Estado, “garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação” (art.196, CF/1988). Enquanto sujeitos de direitos, as crianças e os adolescentes se destacam por sua peculiar condição de pessoas em desenvolvimento, as crianças e os adolescentes necessitam de maior atenção e proteção nesse momento. Especificamente, é assegurado que toda criança e adolescente têm direito à proteção, à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência (art. 7º, ECA). De fato, a vida e a saúde consubstanciam-se como os direitos mais essenciais e primários de todos os direitos fundamentais, pois somente a partir de sua realização existe razão para que os demais sejam efetivados. Assim, o direito à dignidade, ao respeito, à educação, ao esporte, à convivência familiar, entre outros, gravitam em torno do direito à vida, que tem a saúde como premissa que possibilita sua manutenção. Portanto, com o objetivo central de garantir os direitos de crianças e adolescentes elaborou-se o referido plano decenal buscando traçar ações a médio e longo prazo de forma articulada ao Sistema de Garantia de Direitos e a rede intersetorial. Relativo a estruturação do presente Plano Decenal, o mesmo encontra-se em itens dos quais inicialmente discorre-se sobre o marco histórico e legal na área da criança e do adolescente. Em seguida, se reitera os princípios do Plano Decenal de acordo com as orientações do CONANDA que nos remetem a uma reflexão sobre cada um deles como bases para a discussão no processo de elaboração. Adiante, a discussão remete ao marco situacional que trata inicialmente dos aspectos populacionais e econômicos do município. Na sequência o item do diagnóstico é seguido de subitens que indicam aspectos gerais e de atendimento das políticas sociais no município. Ainda neste item apresentam-se dados das famílias em situação de vulnerabilidade social e as problemáticas na área da criança e do adolescente no município. Em seguida após ampla discussão dos envolvidos no processo de construção do plano decenal encontra-se a Matriz de Planejamento nos cinco eixos delineados para o plano decenal. Por fim, discorre-se sobre o processo de monitoramento e avaliação seguidos das referências consultadas e dos anexos que comprovam o processo participativo na elaboração do referido Plano Decenal. Diante da necessidade de se pensar ações que venham contribuir com o processo de trabalho na área da infância e adolescência, apresenta-se o Plano Decenal dos Direitos Humanos de Crianças e 8 Adolescentes do município de São Lourenço do Oeste construído de forma participativa e articulada ao Sistema de Garantia de Direitos e a Rede de Atendimento Socioassistencial. 9 2. MARCO LEGAL A história da infância no Brasil não se inicia em 1500 com seu descobrimento pelos portugueses, tão pouco por volta de 1530 quando se deu seu povoamento, essa história se inicia com o recrutamento de crianças que adentravam nas embarcações portuguesas rumo a terra de Santa Cruz. Recrutamento que era incentivado pela coroa portuguesa, já que havia uma grande desvalorização da vida infantil. Estas não eram vistas como crianças e sim como animais, que deveriam usar sua mão de obra enquanto suas vidas durassem. Segundo Ramos (2011, s/p.) “A expectativa de vida das crianças portuguesas, entre os séculos XIV e XVIII rondava os ‘quatorze anos’, enquanto ‘cerca da metade dos nascidos vivos morria antes de completar sete anos’. O recrutamento destas crianças para as embarcações de acordo com Ramos (2011) se dava de três maneiras, a primeira era o rapto de crianças judias, que acontecia com o objetivo de conseguir a força de trabalho para as embarcações e também de controlar o crescimento da população judaica em Portugal. A segunda maneira consistia no alistamento de filhos de famílias miseráveis, que era feito pelos próprios pais, com o objetivo de terem uma pessoa a menos para sustentar. A terceira e última era o recrutamento dos órfãos desabrigados. “Neste meio selecionavam-se meninos entre nove e dezesseis anos e não raras vezes com menor idade para servir como grumetes nas embarcações lusitanas” (RAMOS, 2011). Em alto mar, [...] apesar de os grumetes não passarem muito, de adolescentes, realizavam a bordo todas as tarefas que normalmente seriam desempenhadas por um homem. Recebiam de soldo, contudo, menos da metade do que um marujo, pertencendo a posição mais baixa dentro da hierarquia da marinha portuguesa. Sofriam ainda, inúmeros ‘maus tratos’, e apesar de pelas regras da Coroa portuguesa estarem subordinados ao chamado guardião (cargo imediatamente abaixo do contramestre, ocupado em geral por um ex-marinheiro), tinham de prestar contas aos marinheiros e até mesmo aos pajens – outro tipo de função exercida por crianças, que costumavam explorar seus pares mais pobres, a fim de aliviar sua própria carga de trabalho. (RAMOS, 2007, p.23 apud LEITE, 2011 p. 3). Segundo variadas referências sobre a época, para sobreviver a todos esses meses de navegação os grumetes precisavam viver suas vidas como adultos, enfrentando a fome, pois nas embarcações pouco lhes sobrava além de biscoitos bolorentos, águas podres e fétidas, baratas e ratos que encontravam nos navios. Eles enfrentavam “os trabalhos mais pesados e arriscados a bordo, bem como explorados por seus pares embarcados na qualidade de marujos, sofrendo frequentemente abusos sexuais, maus tratos e humilhações” (RAMOS, 2011). Uma tradição que se perpetuaria em terra e 10 mesmo na marinha de guerra brasileira quando por ocasião da independência do Brasil. Essa condição foi denunciada por João Cândido. Quando as embarcações portuguesas atracaram em solo brasileiro, os portugueses ficaram surpresos com aquela população selvagem que encontraram. Houve um choque entre a cultura europeia (na figura do português) e a dos indígenas (que não tinham a sua cultura respeitada como tal) e a questão do atendimento a infância constitui um dos pontos de grande diferença entre estas culturas. Saviani (2008) baseado nos estudos de Fernandes (1989) completa que o processo de formação social das gerações indígenas acontecia em grupos separados por idades e sexo. Ate a idade de oito anos havia total dependência materna, passando de tal idade os meninos recebiam arcos e flechas para brincar informalmente com seus pares. Já as meninas continuavam com as mães habilitando-se na arte de fiar algodão e amassar o barro. (LEITE, 2011, p.6). Podemos perceber que a educação indígena se dava de uma maneira natural, espontânea, com os pequenos seguindo os passos de seus pais para aprender as necessidades do grupo, pois faziam parte dele e assim eram consideradas e valorizadas. Já na cultura europeia o conceito de infância e o cuidado com ela ainda estavam em construção, considerando novamente a questão das viagens em alto mar e principalmente como afirma MaisonLaffitte: […] essa sociedade via mal a criança, e pior ainda o adolescente. A duração da infância era reduzida a seu período mais frágil, enquanto o filhote do homem ainda não conseguiam abastar-se; a criança então, mal adquiria algum desembaraço físico, era logo misturada aos adultos, e partilhava de seus trabalhos e jogos. [...] A transmissão dos valores e dos conhecimentos, e de modo mais geral, a socialização da criança, não eram portanto nem asseguradas nem controladas pela família. A criança se afastava logo de seus pais, e pode-se dizer que durante séculos a educação foi garantida pela aprendizagem, graças a convivência da criança ou do jovem com os adultos. A criança aprendia as coisas que devia saber ajudando os adultos a fazê-las. A passagem da criança pela família e pela sociedade era muito breve e muito insignificante para que tivessem tempo ou razão de forçar a memória e tocar a sensibilidade. [...] Se ela morresse então, como muitas vezes acontecia, alguns podiam ficar desolados, mas a regra geral era não fazer muito caso, pois uma outra criança logo a substituiria. A criança não chegava a sair de uma espécie de anonimato. (MAISON-LAFFITTE, 1981, p.10 apud ARIES, 1981). Ou seja, aquele povo que era denominado pelos portugueses como “selvagem” socializava seus filhos na cultura de uma maneira natural, já os portugueses não enxergavam que as crianças precisavam ter um tratamento diferenciado, especial, pois o processo do reconhecimento da infância na sociedade deles ainda estava em construção. Esta diferença entre as culturas, o modo de vida e a maneira de reconhecer a infância entre estes povos era evidente. Logo depois da chegada dos portugueses, a vida indígena sofreu uma forte mudança, por volta de 1532 quando iniciou a colonização do Brasil, a mão de obra utilizada era a indígena, as crianças não eram poupadas. Abreu (2008) ressalta que mal completavam seis anos e já acompanhavam seus pais nas lavouras. Em 1549 iniciou-se a educação das crianças indígenas, com a chegada dos jesuítas. Sua 11 missão era voltada para “a colonização, a educação e a catequese” (SAVIANI, 2008, p. 26 apud LEITE, 2011, p. 9). A educação ofertada tinha um: Compromisso essencial do jesuíta com a Igreja, na defesa e propagação da fé, criada desde a sua chegada, aqui como por toda parte, essa situação, clara e definida, em que a sua espantosa atividade missionaria, política e educadora, se apresentava subordinada inteiramente as exigências ecumênicas da Igreja e aos supremos interesses da religião. (AZEVEDO, 1971 p. 510 apud LEITE, 2011, p. 9). Percebemos assim que a intenção inicial dos jesuítas era propagar a fé católica entre os indígenas, começando com “os meninos índios e, por meio deles, agir sobre seus pais, em especial os caciques, convertendo toda tribo para a fé católica” (SAVIANI, 2008 p. 43 apud LEITE, 2011, p. 10). As famílias que habitavam as terras brasileiras não constituíam uma preocupação para Portugal, que se inspirando no modelo da Inglaterra, passava a se beneficiar dos lucros da colônia brasileira. Assim como a reforma política, a reforma educacional no Brasil passava também a visar lucro para os portugueses. O ministro Sebastião José de Carvalho e Melo (Marques de Pombal) com o intuito de levar a educação a comando do estado, expulsou os jesuítas da colônia e criou as aulas régias (SECO, 2005) A organicidade da educação jesuítica foi consagrada quando Pombal os expulsou levando o ensino brasileiro ao caos, através de suas famosas ‘aulas régias’, a despeito da existência de escolas fundadas por outras ordens religiosas, como os Beneditinos, os Franciscanos e os Carmelitas. (NISKIER, 2001, p. 34 apud SECO, 2005). Com o desenvolvimento da colonização houve uma desvalorização da educação indígena, e também da sua mão de obra, logo substituída pela força de trabalho negra. De acordo com Souto (1967) no período de 1550 começaram a chegar os primeiros navios negreiros ao Brasil, com o intuito de substituir a mão de obra indígena. Nos séculos de escravidão, o interesse maior era pelos homens, por suportarem mais o trabalho pesado. Porém, em quantidades menores, vinham mulheres, crianças e idosos, que também eram explorados de maneira cruel. Sendo a mão de obra masculina mais valorizada pelos compradores, estes quando iam arrematar seus escravos não pensavam em suas mulheres e filhos, ocorrendo a separação de muitas das famílias que aqui adentravam, “quem comprava os escravos desconsiderava os laços familiares existentes entre os negros africanos e, se assim desejassem, separavam as crianças dos seus pais, mulheres dos seus maridos, enfim, rompiam de vez os vínculos familiares.” (GOES; FLORENTINO, 2000, p. 180 apud LIMA, 2011). Se para um adulto manter-se vivo nesta época era uma tarefa difícil, imagine para uma criança, que além de todo o sofrimento e dificuldade que enfrentava, muitas vezes se via separada de sua família, e rejeitada pelos compradores de escravos por acreditarem que estas não dariam o lucro esperado. Assim percebemos que: 12 A mortalidade infantil era muito alta, dessa forma, a criança que conseguisse completar um ano de vida já era considerada vitoriosa. Dentre as principais doenças que afligiam as crianças nesse período podemos destacar: mal dos sete dias, sarna, impingem, sarampo e lombrigas (PRIORE, 2000, p. 91 apud MOTTA, 2009, p.3). O interesse dos senhores, pela gravidez de suas escravas era pequeno, pois estas dariam muitos gastos, e o lucro que ele teria com ela diminuiria por algum tempo. O sustento, a moradia, a alimentação e a vestimenta de seus filhos quem proveria seria o senhor, com a taxa de mortalidade sendo tão alta, este investimento de cuidar da gravidez da escrava não era considerado tão rentável, já que poucas crianças chegariam a sua plenitude aptas para o trabalho. Mary Del Priore no artigo O cotidiano da criança livre no Brasil entre a Colônia e o Império divide a infância em 3 fases, cujas características variavam de acordo com a condição social e jurídica dos pais. A primeira fase iniciava-se no nascimento e terminava aos 3 ou 4 anos de idade, período que marcava o fim da amamentação. Entre os 5 e 7 anos as crianças entravam na segunda fase, quando passavam a acompanhar os pais na lida. A terceira fase iniciava na transição dos 7 para os 8 anos até aos 14 anos, etapa de aprendizado para os infantes, como a prática de pequenos trabalhos, ofícios ou estudo das letras nas escolas régias. (MOTTA, 2009). Priore (1991) salienta que próximo aos cinco anos de idade as crianças, tanto as dos senhores quanto as dos escravos não tinha uma diferenciação tão evidente e costumavam até brincar juntas. Porém, após esta idade cada uma seguia um caminho diferenciado. O filho do senhor era iniciado nos estudos das letras, enquanto os filhos dos cativos seguiam seus pais na lida, para que com o convívio diário já aprendessem a serem escravos. Diferente do início da escravidão, em 1850 quando, por pressão da Inglaterra, o tráfico negreiro foi extinto (ainda que progressivamente), passou-se a dar mais valor aos filhos dos cativos, pois seriam estes que dariam continuidade a escravidão, já que esta prática estava sendo extinta e os senhores encontravam dificuldades para comprar homens fortes para a lida. Assim “Antonil aconselhava que os proprietários tratassem bem seus escravos para que eles ficassem felizes e assim reproduzissem servos e servas” (ANTONIL, 1982, p. 164 apud MOTT 1989, p. 92-93). Este discurso passou a ser utilizado após muitas negras terem iniciado a prática do infanticídio, provocando o aborto de seus filhos e em outras vezes abandonando os mesmos, nas ruas, deixando-os a sua própria sorte, para que estes não viessem a ser cativos e sofrerem como suas mães e seus antepassados sofreram por tantos séculos. Quando as mães cativas abandonavam seus filhos na área rural, muitas famílias geralmente pobres encontravam as crianças e as recolhiam da rua, adotando-as como filhos de criação, pois precisavam de sua mão de obra para a lida, já que não poderiam comprar um escravo e dependiam da força de trabalho familiar para sobreviver. Desta forma este abandono era controlado e disfarçado. Já na área urbana a rejeição e o abandono desses recém-nascidos em ruas, lixeiras e terrenos baldios, se davam por muitas dessas gestações não acontecerem dentro de um casamento. Esta se 13 tornava uma maneira das mulheres se resguardarem, já que comportamento moral feminino era julgado pela sociedade constantemente: Quando uma mulher branca e solteira ficava grávida, tanto ela quanto o filho podiam ser mortos pelos pais ou irmãos. Nessas circunstâncias, a gravidez e o parto clandestinos, seguidos do abandono da criança, era uma alternativa a dura condenação da moral patriarcal. O mundo colonial conviveu com o índice de 30% a 60% de bastardia entre os livres e de 50% a 100% entre os escravos. [...] Na capital baiana os acervos do século XIX indicam que de cada três mães brancas uma tinha tido filho fora das fronteiras do casamento. (TORRES, 2006, p. 106). Diferente da área rural, nos centros urbanos não havia famílias em número suficiente para adotar os enjeitados que eram abandonados nas ruas e para os maiores o emprego era escasso, provocando assim um grande desequilíbrio nas cidades, gerando um problema para as políticas públicas. Não havendo o interesse por parte das famílias em adotar estas crianças, ocorreu a instalação da Roda dos Expostos que consistia, (...) em um cilindro de madeira que girava sobre um eixo vertical e era encaixada numa grossa parede [...] instalada para receber as crianças enjeitadas, a roda foi colocada no muro de trás da instituição, pois era preciso garantir ao depositante a discrição, assegurando-lhe o anonimato, guardar o segredo de sua identidade. (NASCIMENTO, 2008, p. 100). A roda dos expostos “procurava evitar os crimes morais. A instituição protegia as brancas solteiras dos escândalos, ao mesmo tempo em que oferecia alternativa ao cruel infanticídio.” (TORRES, 2006, p. 198). Se inicialmente a roda dos expostos tinha a intenção de proteger as crianças abandonadas, e manter a honra das famílias, já que o adultério e filhos fora do casamento eram frequentes, por fim não foi assim que aconteceu, pois a quantidade de expostos crescia cada vez mais, boa parte destes eram brancos, sofriam o abandono, pois eram considerados “filhos do pecado”, eram a prova da imoralidade de sua mãe que para não manchar a sua honra abandonava-os. Crescia também a quantidade de negros abandonados pelas suas mães escravas, para não serem escravos como elas, e de filhos de famílias pobres que não teriam condições financeiras de criar essas crianças. Já nos hospitais, igrejas, conventos onde ficavam os expostos, o índice de mortalidade infantil era absurdo, segundo os médicos da época o grande culpado por estas mortes, além das inúmeras doenças que as crianças adquiriam, eram as mães de leite ou de criação, que não cuidavam destas crianças com amor e carinho que mereciam. Geralmente estavam com pouca paciência, muitas vezes chegando a colocar aguardente no leite para a criança parar de chorar e dormir rapidamente e por longo período. Percebemos que “a roda terminou possibilitando a homens e mulheres um apoio seguro as suas transgressões sexuais, bem como se tornou um foco de mortalidade infantil.” (NASCIMENTO, 2008, p. 25). 14 Muitas dessas crianças abandonadas saiam da casa do recolhimento e iam morar na rua, outras apenas perambulavam pelas ruas. Por motivos de pobreza extrema elas passaram a cometer pequenos furtos para garantir a sua sobrevivência, ocasionando um grande aumento na criminalidade, observando isto a preocupação como sujeito infantil passava a se instituir como um problema econômico e político. Do ponto de vista dos juristas, tornou-se premente uma nova atitude por parte da sociedade e do Estado Brasileiro com relação à criança abandonada. Duas preocupações básicas e interligadas nortearam, a partir de então, seus debates em torno desse problema. A primeira dizia respeito à busca de soluções que garantissem assistência as crianças e aos adolescentes privados de amparo moral e material na sociedade. A outra preocupação, possivelmente a preponderante, referia-se aos níveis crescentes de criminalidade infantil e juvenil, que colocavam em risco a manutenção da ordem e a “boa saúde” da sociedade. (FRONTANA, 1999, p. 50). Segundo estes juristas as crianças abandonadas significavam uma ameaça para a sociedade que estava se modernizando, pois elas passavam grande parte, se não todo o seu dia, na rua, ficando livre para fazer o que bem entendessem e em contato com outras pessoas de maus costumes que lhes serviriam de exemplo. Pensando em acabar com essa marginalidade e delinquência precoce foi elaborado o Código de Menores de 1927, “sob a categoria 'menor' incluíam-se todas as crianças e adolescentes material ou moralmente abandonados. [...]” (FRONTANA, 1999, p. 53). O código de menores estabeleceu que jovens que não trabalhassem ou estudassem provavelmente entrariam na criminalidade. Se um jovem abandonado fosse encontrado na rua seria encaminhado para instituições disciplinares, de acordo com FRONTANA (1999, P. 53) “as instituições disciplinares caberia a formação de crianças e adolescentes economicamente produtivos, moralizados e politicamente submissos.” Se esta política tinha a intenção real de ajudar o “menor” não foi isto que aconteceu, pois as instituições disciplinares eram vistas como verdadeiras escolas do crime. A questão do menor só passou a ser verdadeiramente dimensionada como um problema social de âmbito nacional após o golpe militar de 1964. O desenvolvimento do Brasil, como descrito por FRONTANA (1999, p. 53) “sempre foi uma preocupação urgente, sem segurança não áa possibilidade de acontecer o desenvolvimento em um país, porem só a partir de 1964 que a pobreza e miséria passaram a ser entendidas como fatores do subdesenvolvimento”. Em um discurso o Marechal Castello Branco deixa claro suas intenções: Desenvolvimento e segurança [...] são ligados por uma relação de mútua causalidade. De um lado, a verdadeira segurança pressupõe um processo de desenvolvimento, quer econômico, quer social. Econômico porque o poder militar está também essencialmente condicionado a base industrial e tecnológica do país. Social porque mesmo um desenvolvimento econômico satisfatório se acompanhado de excessiva concentração de renda e crescente desnível social, gera tensões e lutas, que impedem a boa prática das instituições e acabam comprometendo o 15 próprio desenvolvimento econômico e a segurança do regime. De outro lado, o desenvolvimento econômico e social pressupõe um mínimo de segurança e estabilidade das instituições. E não só das instituições políticas, que condicionam o nível e a eficiência dos investimentos do estado, mas também das instituições econômicas e jurídicas que, garantindo a estabilidade dos contratos e o direito da propriedade, condicionam, de seu lado, o nível e a eficácia dos investimentos privados. (O Estado de São Paulo, 14 de março de 1967 apud FRONTANA 1999 p. 82). Este discurso deixa evidente a ideologia do governo militar, e a intenção de transformar o Brasil em uma economia capitalista e que fosse uma potência mundial. Com essa nova política de desenvolvimento e segurança a “questão do menor” passou a ter um novo enfoque, que foi de acordo com o regime autoritário vigente. Em dezembro de 1964 foi criada a Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM) com os objetivos de reprimir, corrigir e integrar os supostos menores desviantes, pois estes significavam riscos para a ordem pública e eram estas situações de risco que se queria combater. Na visão de Frontana (1999) além de o estado ter interesse na “questão do menor” para manter a ordem e a segurança no país, para que este se desenvolvesse, também utilizava da política do “menor” como propaganda do regime. Esse tipo de propaganda longe de ser uma manifestação isolada, fazia parte de uma ampla estratégia de comunicação do regime militar - destinada a garantir - sua manutenção no poder -, que buscava, entre seus objetivos, o reconhecimento da opinião pública quanto à eficiência da ação do Estado na área social. (FRONTANA, 1999, p.91) Percebemos que as políticas para a infância deste período eram voltadas para conter esses jovens e não para protegê-los, sempre visando o desenvolvimento econômico e a acumulação do capital. Enquanto no Brasil predomina a política voltada para a contenção do jovem e não para a sua proteção, em outros países do mundo a consciência da particularidade infantil começa a ser notado, um exemplo disto é a declaração sobre os direitos das crianças, de 1924 enunciada em Genebra. Quando, Em 1989 a Organização das Nações Unidas aprovou uma Convenção sobre os Direitos das Crianças. Este documento estabeleceu um novo paradigma de proteção à infância e a adolescência, determinando que todas as crianças e adolescentes são sujeitos de direitos titulares da chamada proteção integral. Este documento foi ratificado pelo Brasil em 1990 [...] (INSTITUTO ALANA, 2011). No Brasil uma nova atitude diante da infância e adolescência foi tomada apenas em 13 de julho de 1990 com a criação da Lei n° 8.069, denominada Estatuto da Criança e do Adolescente. Com esta lei iniciou-se uma real ruptura com o método excludente antes aplicado a infância. “O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) trouxe, com sua concepção, uma nova forma de tratar as políticas 16 direcionadas a infância e a adolescência no Brasil.” (ARNS, 2010, p.3. in: BRASIL, 2010). Um exemplo é o conteúdo da seção “Das Disposições Preliminares”, que aborda a garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes e não apenas os deveres, como ocorria antes: Art. 3° A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes a pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta lei, assegurando-se lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. Art. 4° É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, a saúde, a alimentação, ao esporte, ao lazer, a profissionalização, a cultura, a dignidade, ao respeito, a liberdade e a convivência familiar e comunitária. (BRASIL, 2010, p. 7). A criança passa agora, no texto e na intenção da lei, a ser realmente inserida na sociedade (diferente da ação anterior de tirar do convívio), vista como indivíduo de deveres e principalmente de direitos, a infância passa a ter outro olhar e outro tratamento. O Estatuto rompeu explícita e definitivamente com a ideologia da situação irregular por meio da adoção da Doutrina da Proteção Integral. Esta se firma nos postulados básicos de que todas as crianças e adolescentes são sujeitos de direitos, dignos de proteção integral e prioridade absoluta em razão de sua peculiar condição de estar em processo de desenvolvimento. Foram estabelecidos novos paradigmas para o sistema, como a universalidade de atendimento, de modo que as políticas públicas e a legislação fossem direcionadas a todas as crianças e adolescentes, sem distinções de sexo, raça ou posição social. Assim, conforme o que preceitua o princípio da isonomia, a garantia de proteção jurídico social passou a ser aplicada de forma universal a todas as crianças e os adolescentes, sem restrições e/ou segregações ou qualificações, como abandonados, em situação irregular ou “delinquentes”. É abandonada a concepção dos “menores” como sujeitos definidos de maneira negativa, pelo que não têm, não sabem ou não são capazes, passando a ser definidos de maneira positiva, como sujeitos plenos de direito. Não se trata mais de proteger pessoas incapazes, mas sim de garantir os direitos de todas as crianças e adolescentes, ótica que resulta no reconhecimento e promoção de direitos, sem violações ou restrições (SARAIVA, 2012). Para tanto, considera-se criança, para os efeitos de aplicação do Estatuto, a pessoa até 12 anos de idade incompletos, e adolescentes aquela entre 12 e 18 anos incompletos. Ainda, pode-se aplicar o Estatuto nos casos expressos em lei às pessoas entre 18 e 21 anos de idade (art. 2º, ECA). O art. 3º do ECA contém preceitos fundamentais onde é baseada a Doutrina da Proteção Integral, bem como alguns princípios básicos nos quais é estruturado todo o sistema de direitos e 17 garantias das crianças e dos adolescentes. Assegura que as crianças e os adolescentes, em sua universalidade, são titulares de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, e garante a proteção integral, além de todos os instrumentos para lhes possibilitar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. Exige-se, portanto, a implementação de políticas públicas, além da participação efetiva da família e da sociedade nessa tarefa. Afirma-se, assim, a plena capacidade jurídica das crianças e dos adolescentes quanto aos direitos fundamentais, sendo que o exercício de alguns direitos específicos será postergado, em compatibilidade com a sua idade. Constata-se que, além dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana em igualdade de condições jurídicas com os adultos, confere-se às crianças e aos adolescentes outros direitos específicos em razão de sua condição especial de serem pessoas em desenvolvimento. Nesse sentido, deve-se entender a proteção integral referida nesse artigo como esse conjunto de direitos específicos destinados às crianças e adolescentes, consubstanciados em pretensões que exigem comportamento positivo por parte das autoridades e de outros cidadãos, sobretudo dos adultos encarregados de assegurar sua proteção (VERSELONE, 2005, p.33). Como prioridade absoluta, é dever da família, da comunidade, da sociedade e do poder público assegurar a efetivação dos direitos à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária (art. 4º, ECA). A prioridade absoluta engloba a precedência em receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias, bem como o atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública. Ainda, os direitos das crianças e adolescentes devem ter preferência na sua efetivação, com a formulação de políticas sociais públicas e destinação privilegiada de recursos. No entanto, essas hipóteses elencadas expressamente não são exaustivas, somente representam procedimentos indispensáveis para a garantia da prioridade exigida constitucionalmente (DALLARI, 2005, p.42). A partir da leitura dessas disposições legais, pode-se perceber que a Doutrina da Proteção Integral possui uma dupla dimensão, visto que, ao mesmo tempo em que determina a adoção de medidas em prol dos direitos das crianças e adolescentes, também preceitua limitações e restrições às intervenções que ameacem, coloquem em risco ou violem esses direitos (RAMIDOFF, 2008, p.12). A família, a sociedade e o Estado, portanto, são corresponsáveis por zelar e agir visando à proteção dos direitos fundamentais das crianças e adolescentes, cada um no âmbito de suas atribuições. Cabe ressaltar que, para que essa proteção seja efetivada, faz-se necessária atuação dessas três esferas de forma complementar e cooperativa. 