O Preço de um Bem – noção e componentes Um bem é útil quando satisfaz uma necessidade. De acordo com a utilidade de um bem, esse bem terá maior ou menor valor. O preço de um bem ou serviço é a medida do seu valor expresso em unidades monetárias. I. Um dos aspetos que influencia o preço de um bem ou serviço diz respeito ao número de compradores que o desejam adquirir, a cada momento. Assim: Um número reduzido de vendedores a venderem um bem perante um nº elevado de compradores interessados nesse bem, fará com que o seu preço aumente. Se existe um nº elevado de vendedores a querer vender o seu bem e um nº reduzido de compradores a quererem comprá-lo, então o seu preço vai diminuir. II. Outro fator que influencia o preço de um bem é a relação que existe entre ele e o custo de produção do bem. Assim: De acordo com os elementos que entraram no processo de produção do produto em causa, chegaremos a um valor a que chamamos custo de produção. Daqui, o empresário vai determinar o preço de venda, não esquecendo que tem que retirar o lucro, pois só assim terá a sua margem de lucro: LUCRO = PREÇO DE VENDA – PREÇO DE CUSTO A Inflação – noção e medida Como vimos anteriormente, o preço de um bem pode depender: Do número de vendedores e/ou de compradores; Da quantidade disponível desse bem (escassez): Do seu custo de produção. ① No entanto, sabemos também que os preços dos bens não se mantêm ao longo do ano, podendo até haver oscilações importantes são variações sazonais. ② Também, de ano para ano, os preços variam e nos casos dos produtos agrícolas, por exemplo, isso tem a ver com as más ou boas colheitas devido ao estado do tempo são alterações que decorrem no normal funcionamento da economia. ③ Mas há alterações dos preços que não se inserem nos casos anteriores. Por vezes, verifica- se uma subida generalizada dos preços dos bens e serviços, independentemente da época do ano ou do tipo de bem ou serviço. Neste caso, estaremos perante o fenómeno de inflação. INFLAÇÃO: subida contínua e generalizada dos preços dos bens e serviços. Causas da inflação: O aumento da procura: por vezes, no mercado, verifica-se um desajustamento entre a oferta1 e a procura2 que pode ficar a dever-se: A um aumento da procura, sem que a oferta se altere (procura > oferta) e isto porque as famílias aumentam o seu consumo por vários motivos, como até pelo facto de obterem mais rendimentos e a oferta não acompanha esta procura devido à capacidade de produção existente. A uma contração da oferta provocada por uma situação de crise económica. Em qualquer dos casos existe um excesso de procura relativamente à oferta, o que leva a uma subida dos preços (procura > oferta = preços). O aumento dos custos de produção: neste caso, a inflação é explicada pelo facto de aumentarem alguns ou algum dos custos de produção. É o caso do aumento do preço das matérias-primas essenciais à produção, como o caso do petróleo. Também os salários podem explicar a inflação, neste caso. Perante uma subida dos custos de produção, o empresário vai fazer repercutir esses custos no preço de venda de modo a manter a margem de lucro ( preços). 1 Quantidade de bens e serviços que os produtores estão dispostos a colocar no mercado, a um determinado preço. 2 Quantidade de bens e serviços que os consumidores estão dispostos a comprar, a um determinado preço. Desinflação, Deflação e Estagflação Desinflação: traduz a desaceleração do ritmo de crescimento da generalidade dos preços. Deflação: descida generalizada e contínua dos preços dos bens e serviços (há uma redução da procura, da produção e do emprego). Estagflação: acontece quando uma situação de inflação é acompanhada por uma situação de estagnação económica. Os preços continuam a subir - O crescimento económico abranda; - O investimento cresce menos; - Diminui o consumo; - Diminuem as exportações; - Diminui a produção. Consequências da Inflação 1. Depreciação do valor da moeda À medida que os preços aumentam o consumidor, com o mesmo dinheiro, compra cada vez menos produtos. Então podemos dizer que a moeda vale cada vez menos, isto é, existe uma depreciação do seu valor. 