UDF – CENTRO UNIVERSITÁRIO GRAN CURSOS ESCOLA PARA CONCURSOS PÚBLICOS CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO E ESPECIALIZAÇÃO LATO SENSU EM GESTÃO ADMINISTRATIVA EM ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS ESPECIALIZAÇÃO CONTRIBUIÇÕES DO MODELO GERENCIAL PARA A MELHORIA DA ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Autora: Christianne Rios Martins Orientadora: Profª. Especialista Ana Carolina Boratto Co-Orientadora: Profª Especialista Luciana Lima de Oliveira BRASÍLIA 2011 1 CHRISTIANNE RIOS MARTINS CONTRIBUIÇÕES DO MODELO GERENCIAL PARA A MELHORIA DA ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Artigo apresentado ao curso de PósGraduação Lato Sensu em Gestão Administrativa e Organizações Públicas do GranCursos e UDF Centro Universitário, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Gestão Administrativa e Organizações Públicas. Orientadora: Profa. Especialista Ana Carolina Boratto Co-Orientadora: Profa. Especialista Luciana Lima de Oliveira BRASÍLIA 2011 2 AS CONTRIBUIÇÕES DO MODELO GERENCIAL PARA A MELHORIA DA ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Christianne Rios Martins RESUMO Este artigo tem como objetivo analisar e mostrar a importância de uma administração pública sólida e eficiente, frente à sociedade que está carente de responsabilidade e comprometimento com a função social a que veio o Estado. Assim busca-se desenvolver a percepção pela prestação de serviços com qualidade, com a mínima presença das disfunções burocráticas, utilizando de ética comum a todos os envolvidos na sociedade. É visto que atualmente se faz necessário uma renovação ampla no desenvolvimento de padrões e culturas existentes na mesma. Para alcançar tal objetivo utilizou-se uma metodologia qualitativa com pesquisa bibliográfica, que permitiu apresentar a teoria acerca do tema. Após levantamento teórico, concluiu-se que esta proposta pode cooperar nas atividades que favoreçam um ambiente de trabalho livre da desonestidade, corrupção, inviabilidade dos serviços administrativos bem como valorizar as condições de trabalho e as condições de socialização dos indivíduos envolvidos. Deve-se também adequar o comportamento de líderes deixando claro o novo padrão que busca obter excelência no atendimento e na prestação de serviços trazendo dignidade moral ao servir à profissão pública. Palavra-chave: Ética. Qualidade. Eficiência. Burocracia. Inovação. 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho fará um estudo sobre o posicionamento da ética dos agentes nas atividades administrativas do setor público com a intenção de mostrar e trazer as mudanças projetadas em um modelo gerencial para a melhoria da capacitação. Têm-se visto muito na mídia atual os constantes problemas que o Brasil vem passando em suas questões sociais, tais como: a corrupção nos diversos setores do desenvolvimento, descontinuidade no serviço administrativo, desvio de dinheiro público, falta de moralidade e eficiência, entre outros. Por causa disso seu crescimento fica prejudicado e mal orientado para uma responsabilização maior. Bacharel em administração de empresas com ênfase em tecnologia da informação, graduada em julho de 2010 na Anhanguera – Faculdade de Negócios e Tecnologias. Email: [email protected]. 3 Como prioridade deste tema, os problemas que a administração pública vem passando vem corrompendo a qualidade, a função real e positiva da burocracia e a ética do servidor público. Não se pode deixar que as pessoas ignorem a informação, a importância dos valores sociais e costumeiros do tempo, a relevância da estrutura do quadro administrativo e suas hierarquias e problemas sociais ou pessoais que afetam o interesse público. A administração tem que estar em harmonia com os requisitos principais como as pessoas, a gestão de processos e com a supremacia da administração pública. Isso leva ao questionamento de como pode ser encontrada a solução para essa questão, pois a mesma depende de um processo de melhorias, de mudanças positivas na administração pública onde se tenha como base os princípios éticos de um cidadão ou de um servidor a serviço da administração. Com tanta corrupção e desonestidade, somente as principais necessidades básicas da hierarquia de Maslow são complementadas dentro de uma sociedade carente e tão atingida deixando a população a deriva do Estado, de sua própria sorte ou então dos que arriscam das formas ilícitas para obter benefícios do Governo. O período será predominantemente atual, porém serão feitas referências ao passado, mostrando um histórico do processo da administração pública entre as vantagens, desvantagens e principais diferenças dos modelos patrimonialista, burocrático e gerencial. O estudo limitar-se-á a pesquisar como pode ser melhorada a organização, o sistema burocrático, os benefícios que a ética traz para a qualidade e a transparência da administração pública de forma a tornar o ambiente de trabalho saudável, moral e produtivo, a ponto de evitar desonestidades, corrupções, conivência com erros e perseguições entre os que fazem parte dela e os que estão fora dela. O objetivo geral do presente estudo será o de analisar e mostrar como podem ser melhoradas as disfunções burocráticas na administração pública por intermédio da ética e contribuição dos servidores públicos buscando melhorar a qualidade e a forma de aplicar às atividades rotineiras o papel moral do gerencialismo burocrático 4 de forma que agregue competência, responsabilidade, impessoalidade, moralidade e eficiência nas atividades desenvolvidas para o consumidor final. Serão abordados com atenção especial alguns objetivos específicos: Como trazer uma evolução no contexto da administração pública, qual sua origem e sua importância para os dias atuais elencando juntamente os modernos princípios norteadores da administração, com projeções futuras acerca do gerencialismo positivo que traz um novo perfil de servidão pública baseando-se nas diretrizes éticas. Podemos ainda verificar a possibilidade de um melhor desempenho na prestação de serviços com qualidade e eficiência ao atendimento público, mostrando que existe um senso comum, ético e moral vinculado aos atos praticados. O desenvolvimento da pesquisa com relação aos meios, a pesquisa foi bibliográfica, pois teve toda uma fundamentação teórica retirada de livros de autores renomados. Os dados foram coletados por meio de pesquisa bibliográfica em livros, artigos, internet, teses e dissertações com dados pertinentes ao assunto. A pesquisa adotou o método qualitativo, pois, estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever o teor de um problema, compreender e classificar processos vividos por grupos sociais, contribuir no processo de mudança de determinado conjunto e possibilitar o entendimento individual no comportamento. O artigo mostrará algumas considerações gerais sobre o universo do trabalho e em seguida, as contribuições de fato dos modelos para a ética e as vantagens das mudanças no padrão atual da administração pública. 