UNIVERSIDADE CEUMA-UNICEUMA GERÊNCIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA PARASITÁRIA DOMINGOS MAGNO SANTOS PEREIRA Avaliação da Participação dos Receptores TRPC4 e TRPC5 na Resposta Inflamatória Induzida por Lipopolissacarídeo SÃO LUÍS 2015 DOMINGOS MAGNO SANTOS PEREIRA Avaliação da Participação dos Receptores TRPC4 e TRPC5 na Resposta Inflamatória Induzida por Lipopolissacarídeo Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Parasitária como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Biologia Parasitária. Orientador: Profa. Dra Elizabeth Soares Fernandes Co-orientador: Prof. Dr. Marcos Augusto Grigolin Gristotto São Luís 2015 DOMINGOS MAGNO SANTOS PEREIRA Avaliação da Participação dos Receptores TRPC4 e TRPC5 na Resposta Inflamatória Induzida por Lipopolissacarídeo Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Parasitária como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Biologia Parasitária. A Comissão julgadora da Defesa do Trabalho Final de Mestrado em Biologia Parasitária, em sessão pública realizada no dia / / , considerou o(a) candidato(a) ( ) APROVADO ( ) REPROVADO 1) Examinador _______________________________________ 2) Examinador ________________________________________ 3) Examinador ________________________________________ 4) Presidente (Orientador)________________________________ A minha mãe, por mesmo de longe me proteger com suas orações e renovar minhas energias a cada vez que ouço sua voz pelo telefone. AGRADECIMENTOS A Deus por ter me dado força e saúde para superar minhas dificuldades e lidar com esse desafio que foi o mestrado. A universidade Ceuma e todo o corpo docente do mestrado em Biologia Parasitária por abrir uma janela que me proporcionou uma visão infinitamente superior de ciência, ética e moral; por ter sido minha casa até mesmo em muitas noites e fins de semana. A uma pessoa de coração extremamente amoroso e bondoso que é minha orientadora Drª Elizabeth Soares Fernandes, por me aceitar como orientando mesmo sem me conhecer em um momento onde passava por problemas familiares; por não deixar eu desacreditar na minha capacidade e por me receber sorrindo todos os dias no laboratório de imunologia; por nunca me constranger pelos meus erros na frente dos outros e sempre me indicar o caminho certo; por perdoar meus descuidos e meu sono pesado durante as manhãs por não conseguir dormir a noite; pelas brincadeiras para tirar minha tensão e eu poder encontrar dentro de mim mesmo o meu melhor; por me orientar não somente na minha pesquisa, mas também mostrar que caminhadas difíceis levam a lugares altos. Obrigado professora por me ensinar verdadeiramente o que é ética profissional sem abrir mão de humildade e um sorriso no rosto. Obrigado pelo incentivo e por me fazer perceber que não devo parar por aqui, mesmo que a saudade da minha família seja grande, assim como as dificuldades para uma pessoa que saiu do interior. Por sua causa, hoje já me sinto um mestre e um futuro doutorando. E desculpa por até hoje não conseguir chamar você de senhora! Agradeço ao meu Co-orientador Professor Dr. Marcos Augusto Grigolin Gristto por todas as orientações na minha pesquisa e também pela segurança que me passou no laboratório; pelas brigas em inglês que sempre me ensinavam algo a mais e que me faziam concluir que o laboratório de imunologia é cheio de pessoas não só capacitadas, mas também especiais, cada um do jeito. Obrigado aos meus colegas da turma VII do mestrado: Adrielle (Zag Zag), Aruanã, Camilla, Cristiane, Ennio, Enzo, Erika, João, Mariana, Matheus, e Tiago. Por todo esse convívio eu poderia falar um pouco de cada um, mas quero resumir apenas em dizer que vocês são especiais e que também foram como professores pra mim! Aos meus pais (Luis Gonzaga Martins Pereira e Maria Aparecida de Sá Santos Pereira), pelo amor, incentivo e apoio incondicional; pelas ligações de todos os dias de minha mãe perguntando se eu já tinha jantado e se tava bem. Aos meus irmãos (Cleiton Santos Pereira e Alexandra Mourão), só por vocês existirem, a cada dia sinto minhas forças revigoradas. A todos os meus amigos e alunos de iniciação científica, por fazer meus dias melhores. A Fundação de Amparo a Pesquisa do Maranhão (FAPEMA) pela bolsa de mestrado e financiamento do projeto, assim como também à CAPES e CNPq. A Universidade Federal de Rondônia - UNIR e ao professor Dr. Roberto Nicolete e sua esposa Profª Larissa Nicolete, por me permitir aprender novas técnicas de pesquisa, abrindo as portas de seu laboratório. “Acalente sonhos. Seu futuro está em suas mãos.” Masaharu Taniguchi RESUMO Os canais TRPCs são membros da família dos TRPs. São canais catiônicos não seletivos para o Ca++ e podem ser ativados por produtos endógenos oriundos de uma lesão tecidual, como estresse oxidativo. O TRPC4 e o TRPC5 são membros da subfamília de TRPCs e podem está envolvidos em uma variedade de funções