2. Depreciação do poder de compra3 Se o rendimento das famílias se mantiver e os preços aumentarem, dando origem a um processo inflacionista, então verifica-se a deterioração do poder de compra, o que significa que, com o mesmo rendimento, as famílias satisfazem cada vez menos necessidades. De um modo geral, a inflação provoca a deterioração das condições de vida e isto faz-se sentir de modo particular naqueles que recebem rendimentos fixos (rendas, pensões), dada a não valorização progressiva dos seus rendimentos. 3 Quantidade de bens e serviços que uma família pode adquirir com o seu rendimento. Índice de Preços no Consumidor Índice de Preços: é uma forma de expressar as variações do valor da moeda, estabelecendo uma relação entre os preços dos bens, verificados em momentos diferentes. I ano xano base= Preço do bem no ano xPreço do bem no ano base ×100 Exemplo: se considerarmos que um certo bem custava, em 2002, 220€, tendo por base o ano anterior no qual custava apenas 200€, calcule o IP deste bem. I 20022001= 220200 ×100 =110 Significa que, de 2001 para 2002, o preço deste bem sofreu uma variação (aumento) de 10% (110-100) Índice de Preços no Consumidor (IPC): é também uma forma de medir a inflação. O cálculo da variação deste cabaz de bens traduz uma elevação ou não do custo de vida da população. IPC ano xano base= Preço do cabaz de bens no ano xPreço do cabaz de bens no ano base ×100 Exemplo: se, no país X, o cabaz custava, em 2002, 1500€ e, em 2001, apenas 1400€, calcule o IPC de 2002 relativamente a 2001. IPC 20012002= 15001400 ×100 Significa que, em 2002, o consumidor tinha =107,1 de gastar 107,1€ para obter os mesmos bens e serviços que em 2001 obtinha por 100€. O IPC permite: 1. Que o Governo avalie a política de preços; 2. Calcular o consumo das famílias em termos reais; 3. Negociar contratos de trabalho com os sindicatos indexando aos salários o valor da inflação; 4. Indexar as pensões de reforma ao valor da inflação; 5. Medir a competitividade da economia; 6. Calcular a inflação. Taxa de Inflação A Taxa de Inflação e o IPC são frequentemente tomados como sinónimos: IPC = 102 TI = 2% (102-100) Taxa de inflação homóloga – quando se compara a taxa de inflação de um mês com o mesmo mês do ano anterior. Taxa média de inflação – determina-se através da média aritmética simples das últimas doze taxas homólogas. Taxa de inflação mensal – compara a taxa de inflação de um mês com o valor observado no mês anterior. NOTA Nível de vida Custo de vida É determinado pelo conjunto de bens e serviços que um indivíduo pode obter com o seu rendimento. Associa-se ao poder de compra. RENDIMENTO Depende do nível geral dos preços. Determina igualmente o poder de compra mas depende apenas da variação dos preços. PREÇOS I. Se o custo de vida aumentar sem que o rendimento acompanhe este aumento, verificar-se-á uma diminuição do nível de vida dos indivíduos. II. O aumento do custo de vida acompanhado por um aumento superior do rendimento, permitirá aos indivíduos elevar o nível de vida. Mercados Mercado: é a situação ideal onde se confrontam as intenções de produção dos produtores e as solicitações dos consumidores, de que resulta o “preço de mercado” para aquele bem. No mercado, compatibiliza-se a oferta e a procura de um bem, para um certo preço. O Mecanismo de Mercado 1. A Procura e a Lei da Procura A procura individual representa as intenções de compra de cada consumidor para cada preço. A procura agregada ou coletiva resulta do somatório das procuras individuais. PROCURA: conjunto de bens e serviços que os consumidores estão dispostos a comprar aos diferentes preços, “ceteris paribus”. Lei da Procura – a quantidade procurada de um bem varia na razão inversa do respetivo preço, “ceteris paribus”. Por exemplo: PREÇO QUANTIDADE (€) (toneladas) 5 500 10 360 15 240 20 160 Neste gráfico relacionamos a quantidade procurada em função dos respetivos preços. No entanto, há outros fatores que determinam as quantidades procuradas, tais como: O rendimento dos consumidores Os gostos dos consumidores Os preços dos bens sucedâneos ou complementares A publicidade… Se o rendimento diminui: “ceteris paribus” Se o rendimento aumenta: 2. A Oferta e a Lei da Oferta Também aqui podemos distinguir a oferta individual da oferta agregada – representa