18 É preciso ainda, dentro da perspectiva de sujeitos de direitos e da dignidade da pessoa humana, assegurar não só a sobrevivência, mas uma vida digna, com qualidade. Deve-se viabilizar as condições necessárias ao pleno desenvolvimento físico, mental, intelectual, afetivo e social, para que, quando adultos, sejam capazes de expressar suas potencialidades de forma completa. Quanto ao papel do poder público na concretização dos direitos das crianças e dos adolescentes, Dallari (2005) salienta que essa exigência legal é bem ampla e já está presente a partir das etapas de elaboração e de votação dos projetos das leis orçamentárias. Ademais, essa exigência é imposta a “todos os órgãos públicos competentes para legislar sobre essa matéria, estabelecer regulamentos, exercer controle ou prestar serviços de qualquer espécie para promoção dos interesses e direitos de crianças e adolescentes” (DALLARI, 2005, p.44). Reforçando a proteção dos direitos fundamentais do dispositivo anterior, o art. 5º do ECA determina que “nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade ou opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais”. Referente ao trabalho tem-se que é proibido qualquer trabalho para os menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos de idade (art. 7º, XXXIII, CF/1988). O trabalho do aprendiz não pode atrapalhar a frequência no ensino, bem como deve respeitar sua condição de desenvolvimento e as vedações ao trabalho noturno, insalubre, e realizado em locais prejudiciais à sua formação. O adolescente tem direito, inclusive, à profissionalização e proteção no trabalho, devendo ser observada sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento (arts. 60 a 69, Estatuto da Criança e do Adolescente). Oportuno ressaltar que essas previsões seguem as diretrizes internacionais, sobretudo a Convenção 138/1973 e Recomendação 146/1973, ambas da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Visando ao sistema de proteção dos direitos da criança e do adolescente, o Estatuto estabelece medidas de prevenção com o intuito de evitar situações que acarretem ameaça ou violação dos direitos das crianças e dos adolescentes, a exemplo de restrições a frequentar determinados lugares. Igualmente, foram previstas medidas de proteção, as quais serão aplicadas nos casos de ameaça ou violação desses direitos, seja por ação ou omissão, por parte dos pais ou responsáveis, do Estado, da sociedade, ou em razão de sua própria conduta, como matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento de ensino fundamental, inclusão em programa de auxílio à família, à criança e ao adolescente e acolhimento institucional (arts. 98 a 102, Estatuto da Criança e do Adolescente). No contexto das políticas públicas de atendimento podem ser enfatizadas algumas inovações trazidas pelo ECA visando à descentralização político-administrativa, como a municipalização do 19 atendimento direto; a participação paritária e deliberativa governo/sociedade civil, estabelecida através da existência dos conselhos dos direitos da criança e do adolescente nos três níveis da organização política e administrativa do País: federal, estadual e municipal (MENDEZ; COSTA, 1994). Para melhor compreensão da nova ordem resultante da regulamentação realizada pelo ECA, SARAIVA (2012) o estrutura a partir de três grandes sistemas de garantia, harmônicos entre si, que serão acionados gradualmente. O sistema primário, consoante esse entendimento, engloba as políticas públicas de atendimento e estão presentes especialmente nos arts. 4º, 86 e 87 do ECA. O sistema secundário é composto pelas medidas de proteção dirigidas a crianças e adolescentes em situação de risco pessoal ou social, em regra não autores de ato infracional, embora também aplicáveis a crianças e aos adolescentes que praticaram ato infracional. As medidas protetivas possuem natureza eminentemente preventiva, considerando as crianças e os adolescentes enquanto vítimas de violações em seus direitos fundamentais. O sistema terciário, por sua vez, é o que trata das medidas socioeducativas, aplicáveis aos adolescentes praticantes de ato infracional (SARAIVA, 2012). No que se refere à prática de atos infracionais, tem-se que os menores de 18 anos são penalmente inimputáveis, mas estão submetidos à aplicação das medidas específicas previstas no ECA e no que prevê a própria CF/1988 (art. 228). São aplicadas, assim, as medidas específicas de proteção às crianças, enquanto aos adolescentes estão submetidos às medidas socioeducativas (arts. 101 e 112, ECA). O ECA, no art. 106, contrapondo-se às regras aplicadas até então, dispõe de forma taxativa os motivos possíveis para a privação da liberdade, quais sejam, o flagrante de ato infracional ou ordem escrita e fundamentada da autoridade judicial competente. Ademais, a privação de liberdade é medida considerada como de ultimo recurso, sujeita aos princípios da brevidade, excepcionalidade e respeito à condição especial de pessoa em desenvolvimento. Existem ainda medidas destinadas aos pais ou responsáveis, no caso de serem eles os agentes violadores dos direitos das crianças e adolescentes. O Estatuto nos arts. 129 e 130 prevê desde a inclusão daqueles em programas de proteção e orientação à família, auxílio e tratamento de alcoolistas e toxicômanos, bem como medidas extremas de suspensão ou destituição do poder familiar. Deve-se criar, assim, uma rede que propicie a proteção efetiva da criança, do adolescente e de sua família. Vale destacar, do mesmo modo, que o ECA contém a tipificação específica de crimes e infrações administrativas praticados contra as crianças e os adolescentes, por ação ou omissão, sem prejuízo do disposto na legislação penal. Cabe fazer breve referência à Lei nº 10.097/2000, que reformulou artigos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) sobre o contrato de aprendizagem dos adolescentes, à Lei nº 11.788/2008, que 20 dispõe especificamente sobre o estágio de estudantes e ao Decreto nº 6.481/2008, que trata sobre a proibição das piores formas de trabalho infantil e da ação imediata para sua eliminação, contendo a chamada Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil (Lista TIP). A Lei nº 12.010/2009, conhecida como Lei Nacional de Adoção, produziu profundas alterações na sistemática do ECA no que se refere à convivência familiar, ao acolhimento institucional e à adoção. Essa Lei destina-se, prioritariamente, a fortalecer e preservar a integridade da família de origem, estabelecendo expressamente que a manutenção ou reintegração da criança ou do adolescente em sua família tem preferência a qualquer outra providência. As novas regras visam à incorporação de mecanismos que assegurem a efetivação do direito à convivência familiar a todas as crianças e os adolescentes, a exemplo da manutenção de cadastros estaduais e nacional de adoção e do rigoroso controle do acolhimento familiar e institucional, com a necessidade de reavaliação periódica, no máximo a cada seis meses, da situação de cada criança e adolescente (DIGIÁCOMO, 2012). Quanto à adoção, as principais inovações especificam outros critérios e requisitos para a habilitação e para a concessão da adoção, destacando-se que se trata de medida excepcional. A Lei nº 12.594/2012 instituiu o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE), contendo importantes avanços e complementações ao Estatuto. A Lei do SINASE estabeleceu normas referentes à aplicação e à execução de medidas socioeducativas a adolescentes autores de ato infracional, dispondo desde a parte conceitual até o financiamento do sistema socioeducativo. Foram regulamentadas, ainda, questões relativas às competências dos entes federativos e dos órgãos governamentais, definindo-se papéis e responsabilidades. O principal objetivo do SINASE é, pois, a efetiva implementação de uma política pública especificamente destinada ao atendimento de adolescentes autores de ato infracional e suas respectivas famílias (DIGIÁCOMO, 2012). Com esta Lei tornou-se obrigatória a elaboração e implementação dos Planos de Atendimento Socioeducativo nas três esferas de governo, para o período de dez anos, os quais deverão conter um diagnóstico da situação do SINASE, com as diretrizes, objetivos, metas, as prioridades e as formas de financiamento e gestão das ações de atendimento. No âmbito do cumprimento das medidas socioeducativas, deve ser elaborado para cada adolescente o chamado Plano Individual de Atendimento (PIA), desenvolvido pela equipe técnica com a participação efetiva do adolescente e de sua família. Este Plano disporá sobre o cumprimento das medidas socioeducativas, com o registro e gestão das atividades a serem desenvolvidas pelo adolescente. É necessário que o PIA contemple também a participação dos pais ou responsáveis, que têm o dever de contribuir com o processo ressocializador do adolescente (art. 52, Parágrafo Único, Lei nº 12.594/2012). 21 A Lei do SINASE também estabeleceu novas fontes de financiamento para os sistemas socioeducativos nas três esferas governamentais, antes limitados aos recursos dos orçamentos fiscais, da seguridade social e dos fundos de defesa dos direitos da criança e do adolescente. Com a Lei 12.594/2012, o SINASE pode receber recursos do Fundo Nacional Antidrogas, do Fundo de Amparo ao Trabalhador e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Recentemente, a Lei nº 12.696/2012 alterou os arts. 132, 134, 135 e 139 do Estatuto da Criança e do Adolescente. As principais inovações dizem respeito à concessão de direitos trabalhistas aos conselheiros tutelares, como cobertura previdenciária, férias anuais, licença-maternidade e paternidade e gratificação natalina, além do direito à remuneração, que será definida por lei municipal ou distrital. Ademais, o mandato dos conselheiros passou de 3 para 4 anos, sendo que o processo de sua escolha ocorrerá, em todo o território nacional, no primeiro domingo do mês de outubro do ano subsequente ao da eleição presidencial, e a posse dos conselheiros se dará no dia 10 de janeiro do ano seguinte. Dessa forma, a primeira eleição unificada ocorreu em 2015, com a posse dos conselheiros eleitos em 10 de janeiro de 2016. Cabe salientar as Resoluções do CONANDA, que regulamentam as disposições do Estatuto da Criança e do Adolescente referentes aos conselhos de direitos, ao sistema de garantia de direitos e aos conselhos tutelares, respectivamente. O CONANDA ainda estabelece os parâmetros para criação e funcionamento dos conselhos de direitos da criança e do adolescente em todo o território nacional. Os conselhos de direitos atuam como órgãos deliberativos da política de promoção dos direitos da criança e do adolescente, controlam as ações de implementação desta política em todos os níveis, além de serem os responsáveis por fixar critérios de utilização e planos de aplicação do fundo dos direitos da criança e do adolescente. A Resolução nº 113/2006, por sua vez, define as diretrizes e critérios para a institucionalização e fortalecimento do sistema de garantia dos direitos da criança e do adolescente. Esse sistema constitui-se na articulação e integração das instâncias públicas governamentais e da sociedade civil, na aplicação de instrumentos normativos e no funcionamento dos mecanismos de promoção, defesa e controle para a efetivação dos direitos da criança e do adolescente, nas três esferas governamentais. Igualmente, a Resolução nº 139/2010 fixou parâmetros para a criação e funcionamento dos conselhos tutelares, discriminando princípios a serem observados no atendimento por esses órgãos, além dos direitos e deveres dos conselheiros tutelares. No entanto, verifica-se que a mera existência de leis que estabeleçam positivamente os direitos fundamentais e sociais não é suficiente para que haja mudanças concretas na realidade. É necessária a efetivação desses direitos, mediante uma estrutura que os assegure materialmente. Nesse sentido, o 22 Estatuto da Criança e do Adolescente inovou trazendo mecanismos e princípios de extrema relevância que buscam essa transformação, viabilizando e tornando obrigatória a concretização desses direitos a partir da implementação de políticas públicas e com a articulação do poder público e da sociedade. Desta forma, nosso município busca garantir ações e metas para melhoria no atendimento às crianças e adolescentes visando a efetivação dos direitos sociais contidos nas legislações em vigor e atendendo as exigências nacionais quanto a elaboração deste Plano Decenal dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes, conforme Resolução 171/2014 de 04 de dezembro de 2014 que estabelece os parâmetros para discussão, formulação e deliberação dos referidos planos em âmbito estadual, distrital e municipal, em conformidade com os princípios e diretrizes da Política Nacional de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes e com os eixos e objetivos estratégicos do Plano Nacional Decenal dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes e altera os prazos dispostos na Resolução Nº 161, de 03 de dezembro de 2013. 23 3. PRINCÍPIOS 3.1 Universalidade dos Direitos com Equidade e Justiça Social A noção de universalidade dos direitos está intrinsecamente ligada à dignidade da pessoa humana e à igualdade. Todos os seres humanos possuem a mesma condição de humanidade e, por isso, são dignos de igual proteção jurídica. Portanto, a igualdade é a base da universalidade dos direitos. Em um contexto de diversidades e desigualdades socioculturais, relacionar o conceito de universalidade dos direitos ao de equidade e justiça social implica reconhecer as especificidades e necessidades de determinados grupos e conferir atenção especial aos mais frágeis. Assim, é necessário empregar maiores esforços na concretização dos direitos dos mais vulneráveis, como no caso das crianças e dos adolescentes, a fim de que todas as pessoas sejam respeitadas em sua condição de humanidade e tenham seus direitos fundamentais devidamente efetivados. 3.2 Igualdade e Direito à Diversidade Todas as pessoas têm direito a ser respeitadas e valorizadas da mesma forma pelo Estado e pela sociedade, de modo que não são cabíveis tratamentos discriminatórios ou preconceituosos. O direito à igualdade das crianças e adolescentes assenta-se na premissa de que todos eles, “independentemente da situação fática em que se encontrem, merecem igualdade jurídica, merecem receber da sociedade um único e igualitário regime de direitos fundamentais, livre de tratamento discriminatório ou opressivo” (MACHADO, 2003, p.50). Na concretização da própria igualdade, é necessário considerar e respeitar os indivíduos como pessoas genuinamente humanas, ricas em diversidades culturais, étnico-raciais, econômicas e sexuais, dentre inúmeras outras formas concretas de expressão humana. O direito à diversidade revela-se como uma faceta da igualdade e ela implica em reconhecer e respeitar a pluralidade humana em suas mais variadas manifestações. Não se permite, nessa perspectiva, a discriminação das crianças e dos adolescentes em razão da raça, cor, nacionalidade, origem, sexo, religião, opinião, status social, incapacidade ou qualquer outra circunstância sua, de seus pais ou responsáveis. Todas as crianças e os adolescentes, 24 independentemente de suas características pessoais, são dignos do mesmo respeito, valorização e da mesma gama de direitos fundamentais. 3.3 Proteção Integral para a Criança e o Adolescente O princípio da proteção integral compreende o conjunto de direitos e suas garantias assegurados especificamente às crianças e aos adolescentes em função de sua condição peculiar de pessoas em desenvolvimento. Isto porque o processo de formação física, psíquica e emocional pelo qual as crianças e adolescentes passam resulta em maior vulnerabilidade, fato que enseja a concessão de um regime de direitos especiais e direcionados às necessidades específicas inerentes ao seu desenvolvimento. A adoção da proteção integral segue o entendimento internacional expresso na Declaração da ONU que dispõe que “a criança, por motivo da sua falta de maturidade física e intelectual, tem necessidade de uma proteção e cuidados especiais, nomeadamente de proteção jurídica adequada, tanto antes como depois do nascimento”. Esses direitos especiais das crianças e dos adolescentes, expressos no art. 4º, caput, do Estatuto da Criança e do Adolescente, visam assegurar o integral desenvolvimento das potencialidades, com vistas a torná-los adultos livres, dignos e plenos em suas capacidades e possibilidades humanas. 3.4 Prioridade Absoluta para a Criança e o Adolescente O direito à prioridade absoluta assegurada às crianças e aos adolescentes contempla a primazia em receber proteção e socorro, precedência no atendimento nos serviços públicos e preferência na formulação e execução das políticas e, ainda, na destinação de recursos públicos. Exigem-se, pois, comportamentos positivos por parte da sociedade e do poder público em todas as suas esferas, municipal, estadual e federal. No entanto, as hipóteses aqui elencadas, presentes no art. 4º, parágrafo único, do Estatuto, não são taxativas, considerando-se as variadas situações e formas como deverá ser assegurada a absoluta prioridade às crianças e aos adolescentes. A prioridade absoluta tem como finalidade a concretização dos direitos fundamentais das crianças e dos adolescentes, viabilizando sua efetividade e garantindo-lhes, assim, o pleno 25 desenvolvimento físico, mental e intelectual, com a satisfação não somente das necessidades básicas, mas das condições que propiciem uma vida digna e de qualidade. 3.5 Reconhecimento das Crianças e dos Adolescentes como Sujeitos de Direitos O reconhecimento das crianças e dos adolescentes como sujeitos de direitos significa compreendê-los como dignos de todos os direitos inerentes à pessoa humana, embora o exercício de alguns seja postergado devido à falta de capacidade específica para a prática de determinados atos. Este reconhecimento representa a afirmação de que as crianças e os adolescentes têm plena titularidade jurídica de todos os direitos fundamentais. As crianças e os adolescentes são sujeitos de direitos que possuem, inclusive, maior proteção e mais direitos que os indivíduos adultos. Além de titularizar em todos os direitos comuns a todas as pessoas, eles também estão acobertados pelo conjunto de direitos especiais decorrentes de sua condição peculiar de pessoas em desenvolvimento conglobados pelo princípio da proteção integral, conforme já exposto. 3.6 Descentralização Político-Administrativa A partir da CF/1988, com o pacto federativo, os municípios assumiram competências e atribuições até então privativas e centralizadas na União e nos Estados. O município passou a ter o poder de definir estratégias para atender às suas necessidades de execução direta de atendimento. A diretriz da municipalização do atendimento estabelece que cabe aos municípios a criação e manutenção de programas específicos que permitam atender às peculiaridades e necessidades das crianças e adolescentes em seu território (art. 88, ECA). A política de atendimento às crianças e adolescentes deverá ser formulada e implementada por meio da descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e a elaboração de normas gerais à esfera federal, e a gestão e execução dos respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência social (art. 204, CF). A União e os Estados deverão fornecer o suporte técnico e financeiro para que os municípios, que também contribuirão com recursos próprios, criem e mantenham as estruturas necessárias ao atendimento de crianças, adolescentes e suas respectivas famílias, possibilitando-lhes a construção das suas redes de proteção locais (DIGIÁCOMO, 2013). As diferenças estruturais de municípios precisam ser levadas em conta na normatização e para o financiamento de políticas da área, tentando eliminar 26 problemas de desigualdade na capacidade de proteção e promoção dos direitos das crianças e adolescentes. 3.7 Participação e Controle Social A formulação das políticas públicas de atendimento aos direitos das crianças e dos adolescentes e o controle das ações em todos os níveis seguirão a diretriz da participação popular, por meio de organizações representativas (arts. 204 e 227 da CF/1988). O Estatuto da Criança e do Adolescente, nesse sentido, determina a criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e controladores das ações em todos os níveis, assegurada a participação popular paritária por meio de organizações representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais (art. 88). Oportuno salientar que as entidades representativas da sociedade civil, intituladas como entidades sociais ou sob a forma de organizações não governamentais, são responsáveis, ainda, por executar parcela das políticas públicas para as crianças e os adolescentes, com fulcro no art. 204, I, da CF/1988. A participação da sociedade civil na formulação e controle das políticas públicas mostra-se imprescindível para viabilizar a rede de promoção, proteção e defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes. Destacam-se nessa função os conselhos de direitos, de composição paritária entre governo e sociedade civil, que exercem papel fundamental nessa estrutura, visto que, além de serem órgãos deliberativos de políticas públicas em prol desse público, exercem papel fiscalizador, certificando-se do fiel cumprimento não apenas do princípio da prioridade absoluta à criança e ao adolescente, mas também de todos os demais princípios que regem a administração pública (DIGIÁCOMO, 2013). 3.8 Intersetorialidade e Trabalho em Rede A complexidade das situações vivenciadas pelas crianças e adolescentes, bem como a organização das políticas públicas por setores ou segmentos, impõem que o atendimento às crianças e aos adolescentes seja realizado de forma articulada e intersetorial para que seja prestado completa e satisfatoriamente. O ECA prevê essa necessidade no art. 86, ao estabelecer que a política de 27 atendimento será implementada por meio de um conjunto articulado de ações governamentais e não governamentais no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. A concepção de intersetorialidade fundamenta-se no padrão relacional de trabalho entre setores, ou seja, enfatiza os vínculos entre os grupos, entre as burocracias, entre as políticas, exigindo um olhar para o trabalho produzido em conjunto, para atingir um objetivo comum. O prefixo “inter” indica o estabelecimento de relações. Este conceito, portanto, ultrapassa a ideia de simplesmente agregar ou acumular produtos ou ações de áreas diferentes e historicamente fragmentadas pelas especialidades de funções, bem como supera a abordagem isolada para tratar de problemas sociais complexos. A intersetorialidade rompe com modelos antigos de administração construindo novos desenhos organizacionais com estruturas de hierarquia plana e cooperativa. O objetivo do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente ancora-se nessa ideia de articulação setorial compondo-se por diversos órgãos, entidades e atores sociais, aos quais incumbe atuar de forma integrada e interdependente na construção de uma verdadeira “rede de proteção social”. Essa rede deve ter ações voltadas à prevenção e à proteção das crianças, dos adolescentes e de suas famílias, implementadas por meio de políticas públicas do Poder Público com a participação da sociedade civil (DIGIÁCOMO, 2013). A intersetorialidade e trabalho em rede implicam, desse modo, o desenvolvimento de ações de diversos setores relacionados às políticas sociais básicas, aos serviços de proteção, à assistência supletiva, à proteção jurídico-social e à defesa de direitos, que devem trabalhar de forma articulada, complementar e integrada, a fim de que se viabilize a efetivação dos direitos das crianças e dos adolescentes. 28 4. MARCO SITUACIONAL 4.1 Dados Gerais do Município São Lourenço do Oeste está situado no Noroeste Catarinense, sendo que os primeiros habitantes, a maioria de origem italiana e alemã, instalaram-se no Município em 1948, vindos de diversas partes dos Estados de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul e do Paraná. A colonização propriamente dita ocorreu na década de 1950, efetuada pela Empresa Colonizadora Saudades Ltda, com sede em Chapecó, tendo instalado na terra que mais tarde viria a ser São Lourenço do Oeste a primeira indústria da região, uma serraria. Em 1951, a localidade passou à categoria de distrito e recebeu o nome de São Lourenço. O município foi criado em 21 de junho de 1958, através da Lei Estadual n° 348, desmembrando-se do município de Chapecó. A emancipação do município ocorreu no dia 26 de julho de 1958 (data comemorativa do aniversário do município). O primeiro nome dado a São Lourenço do Oeste foi “Catanduva”, por existir aqui um tipo de vegetação com este nome. Depois passou a chamar-se “Bracatinga”, a origem deste nome deve-se ao barracão da empresa Colonizadora Saudades, construído com madeira desta espécie, árvore semelhante à acácia, abundante no lugar. O nome de “São Lourenço do Oeste” surgiu com a fundação da paróquia de São Lourenço, prevalecendo a partir daí o nome do Santo. A Câmara Municipal de Vereadores foi instalada em 31/01/59. Sua Lei Orgânica foi promulgada em 28/03/90, com 175 Artigos tendo sido atualizada em 2005. O município de São Lourenço do Oeste pertence à região da Associação dos Municípios do Noroeste de Santa Catarina (AMNOROESTE) e a Agência de Desenvolvimento Regional (ADR) São Lourenço do Oeste. A região da AMNOROESTE é formada por seis municípios e está localizada no município de São Lourenço do Oeste. 29 Mapa 1: Mapa de localização de São Lourenço do Oeste Fonte: IBGE (2016) Os aspectos gerais e históricos do município podem ser observados na tabela a seguir. Tabela 1: Aspectos Gerais e Históricos Fonte: SEBRAE (2010) Nota-se que a tabela anterior apresenta dados referentes à área territorial, altitude, clima distância da capital dentre outros. No tocante aos dados de indicadores sociais, população e outros dados podem ser ainda verificados na próxima tabela. 