1 Controle de Aerogeradores Duplamente Excitados Durante Afundamentos Momentâneos de Tensão Desequilibrados Victor Flores Mendes, Silas Yunghwa Liu e Selênio Rocha Silva Resumo-- Nos últimos anos o número de usinas eólicas conectadas às redes elétricas tem crescido exponencialmente. A tecnologia com aerogerador duplamente excitado (DFIG) é uma das com maior penetração no mercado devido a vantagens operacionais e econômicas. Apesar dessas vantagens, esta tecnologia é muito suscetível a distúrbios provenientes da rede, como os afundamentos momentâneos de tensão (AMT). Durante AMTs desequilibrados a componente de sequência negativa do fluxo causa altas correntes no rotor da máquina o que representa um risco para o conversor. Nesse contexto, esse trabalho analisa através de uma modelagem matemática e de resultados experimentais o comportamento do sistema durante os afundamentos desequilibrados e propõe uma nova estratégia de controle para melhoria da suportabilidade do DFIG. Palavras Chaves-- Energia Eólica, Gerador de Indução Duplamente Excitado, Afundamentos Momentâneos de Tensão, Suportabilidade a Afundamentos de Tensão. I. INTRODUÇÃO O investimento massivo em fontes alternativas de energia tem reduzido o preço da energia elétrica gerada através dessas fontes, tornando-a competitiva quando comparada com as fontes tradicionais. Uma das tecnologias mais competitivas são os sistemas de conversão de energia eólica (SCEE). O número de usinas eólicas no mundo tem crescido exponencialmente nos últimos anos e o Brasil é um dos países com as maiores taxas de crescimento. Atualmente o país conta com 1,2GW de potência instalada e esse valor irá dobrar até o final de 2012. Existem diferentes tecnologias para a conversão de energia eólica diferindo basicamente no tipo de gerador e na eletrônica de potência utilizada para a conexão à rede. Uma das tecnologias mais utilizadas é a tecnologia com gerador de indução duplamente alimentado, conhecido por sua sigla em inglês DFIG - "doubly-fed induction generator" [1]. Essa é uma tecnologia a velocidade variável que tem a vantagem de utilizar conversores dimensionados para apenas uma parcela Esse trabalho foi desenvolvido com auxilio financeiro das agências de fomento FAPEMIG e CAPES/CNPQ. V. F. Mendes é Professor Assistente na Universidade Federal de Itajubá e aluno de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Minas Gerais (PPGEE-UFMG) ([email protected]). S. Y. Liu é aluno de doutorado do PPGEE-UFMG ([email protected]). S. R. Silva é Professor Titular da Universidade Federal de Minas Gerais ([email protected]). da potência nominal da máquina, geralmente 30%. A Fig. 1 mostra o diagrama esquemático dessa tecnologia. Essa topologia possui duas desvantagens: o uso de uma caixa de transmissão, que é um ponto frágil na parte mecânica, e a direta conexão do estator à rede, o que aumenta a suscetibilidade do sistema a distúrbios provenientes da rede. Fig. 1. Sistema de geração de energia eólica DFIG. Neste contexto é importante o estudo do comportamento da tecnologia DFIG durante distúrbios no sistema elétrico. Nos últimos anos muitos trabalhos têm sido publicados nesse assunto. Grande parte dos artigos estuda o comportamento dos SCEE durante afundamentos momentâneos de tensão (AMT), desenvolvendo estratégias para melhorar a suportabilidade do sistema durante tais distúrbios, assim como requerido nos códigos de rede mais modernos [2]. Os trabalhos [3]-[7] modelam o DFIG durante afundamentos de tensão equilibrados, elucidando o comportamento dos fluxos, das tensões e correntes no gerador. Esta análise é importante para compreender os fenômenos envolvidos no processo e desenvolver estratégias para melhorar o desempenho do sistema durante os afundamentos, assim como apresentado