o comportamento global dos produtores de determinado bem ou serviço, tendo em conta o preço desse mesmo bem. OFERTA: conjunto de bens e serviços que os produtores estão dispostos a vender no mercado, para cada preço, “ceteris paribus”. Lei da Oferta – a quantidade oferecida de um bem varia na razão direta do respetivo preço, “ceteris paribus”. Por exemplo: PREÇO QUANTIDADE (€) (toneladas) 5 300 10 675 15 880 20 1000 Para além do preço de venda, há outros fatores que podem fazer variar a oferta: As variações da procura A alteração dos custos dos fatores de produção Mudanças tecnológicas Alterações dos preços dos bens complementares ou sucedâneos Condições climáticas… “ceteris paribus” Se o custo dos fact. de prod. diminuir: Se o custo dos fact. de prod. aumentar: Estrutura dos Mercados Preço de equilíbrio e quantidade de equilíbrio Este gráfico mostra que existe um preço para o qual a vontade dos compradores e dos produtores se adequa. Pe = 7€ significa que, a este preço, a quantidade que os consumidores estão dispostos a adquirir é igual à quantidade que os produtores estão dispostos a vender. Exemplos: Se o preço for 6€, a quantidade procurada é 490 e a quantidade oferecida é 400 procura > oferta (preços sobem). Se o preço for 8€, a quantidade procurada é 420 e a quantidade oferecida é 520 procura < oferta (preços descem). Se o preço for 7€, a quantidade procurada é 440 e a quantidade oferecida é 440 procura = oferta (preços mantêm-se). FUNÇÃO PROCURA FUNÇÃO OFERTA Ex: Qpr = 600 – 20p Ex: Qo = 300 + 80p Qe ou Pe 600 – 2p = 300 + 80p Se, neste caso, Pe = 7 Qpr=600-120 →480Qo=300+180 →480 PREÇO (€) QUANTIDADE PROCURADA Qe = 480 QUANTIDADE OFERECIDA Situação Inicial D1 Situação Nova D2 Situação Inicial S1 Situação Nova S2 60 39.000 45.000 8.000 10.000 70 25.000 30.000 22.000 26.000 80 18.000 26.000 33.000 39.000 90 11.000 19.000 41.000 45.000 100 10.000 15.000 46.000 50.000 CONCLUSÕES: O mecanismo de mercado atua como corretor. Então, a cada momento, graças às flutuações de preços, estabelece-se um novo equilíbrio entre a quantidade oferecida e a quantidade procurada. Toda a procura é satisfeita e toda a oferta é consumida, quando o preço é de equilíbrio. Tipos de Mercados I. Concorrência perfeita ou bilateral Todo o funcionamento do mecanismo de mercado exposto até aqui só funciona desse modo se estiverem reunidas as seguintes condições: Liberdade de entrada nos mercados Qualquer empresa que decida produzir o bem em causa pode fazê-lo e então verificar-se-á: Livre concorrência entre os produtores, pois nenhuma empresa pode impor quaisquer condições de venda ao consumidor; Livre concorrência entre os consumidores, pois nenhum tem influência sobre o preço do produto de qualquer das unidades de produção; O preço dos bens depende do livre jogo de oferta e de procura no mercado; A não existência de qualquer interferência estranha no mercado (Ex: Estado), limitando ou fixando preços, subsidiando produtos, definindo margens de lucro máximas, fixando salários, etc. Atomismo do mercado Existência de muitos produtores a oferecer o produto e muitos consumidores a procurá-lo e assim, não se verifica a possibilidade de um só agente económico provocar alterações significativas no mercado (nem do lado da oferta, nem do lado da procura). Transparência do mercado Os produtores podem conhecer os ramos e setores de atividade económica mais lucrativos para poderem dirigir a sua atividade nesse sentido. Mobilidade dos fatores de produção Este mecanismo de mercado pressupõe a fácil reconversão dos fatores produtivos (capital e força de trabalho), para os setores com mais oportunidades lucrativas. Homogeneidade do produto Os bens apresentam características semelhantes, pelo que serão perfeitamente substituíveis. Só assim, haverá concorrência entre as empresas. MERCADO DE CONCORRÊNCIA PERFEITA OU BILATERAL Ao concorrerem entre si, as empresas provocam: 1. A descida do preço do produto 2. A melhoria da sua qualidade O consumidor beneficia assim desta concorrência. II. Concorrência imperfeita O mercados distinguem-se entre si em função: 1. Do número de intervenientes; 2. Da respetiva capacidade de influência no mercado. Num mercado podemos encontrar muitos, poucos