30 Tabela 2: Dados Municipais Fonte: PNUD 2013 A população do município ampliou, entre os Censos Demográficos de 2000 e 2010, à taxa de 1,04% ao ano, passando de 19.643 para 21.792 habitantes. Essa taxa foi inferior àquela registrada no Estado, que ficou em 1,57% ao ano, e superior a cifra de 0,88% ao ano da Região Sul. Gráfico 1: Taxa de crescimento anual por área 2000/2010. Fonte: RI Sociais Panorama Municipal (MDS, 2014) A taxa de urbanização apresentou alteração no mesmo período. A população urbana em 2000 representava 68,24% e em 2010 a passou a representar 77,46% do total. A estrutura demográfica também apresentou mudanças no município. Entre 2000 e 2010 foi verificada ampliação da população idosa que, em termos anuais, cresceu 4,2% em média. Em 2000, este grupo representava 8,5% da população, já em 2010 detinha 11,5% do total da população municipal. O segmento etário de 0 a 14 anos registrou crescimento negativo entre 2000 e 2010 (-1,7% ao ano). Crianças e jovens detinham 29,6% do contingente populacional em 2000, o que correspondia a 31 5.805 habitantes. Em 2010, a participação deste grupo reduziu para 22,5% da população, totalizando 4.895 habitantes. Gráfico 2: População residente por faixa etária 2000/2010. Fonte: Relatório de Informações Sociais Panorama Municipal (MDS, 2014) A população residente no município na faixa etária de 15 a 59 anos exibiu crescimento populacional (em média 1,68% ao ano), passando de 12.182 habitantes em 2000 para 14.387 em 2010. Em 2010, este grupo representava 66,0% da população do município. Ao analisar a divisão da população por sexo e divisão entre urbana e rural entre 1991 a 2010 podemos verificar na tabela a seguir, que existe uma equivalência nos dados referentes a sexo, não apresentando variações significativas. Contudo, ao analisar a população urbana e rural, verifica-se que em 1991, do total de 17.488 habitantes havia 9.896 pessoas residindo na área urbana e 7.592 pessoas na área rural, o que equivale a 56,59% e 43,41%, respectivamente. Já em 2010 houve mudanças significativas nestes dados, onde do total de 21.792 habitantes eram 16.880 residindo na área urbana e 4.912 na área rural. Os dados mostram que no último Censo a população urbana no município já representava 77,46% e a rural 22,54%. Os dados demonstram um processo rápido de urbanização com acentuado êxodo rural no município. População População total Homens Mulheres População total por gênero, rural/urbana População % do total População % do total População (1991) (1991) (2000) (2000) (2010) 17.488 100,00 19.280 100,00 21.792 8.771 8.717 50,15 49,85 9.652 9.629 50,06 49,94 10.828 10.964 % do total (2010) 100,00 49,69 50,31 32 Urbana Rural 9.896 7.592 56,59 43,41 13.407 5.873 69,54 30,46 16.880 4.912 77,46 22,54 Tabela 3: População residente por localização1991/2010. Fonte: PNUD, IPEA (2014) Ao analisar os dados referentes à distribuição por sexo da população, verificou-se que no último censo em 2010 as mulheres representavam 50,31% e os homens 49,69% da população. Conforme informação dos dados do SIAB1 o município de São Lourenço do Oeste no mês de Agosto/2016, nas sete Unidades Básica de Saúde apresentava um total de 7.365 famílias cadastradas, as quais são acompanhadas pelo trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde. O quantitativo de 7.365 famílias representa um total de 22.067 pessoas registradas no sistema de saúde municipal. Na tabela a seguir, podemos verificar a distribuição da população conforme área rural e urbana com base nos dados da Secretaria Municipal de Saúde. Gráfico 3: Famílias cadastradas conforme dados EFS Fonte: Secretaria Municipal de Saúde/SIAB Município de São Lourenço do Oeste (2016) Nota-se que de acordo com as ESF – Estratégia de Saúde da Família, 77% das famílias no município de São Lourenço do Oeste residem na área urbana. Ao buscar os dados da Secretaria de Saúde podemos constatar que no mês de agosto de 2016 havia no município 22.067 pessoas residindo, 1 O Sistema de Informação da Atenção Básica - SIAB foi implantado em 1998 em substituição ao Sistema de Informação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde - SIPACS, pela então Coordenação da Saúde da Comunidade/Secretaria de Assistência à Saúde, hoje Departamento de Atenção Básica/Secretaria de Atenção à Saúde, em conjunto com o Departamento de Informação e Informática do SUS/Datasus/SE, para o acompanhamento das ações e dos resultados das atividades realizadas pelas equipes do Programa Saúde da Família - PSF. O SIAB foi desenvolvido como instrumento gerencial dos Sistemas Locais de Saúde e incorporou em sua formulação conceitos como território, problema e responsabilidade sanitária, completamente inserido no contexto de reorganização do SUS no país, o que fez com que assumisse características distintas dos demais sistemas existentes. Disponível em http://www2.datasus.gov.br/SIAB/index.php?area=01 33 mostrando um aumento da população com relação aos dados do último Censo que aponta uma população residente de 21.792 habitantes. No gráfico a seguir podemos verificar a distribuição da população do município de acordo com os dados da Saúde. Gráfico 4: Pessoas cadastradas conforme dados EFS Fonte: Secretaria Municipal de Saúde/SIAB Município de São Lourenço do Oeste (2016) As distribuições de dados existentes no município podem observar o número de famílias por ESF conforme nos mostra o gráfico a seguir. Gráfico 5: Famílias cadastradas por EFS Fonte: Secretaria Municipal de Saúde/SIAB Município de São Lourenço do Oeste (2016) Dentre as famílias cadastradas no Sistema de Informações da Atenção Básica – SIAB, conforme nos apresenta a tabela abaixo os tipos de moradia no qual as famílias residem. 34 Gráfico 6: Tipo de moradia das famílias cadastradas no SIAB Fonte: Secretaria Municipal de Saúde/SIAB Município de São Lourenço do Oeste (2016) Constatamos que do total de famílias cadastradas no SIAB, temos uma predominância de famílias residindo em moradias de tijolo/adobe o que equivale a 63%, seguido de moradias de madeira representando 37%. É necessário lembrar que existem 30 famílias que residem em moradias de material reciclado e aproveitado e que são computadas no gráfico com percentual 0%, pois sua representação é pequena com relação do total de moradias. Com relação ao destino do lixo no município podemos observar no gráfico a seguir que em 74,85% o lixo é coletado diretamente por serviço de limpeza, em 0,54% é colocado em caçamba de serviço de limpeza, 15,85% é queimado na propriedade, 6,47% é enterrado na propriedade e 2,3% tem outro destino. Gráfico 7: Tipo de moradia das famílias cadastradas no SIAB Fonte: Secretaria Municipal de Saúde/SIAB Município de São Lourenço do Oeste (2016) 35 Ainda dos dados repassados pela Secretaria de Saúde há baixa incidência de mortalidade materna com um óbito no ano de 2015. Quanto a mortalidade infantil em menores de cinco anos também não ocorreu em 2015. 4.2 Aspectos econômicos Entre 2005 e 2009, segundo o IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) do município cresceu 58,1%, passando de R$ 325,8 milhões para R$ 515,1 milhões. O crescimento percentual foi superior ao verificado no Estado que foi de 52,1%. A participação do PIB do município na composição do PIB estadual aumentou de 0,38% para 0,40% no período de 2005 a 2009. No gráfico a seguir pode-se observar a participação dos setores econômicos do município envolvidos no Produto Interno Bruto no ano de 2010. Gráfico 8: Participação setores econômicos no PIB/2010. Fonte: Relatório de Informações Sociais Panorama Municipal (MDS, 2010) No gráfico acima a estrutura econômica municipal demonstrava participação expressiva do setor de Serviços, o qual responde por 37,2% do PIB municipal. Cabe destacar o setor secundário ou industrial, cuja participação no PIB era de 33,9% em 2009 contra 36,8% em 2005. No mesmo sentido ao verificado no Estado, em que a participação industrial decresceu de 36,8% em 2005 para 28,7% em 2009. Conforme demonstra o gráfico a seguir, observamos que num comparativo entre São Lourenço do Oeste e Santa Catarina na agricultura a taxa de crescimento está em 78,2% no município e 48,4% de crescimento para o Estado de Santa Catarina. Já na indústria o Estado cresceu 47%, sendo que o município cresceu 45,5%. No setor de serviços o município teve um crescimento de 64,1% e o 36 Estado 55,4%. Com relação aos impostos o município teve um crescimento de 47,9% e também 53,5% para o Estado. Gráfico 9: Taxa de crescimento PIB (2005-2010). Fonte: Relatório de Informações Sociais Subsídios para elaboração do PPA (2010) Estes dados interferem significativamente no Produto Interno Bruto – PIB do município onde São Lourenço do Oeste, em 2010 possuía um PIB per capita da ordem de R$ 31.307,622. Podemos ainda verificar o Índice de Desenvolvimento Municipal Sustentável - IDMS é de 0,688. Este índice é uma ferramenta para a aplicação do conceito de desenvolvimento municipal sustentável construído a partir de uma série de indicadores considerados fundamentais para diagnosticar o grau de desenvolvimento de um território. Ao avaliar o desenvolvimento, o índice configura-se como uma ferramenta de apoio à gestão capaz de evidenciar as prioridades municipais e regionais e situar as municipalidades em relação a um cenário futuro desejável. A sustentabilidade é entendida como o desenvolvimento equilibrado das dimensões Social, Cultural, Ambiental, Econômica e político institucional. No município de São Lourenço do Oeste, os dados referentes a este índices podem ser verificados no gráfico a seguir. Gráfico 10: Dimensões do IDMS. Fonte: AMNOROESTE (2016) 2 Fonte: IBGE Cidades. Acesso em 23 de agosto de 2016. 37 É possível observar no gráfico que as dimensões que compõem o IDMS apresentam dados no valor de 0,782 na dimensão sociocultural. Esta dimensão avalia a educação, saúde, cultura e habitação. Já na dimensão econômica apresenta 0,743 que avalia a economia municipal como o nível de renda, dinamismo econômico e agregação de valor econômico. Na dimensão ambiental o município apresenta indicador de 0,494 e avalia a questão ambiental envolvendo a cobertura de saneamento básico, a estrutura de gestão ambiental e a preservação ambiental. Na dimensão político institucional o indicador é 0,733 e avalia as finanças públicas como a capacidade de arrecadação municipal e investimento municipal além da saúde financeira do município. Ainda são avaliados neste indicador a participação social que envolve o capital social, a gestão democrática, a participação eleitoral e a participação feminina pelo número de representantes políticos mulheres. Além dos dados já apresentados é necessário trazer dados do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH) que é uma medida resumida do progresso em longo prazo em três dimensões básicas do desenvolvimento humano: renda, educação e saúde. O objetivo da criação do IDH foi o de oferecer um contraponto a outro indicador muito utilizado, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que considera apenas a dimensão econômica do desenvolvimento. (PNUD, 2000) Criado por Mahbu Bul Haq com a colaboração do economista indiano Amartya Sen, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1998, o IDH pretende ser uma medida geral e sintética que, apesar de ampliar a perspectiva sobre o desenvolvimento humano, não abrange nem esgota todos os aspectos de desenvolvimento. O IDH mensura dados do Brasil, Estados e dos Municípios. Os dados municipais são gerados a partir de indicadores locais e o índice para a ser denominado IDH-M, ou seja Índice de Desenvolvimento Humano Municipal. Em 1991, o IDH-M do município foi de 0,479; já em 2000 foi de 0,655 e em 2010 foi para 0,749 conforme nos mostra o gráfico a seguir. 38 Gráfico 11: Evolução IDH-M 1991/2010. Fonte: PNUD (2013) Com base nos dados do censo de 2010 o município eleva consideravelmente seu IDH-M passando de baixo para alto conforme nos mostra o gráfico a seguir. Gráfico 12: IDH-M de 2013. Fonte: PNUD (2013) O IDH-M de São Lourenço do Oeste foi de 0,749, em 2010, o que situa o município na faixa de Desenvolvimento Humano Alto (IDH-M entre 0,700 e 0,799). A dimensão que mais contribui para o IDH-M do município é Longevidade, com índice de 0,807, seguida de Renda, com índice de 0,748, e de Educação, com índice de 0,695. Muitas são as correlações possíveis utilizando o IDH-M, principalmente quando se busca dados relacionados os próprios indicadores que compõem o índice, como: educação, longevidade e renda. IDH-M E SEUS COMPONENTES IDH-M Educação % de 18 anos ou mais com ensino fundamental completo % de 5 a 6 anos frequentando a escola % de 11 a 13 anos frequentando a escola % de 15 a 17 anos com ensino fundamental completo % de 18 a 20 anos com ensino médio completo IDH-M Longevidade Esperança de vida ao nascer (em anos) 1991 0,255 20,95 21,27 50,65 27,64 12,91 0,756 70,34 2000 0,520 30,61 86,96 86,96 59,87 37,17 0,795 72,68 2010 0,695 52,72 97,84 97,84 69,41 61,99 0,807 73,43 39 IDH-M Renda Renda per capita (em R$) 0,571 0,680 0,748 279,72 552,09 841,27 Tabela 4: IDH-M de 2013. Fonte: PNUD (2013) Neste gráfico é possível verificar alguns componentes do IDH-M de 1991 até 2010. Cabe destacar o aumento significativo no acesso à educação e também longevidade. Ainda a esperança de vida ao nascer que em 1991 era de 70,34 anos passou em 2010 para 73,43. Outro indicador relevante nesta análise é com relação à renda per capita que em 1991 era de R$ 279,72 passando em 2010 para R$ 841,27. O IDH-M passou de 0,655 em 2000 para 0,749 em 2010 - uma taxa de crescimento de 14,35%. O hiato de desenvolvimento humano, ou seja, a distância entre o IDH-M do município e o limite máximo do índice, que é 1, foi reduzido em 72,75% entre 2000 e 2010. Nesse período, a dimensão cujo índice mais cresceu em termos absolutos foi Educação (com crescimento de 0,175), seguida por Renda e por Longevidade. No gráfico a seguir verificam-se estes dados mostrando um aumento de 2000 a 2010 que representam um valor pouco abaixo da média nacional. Gráfico 13: IDH-M de 2013. Fonte: PNUD (2013) São Lourenço do Oeste ocupa a 562ª posição entre os 5.565 municípios brasileiros segundo o IDHM. 40 Após apresentar dados gerais referentes ao município passamos a debater dados referente à área da infância e adolescência com a construção do diagnóstico social. 41 5. DIAGNÓSTICO DA ÁREA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE O estudo que compõe este item visa avaliar a realidade das crianças e dos adolescentes no município de São Lourenço do Oeste. A intenção foi apresentar e analisar dados relacionados à efetivação dos direitos fundamentais dessa população específica, produzindo um retrato atual das condições de vida desses sujeitos de direito. Para representar a realidade da população de crianças e adolescentes de São Lourenço do Oeste foram empregados indicadores que permitissem tanto um panorama socioeconômico quanto a respeito de indicadores específicos, que retratam particularidades, sobre a realidade municipal. Como afirma Jannuzzi (2010), todo indicador traz uma representação simplificada da realidade, fato que deve ser considerado e explorado de modo que as limitações do estudo sejam consideradas, levando à seleção de interpretações condizentes com o material disponível. Primeiramente, quanto ao número de crianças e adolescente no município de São Lourenço do Oeste de acordo com os dados o IBGE 2010 pode-se verificar que somam de zero a 19 anos um total de 6.901 pessoas. No gráfico a seguir podemos visualizar a distribuição por faixa etária, lembrando que em nenhum órgão oficial, nacional ou municipal é possível à divisão de zero a dezoito anos conforme prevê o ECA, todos se referem do zero aos dezenove anos de idade. Gráfico 14: Distribuição de crianças e adolescentes por idade. Fonte: IBGE (2010) 42 Podemos observar que 29% possuem de 15 a 19 anos, 28% de 10 a 14 anos, 23% de 5 a 9 anos de idade e 20% de zero a 4 anos de idade. Desta população neste ciclo etário podemos observar que a distribuição por sexo ocorre da seguinte maneira. Gráfico 15: Distribuição de crianças e adolescentes por sexo. Fonte: IBGE (2010) Nota-se que 51% da população neste ciclo são do sexo masculino seguido de 49% do sexo feminino conforme nos informam os dados do IBGE. A Secretaria Municipal de Saúde apresentou dados de crianças até 12 incompletos e adolescentes de 12 anos completo até 18 anos incompletos. Nestes dados foi possível verificar que em São Lourenço do Oeste tem 3.357 crianças e 2.039 adolescentes. Gráfico 16: Distribuição de crianças e adolescentes por sexo. Fonte: Secretaria Municipal de Saúde (2016) 43 Foi possível ainda buscar dados da população inscrita no Cadastro Único que considera a população em situação de vulnerabilidade social, especialmente no que tange a renda. Assim foi possível identificar o público em situação de maior vulnerabilidade social no município e a distribuição por idade desta população de zero a 17 anos. Neste público total o município possui 1.973 pessoas cadastradas. Vejamos no gráfico a seguir como este público se distribui por faixa etária no cadastro único. Gráfico 17: Distribuição de crianças e adolescentes no Cadastro Único por idade. Fonte: CECAD (2016) Podemos observar que 58% da população no ciclo etário de 7 a 15 anos. Temos 18% de 0 a 4 anos, 14% de 16 a 17 anos de idade e 10% de 5 a 6 anos. Temos 14% de adolescentes de 16 a 17 anos e somos sabedores das dificuldades de se trabalhar com este público que também é responsável pela maior parte da evasão e abandono escolar e a não participação em programas socioeducativos uma vez que, nesta idade o interesse pelo trabalho é maior. Resta-nos perguntar, como este público chega ao mercado de trabalho tendo em vista a escolarização e a profissionalização? Nos subitens a seguir podemos verificar os dados gerais do município referente às políticas sociais e o atendimento a criança e ao adolescente em cada uma delas. Optamos em dividir as políticas públicas por item visando facilitar o entendimento com relação aos dados apresentados. 44 5.1 Política Municipal de Educação: aspectos gerais e de atendimento No município de São Lourenço do Oeste a Política de Educação segue as orientações nacionais e estaduais buscando estar em consonância com os objetivos e metas estabelecidas no Plano Decenal de Educação. Considerando os aspectos gerais da educação em nível municipal a proporção de crianças e jovens frequentando ou tendo completado determinados ciclos indica a situação da educação entre a população em idade escolar do município e compõe o IDHM Educação. No município, a proporção de crianças de 5 a 6 anos na escola é de 97,84%, em 2010. No mesmo ano, a proporção de crianças de 11 a 13 anos frequentando os anos finais do ensino fundamental é de 89,86%; a proporção de jovens de 15 a 17 anos com ensino fundamental completo é de 69,41%; e a proporção de jovens de 18 a 20 anos com ensino médio completo é de 61,99%. Entre 1991 e 2010, essas proporções aumentaram, respectivamente, em 76,57 pontos percentuais, 39,21 pontos percentuais, 41,77 pontos percentuais e 49,08 pontos percentuais. Verificamos estes dados no gráfico a seguir: Gráfico 18: Fluxo escolar por faixa etária Fonte: PNUD (2013) A escolaridade da população adulta é um importante indicador de acesso a conhecimento e também compõe o IDHM Educação. Esse indicador carrega uma grande inércia, em função do peso das gerações mais antigas, de menor escolaridade. 45 Entre 2000 e 2010, o percentual de adultos com ensino fundamental completo passou de 30,61% para 52,72%, no município, e de 39,76% para 54,92%, em Santa Catarina. Em 1991, os percentuais eram de 20,95%, no município, e 30,09%, em Santa Catarina. Em 2010, considerando-se a população municipal de 25 anos ou mais de idade, 8,46% eram analfabetos, 45,45% tinham o ensino fundamental completo, 30,48% possuíam o ensino médio completo e 9,59%, o superior completo. No Brasil, esses percentuais são, respectivamente, 11,82%, 50,75%, 35,83% e 11,27%. O indicador Expectativa de Anos de Estudo também sintetiza a frequência escolar da população em idade escolar. Mais precisamente, indica o número de anos de estudo que uma criança que inicia a vida escolar no ano de referência deverá completar ao atingir a idade de 18 anos. Entre 2000 e 2010, ela passou de 10,59 anos para 9,79 anos, no município, enquanto no Estado de Santa Catarina passou de 10,13 anos para 10,24 anos. Em 1991, a expectativa de anos de estudo era de 10,23 anos, no município, e de 9,93 anos, no Estado. A educação básica é o primeiro nível do ensino escolar no Brasil. Ela compreende três etapas: a educação infantil (para crianças com até cinco anos), o ensino fundamental (para alunos de seis a 14 anos) e o ensino médio (para alunos de 15 a 17 anos). Ao longo desse percurso, crianças e adolescentes devem receber a formação comum indispensável para o exercício da cidadania, como aponta a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Também é um objetivo da educação básica fornecer os meios para que os estudantes progridam em estudos posteriores, sejam eles no ensino superior ou em outras modalidades educativas. Apesar da correlação existente entre a idade dos alunos, o nível e as modalidades de ensino, as leis e regulamentos educacionais garantem o direito de todo cidadão frequentar a escola regular em qualquer idade. No entanto, também é uma obrigação do Estado garantir os meios para que os jovens e adultos que não tenham frequentado a escola na idade adequada possam acelerar seus estudos e alcançar formação equivalente à educação básica. Na área educacional o município de São Lourenço do Oeste possui a educação infantil que representa um segmento importante do processo educativo. Vários fatores contribuem para sua expansão no mundo, entre os quais se destacam: o avanço do conhecimento científico sobre o desenvolvimento da criança, a participação crescente da mulher na força de trabalho extradomiciliar e a consciência social sobre o significado da educação em seus primeiros anos de vida. No município as escolas objetivam atender a demanda com educação infantil, ensino fundamental, médio e superior através da rede municipal, estadual e privada. 46 Na tabela a seguir podemos verificar o acesso à educação infantil no município referente aos dados de atendimento apresentados pela Secretaria Municipal de Educação. Educação Infantil Nome da Escola CEIM Monteiro Lobato CEIM Mundo Colorido CEIM Cora Coralina EBM Santa Inês EBM São Roque EBM Nossa Senhora de Lourdes EBM Santa Catarina EBM Santa Maria Goretti EBM São Francisco Total Matrículas 2016 187 177 108 13 15 62 147 179 168 1056 Tabela 5 – Educação Infantil Fonte: Secretaria Municipal de Educação (2016) Podemos verificar que a demanda de atendimento é de um total de 1.056 crianças. Contudo conforme os dados da Secretaria Municipal de Educação existem uma demanda reprimida para atendimento em creche para crianças de zero a três anos de idade. De acordo com a Secretaria de Educação como a obrigatoriedade é atendimento de crianças e acima de quatros de idade, a demanda de crianças menores permanece sem atendimento no município e com um significativo número de crianças aguardando. A educação infantil, nas suas origens provinha de um caráter estritamente assistencial, ainda hoje se sente os resquícios desse atendimento, deste modo, é necessário uma visão que possibilite a superação desse caráter assistencialista, e a desvelar a relevância da educação infantil das crianças de 0 a 3 anos de idade, para que ocorra o desenvolvimento integral da criança, ou seja, no aspecto biológico, psicológico e social. Estas questões ainda interferem na possibilidade de não ter atendimento neste ciclo etário e ainda a falta de recursos financeiros, humanos e de estrutura física. A ciência tem mostrado que o período que vai da gestação até o sexto ano de vida, particularmente de 0 a 3 anos, é o mais importante na preparação das bases das competências e habilidades no curso de toda a vida humana. O cérebro de uma criança de 3 anos é duas vezes mais ativo que o de um adulto: já formou cerca de um quatrilhão de conexões. Ficam e se fortalecem as conexões que foram repetidamente usadas nos primeiros anos e tem um impacto decisivo na arquitetura do cérebro. (RIMA SHORE, 2000, apud CORREA, 2001, p. 62). Desse modo fortalecem-se os motivos pelos quais se deve entender a educação infantil nessa faixa etária como essencial. Segundo essa mesma autora, muitos cientistas descrevem que nesse 47 período da infância existem determinados momentos cruciais, ou janelas de oportunidades, em que o cérebro precisa de certo tipo de estímulo, para que sejam criadas ou consolidadas algumas estruturas duradouras. Assim, a importância do acompanhamento, já nos nos primeiros meses de vida é comprovada. Trata-se de uma meta que necessita ser pensada no plano de ação deste Plano Decenal na área de acesso a educação infantil. O ensino fundamental no município ocorre nas seguintes escolas conforme consta na tabela. Ensino Fundamental Nome da Escola EBM Santa Inês EBM São Roque EBM Nossa Senhora de Lourdes EBM Santa Catarina EBM Santa Maria Goretti EBM São Francisco EBM São Lourenço EBM Irmã Cecília EBM Irmã Neusa Qtde Alunos 2016 Evasão Escolar (%) Aprovação (%) 94 142 230 566 780 304 274 851 364 0% 0,7% 0,43% 1,23% 2,3% 0,98% 2,18% 0,47% 0,91% 96,81% 93,66% 99,57% 98,06% 97,31% 97,04% 99,27% 95% 95,33% Tabela 6 – Ensino Fundamental Fonte: Secretaria Municipal de Educação (2016) De acordo com os dados da Secretaria de Educação os índices de evasão escolar não são altos, porém merecem atenção considerando a fase de desenvolvimento dos alunos e sua obrigatoriedade em frequentar a escola. No ensino médio os dados referentes a evasão escolar são ainda mais preocupantes conforme mostra a tabela a seguir. Ensino Médio Nome da Escola EEB Rui Barbosa EEB Soror Angélica Qtde Alunos 2016 287 453 Evasão Escolar (%) Aprovaçã o (%) 7% 5% 90% 84% Tabela 7 – Ensino Médio Fonte: Gerência Regional de Educação (2016) De acordo com os dados apresentados temos um total de 740 alunos matriculados em 2016 e constata-se que conforme aumenta a idade dos adolescentes aumenta também a evasão escolar. Nas duas escolas que ofertam ensino médio os índices de evasão são de 7% e 5%. Há também queda na aprovação que ficou em 90% e 84%. Quanto à qualificação dos profissionais, nota-se que a grande maioria dos educadores possuem formação na área de atuação. 