em [8]-[18]. O artigo [8] calcula novas referências para o controle de corrente do rotor usando o enlace de fluxo do estator de forma a reduzir as correntes fluindo pelo conversor. Em [9] a referências de correntes também são modificadas de acordo com o enlace de fluxo do estator e uma análise mais aprofundada das condições em que o sistema consegue "sobreviver" ao afundamento é apresentada. A redução nas correntes de rotor também é demonstrada em [10], porém utilizam-se compensadores "feedforward" ao invés da mudança nas referências de corrente. As estratégias propostas em [8]-[10] têm a desvantagem da necessidade de estimação do fluxo. A compensação "feedforward" é mais simples em [11] já que se utilizam apenas as correntes de estator como novas referências para o controle. Estas estratégias reduzem as 2 correntes de rotor, reduzindo a probabilidade de o sistema ser desconectado da rede ou mesmo de danificar-se o conversor. Os trabalhos discutidos anteriormente mostram apenas resultados para AMTs equilibrados, mas a maioria das faltas no sistema elétrico são desequilibradas [21]. A operação do DFIG durante desequilíbrios de tensão é abordada em [12][18]. Em [12] compensadores "feedforward" são empregados para diminuir as pulsações de torque causadas pelas correntes de sequência negativa. O uso de estruturas controlando independentemente as correntes de sequência positiva e negativa é apresentado em [13] e [14]. Em [15] e [16] ambas as componentes são controladas usando-se controladores proporcionais e integrais acrescidos de uma parcela ressonante (PIR). Esses trabalhos demonstram a redução nas oscilações do torque eletromagnético devido a sequência negativa, porém o transiente causado durante os AMTs não é analisado já que apenas desequilíbrios permanentes de tensão são abordados. Neste contexto, o presente trabalho analisa o comportamento do DFIG durante os afundamentos assimétricos utilizando-se de uma modelagem matemática e de resultados experimentais obtidos em uma bancada experimental de pequeno porte, focando principalmente no transiente durante o afundamento. A partir desses resultados propõe-se uma nova estratégia de controle para a melhoria da suportabilidade do sistema e esta é validada também através de resultados experimentais. A presente seção apresenta a motivação e objetivos desse trabalho, bem como o estado da arte. Na Seção II a tecnologia DFIG e a bancada de testes são brevemente descritas. Na seção Seção III a modelagem matemática é apresentada e na Seção IV os resultados experimentais para a estratégia de controle clássica durante os AMTs desequilibrados são apresentados e discutidos. A Seção V é dedicada à apresentação da estratégia proposta e a apresentação dos resultados obtidos. Finalmente as conclusões são expostas na Seção VI. II. A BANCADA EXPERIMENTAL Os SCEE que utilizam a tecnologia DFIG são caracterizados por operarem a velocidade variável, permitindo assim a extração da máxima potência do vento. O gerador utilizado é uma máquina de indução com rotor bobinado onde o estator está diretamente conectado a rede, enquanto o rotor é alimentado por um conversor na configuração "back-to-back", como mostrado na Fig.1. O controle do fluxo de potência no rotor da máquina possibilita o gerador operar tanto abaixo quanto acima da velocidade síncrona. A Fig.2 mostra o diagrama esquemático da bancada de testes utilizada nesse trabalho cuja potência é 4kW. A turbina eólica é representada por um simulador que usa um motor de indução controlado em velocidade de modo que este desenvolva as mesmas características de torque e velocidade de uma turbina real. As características da turbina simulada são calculadas em uma plataforma dSpace 1103 que gera a referência para um inversor comercial. O