aspectos fisiológicos da atividade física em portadores de anemia

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GISELE FABRIS MOREIRA
LUIGI MARINO NETO
PRISCILA ADORNI FERNANDES
VALÉRIA FONTAINHA FICARELLI
ASPECTOS FISIOLÓGICOS DA ATIVIDADE
FÍSICA EM PORTADORES DE ANEMIA
FALCIFORME.
"Monografia apresentada ao Centro de Estudos de
Fisiologia do Exercício da
Disciplina de Neurofisiologia e Fisiologia
Endócrina na UNIFESP/EPM como
requisito parcial para obtenção do título de
especialista em Fisiologia do Exercício"
SÃO PAULO
2002
2
1- RESUMO
3
RESUMO:
A Anemia Falciforme é uma doença hereditária, que ocorre quase que
exclusivamente em indivíduos da raça negra ou em seus descendentes. É uma
patologia da hemoglobina que resulta da alteração, de natureza genética, de
um aminoácido da cadeia beta da globina, transmitida pelo cromossoma 11,
que alberga o gene mutante produzindo uma alteração na cadeia beta da
globina. A hemoglobina falcêmica decorre da alteração de apenas 1 dos 146
aminoácidos da beta globina, sendo a substituição da proteína glutamato pela
valina na sexta posição da cadeia beta da globina. Esta alteração da
composição química da globina produz profundas alterações nas propriedades
funcionais da hemoglobina resultante, que é chamada Hemoglobina S (HbS).
O objetivo deste trabalho é verificar os parâmetros fisiológicos durante
o exercício físico de uma pessoa que tenha Anemia Falciforme. Alguns
estudos comprovam que portadores da HbS devem praticar uma atividade
física moderada, de baixa intensidade. Outros autores dizem que crianças
devem fazer inclusive aulas de educação física sem restrições, como crianças
de hemoglobinas normais. Existe também a probabilidade de o exercício
físico intenso induzir a morte súbita, causada pela rabdomiólise, insuficiência
renal, do baço, etc. Apesar de ser uma revisão bibliográfica, ainda muitos
trabalhos necessitam serem feitos, pois há várias questões à serem discutidas.
4
SUMÁRIO:
1. RESUMO
02
2. INTRODUÇÃO
05
3. DESENVOLVIMENTO
10
3.1- A doença falciforme
12
3.2- Manisfestações da doença falciforme
13
3.3- Riscos do Exercício para a Doença Falciforme
15
3.4- Morte súbita relacionado com o exercício
17
3.5- Doença Falciforme e Altitude
19
3.6- Riscos e benefícios do exercício relacionado
com a doença falciforme
3.7- Respostas fisiológicas no exercício na doença falciforme
17
22
4. CONCLUSÃO
25
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
27
5
2- INTRODUÇÃO
6
INTRODUÇÃO:
Nas últimas décadas houve uma grande divulgação em todo o mundo
sobre os benefícios da prática de atividades físicas para a promoção e a
manutenção da saúde.
Por definição, "atividade física consiste em todo movimento corporal
produzido pela musculatura esquelética, resultando em gasto energético acima
dos níveis de repouso, enquanto que exercício físico representa uma das
formas de atividade física planejada, estruturada e repetitiva , tendo como
objetivo a melhoria da aptidão física ou reabilitação orgânico-funcional",
CARPERSEN (1989).
Identificar a relação entre atividade física e saúde têm sido o propósito
de diversas pesquisas realizadas no âmbito da educação física levando-nos a
conclusões surpreendentes sobre a atividade física e seus benefícios. Este fato
ocasionou a inclusão da atividade física nos procedimentos terapêuticos a
serem adotados por médicos e pacientes para amenizar, prevenir e até mesmo
reverter o quadro de várias doenças.
De uma maneira geral, "o estilo sedentário de vida aumenta o risco de
doença cardíaca isquêmica, diabetes mellitus, câncer de cólon, hipertensão
arterial sistêmica, obesidade, osteoporose, doenças do sistema músculoesquelético, sintomas de ansiedade e depressão", US DEPARTMENT OF
HEALTH AND HUMAN SERVICES, (1996).