5 2 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES SOBRE A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA O tema em estudo precisa buscar o histórico e a evolução da administração pública durante para o entendimento do atual período que se vive: o gerencialismo. Segundo Bresser Perreira (1998) o patrimonialismo é a característica de um Estado que não possui distinções entre os limites do público e os limites do privado. E de acordo com Weber (1999) Predominava nos períodos absolutistas e considera-se a mais tradicional forma de dominação das existentes como a gerontocracia – formada pelos anciãos; o patriarcalismo – poder familiar com sucessão; sultanismo – autoritarismo e forte presença do governante; feudalismo – fidelidade do vassalo ao soberano; patrimonialismo – direito tradicional e costumeiro, sem fim público e arbitrário. Weber (1999) nos afirma que o representante do poder confundia seu patrimônio pessoal com o patrimônio do governo de forma indistinta e o Estado acaba se tornando um patrimônio de seu governante. O patrimonialismo fora implantado pelo Estado colonial português, de acordo com Barile, quando o processo de concessão de títulos, de terras e poderes quase absolutos aos senhores de terra deixou à frente uma prática político-administrativa em que o público e o privado não se distinguem perante as autoridades. Neste sentido Silveira (2011) diz que a administração política é tratada pelo senhor como assunto puramente pessoal, bem como o patrimônio adquirido pelo tesouro do monarca em função de emolumentos e tributos não se diferencia dos bens privados do senhor. Por tal razão, Silveira (2011) em seu estudo nos diz que os interesses pessoais da autoridade não distinguiam a sua dimensão íntima da administrativa, não havendo separação entre a seara do indivíduo em relação ao mister público que ocupava. Sua forma de administração obedecia unicamente o livre-arbítrio, baseada em “considerações pessoais” como salienta Weber (1999). Reinhard Bendix (1986), em seu estudo afirma que: No patrimonialismo, o governante trata toda a administração política como seu assunto pessoal, ao mesmo modo como explora a posse do poder político como um predicado útil de sua propriedade privada. Ele confere poderes a seus funcionários, caso a caso, selecionando-os e atribuindo-lhes tarefas específicas com base na confiança pessoal que neles deposita e sem 6 estabelecer nenhuma divisão de trabalho entre eles. [...] Os funcionários, por sua vez tratam o trabalho administrativo, que executam para o governante como um serviço pessoal, baseado em seu dever de obediência e respeito [...] Em suas relações com a população, eles podem agir de maneira tão arbitrária quanto aquela adotada pelo governante em relação a eles, contanto que não violem a tradição e o interesse do mesmo na manutenção da obediência e da capacidade produtiva de seus súditos. Em outras palavras, a administração patrimonial consiste em administrar e proferir sentenças caso por caso, combinado o exercício discricionário da autoridade pessoal com a consideração devida pela tradição sagrada ou por certos direitos individuais estabelecidos” Mostra-se um período bastante dominador e conturbado pela mistura dos patrimônios reais e da sociedade. De acordo com Weber (1993) o Patrimonialismo é a substantivação de um termo de origem adjetiva que qualifica e define um tipo específico de dominação. Esta tem um poder específico, representando uma vontade do dominador que faz com que os dominados ajam em grau socialmente relevante, como se eles próprios fossem portadores de tal vontade. A tradição do patrimonialismo brasileiro, que, a partir do estudo da natureza de Weber (1991) implica em um modelo de governo híbrido ou uma prática políticorepresentativa conceituada na tradição, na doação de prebendas e sinecuras – cargos públicos políticos como bens pessoais transmissíveis e herdados. Em que os empregos públicos consideravam-se de altíssima renda e oficiosidade no trabalho executado. No Brasil o patrimonialismo perdurou até 1930, por volta da crise 1929, que segundo Anwar Shaikh (1985) trouxe a depressão econômica: O problema com toda essa situação é que, à medida que o Estado se expandia para desempenhar esses novos papéis, ele também passava a absorver uma parcela crescente do produto social excedente (em termos marxistas, uma maior parcela do valor excedente), deixando assim uma parcela proporcionalmente menor disponível para investimento e, portanto, para o crescimento. O estímulo ao sistema certamente contribuiu para que ele se sustentasse no presente, porém o fez à custa do crescimento e, portanto, do produto e emprego futuros. Assim, baseados em uma oligarquia forte de interesse geral e com as políticas de conflito mundiais, de interesses econômicos e sociais, o Governo de Vargas começou a tentar mudar o tipo de estrutura da máquina da administração 7 pública com intuito de melhorar o sistema gerencial da administração. Em que se abre espaço para a estrutura do modelo burocrática. No primeiro momento, conforme Weber (1993), a estrutura surgiu de forma autoritária e capitalista. Weber (1993) afirma que a burocracia é um sistema racional com divisão racionalizada do trabalho em busca do fim público, nesse momento surge os primeiros avanços em prol da sociedade como interesse público. A burocracia surgiu visando a eficiência, ao industrialismo e ao universalismo de procedimentos e tratamento igualitário, a fim de ser um sistema formal e impessoal dirigidos pelos administradores profissionais, conforme Weber (1993). Modelo idealizado por Weber (1993) que acreditando na burocracia, dado seu caráter rígido e hierarquizado, poderia ordenar a máquina administrativa do país. Segundo Chiavenato (2006), a ditadura de Vargas, estimulou o crescimento organizado dos serviços administrativos, neste momento criando grande parte dos órgãos administrativos, um deles foi o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), com a finalidade de criar mecanismo que viabilizassem a reforma administrativa e racionalizassem o serviço público, separando-o da influência política. Esse período foi promissor para o avanço e a formação da estrutura política e Vargas almejava a três coisas fundamentais para essa mudança: esperava criar uma estrutura administrativa organizada e eficiente; estabeleceria uma política social baseada na meritocracia; e acabaria com o nepotismo e a corrupção existente. O projeto nasceu com boas intenções, mas sofreu um retrocesso no serviço público como uma crise séria de consequências como a internalização de regras pelos indivíduos, assumir extrema responsabilidade sem foco no indivíduo, pouco desenvolvimento dos funcionários causa em que os transformava em mecanismos do próprio sistema, excesso de formalismos, forte resistência á mudanças, conflito com a sociedade, má atendimento e dificuldade no relacionamento com clientes, causando grande congelamento das ações e certa inflexibilidade e pouca agilidade no serviço. 8 Vargas em seu decreto 200 de 1967 mostra alguns traços do gerencialismo quando tenta uma superação da rigidez burocrática, tentando distinguir a administração direta da indireta, atribuindo maior autonomia a administração indireta e tinha como princípios norteadores o planejamento, descentralizador, delegação de autoridade, coordenação e controle. Chiavenato (2006) mostra que foi precursor da mudança de estrutura também a crise do petróleo, vivenciada em 1973, onde o estado assumia o papel de prover as necessidades sociais – estado do bem estar social e com isso acarretava um insulamento burocrático sem retorno aos clientes e uma forte obtenção de vantagem política dentro das entidades. Logo após a identificação desses problemas surgem tentativas com o objetivo de desburocratizar o serviço público como o Comitê de Simplificação da Burocracia (COSB), a Secretaria de Modernização da Reforma Administrativa e principalmente (SEMOR) e o Programa Nacional de Desburocratização (PND) e com esses projetos fez-se uma renovação de competências nas estruturas das entidades administrativas a fim de solucionar as desvantagens e as disfunções da Burocracia. Com os problemas da crise do petróleo, o governo sentiu a necessidade de ter uma intervenção mínima do Estado e isto abriu portas ao surgimento da estrutura gerencial no Governo de Fernando Henrique Cardoso, conforme explica Chiavenato (2006), em que estudava meios de projetar melhorias no sistema e reformas administrativas, nesse tempo, o governo teve obtenção e implementação dos estudos e análise do Ministro Bresset Pereira no desenvolvimento do Plano Diretor de Reforma Administrativa do Estado (PDRAE). Segundo Bresser Pereira (1998): A administração pública gerencial é voltada para o cidadão e para a obtenção de resultados; pressupõe que os políticos e os funcionários públicos são merecedores de um grau real ainda que limitado de confiança; como estratégia, serve-se da descentralização e do incentivo à criatividade e à inovação; o instrumento mediante o qual se faz o controle sobre os órgãos descentralizados é o contrato de gestão. Chiavenato (2006) defende que a fase inicial do projeto implica em administrar a coisa pública de forma semelhante ao setor privado, de forma 9 eficiente, com o auxilio de mecanismos que maximizem a riqueza dos acionistas ou a satisfação do usuário. Busca-se uma adoção de uma postura mais empresarial, empreendedora, aberta a novas idéias e voltada para a geração de receitas e maior controle do gasto público. Surge a idéia do estado mínimo, onde a devolução dos serviços e acordo de parcerias com empresas privadas facilitam o serviço publico e desafogam o governo, na divisão de serviços não exclusivos do estado e assim o estado tem maior autonomia e controle sobre os orçamentos, planejamento e investimentos. Serviços que o estado não tem condições de prestar com eficiência, as privatizações, segundo Chiavenato (2006). Nesse momento há uma quebra de paradigmas das funções essenciais ao Estado. O estado pode se preparar para ações planejadas em longo prazo e manutenção das atividades desenvolvidas pela parceria público-privada. Chiavenato (2006) nos afirma que o gerencialismo trouxe conceitos como modernização, orientação para os clientes, flexibilidades, foco na eficácia dos resultados, estrutura enxuta, qualidade total, reengenharia, terceirização. De fato que a nova administração seria voltada para o cidadão e para a sociedade. Suas características principais se refletem na divisão e discricionariedade do poder decisório e na transferência do poder decisório ao povo; sendo que as seguranças da garantia de ações do estado servem como base para as decisões. O reforma do aparato estabelece prioridades de investimentos de recursos escassos para utilizá-los de modo mais econômico. Define-se de uma vez contrato de gestão e ampliação da autonomia gerencial, orçamentária e financeira da administração indireta. De acordo com o Chiavenato (2006), o gerencialismo é estabelecido por três momentos, o gerencialismo puro ou managerialism – que vem a ser o foco na economia e eficiência, na produtividade dos contribuintes, ou seja, o valor social ainda estava iniciando do processo, em que o cliente ainda não era visto; o Consumerism – nasce o papel importante do cliente como consumidor, busca-se a qualidade nos processos e nas decisões para o benefício do estado e do cliente e o tratamento igualitário entre as entidades; e por fim o Public Service Orientation 10 (PSO), este vem de fato trazer mudança ao perfil do cliente, agora como cidadão, ao equilíbrio do papel governamental com controles internos e externos e ao conceito de excelência na esfera pública. Esses períodos de mudança no gerencialismo não se excluem, pois cada processo passa pelo outro concomitantemente até o último nível de acordo com as necessidades da organização. 