Página 1 de 1 ARTIGOS ESPECIAIS | 24/11 - 21:30 Alongar prazos é suficiente para dar novo fôlego aos empresários? São Paulo, 24 de novembro de 2008 - O governo federal prepara mais uma medida para estimular o crescimento da economia brasileira neste momento de crise mundial. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, negocia com Estados e municípios a prorrogação, por 60 dias, para o pagamento do Simples Nacional. Recentemente, o governo estendeu por dez dias o prazo para que as empresas recolham o Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) e as contribuições previdenciárias e por cinco dias o pagamento do PIS/Cofins. Os benefícios fiscais vão garantir que os empresários tenham mais dinheiro em caixa e, com isso, melhores condições para lidar com os efeitos da crise financeira internacional. Mas, não podemos deixar de lembrar antigas reivindicações, boa parte delas através da reforma tributária que tramita na Câmara Federal, e que trariam maiores benefícios para as empresas brasileiras. Vale lembrar que os juros altos e a grande quantidade de impostos e contribuições ainda são as principais barreiras para o desenvolvimento dos setores produtivos e econômicos do País. Apesar de não garantir a redução da carga tributária, a reforma promove a unificação dos impostos e, consequentemente, deverá resultar na diminuição dos custos de produção, dos valores finais dos produtos e da burocracia. Muitos pontos poderiam ser debatidos na reforma tributária como, por exemplo, o elevado número de contribuições sociais que as empresas são obrigadas a recolher sem obter contraprestação alguma. Exemplo disso são as contribuições do chamado sistema S, repassadas a entidades como o Sesi, Senai, Sesc e Sebrae, entre outras, na maior parte de direito privado. Basta fazer um estudo de custo x benefícios para concluir que beira o ridículo a obrigatoriedade do recolhimento destes tributos, que aliás são para a manutenção de entidades que fornecem cursos ao público que muitas vezes são cobrados à parte. Nesta esteira também se encontra a obrigatoriedade de recolhimento das contribuições sindicais, que deveriam ser cobradas apenas de quem quer que o sindicato os represente, enquanto que quem não quer essa representatividade deveria ter a liberdade de escolhas e da livre associação. Outra reivindicação dos empresários é a redução dos gastos públicos, considerada fundamental para que o governo consiga diminuir a excessiva carga de impostos. Também fica difícil entender por que, enquanto no mundo inteiro os governos adotam medidas de redução dos juros para combater a crise financeira, aqui o Banco Central faz exatamente o contrário e eleva a taxa básica ou, a mantém no mesmo nível. Importante ressaltar que o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking mundial de reais, divulgado em setembro de 2008 pela consultoria econômica Uptrend. Resta aguardar se na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nos dias 09 e 10 de dezembro, será iniciado o processo de redução da taxa básica. Por outro lado, enquanto a reforma tributária é debatida no Congresso Nacional, os empresários ficam à mercê de incentivos que garantam a sobrevivência das empresas. Medidas como a de conceder benefícios fiscais são sempre bem-vindas e mostram que é possível ajudar as empresas nos momentos de crise e premiar quem produz porém, não resolvem, são apenas paliativos. Para fazer a economia crescer, todos nós sabemos onde deve ser mexido, basta ter boa vontade. (André Félix Ricotta de Oliveira é advogado, sócio-fundador do Escritório de Advocacia Empresarial Félix Ricotta e juiz contribuinte titular da 5ª Câmara Efetiva do Tribunal de Impostos e Taxas da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo.) © Copyright e Distribuição InvestNews. - Todos os Diretios Reservados - Melhor Visualizado em 1024x768 http://www.gazeta.com.br/GZM_Print.aspx?Parms=2201355,408,100,1,1 4/12/2008