INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA – IBRATI

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INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA – IBRATI
SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA – SOBRATI
MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA
MARIA APARECIDA MENDES BRITO
RELAÇÃO PROFISSIONAL-FAMÍLIA: ESTRATÉGIAS SOCIOEDUCATIVAS EM
UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVAS
Brasília-DF
2015
1
MARIA APARECIDA MENDES BRITO
RELAÇÃO PROFISSIONAL- FAMÍLIA: ESTRATÉGIAS SOCIOEDUCATIVAS EM
UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVAS
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Terapia Intensiva, do
Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva, como
requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Terapia Intensiva.
Orientador: Prof. Dr. Marttem Costa de
Santana
Brasília - DF
2015
2
FICHA CATALOGRÁFICA
Brito, Maria Aparecida Mendes
Relação profissional - família: estratégias socioeducativas
em unidades de terapia intensivas [manuscrito] / Maria
Aparecida Mendes Brito– 2014.
41 f.: il. color.
Cópia de computador (printout).
Dissertação (Mestrado em Terapia Intensiva) – Instituto
Brasileiro de Terapia Intensiva, Brasília, DF, 2014.
“Orientação: Prof. Dr. Marttem Costa de Santana”
1. Unidades de Terapia Intensivas. 2. Relações
Profissional-Família. 3. Internação Hospitalar. I. Título.
CDD
3
MARIA APARECIDA MENDES BRITO
RELAÇÃO PROFISSIONAL- FAMÍLIA: ESTRATÉGIAS SOCIOEDUCATIVAS EM
UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVAS
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Terapia Intensiva, do
Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva, como
requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Terapia Intensiva.
Aprovada em: 10 de janeiro de 2015.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________
Prof. Dr. Marttem Costa de Santana
Instituto Brasileiro em Terapia Intensiva – IBRATI
Presidente (Orientador)
___________________________________________
Prof. Dr. Douglas Ferrari Carneiro
Instituto Brasileiro em Terapia Intensiva – IBRATI
Examinador
__________________________________________
Prof. M.e Edilson Gomes de Oliveira
Instituto Brasileiro em Terapia Intensiva – IBRATI
Examinador
4
Dedico este trabalho aos colegas de
profissão que procuran dentro de suas
práticas exercer a enfermagem de forma
humana.
5
AGRADECIMENTOS
A minha família por todo apoio e incentivo para alcançar essa nova meta
traçada por mim para qualificar minha profissão, deixando-a sensível e acolhedora.
A Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva - SOBRATI pela oportunidade de
oferecida de cursar mestrado de maneira tão acessível.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Marttem Costa de Santana, pela orientação
durante a construção deste trabalho, bem como amizade e carinho em toda a minha
vida acadêmica.
Grata a todos que que direto ou indiretamente contribuem com apoio para essa
conquista.
6
“Humanizar é focar no coração”.
Ermance Dufaux
7
RESUMO
A assistência oferecida no ambiente de um hospital se estende aos familiares que
acompanham o adoecimento e hospitalização de um componente da família acabam
sofrendo os impactos da internação em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Tratase de um estudo descritivo com abordagem qualitativa e tem como objetivo
investigar, nas produções científicas brasileiras, as estratégias socioeducativas que
contribuem na interação entre profissionais e familiares durante a hospitalização de
pacientes internados em UTI. Realizou-se um levantamento na internet no site da
BVS, foram selecionados e incluídos trabalhos científicos publicados relacionados
com o tema indexados entre 2008 a 2014. Para a análise e discussão usou-se uma
abordagem categorial. Os resultados indicaram as seguintes estratégias
socioeducativas de acolhimento para família: Visita aberta, grupo de apoio a
familiares, ludoterapia e terapia ocupacional como cuidado e corping
religioso/espiritual. As estratégias acolhedoras é uma ferramenta que podem ser
usada pela equipe interdisciplinar da UTI para auxiliar os familiares a lidarem com a
hospitalização e torná-los participativos no processo de cuidador do paciente.
Palavras-chave: Unidades de Terapia Intensiva. Relações Profissional-Família.
Internação Hospitalar.
8
ABSTRACT
The assistance offered in the environment of a hospital extends to family members
who accompany the illness and hospitalization of a family member end up suffering
the impacts of hospitalization in intensive care units (ICU).This is a descriptive study
with qualitative approach and aims to investigate, in Brazilian scientific production,
socio-educational strategies that contribute to the interaction between work and
family during hospitalization in ICU patient. We conducted a survey on the Internet in
the VHL site were selected and included published scientific papers related to the
subject indexed from 2008 to 2014. The analysis and discussion used a categorical
approach. The results indicated the following socio-educational strategies host
family: Visit open, support group for family members, play therapy and occupational
therapy as care and religious / spiritual corping. The cozy strategies is a tool that can
be used by the interdisciplinary team from the ICU to help families cope with
hospitalization and make them participating in the patient's caregiver process.
Keywords: Intensive Care Units. Professional-Family. Relations Hospitalization.
9
SUMÁRIO
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................ 10
2 AS UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA E A RELAÇÃO PROFISSIONAL
-
FAMÍLA................................................................................................................. 13
3 O CORPUS METODOLÓGICO DA INGESTIGAÇÃO ........................................ 17
4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO........................................................................... 20
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 34
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 36
10
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
As Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) é um ambiente hospitalar em que se
busca estabelecer as condições estáveis do paciente e de proporcionar, se possível,
a recuperação. Entretanto, a UTI pode tornar-se um local em que a técnica se
sobressai aos aspectos relacionais, em virtude de os profissionais, com o passar do
tempo, desenvolverem ações que estão mais envolvidas com equipamentos e
procedimentos, dessa forma minimizam o envolvimento com os familiares dos
pacientes críticos sobre seus cuidados.
Segundo Backes et al. (2012), o cuidado intensivo oferecido aos pacientes no
ambiente de UTI é um cuidado altamente técnico e objetivo, que visa ao
monitoramento e à assistência médica e de enfermagem contínua, com o objetivo de
recuperar a saúde dos pacientes.
Entendemos que os profissionais de saúde devem realizar suas práticas com
competência e eficiência sem deixar que a rotina possa torná-los mecânicos e
impessoais na sua relação com os pacientes e familiares.
A inserção da família na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), de acordo
com Vital et al. (2013), contribui para minimizar a instabilidade emocional do
paciente, uma vez que a internação neste locus amplia o sofrimento com a doença
pela ausência do ente querido, bem como, com a lesão cujo comprometimento que
gerou necessidade de cuidado, ao mesmo tempo ficam privados do contato família e
ainda expostos a um ambiente estranho, convivendo com profissionais que atuam
maciçamente com técnicas e procedimentos invasivos.
Para Predebon et al. (2011), no cenário da UTI, é importante o acolhimento
do familiar do paciente, compreendendo seus medos, angústias e aflições, e lhe
forneça orientações que o tranquilizem durante a visita.
Freitas, Mussi e Menezes (2012), ressaltam que os outros profissionais de
saúde junto com os trabalhadores de enfermagem que focalizam o acolhimento no
cuidado às famílias, favorecem a proximidade do familiar junto ao ente, reconhecem,
diante dos familiares, as alterações e perturbações particulares que eles enfrentam e
os ameaçam como a finalidade de ajudá-los a encontrar no âmbito de suas
possibilidades maneiras de melhor cuidaram de si mesmos e de organizarem a vida
pessoal e familiar.
