distrofia resumo 1

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Texto de apoio ao curso de Especialização
Atividade Física Adaptada e Saúde
Prof. Dr. Luzimar Teixeira
DISTROFIAS
As Distrofias Musculares Progressivas (DMPs) englobam um grupo de doenças genéticas,
que
se
caracterizam
por
uma
degeneração
progressiva
do
tecido
muscular.
Até o presente momento tem-se o conhecimento de mais de trinta (30) formas diferentes de
DMP’s, algumas benignas e outras mais graves, que podem atingir crianças e adultos de
ambos os sexos. Todas atacam a musculatura, mas os múculos atingidos podem ser
diferentes de acordo com o tipo de DMP.
Os principais tipos de DMP’s são: Distrofia muscular do tipo Duchenne (DMD), Distrofia
muscular do tipo Becker (DMB), Distrofia muscular do tipo Cinturas (DMC), Distrofia
Miotônica de Steinert (DMS) Distrofia muscular Facio-Escápulo-Umeral (FSH), sendo que
a mais grave e mais comum é a Distrofia muscular Duchenne (DMD).
DISTROFIA MUSCULA R DO TIPO DUCHENNE (DMD)
Dentre as formas conhecidas de Distrofia muscular, a mais comum é a do tipo Duchenne.
Esta doença atinge apenas meninos, numa incidência de 1 para cada 3.500 nascimentos
masculinos.
Os primeiros sintomas da doença são: quedas freqüentes, dificuldade para correr e subir
escadas. Geralmente, eles se manifestam por volta de três a cinco anos de idade, e vão se
agravando progressivamente, levando à incapacidade para andar, na maioria dos casos, no
início da adolescência.
A
DMD
é
uma
doença
genética
de
herança
recessiva,
ligada
ao
cromossomo X. Na mulher encontramos dois cromossomos X, um herdado de
seu pai, e outro de sua mãe. No homem, existe um cromossomo X, herdado
da mãe, e um cromossomo menor, o Y, herdado do pai.
O gene da DMD está localizado no braço curto do cromossomo X, numa região denominada
Xp21. Como na mulher existem dois cromossomos X, se um deles tiver o gene defeituoso, o
outro cromossomo X garantirá o bom funcionamento dos músculos. Assim sendo, a mulher
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pode ser portadora do gene da DMD, mas ela não tem a doença. Portanto a DMD afeta
apenas o sexo masculino porque nele só há um cromossomo X.
Sabe-se que cerca de 2/3 de todos os casos de DMD são herdados da mãe, que chamamos
de portadora assintomática do gene, e que nos 1/3 restantes dos casos, ocorre uma
mutação nova na criança com distrofia, sem que o gene tenha sido herdado. Nesses casos,
não há risco de recorrência para futuros filhos.
Em 1987, dois grupos de pesquisadores, um nos Estados Unidos e outro no Canadá,
identificaram e isolaram o gene da DMD e DMB. Isto significou um grande avanço no
conhecimento destas doenças, tanto no diagnóstico como na detecção de portadoras. A
partir desta descoberta, e com a introdução de novas técnicas da Biologia Molecular, tornouse possível analisar diretamente o gene responsável pelas Distrofias do tipo Duchenne e
Becker.
Verificou-se que em cerca de 70% dos pacientes, um pedaço minúsculo do gene está
faltando. Dizemos então que há uma deleção de DNA. Nos 30% dos pacientes restantes,
não é possível identificar a deleção. Isto não significa que eles não tenham a mesma
doença, mas sim, que as técnicas que dispomos atualmente não permitem, nesses casos,
visualizar o defeito genético.
Há alguns anos, para saber se uma mulher era portadora do gene da DMD ou DMB, era
realizado um estudo de enzimas musculares, principalmente a CK (Creatinofosfoquinase).
Valores aumentados dessa enzima no sangue indicavam que a mulher era portadora do
gene, e portanto, tinha risco alto de vir a ter filhos com distrofia. Valores normais no entanto,
não permitiam uma conclusão segura.
Atualmente, por meio do exame de DNA, é possível, na maioria dos casos, detectar com
segurança se uma mulher é portadora ou não do gene da DMD ou DMB e é possível
também, a realização do diagnóstico pré-natal, que consiste em se saber, numa fase bem
precoce da gravidez, se o feto herdou ou não o gene defeituoso, ou seja, se será uma
criança normal ou afetada pela distrofia (com 95% a 99% de certeza).
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Outra importante conseqüência da descoberta do gene da DMD e DMB foi a identificação do
produto que este gene codifica: uma proteína chamada Distrofina, que está ausente ou em
quantidade muito diminuída nos meninos afetados pela DMD, e alterada, porém
parcialmente funcional, nos pacientes com DMB.
Hoje sabemos que a Distrofina faz parte de um complexo de proteínas, todas elas
necessárias para a manutenção da permeabilidade da membrana da célula muscular. Na
deficiência total ou parcial da Distrofina, haverá uma degeneração progressiva dos músculos
esqueléticos.