Atualmente, admite-se que para suportar melhor as pressões da
convivência cotidiana, requer tornar-se ativo. Tal constatação decorre de
estudos como de KATCH e D'ARDLE 1984, MELLEROWICZ e
MELLER (1979), onde observaram evidências dos benefícios da atividade
física
constante
nos
sistemas:
locomotor,
digestivo,
respiratório
e
7
cardiovascular, advindo de níveis apropriados de aptidão física mantidos
durante toda vida.
Embora ainda faltem até hoje provas universais de que exercitar-se
previne doenças ou prolongue a vida, a relação do hábito da prática da
atividade física com o estado de bem estar bio-psicofísico-social está
associado com segurança. Isto é visualizado claramente, de acordo com KISS
(1987), a qual enfatiza que "o ser humano é unidade bio-psico-social sendo
impossível separar a condição física da psicológica (emocional, intelectual e
da social)".
Para algumas doenças como por exemplo a anemia falciforme, objeto
deste estudo, ainda se recomenda de maneira muito sutil a prática de atividade
física, porém algumas evidências parecem sugerir que ela é real.
"A anemia falciforme é uma doença de caráter hereditário e genético
causada por anormalidade de uma proteína componente das hemácias, é uma
anemia hemolítica de herança autossômica recessiva, causada por uma
mutação da posição 6 do gene da globina beta da hemoglobina (Hb). Este
ponto de mutação promove a substituição do ácido glutâmico pelo aminoácido
valina, induzindo a produção de uma hemoglobina anômala", DOVER,
(1992).
A origem da anemia falciforme é desconhecida mas de acordo com
fatos históricos ela já se manifestava há milhares de anos na Ásia Menor onde
a mutação genética causada por ela propiciava uma forma de defesa do
organismo humano contra a malária, aqueles que tinham o gene anormal e os
seus descendentes que tiveram suas hemoglobinas modificadas geneticamente
apresentavam a capacidade de dificultar a evolução da malária em seu corpo
quando picados pelo mosquito transmissor.
8
Tal modificação teve um preço e certos descendentes de filhos de pais
com alteração parcial, sem sintomas, geravam filhos com anemia falciforme,
além de outros problemas.
Com o decorrer do tempo e no rastro das grandes migrações que
ocorreram, na África, nas regiões tropicais e equatorial, passou a ser o local
preferencial da malária e os sobreviventes eram os que apresentavam as
alterações da hemoglobina. Isto fez com que certas populações da raça negra
da região se apresentassem com percentuais extremamente elevados de
alterações na hemoglobina, mas adaptados ao seu meio em convívio com a
malária. Foram estes contingentes populacionais africanos, a partir do Século
XVII, os responsáveis pela introdução do gene da hemoglobina S no Brasil.
"Estima- se que existam 2 milhões de portadores da forma
heterozigótica e mais de 8 mil afetados com a doença (homozigotos)",
MINISTÉRIO DA SAÚDE, (1996).
O casamento entre portadores do gene, denominados como portadores
do traço falcêmico, pode gerar a cada 500 nascimentos, uma criança com
anemia falciforme. Diante deste quadro é possível concluir que a
miscigenação racial existente no Brasil está gerando a continuidade desta
anemia, conforme ratifica a literatura científica brasileira, apontando de forma
contundente que anemias hereditárias no país constituem um grave problema
de saúde pública. O reconhecimento de que a alteração era na molécula da
hemoglobina, e que esta alteração propicia mudanças críticas no glóbulo
vermelho, fez com que a ciência soubesse da existência de doenças
moleculares e hereditárias. A doença falciforme não têm cura e desde sua
descrição, na primeira década do século passado, muito se aprendeu no estudo
desta moléstia e vários progressos foram obtidos através do seu
reconhecimento e diversas linhas de pesquisas fizeram com que esta área de
9
estudo evoluísse em nosso país. Este fato possibilitou a descoberta de vários
fatores que colaboravam no sentido de prejudicar os pacientes. No passado, os
pacientes viviam mal, e não raramente, faleciam antes dos 10 anos de idade,
hoje existe um alento de que existe a possibilidade destas pessoas terem uma
vida produtiva incluindo a prática de atividades físicas.
Como a anemia falciforme trata-se de mudanças fisiológicas no
organismo, através desses estudo será verificado se o exercício físico pode ou
não trazer benefício e como é o comportamento fisiológico comparado à uma
pessoa de hemoglobina normal. Pois "quando a concentração de oxigênio no
sangue está diminuída, após a liberação de oxigênio pelos eritrócitos, as
moléculas de hemoglobina anormal agregam-se, o que faz as células terem
formas bizarras variadas incluindo a forma em crescente ou foice,
originalmente descrita", FRANCONE (1982).
