Meu Marketing nas redes sociais Muito se fala no poder de

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Meu Marketing nas redes sociais
Muito se fala no poder de destruição e desconstrução da imagem de alguém nas redes sociais.
Na verdade, até antes, na Internet, a identidade de alguém poderia ser atingida e/ou arruinada
por hackers e/ou pela própria mídia. Com a inserção das redes sociais, o uso para esses fins
está ao acesso também dos usuários, que não precisam ser profissionais de tecnologia ou
comunicação para expor alguém, ou a si próprio, seja para causar prejuízos ou benefícios.
Mas existe o outro lado da moeda: a capacidade de promoção ou autopromoção
proporcionada pelas redes sociais. Esse é um exercício de observação e que conduz a uma
experiência que permite associar a sedução da visibilidade às características comportamentais
e psicossomáticas. Nas redes sociais, podemos criar um “avatar” de nós mesmos, um
personagem, assumir outra personalidade, mudar ou criar outra face de identidade.
Magicamente todos somos lindos, respiramos generosidade, pregamos justiça, somos
guardiões da moral, odiamos hipocrisia e afloramos nosso senso de cidadania ao extremos.
Puro amor e lealdade. Repudiamos a corrupção, abolimos o preconceito e estampamos
mensagens motivacionais e de autoestima. Exemplo de respeito ao próximo. Somos a
caricatura da perfeição, do nosso melhor fomentado por curtidas e compartilhamentos.
Nos recriamos e temos vida própria nas redes sociais. Podemos usar as tecnologias a nosso
favor, sendo nosso maior trunfo. Ou nossa maior cilada. E nessa hora, podemos notar que
jornalismo e marketing são áreas que dialogam no cenário das redes sociais, esse resultado de
tecnologias digitais, de relacionamento e de conteúdo. Espaço adequado e promissor para o
marketing pessoal. Independente da categorização de Marketing, lembramos um dos
conceitos do “pai” do Marketing, Phillip Kottler, “Marketing é o conjunto de atividades
humanas que tem por objetivo facilitar e consumar relações de troca.”. Já Raimar Richer
caracteriza Marketing como “as atividades sistemáticas de uma organização humana, voltada
para a busca e realização de trocas com seu meio ambiente, visando benefícios específicos.”.
Importante destacar que, no caso das redes sociais, os benefícios principais são o capital
social e humano entendidos como investimento nas relações pessoais e profissionais.
Produtores de conteúdo
Na nossa página ou redes, somos (re)produtores de notícias e/ou fatos. Podemos fazer uma
alusão à realidade do usuário de redes sociais ao trabalho dos jornalistas no que tange ao
processo de busca e construção de notícias. O internauta compartilha o conteúdo que
considera importante conforme os próprios valores e que se afine com o seu senso de razão
(nesse caso, diante da variedade de assuntos, atua como produtor selecionando temas para a
pauta. A origem desse conteúdo, seja uma amostra do campo pessoal ou um link oriundo de
outro portal, também é uma escolha estabelecida pelo proprietário da conta (no papel de editor
classificando os temas e as abordagens, numa ação que remete a distribuição em editorias).
Ao divulgar, opinião, imagens, links emite o conteúdo que gerou para a sua rede de
conexões. Esse conceito de redes sociais permite compreender que cada conta ou página é
uma mídia portadora de informações produzidas pelo dono/usuário/administrador. Nesse
cenário, podemos relacionar a aplicação da Teoria do Gatekeeper, que pressupõe que as
notícias são como são porque os jornalistas assim as determinam, ou seja, nas redes sociais as
notícias ou conteúdos são como são porque o proprietário determinou, atuando como editor na
definição e posterior apresentação da pauta.
É possível verificar a mudança do público, que migra de um comportamento passivo, que
consumia mídias profissionais, para um comportamento ativo que, além de decidir o que quer,
cria conteúdo através da sua percepção.
Outro fator que contribui para essa mudança de perfil é a inserção dos novos mecanismos
digitais resultantes das conquistas tecnológicas, como por exemplo, o celular e sua evolução.
Com a possibilidade de acessar à internet pelos dispositivos móveis, além dos recursos de foto
e vídeo que permitem lançamento instantâneo nas redes sociais, muitas vezes o internauta
acaba divulgando antes mesmo dos profissionais da mídia um fato de relevância social devido
à capacitação tecnológica em equipamentos e sistemas. O cidadão, ao presenciar um fato,
pode registrar por um dispositivo móvel e colocar na sua mídia, acaba informando antes da
emissora de jornalismo que não estava no momento e que acaba utilizando imagens ou vídeos
capturados pelo internauta. Esse é o um novo conceito da mobilidade que denomina o
“consumidor sem limites”, onde ele pode acessar as redes sociais de qualquer lugar pelos
dispositivos mobiles e ser um produtor de notícias ao captar em tempo real e compartilhar na
rede.