ou apenas um produtor Os produtos produzidos podem ser semelhantes ou diferenciados A. Oligopólio I. II. Várias (duas ou três) grandes unidades a produzir o mesmo produto. O preço vai resultar do acordo que se estabelece entre essas unidades que dividem entre si clientes e regiões. Estas empresas estão muito próximas da situação de monopólio B. Monopólio I. II. Existência de apenas uma grande unidade de produção. O produtor tem o domínio total do mercado e, de certo modo4, pode impor o preço que desejar, bem como produzir os bens que decidir. C. Concorrência monopolística I. II. Nestes, existem muitas unidades de produção pequenas (multiplicidade). Estas unidades produzem bens não homogéneos logo há alguma diferenciação do produto, dando a cada produtor um certo poder para fixar o preço do seu bem. (são várias as formas de distinção do produto: marcas; modelos; embalagens; variedades) 4 Uma empresa em situação de monopólio não pode elevar demasiado o preço do produto, pois corre o risco de não o vender e ainda, se o produto for de primeira necessidade, o de ser nacionalizada. Há concorrência entre os produtos. ESQUEMAS-RESUMO: De concorrência perfeita ou bilateral MERCADOS De concorrência imperfeita Concorrência monopolística Monopólio Oligopólio Poder dos mercados sobre a fixação dos preços Concorrência perfeita Concorrência imperfeita Os preços resultam da interação entre a oferta e a procura. Mercados Critérios Nº de produtores Controlo sobre preço Bens produzidos Concorrência Os preços dependem do poder que a empresa tiver no mercado (M > O > CM) Conc. Perfeita Monopólio Oligopólio Conc. Monopolística Inúmeros Nulo Homogéneos Muita Um Total Único Nenhuma Alguns Limitado - Diferenciado Pouca Muitos Pouco Diferenciados Bastante Concentração de empresas: Fusões e Aquisições Podemos falar em: Concentração horizontal: quando as empresas se juntam e pertencem ao mesmo ramo de atividade. A nova empresa reúne capitais e mão de obra continuando a dedicar-se à mesma atividade. Concentração vertical: também chamada integração, consiste em reunir diversas empresas de ramos diferentes mas complementares, sob uma única direção. O bem produzido por uma empresa é “matéria-prima” de outra.´ Fusão em conglomerado: quando se verifica entre empresas co m ramos de atividade não relacionados. Ex: Sonae/Modelo Continente/Complexo Troia “grupo económico” Razões que justificam as aquisições e fusões: Economias de escala Benefícios fiscais Fundos excedentários Recursos complementares Conceitos: 1. Grupo económico conjunto de empresas de vários ramos de atividade e que defendem um mesmo centro de decisão, o qual define as estratégias a seguir. 2. Holding sociedade financeira que detém e gere participações em diversas empresas a fim de orientar a atividade dessas empresas em função da estratégia do grupo. 3. Trust grande empresa que resultou da fusão de empresas independentes e que tendem a adquirir uma posição de monopólio. 4. Cartel acordo entre empresas de modo a harmonizar as suas políticas e assim, reduzir a concorrência no setor onde se encontram. 5. “Joint-venture” quando duas ou mais empresas independentes criam uma filial sem que nenhuma delas domine a outra. Utiliza-se normalmente nas situações de cooperação internacional e também em projetos de grande responsabilidade. 6. Aquisição quando uma empresa é comprada por outra, total ou parcialmente e em “Bolsa”. a) Uma empresa oferece-se para ser comprada, colocando parte ou a totalidade do seu capital à venda na bolsa OPV (Operação Pública de Venda). Neste caso, esta empresa pretende aumentar o seu capital e também ficar ligada a um grupo económico que lhe garanta mais estabilidade. b) Por vezes, uma empresa, por sua própria iniciativa, decide comprar outra, propondo aos acionistas desta um valo para cada ação OPA (Operação Pública de Aquisição). O processo de aquisições permite muitas vezes que as empresas sobrevivam num mercado muito competitivo. Neste contexto, os consumidores são os mais prejudicados pois a concorrência diminui. ! Nota ! : quando, nestes processos, estão incluídas empresas estrangeiras, é necessário ter algum cuidado para que os interesses nacionais não sejam postos em causa.