10
3- DESENVOLVIMENTO:
11
DESENVOLVIMENTO:
"Anormalidades genéticas podem dar origem a variantes estruturais da
hemoglobina, podendo impedir a produção de uma cadeia polipeptídica, ou
ambos. A maior parte, das anormalidades estruturais é resultante de
substituições isoladas de aminoácidos", STRYER (1996) .
"A Hemoglobina é produzida por genes. Existem genes de proteína da
hemoglobina normal e anormal, como:
• Hemoglobina A: É a Hemoglobina normal. Formada por duas cadeias
alfa e duas cadeias beta.
• Hemoglobina C: Esta é uma hemoglobina anormal produzida por uma
mutação do gene da hemoglobina normal A. Ocorre a troca do aminoácido
glutâmico pela valina, no sexto aminoácido da cadeia beta da Hemoglobina.
Esta hemoglobina geralmente é achada em pessoas de ascendência africana.
• Hemoglobina E: Esta variante de hemoglobina geralmente é achada em
pessoas asiática. Esta hemoglobina variante produz poucos problema. Uma
exceção significante é a co-herança de hemoglobina E e thalassemia de beta.
• Hemoglobina F: Esta é a hemoglobina produzida por fetos antes de
nascimento. Formada por duas cadeias alfa e duas cadeias gama. Os genes
para hemoglobina F e hemoglobina A é próximo. A Hemoglobina que
produz F cai dramaticamente depois de nascimento, embora algumas pessoas
continuam produzindo quantias pequenas de hemoglobina F para a vida
inteira.
• Hemoglobina S: É a hemoglobina produzida pelo "gene" falciforme.
O "gene" falciforme surgiu por uma mutação no gene que produz
hemoglobina normal A. Hemoglobina S é a hemoglobina achada em
12
pacientes com AF. Ocorre pela troca do aminoácido glutâmico pela valina,
no sexto amoniácido da cadeia beta da Hemoglobina", BUNN (1986).
Estas
alterações
da
hemoglobina
são
conhecidas
como
hemoglobinopatias. A hemoglobinopatia mais importante para o estudo atual
é a Anemia Falciforme.
3.1- A DOENÇA FALCIFORME:
"A anemia é um sintoma originado por vários distúrbios orgânicos
subjacentes. Não é portanto uma doença em si, mas conseqüência de
alterações que comprometem a relação hemácea-hemoglobina. Simplificando,
pode-se dizer que em qualquer tipo de anemia existe déficit de hemoglobina
e/ou hemácea circulante", STRYER (1996).
"A anemia falciforme é uma doença genética e hereditária, causada por
anormalidade da hemoglobina, dos glóbulos vermelhos do sangue, que são
responsáveis pela retirada do oxigênio dos pulmões, transportando-os para os
tecidos. Esses glóbulos vermelhos, na anemia falciforme perdem a forma
discóide, enrijecem-se e deformam-se, tomando o formato de "foice". Os
glóbulos deformados, alongados, nem sempre conseguem passar através de
pequenos vasos, bloqueando-os e impedindo a circulação do sangue nas áreas
ao redor. Como resultado causa dano ao tecido circunvizinho e provoca dor. O
curso da doença é variável. Há doentes que apresentam problemas sérios com
mais
freqüência
e
outros
têm
problemas
esporádicos
de
saúde",
MINISTÉRIO DA SAÚDE, (1996).
Essa patologia, anemia falciforme, não deve ser confundida com o traço
falciforme. Traço falciforme significa que a pessoa é tão somente portadora da
doença, com a vida social normal, tendo um gene S e um gene A.
13
A anemia falciforme acontece quando o indivíduo é portador de
hemoglobina SS (Hb SS).
A hemoglobina normal de um adulto é formada por ferro (heme) e por
duas cadeias de polipeptídeos diferentes, chamadas de globina que são
encontradas no cromossomo 16. Essas cadeias são divididas em cadeia alfa
(α) e beta (β). "As cadeias alfa são duas, com 141 aminoácidos, e a cadeia
beta também são duas com 146 aminoácidos idênticos", MAHAN (1970).