11
Por presenciarmos no cotidiano as incertezas e medo dos familiares durante o
curto tempo do horário de visita de aproximadamente uma hora, sentimos a
necessidade de realizar uma pesquisa para investigar a interação entre os
profissionais e os familiares dos pacientes internados na UTI e identificar as
estratégias de acolhimentos para melhorar o atendimento dos familiares durante a
internação. Acreditamos que a pesquisa gera conhecimento para aplicação prática
dirigida a solução dos problemas específicos.
Neste contexto, esperamos que o conhecimento gerado mediante esta
investigação
contribua
com
a
prática
profissional
intensivista,
visto
que
proporcionará uma reflexão que poderá levar uma sensibilização dos profissionais
que atuam no intensivismo para buscarem estabelecer e fortalecer uma relação
profissional-família com os familiares dos usuários de seus cuidados, minimizando
assim as dúvidas e receios, e dessa forma, proporcionando uma assistência que
integre a família a equipe multidisciplinar.
A partir dessas considerações, temos como questão norteadora: que
estratégias socioeducativas contribuem na interação entre profissionais e familiares
durante a internação de pacientes críticos internados em UTI? Objetivamos
investigar, nas produções científicas brasileiras, as estratégias socioeducativas que
contribuem na interação entre profissionais e familiares durante a internação a
pacientes internados em UTI. Elegemos como objetivos específicos: Evidenciar a
importância da interação entre a equipe interdisciplinar e os familiares de paciente
criticamente enfermo durante a internação na UTI e Identificar as estratégias
socioeducativas de enfrentamento que a equipe interdisciplinar dispõe em relação
ao prognóstico da doença, hospitalização, comunicação e resolução de conflitos
vivenciados durante a internação dos familiares na UTI.
O Corpus Metodológico da Pesquisa consta o delineamento da trajetória
metodológica do estudo. Dessa forma, caracterizamos a pesquisa, os instrumentos
utilizados para a coleta de dados e os procedimentos de análise de dados. Na
análise dos resultados tem por base o referencial teórico pesquisado e organizado
em categorias. Os autores que fundamentaram as categorias foram agrupados em
quadros para um melhor entendimento das fontes de pesquisa.
Elaboramos a partir das produções cientificas quatro categorias, são elas:
Visita Aberta, estratégia que permite uma flexibilidade do horário de visita aos
familiares, permitindo a entrada não somente no horário estabelecido pela instituição
12
hospitalar; Grupo de Apoio a Familiares permite a equipe interdisciplinar oferecer
espaço e apoio aos familiares, bem como oportuniza esclarecer dúvidas sobre o
paciente e compartilhamento de sentimentos e vivências com outros familiares;
Ludoterapia e atividade ocupacional como cuidado são alternativas terapêuticas que
amenizam o estado emocional e permite sociabilidade dos familiares; Coping
Religioso/Espiritual aborda a importância da equipe profissional da UTI ter ações
direcionadas para dimensão espiritual do familiar para fortalecer a esperança e a fé.
Por entendermos que estratégias socioeducativas são ações e atividades
realizadas em agrupo que faculta convivência, compartilhamento de experiência e
aprendizado. Acreditamos que as estratégias categorizadas são capazes de facilitar
a interação entre intensivistas e familiares de paciente gravemente enfermo por
permitirem práticas acolhedoras e promocionais de bem-estar biopsicossocial.
13
2 As Unidades de Terapia Intensivas e a Relação profissional-família
2.1 Unidades de Terapia Intensiva (UTI)
De acordo Campos e Melo, (2011), a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é
um setor hospitalar onde permanecem internados pacientes graves, com ou sem
instabilidade hemodinâmica, que necessitam de assistência à saúde ininterrupta nas
24 horas por uma equipe diversificada de profissionais de saúde.
Segundo Oliveira e Chaves (2009), as UTIs concentram atendimentos a
pacientes acometidos por agravos clínicos ou cirúrgicos de alta complexidade,
realizados por uma equipe multiprofissional. Neste sentido, Bettinelli e Erdmann
(2009) acrescentam que a UTI disponibiliza atendimento especializado nas áreas
médica, de enfermagem, fisioterapia, de nutrição, dentre outros, oferecendo o auxílio
de equipamentos e tecnologias de ponta que podem dar maior segurança no
diagnóstico, tratamento e cuidados aos pacientes.
As UTIs aumentam as chances de se estabilizar as condições estáveis,
propicia recuperação e sobrevivência do paciente em estado grave.
São
constituídas de pessoal qualificado que oferece uma assistência contínua com o uso
de aparelhos capazes de manter a sobrevida do paciente.
Segundo Backes et al. (2012), tanto os profissionais e gestores, quantos os
pacientes e seus familiares precisam sentir-se parte integrante desse ambiente, a
fim de formar uma rede de relações e interações dinâmica e sensível às
singularidades humanas.
Entendemos que, tão importante quanto o conhecimento da técnica, é a
sensibilidade para perceber a fragilidade em que se encontra o outro para que haja
atendimento mais humano e mais digno.
Na concepção de Pinho e Santos (2008), quando se pensa em cuidado na
unidade de terapia intensiva, é importante ressaltar que os profissionais utilizam de
seu conhecimento de mundo e de seu conhecimento específico para prestar esse
cuidado. Os enfermeiros, por exemplo, utilizam-se do diálogo, da interação
interpessoal, das técnicas e procedimentos para cuidar.
Martins et al. (2008) argumentam que atitudes como o diálogo, a escuta, a
presença, a co-responsabilidade, o comprometimento, a valorização do outro, o
compartilhar experiências são ingredientes básicos para efetivar o acolhimento.
14
Estes são, no entanto, pouco presente no cotidiano de trabalho dos profissionais nos
vários serviços de saúde, em especial nas UTIs.
O ser profissional que compõe a equipe intensivista tem o desafio de cuidar
de uma pessoa que está criticamente enferma, procurando desempenhar as
atividades cuidadoras da melhor forma, mesmo sendo consciente, que nem, sempre
seu cuidar resulta em curar.
Para Frizon et al. (2012), a família é de vital importância nas questões
referentes ao processo de saúde-doença dos seus componentes. Quando uma
pessoa necessita hospitalizar-se numa UTI, a separação é imposta pelas
circunstâncias criadas pela internação e por rotinas de visitas, muitas vezes rígidas.
Luz et al. (2009) acrescentam que
muitos acompanhantes gostariam de
permanecer todo o tempo com os seus, mas a maioria das UTIs possui regras
rígidas com controle de visitas.
Lourenço e Neves (2008) ressaltam que entrar no ambiente da UTI para
visitar um paciente, o acompanhante, depara-se com: fios, telas, monitores, ruídos e
pessoas se movimentando a todo instante, parece impressionar e gerar medo,
dúvidas e ansiedades, motivo pelo qual o visitante de familiar internado em UTI
também deve ser acalentado e ajudado pelo profissional.
Maruiti e Galdeano (2007) afirmam que sendo o paciente o foco do cuidado,
as necessidades dos familiares são, muitas vezes, desconhecidas, assim é
importante que o profissional de saúde dispense atenção aos familiares, com o
objetivo de facilitar o enfrentamento dessa necessária experiência.