48 As escolas de ensino médio ofertam o ensino integral através de atividade lúdicas e esportivas que oportunizam o acesso a: voleibol, futsal, música, dança, artes, jogos e viagens de estudo, cultura e lazer. Sabemos que a adolescência é uma das principais etapas da vida, um processo que antecede a vida adulta e que tem impactos que serão levados para sempre na vida de uma pessoa. Todavia, o interesse pelo estudo nem sempre perdura nesta fase. É frequentemente na adolescência que os estudos acabam sendo abandonados. Este abandono gera consequências muitas vezes irreversíveis na vida destes jovens, especialmente relacionado ao acesso ao mercado de trabalho, se tornando mais limitado para quem tem pouca escolaridade. Este indicador também atinge possíveis sonhos destes adolescentes no sentido de uma vida mais estável financeiramente. A evasão escolar ainda é um dos grandes problemas da educação brasileira. De acordo com a Síntese de Indicadores Sociais, divulgada em 2010 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil tem a maior taxa de abandono escolar no Ensino Médio entre os países do Mercosul. Segundo a pesquisa, 1 em cada 10 alunos entre 15 e 17 anos deixa de estudar nessa fase. No Ensino Fundamental os índices de evasão são menores, 3,2%, mas ainda estamos atrás de outros países da América do Sul. As situações referente à evasão escolar e distorção série idade envolvem inúmeros fatores e deverão produzir ações neste plano decenal de enfretamento visando contribuir para o desenvolvimento pleno e saudável de crianças e adolescentes que não é responsabilidade somente do Estado, mas também da família e da sociedade como um todo. Diante das situações cotidianas vivenciadas nas escolas é importante a proximidade da escola com a família. Assim, são desenvolvidas atividades que buscam essa aproximação. Todas as escolas do município buscam realizar atividades com a família, nota-se que as ofertas existentes envolvem questões de orientação, atividades lúdicas e recreativas. A maior oferta representa as atividades lúdicas demonstrando a intenção de fortalecer os vínculos entre família e escola. Na educação especial, o município conta com uma Escola de Educação Especial Nossa Senhora das Graças (APAE). Vejamos na tabela os dados da entidade. EDUCAÇÃO ESPECIAL Nome da escola Escola Especial Nossa Senhora das Graças (APAE) Quantidade de alunos 134 Tabela 8 – Educação Especial - APAE Fonte: APAE (2016) 49 Do atendimento ofertado na APAE buscamos conhecer quais os ciclos etários que possui alunos em 2016 e como estão caracterizados. Vejamos no gráfico a seguir como se compõe o público da APAE de acordo com o ciclo etário. Gráfico 19 – Faixas etárias atendidas na Educação Especial - APAE Fonte: APAE (2016) Nota-se que 66% do atendimento da APAE estão concentrados no ciclo etário de 19 a 59 anos de idade. Os demais representam 18% até 12 anos incompletos, 13% até 18 anos completos e 3% com 60 anos ou mais. Os profissionais que atuam na educação especial possuem na grande maioria ensino superior completo na área. Quanto as atividades com a família, a APAE realiza em média 7 por ano entre palestras e atividades lúdicas e recreativas. Contudo, ainda realiza 12 reuniões pedagógicas por ano. Com relação ao acesso ao BPC, os alunos da APAE apresentam os seguintes dados: Acesso a Benefícios dos alunos de 0 a 18 anos completos da APAE BPC Benefício do Estado de Não Recebe Quantidade SC 23 1 18 Tabela 9 – Educação Especial - APAE Fonte: APAE (2016) 50 Podemos perceber que, 23 alunos da APAE são beneficiários do BPC e um aluno recebe o benefício do Estado de Santa Catarina, contudo são 18 pessoas com deficiência que não recebem o beneficio possivelmente por não se incluírem nos critérios de elegibilidade do BPC. 5.2 Política Municipal de Saúde: aspectos gerais e de atendimento O município de São Lourenço do Oeste na área de saúde atua com a atenção básica ou atenção primária em saúde que é conhecida como a "porta de entrada" dos usuários no sistema de saúde, ou seja, é o atendimento inicial. Seu objetivo é orientar sobre a prevenção de doenças, solucionar os possíveis casos de agravos e direcionar os mais graves para níveis de atendimento superiores em complexidade. A atenção básica funciona, portanto, como um filtro capaz de organizar o fluxo dos serviços nas redes de saúde, dos mais simples aos mais complexos. Inicialmente vamos trazer os aspectos gerais da política de saúde no município. A mortalidade infantil (mortalidade de crianças com menos de um ano de idade) no município passou de 21,9 óbitos por mil nascidos vivos, em 2000, para 15,9 óbitos por mil nascidos vivos, em 2010. Em 1991, a taxa era de 23,9. Já em Santa Catarina, a taxa era de 11,5, em 2010, de 16,8, em 2000 e 24,8, em 1991. Entre 2000 e 2010, a taxa de mortalidade infantil no país caiu de 30,6 óbitos por mil nascidos vivos para 16,7 óbitos por mil nascidos vivos. Em 1991, essa taxa era de 44,7 óbitos por mil nascidos vivos. Merece destaque que em São Lourenço do Oeste, nos anos de 2014 e 2015 não houve mortalidade infantil. Com a taxa observada em 2010, o Brasil cumpre uma das metas dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas, segundo a qual a mortalidade infantil no país deve estar abaixo de 17,9 óbitos por mil nascidos vivos em 2015. Na tabela a seguir podemos verificar dados de longevidade, mortalidade e fecundidade. Longevidade, Mortalidade e Fecundidade Ano 1991 Esperança de vida ao nascer 70,3 Mortalidade até 1 ano de idade (por mil nascidos vivos) 23,9 Mortalidade até 5 anos de idade (por mil nascidos vivos) 27,6 Taxa de fecundidade total (filhos por mulher) 3,0 2000 72,7 21,9 25,3 2,4 2010 73,4 15,9 18,6 1,7 Tabela 10: Longevidade, mortalidade e fecundidade Fonte: PNUD (2013) 51 A esperança de vida ao nascer é o indicador utilizado para compor a dimensão Longevidade do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). No município, a esperança de vida ao nascer cresceu 0,8 anos na última década, passando de 72,7 anos, em 2000, para 73,4 anos, em 2010. Em 1991, era de 70,3 anos. No Brasil, a esperança de vida ao nascer é de 73,9 anos, em 2010, de 68,6 anos, em 2000, e de 64,7 anos em 1991. A Saúde da Família é uma das principais estratégias propostas pelo Ministério da Saúde do Brasil, para reorientar o modelo assistencial do Sistema Único de Saúde, a partir da atenção básica (BRASIL, 1996). Ela procura reorganizar os serviços e reorientar as práticas profissionais na lógica da promoção da saúde, prevenção de doenças e reabilitação, enfim, da promoção da qualidade de vida da população, constituindo-se em uma proposta com dimensões técnica, política e administrativa inovadoras. Ela pressupõe o princípio da Vigilância à Saúde, a inter e multidisciplinaridade e a integralidade do cuidado sobre a população que reside na área de abrangência de suas unidades de saúde (BRASIL, 1996). Sua expansão ganhou impulso com a Norma Operacional Básica (NOB-96) que operacionalizou a descentralização de recursos e a municipalização da saúde, apresentando as orientações para o repasse, aplicação e mecanismos de controle e acompanhamento dos recursos financeiros que compõe o Piso da Atenção Básica (PAB), assim com a responsabilidade dos municípios enquanto gestores (COIMBRA, 2005). No município de São Lourenço do Oeste os serviços da atenção básica são desenvolvidos em sete unidades de saúde. Estas unidades são de propriedade Pública Municipal e mantida com recursos do Fundo Municipal de Saúde, com cofinanciamento da União e do Estado. Oferecem atendimento de segunda a sexta-feira, no período matutino (7:30 às 11:30 horas) e no período vespertino (13:30 às 17:30 horas). De acordo com os dados municipais da equipe de saúde a Estratégia Saúde da Família (ESF), tem permitido realizar um trabalho visando a promoção da saúde e a prevenção de doenças através de ações educativas realizadas por todos os profissionais da equipe bem como com os demais setores. Através dela a equipe da saúde tem acesso direto com a realidade das pessoas em seu território, o que permite a realização de um diagnóstico mais preciso de acordo com as necessidades da população. O município de São Lourenço do Oeste possui sete equipes de ESF que atendem 100% da população. As equipes da ESF realizam atendimentos individuais e coletivos a todos os membros das famílias cadastradas, visitas domiciliares, ações educativas com os grupos de promoção de saúde, 52 reuniões de equipe, atendimento ambulatorial, entre outros. O município dispõe de Equipe Multidisciplinar do NASF (Núcleo de Apoio à Estratégia de Saúde da Família). Os pacientes que necessitam de atendimento especializado, não disponível na atual estrutura municipal são encaminhados por meio do Tratamento Fora do Domicilio (TFD) para os serviços de referência. As especialidades não contempladas pelo SUS são encaminhadas aos serviços de referência regional, e consórcio intermunicipal de saúde. No atendimento no Programa Saúde na Escola (PSE), que é uma política intersetorial da Saúde e da Educação, foi instituído em 2007. As políticas de saúde e educação voltadas às crianças, adolescentes, jovens e adultos da educação pública brasileira se unem para promover saúde e educação integral. A articulação intersetorial das redes públicas de saúde e de educação e das demais redes sociais para o desenvolvimento das ações do PSE implica mais do que ofertas de serviços num mesmo território, pois deve propiciar a sustentabilidade das ações a partir da conformação de redes de corresponsabilidade. Os dados de atendimento na política de assistência social serão apresentados no próximo item por ter características de atendimento para famílias em situação de vulnerabilidade social. 5.3 Politica Municipal de Assistência Social: aspectos gerais e de atendimento. Na Constituição Federal de 1988, integrando o tripé da Seguridade Social Brasileira a Política de Assistência Social nos artigos 203 e 204 tem preconizado como seus objetivos: Art.203 A Assistência Social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: I- a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; II- o amparo às crianças e adolescentes carentes; III- a promoção da integração ao mercado de trabalho; IV- a habilitação e a reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; V- a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes: I - descentralização político-administrativa, cabendo à coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência social; II - participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis. 53 Apesar de ser garantia enquanto política pública pela Constituição Federal de 1988, a assistência social necessitou de uma lei específica que regulamentasse a organização desta política pública em nível de Brasil, desta forma, com a aprovação da Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS em 1993 que passa a regulamentar os pressupostos constitucionais, ou seja, aquilo que está escrito na Constituição Federal, nos seus Artigos 203 e 204, que definem e garantem o direito à assistência social. Em 2003, após a realização das conferências municipais de Assistência Social e com aprovação das deliberações municipais na IV Conferência Nacional De Assistência Social3 que indicam a necessidade de implantação de um sistema público, descentralizado e participativo na política de assistência social. De posse das deliberações da conferência nacional, o Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS aprova em 2004 a Política Nacional de Assistência Social que se caracteriza como uma política que junto com as políticas setoriais, considera as desigualdades socioterritoriais, visando seu enfrentamento, à garantia dos mínimos sociais, ao provimento de condições para atender à sociedade e à universalização dos direitos sociais. O público dessa política são os cidadãos e grupos que se encontram em situações de risco. Ela significa garantir a todos, que dela necessitam, e sem contribuição prévia a provisão dessa proteção. (PNAS, 2004) O Sistema Único de Assistência Social (SUAS)4, criado em 2005 tendo como base na Política Nacional de Assistência Social (PNAS/2004) significa um avanço qualitativo no ordenamento políticoinstitucional da Assistência Social, dando visibilidade a uma política pública de Estado responsável por garantir os direitos de proteção social não contributivos. Desta forma, esta nova matriz de gestão da política de Assistência Social, na perspectiva do SUAS apresenta-se como uma proposta inovadora de superação das práticas e concepções tradicionais, burocráticas e patrimonialistas que caracterizam a Assistência Social, especialmente na primeira década de implementação da LOAS. A gestão da política de assistência social é de competência da Secretaria Municipal de Assistência Social de São Lourenço do Oeste – SMAS e enquanto órgão gestor está implantando junto à rede de serviços socioassistenciais que integra o Sistema Único de Assistência Social – SUAS. 3 A IV Conferência Nacional de Assistência Social foi realizada em Brasília, no período de 7 a 10 de dezembro de 2003, e representou um significativo passo na direção da sedimentação dos novos termos da Política de Assistência Social no Brasil. O evento foi coordenado pelo Ministério da Assistência Social (MAS) e pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS). A Conferência teve como tema geral a Assistência Social como Política de Inclusão: uma Nova Agenda para a Cidadania – Loas 10 anos. 4 O Sistema Único de Assistência Social (Suas) é um sistema público que organiza, de forma descentralizada, os serviços socioassistenciais no Brasil. Com um São Lourenço do Oeste de gestão participativa, ele articula os esforços e recursos dos três níveis de governo para a execução e o financiamento da Política Nacional de Assistência Social (PNAS), envolvendo diretamente as estruturas e marcos regulatórios nacionais, estaduais, municipais e do Distrito Federal. 54 Com a aprovação da Política Nacional de Assistência Social e consequentemente à aprovação da NOB/SUAS, o município de São Lourenço do Oeste habilitou-se na Gestão Básica. Para garantir um atendimento organizado e hierarquizado, o SUAS se estrutura tendo como conceitos norteadores a “vulnerabilidade” e o “risco”. Dessa forma, prevê a classificação dos usuários em “situação de vulnerabilidade social” e “situação de risco social”, tendo como parâmetro às consequências da pobreza, da privação e da falta de acesso aos serviços existentes sobre a vida, a aquisição de potencialidades e os vínculos sociais e familiares do cidadão. Assim, consegue garantir a referência ao atendimento em unidades públicas de atendimento e equipes técnicas conforme o nível de complexidade que exige o atendimento. No que tange a organização dos serviços de acordo com os níveis de proteção social básica e especial é que o município busca se adequar as normativas legais no SUAS. A implantação do CRAS que visa garantir ações de prevenção, até então pouco realizadas na assistência social é que a NOB/SUAS prevê a Proteção Social Básica (PSB). Este nível de proteção tem um caráter preventivo, visando evitar situações de risco, desenvolvendo potencialidades e aquisições dos usuários e fortalecendo os vínculos familiares e comunitários e destina-se à população que vive em “situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (...), e/ ou, fragilização de vínculos afetivos – relacionais e de pertencimento social (...)” (NOB/SUAS, 2005). Nesse sentido, a proteção social básica se materializa nas unidades públicas estatais, a qual denomina de Centros de Referência de Assistência Social5 (CRAS) ao qual prevê o atendimento de pessoas em situação de vulnerabilidade e de fragilização de vínculos familiares com serviços socioassistenciais como: Serviço de Atenção Integral à Família (PAIF), Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos e Serviço de Atendimento no Domicílio para Pessoas Idosas e com Deficiência. O município de São Lourenço do Oeste possui um CRAS para atendimento de até 3.500 famílias ano. Quando falamos em situação de risco, observamos que as ações e os serviços ultrapassam as ações de prevenção. Desta forma, o SUAS estrutura a Proteção Social Especial (PSE) se configura em uma “modalidade de atendimento assistencial destinada a famílias e indivíduos que se encontram em situação de risco pessoal e social”, decorrentes de situações de abandono, violência, uso de substâncias psicoativas, cumprimento de medidas socioeducativas, situação de rua, situação de trabalho infantil etc. 5 O CRAS é uma unidade pública estatal descentralizada da política de assistência social sendo responsável pela organização e oferta dos serviços socioassistenciais da Proteção Social Básica do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) nas áreas de vulnerabilidade e risco social dos municípios e DF. Acesso em 12 de dezembro de 2016 em www.mds.gov.br 55 A Proteção Social Especial (PSE) que destina-se a famílias e indivíduos em situação de risco pessoal ou social, cujos direitos tenham sido violados ou ameaçados. Para integrar as ações da Proteção Especial, é necessário que o cidadão esteja enfrentando situações de violações de direitos por ocorrência de violência física ou psicológica, abuso ou exploração sexual; abandono, rompimento ou fragilização de vínculos ou afastamento do convívio familiar devido à aplicação de medidas. (MDS/NOB/SUAS, 2005). Em São Lourenço do Oeste o CRAS e CREAS estão dispostos no território de forma a garantir melhor acesso a população. No mapa a seguir, optou-se em mostrar a localização do CRAS, equipamento social responsável pela execução dos serviços socioassistenciais de proteção social básica do SUAS e porta de entrada à assistência social. Também é possível visualizar no mapa o Conselho Tutelar e a Agência da Previdência Social. Mapa 2: Mapa dos equipamentos sociais. Fonte: MDS (2016) Atuar nesta nova lógica de trabalho nos serviços socioassistencias requer mudança de paradigma na área da assistência social, definida como política pública e como direito social, cujas ações, visam superar a fragmentação e a segmentação, tomando como principal estratégia a família, que passa ser considerada como eixo central dos serviços. Além da família, outros cidadãos e grupos que se encontram em situação de vulnerabilidade e risco tem destaque, tais como: Famílias e indivíduos com perda ou fragilidade de vínculos de afetividade, pertencimento e sociabilidade; ciclos de vida; identidades estigmatizadas em termos étnicos, cultural e sexual; desvantagem a pessoal resultante de deficiência; exclusão pela pobreza e/ou no acesso às demais políticas públicas; uso de substâncias psicoativas; diferentes formas de violência advinda do núcleo familiar, grupos e indivíduos; inserção precária ou não inserção no mercado de trabalho formal e informal; estratégias e alternativas diferenciadas de sobrevivência que podem representar risco pessoal e social (BRASIL, 2004, p. 33). 56 É importante salientar que, essa definição é a mais expressiva das mudanças na área, sob um olhar de prevenção. A política de Assistência Social, enquanto política de Estado passa a considerar a perda ou a fragilidade vínculos de afetividade como foco de intervenção dos serviços socioassistenciais de proteção social básica. Sob esta ótica a assistência social constitui-se “como estratégia fundamental no combate à pobreza, à discriminação, às vulnerabilidades e à subalternidade econômica, cultural e política em que vive grande parte da população brasileira” (YASBEK, 2008, p. 20-21), o que nos possibilita ampliar seu campo de intervenção. Com a implantação do SUAS, temos algumas superações sobre a noção de pobreza sob o olhar exclusivo da questão de ausência ou precariedade de renda, pois temos a definição de vulnerabilidade e risco social como uma multiplicidade de manifestações das desigualdades sociais, passando a ser compreendida com um fenômeno multidimensional e com modos de expressão. A Assistência Social dá primazia à atenção às famílias e seus membros, a partir do seu território de vivência, com prioridade àqueles com registros de fragilidades, vulnerabilidades e presença de vitimizações entre seus membros (NOB/SUAS, p.16) buscando desta forma garantir o acesso às seguranças de assistência social. Com o intuito de facilitar a compreensão sobre o que caracteriza cada segurança afiançada pela política de assistência social, elaborou-se o quadro a seguir. Quadro 1 – Seguranças de assistência social Segurança Caracterização Segurança de acolhida Supõe ações de abordagem em territórios de incidência de situações de risco, bem como a oferta de uma rede de serviços e de locais de permanência de indivíduos e famílias sob curta, média e longa permanência – alojamentos, vagas de albergagem e abrigos. Segurança social de renda Operada por meio da concessão de bolsas, auxílios financeiros sob determinadas condicionalidades, com presença (ou não) de contrato de compromissos; e da concessão de benefícios continuados, nos termos da lei, para cidadãos não incluídos no sistema contributivo de proteção social, que apresentem vulnerabilidades decorrentes do ciclo de vida e/ou incapacidade para a vida independente e para o trabalho. Segurança do convívio ou vivência familiar, comunitária e social Exige a oferta pública de rede continuada de serviços que garantam oportunidades e ação profissional para: construção, restauração e fortalecimento de laços de pertencimento (de natureza geracional, intergeracional, familiar, de vizinhança e interesses comuns e societários); 57 exercício capacitador e qualificador de vínculos sociais e de projetos pessoais e sociais de vida em sociedade. Segurança de desenvolvimento da autonomia individual, familiar e social Exige ações profissionais e sociais para: desenvolvimento de capacidades e habilidades para o exercício do protagonismo da cidadania; a conquista de melhores graus de liberdade, respeito à dignidade humana, protagonismo e certeza de proteção social para o cidadão, a família e a sociedade; conquista de maior grau de independência pessoal e qualidade, nos laços sociais, para os cidadãos e cidadãs sob contingências e vicissitudes. Segurança de sobrevivência a riscos circunstanciais Exige a oferta de auxílios em bens materiais e em pecúnia em caráter transitório, denominados “benefícios eventuais” para as famílias, seus membros e indivíduos. Fonte: Brasil (2004). De acordo com a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais (BRASIL, 2009), a proteção social básica caracteriza-se pela execução de três serviços socioassistenciais que buscam a prevenção: Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) e Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas Idosas e com Deficiência. Nosso objetivo inicial é discorrer, de forma breve, sobre cada serviço socioassistencial instituído pela Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais relativos à proteção social básica para posteriormente aprofundar acerca do SCFV. Primeiramente, aborda-se o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), considerado carro-chefe da proteção social básica. O PAIF é “pedra fundamental” e se caracteriza como eixo basilar para a política de assistência social que se propõe a superar a tradição histórica de assistencialismo e clientelismo de uma política segmentada para o patamar de política pública. De acordo com a normativa que tipifica os serviços socioassistenciais, vejamos a descrição geral do PAIF: Consiste no trabalho social com famílias, de caráter continuado, com a finalidade de fortalecer a função protetiva das famílias, prevenir a ruptura dos seus vínculos, promover seu acesso e usufruto de direitos e contribuir na melhoria de sua qualidade de vida. Prevê o desenvolvimento de potencialidades e aquisições das famílias e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, por meio de ações de caráter preventivo, protetivo e proativo. (BRASIL, 2009, p. 6). 58 Ao PAIF, cabe a necessidade de realizar um trabalho social com famílias, caracterizando-se como um: Conjunto de procedimentos efetuados a partir de pressupostos éticos, conhecimento teóricometodológico e técnico-operativo, com a finalidade de contribuir para a convivência, reconhecimento de direitos e possibilidades de intervenção na vida social de um conjunto de pessoas, unidas por laços consanguíneos, afetivos e/ou de solidariedade – que se constitui em um espaço privilegiado e insubstituível de proteção e socialização primárias, com o objetivo de proteger seus direitos, apoiá-las no desempenho da sua função de proteção e socialização de seus membros, bem como assegurar o convívio familiar e comunitário, a partir do reconhecimento do papel do Estado na proteção às famílias e aos seus membros mais vulneráveis. Tal objetivo materializa-se a partir do desenvolvimento de ações de caráter “preventivo, protetivo e proativo”, reconhecendo as famílias e seus membros como sujeitos de direitos e tendo por foco as potencialidades e vulnerabilidades presentes no seu território de vivência. (BRASIL, 2012, p. 13). A materialização do trabalho social com famílias dá-se por meio de ações que são realizadas para atender aos objetivos previstos pela equipe técnica com a família atendida. Essas ações constituem-se na acolhida, oficinas com famílias, ações comunitárias, ações particularizadas e encaminhamentos. O relatório de informações mensais de atendimento – RMA é encaminhado ao MDSA computando o número de atendimentos realizados em cada mês. Outros Sistemas de Informação serão utilizados para diagnosticar as situações de vulnerabilidade e risco social: CADASTRO ÚNICO, dados do IBGE, PNAD, Atlas do Desenvolvimento Social, entre outros. Estes sistemas contribuem para atender as referências contidas na PNAS/2004 quanto a Vigilância Social: Refere-se à produção, sistematização de informações, indicadores e índices territorializados das situações de vulnerabilidade e risco pessoas e social que incidem sobre famílias/pessoas nos diferentes ciclos de vida (crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos); pessoas com redução da capacidade pessoal, com deficiência ou em abandono; crianças e adultos, vítimas de formas de exploração, de violência e de ameaças; vítimas de preconceito por etnia, gênero e opção pessoal; vítimas de apartação social que lhes impossibilite sua autonomia e integridade, fragilizando sua existência; vigilância sobre os padrões de serviços de assistência social em especial aqueles que operam na forma de albergues, abrigos, residências, semi-residências, moradias provisórias para os diversos segmentos etários. Os indicadores a serem construídos devem mensurar no território as situações de risco sociais e violação de direitos. As ações desenvolvidas na Proteção Social Básica em sua unidade de atendimento que é o CRAS de São Lourenço do Oeste são cofinanciadas com recursos financeiros do MDSA – Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, através do Piso Básico Fixo no valor de R$ 8.400,00/mês, eventualmente algumas parcelas são transferidas com atraso pelo Ministério. A Secretaria de Estado da Assistência Social, Trabalho e Habitação pactuou com o município recursos na ordem de R$ 27.358,70, porém ata a data de elaboração deste plano ainda não havia realizado o pagamento do 59 convênio para o ano de 2016. Na tabela a seguir é possível verificar o atendimento realizado pelo CRAS através do Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF). Número de famílias atendidas na PSB (PAIF) Meses (Jun/15 até Mai/16) Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Acompanhamento em grupos 155 155 155 172 172 172 172 172 172 172 155 155 Acompanhamento particularizado 137 146 146 146 146 146 48 48 48 51 53 66 Tabela 11 – Famílias acompanhadas pelo PAIF Fonte: CRAS – Centro de Referencia de Assistência Social (2016) Nota-se que o município realiza acompanhamento às famílias em grupos do PAIF na proteção social básica com um número significativo de aproximadamente 155 famílias participando. No atendimento particularizado do PAIF são em média 98 famílias acompanhadas por mês. No acompanhamento a inserção da família se organiza num conjunto de intervenções desenvolvidas de forma continuada, a partir do estabelecimento de compromissos entre a família e profissionais, que pressupõem a construção de um Plano de Acompanhamento Familiar - com objetivos a serem alcançados, a realização de mediações periódicas, a inserção em ações do PAIF, a fim de superar, gradativamente, as vulnerabilidades vivenciadas. Na segurança de convívio familiar e comunitário, observa-se que é necessário possibilitar vivências e experiências que contribuam para o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Assim, o desenvolvimento desse serviço caracteriza-se no sentido de possibilitar o “fortalecimento e empoderamento6 da família”. Tais fatores devem ser potencializados “por políticas de apoio sociofamiliar, em diferentes dimensões que visem à reorganização do complexo sistema de relações familiares, especialmente no que se refere ao respeito aos direitos da criança” e à possibilidade de desenvolvimento saudável e protegido (BRASIL, 2006). O trabalho social com as famílias no âmbito do PAIF deve estar articulado aos demais serviços socioassistenciais da proteção social básica. Assim, outro serviço da proteção social básica é o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, organizado de acordo com os ciclos etários. Conforme descrito na Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais, o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) se caracteriza pelo trabalho com grupos, respeitando os ciclos etários. Conforme a descrição geral do serviço, contida na tipificação, o SCFV: Adotamos a palavra “empoderamento” entendida, neste texto, como fortalecimento, a partir da concepção de empoderamiento e fortalecimiento de Silva e Martínez (2004). 