No livro Redes Sociais na Internet, de Raquel Recuero, ela afirma que “ Como as redes
sociais na Internet ampliaram as possibilidades de conexões, aumentaram também a
capacidade de difusão de informações que esses grupos tinham. No espaço offline, uma
notícia ou informação só se propaga na rede através das conversas entre as pessoas. Nas redes
sociais online, essas informações são muito mais amplificadas, reverberadas, discutidas e
repassadas.”, reforça o que foi dito acima sobre o novo lugar do consumidor a partir da
instantaneidade das redes.
Dessa forma, constatamos o imediatismo do Marketing Digital que é praticado pelo
consumidor sem uma noção clara de que ao compartilhar imagens, preferências e
opiniões está transmitindo um conceito de si mesmo construído por ele. É o que fica claro na
afirmação de Claudio Torres, no livro A Bíblia do Marketing Digital : “O Marketing Digital
está se tornando cada dia mais importante para os negócios e para as empresas”. Não é uma
questão de tecnologia, mas uma mudança no comportamento do consumidor, que está
utilizando cada vez mais a Internet como meio de comunicação, relacionamento e
entretenimento.”.
Uma versão editada de nós mesmos
Templo de felicidade. Benevolência à flor da pele. Todos amam os animais e são defensores
da sustentabilidade. Eventos badalados. Churrascos de picanha. Brindes ao amor. Temos e
somos os melhores amigos. Beleza é requisito básico: se não a tenho, a combinação entre a
maquiagem, o filtro e o ângulo vão colaborar. Selfie em frente ao espelho com roupa colada
para exibir o corpo que a sociedade venera. Selfie com gente para socializar, o verbo da moda.
Selfie em lugares lindos, loucos, inusitados para passar versatilidade. Selfie para mostrar,
dizer, transmitir, confundir, elucidar. Selfie para ostentar em várias óticas.
Minha rede, meu conteúdo, minha realidade. Coloco o que quero ser, como quero ser. Eu me
crio, recrio, invento, reinvento. Sou o meu melhor. Meus pensamentos são divinos. Ser do
bem é legal. Na minha solidão, me transmuto no personagem que julgo ser perfeito. Ou sou
aquele com todas imperfeições que a realidade me obriga a guardar nos escombros do meu eu.
Engraçado e paranoico. Positivo e negativo. Verdadeiro e falso. Ilusão e realidade. Dois
polos. Dois pesos. Duas medidas. A escolha de como decidimos nos revelar vai contribuir
para selar a identidade online e transcender para a offline. Ou vice-versa.
Quantas vezes conhecemos as pessoas que tem uma personalidade e um jeito de ser e
verificamos que nas redes se mostram com outro jeito de ser. E aí reside o problema: isso
pode ser um aliado ou um tiro no pé, melhor, uma saraivada de tiros pelo corpo todo.
Eis que o Marketing Pessoal que queremos fazer ou fazemos involuntariamente pode nos
destacar diante de um grupo, ou conhecidos, nos aferindo poder e reconhecimento dentro de
um nicho ou conquistando o lugar de bestialidade humana sendo alvo de risos dos “amigos”
do face. Sejam quais forem as intenções e os parâmetros de medida que consideramos
importantes, sejam curtidas, compartilhamentos e comentários, alguém vai ser e dar audiência
para a sua página, ou para a sua vida virtual. Podemos alavancar nossa carreira e passar ilesos,
não 100%, pois a unanimidade é rara raridade, ou afetar a nossa reputação e imagem por
descuidos e excessos de exposição e intimidade que poderiam ser mais bem utilizados se
ficassem restritos aos momentos reais e não compartilhados com o mundo. Logo, o que for
ser inserido no contexto digital precisa ser pensado antes porque pode refletir negativamente
na sua vida pessoal e/ou profissional. Eu não estou fazendo apologia inversa à liberdade de
expressão, pois acredito que o espaço deve ser usado conforme o autor deseja, desde que não
utilize para ofender, agredir ou promover ações prejudiciais para a sociedade, pois nestes
casos já entra uma questão de lei. O cuidado é sempre importante nas relações que
construímos, pois muitas vezes, somos os responsáveis pela forma como somos vistos e as
consequências podem ser irremediáveis.
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