A equipe intensivista de uma UTI precisa considerar as necessidades dos
familiares dos pacientes para que possa incluí-los no plano de cuidado, e assim
possa contribuir efetivamente no enfrentamento da família diante do adoecimento e
tratamento de seu ente querido.
De acordo com Maestri et al. (2012), a relação entre familiares e os
profissionais se dá de forma tênue, em virtude de conhecer pouco os sentimentos e
as reais necessidades dos familiares e pelos os profissionais estarem tão habituados
ao ambiente de trabalho que esquecem que tudo pode ser estranho e atemorizante
para os familiares do paciente.
Almeida et al. (2009) asseveram que por se tratar de um momento de difícil
enfrentamento, é importante que as dúvidas dos familiares sejam esclarecidas, a
respeito do estado do paciente e do tratamento que ele está recebendo.
15
O cuidado intensivista em saúde se baseia no aspecto relacional não só no
que tange ao paciente, mas estender essa interação aos familiares dos
hospitalizados, entretanto, na prática em UTI, a relação entre familiares torna-se
simplificada e com cuidados relacionados somente aos aspectos das informações
acerca do boletim.
Conforme de Vidal et al. (2013), a presença do familiar no contexto hospitalar
permite repensar sobre a melhoria na regulação dos horários de visitas e dos
períodos de permanência dos familiares acompanhantes junto aos pacientes durante
a internação em Unidade de Terapia Intensiva.
Para Frizon et al. (2011), a prática assistencial em UTI mostra que é
incontestável a necessidade de atender aos familiares, tendo em vista os seus
sentimentos e as suas fragilidades. Se os profissionais tiverem a oportunidade de
identificar o sentimento do familiar, suas práticas de cuidado estarão alicerçadas no
respeito das necessidades emocionais dos sujeitos envolvidos.
O profissional que atua na unidade intensiva tem suas práticas limitadas em
atividades como a aspiração de secreção, verificação de sinais vitais, curativos e
tanto outros cuidados, ou seja, às rotinas e aos procedimentos. A interatividade da
equipe com a família fica resumida a informações acerca do paciente e, dessa
forma, a família se sente sem assistência.
Backes et al. (2012), destacam que a observação direta dos profissionais de
saúde por parte dos familiares é algo importante, pois quando os familiares
conseguem ver os profissionais cuidando dos pacientes e dando também atenção
para as famílias, bem como, quando percebem a competência e a dedicação
profissionais acabam criando confiança e segurança.
Puggina et al. (2014) afirmam que cuidar da família implica perceber o outro
nos seus gestos e falas, em seus conceitos e limitações; o que inclui conversa e
informações pertinentes ao que o indivíduo quer saber, partilhando esforços e
responsabilidades. A informação deve ser clara e objetiva e incluir esclarecimentos
sobre o diagnóstico, prognóstico e tratamento do paciente e sobre os equipamentos.
Neste sentido, Ruedell et al. (2010) destacam que a construção de vínculos
entre os profissionais de enfermagem e os familiares pode amenizar as percepções
negativas do ambiente hospitalar, as experiências dolorosas, bem como auxiliar os
familiares no enfrentamento do medo e da angústia, inerentes ao processo de
hospitalização, especialmente em UTI.
16
Acreditamos que a relação profissional-familiar possibilita um envolvimento da
família no cuidado ao paciente na UTI. No entanto, há que se considerar que este
processo contínuo passa pelas condições de trabalho da equipe intensivista, pela
afetiva melhoria das práticas cuidadoras e pelo estimulo ao diálogo com família no
processo de cuidado intensivo.
Nesta perspectiva, Sanches et al. (2013) ressaltam que os profissionais de
saúde podem contribuir com estratégias para que os efeitos do acompanhamento ao
paciente hospitalizado, além de instituído formalmente alcance de fato o seu valor
terapêutico.
17
3 O CORPUS METODOLÓGICO DA INVESTIGAÇÃO
Nesta sessão, abordarmos o tipo de estudo, definição e caracterização da
amostra, o instrumento de colheita de dados, os procedimentos da análise de dados
e o aspecto ético.
3.1 Caracterização do tipo de pesquisa
Trata-se de uma Pesquisa Descritiva, de Abordagem Qualitativa, do tipo
Revisão Integrativa da Literatura obtida através de bases de dados da BVS.
Conforme
Minayo
(2006) a
pesquisa qualitativa
é
importante para
compreender os valores culturais e as representações de determinado grupo sobre
temas específicos. Dados que surgem ao longo do tempo da observação nos
ambientes de trabalho, por exemplo, a qual não se consegue mensurar, mas
evidenciá-los empiricamente.
A pesquisa qualitativa permite a construção de investigação consciente a
partir da abordagem interpretativa de resultados de pesquisas, ou seja, possibilita
traçar uma síntese de estudos já publicados.
No que tange a revisão integrativa, Botelho, Cunha e Macedo (2011)
informam que se trata de um processo que requer a elaboração de uma síntese
pautada em diferentes tópicos, capazes de criar uma ampla compreensão sobre o
conhecimento. É um passo para a construção do conhecimento científico, uma vez
que através desse processo que novas teorias surgem, bem como são reconhecidas
lacunas e oportunidades para o surgimento de pesquisas num assunto específico.
Percebemos que a pesquisa integrativa, sintetiza resultados de pesquisas
anteriores, fornecendo informações amplas sobre um assunto, dessa forma, envolve
a sistematização e publicação dos resultados de uma pesquisa.
3.2 Campo empírico da pesquisa
Realizamos a seleção dos artigos por meio do acesso on-line às três bases
de dados: Literatura Latino-Americana em Ciências de Saúde (LILACS), National
Library of Medicine and National Institutes of Health (MEDLINE) via PubMed e
Scientific Eletronic Library (SCIELO). Para o acesso aos textos completos, foram
18
usados os seguintes descritores: Unidades de Terapia Intensiva, Relações
Profissional-Família e Internação hospitalar, presentes nos Descritores em Ciências
da Saúde/Medical Subject Headings (DeCS/Mesh).
3.3 Produção de dados da pesquisa
A busca procedeu-se nos meses de junho a novembro de 2014,
selecionamos artigos científicos que buscassem alcançar os objetivos da pesquisa,
tendo como critérios de inclusão: disponibilidade do texto completo em suporte
eletrônico,
publicado
em
periódicos
nacionais
e
redigido
em
português.
Determinamos, então, a delimitação temporal de 2008 a 2014. Os critérios de
exclusão foram: teses, capítulos de teses, livros, capítulos de livros, anais de
congressos ou conferências, relatórios técnicos e científicos.
Para a avaliação dos estudos selecionados, fizemos uma leitura de todos os
artigos na íntegra que correspondiam às palavras-chaves e os procedimentos de
inclusão e exclusão de artigos foram estabelecidos de maneira cuidadosa, uma vez
que a amostra assume papel de indicador de uma pesquisa na busca entendimento
dos benefícios da relação entre profissionais intensivista e familiares de pacientes
internados nas unidades intensivas.
3.4 Análise de dados da pesquisa
A análise dos resultados apreendidos requereu a organização, análise e
discussão para a busca do reconhecimento de seus conteúdos para que
posteriormente fossem agrupados de acordo com a semelhança identificada dos
conteúdos, possibilitando assim a construção da análise e discussão. Foram
elaboradas categorias temáticas, com referências dos autores e análise sintética dos
textos.