6 60 É realizado em grupos, organizado a partir de percursos de modo a garantir aquisições progressivas aos seus usuários de acordo com os ciclos de vida a fim de complementar o trabalho social com a família e prevenir a ocorrência de situações de risco social. (BRASIL, 2009, p. 9). Verificamos a necessidade de articulação entre os serviços da proteção social básica, já que são complementares ao trabalho social com a família realizado pelo PAIF: Dessa forma, as atividades realizadas nesse serviço devem possibilitar trocas culturais e de vivencias, desenvolvendo o sentimento de pertença e de identidade, fortalecer vínculos familiares e incentivar a socialização e a convivência comunitária. (BRASIL, 2009, p. 9). De acordo com a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais, o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, além da segurança do convívio familiar e comunitário, deverá garantir segurança de acolhida e segurança de desenvolvimento da autonomia (BRASIL, 2009). Este serviço está organizado a partir de ciclos etários: até seis anos de idade, de seis a quinze anos, de quinze a dezessete anos, e idosos. Cada ciclo etário orienta-se a partir de objetivos e metodologia específica que norteiam a intervenção da equipe técnica, composta por assistente social, psicólogo e orientadores sociais. A organização desse serviço é por ciclo de vida, podendo favorecer atividades intergeracionais. Esses serviços organizados com pessoas em determinados ciclos etários não caracteriza fragmentação de ações, uma vez que há sempre a centralidade na família. Esse trabalho volta-se, pois, a abordar as características de vulnerabilidade, de potencialidades e de desenvolvimento relativas aos ciclos de vida e aos contextos sociofamiliares, como suporte ao trabalho com famílias realizado pelo PAIF (BRASIL, 2009). O município de São Lourenço do Oeste atende crianças e adolescentes no SCFV conforme tabela a seguir. CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO SCFV Ciclo etário Out/Nov/Dez (2015) Até 6 anos 0 De 6 a 15 anos 117 De 15 a 17 anos 0 Jan/Fev/Mar (2016) 0 123 0 Tabela 12 – Público atendido no SCFV Fonte: CRAS (2015) 61 Nota-se que não há atendimento no ciclo etário até seis anos de idade. De seis a 15 anos foram 117 crianças e adolescentes no trimestre de outubro, novembro e dezembro de 2015 e 123 no trimestre de janeiro, fevereiro e março de 2016. Já de 15 a 17 anos não há atendimento e este ainda necessita ser estruturado pela proteção social básica. Cabe destacar que as famílias atendidas no CRAS irão compor a participação no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, uma vez que se caracterizam em situação de vulnerabilidade e risco, integrando-se ao serviço como público prioritário. Assim, “é a partir do trabalho com famílias no serviço do PAIF que se organizam os serviços referenciados ao CRAS” (BRASIL, 2009). No que tange ao atendimento dos usuários do SCFV em situação prioritária, o município elenca no gráfico a seguir as prioridades de atendimento que foram registradas no SISC (Sistema de Informações do Serviço de Convivência) no último trimestre de informação de dados. Gráfico 20 – Prioridades atendidas no SCFV Fonte: CRAS (2016) Desta forma, podemos verificar que do total de crianças e adolescentes em situação prioritária temos 41% das crianças e adolescentes no SCFV apresentam situações referentes ao trabalho infantil ou dele retirado, 27% com medidas de proteção do ECA, 16% com vivência de violência e/ou negligência, 10% fora da escola ou com defasagem superior a dois anos e 6% situação de abuso sexual e/ou exploração sexual. Entende-se que a atenção às famílias concretiza o avanço do trabalho de caráter preventivo de proteção social, voltado ao fortalecimento de vínculos sociais e de pertencimento entre os sujeitos que 62 compõem as famílias, de maneira a alcançar o respeito e a concretização dos direitos humanos e sociais (BRASIL, 2005). Ao acompanhar uma família no Serviço de Proteção e Atendimento Integral, tem-se a possibilidade da observação, da intervenção e também da orientação, sempre buscando compreender a família como sujeito desse processo e não como objeto da intervenção. Para que seja possível um trabalho preventivo nos moldes que o SUAS preconiza, é necessário romper com ações moralizadoras sobre a família. É preciso que haja uma escuta qualificada da família para que seja possível compreender as necessidades e dificuldades por ela apresentada. Para a política pública, as vulnerabilidades e as fragilidades da família, bem como suas potencialidades, mostrar-se-ão quando a família for ouvida através de uma escuta qualificada, inserindo-a em serviços e tornando-a sujeito, não apenas um objeto de nossa intervenção. Assim entendemos que o município de São Lourenço do Oeste vem garantindo a efetivação do SUAS – Sistema Único de Assistência Social buscando o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários através dos serviços desenvolvidos. Na Proteção Social Especial, o município dispõe de CREAS, que garante equipe técnica para o acompanhamento familiar de crianças, adolescentes e demais pessoas com direitos violados. O Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) é uma unidade pública da política de Assistência Social onde são atendidas famílias e pessoas que estão em situação de risco social ou tiveram seus direitos violados que no município foi implantado em dezembro de 2010 localizado em território central conforme nos mostra o mapa a seguir. Mapa 3 – Mapa de localização do CREAS Fonte: IDV/MDAS SAGI (2016) O CREAS oferta os seguintes serviços: 63 O Serviço Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI) é um serviço voltado para famílias e pessoas que estão em situação de risco social ou tiveram seus direitos violados. Serviço de apoio, orientação e acompanhamento a famílias com um ou mais de seus membros em situação de ameaça ou violação de direitos. Compreende atenções e orientações direcionadas para a promoção de direitos, a preservação e o fortalecimento de vínculos familiares, comunitários e sociais e para o fortalecimento da função protetiva das famílias diante do conjunto de condições que as vulnerabilizam e/ou as submetem a situações de risco pessoal e social (BRASIL, 2009). Os usuários deste serviço são famílias e indivíduos que vivenciam violações de direitos por ocorrência de: Violência física, psicológica e negligência; Violência sexual: abuso e/ou exploração sexual; Afastamento do convívio familiar devido à aplicação de medida socioeducativa ou medida de proteção; Tráfico de pessoas; Situação de rua e mendicância; Abandono; Vivência de trabalho infantil; Discriminação em decorrência da orientação sexual e/ou raça/etnia; Outras formas de violação de direitos decorrentes de discriminações/submissões a situações que provocam danos e agravos a sua condição de vida e os impedem de usufruir autonomia e bem estar; Descumprimento de condicionalidades do PBF e do PETI em decorrência de violação de direitos. Podemos verificar a seguir alguns dados de acompanhamento familiar realizado pela equipe técnica do CREAS que foram solicitados pela Comissão Municipal Intersetorial responsável pela elaboração deste Plano Decenal. Assim, os dados na tabela a seguir compreendem também os atendimentos do Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas Famílias. Total Novos Jun. 2015 55 2 Jul. 2015 53 2 Ago. 2015 58 6 Famílias acompanhadas pelo PAEFI Set. Out. Nov. Dez. Jan. 2015 2015 2015 2015 2016 61 56 52 51 47 7 5 1 2 0 Fev. 2016 53 7 Mar. 2016 56 4 Arb. 2016 54 1 Mai. 2016 61 7 64 Tabela 13 – Famílias acompanhadas pelo PAEFI do CREAS Fonte: IDV/MDAS SAGI (2016) Com relação ao acompanhamento das famílias buscamos dados para traçar o perfil das pessoas vítimas de violência que ingressaram no PAEFI no período solicitado. Perfil das pessoas vítimas de violência (Período de Junho/2015 a Maio/2016 Sexo 0 a 12 anos 13 a 17 anos 18 a 59 anos 60 anos ou mais 11 2 1 3 Masculino 9 6 14 5 Feminino Tabela 14 – Famílias acompanhadas pelo PAEFI do CREAS Fonte: IDV/MDAS SAGI (2016) Nota-se que a maior incidência de acompanhamento neste período ocorreu com crianças de 0 a 12 anos de idade, representando 39,21%, seguido de 29,41% de pessoas entre 18 a 59 anos de idade, 15,69% de pessoas com 13 a 17 anos e também 15,69% para pessoas com 60 anos ou mais. Com relação as situações de violação de direitos e perfil das pessoas vítimas de violência que ingressaram no PAEFI neste período obtivemos os seguintes resultados. Crianças e adolescentes atendidas no PAEFI Tipos de violência Total Sexo Crianças ou adolescentes vítimas de violência intrafamiliar (física ou psicológica) Crianças ou adolescentes vítimas de abuso sexual Crianças ou adolescentes vítimas de exploração sexual Crianças ou adolescentes vítimas de negligência ou abandono 11 10 0 4 Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino 0 a 12 anos 6 4 2 3 0 0 3 1 13 a 17 anos 0 1 0 5 0 0 0 0 Tabela 15 – Famílias acompanhadas pelo PAEFI do CREAS Fonte: IDV/MDAS SAGI (2016) Nota-se na tabela apresentada que o perfil de idade deu-se com crianças de zero a 12 anos de idade e quanto aos tipos de violência a maior incidência no período foi de violência intrafamiliar (física ou psicológica) seguido de vítimas de abuso sexual e por último a negligência e abandono. Ainda quanto ao trabalho infantil, que ocorre no município e que estaremos aprofundando no item das problemáticas podemos apresentar de acordo com o acompanhamento do CREAS na tabela a seguir o perfil das vitimas. Crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil Violação de direitos Total Sexo 0 a 12 anos Crianças ou adolescentes em trabalho infantil 3 Masculino 0 Feminino 1 13 a 15 anos 2 0 Tabela 16 – Famílias acompanhadas pelo PAEFI do CREAS Fonte: IDV/MDAS SAGI (2016) 65 No trabalho infantil podemos o observar que as vítimas se tratam em sua maioria de adolescentes e do sexo masculino. No CREAS ainda é executado o Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de Serviços à Comunidade (PSC). O serviço tem por finalidade prover atenção socioassistencial e acompanhamento a adolescentes e jovens em cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto, determinadas judicialmente. Deve contribuir para o acesso a direitos e para a resignificação de valores na vida pessoal e social dos adolescentes e jovens. Para a oferta do serviço faz-se necessário a observância da responsabilização face ao ato infracional praticado, cujos direitos e obrigações devem ser assegurados de acordo com as legislações e normativas específicas para o cumprimento da medida (Brasil, 2009) Ainda na média complexidade recaem os atendimentos de adolescentes em medida socioeducativa em Liberdade Assistida ou Prestação de Serviços a Comunidade. De acordo com os dados da assistência social do município são acompanhados, com base nos dados de Agosto de 2016 31 adolescentes. Merece destaque que, os dados mais aprofundados sobre as medidas socioeducativas serão abordados no item de problemáticas integrante de Plano Decenal. No momento em que as intervenções na proteção social especial de média complexidade não atingem as famílias com vistas a diminuir a incidência de violação de direitos e a situação passa a ser considerada de risco pessoal ou social devemos encaminhar o caso para a Alta Complexidade. No caso de crianças e adolescentes a modalidade de atendimento no município é de Acolhimento Familiar, sendo que município não conta com uma equipe de Alta Complexidade e atualmente o serviço é executado por equipe de média complexidade. O Serviço de Acolhimento Familiar que organiza o acolhimento de crianças e adolescentes, afastados da família por medida de proteção, em residência de famílias acolhedoras cadastradas. É previsto até que seja possível o retorno à família de origem ou, na sua impossibilidade, o encaminhamento para adoção. O serviço é o responsável por selecionar, capacitar, cadastrar e acompanhar as famílias acolhedoras, bem como realizar o acompanhamento da criança e/ou adolescente acolhido e sua família de origem (BRASIL, 2009). Não podemos deixar de frisar um benefício concedido pela política de assistência social desde a aprovação da LOAS – Lei Orgânica de Assistência Social que é o BPC – Benefício de Prestação 66 Continuada7. O município de São Lourenço do Oeste possui beneficiários do BPC, conforme nos mostra o gráfico a seguir. Tabela 17 - BPC do município Fonte: Relatório de Programas e Ações do MDS (2016) Os dados mostram que no município de São Lourenço do Oeste tem 287 pessoas beneficiárias do BPC, sendo 205 pessoas com deficiência, 82 idosos e quatro pessoas com renda mensal vitalícia. 5.4 Política Municipal de Cultura, Esportes e Lazer No município as ações referentes à cultura, esportes e lazer estão vinculadas ao Comitê Desportivo São Lourenço. As ações desenvolvidas têm como objetivo planejar e coordenar atividades que garantam a difusão da cultura e a valorização das raízes culturais. O direito à cultura, ao esporte e ao lazer é um direito humano porque a necessidade de se expressar, manifestar pensamentos e valores é intrínseca à condição humana. Vivemos tempos onde os espaços culturais para manifestação são escassos, conforme podemos vivenciar em nosso município. Algumas opções de acesso ao esporte estão presentes no cotidiano das pessoas através de escolinhas de futebol. Vejamos na tabela a seguir as oficinas ofertadas pelo Comitê Desportivo São Lourenço e o público participante. Atividades esportivas ofertadas pelo município Tipo de Oficina Quantidade atendida Futebol de campo 120 Futebol de salão 530 7 O BPC é um benefício da Política de Assistência Social, que integra a Proteção Social Básica no âmbito do Sistema Único de Assistência Social – SUAS e para acessá-lo não é necessário ter contribuído com a Previdência Social. É um benefício individual, não vitalício e intransferível, que assegura a transferência mensal de 1 (um) salário mínimo ao idoso, com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais, e à pessoa com deficiência, de qualquer idade, com impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Em ambos os casos, devem comprovar não possuir meios de garantir o próprio sustento, nem tê-lo provido por sua família. A renda mensal familiar per capita deve ser inferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo vigente. Disponível em www.mds.gov.br 67 Xadrez Tênis de mesa Futebol de Campo (desenvolvido em parceria) 50 20 120 Tabela 18 – Oficinas recreativas Fonte: Comitê Desportivo Municipal - CDM (2016) Podemos verificar a ampla oferta e participação nestas oficinas que possibilitam as crianças e adolescentes atividades importantes para o seu desenvolvimento. Além das oficinas do Comitê Desportivo Municipal existem oficinas que são Organizações não Governamentais as quais serão informadas na tabela a seguir. Oficinas e atividades culturais ofertadas pelo município Tipo de Oficina Quem oferta Quantidade atendida Dança (Dança Italiana, Dança Alemã, Ballet, HipICSL 349 Hop e Jazz) Teatro ICSL 30 Pintura (Pintura em tela e em tecido) ICSL 20 Música (Guitarra, Viola Caipira, Coral, Violão, 293 Musicalização, Acordeon, Teclado, Contrabaixo, Bateria, Teoria, e Violino) Artesanato ICSL 27 Tabela 19 – Oficinas recreativas Fonte: ICSL (2016) O município identificou ainda a demanda por oficinas ainda não realizadas, como Basquetebol, Handebol e Voleibol. Ainda, neste plano a comissão intersetorial diante dos dados municipais poderá pensar mais ofertas de atividades lúdicas, recreativas e esportivas para atendimento a diversidade de interesses presentes na comunidade, já que vai pensar para dez anos. Sabemos que a arte, lazer e esporte é a linguagem mais compreendida pelos jovens e tem se tornado instrumental importante para a construção da cidadania desses grupos. Nestes espaços importantes de construção e desenvolvimento da cidadania crianças e adolescentes encontram razões para expressar a sua própria singularidade. Quanto aos profissionais que atuam no município com as oficinas ofertadas pelo município podemos encontrar: 3 profissionais de Educação Física, 8 professores graduados em música, graduandos e músicos práticos, 1 professor sem formação superior na área, 1 professor de pintura e artesanato sem formação na área e 3 professores de dança com formação em educação física. Além das atividades esportivas crianças e adolescentes devem vivenciar outras oficinas culturais, especialmente relacionadas à música e dança. Verificamos que as opções de atividades são poucas se considerarmos a diversidade de opções nas áreas de esporte e cultura, porém são importantes 68 e despertam a participação de crianças e adolescentes em espaços culturais. É evidente que as discussões relativas a este plano decenal buscam ampliar o debate sobre oficinas, atividades e grupos que envolvem questões relacionadas a área de esporte, cultura e lazer. Verificamos que os espaços de lazer ainda são limitados à cidade, necessitando pensar estratégias de atendimento para que todos possam ter igualdade de acesso as ofertas de esporte, cultura e lazer. Espaços para prática de esporte, cultura ou lazer Ginásio esportivo Campos de futebol Campos de futebol Sete Quadras esportivas Praças públicas com playground Praça pública sem playground Centro de Eventos com praça de alimentação, teatro e arena para shows. 3 2 5 3 1 1 1 Tabela 20 – Espaços para prática de esportes, cultura e lazer Fonte: ICSL/CDM (2016) Investir em mais espaços como estes e desenvolver um trabalho de conscientização do uso destes espaços é de extrema importância para o desenvolvimento saudável de crianças. 5.5 População em situação de vulnerabilidade social: aspectos gerais e de atendimento. O termo vulnerabilidade social, está ligada a uma questão fundamental: a qualidade do termo deve-se a sua capacidade de captar situações intermediárias de risco localizadas entre situações extremas de inclusão e exclusão, dando um sentido dinâmico para o estudo das desigualdades, a partir da identificação de zonas de vulnerabilidades que envolvem desde os setores que buscam uma melhor posição social, até os setores médios que lutam para manter seu padrão de inserção e bem estar, ameaçados pela tendência a precarização do mercado de trabalho. Tudo isso em confronto com a estrutura de oportunidades existentes em cada país em um dado momento histórico. Neste viés, o conceito de vulnerabilidade, pela sua capacidade de apreensão da dinâmica dos fenômenos, tem sido, na opinião de muitos autores, apropriado para descrever melhor as situações observadas em países pobres e em desenvolvimento, que não podem ser resumidas na dicotomia, pobres e ricos, incluídos e excluídos (DIEESE, 2007). 69 Neste sentido, o termo vulnerabilidade seria o que descreveria melhor a realidade dos mercados de trabalho e da sociedade dos países latino americanos, conseguindo apreender o dinamismo do processo de desigualdade de forma mais ampla. (Garcia 2006, Apud DIEESE, 2007). Para Abramovay (2002) a vulnerabilidade social é definida como situação em que os recursos e habilidades de um determinado grupo social são insuficientes e inadequados para lidar com as oportunidades oferecidas pela sociedade. Essas oportunidades constituem uma forma de ascender a maiores níveis de bem-estar ou diminuir probabilidades de deterioração das condições de vida de determinados atores sociais. Assim, “[...] o conceito de vulnerabilidade social está indiretamente vinculado com o de mobilidade social, posto que as possibilidades que indivíduos em vulnerabilidade social possuem de se movimentarem nas estruturas sociais e econômicas são restritas” (GUARESCHI. 2007). De acordo com Katzman (1999; 2001 Apud DIEESE, 2007) as situações de vulnerabilidade social devem ser analisadas a partir da existência ou não, por parte dos indivíduos ou das famílias, de ativos disponíveis e capazes de enfrentar determinadas situações de risco. Logo, a vulnerabilidade de um indivíduo, família ou grupos sociais refere-se à maior ou menor capacidade de controlar as forças que afetam seu bem-estar, ou seja, a posse ou controle de ativos que constituem os recursos requeridos para o aproveitamento das oportunidades propiciadas pelo Estado, mercado ou sociedade. Ativos estes que estariam assim ordenados: físicos, humanos, e sociais. Indicador Renda per capita (R$) % de extremamente pobres % pobres Índice de Gini 1991 279,72 14,81 41,61 0,52 2000 552,09 6,76 18,12 0,54 2010 841,27 1,62 3,83 0,46 Tabela 21: Renda, pobreza e desigualdade Fonte: PNUD 2013. O gráfico acima nos mostra que o Índice de Gini, que é um instrumento usado para medir o grau de concentração de renda vem caindo no município, o que representa que a desigualdade social também caiu. Ele aponta a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. Numericamente, varia de 0 a 1, sendo que 0 representa a situação de total igualdade, ou seja, todos têm a mesma renda, e o valor 1 significa completa desigualdade de renda, ou seja, se uma só pessoa detém toda a renda do lugar. A desigualdade no período, de acordo com o Índice de Gini passou de 0,52 em 1991 para 0,54 em 2000 e para 0,46 em 2010. No período de 1991 a 2000 ele teve ligeiro aumento, mostrando que neste dez anos o município ficou um pouco mais desigual, no que tange a 70 renda. Já em 2010 esse índice caiu, ficando mais próximo a zero mostrando que a desigualdade também diminuiu. A porcentagem de vulneráveis a pobreza era de 67,29% em 1991, passando para 38,70% em 2000 e 13,91% em 2010 mostrando que as pessoas estão menos suscetíveis e pobreza. Isso se verifica também quando constatamos a porcentagem de crianças extremamente pobres que em 1991 era de 21,64% passando para 12,45% em 2000 e para 3,02% em 2010. Várias são as análises são possíveis de fazer tendo em vista a quantidade de dados que estão disponíveis sobre a vulnerabilidade social no município, verifique os dados na tabela. Indicadores Mortalidade Infantil % de crianças de 0 a 5 anos fora da escola % de crianças de 6 a 14 anos fora da escola % de pessoas de 15 a 24 anos que não estudam, não trabalham e são vulneráveis na população dessa faixa. % de mulheres de 10 a 17 anos que tiveram filhos Taxa de atividade entre 10 e 14 anos % de mães chefes de família sem ensino fundamental e com filho menor, no total de mães chefes de família % de vulneráveis e dependentes de idosos % de crianças com até 14 anos de idade que tem renda domiciliar per capita igual ou inferior a R$ 70,00 % de vulneráveis à pobreza % de pessoas de 18 anos ou mais sem ensino fundamental completo e em ocupação informal % da população em domicílios com banheiro e água encanada 1991 23,91 -23,02 -- 2000 21,90 73,66 1,45 5,79 2010 15,90 48,00 0,97 3,19 2,33 -8,93 2,56 25,05 9,41 4,23 24,93 11,93 2,81 21,64 2,35 12,45 0,55 3,02 67,29 -- 38,70 54,28 13,91 31,37 59,06 86,27 96,52 Tabela 22: Vulnerabilidade Social Fonte: PNUD 2013. Quanto à porcentagem de mulheres chefes de família verificamos os dados no período de 8,93% em 1991, passando para 9,41% em 2000 e 11,93% em 2010. Ainda podemos verificar que a porcentagem de pessoas de 18 anos ou mais sem ensino fundamental completo e em ocupação informal teve queda de 54,28% em 2000 para 31,37% em 2010. A porcentagem da população em domicílios com banheiro e água encanada também contribui com a melhoria da qualidade de vida saindo de 59,06% em 1991, para 86,27% em 2000 e 96,52% em 2010. Atualmente podemos na política de assistência social contar com bancos de dados que trazem informações referente às famílias em situação de vulnerabilidade social no município, tendo por base o cadastro único dos programas sociais. Esta é uma importante ferramenta de coleta de informações, 71 onde se torna possível o acesso a dados muito importantes com relação às famílias de baixa renda existentes no município. O Cadastro Único8 para Programas Sociais do Governo Federal permite conhecer a realidade socioeconômica das famílias cadastradas, de todo o seu núcleo familiar, além de características do domicílio e formas de acesso aos serviços públicos disponíveis. A utilização do Cadastro Único possibilita ao poder público formular e implementar políticas específicas para o seu município de acordo com as principais vulnerabilidades sociais a que essas famílias estão expostas. A partir do cadastramento da família no Cadunico, o Governo Federal efetua a análise da situação familiar a fim de inseri-la em Programas Sociais que possibilitem a melhoria de sua condição de vida. No município de São Lourenço do Oeste, o total de famílias inscritas no Cadastro Único em maio de 2016 era de 1.641 famílias, totalizando 5.319 pessoas. A seguir vamos analisar os dados disponíveis no CECAD9 no sentido de conhecer a realidade socioterritorial de famílias inscritas no cadunico do município. Identificamos no CECAD que com relação à situação do domicílio podemos verificar que do total de 1.641 famílias cadastradas, 76,03%, ou seja, 409 famílias residem na área urbana do município. Na área rural são 23,97%, totalizando 129 famílias conforme é possível visualizar na tabela a seguir. São Lourenço do Oeste Situação do domicílio Urbanas Rurais Sem resposta 1.277 (77,81%) 364 (22,19%) 0 (0%) Total 1.641 (100%) Tabela 23: Situação do domicílio Fonte: CECAD (MDS, 2016) Ainda podemos verificar na tabela abaixo estão cadastradas no cadunico 1.277 famílias, das quais totalizam 5.319 pessoas que com relação ao sexo apresentam-se da seguinte forma. 8 O Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (Cadastro Único) é um instrumento que identifica e caracteriza as famílias de baixa renda, entendidas como aquelas que têm: renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa ou renda mensal total de até três salários mínimos. O Cadastro Único permite conhecer a realidade socioeconômica dessas famílias, trazendo informações de todo o núcleo familiar, das características do domicílio, das formas de acesso a serviços públicos essenciais e, também, dados de cada um dos componentes da família. O Cadastro Único é coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), devendo ser obrigatoriamente utilizado para seleção de beneficiários de programas sociais do Governo Federal, como o Bolsa Família. 9 Consulta e Extração de Dados do Cadastro Único. 