controle do gerador também é implementado na mesma plataforma dSpace o qual gera pulsos PWM com frequência igual a 5kHz para os "gate drivers" do conversor do lado do rotor (RSC - "rotor side converter") e do lado da rede (GSC "grid side converter"). As correntes e tensões necessárias ao controle são medidas utilizando-se transdutores e condicionadas para valores condizentes com a entrada do conversor analógico-digital do dSpace (±10V), o qual amostra os sinais também com 5kHz. Para testar os afundamentos de tensão na bancada o dispositivo ilustrado na Fig. 3 é usado. Este é composto de indutores trifásicos em série e paralelo, de modo que ao fechar o contator as correntes drenadas pelo indutor L1 causam uma queda de tensão no indutor L2, funcionando como um AMT nos terminais do SCEE. Para gerar um afundamento desequilibrado uma fase do indutor em paralelo é desconectada. A Fig. 4 mostra o diagrama de blocos representativo da estrutura de controle clássico dos dois conversores: • GSC: malhas internas controlando as correntes que fluem pelo filtro, usando o referencial síncrono orientado segundo o ângulo da tensão da rede. Malhas externas de controle da tensão no barramento CC e potência reativa; • RSC: malhas internas controlando as correntes no rotor orientadas segundo o ângulo da tensão na rede e malhas externas controlando a potência ativa e reativa que flui pelo estator do gerador. Mais detalhes sobre o controle implementado podem ser encontrados em [19]. Os parâmetros da bancada são apresentados no Anexo. Fig. 2. Diagrama da bancada de testes representando um sistema de conversão de energia eólica equipado com a tecnologia DFIG 3 → → → vs± = Rs is± + d ψ s± dt → ± jωs ψ s± , (3) → → → vr± = Rr ir± + → d ψ r± dt → ± ± ± → → ψ r = Lr ir + Lm is ± Fig. 3. Gerador de afundamentos de tensão (GAT) Sistemas trifásicos equilibrados possuem apenas componentes de sequência positiva, enquanto durante desequilíbrios de tensão surgem também componentes de sequência negativa [5]. Sendo assim, para a análise do comportamento do DFIG durante afundamentos de tensão desequilibrados é utilizada a teoria das componentes simétricas [20]. As variáveis de estator podem ser representadas por: → → → → Ar = A0 + A+ e onde ωr = ω s − ω + e jωr+ t → + A− e jωr− t , ± ± , (6) (1) (2) ωr = −ωs − ω . − Usando-se as equações clássicas das máquinas de indução no referencial síncrono e as dividindo em sequência positiva e negativa, já que não há sequência zero, tem-se: (7) Em (7) o sobrescrito indica o referencial utilizado para orientação e o subscrito representa a componente sequencial em questão. Usando essa equação em (3)-(6) e aplicando a Transformada de Laplace, as componentes do enlace de fluxo de estator podem ser expressas em função da tensão no estator e da corrente no rotor: → onde A0, A+, A- são, respectivamente, as componentes de sequência zero, positiva e negativa. ωs é a freqüência angular das tensões no estator. Similarmente as variáveis de rotor podem ser divididas em componentes seqüenciais: → (5) Adq+ = Adq+ + + Adq+ − = Adq+ + + Adq− −e− j 2ωst . ψ s± ( s ) = d± → , onde as variáveis e parâmetros utilizados tem seu significado usual. As variáveis podem ser decompostas em eixo direto (real) e quadratura (imaginário), de modo que [15]: III. MODELAGEM MATEMÁTICA As = A0 + A+ e jωs t + A− e − jωs t , (4) → ψ s = Ls is + Lm ir → → + jωr± ψ r± , ψ (s) = ± sq ± ( s + 1 τ s )Vs± ( s) + Lm τ s ( s + 1 τ s ) I r± d± d± 2 1 2 s + 2 s + ωs τs ∓ωsVs±d± (s) + Lm τ s ( s + 1 τ s ) I r±q± ( s ) 2 1 2 s + 2 s + ωs τs . (s) , (8) (9) Através de (8) e (9) observa-se que a dinâmica das sequências positiva e negativas do fluxo são similares, mas como mostra (7) a componente positiva no referencial positivo representa um valor