2.1 Princípios Norteadores do Gerencialismo Conforme Machado (2001), a partir do contexto da evolução no momento atual vem-se verificando o crescimento econômico nacional que contribui para a aceleração da economia, o diferencial da qualidade e a capacidade de inovação das pessoas, principal força de atuação do ambiente. O gerencialismo traz uma nova era onde os cidadãos participam mantendo-se em constante contato com o processo de desenvolvimento cultural, social e econômico de outras localidades, socializando-se, agregando cultura, valores e informações globais, em busca do tão desejado equilíbrio pessoal em decorrência do profissional, simultaneamente, estes mesmos cidadãos, contrapõe-se avessos ao ambiente mecanicista que ainda resiste e reivindica um ambiente de proteção e tutela do estado, gerando conflitos significativos de modelos de administração pública, segundo Robbins (2009). O gerencialismo traz conceitos inovadores dos modelos anteriores, e Bresser Pereira, em 1997, inova estabelecendo critérios para as atividades que seriam estratégicas, exclusivas e não exclusivas de Estado e também indicando tipos de gestão e regime jurídico de contratação de servidores a serem adotados, sabendo assim que o governo deverá cuidar primordialmente de suas atividades diretas para o devido funcionamento da máquina pública limitando-se à execução de serviços primários e essenciais à população, fornecendo, assim, uma gestão eficaz. Outrossim, na medida em que se desenvolve em suas competências vem para estabelecer parcerias com a iniciativa privada, regulando, naquilo que possível 11 às situações adversas a um processo de equilíbrio, complementando a insuficiência da sociedade, de maneira precisa e com a intenção de resgatar a supremacia da sociedade. Chiavenato (2006) pressupõe-se que a adoção de uma política governamental incluída com as ferramentas da administração para o controle, planejamento juntamente com a divisão de responsabilidades e com o efetivo papel que exerce cada envolvido, é marca determinante para o alcance de resultados da administração pública. Machado, (2001), assume importante significado aos novos moldes do gerencialismo e se refere aos postulados de Osborne e aponta alguns objetivos básicos que precisam ser adotadas para se ter um governo empreendedor: Promotor e coordenador, em vez de provedor direto; competitivo, liberando as forças de mercado em detrimento dos monopólios; inspirado em missões para poder vislumbrar estratégias; orientado para resultados, direcionando-se para desempenho, qualidade de serviços e busca de soluções; empreendedor, ganhando dinheiro em vez de só gastá-lo; descentralizador, que delega autoridade para a tomada de decisões; de comunidade, viabilizando uma maior participação da sociedade nas decisões governamentais; pró-ativo, prevenindo-se quanto a possíveis problemas; e direcionado para o mercado, quando da oferta de serviços públicos. Machado (2001), ainda, afirma que as estratégias de identificação dos pontos fracos e fortes da administração pública e de seu gerenciamento poderão diagnosticar que, para o alcance deste alto nível de prestação de serviços à sociedade, é indispensável uma administração pública respaldada em conhecimentos específicos e sensíveis da sociedade, como prioridade os seus servidores, valorizando-os, a fim de eliminar ou reduzir os pontos de estrangulamento e superar os limites na prestação dos seus serviços. O gerencialismo tem os seus princípios reguladores baseados em aumentar a efetividade e a eficiência do setor público; aumentar a responsabilização das agências governamentais frente aos clientes e consumidores do serviço público; e ainda reduzir despesas públicas; aumentar a responsabilidade dos gestores públicos, procurar constantes práticas gerenciais que permitam a geração de resultados diferenciados e significativos, visando alargar os horizontes da sua coletividade, segundo nos afirma Sousa (2003). 12 Os princípios da Administração Pública vêm, desta forma, fornecer as bases e as direções para que as instituições públicas possam estruturar ações administrativas que venham atender às necessidades da sociedade e ao interesse coletivo. Considerando-se, pois, os princípios norteadores da administração pública e as demandas da coletividade estabelecem-se diferentes concepções de Estado. Tais concepções entrelaçam-se com a presença do Estado e sua intervenção no âmbito econômico, político e social, Paes de Paula (2005). A Constituição Federal de 1988 traz em seu conteúdo já o futuro para o gerencialismo quando adota e norteia a administração com seus cinco princípios explícitos para a organização e direção da administração pública, que deverão ser pautados na legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Ressalte-se, porém que o modelo do gerencialismo traz mais benefícios às situações que as imposta pela Carta Magna, Chiavenato (2006) alega a visão da efetividade das políticas públicas, da economia, da celeridade, da produtividade, predominando a impessoalidade nas relações políticas para se ter primordialmente a questão ética da res pública. 2.2 Ética A ética parte do fato da existência da moral, isto é, toma como ponto de partida à diversidade de morais no tempo, com seus respectivos valores, princípios e normas. Como teoria, não se identifica com os princípios e normas de nenhuma moral em particular e tampouco pode adotar uma atitude indiferente ou eclética diante delas. Como as demais ciências, a ética se defronta com fatos. Que estes sejam humanos implica, por sua vez, em que sejam fatos de valor. Segundo Chiavenato (2006), “a ética constitui o conjunto de valores ou princípios morais que definem o que é certo ou errado para uma pessoa, um grupo ou organização”. O comportamento ético acontece geralmente quando a organização incentiva seus membros a se comportarem da maneira que condiz com a transparência da organização em que os membros aceitem e sigam tais valores e princípios. Em termos amplos, a ética é uma preocupação com o bom 13 comportamento. É uma obrigação de considerar não apenas o bem estar pessoal, mas também o de todas as pessoas que agregam valor. Ainda de acordo com o que reza Chiavenato (2006) a ética é responsável por influenciar o processo corporativo na tomada