72 São Lourenço do Oeste Sexo Feminino 2.816(52,95%) Masculino 2.503 (47,05%) Total 5319 (100%) Tabela 24 - Sexo Fonte: CECAD (MDS, 2016) Na tabela podemos verificar que, 47,05% das pessoas são do sexo masculino e 52,95% do sexo feminino, mostrando que as mulheres são a maioria cadastrada. Os dados de escolaridade, fator importante na análise socioterritorial e que conforme tabela a seguir apresenta alto índice de pessoas sem resposta que equivale a 6,67%, porém ainda assim é possível analisar os dados. A tabela nos indica que 18,57% não possuem instrução, 49,23% tem ensino fundamental incompleto, e 9,09% pessoas possuem ensino fundamental completo, 6,82% tem ensino médio incompleto, 8,10% tem ensino médio completo e 1,52% possuem ensino superior incompleto ou mais. Grau de Instrução Sem instrução São Lourenço do Oeste 988 Fundamental incompleto 2619 Fundamental completo 484 Médio incompleto Médio completo 363 Superior incompleto ou mais 431 Sem Resposta 79 Total 355 5319 Tabela 25 - Grau de instrução Fonte: CECAD (MDS, 2016) As pessoas cadastradas apresentam uma dificuldade de acesso à educação, fator que pode ser observado na tabela anterior, indicando que no quesito acesso a educação é possível avançar para que estas famílias tenham condições mais favoráveis de acesso a informação e ao mercado de trabalho. No que tange a renda total da família é possível observar na tabela a seguir que das famílias que estão no cadastro único 53,01% apresentam uma renda total de até um salário mínimo mensal, 39,18% entre um a dois salários mínimos, 6,52% de dois a três salários mínimos e 1,29% das famílias com renda acima de três salários mínimos. Até 1SM 870 famílias 53,01% Faixa de renda total da família Entre 1 e 2 SM Entre 2 e 3SM Acima de 3SM 643 famílias 107 famílias 21 famílias 39,18% 6,52% 1,29% Total 1641 famílias 100% Tabela 26- Faixa de renda total da família Fonte: CECAD (MDS, 2016) Este dado corrobora com os dados apresentados pelo programa bolsa família, no qual temos no mês de agosto/2016 um total de 386 famílias recebendo o benefício do programa bolsa família. É 73 importante salientar que, das 870 famílias com renda total até um salário mínimo; 76,89% residem na área urbana do município e 23,11% na área rural. De acordo com os dados do CECAD/2016 em São Lourenço do Oeste, 18,16% das pessoas no cadastro único que possuem renda de até um salário mínimo mensal não possuem instrução, 50,95% possuem somente o ensino fundamental incompleto, 9,29% possuem o ensino fundamental completo, 6,53% ensino médio incompleto, 5,75% ensino médio completo e 0,77% superior incompleto ou mais. Neste dado 8,55% não apresentam resposta. Desta forma, podemos analisar que existe uma dificuldade de renda que também vem associada a uma baixa condição de escolaridade nas famílias do município. Quando observamos a correlação de dados entre grau de instrução e faixa de renda total da pessoa constatamos que quanto maior o grau de escolaridade maior a renda, definindo que o aumento da renda e o grau de instrução estão intrinsicamente relacionadas. Vejamos na tabela a seguir: Grau de instrução Faixa de renda total da pessoa Até 1SM Entre 1 e 2SM Entre 2 e 3SM Acima de 3SM Sem instrução 467 432 68 21 Fundamental incompleto 1310 1082 193 34 Fundamental completo 239 192 39 14 Médio incompleto 168 155 31 9 Médio completo 148 217 58 8 Superior incomp. ou mais 20 37 16 6 Sem resposta 219 126 10 0 Total 2571 2541 415 92 Tabela 27- Comparativo de renda e grau de instrução. Fonte: CECAD (MDS, 2016) Na tabela é possível verificar nos dados apresentados que a correlação de dados realizada pelo CECAD/2016 entre renda e grau de instrução apresenta dados significativos e necessários de serem analisados pelo município no sentido de pensar ações que contribuam para a melhora destes dados, uma vez que estão intrinsicamente interligados. Desta forma é preciso compreender a necessidade de articulação intersetorial entre as políticas sociais, principalmente de educação, assistência social e saúde. Existe a necessidade de planejar ações que possibilitem atuar conjuntamente na superação da pobreza e da extrema pobreza no município uma vez que, somando todas as pessoas no Cadastro Único que ainda não concluíram o ensino fundamental obteremos 67,81% das pessoas, ou seja, 3.607 pessoas. 74 Quando passamos a analisar as pessoas com renda de até dois salários mínimos sem instrução e com grau de escolaridade de ensino fundamental incompleto obteremos 61,87% das pessoas cadastradas no Cadunico. Os dados analisados nos indicam uma relação muito forte entre a baixa escolaridade e a baixa renda trazendo dados estatísticos de uma realidade que é conhecida nas áreas de educação e assistência social. Cabe destacar que a vulnerabilidade analisada a partir da renda, mostra que em agosto/2016 eram 8 famílias recebendo o benefício de superação da extrema pobreza. É possível visualizar no gráfico a seguir como está acontecendo à evolução de liberação deste benefício no município. Gráfico 21: Quantidade de famílias que recebem benefício superação extrema pobreza. Fonte: Caixa Econômica Federal e Cadastro Único É possível verificar que em junho/2012 quando o benefício começou a ser pago no município pelo governo federal foram atendidas 30 famílias, já o maior pico de pagamento deste benefício foi em julho/2013 quando 53 famílias tiveram acesso ao benefício de superação da extrema pobreza. Um dos principais programas que utiliza como base de dados o Cadunico, é o Bolsa Família que é um programa de transferência direta de renda que beneficia famílias em situação de pobreza e extrema pobreza10 em todo o país. O Programa Bolsa Família disponibiliza atualmente cinco tipos de benefícios sendo eles: Benefício Básico, pago às famílias em situação de extrema pobreza, ou seja, que possuem renda mensal de até R$ 85,00 por pessoa. O Benefício Variável, no valor de R$ 39,00 pago às famílias que possuem em sua composição familiar crianças e adolescentes com idade de 0 a 15 anos, gestantes e nutrizes (limitado ao pagamento de até 05 benefícios por família). O Benefício Variável Vinculado ao Adolescente no valor de R$ 46,00 pago às famílias que possuem adolescentes com idade entre 16 e 10 A extrema pobreza é caracterizada pela renda per capita mensal inferior a R$ 85,00. 75 17 anos, desde que, estejam devidamente matriculados e frequentando a escola (limitado ao pagamento de 02 adolescentes). E por último o Benefício para Superação da Extrema Pobreza na Primeira Infância, pago a todas as famílias, que possuem em sua composição familiar crianças de 0 a 6 anos e que mesmo recebendo o benefício do Bolsa Família, não conseguiram superar a renda mensal de até R$ 85,00 por pessoa. Este benefício é pago de forma diferenciada, de acordo com a situação econômica de cada família. Benefício Básico Pago às Famílias Com renda mensal de até R$ 85 por pessoa Variável Com renda mensal de até R$ 170 por pessoa BVJ Com renda mensal de até R$ 170 por pessoa, desde que possuam adolescentes com idade R$ 46 por adolescente entre 16 e 17 anos. Famílias que mesmo recebendo Bolsa Família não conseguem superar a renda de R$ 85 por Valor calculado caso a caso pessoa. BSP Valor (R$) R$ 85 (indiferente da família possuir ou não filhos) R$ 39 por criança Tabela 28 – Valores pagos por tipo de benefício Fonte: Elaborada de acordo com instruções do Programa Bolsa Família (MDSA, 2016) O município de São Lourenço do Oeste possui 21.792 habitantes, de acordo com informações do Censo 2010, realizado pelo IBGE. O Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário – MDSA possui ferramentas de acesso a informações através de relatórios sociais que irão subsidiar a análise de dados deste diagnóstico e de acordo com as informações obtidas neste relatório. Buscando como referência o mês de Agosto/2016, no município de São Lourenço do Oeste o Programa Bolsa Família beneficiou um total de 386 famílias, efetuando uma cobertura de 57,6% da estimativa de famílias pobres no município. É importante destacar que a maioria das famílias cadastradas no cadunico reside na área urbana, então é indispensável que as questões de acesso ao trabalho pela indústria e comércio também estejam na agenda de planejamento intersetorial, no sentido de pensar estratégias e programas que venham ao encontro das famílias empobrecidas residentes na área urbana do município, conforme nos mostra a tabela a seguir. Pessoas que recebem PBF Não Sim Urbanas 2913 1122 Rurais 846 438 Total 3759 1560 Tabela 29 - Comparativo de pessoas que recebem PBF com situação de domicílio. Fonte: CECAD/2016/MDS 76 Verifica-se que 71,92% das pessoas beneficiárias residem na área urbana do município, 28,08% residem na área rural. Com relação à pessoa com deficiência observou-se que 4,15% das pessoas cadastradas possuem algum tipo de deficiência, o que equivale a 221 pessoas. Para as famílias na situação de pobreza e extrema pobreza o governo federal tem o Programa Bolsa Família o qual garante a transferência mensal de renda às famílias beneficiárias. Para receber o benefício as famílias precisam cumprir condicionalidades nas áreas de saúde e educação. É notório afirmar que as condicionalidades do programa Bolsa Família resultam de ações que acompanham as famílias nas áreas de educação e saúde. A referência para o acompanhamento dos beneficiários se refere ao mês de março/2016 referente à educação e do mês de dezembro/2015 referente à saúde e caracteriza-se da seguinte maneira: Público para acompanhamento Beneficiários com perfil educação (6 a 15 anos) Beneficiários com perfil educação (16 a 17 anos) Famílias com perfil saúde (cças até 7 anos e mulheres de 14 a 44 anos) Quantidade 580 106 476 Tabela 30 - Publico para acompanhamento de condicionalidade do PBF. Fonte: RI Bolsa Família e Cadastro Único (MDS, 2016) Cabe salientar a necessidade de observar os dados acima descritos no sentido de compreender a necessidade de garantir o acompanhamento de condicionalidades do programa bolsa família. No quadro abaixo é possível constatar o resultado do acompanhamento realizado com as famílias beneficiárias do programa bolsa família com perfil educação. Resultado do acompanhamento da educação Total de beneficiários em acompanhamento (6 a 15 anos) Total de beneficiários em acompanhamento (16 a 17 anos) Quantidade 551 95 Tabela 31: Resultado do acompanhamento de condicionalidades Fonte: RI Bolsa Família e Cadastro Único (MDS, 2016) Ao analisar este quadro podemos constatar no mesmo RI Bolsa Família e Cadastro Único que do total de 686 beneficiários com perfil educação, sendo 551 de (6 a 15 anos) e 95 de (16 a 17 anos). Desta forma, das 580 crianças e adolescentes de 6 a 15 anos de idade, 551 estão sendo acompanhados pela educação no tocante a frequência escolar. Contudo, com os adolescentes na faixa etária de 15 a 17 anos que somam um total de 106 adolescentes, 95 destes frequentam a escola e são acompanhados. 77 Com relação à política pública de saúde que também realiza acompanhamento de famílias do programa família, são 476 famílias com perfil saúde que precisam de acompanhamento às quais podemos observar o acompanhamento de 364 famílias são acompanhadas pela saúde. As condicionalidades possibilitam ao município receber recursos financeiros por meio do índice de gestão descentralizada, o IGD Bolsa Família11 e é com base nesse indicador que o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA) repassa recursos aos municípios para que façam a gestão do programa. É importante observar que quanto maior o valor dos indicadores, maior será o valor do recurso transferido ao município. 11 O Índice de Gestão Descentralizada (IGD), regulamentado pela Lei nº 12.058, de 13 de outubro de 2009, é um número indicador que varia de 0 a 1 e mostra a qualidade da gestão do Programa Bolsa Família (PBF) no âmbito municipal, além de refletir os compromissos assumidos pelos municípios no Termo de Adesão ao Bolsa Família (Portaria GM/MDS nº 246/05). 78 6. PROBLEMÁTICAS ENFRENTADAS NA ÁREA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Segundo as legislações vigentes em nosso país, não há dúvida, crianças e adolescentes são prioridade absoluta no que se refere à salvaguarda de seus direitos fundamentais (à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, estando a salvos de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão), portanto cabe ao Estado garantir com absoluta prioridade a defesa destes direitos, mas não somente ao Estado, pois também é dever da família e de toda a sociedade (CF, art. 227) assegurar à criança e ao adolescente o respeito aos seus direitos garantidos por lei (em matéria de legislações de direitos de crianças e adolescentes vigentes em nosso país cita-se: CF; ECA – Lei 8.069/90; Declaração Universal dos Direito Humanos; e a Convenção sobre os Direitos da Criança – Dec. nº 99.710/90). Todavia, que pesem os esforços legislativos que garantem ao Brasil uma das legislações mais avançadas do mundo no que se refere aos direitos de crianças e adolescentes, mas infelizmente, a realidade encontrada em cada Estado do Território Nacional, é imensamente distante daquela encontrada no plano normativo uma vez que, os direitos fundamentais constantes no Estatuto da Criança e do Adolescente ainda não estão concretizados efetivamente a todas as crianças e adolescentes. Os problemas enfrentados pela infância e pela juventude no Brasil são muitos e não se limitam apenas a uma determinada classe social, raça, religião, ou qualquer outro fator pré-concebido. As dificuldades e ameaças podem ser provenientes de qualquer lugar: dos meios de comunicação; de um processo irracional de globalização; de uma precária situação socioeconômica; da negligência do Poder Público; e até mesmo do próprio seio familiar. Como se pode perceber, o tema é amplo e complexo, pois estaria na chamada “situação de risco” não só a criança que está fora da escola para trabalhar nas ruas, mas também aquela sentada em frente ao televisor como um alvo fácil das imposições consumistas, da banalização do erotismo e da violência gratuita. O objetivo deste item é identificar como os diferentes atores do sistema de garantia de direitos e das políticas públicas que atuam na área da criança e do adolescente identificam as problemáticas enfrentadas no cotidiano de trabalho. Para alcançar este objetivo foi realizada uma pesquisa através de questionário que nos mostram dados de atendimento as violações de direitos enfrentadas por crianças e adolescentes no município de São Lourenço do Oeste e problemáticas encontradas no cotidiano de 79 trabalho dos profissionais atuantes na rede intersetorial. Foi realizada oficina com escolas, unidades de saúde, conselhos setoriais, conselho tutelar, adolescentes e demais entidades integrantes da rede intersetorial e que serão apresentados de forma sistematizada neste item do plano decenal. É possível afirmar que nenhum município está livre da incidência de situações de violação de direitos, especialmente contra crianças e adolescentes. Com relação aos dados de violações de direitos em São Lourenço do Oeste buscamos com o Conselho Tutelar do município, informações pertinentes aos atendimentos realizados entre 2014 até 2016. No ano de 2014 foram 1.176 casos acompanhados, em 2015 foram 1.551e até o mês de junho de 2016 já foram acompanhados 995 casos. Destes acompanhamentos buscou-se verificar quais as maiores violações de direitos contra crianças e adolescentes atendidas pelo conselho tutelar neste ano. Gráfico 22: Principais violações de direitos contra crianças e adolescentes Fonte: Conselho Tutelar ( 2016) Observa-se que das situações de violação de direitos contra crianças e adolescentes, temos a negligência em 74% dos casos atendidos pelo Conselho Tutelar no período de 2014/2015. Em seguida, a evasão ou infrequência escolar aparece com 13%, seguido de 8% o ato infracional, 2% a violência psicológica e dos demais com 1% cada, sendo a violência sexual, violência física e o trabalho infantil. Merece destaque que a negligência apresenta dados elevados e necessita ser analisa sob o ponto de vista teórico, uma vez que, ela vem se acentuando em todos os municípios da região da AMNoroeste, nos quais estamos realizando pesquisas de dados com os Conselhos Tutelares. 80 Os maus-tratos contra as crianças e adolescentes são uma das formas de violência mais grave, tanto pelo número de vítimas que faz, como pelas sequelas negativas que deixa. Os estudos sobre os maus-tratos infantis, de forma geral enquanto objeto de investigação, vem recebendo uma atenção crescente há pouco mais de quatro décadas. A negligência infantil, que é a forma mais recorrente entre os maus-tratos contra a criança e o adolescente, passou a ser alvo de mais investimento somente nos últimos quinze anos, no contexto internacional. Argumenta-se que o tema demorou a se impor, mas revelou sua importância devido ao número de casos assinalados aos serviços de proteção e, posteriormente, devido às primeiras constatações relativas à gravidade dos danos decorrentes de vivências crônicas de negligência (WOLFE, 2002). No Brasil, do ponto de vista social, os maus-tratos contra a criança passaram a merecer maior atenção no final dos anos 80. Nessa época, o problema foi abordado na Constituição Federal (Brasil, 1988) e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) (Brasil, 1990), que tornaram obrigatória a notificação de casos de maus-tratos conhecidos, suspeitos ou confirmados (art. 13 do ECA). Nesse contexto, a negligência aparece de forma tímida e, como objeto específico de interesse, só muito recentemente, o que contrasta com alguns fatos que emergem de nossa realidade: de um lado, o de que o abandono de crianças no Brasil, enquanto uma das ações que pode constituir a negligência remete a uma prática bastante difundida, cuja história se confunde com a do próprio país; de outro, o de que ela aparece, no momento atual, como uma das alegações mais recorrentemente empregadas nos registros de violação dos direitos de crianças, pelos órgãos envolvidos na proteção infantil (Bazon, 2008; Martins, 2006). Dentre os(as) autores(as) estudiosos(as) da negligência, existem duas que se destacam, pois são tidas como referência principal para grande parte dos estudos na área da violência doméstica contra crianças e adolescentes, a saber: Azevedo e Guerra. Segundo Guerra (2001), a negligência é umas das modalidades de violência doméstica contra crianças e adolescentes (as outras são violência física, sexual e psicológica), sendo a violência doméstica entendida como: [...] todo ato ou omissão praticado por pais, parentes ou responsáveis contra crianças e adolescentes que – sendo capaz de causar dano físico, sexual e/ou psicológico à vítima – implica, de um lado, uma transgressão do poder/dever de proteção do adulto e, de outro, uma coisificação da infância, isto é, uma negação do direito que crianças e adolescentes têm de ser tratados como sujeitos e pessoas em condição peculiar de desenvolvimento. (GUERRA, 2001, p. 32). Para Azevedo e Guerra (1998), a negligência se caracteriza quando os pais ou responsáveis pelas crianças e adolescentes não agem no sentido de suprir as necessidades físicas, de saúde, educacionais, 81 higiênicas de seus filhos(as) e/ou de supervisionar suas atividades, as quais proporcionam um desenvolvimento bio-psicossocial saudável e isento de riscos. Acrescentam a essa conceituação que essa falha dos pais só poderá ser caracterizada como negligência “quando tal falha não é o resultado das condições de vida além do seu controle” (AZEVEDO; GUERRA, 1998, p.177). Afirmam também que a negligência ainda se apresenta como uma violência diferenciada das outras, visto que não é caracterizada pela ação dos(as) agressores(as), mas sim pela omissão. A evasão ou infrequência escolar também apresenta dados significativos no município de São Lourenço do Oeste chegando a 13% dos casos atendidos pelo Conselho Tutelar. É importante salientar que, existe uma relação entre a negligência e a evasão ou infrequência escolar. O abandono intelectual interfere e pode ser prejudicial no processo de desenvolvimento da criança e do adolescente, resultando nas questões que podem levar a infrequência e evasão escolar. Contudo, sabemos que a negligencia familiar não pode ser responsabilizada isoladamente por todas as questões envolvendo crianças e adolescentes. Há que se considerar que as políticas sociais precisam amparar a famílias em suas necessidades buscando sempre um trabalho social articulado e envolvendo a família com um todo. Mesmo com menores indicadores, a violência física também ocorre no município e refere-se aos maus tratos praticados contra crianças e adolescente que envolve em sua maioria castigos severos dados pelos pais em função de uma “desobediência”. Há que se atuar de forma preventiva de orientação junto às famílias buscando fortalecer os vínculos familiares e comunitários, evitando desta forma a sua fragilização e em casos mais graves o seu rompimento. Ainda na coleta de dados com o Conselho Tutelar buscamos dados sobre o principal agente violador dos direitos de crianças e adolescentes e verificamos que a família é responsável em sua maioria pela violação dos direitos de crianças e adolescentes conforme nos mostra o gráfico a seguir. 82 Gráfico 23: Principais violações de direitos contra crianças e adolescentes Fonte: Conselho Tutelar ( 2016) Nestes dados coletados, constatamos que em 96% dos casos a família é o agente violador dos direitos de crianças e adolescentes seguidos de 3% a sociedade e 1% o Estado. Ainda, quanto aos encaminhamentos dados pelo Conselho Tutelar nos atendimentos realizados podemos verificar sempre a necessidade da rede intersetorial municipal em receber os casos para posterior atendimento e acompanhamento. Nota-se que os encaminhamentos referem-se as mais diversas politicas públicas e inclusive ao ministério público. Gráfico 24 – Encaminhamentos do CT Fonte: Atendimento CT (2016) 83 É possível verificar que 37% dos casos atendidos pelo Conselho Tutelar são encaminhados para a Defensoria Pública e CAC, seguido de 20% para o Ministério Público, 18% para educação, 17% para a Saúde e 8% para a Assistência Social. Ademais, obtivemos dados referentes ao Trabalho Infantil atendido pelo Conselho Tutelar e constatou-se a existência em diversas atividades realizadas por crianças e adolescentes. Em seguida podemos visualizar no gráfico as principais formas de trabalho infantil atendidos pelo Conselho Tutelar e que ocorrem no município. Gráfico 25 – Encaminhamentos do CT Fonte: Atendimento CT (2016) Nota-se que a maior incidência de Trabalho Infantil ocorre na venda de artesanato pelas crianças indígenas chegando a 47% dos casos, seguido de 23% na venda de picolés, 18% na venda de trufas e 12% na entrega de panfletos. A situação de trabalho infantil encontrada no município a partir dos dados do Censo do IBGE requer atenção dos envolvidos nas políticas sociais no sentido de atuar no enfrentamento das situações a partir de um Plano de Trabalho que buscou construir Ações Estratégicas do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – AEPETI para o ano de 201612. Este plano elaborado por um equipe interdisciplinar traz ações estratégicas para o enfrentamento do Trabalho Infantil no município “visando um planejamento estratégico, com ações focais e particularizadas, conforme as características do trabalho infantil de cada território, tornando as Ações Estratégicas do PETI um instrumento de 12 O Plano De Trabalho – Ações Estratégicas do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (AEPETI/2016) 84 política pública efetiva e eficaz, que colabora para o alcance dos compromissos internacionais que o Brasil assumiu quanto à erradicação do trabalho infantil até 2020” (Plano de Ação AEPETI, 2016). Os indicadores baseados no Censo 2010 mostram que em São Lourenço do Oeste 62413 crianças e adolescentes entre 10 a 15 anos de idade estavam ocupado, perfazendo um total de 27,07% da população nessa faixa etária. Já os dados do Cadastro Único do município, instrumento que identifica público elegível a programas sociais faz referencia a março de 2015 onde 150 crianças ou adolescentes apresentaram marcação de trabalho infantil, contudo os dados de maio de 2016 mostram um total de 97 casos. As diferenças nos dados entre IBGE e Cadastro Único mostram a “necessidade de ampliar a busca ativa de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil para garantir que as famílias nessa situação estejam devidamente refletidas no cadastro, garantindo assim, o acesso ao sistema de proteção social.” (AEPETI – SLO, 2016) Além dos dados de violação de direitos apresentados foi possível junto com a Secretaria de Saúde do município, identificar números de adolescentes que fazem uso de drogas (álcool, maconha, crack, etc) e que são atendidos na política pública de saúde. Contudo, os adolescentes usuários de substâncias psicoativas, geralmente não buscam atendimento junto a politica pública de saúde municipal. Assim, os números apresentados certamente são maiores, já que aqui estão somente os que buscaram ou foram encaminhados para atendimento e/ou tratamento. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, na coleta de dados realizados informou que em 2014 há uma demanda significativa e está aumentando gradativamente. O uso de drogas é um fenômeno bastante antigo na história da humanidade e constitui um grave problema de saúde pública, com sérias consequências pessoais e sociais no futuro dos jovens e de toda a sociedade. O município através da secretaria de saúde reconhece o problema, porém o atendimento ocorre por demanda espontânea e não ocorrendo a busca de atendimento por parte da família ou do próprio usuário este acaba sem o atendimento. A adolescência é um momento especial na vida do indivíduo. Nessa etapa, o jovem nem sempre aceita orientações, pois está testando a possibilidade de ser adulto, de ter poder e controle sobre si mesmo. É um momento de diferenciação em que "naturalmente" afasta-se da família e adere ao seu grupo de iguais. Se esse grupo estiver experimentalmente usando drogas, o pressiona a usar também. Ao entrar em contato com drogas nesse período de maior vulnerabilidade, expõe-se também a muitos riscos. 13 Dado retirado do Plano De Ações AEPETI (2016). Município de São Lourenço do Oeste, elaborado por equipe interdisciplinar. 85 O encontro do adolescente com a droga é um fenômeno muito mais frequente do que se pensa e, por sua complexidade, difícil de ser abordado. Nota-se a dificuldade em buscar o atendimento por parte da família ou dos próprios adolescentes usuários. E caso busquem não podemos desconsiderar a dificuldade no atendimento, especialmente quando requer tratamento para desintoxicação. Há que se considerar a imensa dificuldade da secretaria de saúde na busca de espaço para desintoxicação para adolescentes, uma lacuna muito grande no atendimento no Estado. Ainda, foi informada pela secretaria de saúde a gravidez na adolescência que muitas vezes, é tida como cultural pelas próprias famílias. Quebrar alguns paradigmas culturais não é tarefa simples e requer uma intervenção pautada em profundo envolvimento ético entre profissionais e a família. Os profissionais ainda relatem que, existe uma dificuldade muito grande dos adolescentes buscarem orientações sobre métodos contraceptivos e DST´s. Indicam que os adolescentes são um público que pouco comparece junto à unidade básica de saúde. Na escola as orientações são grupais e poderiam ser requisitadas individuais na própria unidade básica de saúde. Foi solicitado informações sobre a gravidez na adolescência. No município foram 73 adolescentes gestantes em 2014 e 51 adolescentes em 2015. A gravidez na adolescência vem se configurando como um problema cada vez mais grave no país com consequências em várias esferas de suas vidas, em especial das mulheres. Abordaremos algumas dimensões desse fenômeno no sentido de analisar a construção da identidade feminina e as relações entre essa identidade e a prevenção da gravidez na adolescência. Adolescência e gravidez, quando ocorrem juntas, podem acarretar sérias consequências para todos os familiares, mas principalmente para os adolescentes envolvidos, pois envolvem crises e conflitos. O que acontece é que esses jovens não estão preparados emocionalmente e nem mesmo financeiramente para assumir tamanha responsabilidade, fazendo com que muitas adolescentes saiam de casa, cometam abortos, deixem os estudos ou abandonem as crianças sem saber o que fazer ou fugindo da própria realidade. O início da atividade sexual está relacionado ao contexto familiar, adolescentes que iniciam a vida sexual precocemente e engravidam, na maioria das vezes, tem o mesmo histórico dos pais. A queda dos comportamentos conservadores, a liberdade idealizada, o hábito de “ficar” em encontros eventuais, a não utilização de métodos contraceptivos, embora haja distribuição gratuita pelos órgãos de saúde públicos, seja por desconhecimento ou por tentativa de esconder dos pais a vida sexual ativa, fazem com que a cada dia a atividade sexual infantil e juvenil cresça e consequentemente haja um aumento do número de gravidez na adolescência. 