Quando a pessoa tem anemia falciforme, a alteração se encontra na
cadeia beta da hemoglobina, onde o sexto aminoácido dos 146 presente, é
trocado de glutamato para valina. Essa alteração é que modifica toda a
resposta fisiológica celular sangüínea. "Essa substituição do glutamato pela
valina tem conseqüências profundas pois na conformação desoxi da HbS, a
valina hidrófoba colocada neste local na cadeia beta forma um contato
hidrófobo com um bolso e uma molécula de HbS vizinha. Esta interação leva
à polimerização da desoxi HbS em baixas pressões de oxigênio em tecidos
metabolicamente ativos. Uma hemácea que esteja super saturada de desoxihemoglobina S não se afoiçará se o tempo de demora para a formação de fibra
for maior que o tempo de trânsito dos capilares periféricos até os alvéolos dos
pulmões onde acontece a reoxigenação," INGRAM (1989).
3.2- MANIFESTAÇÕES DA DOENÇA FALCIFORME:
A doença falciforme apresenta diversos tipos de manifestações que são
característicos da doença, como: crises dolorosas, icterícia, úlceras, infecções,
e atraso na maturação física.
As crises dolorosas como dor nos ossos, músculos e articulações
associadas ou não a infecções, exposições ao frio e esforços acontecem na
maioria dos casos. "Eventos como desidratação, infecções, menstruação e
14
fadiga podem precipitar os episódios dolorosos" SHAPIRO, (1999). Ossos e
articulações são freqüentemente lesados na anemia falciforme sendo os locais
de maior dor durante as crises vaso oclusivas.
A icterícia palidez e cansaço são características comuns também. "A
icterícia é o sinal mais freqüente da doença. Esta característica é causada pelo
aumento dos níveis sangüíneos da bilirrubina (produto resultante da quebra da
hemoglobina)", MINISTÉRIO DA SAÚDE, (1996)
Algumas lesões podem aparecer nos membros inferiores, denominados
de úlceras. "As úlceras na doença falciforme geralmente se iniciam como
pequenas lesões elevadas no terço inferior da perna, acima do calcâneo e ao
redor dos maléolos. Podem ser únicas ou múltiplas. Com a progressão da
úlcera, ocorre hiperpigmentação, perda de tecido celular subcutâneo e dos
folículos pilosos em torno da lesão. Podem ser extremamente dolorosos e
geralmente são acompanhados de celulite e adenite inguinal. Temperaturas
elevadas e baixos níveis de hemoglobina fetal parecem predispor sua
formação. Uma vez formadas as úlceras, a recorrência é comum", STRYER
(1996). Nas crianças pode haver inchaço muito doloroso nas mãos e nos pés.
Há uma maior tendência a infecções, principalmente pelo streptococcus
pneumniae recorrentes da atrofia do baço em função de conseqüentes
episódios vaso-oclusivos neste órgão. "A asplenia funcional é o fator primário
para a maior susceptibilidade às infecções pneumocócicas em pacientes com
anemia falciforme" PEARSON, (1969).
"O atraso na maturação física torna-se aparente na primeira década de
vida. Geralmente mais tarde recuperam a altura, sendo que os adultos são tão
altos quanto uma pessoa normal. Embora a causa seja desconhecida, supõe-se
que o atraso no crescimento seja decorrente de um aumento na demanda
calórica, causada pelo excesso de atividade cardiovascular para compensar a
15
anemia, além da hiperatividade da medula óssea para repor glóbulos
vermelhos que têm vida média diminuída", MINISTÉRIO DA SAÚDE,
(1996)
3.3-
RISCOS
DO
EXERCÍCIO
FÍSICO
PARA
A
DOENÇA
FALCIFORME:
Incontestavelmente a anemia falciforme constitui um grave problema de
Saúde Pública no Brasil e em países com grandes contingentes de afro
descendentes, no entanto nos deparamos com grandes contradições à respeito
de sua relação com as atividades físicas. Sabemos que cuidados devem existir
e que os profissionais da área de saúde devem estar bem informados à respeito
desta patologia.
Para KARK e WARD (1994), "os riscos do exercício físico são
compensados pelo alto débito cardíaco durante o exercício, com uma grande
pressão do fluxo sangüíneo para a musculatura periférica e central."