de decisões para determinar quais são os valores que afetam seus parceiros e define como os administradores podem usar esses valores no cotidiano. Ainda afirma que os administradores éticos alcançam sucesso a partir de práticas administrativas caracterizada por equidade e justiça. As práticas éticas nos negócios beneficiam a organização em três aspectos, aumento da produtividade, quando a organização assegura a saúde e o bem estar deles; melhoria da saúde organizacional, imagem favorável e desejável; minimização regulamentação governamental, quando as empresas são confiáveis, a legislação reduz um pouco mais cobrança conforme Chiavenato (2006). De acordo Bacelar Filho a ética significa o estudo do agir humano, da conduta humana relacionada ao próprio fim do homem como indivíduo. O comportamento ético é um dever de toda pessoa, definindo a conduta e a dignidade do administrador e a dignidade do cidadão. Robbins (2009) define ética como um critério ambientado pela justiça, pois exige que os indivíduos estabeleçam regras justas e imparciais de forma que contribua com uma distribuição equitativa de custos e benefícios, assim protege os interesses dos mais fracos sobre os mais ricos. As pessoas com alto princípio ético serão fiéis a eles, apesar da orientação em sentido contrário que possa ser dada pelas atitudes dos outros ou pelas normas da organização. 2.2.1 Moral O princípio da moralidade é aplicado no campo da Administração Pública baseado no artigo 37 da Constituição Federal quando menciona que a Administração Pública deve obedecer aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade (em que o servidor público deve zelar pela moralidade administrativa, ser honesto, ser probo, ser justo), e o conteúdo ético não se mistura com o significado de moral, esse incide justamente na esfera do anseio de certeza e segurança jurídica, mediante a garantia da lealdade e boa-fé tanto da Administração Pública que recepciona os pleitos, instrui e decide, quanto do destinatário de seus atos. 14 Para Barton e Barton (1984) apud Cohen e Serge (1994, p.19-24), o estudo da moral, consiste em questionar-se o que é correto ou incorreto, o que é uma virtude ou uma maldade nas condutas humanas. A moralidade é um conjunto de valores, de cultura, que a sociedade preconiza e acostumam-se. Para Bacelar Filho (2004) a boa-fé e a lealdade, são instrumentos da moralidade administrativa no exercício do poder disciplinar e tem elementos objetivos capazes de definir métodos e formas práticas de comportamento administrativo. A moralidade como boa-fé se contrapõe a má-fé e revela o comportamento do agente que tem crença de que se está agindo conforme a lei ou com a confiança de que a atitude seja a justa e proba. Segundo Figueiredo (2008), a moral em ação é moral prática e esta é praticada conforme a moralidade; a moral tende a transformar-se em moralidade devido à exigência de realização que está na essência do próprio normativo. A palavra moral é utilizada para fazer referência a alguém, guia os atos de uma pessoa ao longo de sua vida, baseia-se em um conjunto de convicções e pauta a sua conduta de forma que constitua base para admissibilidade de juízo moral que cada um faz. Então, Figueiredo (2008) enuncia que os termos: ética e moral são utilizados ao longo da história com diversos significados e com relações distintas entre si carregando significados divergentes. 2.2 Gerencialismo com enfoque Ético A ética traz em seu teor a competição e o melhoramento contínuo, Chiavenato afirma que é inseparável em uma organização, quando nenhuma pode competir com sucesso quando as pessoas procuram enganar às outras ou tentam tirar proveito e vantagem sobre elas, onde todo sistema de competição presume-se valores de confiança e justiça. Assim o gerencialismo, tem a competitividade como pilar para o seu progressivo funcionamento, para Araújo, (2009) a competitividade do setor público gerou uma novidade na administração pública, com inovação da entrada do modelo 15 gerencial, e principalmente com dois princípios fundamentais que há muito faltava, a ética e a eficiência. Com as melhorias no serviço público trazido pelos conceitos da eficiência e da ética, o fim da administração deve ser o interesse público e este deve ser imposto mediante a impessoalidade dos agentes e assim é um ciclo, pois a impessoalidade puxa a ética, conforme Paes de Paula, (2005), onde a representabilidade dos políticos e dos cidadãos é sabotada na linha de autoridade e em oposição á resistência da sociedade, que enfraquece seu envolvimento no projeto de reestruturação, o qual fica comprometido. Para melhorar a participação e a transparência da gestão pública, a reforma administrativa “tem de ser descentralizada com foco nos processos decisórios, com melhoras para as instituições políticas e a construção de canais de participação popular” (PAES DE PAULA, 2005). Paes de Paula, (2005) afirma que a administração pública tem mudado com ajuda da gestão de pessoas, a qual tem se preocupado em mudar as pertinências temáticas dos custos, da extinção de órgãos e cargos, do corte de pessoal, da mudança no regime de contratação e da melhoria da imagem negativa do funcionalismo público para que a sociedade se apresente a favor do modelo, com as contribuições da ética. “O funcionário tende a assumir comportamentos impessoais, e passa a ser guiado apenas pela ética do profissionalismo, desaparecendo a imparcialidade, o tratamento igualitário e o interesse geral” (CHANLAT, 2002, p.6). Essas mudanças mostram o quanto o servidor público foi atingido pelas mudanças propostas pelo gerencialismo que trouxe o progresso no desgaste diário e no sofrimento ao trabalho no que diz respeito à falta de reconhecimento e pela desqualificação pública que antes detinha. 