DISTROFIA MUSCULA R DO TIPO BECKER (DMB)
A Distrofia muscular do tipo Becker (DMB), assim como a do tipo Duchenne, afeta
somente pessoas do sexo masculino, e tem o mesmo mecanismo de herança genética.
O início dos sintomas ocorre geralmente entre os 5 e 15 anos de idade, e estes se
caracterizam por dificuldades em correr, levantar do chão e subir escadas. Os sinais iniciais
são realmente semelhantes aos da DMD, mas consideravelmente mais leves, e a evolução
clínica da doença é muito mais lenta. A incidência de DMB é cerca de 10 vezes menor que a
da DMD, ocorrendo um caso entre 30.000 a 40.000 nascimentos.
Tratamentos de manutenção podem dar ao paciente com DMB condições de vida social e
familiar praticamente normal, na maioria dos casos. Os filhos de um homem com DMB não
serão nunca afetados pela doença, mas todas as suas filhas receberão o cromossomo X
que possui o gene da DMB; portanto elas serão portadoras assintomáticas do gene, e
poderão transmitir a doença a seus descendentes do sexo masculino. Além disso, a mãe e
as irmãs de um paciente com DMB também podem ser portadoras e transmitir o gene para
seus filhos homens.
O quadro clínico da Distrofia muscular do tipo Becker apresenta variabilidade muito maior
que a do tipo Duchenne, tanto no surgimento dos primeiros sinais, como na evolução da
doença. Assim, é comum encontrarmos em uma mesma família, indivíduos afetados pela
DMB que apresentam diferentes graus de comprometimento.
Em 1987, dois grupos de pesquisadores, um nos Estados Unidos e outro no Canadá,
identificaram e isolaram o gene da DMD e DMB. Isto significou um grande avanço no
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conhecimento destas doenças, tanto no diagnóstico como na detecção de portadoras. A
partir desta descoberta, e com a introdução de novas técnicas da Biologia Molecular, tornouse possível analisar diretamente o gene responsável pelas Distrofias do tipo Duchenne e
Becker.
Verificou-se que em cerca de 70% dos pacientes, um pedaço minúsculo do gene está
faltando. Dizemos então que há uma deleção de DNA. Nos 30% dos pacientes restantes,
não é possível identificar a deleção. Isto não significa que eles não tenham a mesma
doença, mas sim, que as técnicas que dispomos atualmente não permitem, nesses casos,
visualizar o defeito genético.
Há alguns anos, para saber se uma mulher era portadora do gene da DMD ou DMB, era
realizado um estudo de enzimas musculares, principalmente a CK (Creatinofosfoquinase).
Valores aumentados dessa enzima no sangue indicavam que a mulher era portadora do
gene, e portanto, tinha risco alto de vir a ter filhos com distrofias. Valores normais no
entanto, não permitiam uma conclusão segura.
Atualmente, por meio do exame de DNA, é possível, na maioria dos casos, detectar com
segurança se uma mulher é portadora ou não do gene da DMD ou DMB e é possível
também, a realização do diagnóstico pré-natal, que consiste em se saber, numa fase bem
precoce da gravidez, se o feto herdou ou não o gene defeituoso, ou seja, se será uma
criança normal ou afetada pela distrofias (com 95% a 99% de certeza).
Outra importante conseqüência da descoberta do gene da DMD e DMB foi a identificação
do produto que este gene codifica: uma proteína chamada Distrofina, que está ausente ou
em quantidade muito diminuída nos meninos afetados pela DMD, e alterada, porém
parcialmente funcional, nos pacientes com DMB.
Hoje sabemos que a Distrofina faz parte de um complexo de proteínas, todas elas
necessárias para a manutenção da permeabilidade da membrana da célula muscular. Na
deficiência total ou parcial da Distrofina, haverá uma degeneração progressiva dos músculos
esqueléticos
DISTROFIA MUSCULA R DO TIPO CINTURAS (DMC)
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Hoje já se sabe que a Distrofia muscular do tipo Cinturas não é uma única doença, mas
que sob esta denominação está um grupo de distrofias que podem afetar indivíduos de
ambos os sexos, e que podem se manifestar na infância, na adolescência ou na idade
adulta.
A DMC atinge os músculos da cintura escapular (região dos ombros e dos braços) e da
cintura pélvica (região dos quadris e coxas), levando a uma fraqueza muscular progressiva.
Em geral, a fraqueza tem início nos músculos das pernas e o paciente pode passar vários
anos antes de apresentar fraqueza nos braços. Os pacientes de DMC apresentam
dificuldades para erguer objetos, subir escadas, e levantar-se de cadeiras.
Entre os casos de DMC, existem 10% que obedecem a um padrão de herança autossômico
dominante, mas 90% dos casos obedecem a um mecanismo de herança denominado
autossômico recessivo. Neste caso, para que a doença se manifeste, é necessário que o
paciente receba dois genes defeituosos, um proveniente de seu pai, e outro de sua mãe.