Polit, Beck e Hungler (2004) destacam que a análise de dados tem por
finalidade organizar, fornecer estrutura e extrair significado dos dados de pesquisa.
Para alcançar essa finalidade é necessário criatividade, sensibilidade conceitual e
trabalho árduo, ou seja, é um processo ativo e interativo. No que refere as
categorias, Gomes (2002) esclarece que são empregadas para agrupar elementos,
19
idéias ou expressões em torno de um conceito, pode ser usada em qualquer tipo de
análise em pesquisa qualitativa.
3. 5 Aspectos éticos da pesquisa
Por se tratar de revisão de literatura e não oferecer riscos, não foi necessário
submeter o projeto à avaliação de Comitê de Ética em Pesquisa com Seres
Humanos, conforme determina a Resolução n. 466/2012 do Ministério da Saúde.
20
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO
No presente estudo foram selecionados vinte (19) artigos científicos
indexados entre os anos de 2008-2014, conforme o critério de inclusão, apresentado
nos quadros1, 2,3 e 4 e constituído de dados descritivos quanto a identificação dos
estudos no que se refere ao título do artigo, revista indexada, local e ano de
publicação e considerações sobre a temática em questão.
4.1 Estratégias de acolhimento para familiares de hospitalizados
Lourenço e Neves (2008) consideram que um ambiente de cuidado é aquele
espaço profissional onde se estabelecem relações profundas e significativas de um
ser com o outro; ambiente este onde existe uma atmosfera rica em segurança,
respeito, zelo, conhecimento, carinho, afeição e compreensão.
Para Ferreira et al. (2013), cabe aos profissionais de saúde adotar estratégias
de
acolhimento
aos
familiares,
que
envolvem
uma
comunicação
eficaz;
solidariedade com o sofrimento do outro; atenção para com as reações por eles
apresentadas, a fim de promover um maior vínculo entre equipe, paciente e família.
Mesmo a família estando fragilizada mediante internação, continua exercendo
papel importante para o paciente criticamente enferma por isso acreditou que ente
amoroso contribua no tratamento, uma vez que sua presença promoverá segurança
pela afetividade e isso refletirá na melhora e na recuperação. Faz-se necessário
valorizar a presença da família nos cuidados prestados, uma vez que ela pode ser
um participante ativo e potencializador da recuperação do paciente, contribuindo
com a sua recuperação.
4.1 Visita Aberta
Realçamos que é importante que a equipe intensivista estabeleça um
relacionamento com a família que vá além das normas e rotinas da unidade, já que
não é suficiente permitir somente a entrada dos familiares na UTI, mas é necessário
estender as ações cuidadoras para a família, buscando estabelecer uma relação
profissional-familiar para dá suporte às necessidades emocionais e espirituais,
minimizando a negatividade da experiência de ter um ente querido internação em
UTI.
21
O quadro a seguir demonstra a caracterização dos artigos selecionados à
elaboração da categoria Visita aberta. Além dos artigos foi usada como fonte a
Cartilha Visita Aberta e direito ao Acompanhante do Ministério da Saúde.
Quadro 1 – Artigos relacionados a estratégia Visita Aberta
AUTORIA/
ANO
SANCHES et
al. (2013)
REVISTA/
LOCAL
TÍTULO DO
ARTIGO
CONSIDERAÇÕES/
TEMÁTICA
Ciência &
Saúde
Coletiva, RJ
Acompanhamento
hospitalar: direito ou
concessão ao
usuário
hospitalizado
O incentivo ao acompanhamento e a
implementação da prática de
acolhimento a este acompanhante
trazem a possibilidade de avançar
no objetivo da qualidade em serviço.
Dialética do cuidado O saber cuidar tem estreitado os
humanizado na UTI: vínculos
interpessoais
para
contradições
entre
o
minimizar
as
condições
de
PINHO;
Rev. Esc.
discurso e a prática sofrimento
físico/mental
de
SANTOS
Enferm,
profissional do
indivíduos.
(2008)
USP, SP
enfermeiro
Fonte: Elaborado pelo pesquisador elaborado pelo pesquisador com base nos dados e
resultados da pesquisa, 2014.
Sanches et al. (2013) informam que o direito à permanência do
acompanhante no ambiente hospitalar já é reconhecido para algumas parcelas de
usuários do sistema de saúde brasileiro.
O Ministério da Saúde dispõe de uma cartilha que se originou da Política
Nacional de Humanização (PNH), Cartilha Visita Aberta e direito ao Acompanhante,
traz orientações sobre este direito à permanência de acompanhante no hospital.
A Cartilha ressalta que espaço hospitalar pode ser percebido pela pessoa
enferma e seu familiar como um lugar seguro quando nele os profissionais de saúde
atuam como promotores e guardiões da integridade da vida. Visitantes e
acompanhante são consideradas elementos integrantes do projeto terapêutico, pois
possuem evidente eficácia clínica (BRASIL, 2007).
A Cartilha menciona orientações para implementação da visita aberta e a
permanência do acompanhante, entre elas se destacam as seguintes: A inclusão
dos visitantes e dos acompanhantes como parte do projeto terapêutico do doente
pressupõe que se procure conhecer como se compõe a sua rede social e como
contatá-la.
A necessidade de visita e de acompanhante não pode ser dimensionada
somente pela equipe de cuidados. A autorização de visitas e acompanhantes deve
22
respeitar o desejo e a autonomia do paciente e considerar as demandas específicas.
Visita de crianças, idosos e puérperas, por exemplo, pode ser um fator importante
para a reabilitação da pessoa internada.
Pacientes clinicamente estáveis tem necessidade do apoio de amigos e de
familiares específicos. Assim como, pacientes inconscientes também sentem a
presença de amigos e familiares. Uma pessoa querida pode confortar um paciente
grave, em estado de coma, o que, de alguma forma, se traduz como: “estou aqui
com você”.
Verificar a adequação de locais para que o paciente criticamente enfermo em
condições de locomoção possam receber os visitantes fora do leito. De igual forma,
deve ser conferida a adequação do espaço do hospital para a inclusão do
acompanhante. A flexibilidade nos horários de troca de acompanhantes deve ser
observada com atitude de respeito às suas necessidades;
Equipe interdisciplinar, para o acolhimento e a integração da visita e do
acompanhante nas práticas do cuidado, deve ter sua qualidade potencializada por
meio de capacitação específica para cada caso (BRASIL, 2007).
Pinho e Santos (2008) afirmam que existe uma política institucional que
determine a rotina de horários para a visita dos acompanhantes, ela vem sendo
flexibilizada pelos enfermeiros, na maioria das vezes. Essa flexibilização, com a
abertura da UTI para as visitas fora-de-hora, fortalece as relações interpessoais.
Entendemos que é vital a equipe intensivista aliar os saberes e conhecimento
específicos à amabilidade e acolhimento para tornar menos hostil à ambiência na
UTI, já que as unidades intensivas, por si só já têm uma rotina rígida para
permanência de familiares junto ao seu ente querido. As visitas abertas possibilitam
essa flexibilidade de horários e aumentam o tempo de contato da família com
paciente, bem como viabiliza a visitas de outros membros da família que não tem
como comparecer a visita naquele horário estabelecido em função de trabalho ou
residirem em outras cidades.