16 2.4 A importância do Código de Ética Em seu estudo, Robbins (2009), afirma que não existem padrões éticos globais, por que a cada região, ou país, a ética necessária é de acordo com sua cultura, com sua nação, a ética é uma espécie de cultura nacional. A ética influencia todas as decisões dentro da organização e na relação intrapessoal, muitas organizações têm o seu código de ética como uma declaração formal para orientar e guiar o comportamento de seus parceiros. O código de ética estimula decisões e comportamento éticos das pessoas a partir de duas variáveis, segundo Chiavenato, (2006), as organizações devem comunicar seu código de ética aos colaboradores e estas devem cobrar comportamentos éticos continuamente, com respeito aos valores e a práticas transparentes. O código de ética é um documento escrito que tenciona impactar o comportamento do empregado, as empresas tentam gerenciar a ética por meio de mensagens escritas que visam aplicar as mudanças e projetar os comportamentos desejáveis, para Robbins (1994), representa os valores básicos da organização, tais como compromissos com a honestidade, qualidade do produto e serviço ao cliente, os quais devem ser constantemente enfatizados. Ao analisar os códigos de ética brasileiros, notou que predomina a preocupação no comportamento ético das pessoas, da forma correta de agir e na manutenção dos valores fundamentais e principais. Ao contrário do que muitos pensam sobre a ética, afirma Arruda (2002), que apesar de ser uma disciplina filosófica, é uma disciplina prática e não teórica como é a lógica. "Não basta a empresa fazer bem, ela precisa fazer o bem." Fica clara a realidade objetiva da ética. Na maioria das empresas quando as grandes decisões são tomadas a perspectiva ética nunca é utilizada. Os tomadores de decisões, tanto quanto aqueles que as executam, estão sempre preocupados em fazer bem feito. Isso envolve, necessariamente, os aspectos econômicos, financeiros, operacionais e legais, mas nada se questiona quanto à ética. Hoje no serviço público tem se o código de ética dos servidores públicos federais, é a Lei 1.171 de 1994, trazida pelo próprio modelo de gestão do gerencialismo. 17 Pontes (2011), discorre sobre o Decreto 1.171, de 1994, que impõe o comportamento ético e moral de todo e qualquer servidor, na sua vida particular, independentemente da natureza do seu cargo e estabelece algumas regras, onde que dizer que o servidor público está envolto em um sistema onde a moral tem forte influência no desenvolvimento da sua carreira pública. Assim, quem passa pelo serviço público deve saber que a promoção profissional e o adequado cumprimento das atribuições do cargo estão condicionados também pela ética e, assim, pelo comportamento particular do servidor. O referido Decreto 1.171 de 1994 cria normas de conduta, conhecidas no Direito como normas materiais, porque impõem comportamentos aos servidores. (BRASIL, 1994) 2.5 Considerações acerca da contribuição do modelo gerencial para a ética no serviço público. Busca se uma capacitação do serviço público combinada com as ferramentas éticas e com a personalização da moral e do caráter, assim como funciona dentro do setor privado, o qual vem a cada dia melhorando sua certificação e liderança nos negócios. É necessário investir e acreditar que a estrutura da administração pública se tornará cada vez mais confiável, alvo e ponto de controle e repressão da improbidade administrativa por parte dos clientes internos, externos, fornecedores, colaboradores. A coisa pública, a função pública e o dinheiro público, são três conceitos que se relacionam com as funções do estado e se preocupa em oferecer e garantir a execução de sua função social na administração pública, ampliando seu poder de alcance à sociedade, atingindo populações não alcançadas pelos benefícios de desenvolvimentos na atividade pública. 18 A administração pública enfrenta problemas sociais cada vez mais sérios tais como: demora no atendimento do serviço público, excesso de burocracia nas atividades administrativas, falta de efetividade no serviço e ausência de responsabilização pelos danos dos agentes públicos ou políticos e assim se busca uma consciência e uma cultura diferente, pois com o conhecimento das pessoas, nada impede que se melhore a prática administrativa e faça com que as pessoas busquem constantemente seus direitos. Com o aumento notável da população, os problemas crescem proporcionalmente e com isso têm-se aumento de receitas, despesas, prestação de serviços, oferta de trabalhos, moradia, educação, saúde. Dessa forma é imprescindível uma reforma administrativa enfatizando principalmente a questão ética na administração pública com o modelo gerencial de administração a fim de preparar a sociedade para atender a toda essa demanda que cresce desproporcionalmente. A sociedade sabe exatamente o que quer e o que precisa. A globalização capitalista é responsável por esse perfil humano, pois criou um universo onde o tempo é caro e onde as coisas precisam ser resolvidas de maneira eficiente e ética. As pessoas estão mais exigentes com o atendimento e com o tratamento que têm recebido, desejando assim uma atenção especial e diferencial do colaborador que presta o serviço público. O mais interessante é que a conduta ética está crescendo pouco a pouco e tem progredido muito desde tempos remotos em que imperava a pessoalidade, o nepotismo e a corrupção nas relações humanas. Não que hoje não existam esses problemas, porém há um maior controle e fiscalização da conduta pela sociedade com discernimento da moral, do justo, do probo ligados à ética, a qual vem sobressaindo nos diversos ambientes como: na escola, nas residências e no trabalho. A cultura tem sido melhorada ao ponto de transformar as ações humanas em um tratamento mais igualitário e até mesmo por que não dizer mais humano, mais próximo do usuário, atendendo diretamente á suas necessidades e ás suas carências. 