implantação da qualidade na atenção em saúde: o papel do

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IMPLANTAÇÃO DA QUALIDADE NA ATENÇÃO EM SAÚDE: O PAPEL DO
1
ENFERMEIRO
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BRUM, Jane Lilian Ribeiro ; GABATZ, Ruth Irmgard Bärtschi ; ALMEIDA, Anelise Schell
RESUMO
Trata-se de um relato de experiência sobre o papel do enfermeiro na implantação da
qualidade na atenção em saúde, apresentando uma conexão entre a prática vivenciada no
cotidiano do serviço público na assistência primária e a literatura produzida sobre o tema.
Objetiva-se com esse trabalho oportunizar a discussão e a reflexão sobre a importância do
enfermeiro nos processos de gestão e avaliação nos serviços de saúde. A qualidade está
sendo cada vez mais cobrada no setor da saúde de forma que se exige do profissional
enfermeiro que ele seja capaz de atender as demandas que se impõem cotidianamente.
Assim, faz parte da função do enfermeiro coordenar as atividades assistenciais e gerenciais
a fim de melhorar a qualidade da assistência prestada. Nesse sentido, considera-se
imprescindível que a Enfermagem esteja engajada na construção de novas possibilidades,
trabalhando comprometida com o outro, e não visando apenas à mera realização de
técnicas de forma mecânica. A gestão da qualidade pode ser um passo inicial para gestão
por valores, estágio seguinte a implantação de projetos de qualidades, onde o indivíduo se
dá conta de sua importância no mundo do trabalho e sua correlação com a transformação
de padrões.
Palavras-chave: Enfermagem; Assistência à saúde; Avaliação da qualidade em saúde.
1
Trabalho de relato de experiência.
Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Professora do Curso de Bacharelado em Enfermagem da
SETREM(Três de Maio, RS). (SETREM).Enfermeira Assistencial da Prefeitura de Carazinho (RS).
E-mail:[email protected]
3
Enfemeira, Mestre em Enfermagem. Professora Assistente da Faculdade de Enfermagem da
Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). E-mail:[email protected].
4
Enfermeira, Mestre em Envelhecimento Humano. Docente e Coordenadora do Curso de
Enfermagem ULBRA Carazinho. E-mail: [email protected]
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1. INTRODUÇÃO
A enfermagem é uma profissão que está em constante ampliação, cada vez mais,
exige-se do profissional enfermeiro que ele seja capaz de atender as demandas que a
saúde impõe cotidianamente. Assim, é necessário buscar aprimoramento constante com
objetivo de melhoria na qualidade da assistência prestada à população.
A qualidade nos diversos níveis de atenção dos serviços de saúde deixou de ser
uma atitude isolada e tornou-se hoje um imperativo técnico. A sociedade está exigindo cada
vez mais a qualidade dos serviços a ela prestados. A garantia desta exige um preparo
profissional apurado e, em consequência, um melhor desenvolvimento técnico em que a
meta final de um programa de busca da qualidade deve ser a satisfação do usuário
mediante atenção sistemática, planejada, avaliada e gerenciada pelo enfermeiro1.
Assim, considera-se imprescindível repensar a forma como esse trabalho vem sendo
realizado, objetivando uma melhoria na qualidade da atenção à saúde oferecida.
Ressalta-se que, na organização do Sistema Único de Saúde (SUS), se fazem
necessárias e urgentes transformações no sentido de aproveitamento dos avanços da
tecnologia, traduzindo-se em mudanças nos comportamentos pessoais e sociais, impondo
novas formas de pensar, agir e relacionar-se, elevando princípios éticos no atendimento aos
usuários.
2. METODOLOGIA
O presente trabalho refere-se a um relato de experiência sobre o papel do enfermeiro
na implantação da qualidade na atenção em saúde em um município do planalto médio do
Rio Grande do Sul, traçando uma conexão entre a vivencia no cotidiano da assistência
primária e o referencial bibliográfico sobre a temática, visando contribuir com a práxis da
enfermagem e o gerenciamento da qualidade. Os dados referem-se ao período de janeiro
de 2009 a julho de 2011, período em que ocorreram as mudanças relatadas, a implantação
do concurso no município e a posse dos novos profissionais concursados.
3. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
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A qualidade também pode ser conceituada como a totalidade de características de
uma entidade (atividade, processo, produto), organização ou combinação destes, que lhe
confere a capacidade de satisfazer necessidades implícitas ou explícitas dos clientes e
demais partes interessadas1.
Para abranger o paciente/usuário de forma mais ampla, a qualidade deve ter
algumas características básicas, como: satisfação deste e dos profissionais de saúde; a
efetividade; a eficiência; a acessibilidade; a qualidade técnica dos profissionais e da
tecnologia disponível; a adequação caracterizada pela disponibilidade dos serviços
conforme a necessidade da população; e a continuidade do tratamento2.
Partindo desses pressupostos, entende-se que qualidade em saúde seja composta
por um conjunto de processos que resultam na melhoria de saúde dos indivíduos e
comunidade.
Para que se tenha qualidade na saúde, é importante que seja realizada uma
constante avaliação, a fim de dinamizar os serviços e corrigir erros de trajetória na
assistência. Observa-se que os sistemas de saúde orientados para a avaliação alcançam
melhores resultados em saúde; maior satisfação dos usuários; maior equidade em saúde e
menores custos e, portanto, melhor qualidade de vida para a população.
Na área da atenção básica, formou-se, em 2004, o Núcleo Coordenador de
Avaliação do Desempenho da Atenção Básica do Sistema Único de Saúde e em 2005, o
Departamento de Monitoramento e Avaliação foi implantado visando monitorar e avaliar a
atenção básica, instrumentalizando a gestão e fomentar/consolidar a cultura avaliativa nas
três esferas estatais em nível federal, estadual e municipal, do SUS3.
Observa-se que existem inúmeras ferramentas, instrumentos para avaliação da
qualidade, no entanto, isso não é vivenciado na prática dos serviços de atenção à saúde. O
que se vê na atuação cotidiana são filas intermináveis na busca pela assistência básica nas
unidades de saúde. Percebe-se que a prioridade não é por discussões que levem a um
planejamanento e implementação adequada dos programas, e sim, o foco está no
contentamento dos usuários com exames e consultas médicas.
A prática apresentada neste relato, demonstra que o enfermeiro, tem um papel
fundamental, nesta problemática, pois geralmente ocupa a posição de gerente nas
organizações dos serviços de saúde, está na ‘linha de frente’, podendo então sensibilizar o
gestor para a implantação da política de qualidade e avaliação da instituição e assim
escolher o instrumento que melhor se adapte às características do serviço, visando
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mudanças de paradigmas no modo de assistência a saúde, na tentativa de envolver os
gestores, trabalhadores e usuários.
A experiência vivenciada, em que uma das autoras atua junto a administração
municipal da saúde, modificou-se ao longo dos anos. Trabalhou-se com administrações
muito comprometidas e outras que menos comprometidas com a melhoria da qualidade na
assistência. Isso se deve ao fato que muitos gestores não possuíam conhecimento técnico
sobre a área da saúde e suas necessidades. Entretanto, também existiram experiências
exitosas, que foram muito gratificantes.
Nas experiências exitosas teve-se a possibilidade de implementar instrumentos para
a avaliação da qualidade na assitência, bem como melhorias da mesma. Por meio de
questionários de verificação da qualidade nos serviços prestados, diretamente aplicados aos
usuários desses serviços, bem como um sistema de registro de queixas nos serviços, com o
auxílio dessas ferramentas foi possível corrigir problemas e implantar mudanças
oportunizando melhorias na operacionalização dos serviços.
