DISCURSO O Sr. Luiz Nishimori Deputado Federal - PSDB Paraná Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados , o som das ruas ecoa nos ouvidos do Governo Federal de forma a atordoá-lo. Pedem-se reformas, mudanças, mas essas não podem ser feitas por remendos, gambiarras. É necessário um planejamento estratégico bem feito, pensando nos possíveis gargalos que porventura apareçam. Quando reivindicadas tarifas mais baixas ou zero nos transportes públicos, melhoria da saúde pública e educação, esses pedidos vão muito além de uma reforma política, o povo quer uma verdadeira reforma, onde possa dispor de serviços públicos de qualidade, e que essa reforma desonere diretamente no bolso da população. Estudos apontam que o trabalhador brasileiro trabalha aproximadamente cinco meses apenas para pagar impostos. Tomemos como exemplo o caso de um trabalhador assalariado, que ganha R$ 4.000,00 por mês, trabalhando 8 horas por dia, possua um carro de R$ 30.000,00 e viva sozinho em um imóvel próprio no valor de R$ 300.000,00. Esse cidadão desembolsaria aproximadamente R$18.500,00 com pagamento de impostos dos três itens acima citados. Esse valor representa 803 horas (considerando R$22,73 o valor de cada hora), ou cerca de quatro meses e meio de seu trabalho, só para pagar o IPTU, o IPVA e o IRPF. Isso sem levar em conta nenhum outro imposto sobre bens ou serviços – um cenário bastante distante da realidade no Brasil. A carga tributária excessiva aparece como obstáculo ao crescimento da economia e melhoria do padrão de vida das famílias brasileiras. Uma vez que, com produtos e serviços mais caros, atinge diretamente no poder de compra da população. Podemos citar o combustível para automóveis, que embute cerca de 84,05% destinado a tributação. Com o crescimento tímido da economia, quando comparados com outros países emergentes, surgem problemas como a inflação persistentemente alta, um processo de desindustrialização precoce e redução das taxas de investimento. Outro fator que chama atenção é a complexidade do sistema tributário brasileiro. Vimos que existem várias tabelas, várias regras, diversas exceções, contribuindo dessa forma ao aumento de sonegação. Dessa forma, sugerimos à Presidência da República que envie ao Congresso Nacional uma proposta articulada que vislumbre uma reforma tributária com uma reforma administrativa. O que é inconcebível é a tratativa dessas questões de forma desordenada, sem um planejamento estratégico. Quando se cria uma isenção de um imposto, lá na frente outro problema aparecerá. Exemplo: a redução do IPI dos automóveis impacta diretamente no repasse aos municípios, que contam com os recursos para execução de suas atividades. O que se espera é que ações sejam pensadas conscientemente satisfazendo os anseios sociais. A reforma administrativa nesse foco fará com que se prepare toda a máquina estatal às novas mudanças, como a redução substantiva da quantidade de Ministérios e órgãos públicos, inclusive como forma de tornar o Poder Executivo mais ágil e eficiente na adoção das políticas públicas; a implementação de métodos modernos de gestão, aproveitando experiências exitosas do setor privado; uma revisão profunda de todos os programas e projetos em implantação, com o objetivo de paralisar definitivamente os menos prioritários e agilizar a implantação daqueles efetivamente fundamentais para o desenvolvimento do País, priorizando os investimentos e colocando em primeiro lugar as grandes prioridades nacionais. Era o que tinha a dizer, Senhor Presidente.