86 Centrando-se no aspecto biológico, de acordo com a Organização Pan-americana de Saúde (OPS 1992), filhos de mães adolescentes têm maior probabilidade de apresentar baixo peso ao nascer, e, consequentemente, maior probabilidade de morte, do que os filhos de mães com 20 anos ou mais. A taxa de prematuridade também é mais alta nesse grupo, aumentando o risco de mortalidade perinatal (Beretta 1995). Esses riscos se devem, em grande parte, aos fatores biológicos, tais como imaturidade fisiológica e desenvolvimento incompleto da ossatura da pelve feminina e do útero (Beretta 1995; SOF 1997). A equipe técnica formada por profissionais da saúde, educação e assistência social que acompanharam a elaboração deste plano informaram que as grandes e significativas preocupações com relação à área da infância e juventude têm relação especialmente com a convivência familiar que em sua maioria está fragilizada. Esta convivência familiar fragilizada tem contribuído para que algumas questões importantes relacionadas à violação de direitos e demais problemáticas na área sejam mais frequentes e porque não dizer, mais graves. No que tange as situações de adolescentes em conflito com a lei o município executa o Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e Prestação de Serviços a Comunidade (PSC). Os dados coletados pela equipe técnica do CREAS e também no Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo do município serão apresentados a seguir. De acordo com os dados do Plano Municipal de Medidas Socioeducativas que compreende o período de setembro de 2013 até setembro de 2014 e dos dados da equipe técnica do CREAS que compreende os dados de 2015 até agosto de 2016. Neste período foram 88 adolescentes em cumprimento de MSE. Adolescentes em cumprimento de Medidas Socioeducativas Período de referência 2013/2014 2015 Total de adolescentes que iniciaram medida socioeducativa de 0 02 Liberdade Assistida (LA) Total de adolescentes que iniciaram medida socioeducativa de 39 25 Prestação de Serviços a Comunidade (PSC) 2016 01 21 Tabela 32 – Adolescentes em cumprimento de MSE Fonte: Produção da Equipe Técnica do CREAS (2016) e PMASE (2014) Os atendimentos de adolescentes em medida socioeducativa em Liberdade Assistida ou Prestação de Serviços a Comunidade mostram que a MSE mais aplicada aos adolescentes é a de PSE representando 96% do total das medidas aplicadas. 87 Com o objetivo de conhecer a dinâmica de medidas socioeducativas aplicadas aos adolescentes no município foi possível através dos dados do CREAS, baseada nos prontuários dos adolescentes tendo como referencia o mês de abril de 2016 sistematizar informações que foram consideradas relevantes. No mês de abril de 2016 estavam em acompanhamento 18 adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas, sendo que um adolescente estava com duas medidas a serem cumpridas, totalizando 19 medidas socioeducativas. Com relação ao gênero dos adolescentes acompanhados pelos CREAS constatamos 17 adolescentes masculinos e uma adolescente. Gráfico 26 – Gênero do Adolescentes em cumprimento de MSE Fonte: Produção da empresa de assessoramento com base nos dados da Equipe Técnica do CREAS (2016) e PMASE (2014) Ainda foi possível extrair dados referentes ao ano de nascimento dos adolescentes que tiveram a aplicação de uma medida socioeducativa neste mês de abril/2016. Gráfico 27 – Ano de nascimento do Adolescentes em cumprimento de MSE Fonte: Produção da Equipe Técnica do CREAS (2016) 88 É possível identificar que, a maioria dos adolescentes possui acima de 15 anos de idade e o local de moradia também se apresenta como aspecto de atenção para quem atua frente às politicas sociais especialmente sobre a questão dos territórios mais vulneráveis. Vejamos no gráfico a seguir o local de residência dos adolescentes. Gráfico 28 – Ano de nascimento do Adolescentes em cumprimento de MSE Fonte: Produção da Equipe Técnica do CREAS (2016) Faz-se necessário esclarecer que um adolescente que reside no município de Vitorino/PR está referenciado neste CREAS após ter informado endereço incorreto no termo de audiência. Considerando a proximidade com o município de São Lourenço do Oeste, o promotor solicitou que a medida socioeducativa fosse acompanhada por este CREAS. Destaca-se que das 19 medidas socioeducativas em acompanhamento em abril/2016 o ato infracional praticado pelos adolescentes está disposto no gráfico a seguir. Gráfico 29 – Ano de nascimento do Adolescentes em cumprimento de MSE Fonte: Produção da Equipe Técnica do CREAS (2016) 89 Ainda a ocupação dos adolescentes no início do acompanhamento é considerada no momento de preenchimento dos prontuários e apresenta dos seguintes dados. Gráfico 30 – Ano de nascimento do Adolescentes em cumprimento de MSE Fonte: Produção da Equipe Técnica do CREAS (2016) Neste aspecto os adolescentes em acompanhamento no mês de abril de 2016 quebram um tabu muito comum que é a visão de que adolescente infrator não trabalha e passa seu tempo ocioso. Podemos notar que dos 18 adolescentes em acompanhamento 12 trabalham com ou sem carteira assinada, representando 66,66%. Com relação ao aperfeiçoamento profissional dos adolescentes, considerando as informações do Plano Individual de Acompanhamento, 11 adolescentes declaram que não possuíam nenhum curso, enquanto oito afirmaram já ter realizado curso profissionalizante, dentre os quais, informática, manicure, montagem e manutenção e solda. Além das problemáticas de atendimentos na área da infância e adolescência que são possíveis de serem coletadas com os órgãos de atendimento, optou-se por um processo de participação mais democrática dando voz aos atores que atuam no sistema de garantia de direitos através de atividades de reflexão e debate sobre os desafios cotidianos na área. A oficina temática sobre o a proposta estruturante de elaboração do plano decenal e o Diagnóstico realizada no município no dia 18 de agosto de 2016 momento em que as politicas públicas, entidades, conselhos setoriais e adolescentes receberam orientações sobre a busca de dados e o processo de discussão coletiva sobre as problemáticas enfrentadas na área infância e adolescência. A oficina para debate e discussão das problemáticas enfrentadas pelos operadores do sistema de garantia de direitos e os trabalhadores que atuam na área da infância e adolescência ocorreu no dia 13 de setembro de 2016. 90 Com o objetivo de sistematizar os trabalhos em grupo realizado no município optamos em listas por eixos as problemáticas buscando elucidar as reais necessidades cotidianas apresentadas pela rede intersetorial. Os eixos contribuíram com o município para identificar junto a rede intersetorial as problemáticas cotidianas enfrentadas na área, a partir das vivencias dos profissionais. No município foi realizada uma atividade envolvendo a discussão de problemáticas na área da infância e adolescência que envolveu diferentes atores atuantes na área da infância e adolescência no Conselho Municipal dos Direitos e Crianças e Adolescentes com a participação de 19 pessoas. Também no momento de coleta de dados municipais cada órgão, a seu critério podia incluir demandas de problemas enfrentados. As questões debatidas foram realizadas por eixos do plano decenal possibilitando verificar posteriormente no plano de metas às necessidades de ações em cada um deles. No primeiro eixo da Promoção dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes podemos verificar através da oficina realizada as problemáticas encontradas no município. Faltam projetos de atendimento em contra turno integral que envolva também crianças e adolescentes da área rural; Necessidade de ampliação do transporte urbano viabilizando a participação de um maior número de crianças e adolescentes nos serviços e projetos existentes; Faltam profissionais concursados nos projetos e serviços ampliando a capacitação dos mesmos; Necessidade de abranger o Programa Saúde na Escola e os demais projetos já existentes. No segundo eixo da Proteção e Defesa dos Direitos podemos verificar a seguir as problemáticas: Faltam profissionais na área; Existe deficiência na concretização das ações relacionadas a proteção e defesa dos direitos; Espaços físicos necessitam ser melhorados; Necessita ampliação do transporte escolar; Falta acompanhamento aos adolescentes em fase de término do ensino médio para ingresso na universidade. No terceiro eixo Protagonismo e Participação de Crianças e Adolescentes seguem as problemáticas encontradas: Fortalecimento dos Grêmios Estudantis; 91 Deficiência de ações voltadas aos adolescentes concluintes do ensino fundamental e que ingressam no ensino médio; Ainda, seguindo com as problemáticas no quarto eixo que trata do Controle Social Da Efetivação Dos Direitos constatamos as problemáticas a seguir: Falta de comprometimento e necessidade de fortalecimento do sistema com acompanhamento das ações voltadas ao Sistema de Garantia de Direitos (SGD) No quinto e último eixo, que trata da Gestão Da Política Municipal Dos Direitos Humanos De Crianças E Adolescentes as problemáticas apontadas são as seguintes: Necessidade de formular e implantar uma politica de formação continuada, segundo diretrizes estabelecidas pelo Conanda, para atuação dos operadores do sistema de garantia de direitos e a rede intersetorial, que leve em conta diversidade regional, cultural e étnico-social. Falta cofinanciamento e repasse de recursos do fundo da infância e adolescência entre as três esferas de governo, nas modalidades estabelecidas pelo plano decenal de acordo com os parâmetros legais e normativas do CONANDA. Diante das problemáticas apontadas nos grupos, o plano decenal poderá contribuir no sentido de identificar as ações que irão contemplar as necessidades apontadas. Nos grupos de trabalho o debate foi amplo e voltado para indicar as problemáticas, mas também encontrar possibilidades em ações a serem desenvolvidas do sentido de mudar e transformar esta realidade. Há que se pensar que não cabe somente a uma ou outra política pública a responsabilidade no que tange ao enfrentamento das problemáticas que envolvem a área da criança e adolescente. Todas as políticas públicas necessitam articular-se para que uma transformação ocorra. Assim, foi que ao pensar na elaboração deste plano buscou-se a articulação das principais políticas públicas municipais (educação, assistência social e saúde). Assim, com a construção do plano decenal dos direitos de crianças e adolescentes buscamos integrar ações na busca de garantia de seus direitos evitando que situações e problemática se acentuem. Diante das inúmeras problemáticas já mencionadas neste diagnóstico podemos mostrar que ações intersetoriais são possíveis e o município as realiza pelas equipes técnicas dos diversos serviços disponíveis para a população. Merece destaque que o atendimento deve ser intersetorial, uma vez que não cabe somente a uma ou outra política pública atuar no enfrentamento destas questões, mas a todas as politicas sociais atuantes no território municipal. 92 93 7. MATRIZ DE PLANEJAMENTO (PLANO DE AÇÃO) 7.1 EIXO I: PROMOÇÃO DOS DIREITOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES Diretriz 01 - Promoção da cultura do respeito e da garantia dos direitos humanos de crianças e adolescentes no âmbito da família, da sociedade e do Estado, considerada as condições de pessoas com deficiência e as diversidades de gênero, orientação sexual, cultural, étnico-racial, religiosa, geracional, territorial, de nacionalidade e de opção política. MONITORAMENTO Objetivo estratégico Público Alvo Meta Ação Indicador de Resultado Prazo Fundo Responsáveis 1. Promover o respeito aos direitos da criança e do adolescente na sociedade, de modo a consolidar uma cultura de cidadania. Crianças, adolescentes e comunidade em geral. 1.1 Divulgação referente aos direitos e deveres de crianças e adolescentes na sociedade utilizando os diversos meios de comunicação. a. Oficinas periódicas com alunos da rede municipal e estadual sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e Cidadania de forma lúdica e com dinâmicas de grupos com profissionais capacitados. Nº atividades realizadas Médio FMAS FMDCA FME Assistência Social SME GERED/ADR Conselho Tutelar CMDCA Saúde Unochapecó (parceria) b. Realizar campanhas na mídia local envolvendo as variadas mídias existentes (ex: rádio, outdoors, etc) Nº campanhas realizadas Contínuo FMDCA CMDCA Conselho Tutelar Saúde c. Criar através de outdoors campanhas visuais sobre temáticas relacionadas à criança e ao adolescentes. Nº de outdoors Contínuo FMDCA CMDCA Conselho Tutelar d. Orientação em grupos pelo Conselho Tutelar com objetivo de Nº de atividades Continuo FMDCA CMDCA Conselho Tutelar 94 informar as crianças, adolescentes e suas famílias sobre os direitos e deveres. 2. Desenvolver ações voltadas à preservação da imagem, da identidade, observando a condição peculiar de pessoa em desenvolvimento de crianças e adolescentes nos meios de comunicação, conforme dispositivos do Estatuto da Criança e do Adolescente. e. Construir através de uma metodologia participativa a confecção de um jornal na escola envolvendo a comunidade escolar de forma continuada e sistemática. Nº jornais Continuo FMDCA CMDCA CT Escolas Câmara Mirim f. Criar a Escola de Pais no município visando uma melhor participação da família. Escola criada Médio FMDCA Escolas SME CMDCA a. Manter oficinas em grupos com crianças e adolescentes e suas famílias na escola e nos grupos do CRAS informando e orientando sobre os perigos associados ao uso abusivo da internet. Nª cças/adol e famílias atendidos Continuo FME FMAS FMDCA SME Assistência Social CT CMDCA Grupo de gestantes do município b. Inserir no grupo de gestantes do município temática referente ao uso abusivo da internet e seus perigos para a convivência familiar. Nº de atividades realizadas Contínuo FMS Saúde Comunidade em geral c. Estruturar folders para distribuição no município visando orientar as famílias sobre a temática. Nº de pessoas atingidas Continuo FMAS FMS Assistência Social Saúde FMDCA SCFV em todos os ciclos etários d. Inserir no plano pedagógico do SCFV, dos projetos sociais e das escolas municipais e estadual o debate sobre as redes sociais, Nº de atividades realizadas Continuo FMAS FME Assistência Social SME Escolas municipais e estaduais 2.1 Divulgação sobre os perigos associados ao uso abusivo de redes sociais e a dependência digital (tecnológica) orientando a sua utilização de forma consciente e não abusiva. 95 dependência digital e uso abusivo da internet. 3. Fortalecer as competências familiares em relação à proteção integral e educação em direitos humanos de crianças e adolescentes no espaço de convivência familiar e comunitária. Comunidade em geral a. Manter no sistema educacional municipal em parceria com a assistência social e saúde atividades com objetivo de esclarecer aos pais sobre a relação família e escola, convivência famílias e comunitária com atividades em grupos ou individuais. Nº de atividades realizadas Continuo FME SME Assistência Social Saúde CT Gestantes do município b. Estabelecer junto ao grupo de gestantes uma relação de temáticas a serem debatidas articuladas as demais políticas sociais visando informar sobre as relações familiares, paternidade e maternidade responsável. Nº de atividades realizadas Continuo FMS Saúde Assistência Social APAE Crianças e adolescentes do SCFV e famílias do PAIF c. Potencializar nas oficinas e grupos no PAIF e no SCFV temáticas que visam o resgate de valores, direitos e deveres das crianças, adolescentes e da função protetiva da família. Nº de atividades realizadas Continuo FMAS Assistência Social Famílias acomponhada s nos serviços d. Fortalecer e qualificar os serviços socioassistenciais vinculados ao CRAS e CREAS, introduzindo nos planos de acompanhamento familiar as ações que promovam as Nº de atividades realizadas Contínuo FMAS Assistência Social 3.1 Debater com as famílias questões relacionadas à convivência familiar e comunitária, educação e proteção dos seus filhos, direitos e deveres de crianças e adolescentes, entre outros. 96 competências familiares e a proteção integral de crianças e adolescentes a partir das relações familiares e comunitárias. 4. Promover ações educativas de prevenção de violências e acidentes com crianças e adolescentes nas famílias e nas instituições de atendimento Comunidade em geral e. Realizar ações integradas entre escola, famílias e comunidade que visem debater temas relacionados à convivência familiar e comunitária e a maior participação no processo educacional das crianças e adolescentes, focando a responsabilidade da família. Nº de atividades realizadas Contínuo FMAS Assistência Social SME Crianças e adolescentes f. Articular os programas de educação integral, mais educação e SCFV, ofertando atividades que possam promover o desenvolvimento de convivência social pautada na não violência, na produção de limites e orientação para as atividades da vida diária. Nº de atividades realizadas Contínuo FMAS Assistência Social a. Palestras do Corpo de Bombeiros sobre prevenção de acidentes. Nº de atividades realizadas Nº de atividades realizadas Contínuo FME FMDCA Contínuo FMAS FMDCA SME Assistência Social Saúde Assistência Social CMDCA Saúde CT Nº de atividades realizadas Contínuo FMDCA Comunidade em geral Comunidade em geral 4.1 Fomentar parcerias com entidades, escolas e corpo de bombeiros para divulgação e orientação sobre acidentes com crianças e adolescentes. b. Criar folders e campanhas de informações básicas sobre prevenção de acidentes de crianças e adolescentes. c. Divulgar periodicamente nos meios de comunicação os canais para denunciar violações de direitos CT CMDCA 97 contra crianças e adolescentes como: rádio, redes sociais e jornal. Comunidade em geral 5. Fomentar a cultura da sustentabilidade socioambiental no processo de educação em direitos humanos com crianças e adolescentes. 6. Implementar o ensino dos direitos de crianças e adolescentes com base no ECA, ampliando as ações previstas na Lei 11.525/07, também d. Realizar campanhas municipais, bem como outras atividades educativas sobre acidentes com crianças e adolescentes. Nº de atividades realizadas Contínuo FMDCA CT CMDCA a. Intensificar as ações já desenvolvidas no município com relação ao meio ambiente e criar oficinas de reciclagem no SCFV e escolas para crianças e adolescentes. Nº atividades realizadas Contínuo FMAS FME SME Assistência Social Crianças e adolescentes nos serviços b. Proporcionar atividades nos serviços socioassistenciais e nas escolas visando o debate sobre a utilização consciente do meio ambiente. Nº atividades Contínuo FMAS Assistência Social Comunidade em geral c. Incentivar a criação de grupo de escoteiros, protetores ambientais e bombeiros mirins para crianças e adolescentes com foco na importância e preservação do meio ambiente. a. Manter a oficina sobre Direitos Socioassistenciais no SCFV. Médio Recursos próprios da entidade Entidades Bombeiros Polícia Ambiental (parceiros) Vereadores Mirins Médio FMAS Assistência Social Comunidade em geral SCFV 5.1 Despertar nas crianças e adolescentes a cultura da sustentabilidade socioambiental. 6.1 Ampliar o acesso a informações sobre o ECA respeitando os preceitos legais. Nº atividades desenvolvidas 98 para a educação infantil, ensino médio e superior. . Diretriz 02 - Universalização do acesso a políticas públicas de qualidade que garantam os direitos humanos de crianças, adolescentes e suas famílias e contemple a superação das desigualdades, afirmação da diversidade com promoção da equidade e inclusão social. MONITORAMENTO Objetivo estratégico Público Alvo Meta Ação Indicador de Resultado Prazo Fundo Responsáveis 7. Ampliar o acesso de crianças e adolescentes e suas famílias aos serviços de proteção social básica e especial por meio da expansão e qualificação da política de assistência social. Famílias em situação de vulnerabilidad e social 7.1 Fortalecer o Sistema Único de Assistência Social visando garantir a execução de serviços na proteção social básica e especial. a. Fortalecer o serviço de convivência e fortalecimento de vínculos específico para crianças e adolescentes, especialmente para o público de 15 a 17 anos e de ate 6 anos, de acordo com anseios e necessidades características deste ciclo etário. Nº adolescentes em grupo Curto FMAS Assistência Social b. Fomentar a criação de programas educativos de orientação e de atendimento a familiares responsáveis, cuidadores ou demais envolvidos em situações de negligência, violência psicológica, Nº de famílias atendidas Curto FMAS FME FMS Assistência Social SME Saúde APAE Conselho Tutelar 99 física e sexual. c. Exigir o atendimento aos limites de composição da equipe técnica mínima prevista pela NOB-RH SUAS para a Proteção Social Básica e Especial de Média e Alta Complexidade. Nº de crianças, adolescentes e famílias atendidas com direitos violados Curto FMAS Assistência Social d. Garantir ampliação do nível de cobertura de atendimento dos serviços socioassistencias do CRAS e CREAS, à população prioritária dos serviços, conforme Resolução nº 109 do CNAS. Nº de famílias acompanhadas Contínuo FMAS Assistência Social e. Estabelecer maior articulação entre CRAS e CREAS, considerando que grande parte das crianças e adolescentes atendidas pelo SCFV tem direito violado. Nº de famílias em acompanhament o Contínuo FMAS Assistência Social f. Viabilizar transporte gratuito nas oficinas no serviço de convivência e fortalecimento de vínculos. Transporte disponível Médio FMAS Assistência Social g. Ampliar a oferta do SFCV nos Distritos do município e garantir a manutenção das refeições para crianças e adolescentes que participam de oficinas, especialmente aquelas em situação de vulnerabilidade social e de área rural. Refeições disponibilizadas Médio FMAS Assistência Social 100 8. Expandir e qualificar políticas de atenção integral à saúde de crianças, adolescentes e suas famílias. Crianças e adolescentes 8.1 Ampliar as ações da Saúde nas escolas visando à orientação às crianças e adolescentes e famílias. 8.2 Ampliar os atendimentos multiprofissionais na área de saúde h. Promover e incentivar a participação dos servidores municipais da assistência social em cursos de aperfeiçoamento profissional. Servidores capacitados Contínuo FMAS Assistência Social a. Criar nas escolas municipais um grupo responsável pelas ações preventivas envolvendo profissionais de outras áreas como saúde, assistência social, a exemplo do NEPRE do estado. Nº de crianças e adolescentes atendidos Contínuo FMAS FMS FME FMDCA Saúde Assistência Social SME Conselho Tutelar CMDCA APAE b. Intensificar o Programa Saúde na Escola envolvendo-se nos projetos já desenvolvidos. Nº de atividades Médio FMS SME Saúde c. Fomentar a criação de grupos de apoio para adolescentes dependentes químicos, inclusive para encaminhamento de adolescentes em medidas socioeducativas e de proteção. Nº grupos de criados Curto FMS Saúde d. Promover e incentivar a participação dos servidores municipais da saúde em cursos de aperfeiçoamento profissional. Servidores capacitados Contínuo FMS Saúde a. Estruturar a equipe do NASF com a contratação de profissionais específicos para o trabalho de prevenção e promoção de saúde e apoio as ESFs (assistente social, Nº atendimento realizados na área Curto FMS Saúde Administração 101 psicólogo, educador físico, fisioterapeuta, nutricionista, farmacêutico, enfermeiro). 9. Priorizar e articular as ações de atenção integral a crianças de 0 a 6 anos, com base no Plano Nacional pela Primeira Infância. 10. Ampliar o acesso de adolescentes a partir de 14 anos a programas de aprendizagem profissional de acordo com a Lei nº 10.097/00. 11. Universalizar o acesso de crianças e adolescentes a políticas culturais, que nas suas diversas expressões e manifestações Adolescentes Crianças e adolescentes 9.1 Ampliar a oferta de vagas em unidades de educação infantil. a. Aumentar gradativamente a oferta de vagas em creches para crianças até três anos de idade ampliando a estrutura física e de pessoal conforme a necessidade. Nº de atividades realizadas Médio FME SME 10.1 Ampliar junto às empresas do município o programa jovem aprendiz conscientizando-os a selecionar adolescentes em situação de vulnerabilidade e risco social. a. Articular com as empresas locais em parceria com Associação Comercial – ACISLO e CDL visando sensibilizar as empresas a aderir ao programa jovem aprendiz. Nº de atividades realizadas Contínuo FMDCA Assistência Social Conselho Tutelar CMAS SME b. Realizar pesquisa aplicada aos adolescentes do município visando identificar demanda por cursos profissionalizantes e de qualificação profissional. Pesquisa realizada Curto FMDCA Assistência Social SME GERED/ADR Saúde CMDCA CT c. Oportunizar cursos de preparação para o mercado de trabalho. Contínuo Curto FMAS Assistência Social CIEE (parceiro) a. Manter e ampliar grupos e oficinas culturais existentes com a possibilidade de contratação de profissionais concursados. Nº de grupos criados Contínuo Fundo de Cultura Assistência Social ICSL Administração b. Implantar o Cinema Social contribuindo com um espaço de lazer para as famílias através de Cinema implantado Contínuo Fundo de Cultura FME SME ICSL 11.1 Ampliar a oferta de oficinas e grupos culturais visando desenvolver habilidades e potencialidades de crianças e adolescentes. 102 considerem sua condição peculiar de desenvolvimento e potencial criativo. 12. Universalizar o acesso e assegurar a permanência e o sucesso de crianças e adolescentes na educação básica, expandindo progressivamente a oferta de educação integral, com a ampliação da jornada escolar, dos espaços e das oportunidades educacionais. filmes educativos. Crianças Profissionais da educação 12.1 Ampliar a oferta de acesso a educação infantil c. Manter os festivais da canção visando desenvolver diferentes habilidades das crianças e dos adolescentes na área da musicalidade. Festivais realizados Contínuo FME FMC ICSL d. Viabilizar o acesso ao transporte gratuito para as oficinas desenvolvidas pelo ICSL. Transporte disponibilizado Contínuo FMC ICSL Administração e. Viabilizar a descentralização das oficinas desenvolvidas na ICSL conforme a demanda de cada território (rural e urbano). Oficinas descentralizadas Contínuo FMC ICSL a. Viabilização de recursos para construção e manutenção de centros de educação infantil – Creches, com espaço físico adequado e profissionais conforme necessidade para o desenvolvimento de atividades necessárias que contemplem crianças nesta faixa etária. Vagas ampliadas Curto FME SME b. Promover e incentivar a participação dos servidores municipais em cursos de aperfeiçoamento profissional. Profissionais capacitados Contínuo FME SME d. Garantir a implementação de ações que respondam as necessidades específicas de cada Melhorias realizadas Contínuo FME SME 103 unidade escolar, relativo à melhoria de espaço físico, acessibilidade e materiais didáticos. Crianças 13. Promover o acesso de crianças e adolescentes às Tecnologias de Informação e Comunicação e à navegação segura na Internet, como formas de efetivar seu direito à comunicação, observando sua condição peculiar de pessoas em desenvolvimento. Crianças e adolescentes 13.1 Garantir o acesso as tecnologias com segurança visando o acesso a informação como ferramenta no processo de desenvolvimento social e tecnológico de crianças e adolescentes. e. Realização de visitas de fiscalização por parte do CMDCA sobre as condições de infraestrutura, acessibilidade e disponibilidade de materiais didáticos em todas as unidades escolares. Visitas realizadas Contínuo FMDCA CMDCA f. Aprimorar e ampliar o atendimento especializado sendo eles: AEE – Atendimento Educacional Especializado, apoio pedagógico ou segundo professor. Melhorias realizadas Contínuo FME SME a. Manter o acesso a cursos de informática enfatizando o uso da internet segura e ampliar a sua divulgação. Cursos realizados Contínuo FME SME 104 14. Consolidar a oferta de ensino profissionalizante de qualidade, integrado ao ensino médio, com fomento à inserção no mercado de trabalho dos adolescentes a partir dos 16 anos, de acordo com a legislação vigente. Adolescentes 15. Universalizar o acesso de crianças e adolescentes a políticas e programas de esporte e lazer, de acordo com sua condição peculiar de desenvolvimento, assegurada a participação e a acessibilidade de pessoas com deficiências. Crianças e adolescentes 14.1 Garantir o acesso de adolescentes a profissionalização. 