constante, enquanto nesse mesmo Fig. 4. Diagrama de blocos representativo da estrutura de controle do DFIG 4 Observa-se na Fig. 5 que no inicio do afundamento (t=0s), altas correntes são induzidas no rotor da máquina atingindo mais que o dobro da corrente em regime permanente. Essas altas correntes se devem a componente natural da tensão induzida do rotor sobreposta a componente de sequência negativa. A componente natural decai em aproximadamente 0,2s e resta apenas a sequência negativa durante o AMT. As componentes da corrente de rotor e suas freqüências podem ser observadas na análise de Fourier mostrada na Fig. 6. Em reação ao aumento de corrente, a tensão sintetizada pelo RSC aumenta como pode ser visto na Fig. 7, porém a tensão 2 1 imposta pelo controle não é capaz de manter as correntes s + τ s ± ωr± ωs L controladas no valor de referência. É importante mencionar − j 2 ωs t − + + m s Vsd + + e Vrd ( s ) = Vsd − ( s) que para o teste em questão o conversor não saturou, isto é, ele 1 Ls s 2 + 2 s + ω 2 foi capaz de sintetizar a tensão demanda pelo controle. Caso o s τs conversor sature as correntes de rotor serão ainda maiores o (10) que pode ocasionar danos no RSC. As oscilações na corrente devido às componentes natural e ωr± de sequência negativa provocam oscilações no torque ω ∓ ωs s + τ Lm r± eletromagnético, como ilustra a Fig. 8. Tais oscilações causam + s Vs+d + + e− j 2ωs tVs−d − ( s) estresses mecânicos na caixa de transmissão e também Vrq ( s) = 1 Ls s 2 + 2 s + ω 2 refletem em pulsações na potência ativa e reativa gerada pelo s τs sistema. A Fig. 9 mostra o teste para a velocidade de 1200 RPM (11) quando se tem o AMT começando em θ0=900. A análise de As equações (10) e (11) mostram que a tensão induzida no rotor depende diretamente das tensões de sequência positiva e Fourier dessas correntes mostrada na Fig. 10 evidenciam a negativa no estator (rede). No referencial síncrono positivo a presença apenas das componentes de sequência positiva e componente positiva induz uma componente contínua na negativa, demonstrando assim a influência do instante do tensão de rotor, enquanto a componente negativa induz uma AMT no comportamento do enlace de fluxo de estator, componente oscilatória (2ωs). Essas componentes de tensão se consequentemente da tensão de rotor que por sua vez afeta a refletem nas correntes de rotor como mostra os resultados corrente de rotor. Para os resultados apresentados observou-se que mesmo experimentais exibidos na próxima seção. para um afundamento pequeno (15%) as correntes atingiram O instante de ocorrência do afundamento influencia o valores bem acima do valor de pico em regime permanente. comportamento do fluxo e consequentemente da tensão no Desse modo, faz-se necessário o uso de outras estratégias para rotor. Para um afundamento monofásico tem-se: controlar a componente natural e de sequência negativa da • Caso no instante do afundamento a tensão na rede corrente de rotor mantendo assim as correntes em valores 0 esteja passando por um máximo (θ0=90 ), as componentes aceitáveis. Na próxima seção uma estratégia é proposta para positiva e negativa estarão em oposição se anulando, realizar esse controle. assim o fluxo não possui uma componente transitória (natural) no inicio do afundamento; V. CONTROLE RESSONANTE MODIFICADO (CRM) • Caso a tensão na rede esteja passando por zero (θ0=00) Na literatura existem diversas estratégias para o controle da ocorre o contrário e assim tem-se a máxima componente natural. De acordo com (8) e (9) essa componente possui sequência negativa, assim como já apresentado na introdução. um amortecimento dependente da constante de tempo Uma estratégia de controle simples que utiliza controladores ressonantes é apresentada em [15] e [16]. A estrutura