neurociência: memória e funções executivas na

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NEUROCIÊNCIA: MEMÓRIA E FUNÇÕES EXECUTIVAS NA ARTICULAÇÃO
ENTRE LÍNGUA PORTUGUESA, PENSAMENTO CRÍTICO E CONSCIÊNCIA
POLÍTICA
Flávia Azambuja
[email protected]
Orientação: Prof. Dr. Aline Lorandi
Licenciatura em Letras e Respectivas Literaturas
Universidade Federal do Pampa – Unipampa
VI Semana Acadêmica de Letras: Sons e Palavras são Navalhas
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo principal divulgar a Neurociência, essa
área relativamente nova e sua relação com a educação que é mais recente ainda. Poe
meio de um projeto de ensino que une língua portuguesa e Neurociência,
apresentando uma alternativa metodológica voltada para os aspectos da memórias e
das funções executivas. O projeto visava ao desenvolvimento e/ou aprimoramento da
criticidade e da consciência política e foi todo ancorado na Neurociência. As principais
referências utilizadas são ligadas à Neurociência como CORSO; 2011, COSENZA;
2011, GUERRA; 2013 e IZQUIERDO, 2013. Também utilizamos ANTUNES; 2003 e
GERALDI; 2006 para pensarmos no ensino de língua portuguesa. A metodologia foi
por meio de uma pesquisa-ação crítica, já que o objetivo da pesquisa era que a partir
de um problema inicial, aulas de língua portuguesa descontextualizadas, pudéssemos
refletir, elaborar atividades e repensar as atividades a partir da prática e, assim, avaliar
o trabalho docente de maneira crítica. Os resultados, como anteriormente
mencionados, foram a elaboração do projeto de ensino e sua aplicação, as inferências
durante a aplicação e uma roda de conversa orientada para verificarmos a
aplicabilidade do trabalho com as funções executivas e a consolidação do que foi
trabalhado durante o projeto de ensino na memória.
Palavras-chave: Neuroeducação; Consciência Política; Ensino de Língua Portuguesa.
Introdução: A Neurociência é uma área de estudo relativamente recente e sua
relação com a educação é ainda mais recente, por isso a importância dessa pesquisa
para divulgar essa área ainda pouco explorada no Brasil. Além disso, a importância se
dá para evitar que conceitos errôneos sejam divulgados, assim como evitar que
professores considerem essa ciência diretamente aplicável em sala de aula. Essa
ciência pode ser uma importante aliada para que professores pensem em
metodologias que visam a aproveitar os conhecimentos de como o cérebro aprende.
No entanto não pretende trazer soluções mágicas para o ensino. Acreditamos que
todos os aspectos da Neurociência são de suma importância para a educação, no
entanto para que pudéssemos tratar com maior profundidade os aspectos no tempo
reservado à pesquisa optamos por focar nossa atenção nos aspectos da memória e
das funções executivas (FE’s). Foram considerados tanto na elaboração quanto na
aplicação do projeto de ensino os aspectos da atenção, emoção e motivação.
Desenvolvimento: A escolha pelos aspectos da memória e das FE’s não foi aleatória,
a memória foi escolhida por sua relação com a aprendizagem. Essa relação fica
evidente ao pensarmos no conceito de memória proposto por Iván Izquierdo, um dos
maiores estudiosos da memória no Brasil. Segundo ele, “memória significa aquisição
(...) A aquisição é também chamada de aprendizado ou aprendizagem (...) só
lembramos aquilo que gravamos, aquilo que foi aprendido (IZQUIERDO; Iván, 2011, p.
11). Já as FE’s são um conjunto de habilidades, que incluem planejamento,
estabelecimento de metas, flexibilização e controle inibitório. A escolha se deu na
medida em que acreditamos que tais habilidades são fundamentais no âmbito escolar,
já que o aluno precisa se organizar para cumprir prazos, estabelecer metas e controlar
seus impulsos para ter um bom convívio com colegas e professores. Além disso,
essas habilidades são importantes para a vida do aluno como um todo, diariamente
precisamos estabelecer metas e objetivos, ter flexibilização e controlar nossos
impulsos, infelizmente tal tarefa parece ser relegada pela escola. Assim, o projeto foi
todo ancorado na Neurociência e pensado para articular os aspectos da Neurociência
com o ensino de Língua Portuguesa e o desenvolvimento da criticidade e da
consciência política. Durante a aplicação pudemos observar o quanto pensar em
atividades visando a respeitar a forma como o cérebro aprende foi válido. Os alunos
mostraram-se atentos, envolvidos e comprometidos durante todo o projeto de ensino
que contou com 19 horas/ aula. Após cinco meses de finalização do projeto de ensino,
retornamos à escola para aplicação de um teste de verificação de consolidação na
memória e aplicabilidade do trabalho com FE’s via uma roda de conversa orientada. A
atividade foi importante para verificarmos se os alunos lembravam das análises
linguísticas trabalhadas em aula, ao serem questionados a respeito percebemos que
não lembravam as nomenclaturas, mas sim o uso nos textos, o que aponta para o
sucesso na consolidação na memória. Além disso, ao serem indagados sobre
questões ligadas às atividades pensadas para desenvolver as FE’s, como os grupos
virtuais,
afirmaram não gostar de perder pontos quando tinham comportamentos
inadequados ou não cumpriam as atividades propostas, o que nos dá indício sobre a
efetividade do trabalho com controle inibitório dos alunos.
Conclusões: A Neurociência mostrou ser uma grande aliada no processo de
construção e aplicação de um projeto de ensino articulando conhecimentos em
Neuroeducação e em Língua Portuguesa. O objetivo da educação é sempre o sucesso
do aluno nos processos de ensino e de aprendizagem, e acreditamos termos nos
empenhado em alcançar esse objetivo durante a aplicação do projeto de ensino e
termos obtido alguns indícios de sucesso, como foi evidenciado nas inferências
durante a sua aplicação. Considerar os aspectos da Neurociência e, por sua vez,
considerar como o cérebro aprende possibilita verificar se estamos atingindo os
objetivos propostos. Sabemos o que o aluno pode nos oferecer, e, assim, evitamos
frustrações de ambos os lados: do aluno e do professor. Além disso, como todas as
atividades são pensadas e embasadas na Neuroeducação, o aluno, ao se deparar
com uma metodologia diferenciada da tradicional, nos dá resultados mais satisfatórios.
E ao estar embasado em uma teoria e não na intuição, sabemos o que pode dar certo
e o porquê de dar certo, o que ajuda a pensar em cada vez mais estratégias que
resultem no sucesso dos processos de ensino e de aprendizagem. As limitações do
trabalho e do projeto de ensino em si se dão na medida em que esse projeto não pode
ser aplicado a toda e qualquer turma, ele foi pensado especificamente para essa
turma. As ideias de maneira geral podem ser aproveitadas, no entanto para a sua
aplicação é fundamental que ocorram adaptações de acordo com a realidade da turma
em que será aplicado.
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