4.2 Grupo de Apoio a Familiares
A apreensão de sentimentos expressos na relação profissional-família
contribui significativamente para o alívio de tensões, além de favorecer maior
aproximação da equipe com os familiares do hospitalizado. Acreditamos que o grupo
23
de apoio permite essa apreensão por meio da equipe interdisciplinar e de que forma
poderá trabalhar esses sentimentos.
No quadro 2, estão descritos as produções científicas que versam sobre
grupo de apoio a familiares, bem como se dá sua dinâmica de funcionamento.
Quadro 2 - Artigos relacionados à estratégia Visita Grupo de Apoio a
Familiares
AUTORIA/
ANO
BEUTER et
al.(2012)
REVISTA/
LOCAL
TÍTULO DO
ARTIGO
CONSIDERAÇÕES/
TEMÁTICA
Esc. Anna
Nery, RJ
Dialética do cuidado
humanizado na UTI:
contradições entre o
discurso e a prática
profissional do
enfermeiro
O saber cuidar tem estreitado os
vínculos
interpessoais
para
minimizar
as
condições
de
sofrimento
físico/mental
de
indivíduos.
SARATO et al.
(2010)
Psicologia
em Estudo,
Maringá,
Cuidar e ser cuidado
pelo grupo de apoio
protege
OLIVEIRA et
al. (2010)
Rev. Esc.
Enferm, USP
Grupo de suporte
como estratégia
para acolhimento de
familiares de
pacientes em
Unidade de Terapia
Intensiva
O trabalho com o grupo permite não
só a reflexão pessoal em busca de
um melhor posicionamento diante
dos problemas do cotidiano, mas
também
o
fortalecimento
do
sentimento de fazer parte de um
coletivo onde foi possível trocar
experiências e verbalizar.
Grupo de Suporte formado por uma
equipe
multidisciplinar,colaboram
para construção da assistência
humanizada como estratégia de
atendimento às necessidades dos
familiares.
O grupo é um recurso que pode ser
usado pelos profissionais de saúde
SANTOS et al.
Acta Paul
Fatores terapêuticos para acolher a família no contexto
(2012)
Enferm, SP
em grupo de suporte hospitalar. Contudo, a competência
técnica necessária para coordenar
na perspectiva da
coordenação e dos grupos e a supervisão e assessoria
membros do grupo de um profissional especializado na
área nas primeiras atuações.
Fonte: Elaborado pelo pesquisador elaborado pelo pesquisador com base nos dados e
resultados da pesquisa, 2014.
Beuter et al. (2012) ressaltam que a realização de grupos de apoio é
apontada como uma estratégia importante, pois possibilita o compartilhamento de
sentimentos e vivências entre as familiares e oportuniza o esclarecimento de
24
dúvidas sobre as condições do doente e seu tratamento com os profissionais de
saúde.
Percebemos que a participação nos grupos é uma possibilidade de receber o
apoio não só, dos profissionais da saúde, mas de outros familiares que vivenciam as
mesmas situações, tendo assim, um espaço para troca de experiências e
fortalecimento.
Segundo Sorato et al. (2010), o grupo deve contar com uma equipe
multidisciplinar que presta assistência integral, atuando no suporte emocional, social
e informativo. O número de participantes varia devido a fatores como a morte de
pacientes, alta hospitalar e aceitação do familiar em participar do grupo. O
recrutamento para o grupo ocorre através de cartazes espalhados pela unidade e
convites feitos pelos profissionais.
A equipe multidisciplinar envolvida no grupo de apoio precisa de habilidades e
ações para construir uma relação terapêutica profissional - família, para que á
medida que o envolvimento e estreitamento da relação aconteçam, haja por parte do
familiar confiança e os profissionais tornem-se referência.
Oliveira et al. (2010) informam que utilização de grupos de suporte/apoio
requer a criação de um ambiente (setting) em que seus integrantes possam
compartilhar suas experiências
e
sentimentos com
a
certeza
de
serem
compreendidos pelos outros participantes. O trabalho com grupos pode ser uma
estratégia eficiente para a assistência, atendendo as necessidades de informação,
orientação e suporte psicológico.
A instituição hospitalar tem uma importância no momento da internação até a
alta, oferecer uma estrutura voltada para assistência à saúde, entretanto, também
deve apresentar às famílias alternativas de enfrentamento. Estabelecendo uma
relação de confiança entre equipe-família e esclarecendo dúvidas e auxiliando os
familiares aceitarem a permanência hospitalar do paciente crítico.
Para que o grupo cumpra seu objetivo é necessário definir competências dos
componentes da equipe no que tange as habilidades cognitivas, afetivas, sociais,
técnicas, entre outras, para atender as reais necessidades dos participantes.
Oliveira et al. (2010) informam que no planejamento das sessões do grupo,
podem ocorrer em três fases básicas e subsequentes. São elas:
1ª Fase - acolhida/apresentação dos participantes: os
participantes são recepcionados pelos coordenadores na porta
25
da sala onde o encontro se realiza, dando-lhes boas-vindas e
convidando-os a se acomodarem.
2ª Fase - informações e orientações: são apresentados temas
para discussão giram em torno de informações sobre a UTI,
aspectos sobre os quais eles tinham dúvidas e formas de
enfrentamento da situação. Podemos citar como exemplo: a
forma de agir diante do paciente doente (posso tocar, beijar),
desconhecimento sobre a UTI, medo da morte e dificuldade em
aceitar as coisas da vida, informações sobre saúde, entre
outros temas.
3ª
Fase
encerramento/avaliação
do
encontro:
independentemente da técnica usada, a avaliação dos
familiares sobre sua participação no grupo tem que haver para
analisarem se os objetivos proposto pela sessão foi alcançados
na fala dos próprios componentes.
Santos et al. (2012) ressaltam que não existem receitas e técnicas infalíveis
para a construção do atendimento grupal, mas cabe ao coordenador estar atento às
nuances do campo grupal e deve favorecer a interação efetiva entre os participantes
e ser capaz de trabalhar os fatos e fenômenos ocorridos durante a sessão grupal,
devolvendo-os ao grupo de forma a proporcionar uma melhor compreensão do
processo saúde doença favorecendo melhora na qualidade de vida de seus
membros.
Oliveira et al. (2010) acrescentam que no plano, a técnica de exposição
verbal, com estímulo à participação de todos, pode ser a de escolha para a fase de
informações e orientações, enquanto nas etapas de acolhida/apresentação dos
membros e de encerramento/avaliação do encontro, as técnicas seriam variadas a
cada sessão.
A dinâmica de grupo oportuniza o compartilhamento de emoções e
experiências, possibilitando a interação e integração dos componentes, contribuindo
assim para autoconfiança das pessoas que vivem situações semelhantes em um
ambiente propício ao compartilhamento. Além disso, permite o profissional de saúde
não só o dever de ter cumprindo procedimentos e rotinas habituais, mas a satisfação
de ver os familiares superando a negatividade da hospitalização de ente seu.
Diante o exposto, notamos que o grupo de apoio á família é valioso recurso á
disposição dos profissionais de saúde da UTI quando planejado e estruturado com
componentes conscientes da importância do suporte emocional para os familiares e
auxiliando no gerenciamento de seus conflitos mediante internação de seu familiar
criticamente enfermo.