"Durante anos, eram incertos os perigos do exercício nas pessoas
portadoras de anemia falciforme. Atualmente, afirmam-se que os pacientes
devem ser encorajados a participar e monitorar seus programas de
condicionamento", WOODS, (1997).
Existem grandes evidências de que o "exercício físico se praticado
intensamente, produz mudanças fisiológicas que induzem a formação de
polímeros, devido à Hemoglobina S (HbS) presente. Este sintoma causado pelo
exercício ocorre devido desidratação, aumento da temperatura corpórea,
hipoxia e acidose, que são evidentes em situações de estresse. Uma vez
desencadeados, aumentam as chances de complicações para o portador de
Anemia Falciforme", KLUG (1974).
16
O aumento da temperatura corpórea induzido pelo exercício, ocorre não
devido uma alteração da termorregulação, mas sim devido a uma geração de
calor do corpo maior que a perda. Essa hipertermia pode causar um sintoma
chamado de Rabdomiólise, que é uma necrose muscular proeminente, e que
pode surgir sem a presença de hipertermia também. Essa necrose, quando
surge, há liberação de muitas substâncias, como a mioglobina por exemplo, em
quantidades altas, gerando inúmeros distúrbios metabólicos, dentre os quais,
necrose tubular renal aguda, que geralmente é a principal causa mortis. Mas
segundo KARK e WARD (1994) "o aumento da temperatura corporal por
esforço não é a causa inicial da morte relacionado ao portador de Anemia
Falciforme".
WOODS (1997), diz que "a hipoxia, causada pelo exercício intenso
pode causar danos de diversos níveis. Quando uma pessoa se exercita, o corpo
requer maior quantidade de oxigênio, e há indícios de que esse aumento da
necessidade de oxigênio coloca os pacientes em grandes riscos. Mas o
exercício pode ser considerado uma terapia para essas pessoas, onde o objetivo
de se praticar é diferente de uma pessoa de hemoglobina normal.".
Sabemos que o portador do Traço Falciforme, não apresenta os
sintomas da doença, e apenas carrega a herança genética, mas nessas situações
de estresse, e principalmente em regiões de altitudes, podem ocorrer
obstruções microvasculares, infarto da medula renal, hematúria, tendo maior
incidência principalmente em pessoas de meia idade e idosos sedentários, e
enrijecimento das artérias, promovendo finalmente a polimerização de
desoxihemoglobina S, induzindo assim a falcização e o infarto do baço, que
são os mais característicos.
"Essas manifestações clínicas da Anemia Falciforme podem ser
atribuídas às alterações da reologia sangüínea, devido principalmente à rigidez
17
das hemáceas" HORNE, (1981). E essa rigidez será responsável pelas
polimerizações.
3.4- MORTE SÚBITA RELACIONADO COM EXERCÍCIO FÍSICO:
De acordo com BREWER (1993), "existe concordância geral de que há
um risco de 25 à 30 vezes maior de morte súbita relacionada a atividade física
acentuada nos portadores de Anemia Falciforme." Por outro lado,
permanecem obscuras as razões pelas quais a grande maioria dos pacientes
com traço falciforme podem se exercitar vigorosamente sem qualquer
conseqüência. "Especula-se que deva haver um segundo fator de risco para a
morte súbita", NUSS (1993).
Segundo SEIXAS (1999), "A ocorrência de morte súbita tem sido
freqüentemente documentada. Relatos de isquemia miocárdica esforçoinduzida e condições potencialmente hipoxêmicas (acidose, desidratação,
infecções severas, hipertermia, insuficiência de órgãos, dentre outras) são
comuns, encontradas em associação com a Anemia Falciforme".
Nada comprova que as morte súbitas relacionadas com exercício físico
ocorreram devido ao enrijecimento dos eritrócitos, mas há relatos de morte
induzida por esforço excessivo.
O primeiro relato de morte provocada pelo exercício foi observado em
recrutas militares, portadores de traço falciforme, que faleceram durante um
treino muito intenso, no período da manhã, no centro de treinamento da Ft
Bliss, Tx, à uma altitude de 4.050 pés. Através de uma autópsia, foi indicado
que houve uma intensa falcização intravascular dos eritrócitos, evidenciando
que estes pacientes faleceram devido uma obstrução microvascular (referente
à crise falcêmica), possivelmente devido à hipoxia causada pela altitude. Mas,
em contradição, esta altitude influi muito pouco para ocorrer uma redução de
18
oxigênio arterial para causar problemas clínicos, ao menos que esteja presente
uma doença pulmonar, que no caso destes pacientes, não foi encontrada.
