A NECESSIDADE DE UMA REFORMA TRIBUTÁRIA Num um país em que 36% de seu produto interno bruto (PIB) são expendidos em tributos, uma reforma tributária mostra-se absolutamente necessária, mas o que se vê é que a mesma termina por não acontecer, havendo apenas mudanças pontuais dirigidas a setores escolhidos da economia e, como no momento atual, visando ao aumento de arrecadação para sustentar a custosa máquina pública. Por que isso acontece, terminamos por nos indagar? As mudanças pontuais referidas acima, e que hoje vêm sendo revistas, tais como redução de alíquotas IPI para automóveis e produtos da linha branca e menor tributação da contribuição previdenciária patronal de empresas de certos setores, terminam por propiciar algum fôlego para os seus beneficiários, mas de maneira alguma chegam a tangenciar os problemas porque passa o setor produtivo do nosso país. Os modelos atuais de cobrança do ICMS e do PIS/COFINS encabeçam a lista de anomalias do nosso setor tributário. Guerra fiscal, na qual os empresários terminam por ser os mariscos, entre o mar e a montanha, nas disputas entre os Estados, e o modelo de substituição tributária em que as margens de valor agregado mostram-se irreais frente aos preços de venda praticados, são as mais gritantes discrepâncias do ICMS. Quanto ao PIS/COFINS, a sua complexa legislação - na qual a geração de créditos tributários para os produtos/serviços considerados insumos é uma operação de razoável complexidade, deixando as empresas inseguras quando da sua contabilização – precisa ser urgentemente reformada. Entendemos, pois, ser urgente e necessária uma reforma tributária. Se isso acontece, por que ela não é implementada? Ao nosso ver, no entanto, os governos da União e dos Estados não a desejam. A União - que detém 70% da toda a arrecadação do país - teme perder receitas. E os Estados-membros não a querem porque o ICMS - a sua principal fonte de arrecadação tenderia a ir para a União, já que ele nada mais é do que um imposto sobre o valor agregado (IVA) e esse tipo de imposto normalmente cabe ao poder central. Qual será a garantia, porém, de que a União repassaria aos Estados o que lhes é de direito, perguntam-se os governadores destes últimos? Daí que o nosso país termina por permanecer patinando no campo tributário, com as empresas perdendo competitividade no cenário internacional, com isso ficando extremamente dependentes da taxa cambial em suas relações de troca. O ideal é que o sistema tributário ajudasse e não atrapalhasse a nossa economia, como hoje acontece. De acordo com o que foi demonstrado, supomos ser perfeitamente viável uma reforma tributária, faltando apena vontade política dos entes da federação para otimizarem os seus gastos e implementarem uma legislação mais racional, mormente no turbulento momento atual porque passa a nossa nação. Mussoline da Silveira Soares Filho (OAB/SP 270.801) é Assessor Jurídico da ABIMDE e sócio do Pinheiro Bittencourt Advogados Associados.