26
4.3. Ludoterapia e Atividade ocupacional como cuidado
A Ludoterapia e a atividade ocupacional são alternativas terapêuticas que
amenizam o sofrimento e possibilitam um regaste a sociabilidade que fica
comprometida em virtude da hospitalização.
O presente quadro traz os trabalhos científicos usados para elaboração e
fundamentação da presente estratégia.
Quadro 3 – Artigos relacionados à estratégia Ludoterapia e Atividade
ocupacional como cuidado
AUTORIA/
ANO
BEUTER et
al.(2012)
REVISTA/
LOCAL
Esc. Anna
Nery, RJ
BEUTER;
ALVIM (2010)
Anna
Nery, RJ
BERGOLD;
ALVIM (2009)
Esc. Anna
Nery Rev.
Enferm ,RJ
CAMARGO
(2009)
COSTA;
BARROS
(2009)
Escola de
Enfermagem
de Ribeirão
Preto/USP
Colloquium
Vitae, SP
TÍTULO DO
ARTIGO
Dialética do cuidado
humanizado na UTI:
contradições entre o
discurso e a prática
profissional do
enfermeiro
Expressões lúdicas
no cuidado
hospitalar sob a
ótica de enfermeira
A música
terapêutica como
uma tecnologia
aplicada ao cuidado
e ao ensino de
enfermagem
A saúde em cena: o
teatro na formação
do enfermeiro
Ginástica como
atividade
motivacional
CONSIDERAÇÕES/
TEMÁTICA
O saber cuidar tem estreitado os
vínculos
interpessoais
para
minimizar
as
condições
de
sofrimento
físico/mental
de
indivíduos.
A perspectiva lúdica abre a
possibilidade de as enfermeiras
transgredirem
o
instituído
e
transformarem o cotidiano do
cuidado pelo bom humor e
descontração, tornando o convívio
acolhedor.
A musica constituiu estratégia de
cuidado, pois promoveu conforto,
ludicidade, expressão emocional e
integração entre os clientes e destes
com o ambiente hospitalar.
Teatro é um meio alternativo que
permite o desenvolvimento da
sensibilidade, da reflexão, da crítica
na compreensão da realidade.
A ginástica laboral é capaz de
proporcionar satisfação, alegria e
bons relacionamentos interpessoais.
Fonte: Elaborado pelo pesquisador elaborado pelo pesquisador com base nos dados e
resultados da pesquisa, 2014.
27
AUTORIA/
ANO
TÍTULO DO
ARTIGO
CONSIDERAÇÕES/
TEMÁTICA
A música como
recurso no cuidado
à criança
hospitalizada: uma
intervenção possível
Grupo de familiares
acompanhantes de
pacientes
hospitalizados:
estratégia de
intervenção da
Terapia Ocupacional
em um hospital geral
A terapêutica
artística
promovendo saúde
na instituição
hospitalar
Música como recurso utilizado no
espaço hospitalar como uma
intervenção e cuidado para aliviar as
tensões emocionais.
REVISTA/
LOCAL
FERREIRA;
REMEDI;
LIMA(2006)
Rev.Bras.
Enferm, RJ
DAHDAH et al.
(2013)
Cad. Ter.
Ocup.
UFSCar, São
Carlos
Intervenção
ocupacional
para
promover acolhimento e possibilitar
espaço para o familiar se expressar
e compartilhar em grupo seus
conflitos.
Revista
A arte adapta-se ao hospital, dessa
Interdisciplin
forma, o setor hospitalar, seus
ar
de
profissionais
e
pacientes
se
MELO (2007)
Estudos
beneficiam com a introdução da
Ibéricos e
terapêutica artística por meio de
Iberoprofissionais
capacitados
Americanos.
especializados.
Juiz de Fora,
MG
Fonte: Elaborado pelo pesquisador elaborado pelo pesquisador com base nos dados e
resultados da pesquisa, 2014.
Beuter et al. (2012) ressaltam que o lúdico apresenta-se como uma
possibilidade de transformar o ambiente hospitalar em um espaço acolhedor. Beuter
e Alvim (2010) destacam que lúdico pode expressar-se na utilização de suportes
materiais: revista, jornais, aparelha de televisão, rádio e outros. Consideramos,
assim, que o lúdico tanto tem sua materialidade em um objeto, como jogo, aparelho
de televisão, rádio ou som, quanto é manifestado através do sorriso, do toque, do
diálogo das pessoas em interação.
Uma relação interpessoal pressupõe conhecer os sentimentos alheios para
um envolvimento afetivo com o outro para que haja interação e a parte fragilizada
tenha o suporte necessário para o enfretamento da situação conflitante. Nesta
perspectiva, acredita-se que a ludicidade estabelece uma aproximação profissional
com familiar, para que este consiga extravasar suas angústias através de atividades
prazerosas, contribuindo assim para bem-estar emocional e espiritual.
Ao inserir no contexto hospitalar, a música, a arte, o teatro entre outras
atividades lúdicas acreditou que essas estratégias são formas de relacionamento
28
como meio de cuidar, de otimização e promoção de bem-estar para os familiares,
auxiliando-os no gerenciamento de suas angústias.
De acordo com Bergold e Alvim (2009), o uso da música terapêutica como um
recurso para o cuidado potencializa bem-estar, expressão das emoções e
compartilhamento de experiência, provoca percepção visual, atividade motora
sensorial, além da expressão de diferentes emoções, o que promove o relaxamento.
O efeito da música sobre as emoções depende seleção de ritmos adequados
para o contexto e profissional que saiba conduzir o processo musicoterápico, já que
a música como estratégia visa promover alívio das tensões emocionais e físicas dos
indivíduos que estão envolvidos.
Nesta perspectiva, Ferreira, Remedi e Lima (2006) ressaltam que a música, é
uma intervenção de baixo custo, não farmacológica e não invasiva, pode ser
empregada
no
espaço
hospitalar
visando
promover
os
processos
de
desenvolvimento e a saúde da família e dos trabalhadores.
Outra atividade lúdica usada é o teatro, que adequa comunicação,
expressividade,
dramatização
e
aprendizagem
para
enriquecer
as
ações
socioeducativas, que assumem papel de estratégia no processo de cuidar do familiar
do paciente gravemente enfermo.
Camargo (2006) esclarece que dentre as estratégias lúdicas, o teatro
humaniza a prática, pois contempla os sentimentos, as sensações e a intuição, tanto
quanto a razão. Melo (2007) acrescenta que as artes visuais, em suas diversas
técnicas e aplicações e/ou a arte da dramatização podem contribuir para promover a
saúde, em todas as suas dimensões e significados.
As atividades lúdicas que propiciem prazer demonstram ser uma estratégia
que minimiza negatividade da hospitalização e estimula a inter-relação entre
familiares e profissionais da equipe de saúde. As atividades sejam individuais ou
grupais sob a orientação de terapeutas ocupacionais e com apoio de uma equipe
interdisciplinar assumem relevância no cuidar da família enquanto seu familiar
permanece internado.
No que tange a terapia ocupacional, Dahdah et al. (2013) asseveram que na
terapia ocupacional são formados grupos nos quais são realizadas basicamente
atividades expressivas, produtivas, corporais e de lazer. As primeiras são utilizadas
com o intuito de acessar os conteúdos internos dos participantes pela concretização
dos sentimentos não expressos pela fala. Já as produtivas (decóupage em madeira,
29
bijuteria, pintura em tecido, etc.) têm como objetivo a retomada do sentimento de
utilidade e a motivação dos participantes que, através do fazer, descobrem novos
caminhos para solucionar os problemas enfrentados.
