ECONOMIA E GESTÃO DO SETOR PÚBLICO MÓDULO 10 O SISTEMA FEDERATIVO E DESCENTRALIZAÇÃO Índice 1. O Sistema Federativo e Descentralização ......................3 1.1. Modelos de descentralização ........................................ 4 2 Economia e Gestão do Setor Público - Módulo 10: O Sistema Federativo e Descentralização 1. O SISTEMA FEDERATIVO E DESCENTRALIZAÇÃO O sistema federativo brasileiro tem a estrutura de três esferas; é composta por uma esfera federal, 27 estaduais e 5.564 municipais. O Brasil é um país continental, divido em cinco regiões (norte, nordeste, centro-oeste, sudeste e sul), e cada uma delas exerce seu poder junto à esfera federal por recursos orçamentários. É dentro desse contexto que temos a questão da centralização versus a descentralização, isto é, o poder de decisão da esfera federal e das esferas subnacionais (estados e municípios). Porém, o que é melhor? Centralizar ou descentralizar? Para responder essas questões, temos que fundamentar através da teoria econômica para podermos embasar de forma coerente e eficiente a melhor forma de implantar e implementar as políticas públicas. Descentralizar é determinar qual esfera de governo pode administrar de forma mais eficiente os impostos, os gastos, as transferências, a regulação e outras funções públicas. Dentro dos fundamentos teóricos e as razões da descentralização, temos: a) Fatores econômicos, que cuidam da alocação de recursos mais eficientes, que é o principal objetivo da descentralização. Então temos dentro da descentralização a função alocativa, cujos bens e serviços públicos espalhados pelo país devem ser fornecidos pelo governo central, e aqueles limitados geograficamente devem ser de responsabilidade dos estados e municípios, em que (...) a oferta dos serviços públicos como administração, controle do trânsito e manutenção de parques e jardins, que beneficiam principalmente à população local, deveria ser financiada pela cobrança de impostos locais, de forma a garantir que o eleitorado se envolva no processo de descentralização. Havendo uma superposição entre as esferas governamentais no fornecimento de alguns serviços públicos, como os associados à saúde e à educação, seu financiamento deveria ocorrer em parte a partir das transferências do governo central (Giambiagi, 2001, p. 307). b) Fatores culturais, políticos e institucionais, em que temos a descentralização como um instrumento de maior integração social, em que se busca o envolvimento dos cidadãos nos rumos do desenvolvimento local e da comunidade. Por exemplo, o Orçamento Participativo em algumas cidades brasileiras que tem o objetivo de determinar o orçamento em função das necessidades locais e, ao mesmo tempo, dar transparência nas ações governamentais. Observação: a experiência internacional demonstra que a descentralização surgiu para contrapor sistemas centralizadores de poder e 3 Economia e Gestão do Setor Público - Módulo 10: O Sistema Federativo e Descentralização recursos fiscais no nível de governo federal, buscando dar maior autonomia aos estados e municípios, elevando a participação política e econômica dessas duas esferas, além de fortalecer a governabilidade e as instituições políticas. c) Fatores geográficos, que contextualizam o Brasil como um país continental, o que leva a descentralização a gerar ganhos de eficiência ao atender às demandas de certo tipo de bens e serviços públicos por parte da população local. Mesmo em cidades, o caso da implantação e implementação de subprefeituras têm esse objetivo e fundamento. Observação: as cidades que ofertarem melhores sistemas de educação, saúde, saneamento básico, entre outras políticas públicas voltadas para a manutenção do bem-estar econômico e social serão os locais com maiores possibilidades de receber investimentos internos e externos dentro do contexto globalização. 1.1. MODELOS DE DESCENTRALIZAÇÃO A descentralização possui dois modelos, sendo eles: a) o modelo do principal agente, o contrato entre governo central, estados e municípios, em que primeiro faz transferências e as esferas subnacionais ofertam bens e serviços públicos; b) o modelo da eleição pública, cuja participação cidadã pelo voto controla o desempenho político na geração de bens e serviços. Há críticas aos modelos de descentralização, devido à mesma possibilitar à autonomia subnacional que, diante de problemas nacionais, possa não perseguir os mesmos objetivos da esfera federal. Exemplo: o Instituto do Coração (INCOR) não pode ser financiado com recursos descentralizados, pois a oferta seria insuficiente para toda a população. Diante das controvérsias, há, em alguns casos, a centralização, que permite as economias de escala e melhor coordenação do setor público para atingir seus objetivos nacionais. Ao fazer uma simulação com os conceitos apresentados, temos: a) na função alocativa ao melhorar na provisão e alocação de recursos, que, por sua vez, melhora o bem-estar local, poderá acarretar em migrações para a cidade em questão, elevando os seus custos em infraestrutura para a prefeitura local; b) na função distributiva podemos ter o mesmo movimento apontado no item “a”, em que a implementação de programas de transferência de renda também pode resultar em migrações e elevação dos custos sociais para a prefeitura local. 4 Economia e Gestão do Setor Público - Módulo 10: O Sistema Federativo e Descentralização Quando uma região é mais generosa que outra, há forte migração de famílias com baixa renda, tornando os programas redistributivos custosos e insustentáveis para os municípios. Observação: no Brasil, as regiões têm diferentes capacidades de arrecadação prévia de recursos. Sendo assim, a descentralização favorece municípios com forte base econômica e, ao mesmo tempo, favorece municípios com uma base fraca para receber mais transferências para ofertar mais bens e serviços públicos, igualando às outras regiões; c) na função estabilizadora temos a autonomia subnacional não alinhada aos objetivos nacionais que podem prejudicar os objetivos de estabilização econômica do governo federal. Observação: a descentralização pode não ser eficiente quando recai sobre locais sem a capacidade técnica mínima para operar os recursos e implantar a metodologia exigida pelo projeto em questão. Entretanto, há fatores positivos pelo fato de a descentralização levar a concorrência entre as esferas de governo de forma vertical e horizontal, podendo tornar a alocação de recursos mais eficiente e equitativa via apresentação de projetos por incentivos, transferências, além de investimentos públicos e privados, resultando em uma maior eficiência do sistema econômico. 5 Economia e Gestão do Setor Público - Módulo 10: O Sistema Federativo e Descentralização