15.1 Ampliar a oferta de oficinas de esporte e lazer buscando a integração e o desenvolvimento saudável. a. Ampliar a oferta de cursos profissionalizantes diversificando os cursos a serem ofertados. Cursos realizados Contínuo FME IFSC (parceiro) GERED/ADR (parceiro) SME b. Realização de um cadastro dos emails dos adolescentes das escolas municipais e estaduais visando a divulgação das ofertas de cursos profissionalizantes (mala direta) Cadastro realizado Curto FME SME GEDED/ADR a. Manter e ampliar oficinas de jogos (Basquete, vôlei de areia e artes marciais) mostrando outras possibilidades na área do esporte. Nº de oficinas criadas Curto FME FM Esportes SME ICSL CDM Administração b. Ampliar o número de quadras poliesportivas ou praça esportiva com playground em local de fácil acesso e aberta para a comunidade de forma gratuita onde pais e filhos possam praticar atividades físicas e os mais diversos esportes. Nº de espaços para a prática de esportes e lazer Médio Recursos próprios CDM Administração 105 7.2 EIXO II: PROTEÇÃO E DEFESA DE DIREITOS Diretriz 03 - Proteção especial a crianças e adolescentes com seus direitos ameaçados ou violados, consideradas as condições de pessoas com deficiência e as diversidades de gênero, orientação sexual, cultural, étnico-racial, religiosa, geracional, territorial, de nacionalidade e de opção política. Público Alvo Objetivo estratégico 1. Ampliar e articular políticas, programas, ações e serviços para a promoção, proteção e defesa do direito de crianças e adolescentes à convivência familiar e comunitária, com base na revisão e implementação do Plano nacional temático. Operadores do SGD 2. Definir diretrizes para as atividades de prevenção ao uso de drogas por crianças e adolescentes conforme a Lei 11. 343/06, bem Famílias com dependentes químicos MONITORAMENTO Meta Detalhamento da ação Indicador de Resultado Prazo Fundo Responsáveis 1.1 Fortalecer a capacidade institucional dos órgãos de responsabilização para o rompimento do ciclo de impunidade e para o enfrentamento de violações dos direitos de crianças e de adolescentes e estabelecer fluxo de atendimento na rede municipal nos casos de violência. a. Discutir e estabelecer a elaboração de protocolo de atendimento à violação de direitos de crianças e adolescentes. Nº de projetos e oficinas criadas Curto FME FMDCA FMAS CMDCA CT SGD b. Promover e incentivar a participação dos servidores municipais operadores do sistema de garantia de direitos em cursos de aperfeiçoamento profissional.. Operadores do SGD capacitados Contínuo FMDCA SGD CMDCA c. Implantar ações informativas a serem realizadas pelo Conselho Tutelar com objetivo de informar as crianças, adolescentes e suas famílias sobre a violação dos direitos e deveres de crianças e adolescentes. Nº de atividades realizadas Contínuo FMDCA FMAS CMDCA CT 2.1 Qualificar as equipes municipais sobre atuação frente à prevenção e atendimento aos dependentes químicos. a. Capacitar a rede de atendimento sobre realização de abordagem e atendimento aos usuários de drogas definindo fluxograma. Nº de profissionais capacitados Contínuo FMS Saúde Nº de famílias acompanhadas Contínuo FMS FMAS Saúde Assistência Social b. Manter o trabalho de 106 como ampliar, articular e qualificar as políticas sociais para prevenção e atenção a crianças e adolescentes usuários e dependente de álcool e drogas. 3. Ampliar e articular políticas, programas, ações e serviços para a acompanhamento familiar articulado entre saúde e assistência social visando orientá-los sobre o uso e abuso de drogas lícitas e ilícitas. Operadores do SGD Fortalecer as ações estratégicas do Programa de Erradicação do Trabalho c. Organizar campanhas preventivas de orientação sobre o uso e abuso de drogas lícitas e ilícitas. Nº campanhas realizadas Contínuo FMS Saúde Assistência Social d. Reativar as ações do PROERD no município possibilitando atendimento nas escolas e também implantar o PROERD PAIS e PROERD KIDS. Nº de alunos e pais atendidos Contínuo FME SME Policia Militar CMDCA e. Manter, potencializar e investir nos Projetos de Orientação às crianças e adolescentes nas escolas sobre o uso de bebidas alcoólicas e cigarro. Nº de crianças e adolescentes atendidos Contínuo FME FMDCA SME Assistência Social CT CMDCA Saúde f. Estruturação de medidas de fiscalização de venda de bebidas alcoólicas por bares para crianças e adolescentes. Fiscalização realizada Contínuo Recursos próprios CT SGD CMDCA a. Instituir no município o protocolo de notificação de situações de trabalho infantil. Nº de projetos e oficinas criadas Contínuo Recurso AEPETI FMDCA CMDCA CT SGD 107 Infantil – AEPETI proteção e defesa de crianças e adolescentes identificadas em situação de trabalho infantil, com base no Plano Nacional temático. 4. Ampliar e articular políticas, programas, ações e serviços para o enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes, com base no Plano Nacional temático. Operadores do SGD 5. Ampliar e articular políticas, programas, ações e serviços para atendimento a adolescentes autores de ato infracional, a partir da revisão do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo, observadas as Operadores do SGD 4.1 Potencializar as ações de enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes. 5.1 Garantir a operacionalização do Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo. b. Realizar capacitações sobre o trabalho infantil com as instituições envolvidas na notificação, fiscalização e atendimento. Nº de profissionais capacitados Contínuo Recurso AEPETI FMDCA CMDCA CT SGD c. Realizar campanhas de esclarecimento e sensibilização sobre o trabalho infantil. Nº campanhas realizadas Contínuo Recurso AEPETI FMDCA CMDCA CT SGD d. Manter e Fortalecer a Comissão Intersetorial do AEPETI. Nº de atividades realizadas Nº de projetos e oficinas criadas Contínuo Recurso AEPETI FMDCA FMAS FMDCA CMDCA CT SGD CMDCA CT SGD b. Elaborar, instituir e monitorar a efetivação do protocolo de atendimento as vítimas de violência sexual no município. Nº de projetos e oficinas criadas Curto FMAS FMDCA CMDCA CT SGD a. Garantir recursos humanos e articulação institucional para a efetivação do Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo. Nº de atividades realizadas Curto FMDCA FMAS CMDCA CT SGD Órgão Gestor do SINASE b. Articular parcerias com instituições para o cumprimento das medidas socioeducativas. Nº de atividades realizadas Curto FMDCA FMAS CMDCA CT SGD c. Capacitar os profissionais envolvidos, assim como a rede de atendimento dos egressos de Nº de profissionais capacitados Contínuo FMDCA FMAS CMDCA CT SGD a. Desenvolver plano de ações de enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes, de caráter continuado, superando as campanhas pontuais. Contínuo 108 responsabilidades do executivo e do sistema de justiça. medidas socioeducativas. Diretriz 04 – Universalização e fortalecimento dos conselhos tutelares, objetivando a sua atuação qualificada. MONITORAMENTO Objetivo estratégico Público Alvo Meta Detalhamento da ação Indicador de Resultado Prazo Fundo Responsáveis 6. Fortalecer e aprimorar o funcionamento do conselho tutelar do município, de acordo com os parâmetros estabelecidos pelo CONANDA. Conselho Tutelar 6.1 Capacitar e aperfeiçoar o Conselho Tutelar, visando a qualificação das abordagens de atendimento e encaminhamentos. a. Melhorar a estrutura do Conselho Tutelar, incluindo estrutura física adequada para o atendimento, contratação de recepcionista e motorista. Nº atividades realizadas Médio Recursos Ordinários CMDCA Conselho Tutelar Administração b. Organizar anualmente capacitações aos conselheiros tutelares a fim de qualificar a atuação, sensibilizando-os a participação. Nº de capacitações realizadas Contínuo FMDCA Recursos Ordinários CMDCA CT c. Garantir o funcionamento do SIPIA bem como a alimentação dos dados pelos conselheiros tutelares. Sistema funcionando Contínuo FMDCA Recursos Ordinários CMDCA CT Administração 109 Diretriz 05 – Universalização, em igualdade de condições, do acesso de crianças e adolescentes aos sistemas de justiça e segurança pública para a efetivação dos seus direitos. MONITORAMENTO Objetivo estratégico 7. Fortalecer a capacidade institucional dos órgãos de responsabilização para o rompimento do ciclo o de impunidade e para o enfrentamento de violações dos direitos de crianças e adolescentes. Público Alvo Meta Detalhamento da ação Indicador de Resultado Prazo Fundo Responsáveis 7.1 Combater a impunidade nos casos de violações de direitos contribuindo para romper com o ciclo de violência. a. Divulgar os serviços de denúncia aos crimes de violações de direitos contra crianças e adolescentes. Divulgação realizada Curto FMDCA CMDCA SGD b. Realizar fiscalizações periódicas as casas de prostituição visando identificar a exploração sexual contra crianças e adolescentes. Fiscalizações realizadas Curto Recursos próprios Vigilância Sanitária Assistência Social CT Delegacia da Mulher, Infância e Juventude (parceiro) 110 7.3 EIXO III: PROTAGONISMO E PARTICIPAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES Diretriz 06 - Fomento de estratégias e mecanismos que facilitem a participação organizada e a expressão livre de crianças e adolescentes, em especial sobre os assuntos a eles relacionados, considerando sua condição peculiar de desenvolvimento, pessoas com deficiência e as diversidades de gênero, orientação sexual, cultural, étnico-racial, religiosa, geracional, territorial, nacionalidade e opção política. MONITORAMENTO Objetivo estratégico Público Alvo Meta Ação Indicador de Resultado Prazo Fundo Responsáveis 1. Promover o protagonismo e a participação de crianças e adolescentes nos espaços de convivência e de construção da cidadania, inclusive nos processos de formulação, deliberação, monitoramento e avaliação das políticas públicas. Crianças e Adolescente s 1.1 Estimular através de ações especificas a participação de crianças e adolescentes na vida comunitária visando o protagonismo infanto juvenil. a. Manter o Programa Vereador Mirim e sensibilizar os adolescentes à participação. Nº atividades realizadas Contínuo FMDCA SME Legislativo Municipal CT CMDCA b. Criar com crianças e adolescentes grupos de multiplicadores de conhecimento articulado ao Programa Saúde na Escola fortalecendo o protagonismo e a participação social destes. c. Articular com a Rede Intersetorial ações que sensibilizem e debatam sobre controle social com os adolescentes estimulandoos a conhecer a importância e as competências do CMDCA e CT. Nº de atividades realizadas Médio FMDCA SME Assistência Social CT CMDCA Nº atividades realizadas Contínuo FMDCA CMDCA CT Saúde SME d. Alterar a Lei Municipal do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente garantindo a participação de adolescentes. e. Fortalecer o grêmio estudantil nas escolas do Estado e criar nas escolas do município incentivando Nº de adolescentes participando do CMDCA Curto FMDCA CMDCA Nº de atividades realizadas Curto FMDCA SME Legislativo CT 111 a participação dos adolescentes nas sessões da câmara de vereadores, a fim de envolvê-los nas questões políticas do município e informálos sobre as ações do legislativo. 2. Ampliar o acesso de crianças e adolescentes, na sua diversidade, aos meios de comunicação para expressão e manifestação de suas opiniões. Crianças e adolescentes 2.1 Utilizar as mídias locais para oportunizar aos adolescentes a divulgação de ações e atividades realizadas em espaços coletivos. a. Utilizar espaço na mídia local onde crianças e adolescentes possam participar na divulgação de vinhetas relacionadas a prevenção ao uso e abuso de drogas, sobre o resgate de valores sociais e sobre o cuidado com o meio ambiente. b. Articular espaços na rádio local para inserção de vinhetas produzidas coletivamente com crianças e adolescentes nas oficinas preventivas. CMDCA Nº atividades realizadas Contínuo FMDCA Nº atividades realizadas Contínuo FME FMDCA Escolas Rádio local CT CMDCA Assistência Social Câmara Mirim ICSL SME Assistência Social CMDCA Rádio Local Câmara Mirim ICSL 112 7.4 EIXO IV: CONTROLE SOCIAL DA EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS Diretriz 07 - Fortalecimento de espaços democráticos de participação e controle social, priorizando os conselhos de direitos da criança e do adolescente e assegurando seu caráter paritário, deliberativo, controlador e a natureza vinculante de suas decisões. MONITORAMENTO Objetivo estratégico Público Alvo Meta Detalhamento da ação Indicador de Resultado Prazo Fundo Responsáveis 1. Capacitar o Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente, qualificando suas atribuições de formular, acompanhar e avaliar as políticas públicas para crianças e adolescentes e de mobilizar a sociedade. Conselheiros Municipais do CMDCA 1.1 Fortalecer o CMDCA enquanto espaço de participação social e garantia dos direitos de crianças e adolescentes. a. Estabelecer no Plano Anual de capacitação continuada aos conselheiros de direitos das crianças e adolescentes com previsão de ações no orçamento municipal. Nº de atividades realizadas Contínuo FMDCA FMAS CMDCA Assistência Social Administração b. Garantir apoio técnico para o desempenho das funções do CMDCA. Apoio técnico contínuo Contínuo Recursos ordinário s CMDCA Administração Contínuo FMDCA CMDCA Contínuo FMDCA CMDCA Conselho Tutelar SGD 2. Apoiar a participação da sociedade civil organizada em fóruns, movimentos, comitês e c. Divulgar de forma mais ampla nos meios de comunicação o calendário de reuniões do CMDCA e a função do conselho municipal e do Conselho Tutelar, visando maior participação da comunidade em geral. Comunidade em geral 2.1 Realizar eventos municipais e regionais levando mais informações para a comunidade sobre a área da criança e do a. Realizar oficinas municipais com as entidades (igrejas, ONG´s, escolas) visando ampliar o debate acerca da criança e do adolescente buscando divulgar as ações Nº de participantes da sociedade civil e governamental no CMDCA Nº de atividades realizadas 113 redes, bem como sua articulação regional para a incidência e controle social das políticas de direitos humanos de crianças e adolescentes. adolescente. realizadas, bem como ampliar ações na área da infância e adolescência garantindo maior eficiência no controle social. b. Mobilizar e sensibilizar através de convites a participação da sociedade de civil em seminários, conferências e audiências públicas. Nº de oficinas realizadas Contínuo FMDCA CMDCA CT SGD c. Garantir a realização do fórum da sociedade civil para composição do CMDCA. Nº de atividades realizadas Contínuo FMDCA CMDCA Conselho Tutelar 114 7.5 EIXO V: GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DOS DIREITOS HUMANOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES Diretriz 08 - Fomento e aprimoramento de estratégias de gestão da Política Municipal dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes fundamentadas nos princípios da indivisibilidade dos direitos, descentralização, intersetorialidade, participação, continuidade e corresponsabilidade dos três níveis de governo. MONITORAMENTO Objetivo estratégico Público Alvo 1. Estabelecer mecanismos e instâncias para a articulação, coordenação e pactuação das responsabilidades de cada esfera de governo na gestão do Plano Decenal dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes. Meta Detalhamento da ação Indicador de Resultado Prazo Fundo Responsáveis 1.1 Estabelecer maior articulação regional para a participação dos órgãos estaduais de controle e pactuação na área da infância e adolescência, a. Articular a nível regional a implantação do colegiado dos direitos da criança e do adolescente. Colegiado criado Longo Recursos próprios Administração SGD AMNOROESTE (parceiro) b. Estabelecer maior articulação entre as políticas públicas com a ADR, especialmente com as gerências da educação, saúde e assistência social. Atuação articulada Curto Recursos próprios ADR Assistência Social SME Saúde Diretriz 09: Efetivação da prioridade absoluta no ciclo e na execução orçamentária das três esferas de governo para a Política Nacional e Plano Decenal dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes, garantindo que não haja cortes orçamentários. MONITORAMENTO Objetivo estratégico Meta Detalhamento da ação Indicador de Resultado Prazo Fundo Responsáveis 2.1 Garantir a participação dos conselhos municipais na a. Incentivar o CMDCA a participar efetivamente das peças Nº de campanhas Contínuo FMDCA CMDCA Administração Público Alvo 2. Dotar a política dos direitos humanos de Infância e 115 crianças e adolescentes de recursos suficientes e constantes para implementação das ações do Plano Decenal, com plena execução orçamentária. 3. Estabelecer e implementar mecanismos de cofinanciamento e de repasse de recursos do Fundo da Infância e adolescência entre as três esferas de governo, na modalidade Fundo a Fundo, para as prioridades estabelecidas pelo plano decenal, de acordo com os parâmetros legais e normativos do Conanda. adolescência Infância e adolescência Comunidade em geral elaboração do orçamento municipal tendo a criança e o adolescente como prioridade. orçamentárias e torna-las de fácil entendimento para os participantes. realizadas Contabilidade b. Realizar reuniões com a Contabilidade municipal garantindo prestação de contas dos gastos do recursos e informação sobre a previsão orçamentária. Nº de reuniões realizadas Contínuo FMDCA CMDCA Contabilidade 3.1 Garantir recursos suficientes para a execução da politica da criança e do adolescente, destinando porcentagem mínima da receita líquida do município para FMDCA. a. Revisar, discutir e aprovar a Lei Municipal, visando a destinação de no mínimo 1% da arrecadação do município ao FMDCA. Lei Aprovada Médio Recursos próprios Administração Contabilidade Jurídico CMDCA 3.2 Ampliação das doações ao FMDCA através do imposto de renda de pessoa física e jurídica a. Através do Fundo Dos Direitos da Infância e Adolescência, fomentar campanhas de conscientização anuais municipais de orientação, divulgação, sensibilização dos contadores e comunidade em geral para destinar uma porcentagem do imposto de renda para o FMDCA através de campanhas de rádio, visitas aos contadores, etc. Nº de capacitações realizadas Contínuo FMDCA CMDCA Contabilidade 116 Diretriz 10: Qualificação permanente de profissionais para atuarem na rede de promoção, proteção e defesa dos direitos de crianças e adolescentes. MONITORAMENTO Objetivo estratégico Público Alvo Meta Detalhamento da ação Indicador de Resultado Prazo Fundo Responsáveis 4. Formular e implementar uma política de formação continuada, segundo diretrizes estabelecidas pelo Conanda, para atuação dos operadores do sistema de garantias de direitos, que leve em conta a diversidade regional, cultural e étnico-racial. Profissionais do SGD 4.1 Capacitação continuada para o CMDCA, para os operadores do Sistema de Garantia de Direitos – SGD visando sua qualificação na atuação em rede de promoção, proteção e defesa dos direitos de crianças e adolescentes. a. Estruturar um plano anual de capacitação com previsão orçamentária e ações. Nº de capacitações realizadas Contínuo FMDCA FMAS FME FMS CMDCA Conselho Tutelar Administração SGD b. Capacitar os profissionais para atuação em rede de atendimento. Nº de atividades realizadas Contínuo CMDCA Coordenação da Rede c. Realizar a divulgação do trabalho das reuniões de rede. Nº de atividades realizadas Contínuo d. Promover e incentivar a participação dos servidores municipais que atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos de crianças e adolescentes em cursos de aperfeiçoamento profissional. Servidores capacitados Contínuo FMDCA FMAS FME FMS FMDCA FMAS FME FMS FMDCA FMAS FME FMS a. Manter um calendário anual de reuniões da rede de atendimento viabilizando a prévia organização e participação de todos o envolvidos especialmente o Ministério Público e Poder Judiciário. Nº de reuniões realizadas Contínuo FMDCA FMAS FME FMS Assistência Social Saúde SME APAE Coordenação da Rede b. Realizar a divulgação do trabalho das reuniões de macro e micro rede. Nº de atividades realizadas Contínuo FMDCA FMAS FME CMDCA Coordenação da Rede Rede de atendimento 4.2 Fortalecer e qualificar sistematicamente as reuniões de rede que já vem sendo realizadas no município ampliando as informações acerca dos casos em atendimento e/ou temáticas específicas tornando as decisões mais potentes e com maior capacidade de CMDCA Coordenação da Rede Assistência Social Saúde SME GERED/ADR 117 intervenção. c. Sensibilizar as políticas públicas, poder judiciário e ministério público a participar das reuniões de rede de atendimento. Nº de atividades realizadas Contínuo FMS Recursos próprios SGD Coordenação Diretriz 11: Aperfeiçoamento de mecanismos e instrumentos de monitoramento e avaliação da Política e do Plano Decenal de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes, facilitado pela articulação de sistemas de informação. MONITORAMENTO Objetivo estratégico Público Alvo Meta Detalhamento da ação Indicador de Resultado Prazo Fundo Responsáveis 5. Desenvolver metodologias e criar mecanismos institucionais de monitoramento e avaliação da política Nacional e do Plano Decenal dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes e do seu respectivo orçamento. Crianças e adolescentes 5.1 Garantir o monitoramento e avaliação do Plano Decenal. a. Realizar anualmente a revisão do Plano Decenal nas reuniões do CMDCA propondo alterações quando necessário e identificando as ações executadas. Nº de reuniões realizadas Contínuo FMDCA CMDCA SGD Comissão Intersetorial 118 Diretriz 12: Produção de conhecimentos sobre a infância e a adolescência, aplicada ao processo de formulação de políticas públicas. MONITORAMENTO Objetivo estratégico Público Alvo Meta Detalhamento da ação Indicador de Resultado Prazo Fundo Responsáveis 6. Fomentar pesquisas no campo da promoção, proteção e defesa dos direitos humanos de crianças e adolescentes, com a difusão pública de seus resultados. Comunidade em geral 6.1 Realizar diagnóstico detalhado sobre a situação da infância e adolescência no município. a. Identificar através de pesquisa . os indicadores sociais referentes a área da infância e adolescência com georeferenciamento. Pesquisa realizada Médio FMDCA FMAS FME FMS CMDCA SGD 119 8. MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO O Plano Decenal dos Direitos da Criança e do Adolescente do município de São Lourenço do Oeste, como foi mencionado, é um documento que estabelece um planejamento de longo prazo, para os próximos dez anos, ao município e inclusive à sociedade civil organizada, para que haja a congregação de esforços, recursos e ações, com metas e indicadores de monitoramento, integrando as políticas públicas direcionadas à efetivação dos direitos das crianças e dos adolescentes. Visando à efetiva implementação do Plano Decenal, com relação à efetivação dos direitos das crianças e dos adolescentes, há a necessidade de atividades de acompanhamento, monitoramento e avaliação bem estruturadas e desenvolvidas por equipe técnica de cada órgão envolvido e pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente (CMDCA), indicando responsabilidades, formas de coleta e análise de dados e periodicidade. O acompanhamento deve ser entendido como um processo permanente, que ocorrerá ao longo de todo o período de execução do Plano Decenal, sendo que os responsáveis pelas ações deverão acompanhar atentamente cada etapa de sua implementação, promovendo o registro contínuo da realização das ações, e criando, assim, bases estruturadas para o monitoramento. O monitoramento é um importante instrumento para acompanhar metas e prazos de execução e a implementação das ações, visando mensurar se os resultados esperados foram alcançados. Já a avaliação é um momento reflexivo, que avalia todo o processo e resultado para verificar a efetivação das políticas públicas propostas no Plano Decenal. Assim, é necessário estabelecer um fluxo de monitoramento e avaliação das ações dos órgãos e instituições que possuem responsabilidade com relação às ações estabelecidas. Por isso, cada órgão ou instituição envolvida, cada um dos responsáveis pelas ações da matriz de planejamento deverá acompanhar suas ações constantemente, verificando se as metas instituídas estão próximas de serem atingidas, organizando a coleta e análise dos dados e mantendo os registros das ações previstas. Anualmente, as instituições e órgãos deverão encaminhar o relatório ao Comitê, contendo informações quanto ao cumprimento das metas, de acordo com o prazo previsto e os indicadores de resultado escolhidos, tudo constante no Plano de Ação. Como o Plano Decenal é um planejamento de longo prazo, elaborado com base na realidade da criança e do adolescente no município de São Lourenço do Oeste até 2026, para alguns indicadores, de acordo com a realidade socioeconômica analisada, deve-se acompanhar as mudanças sociais. Neste 120 sentido, o Plano Decenal deve ser um processo dinâmico e flexível. Por isso, no momento da avaliação, poderão ser propostas alterações, redefinições, repactuações e ajustes necessários, sempre visando à eficácia e efetividade da política pública da criança e do adolescente. 121 9. MATRIZ DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO Ação 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 Elaboração de instrumentais padronizados X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X para monitoramento da execução do plano decenal. Criação de comissão de monitoramento do X Plano Decenal. Relatório de monitoramento do Plano Decenal a cada dois anos, na ocasião da Conferência Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Audiência de avaliação das ações do Plano Decenal a cada dois anos, na ocasião da Conferência Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. 122 10. REFERENCIAS ABREU, Cathia. A história da infância. Instituto Ciência Hoje, Rio de Janeiro, out. 2008.Disponível em: <http://chc.cienciahoje.uol.com.br/noticias/historia/a-historia-da-infancia>.Acesso em 31 ago. 2016. ANDRADE, Iraci de. Direito à proteção social: desafios para sua materialização. 2008. 113f. Dissertação (Mestrado em Serviço Social) - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2008. ARIÉS, Philippe. História social da criança e da família. (trad. Dora Flaksman). 2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986. ______. Território e assistência social: uma análise do Serviço Social a partir da produção social do espaço. 2012. 209f. Tese (Doutorado em Serviço Social) - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2012. Bazon, M. R. (2008). 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ANEXOS Anexo 1: Resolução do CMDCA que cria a Comissão Municipal Intersetorial 127 128 129 Anexo 2: Lista de presença da reunião para seleção e busca de dados municipais. 130 131 132 Anexo 3: Lista de presença da Oficina Municipal para levantamento de problemáticas 133 Anexo 4: Fotos da Oficina Municipal para levantamento de problemáticas 134 135 Anexo 5: Lista de presença da Oficina do Diagnostico e Matriz de Planejamento do Plano Decenal 136 Anexo 6: Fotos da Oficina de Diagnostico e Matriz de Planejamento do Plano Decenal 137 Anexo 7: Lista de presença da Oficina de Revisão da Matriz de Planejamento do Plano Decenal 138 139 140 Anexo 8: Fotos da Oficina de Revisão da Matriz de Planejamento do Plano Decenal 141 142 143 Anexo 9: Resolução de aprovação do Plano Decenal 144 Organização Apoio Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente Conselho Tutelar Elaboração Roselaine Klaus Camatti Mestre em Políticas Sociais e Dinâmicas Regionais e-mail: [email protected] Comissão Municipal Intersetorial de Acompanhamento da Elaboração do Plano Decenal 145