19 O período da era Vargas trouxe o incremento da melhoria da burocracia. Advinda da década de 30, que de acordo com Max Weber foi um sistema racional com forte posição no estado e com divisão racionalizada. Surgiu como meio de dar o fim ao sistema patrimonialista que tendia ao tradicionalismo da monarquia e à dominação da sociedade. A burocracia veio como forma de facilitar o sistema público a atender as expectativas da sociedade e diminuir o poder do governante a fim do bem estar social. Em sua essência, visava à eficiência, o tratamento igualitário e à impessoalidade nas relações. Pode-se dizer que surgiu como protesto de ética pela sociedade que ansiava por uma mudança ao tratamento humano e justo frente ao passado do patrimonialismo. A burocracia trouxe a democracia, a meritocracia – se tratava da entrada no serviço público por meio de concurso baseado no mérito - a segurança jurídica dos processos e das ações sociais que geravam conforto e solidez ao bem comum e ao interesse geral. Porém, é um modelo baseado em padronização, técnicas mecanicistas de execução e agia centralizadoramente. Com isso surgiram as disfunções da burocracia em que foi um sistema modelo de organização consideravelmente superior para a época. Os problemas que surgiram foram as dificuldades com as inovações técnicas e teóricas e a sociedade que não se adaptou com a lentidão nos processos, o excesso de formalismo das atividades, a internalização de regras, os apegos exagerados com a função, a mudança na personalidade das pessoas e a ausência ainda de ética no serviço público, entre outros. Com todos esses contratempos, a burocracia entrou em crise por volta da década de 70, em que se desejava um aumento de eficiência, agilidade e éticas nas relações humanas e principalmente nas relações políticas, pois com o formalismo, a tendência era não ser ético para burlar etapas e processos e ter um retorno menos demorado, obtendo assim, vantagem pública em cima da sociedade nas situações cotidianas. A burocracia trouxe melhoria em todos os setores da administração pública, na administração financeira e orçamentária o processo também ficou mais ético 20 quando no decreto lei 4.320 de 1964 de Getúlio Vargas justificou que a lei de orçamento conteria a discriminação da receita e da despesa de forma a evidenciar a política econômico-financeira e o programa ético de trabalho do governo, assegurando a sociedade, transparência e ética do gasto público voltado para o bem social. Com a crise da burocracia, o sistema de governo optou e vem optando pela administração pública gerencial, escalonada por Bresser Pereira que afirma que ela é orientada para o cidadão e para a obtenção de resultados; pressupõe também que os políticos e os funcionários públicos são merecedores de um grau real ainda que limitado de confiança; como estratégia, serve-se da descentralização e do incentivo à criatividade e à inovação; e adota um instrumento, o qual se faz o controle sobre órgãos descentralizados com maior grau de autonomia e eficiência que é o contrato de gestão. Com o período pós-burocrático o sentimento de crença de que o Brasil possuía a melhor gestão se esvaiu e deu lugar para uma nova administração, mais consolidada e mais eficaz e mais real, voltada para a sociedade. Em outras palavras, surgem os resquícios do gerencialismo oriundos da Europa e vem representar a inserção, no setor público, de uma nova forma de poder, na forma de instrumento útil para criar uma cultura empresarial competitiva e uma força de transformação. O gerencialismo tem sido o mecanismo central da reforma política e da reengenharia cultural do setor público no Brasil nos últimos vinte anos. O gerencialismo tem sido o principal meio pelo qual a estrutura e a cultura dos serviços públicos são reformadas e ao fazer isso, busca introduzir novas orientações, remodelando as relações de poder e afetando as escolhas políticas democráticassociais. O Brasil tem passado por reformas administrativas desde tempos muito remotos. A partir de então são necessários ajustes na estrutura da administração, pois apesar de conter traços marcantes do período burocrático, hoje se remodela como gerencial tendo como um dos principais objetivos, a melhoria da gestão e das ferramentas no sistema. 21 O modelo gerencial tem propostas interessantes para aplicação na administração pública, com foco na eficiência e nos paradigmas éticos, os projetos e programas são hoje voltados á população, tem incentivos por parte dos servidores que não se escondem mais por trás de atos ilícitos praticados na gestão pública, por mais que ainda exista a corrupção e o desvio do gasto público, hoje a fiscalização está mais presente, vem constantemente desenfreando os atos errôneos em cima de uma política mais justa e mais clara. O tempo vem transformando o comportamento ético em uma virtude, e uma conduta e em uma qualidade e assim as atitudes éticas se tornam mais presentes a cada dia, devido ao alto poder de disseminação social e de transparência, com publicidade do governo, chegar-se-á em um tempo em que as atitudes ilícitas serão amplamente imorais e não terão valores para a sociedade. Aristóteles dizia que a distinção entre o homem e o animal reside na racionalidade, na vida racional. Contudo, a razão não basta. É necessário o desejo, a educação, o hábito, a memória de exercitar uma virtude. A vontade de fazer o bem, de gerenciar os recursos da melhor forma, de reduzir os custos, de dar publicidade e realizar cobranças a um governo que tem essa função: a de atender a uma população carente, necessitada de uma melhoria nos serviços sociais básicos, de deixar de lado a reserva do possível e realmente fazer o impossível para suprir as necessidades e anseios da sociedade. É necessário olhar através da perspectiva do modelo gerencialismo, o direito social, eliminar o desrespeito que vem acontecendo nas regras diárias de conduta, nos atendimentos á idosos, na ausência da prestação do serviço, o péssimo atendimento nos hospitais, que muitas das vezes é prejudicado pela ausência da ética – compromisso e responsabilização dos agentes e autoridades responsáveis pela execução dos processos – pois, que nada mais é do que a falta de qualidade na prestação do atendimento. A omissão dos governantes gera a incredibilidade por parte dos cidadãos, que em vez de procurar por seus direitos, deixam perder a validade pela dificuldade ainda gerada em torno das disfunções da burocracia, e abrem mão de opções de resolução, e nesse ponto, a mudança na esfera governamental é muito mais lenta 22 do que na iniciativa privada, as pessoas no serviço público estão disposta a mudar para as novas ações gerenciais, mas nem sempre o sistema permite de maneira que acaba atrasando a resolução de problemas. A ética na organização pode ser avaliada por critérios ruins ou bons e pode ser melhorada a medida que é implantada na concepção da imagem e na construção organizacional, geralmente é uma forma de conduta moderada, que traz ao servidor ás suas práticas lícitas dentro do que é permitido ao servido público, agir dentro do que a lei o permite. A ética está diretamente ligada ao comportamento do individuo, ás suas