Já um levantamento de dados foi feito com 30 recrutas militares,
portadores do traço falciforme, com idade entre 17 e 31 anos, a maioria bem
condicionados fisicamente, e que participavam de diferentes tipos de exercício
diariamente, como corrida, natação, futebol e basquetebol. Dentre esses
recrutas houveram 21 mortes súbitas que sofreram complicações inesperadas e
fatais. A rabdomiólise foi estabelecida como causa primária de doença e morte
de 18 casos. Quatro casos apresentaram dificuldade pulmonar, passaram por
ressucitação, mas morreram logo após com rabdomiólise. Nesse caso, é difícil
determinar como causa primária se o responsável pela morte foi a
rabdomiólise devido ao exercício ou se a necrose muscular foi severamente
estendida durante a insuficiência cardíaca. Foi constatado quatro casos de
morte súbita relacionado com morte cardíaca dentro de uma hora, sendo
possível que a elevação da temperatura pelo esforço deva ter contribuído para
acentuar o problema no coração, provocando arritmia. Há evidências também
que algumas mortes poderiam ser provocadas por aumento da temperatura
corpórea, induzido pelo exercício intenso.
"Os mecanismos fisiopatológicos da morte súbita ainda são incertos",
MOSSERI (1993). Ainda não é certo afirmar que o traço falciforme ou a
anemia falciforme está associada com morte súbita durante o exercício devido
a insolação, morte cardíaca súbita inexplicável, ou morte cardíaca súbita
devido a existência de alguma doença. É possível que os pacientes morreram
devido obstrução microvascular em um estágio tardio da doença ou que
anormalidades dos eritrócitos que contém HbS não tenham nenhum papel
direto, mas serve como um marcador genético para outros fatores de riscos
desconhecidos.
19
Fazer um diagnóstico de morte súbita é muito difícil. A causa das
mortes podem ser alegadas pela preexistência de lesões crônicas ou
subagudas, através de testes de laboratórios ou de análise clínica, e se faz
necessário uma investigação completa em conjunto com registros clínicos
pertinentes e depoimentos de testemunhas oculares. Além disso, opinião de
especialistas como cardiologistas e patologistas.
3.5- DOENÇA FALCIFORME E ALTITUDE:
O portador de Anemia Falciforme tem que ter dois cuidados básicos em
locais de altitude superiores à 5.000 pés (aproximadamente 1.500 metros):
manter-se sempre bem hidratado impedindo assim que o plasma sangüíneo
aumente sua viscosidade e, evitar situações de estresse e fadiga, como
exercício físico principalmente o intenso, pois poderá levar o paciente a uma
acidose e hipoxia. O portador do Traço Falciforme deve também seguir essa
regra, pois são assintomáticos, e em altitude (superiores à 10.000 pés) pode vir
à ter alguns sintomas.
O sintoma mais comum e grave que o portador do Traço Falciforme
pode vir à ter em altitude é o Enfarto Esplênico. "O Enfarto Esplênico
associado ao portador de Anemia Falciforme foi documentado primeiramente
entre homens e mulheres negros durante uma viajem para a Korea e o
primeiro caso relatado sobre Enfarto Esplênico com o Traço Falciforme foi
descrito por Sherman em 1940", FRANKLIN (1999).
Os sintomas mais comuns do Enfarto Esplênico são dor abdominal, com
migração para o quadrante superior esquerdo; febre; vômitos e irritação
diafragmática, podendo causar insuficiência respiratória. DIGGS (1984), tem
como hipótese que "o enfarto esplênico no portador do Traço Falciforme age
20
como um sinal, antecedendo um enfarto cerebrovascular, uma embolia
pulmonar e também crises dolorosas nos ossos".