de estatórica (τs) Essas conclusões ficarão mais clara na próxima seção controle é similar ao controle clássico, porém adiciona-se uma parcela ressonante no controlador PI ajustada no dobro da quando os resultados experimentais são analisados. frequência da rede para controlar a componente de sequência negativa da corrente de rotor. O diagrama de blocos IV. CONTROLE CLÁSSICO representativo desse controle é apresentado na Fig.11. Nessa seção são apresentados e analisados os resultados No presente trabalho propõe-se a utilização do controle obtidos na bancada experimental para um afundamento ressonante, porém além da parcela ressonante que controla a monofásico com tensão remanescente igual a 85%, utilizando- sequência negativa, se acrescenta uma parcela que atua na se o controle clássico. componente natural induzida durante os transientes de tensão. As Figuras 5 a 8 mostram os resultados para a máquina A equação do controlador de corrente é dada por: operando na velocidade 1800 RPM e fornecendo 3kW para a K r1 s K r2 s rede, quando o AMT ocorre em θ0=00, isto é, quando tem-se a G ( s ) = K + K i + , (12) + p maior componente natural possível para aquela condição. s s 2 + ( 2ω ) 2 s 2 + (ω )2 referencial a componente negativa tem uma freqüência igual ao dobro da frequência da rede. Comparando-se a influência da tensão na rede e da corrente de rotor no enlace de fluxo de estator nota-se que a tensão tem um efeito preponderante. Sendo assim, uma aproximação bastante utilizada na literatura é desprezar a corrente de rotor, isto é, considerar o gerador com o rotor aberto [5]. Considerando a aproximação de rotor aberto e utilizando-se (4)-(9), a tensão induzida no rotor orientada no referencial síncrono positivo é dada por: ( ( ) ) ( ) s s 5 Fase A da Corrente de Rotor Análise de Fourier da Corrente de Rotor Fase A da Tensão de Rotor 0.5 0.45 6 300 0.4 2 0 -2 -4 Componente Positiva Limites de Tensão 200 0.35 Componente Negativa 0.3 100 Tensão (V) Amplitude (% da Fundamental) 4 Corrente (A) 400 0.25 0.2 Componente Natural 0.15 0 -100 -200 0.1 -300 0.05 -6 -0.1 0 0.1 0.2 0.3 Tempo (s) 0.4 0.5 0.6 Fig. 5. Fase A da corrente de rotor (1800 RPM, Θ0=00) 0 -20 0.7 0 20 40 60 80 100 Frequência (Hz) 120 140 160 Fig. 6. Análise de Fourier da corrente de rotor (1800 RPM, Θ0=00) Torque Eletromagnético Estimado -400 -0.1 180 0 Amplitude (% da Fundamental) 0 1 Corrente (A) -30 0 -1 -40 X = 10 Y = 0.544 0.6 2 -20 0.4 Análise de Fourier da Corrente de Rotor 20 -10 0.3 0.7 3 10 0.2 Tempo (s) Fig. 7. Fase A da tensão imposta pelo RSC (1800 RPM, Θ0=00) Fase A da Corrente de Rotor 30 Torque (N.m) 0.1 0.5 Componente Positiva 0.4 X = 90.1 Y = 0.309 0.3 Componente Negativa 0.2 -50 -2 0.1 -60 -70 -0.1 0 0.1 0.2 Tempo (s) 0.3 0.4 Fig. 8. Torque Eletromagnético Estimado (1800 RPM, Θ0=00) -0.1 -0.05 0 0.05 0.1 0.15 0.2 Tempo (s) 0.25 0.3 0.35 Fig. 9. Fase A da corrente de rotor (1200 RPM, Θ0=900) 0.4 0 -20 0 20 40 60 80 100 Frequência (Hz) 120 140 160 180 Fig. 10. Análise de Fourier da corrente de rotor (1200 RPM, Θ0=900) Fig. 11. Diagrama de blocos representativo do controle ressonante onde Kp e Ki são os ganhos do PI que são mantidos iguais ao do controle clássico e Kr1 e Kr2 são os ganhos da parcela ressonante que controla a componente de sequência negativa e natural, respectivamente. Esses ganhos devem ser escolhidos de modo a tornar a parcela ressonante tão seletiva quanto necessário. Os diagramas de Bode para o controlador clássico e com a modificação proposta nesse trabalho é apresentada na Fig. 12. Observa-se que com a correta escolha dos ganhos um pico de ressonância praticamente não afeta o outro. Deve ser avaliado o efeito da implementação digital de tal controlador, pois pode ocorrer uma atenuação do ganho de malha fechada