convicções, á sua criação, principalmente aos seus valores e a sua cultura, a sua política, á sua profissão, pois ao assumir um juramento as pessoas fazem um compromisso ético com a carreira com as pessoas ao redor dela. A ética está ligada com a corrupção, extorsão a ineficiência, mas seu principal significado e a sua referencias nas ações dos servidores públicos, fixando um padrão, uma norma “ISO” de qualidade, onde se pode avaliar a atuação dos servidores públicos ou daqueles envolvidos na atividade pública, o seu caráter público, que devem estar acima de seus interesses pessoais, visando o fim público. A moralidade conduz a ética em qualquer situação, observando que a falta de respeito ao principio da moralidade na Constituição Federal, viola os direitos do cidadão e compromete a existência de valores dos costumes da sociedade. O legislador ao prever a falta da norma ética dentro da administração pública, pois os comportamentos das autoridades deixam por muitas vezes de ser basearem em premissas éticas, onde é devido à falta de preparo de conhecimentos e habilidades dos funcionários, cultura equivocada e por falta de mecanismos de controle adequada, assim aquele previu uma lei de número 8.429 de 1992, chamada de improbidade administrativa, que visa punir e sancionar os praticantes de conduta ilícita frente á marca da ética governamental e nossos agentes políticos acabam sendo julgados pelo Senado Federal pela responsabilização da falta ética e da prática de ações ilícitas. 23 A educação mais uma vez seria o melhor caminho como instrumento aliciador do conhecimento, da cultura e da conduta ética, a fim de impedir comportamentos absurdos e vergonhosos e até mesmo abuso de um poder utilizado de forma errônea, com o objetivo de construção de uma cidadania justa e igualitária a todos. A consciência ética, como a educação e a cultura são aprendidas pelo ser humano, assim, a ética na administração publica, pode e deve ser desenvolvida junto aos agentes públicos ocasionando assim, uma mudança na administração publica que deve ser sentida pelo contribuinte que dela se utiliza diariamente, seja por meio da simplificação de procedimentos, isto é, a rapidez de respostas e qualidade dos serviços prestados, seja pela forma de agir e de contato entre o cidadão e os funcionários públicos. A mudança que se deseja na administração pública através do gerencialismo implica em um mecanismo gradativo de transformações culturais, dentro da estrutura da organização da administração, que deve ser reavaliado, e valorizado com valores, hábitos, normas que surgem ao longo do tempo e inova ações, programas e direcionamento nas organizações. A administração tem contribuído com seus colaboradores com a atribuição do Código de Ética do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, em que este enseja grande melhoria na conduta do agente público e orienta para as ações diárias em sua vida pessoa e profissional, sendo pautados pelo decoro e pela eficiência, mantendo a moral e a ética, ligados entre si, na medida em que o servidor pode usá-la em prol da função social e do bem estar social. 24 ABSTRACT This article has the objective to analyze and show the importance of public administration efficient and stable, in front of the society that is lacking of responsibility and commitment that the social function came to the State. So, it seeks to developing awareness for the provision of quality services, with the minimal presence of bureaucratic dysfunction, serving up of the ethics common to all involved in society. Is seen that now it is necessary to develop an extensive renovation of existing standards and of the cultures presents in it. To accomplish this we used a qualitative methodology with study bibliographic, that has allowed the search of the theory about theme. After theoretical survey, it was concluded that this proposal may cooperate in activities that promote a work environment free of dishonesty, corruption, impracticability of services administrative and appreciate the working conditions and the of socialization of the individuals involved. It should be also tailor the behavior of leaders making it clear the new standard that seeks to obtain excellence in treatment and in service delivery bringing honoring and moral dignity to the public profession. Keywords: Ethics. Quality. Efficiency. Bureaucracy. Innovation. REFERÊNCIA ARAÚJO, Fernando Eugênio. Limites do poder discricionário da Administração Pública na aplicação das sanções disciplinares aos servidores públicos. 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Aos meus pais, que mesmo distantes nessa caminhada, sempre estavam por próximos mentalmente com uma palavra de apoio e de carinho através de uma ligação, ou um pensamento ou uma oração e que quando eu sentia que não conseguiria me falavam que sim, que eu chegaria até o fim. Ao meu marido que com muita paciência e tolerância, que agüentou todas as minhas ausências e meus compromissos desmarcados sempre, e me amou acima de tudo, me apoiou e me ajudou conforme ia surgindo às dificuldades desta etapa que queria avançar. Ás minha orientadoras Ana Carolina e Luciana que são uma gracinha e me ajudaram em tudo desde o início, obrigada pelo incentivo, simpatia e presteza no auxílio às atividades e discussões sobre o andamento e normatização deste Artigo. A todos os meus amigos queridos e presentes que direta ou indiretamente contribuíram para o meu sucesso e que sempre insistiram para que eu fosse com amor e dedicação atrás de um desenvolvimento e que acreditava no que eu estava fazendo, por perceber em mim um talento que minha autocrítica jamais permitiria que se desenvolvesse. Em especial aos amigos Kátia e Andinho, pela atenção, pela paciência e pelas palavras de ajuda e amor durante nossa amizade. Obrigada a todos, pois hoje ao olhar para trás, tenho a sensação de dever cumprido, posso constatar que as noites de sono perdidas, o cansaço dos encontros, os longos tempos de leitura, digitação, discussão, a ansiedade em querer fazer e a angústia de muitas vezes não o conseguir por problemas estruturais; não foram em vão. Aqui estou, como sobrevivente de uma longa batalha, porém, muito mais fortes e habilidosas, com coragem suficiente para mudar a minha postura, apesar de todos os percalços...