FRANKLIN (1999), apresentou quatro casos de Enfarto Esplênico no
portador de Traço Falciforme, sendo que não tinham o conhecimento da
doença. "Todos os pacientes praticaram exercícios moderados em altitudes de
5.000 à 12.000 pés. Entre os pacientes se encontravam dois AfricanosAmericanos do sexo masculino, um Hispânico e uma mulher branca. Todos os
pacientes apresentaram dor aguda no quadrante superior esquerdo do abdome,
dor de cabeça, náuseas, vômitos e dificuldade respiratória. Foram medicados,
passaram por exames diversos, se hidrataram, fizeram inalação e depois
voltaram rapidamente para o nível do mar. Posteriormente, voltaram à vida
normal, e agora sabem que cuidados devem existir quando permanecerem em
grandes altitude. O porque desse fenômeno ainda é desconhecido."
Em 1970, JONES (1970), investigaram quatro recrutas militares que
morreram subitamente durante um treinamento à 4.500 pés e que eram
portadores do traço falciforme.
"Portanto o que se sabe realmente é que o portador de Anemia Falciforme ou
do Traço Falciforme deve se precaver, e em caso da presença de algum
sintoma, deve imediatamente voltar ao nível do mar e ingerir seus devidos
medicamentos", FRANKLIN (1999).
3.6- RISCOS E BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO RELACIONADO À
DOENÇA FALCIFORME:
WOODS (1997), afirma que "a maioria dos profissionais de Educação
Física tem receio de prescrever exercício físico para pacientes com Anemia
Falciforme por inúmeros motivos, principalmente pelo risco de levar à
hipoxia."
21
"Não podemos afirmar que estes pacientes terão os mesmo benefícios
dos exercícios que pessoas de hemoglobinas normais", GUTIN (2000), pois o
objetivo não é o mesmo.
"Exercícios bem controlados devem beneficiar o portador de Anemia
Falciforme tão bem quanto pessoas portadoras do Traço Falciforme. Existem
muito mais pessoas que carregam o traço do que a própria doença. Acreditavase que carregar o gene (traço), o exercício não teria influência alguma. Mas foi
mostrado em muitos estudos que pessoas portadoras do traço falciforme
obtiveram sintomas pelo aumento da temperatura corpórea e mortes súbitas",
KARK (2000).
KARK (2000), ainda afirma que "intervenções podem ser feitas para
impedir essas complicações, como diminuir a intensidade do exercício quando
a temperatura chegar próximo a 70Fo ou maior, como também se hidratar
constantemente, utilizar roupas leves, claras e fáceis de transpirar. Também
deve ser evitado exercícios constantes por tempo prolongado, como uma
corrida por 20 minutos ou mais".
De acordo com MFMER (1998-2001), "deve-se ter bastante precaução
em relação à prática de exercício, pois pode desencadear dores, mas se for
iniciado um programa moderado e que vai progredindo gradualmente, o
exercício não causará lesões ou dores adicionais. Um programa regular deve
incluir principalmente alongamento e exercícios aeróbios, como caminhada,
natação ou ciclismo. O alongamento pode relaxar os músculos e diminuir a
tensão".
Como um esforço excessivo pode vir à desencadear sintomas muitas
vezes irreversíveis, a maioria dor profissionais aconselham muito repouso e
nada de atividade física para os portadores de Anemia Falciforme. Essa
afirmação não pode ser considerada puramente verdadeira, pois o portador de
22
HbSS/AS não é considerado uma pessoa inválida, muito pelo contrário, pode
sim se beneficiar com o exercício, mas para isso se faz necessário ter
conhecimento do tipo de atividade, duração, intensidade e do objetivo. Há
vários relatos de que os portadores da anemia falciforme se sente melhor
fisicamente após o exercício moderado.
3.7- RESPOSTAS FISIOLÓGICAS NO EXERCÍCIO FÍSICO NA
DOENÇA FALCIFORME:
"A capacidade para realizar exercícios está reduzida na maior parte dos
pacientes falcêmicos adultos. A maioria é capaz de atingir menos que 50% da
capacidade prevista. Já as crianças tem sua capacidade reduzida de exercício
de 50% à 75% A causa para esta diminuição da performance é provavelmente
devido à múltiplos fatores e o papel da disfunção cardíaca nesta capacidade
física diminuída é desconhecido", ALPERT (1981). Há evidências de que um
número significativo desses pacientes apresentam sintomas à esforços com
depressão do segmento ST ao eletrocardiograma, que parecem relacionadas à
idade mais velha, baixo nível de hemoglobina e a conseqüência do aumento
contínuo da freqüência cardíaca.