A equipe interdisciplinar pode está lançando mãos de materiais de fácil
acesso como: garrafa peti, papel, caixa de ovo, palitos de picolé, frasco de soro,
ente outros, como recurso material para as atividades ocupacionais produtivas.
Dahdah et al (2013) acrescentam que nas atividades corporais são aquelas
em que o corpo é o objetivo e o objeto da intervenção, possibilitando voltar o olhar
do participante para o seu próprio corpo e para a sua saúde; os alongamentos e os
relaxamentos bons exemplos dessas atividades.
As atividades corporais além de promover relaxamento físico, promovem a
descontração e interação entre as pessoas, pode ser uma prática coletiva. Além
disso, age psicologicamente, auxiliando no bem-estar e motivação.
Neste contexto das atividades corporais, Costa e Barros (2009) esclarecem
que a ginástica laboral contribui na promoção da saúde física, favorece o
desenvolvimento de relacionamentos interpessoais e possibilita a melhora de
aspectos psicológicos. Gerando satisfação, aliviando as dores, melhora do humor e
reduz o nível de ansiedade.
Atividades ocupacionais amenizam o estresse, reforçam a autoestima e
melhoram as relações interpessoais no ambiente hospitalar, por possibilitarem uma
interação acolhedora entre a equipe profissional da UTI, os familiares e outros atores
socais, e proporcionam bem estar físico, mental, social e espiritual.
Acreditamos que a ludoterapia e a atividade ocupacional são estratégias que
podem ser usadas pelos profissionais intensivistas como meio de promover
relaxamento através liberação de tensões psicofísicas através de recursos com: a
música, teatro, trabalhos manuais e a ginastica laboral. Oportunizando aos familiares
momentos de descontração, de envolvimento e de prazer no contexto hospitalar.
4.4 Coping Religioso/ Espiritual
A espiritualidade é uma dimensão essencial da existência do ser humano. A
sua relevância no contexto de saúde está relacionada com adaptação a situações
difíceis, por proporcionar maior aceitação, firmeza e segurança para enfrentar as
adversidades da vida.
30
O quadro 4 consta os autores usado na presente estratégia socioeducativa.
Quadro 4 – Artigos relacionados a estratégia Coping Religioso/ Espiritual
AUTORIA/
ANO
DREFFS et al.
(2013)
SPOHR( 2013)
SCHLEDER et
al. ( 2013)
REVISTA/
LOCAL
Revista
Ciência &
Saúde, Porto
Alegre, RS
Cogitare
Enferm, PR
Acta Paul
Enferm, SP
TÍTULO DO
ARTIGO
Mecanismos de
coping utilizados por
familiares de
pacientes em terapia
intensiva.
Sentimentos
despertados em
familiares de
pessoas internadas
na unidade de
terapia intensiva
Espiritualidade dos
familiares de
pacientes internados
em unidade de
terapia intensiva
SANTOS;
SOUSA (2012)
Acta Paul
Enferm, SP
Fatores terapêuticos
em grupo de suporte
na perspectiva da
coordenação e dos
membros do grupo
PANZINI;
BANDEIRA
(2007)
Rev. Psiq.
Clín, SP
Coping
(enfrentamento)
religioso/espiritual
PISKE et al.
(2013)
CONSIDERAÇÕES/
TEMÁTICA
Aborda os mecanismos de coping
utilizados por
familiares
para
enfrentar a internação hospitalar
familiar.
Evidencia os sentimentos, tais como
medo, separação, insegurança,
entre outros, despertados pelos
familiares em relação ao ambiente e
aos profissionais de saúde.
Religião e espiritualidade podem
estar presentes no momento de uma
situação de hospitalização em uma
UTI em razão do medo do desconhecido e do desfecho.
O grupo é um recurso que pode ser
usado pelos profissionais de saúde
para acolher a família no contexto
hospitalar. Contudo, a competência
técnica necessária para coordenar
grupos e a supervisão e assessoria
de um profissional especializado na
área nas primeiras atuações.
Coping Religioso/Espiritual estar
associado tanto a estratégias
orientadas para o problema quanto
para a emoção, bem como à
liberação de sentimentos negativos
relacionados ao estresse.
Os grupos equipe multidisciplinar
proporcionam um enfrentamento das
dificuldades, fortaleceram
a identidade do familiar, mostraramse efetivos em solucionar problemas
relacionados à hospitalização.
Revista
Grupo de apoio para
Psicologia:
acompanhantes de
Teoria
e crianças internadas
Prática, SP
em uma unidade
pediátrica
Fonte: Elaborado pelo pesquisador elaborado pelo pesquisador com base nos dados e
resultados da pesquisa, 2014.
31
Às vezes, a equipe interdisciplinar da UTI acredita que a assistência que
envolva o aspecto emocional e espiritual dada aos familiares é de exclusividade de
profissionais específicos, tais como assistentes sociais e psicólogos. Entretanto,
segundo Spohr et al. (2013), torna-se necessário que os profissionais de saúde
possuam, além de habilidades técnicas, um olhar diferenciado com relação aos
familiares, no sentido de compreendê-los enquanto seres biopsicossociais que se
encontram fragilizados e ansiosos com a situação da internação.
Acreditamos que quando o profissional de saúde da importância a
espiritualidade, esta poderá assumir aspecto de estratégia num contexto em que as
pessoas podem encontrar um sentido para a vida, ter esperança e estar
tranquilidade mesmo em meio de
acontecimentos mais graves como a
hospitalização de um ente querido.
Para Schleder et al. (2013), dar assistência espiritual pode ser algo complexo,
portanto, apenas identificar as necessidades espirituais e encaminhar aos líderes
religiosos presentes nos hospitais pode ser um primeiro passo à assistência
individualizada e humanizada desses familiares. Os profissionais da área da saúde
deveriam preocupar-se com a inserção real da assistência espiritual na rotina de
cuidados.
Além da dificuldade técnica para assimilar as informações, os familiares
encontram ainda em situação de grande desgaste emocional. Levando em
consideração esse aspecto, o uso de estratégias de enfrentamento que levem em
conta o aspecto espiritual estreita a relação profissional-família auxiliando os
familiares a se adaptarem as situações adversas advindas da internação de seu
ente querido e da rotina imposta. Neste contexto, a estratégia de enfrentamento
chamada de Coping se mostra uma ferramenta que a equipe multidisciplinar da UTI
dispõe para ajudar a família a vivenciar a hospitalização com menos sofrimento.
Santos e Sousa (2012) asseveram que a espiritualidade permite a
redução/gestão da sensação de perda de controle e esperança; pode ser um
recurso de coping; ajuda na aceitação da doença, segurança e otimismo face ao
tratamento; e prepara para a ideia de finitude.
A espiritualidade oferece à pessoa uma estratégia para lidar com os desafios,
gerando menor estresse. Toda instituição de saúde deve estar atenta às
necessidades religiosa-espirituais dos familiares e dos pacientes criticamente
enfermos auxiliando, assim, no enfretamento do adoecimento e de hospitalização.
32
Panzin e Bandeira (2007) definem Coping como o conjunto de estratégias,
cognitivas e comportamentais, utilizadas pelos indivíduos com o objetivo de manejar
situações estressantes.