das parcelas ressonantes. A fim de reduzir corrente de rotor e possibilitar o DFIG suportar ao afundamento sem desligar da rede ou ocorrer algum dano ao conversor a referência de sequência negativa é mantida em zero. A Fig. 13 mostra as correntes de rotor para as mesmas condições do teste mostrado na Fig. 5. Observa-se que o pico inicial de corrente foi reduzido substancialmente e as componentes natural e negativa foram praticamente fortemente atenuadas durante o AMT, comprovando a eficácia da estratégia proposta. A maior limitação para o funcionamento da estratégia CRM está no limite de tensão que pode ser sintetizada pelo conversor. A Fig. 14 mostra que as tensões sintetizadas no teste experimental foram menores que o limite do conversor. Quanto maior o afundamento maior é a tensão necessária para a correta operação do controle proposto. Sendo assim, uma análise mais aprofundada das condições em que a estratégia irá ser eficaz deve ser feita. Esse será o tema de trabalhos futuros. 6 Observa-se que a componente natural de fluxo que surge durante o transiente de tensão e a sequência negativa do fluxo devido ao desequilíbrio de tensão induzem altas tensões no rotor que por sua vez provocam altas correntes que podem danificar o conversor. Através dos resultados obtidos uma estratégia de controle foi proposta para reduzir as componentes natural e de sequência negativa das correntes de rotor através do uso de controladores ressonantes. Os resultados experimentais comprovam a eficácia dessa estratégia, porém a sua correta operação depende do limite de tensão do conversor. Bode Diagram 100 Magnitude (dB) 80 CR CRM 60 40 20 0 -20 180 Phase (deg) 0 -180 -360 -540 -1 0 10 1 10 VII. ANEXO 2 10 10 Frequency (Hz) TABLE I – PARÂMETROS DA BANCADA Fig. 12. Resposta em frequência do controlador ressonante clássico (CR) e o controle ressonante modificado (CRM) Parâmetro Potência Frequência (fs) Tensão Estator/Rotor (Ksr) Indutância de Magnetização (Lm) Indutância Própria de Rotor (Lr) Resistência de Rotor (Rr) Indutância Própria de Estator (Ls) Resistência de Estator (Rs) Correntes de Rotor 5 4 3 Corrente (A) 2 1 0 -1 -2 VIII. AGRADECIMENTOS -3 -4 -5 -0.1 0 0.1 0.2 Tempo (s) 0.3 0.4 Fig. 13. Correntes de rotor (1800 RPM, Θ0=00) Os autores agradecem à CAPES/DAAD que através do programa PROBRAL apoiou a cooperação entre a UFMG e TU Dresden (Alemanha) e ao CNPQ e à FAPEMIG pelo apoio financeiro no desenvolvimento desse trabalho. IX. REFERÊNCIAS Fase A da Tensão de Rotor 400 [1] 300 Limites de Tensão 200 [2] 100 Tensão (V) Bancada 4 kW 50 Hz 400/950 V 160.1 mH 169.7 mH 1.32 Ω 169.7 mH 1.07 Ω 0 -100 -200 [3] -300 -400 -0.1 0 0.1 0.2 Tempo (s) 0.3 0.4 Fig. 14. Fase A da tensão imposta pelo RSC (1800 RPM, Θ0=00) [4] VI. CONCLUSÕES Neste trabalho o comportamento de sistemas de conversão de energia eólica equipados com a tecnologia com gerador duplamente alimentado foi analisado durante afundamentos momentâneos de tensão desequilibrados. Primeiramente uma modelagem matemática no domínio da frequência foi desenvolvida para o entendimento dos fenômenos envolvidos no processo. Posteriormente resultados experimentais obtidos em uma bancada de 4kW foram apresentados e analisados. [5] [6] A. D. Hansen and L. H. Hansen, “Market Penetration of wind turbine concepts over the years”. Risø National Laboratory – Wind Energy Department, Denmark. I. Erlich and U. Bachmann. “Grid Code Requirements Concerning Connection and Operation of Wind Turbines in Germany”. IEEE PES General Meeting, v. 2, pp 1253-1257, 2005. V. F. Mendes, C. V. Sousa, S. R. Silva, B. Rabelo, S. Krauss and W. Hoffman. “Behavior of Doubly-Fed Induction Generator During Symmetrical Voltage Dips – Experimental Results”. 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