MESQUITA (1998), afirma que "a resposta ao exercício observadas à
ergometria acham-se diminuídas; a Freqüência Cardíaca máxima obtida à
ergometria é anormalmente baixa, mesmo em crianças; a elevação da Pressão
Arterial e a variação do Débito Cardíaco são significativamente menores que a
esperada na análise do exercício". Essa diferença é atribuída à evidências
favoráveis à disfunção sistólica do ventrículo esquerdo. Como a anemia causa
uma disfunção cardíaca, provavelmente é o motivo do baixo desempenho para
realizar uma atividade física, ocorrendo dispnéia, palpitações e freqüente
23
cansaço. Esse cansaço e a dispnéia, ainda não é confirmado se o responsável é
a anemia ou à insuficiência cardíaca existente.
MESQUITA (1998), concorda ainda que "a pressão arterial sistólica
encontra-se normal enquanto que a diástólica é diminuída, resultando assim
em menor pressão arterial média. Coerentemente, a resistência vascular
periférica total encontra-se diminuída, decrescendo proporcionalmente à
gravidade da anemia".
Já um estudo feito com 16 garotos com idade entre 18 e 20 anos, feito
em laboratório na Universidade do Oeste da Índia, com o objetivo de saber o
gasto energético em repouso e em atividade, indicou que a freqüência cardíaca
em repouso e exercício, o VO2 e a pressão arterial, se apresentaram mais
elevadas, comparado com pessoas de hemoglobina normal. Eles atribuem essa
elevação devido ao gasto energético ser maior. "Reduzir a atividade física
nesses pacientes parece lógico, já que gastam muita energia", SINGHAL
(1997).
A presença de hipertensão arterial pulmonar é controversa na literatura.
De acordo com MESQUITA (1998), "ao exame físico, observam-se sinais
sugestivos de hipertensão pulmonar em 18% dos pacientes". Os estudos
hemodinâmicos em séries mostram pressão arterial pulmonar normal em
repouso, porém, anormais ao exercício.
Muitos protocolos de bicicleta ergométrica e de caminhadas tem sido
usados para determinarmos se o traço falciforme está associado com déficit do
transporte de oxigênio, com o consumo de oxigênio, com o metabolismo ou
com a função pulmonar, cardíaca e muscular. Apesar da presença de alguns
eritrócitos falcizados, não se encontram anormalidades no ECG, e também não
há deficiência na função pulmonar, cardíaca, no transporte e consumo de
oxigênio.
24
Uma revisão feita por KARK e WARD (1994), de um estudo com 34
adultos negros com o traço falciforme comparado à 43 adultos negros com
hemoglobinas normais mostrou que não há diferença nas arritmias
ventriculares induzidas pelo exercício, isquemia miocárdica ou alteração na
função ventricular esquerda com o traço falciforme. Também constatou-se que
as pessoas com o traço falciforme tem uma remoção do ácido lático mais
rápida durante e após um exercício pesado comparado à pessoas de
hemoglobina normal.
KARK e WARD(1994), relataram também que a performance durante
o exercício apresenta uma função cardíaca menor em outros estudos, com
"redução na frequência cardíaca, no rendimento cardíaco e na capacidade de
trabalho, em 22 adolescentes com a doença falciforme".
25
4- CONCLUSÃO
26
CONCLUSÃO: Com base nos dados da literatura em questão
O Doente Falcêmico pode praticar uma atividade física, mas com muita
moderação, devido às manifestações inconvenientes decorrentes de um stress.
Na maioria dos estudos verifica-se um baixo rendimento e uma baixa
performance nos exercício comparados à pessoas de hemoglobinas normais,
mas isso não deve ser encarado como um obstáculo, pois a atividade física terá
uma benefício terapêutico e não uma melhora de rendimento.
CONCLUSÃO:
Concluímos que o Doente Falcêmico deve ser tratado como uma pessoa
normal, pois é uma pessoa normal, portanto não deve ter restrições na vida, e
sim apenas alguns cuidados à serem tomados. Devem ser encorajados à
praticar uma atividade física, melhorando assim sua auto-estima.
Tem um baixo rendimento durante a atividade física, com menor
pressão arterial, menor frequência cardíaca, menor VO2 e com hipertensão
pulmonar raramente encontrada.
Faltam ainda muitos estudos à serem feitos para assim os resultados
serem melhor confirmados.
27
5- REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA
28
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