O suporte espiritual tem intuito de propiciar aos familiares condições de
expressarem seus sentimentos e emoções, e, assim, enfrentarem melhor a
experiência em que se encontram. Acreditamos que o familiar poderá fortalecer a
sua fé e esperança quando são transmitidas palavras de apoio espiritual aliadas a
tecnologias leves de acolhimento, vinculo e escuta sensível.
Dreffs et al. (2013) informam que existem dois tipos principais de coping: o
coping centrado na emoção corresponde a estratégias que derivam de processos
defensivos, com o objetivo de modificar o significado de determinada situação. Esta
estratégia faz com que os indivíduos evitem confronto com situações que gerem
ameaça e realizem uma série de manobras cognitivas como fuga, distanciamento,
aceitação, entre outras, na tentativa de amenizar os estressores. Já coping
focalizado no problema as estratégias estão direcionadas para a realidade,
consideradas formas de enfrentamento mais adaptativas, pois possibilitam modificar
as pressões ambientais e até eliminar estressores.
O profissional da saúde através da escuta sensível e de qualidade percebe e
lida com as emoções, os sentimentos, as crenças e os valores dos familiares, dando
abertura para a formação de um vínculo de confiança entre profissional-família.
Conforme Piske et al. (2013), o planejamento do grupo deve ser flexível,
podendo ser modificado a partir da demanda de seus integrantes. De maneira geral,
os grupos se compõem de três etapas:
1) Apresentação:apresentação de coordenadores, elucidação
dos objetivos do grupo, tais como: oferecer um espaço de
escuta, acolhimento, orientação e compartilhamento de
sentimentos e vivências relacionados à hospitalização ou
outras questões relativas ao momento de vida atual dos
participantes; e apresentação dos participantes.
2)Desenvolvimento da dinâmica: consta de atividades
mobilizadoras propostas pelos coordenadores para facilitar a
expressão dos sentimentos, a comunicação e a interação entre
os participantes.Desenvolvem-se dinâmicas adaptadas ao
contexto, às características dos participantes e aos objetivos do
grupo. Tais como: Palavras mobilizadoras - palavras escritas
em cartelas, cujo objetivo é auxiliar o participante a identificar
seus sentimentos, estimulando-os a falar sobre seu estado
emocional. Após a identificação dos sentimentos pelos
participantes, os coordenadores auxiliarão a buscarem outra
33
forma de polaridade do sentimento, ajudando-os a
contemporizar suas angústias e relativizar suas vivências.
Dinâmica - que apresentada meios de auxiliar os componentes
do grupo a expressar as suas necessidades e trabalhar as
possibilidades e estratégias concretas de alcançar o que
desejavam. Individualidade/identificação com o outro - tratase de uma dinâmica de caráter projetivo em que se utilizam
gravuras diversas. Nessa dinâmica, os integrantes escolhem
uma figura entre várias que os coordenadores dispõem sobre
uma mesa e falam sobre o que a gravura suscitava. Tem como
finalidade auxiliar na elaboração das vivências de cada um,
bem como propiciar uma reflexão sobre o processo de escolha
e de atribuição de significados às experiências de acordo com
os próprios valores
3) Momento de avaliação: momento de reflexões sobre as
percepções dos participantes acerca do que foi discutido e
compartilhado, bem como levantamento de críticas e sugestões
para os próximos encontros.
Compreendemos
que
os
efeitos
positivos
coping
religioso/espiritual
estimularam a manutenção da esperança nas pessoas. Que seu uso como
estratégia colabora na construção de uma prática assistencial acolhedora e
humanizada aos familiares de paciente gravemente enfermo. A espiritualidade como
dimensão da condição humana, está inserida nas práticas cuidadoras bem
sucedidas proporciona aos envolvidos no contexto da assistência, outras formas se
reflexibilidade, flexibilidade e entendimento mútuo.
34
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A revisão integrativa da literatura disponível sobre a relação entre
profissionais e familiares de pacientes internados em Unidades de Tratamento
Intensivo (UTI) permite traçar considerações sobre as estratégias socioeducativas
que contribuem na interação entre profissionais e familiares. A investigação das
estratégias que a equipe interdisciplinar dispõe para auxiliar na sua relação com os
familiares mostram-se como ferramenta importante que facilita aos intensivistas
compreender a necessidade de estender os cuidados aos familiares.
Os resultados evidenciaram que é preciso adotar outros modelos de cuidar
que valorizem o processo de interação não só com os pacientes em estado grave,
mas também com seus familiares, considerando-os como parte integrante das
práticas cuidadoras. Faz-se necessária a criação de espaços nas instituições
hospitalares a fim de ajudar a equipe interdisciplinar a lidar com emoções dos
familiares mediante hospitalização de seu ente querido
As evidências disponíveis confirmam a aplicabilidade das estratégias
socioeducativas, tais como visita aberta, grupo de apoio para familiares, ludicidade e
atividade ocupacional como cuidado, coping religioso/espiritual. A literatura salienta
a importância de se implementar tais estratégias como cuidado com familiares que
enfrentam a separação de seu familiar e submissão a uma rotina das unidades
intensivas.
A visita Aberta amplia o acesso para os familiares de forma a garantir o
contato com o paciente gravemente enfermo não somente na hora de vista
estabelecida pela instituição. Essa flexibilidade no horário permite que familiares que
não podem está presente no momento da visita em detrimento de questões
particulares possam ter a oportunidade de está com seu ente querido.
O adoecimento e internação acabam por tirar as pessoas da sua rotina e do
convívio com familiares. Faz-se necessário acolhimento e práticas socioeducativas
na assistência ao familiar durante a internação. Nesta perspectiva, o grupo de apoio
favorece a integração da equipe interdisciplinar e família, dando a possibilidade de
ações
cuidadoras,
experiência,
de
aprendizado,
promovendo
hospitalização.
novos
socialização,
significados
aos
de
compartilhamento
sentimentos
diante
de
da
35
A ludicidade e atividade ocupacional como cuidado assumem importante
papel de interação na relação entre os intensivistas e família de paciente
gravemente enfermo. Possibilitam desenvolver saberes de forma dinâmica com o
intuito de interagir e intervir de maneira contextualizada e prazerosa favorece o
relaxamento e melhora o estado psicológico, social, laborativa e de lazer dos
familiares.
A espiritualidade é aspecto importante na dimensão humana e deve fazer
parte do cuidado da equipe profissional da UTI. Neste contexto, coping
religioso/espiritual mostra-se como recurso útil nas práticas cuidadoras direcionadas
á família por reduzir os sofrimentos emocionais vivenciados pela família e possibilitar
uma nova forma de enfretamento do adoecimento e hospitalização, pelo
fortalecimento da espiritualidade e diminuição da tensão emocional.
Consideramos
que
a
elaboração
e
implantação
de
estratégias
socioeducativas destinadas à interação profissional-família promovem um cuidado
as necessidades de familiares que se apresentam, tomam forma e expressividade.
Esperamos que este estudo provoque reflexão sobre a importância da
interação entre intensivistas e familiares de pacientes graves, e que as estratégias
socioeducativas evidenciadas sensibilizem, oportunizem e fortaleçam a relação
profissional-família.
36
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internado na unidade de terapia intensiva. Rev Bras Enferm, Brasília. 62,n.6,
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