Uma grande mudança que acresceu muito na qualidade da assistência foi a
implementação de concurso para escolha do profissional enfermeiro que atua na assistência
primária a saúde. Anteriormente, ao concurso, os profissionais eram indicados, o que gerava
uma grande rotatividade destes, que mudavam a cada pleito político, já que cada
administração alterava os profissionais que ocupavam os cargos de enfermeiro. Com a
implementação de concurso público, ocorreu a garantia de permanência no cargo e maior
comprometimento dos profissionais com a assistência à saúde, sendo assim possível
investir em capacitações mais efetivas relacionadas a melhoria na qualidade e a
implementação de instrumentos de avaliação nos serviços.
A permanência dos profissionais enfermeiros também possibilitou que estes
conhecessem melhor suas comunidades de abrangência e suas reais necessidades de
saúde, oportunizando atuações mais específicas de acordo com o problemas de cada
população assistida. O trabalho em equipe multidisciplinar também teve um grande
crescimento, já que foi possível um maior entrosamento entre os membros da equipe e o
planejamento conjunto de ações para a melhoria na assistência à saúde da população.
A formação técnica e a vivência assistencial nas suas múltiplas facetas fazem do
enfermeiro um profissional diferenciado no contexto administrativo da saúde, pois este
conhece todos os pormenores dos processos funcionais e de apoio. Outro aspecto é sua
convivência e suporte com os demais membros à equipe multidisciplinar, que demonstra sua
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importância no contexto da saúde com grande potencial para as mudanças que se fazem
necessárias. O enfermeiro pode ser um ator importante na transformação do setor saúde,
fazendo com que a sociedade perceba o valor agregado e a qualidade do cuidado e dos
serviços prestados4.
4.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os serviços de saúde, independente da esfera estatal, pública ou privada necessitam
planejar e organizar as ações em saúde, visando melhor aproveitamento dos recursos
disponíveis, para que os objetivos propostos sejam alcançados.
É importante realizar ações para o desenvolvimento de um trabalho harmonioso,
organizado e de qualidade, para que a equipe de saúde consiga efetivar atividades em
todas as fases do ciclo de vida dos usuários, com resolutividade e humanização do serviço.
Baseada nessa realidade, acredita-se que a Enfermagem, em seu cotidiano, necessita estar
engajada na construção de novas possibilidades de um trabalho comprometido com o outro,
e não só fazer por fazer. A gestão da qualidade pode ser um passo inicial para gestão por
valores, estágio seguinte a implantação de projetos de qualidade, onde o indivíduo se dá
conta de sua importância no mundo do trabalho e sua correlação com a transformação de
padrões, cuidados com o meio ambiente e seu compromisso social na construção de outro
mundo possível.
Sugere-se a aplicação de instrumentos que possibilitem a gestão interna da
qualidade na sua plenitude e a institucionalização da avaliação, como forma de influenciar o
comportamento de gestores e da equipe de saúde, permitindo a análise das ações de saúde
e a gestão qualificada, de forma a organizar e reorganizar os serviços de saúde de forma
contínua.
Por fim, acredita-se que seja necessário trazer a temática da qualidade na saúde,
sua avaliação e implantação para o cotidiano vivenciado na saúde básica, já que muitos
profissionais que atuam nela não se sentem preparados para implantar melhorias na
assistência prestada à saúde da população.
REFERÊNCIAS
5
1. FUNDAÇÃO NACIONAL DA QUALIDADE. Conceitos Fundamentais da Excelência em
Gestão.
[Internet].
São
Paulo;
2010.
[citado
2011
jun
01].
Disponível
em:
http://www.fnq.org.br/site/377/ default.aspx.
2. Mendes SF. Avaliação da qualidade da assistência odontológica municipal da cidade do
Rio de Janeiro [dissertação]. Rio de Janeiro (RJ): Escola Nacional de Saúde Pública.
Fundação Oswaldo Cruz; 2006.
3. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
Básica. Avaliação para melhoria da qualidade da estratégia de saúde da família.
Brasília(DF); 2006.
4. Yamauchi NI. Qualidade gerencial do enfermeiro. In: Malagutti W, Caetano KC. Gestão do
Serviço de Enfermagem no Mundo Globalizado. Rio de Janeiro: Editora Rubio; 2009. p. 4159.
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