Dizemos então, que os pais do paciente são portadores assintomáticos. A chance de ocorrer
um casamento entre dois portadores assintomáticos numa população é muito pequena, mas
esta probabilidade aumenta bastante se ocorrer um casamento entre parentes (casamento
consangüíneo). No caso de um casamento entre um afetado pela DMC (homem ou mulher)
com uma pessoa normal, TODOS os filhos serão portadores do gene, mas serão
clinicamente normais. O risco de um casal que já teve um filho ou filha com DMC vir a ter
outra criança com o mesmo problema é de 25%.
Até o momento atual, já foram identificados 8 genes diferentes, responsáveis pelas formas
autossômicas recessivas da Distrofia muscular do tipo Cinturas, e sabemos que existe
pelo menos mais um gene a ser descoberto. Dois desses genes foram identificados no
Laboratório de Miopatias da USP e estão localizados no cromossomo 5 e 17. Várias
proteínas codificadas por estes genes já são conhecidas, e todas elas têm um papel
importante na manutenção da integridade da membrana da célula muscular (assim como a
distrofina). Entre os casos de DMC, existem 10% que obedecem a um padrão de herança
autossômico dominante.
DISTROFIA MUSCULA R DE STEINERT (DMS)
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Esta doença se caracteriza principalmente por uma dificuldade no relaxamento muscular
após uma contração (fenômeno miotônico). Os pacientes afetados pela DMS costumam ter
dificuldade para abrir as mãos ao soltar um objeto depois de segurá-lo com firmeza. Esta
dificuldade pode aumentar quando está frio.
A Doença de Steinert pode também causar fraqueza muscular e os pacientes podem
apresentar quedas de pálpebras, dificuldades em pronunciar palavras, catarata, calvice
precoce, diabete, sonolência, etc... A incidência da DMS é de aproximadamente uma em
cada 10.000 pessoas e esta forma de distrofias atinge indivíduos de ambos os sexos.
De uma maneira geral, a doença se manifesta dos 15 aos 25 anos, mas pode aparecer na
infância ou em idades mais avançadas, algumas vezes depois dos 50 anos.
A Distrofias Miotonica ou de Steinert é causada por um gene autossômico dominante, com
expressividade muito variável, o que confere uma grande variabilidade ao quadro clínico dos
indivíduos afetados. É possível encontrar numa mesma família indivíduos com DMS que
apresentam uma forma leve da doença, quase imperceptível, e outros indivíduos com uma
forma mais grave.
Qualquer indivíduo que seja afetado pela DMS (seja pela forma leve ou mais grave), corre o
risco de 50% de transmitir este gene a seus descendentes.
Entretanto, como da distrofia FSH não é possível prever a gravidade de seu quadro clínico.
O gene da DMS foi isolado em fevereiro de 1992. Verificou-se que este gene está
aumentado de tamanho, em decorrência de uma repetição de 3 pares de bases (CTG) no
DNA dos pacientes afetados por esta forma de distrofia. Em indivíduos normais encontramse até 50 repetições CTG, enquanto que nos afetados têm-se de 50 a 8.000 repetições. As
pessoas mais afetadas têm o gene mais aumentado, porque tem um maior número de
repetições.
Com estas novas descobertas é possível:
a) identificar os indivíduos portadores deste gene;
b) realizar diagnóstico pré-natal para as famílias que assim o desejarem.
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DISTROFIA MUSCULA R FACIO-ESCÁPULO-UMERAL (FSH)
A FSH é uma outra forma de Distrofia muscular causada por um gene autossômico
dominante, que atinge caracteristicamente os músculos da face e da cintura escapular
(ombros e braços). Pode ocorrer também o comprometimento da cintura pélvica (quadris e
coxas).
A FSH é uma das formas mais benignas das Distrofias Musculares, contudo bastante rara.
O início dos sintomas ocorre normalmente entre os 10 a 25 anos de idade.
Existem diferentes padrões na evolução da doença, que dependem do comprometimento
inicial. Na maioria dos casos, o comprometimento é tão leve, que a pessoa será sempre
capaz de andar e ter uma vida normal, mesmo com o aumento gradativo das dificuldades.
Menos de 20% tem um quadro clínico mais grave e alguns podem necessitar de cadeira de
rodas em idades mais avançadas.
O mecanismo de herança é idêntico à distrofia Miotônica. Portanto, também aqui, qualquer
indivíduo afetado pela FSH corre o risco de 50% de transmitir o gene defeituoso a seus
descendentes. Entretanto não é possível prever qual será a gravidade do seu quadro clínico.
Cerca de 1/3 dos casos são originados por mutações novas. Nesses casos não há risco de
repetição da doença em futuros irmãos.
O gene que é responsável pela FSH já foi localizado no braço longo do cromossomo 4.
Assim como na distrofia de Steinert, hoje já é possível identificar portadores assintomáticos
do gene da FSH, assim como realizar o diagnóstico pré-natal para a maioria das famílias em
risco se assim o desejarem.
Fonte: ABDIM – Associação Brasileira de Distrofia Muscular
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