fisiológicas e patológicas, estão presentes em diferentes tecidos e podem formar homodímeros e heterodímeros na membrana das células, embora a função destes ainda não esteja elucidada. Um papel relevante para outros membros da família TRP foi sugerido no controle da síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SRIS) desencadeada por infecções bacterianas. No entanto, não existem relatos acerca da relevância dos receptores TRPC4 e TRPC5 para a SRIS. Assim, o objetivo deste trabalho foi caracterizar a relevância dos receptores TRPC4/C5 na SRIS induzida pela endotoxina bacteriana, lipopolissacarídeo (LPS), através da utilização do antagonista seletivo para estes receptores, ML204, e de camundongos com deleção gênica para o TRPC5. De forma geral, o bloqueio dos receptores TRPC4 e TRPC5 agravou o quadro séptico a aumentou a mortalidade dos animais. Observou-se ainda, que o antagonismo desses receptores causa uma maior perda de temperatura e pode modular outros mecanismos da SRIS tanto à nível local, quanto sistêmico. De fato, o bloqueio dos receptores TRPC4/C5, reduziu tanto os níveis peritoneais quanto sistêmicos de IL-10, além de aumentar os níveis circulantes de IL-17. Por outro lado, o tratamento com ML204 não afetou a falência múltipla de órgãos, embora os níveis de lipase tenham tendido a serem reduzidos. No entanto, animais com deleção gênica para o TRPC5 tiveram os níveis de ureia aumentados, podendo, este receptor, exercer uma função protetora renal. Ainda, o bloqueio dos receptores TRPC4/C5 exacerbou a produção de óxido nítrico em animais sépticos sem, no entanto, modular a produção de peróxido de hidrogênio e a atividade da SOD. Ainda, embora o antagonismo do TRPC4/C5 pelo ML204 diminua o número de células mononucleares circulantes, a ativação endógena desses receptores não parece contribuir para as alterações das populações de leucócitos peritoneais em animais sépticos. Este trabalho apresenta as primeiras evidências de que a ativação por agonistas endógenos para os receptores TRPC4/C5 pode regular vias inflamatórias associadas à SRIS decorrente de infecções bacterianas. Algumas destas vias sugerem a relevância específica do TRPC5 para a proteção de órgãos vitais, como os rins. Por outro lado, pouco se sabe acerca do impacto da ativação destes receptores por agonistas exógenos associados à infecções, como a tioredoxina derivada de microrganismos. Sugere-se então que estes receptores podem ter um papel ainda mais complexo na resposta do paciente, dependendo da fonte de agonistas capazes de ativá-los. PALAVRAS-CHAVES: TRPC4/TRPC5, SIRS/SEPSE, ANTAGONISMO, LPS ABSTRACT TRPC channels form the subfamily of channels related to TRP channels. They are cationic channels non-selective for Ca++ and can be activated by endogenous products from tissue injury, such as oxidative stress. The TRPC4 and TRPC5 are members of the TRPC subfamily and can be involved in a variety of physiological and pathological functions, they are present in different tissues and may form homodimers and heterodimers on the cell membrane, although the function of them have not yet been elucidated. A role for other members of the TRP family was suggested in controlling systemic inflammatory response syndrome (SIRS) triggered by bacterial infections. However, there are no reports about the relevance of the TRPC4 and TRPC5 receptors for SIRS. The aim of this study was to characterize the significance of the TRPC4/C5 receptors on SIRS induced by bacterial endotoxin, lipopolysaccharide (LPS), through the use of selective antagonist for these receptors, ML204, and mice with gene deletion for TRPC5 (TRPC5KO). In general, the blockage of the TRPC4 and TRPC5 receptors worsened the sepsis and increased the animal mortality. It was also noted that the antagonism of these receptors causes a greater loss of temperature and can modulate other mechanisms of SIRS both in local and systemic levels. In fact, the blockade of the TRPC4/C5 receptors reduced both peritoneal and systemic levels of IL-10 and increased the circulating levels of IL-17. On the other hand, the treatment with ML204 did not affect the multiple organ failure, although the lipase levels have tended to be reduced. However, TRPC5KO animals had the urea levels increased and may play a protective role for kidney. Furthermore, the TRPC4/C5 blockage exacerbated nitric oxide production in septic animals without, however, modulate the production of hydrogen peroxide and SOD activity. Although the antagonism of the TRPC4/C5 receptors with ML204 decreased the number of circulating mononuclear cells, the endogenous activation of these receptors do not seem to contribute to the changes of the peritoneal leukocyte populations in septic animals. This work presents the first evidence that the TRPC4/C5 activation by endogenous agonists for these receptors may regulate inflammatory pathways associated with SIRS resulting from bacterial infections. Some of these pathways suggest the specific relevance of the TRPC5 for the protection of vital organs such as the kidneys. Moreover, little is known about the impact of the activation of these receptors by exogenous activation such as bacteria-derived thioredoxin. It is possible that these receptors may play a more complex role in patient response, depending on the source of the agonists activating them. KEYWORDS: TRPC4/TRPC5, SIRS/SEPSIS, ANTAGONISM, LPS. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Efeito do tratamento repetido com ML204 (1mg/Kg, 100 uI/Animal s.c, 2x ao dia/5 Dias) na severidade, sobrevivência, peso e temperatura corporal em animais com sepse induzida pela injeção intraperitoneal de LPS (11,25 milhões de unidades de endotoxina/Kg em PBS)................................................................................................49 Figura 2: Efeito do tratamento repetido com ML204 (1mg/Kg, 100 uI/Animal s.c, 2x ao dia/5 Dias) nos níveis plasmáticos dos marcadores de falência de órgãos, AST (aspartato amino-transferase, marcador de falência hepática), creatinina (rins) e lípase (pâncreas) em animais com sepse induzida pela injeção intraperitoneal de LPS (11,25 milhões de unidades de endotoxina/Kg em PBS).........................................................52 Figura 3: Efeito do tratamento repetido com ML204 (1mg/Kg, 100 uI/Animal s.c, 2x ao dia/5 Dias) nos níveis plasmáticos de citocinas em animais com sepse induzida pela injeção intraperitoneal de LPS (11,25 milhões de unidades de endotoxina/Kg em PBS)..............................................................................................................................54 Figura 4: Efeito do tratamento repetido com ML204 (1mg/Kg, 100 uI/Animal s.c, 2x ao dia/5 Dias) em células leucocitárias circulantes obtidas de animais com sepse induzida pela injeção intraperitoneal de LPS (11,25 milhões de unidades de endotoxina/Kg em PBS)..............................................................................................................................56 Figura 5: Efeito do tratamento repetido com ML204 (1mg/Kg, 100 uI/Animal s.c, 2x ao dia/5 Dias) na concentração peritoneal de citocinas em animais com sepse induzida pela injeção intraperitoneal de LPS (11,25 milhões de unidades de endotoxina/Kg em PBS)..............................................................................................................................58 Figura 6: Efeito do tratamento repetido com ML204 (1mg/Kg, 100 uI/Animal s.c, 2x ao dia/5 Dias) na produção de mediadores inflamatórios peritoneais em animais com sepse induzida pela injeção intraperitoneal de LPS (11,25 milhões de unidades de endotoxina/Kg em PBS)................................................................................................60 Figura 7: Efeito do tratamento repetido com ML204 (1mg/Kg, 100 uI/Animal s.c, 2x ao dia/5 Dias) em células peritoneais obtidas de animais com sepse induzida pela injeção intraperitoneal de LPS (11,25 milhões de unidades de endotoxina/Kg em PBS)............................................................................................................................. 61 Figura 8: Efeito do tratamento repetido com ML204 (1mg/Kg, 100 uI/Animal s.c, 2x ao dia/5 Dias) na fagocitose mediada por macrófagos peritoneais em animais com sepse induzida pela injeção intraperitoneal de LPS (11,25 milhões de unidades de endotoxina/Kg em PBS)...............................................................................................62 Figura 9: Efeito da deleção gênica para o receptor TRPC5 na severidade, peso, temperatura e pressão sanguínea de camundongos com sepse induzida pela administração intraperitoneal (i.p) de LPS (11,25 milhões de unidades de endotoxina/Kg em PBS)................................................................................................64 Figura 10: Efeito da deleção gênica para o receptor TRPC5 na falência múltipla de órgãos de camundongos com sepse induzida por LPS (11,25 milhões de unidades de endotoxina/Kg em PBS, i.p)..........................................................................................66 Figura 11: Efeito da deleção gênica para o receptor TRPC5 na produção dos mediadores inflamatórios plasmáticos NO e H2O2 na sepse induzida pela administração intraperitoneal (i.p) de LPS (11,25 milhões de unidades de endotoxina/Kg em PBS)................................................................................................68 Figura 12: Efeito da deleção gênica para o receptor TRPC5 na produção dos mediadores inflamatórios NO (óxido nítrico) e H2O2 (peróxido de hidrogênio) no sítio local da inflamação (lavado peritoneal) e na fagocitose mediada por macrófagos peritoneais, na sepse induzida pela administração intraperitoneal (i.p) de LPS (11,25 milhões de unidades de endotoxina/Kg em PBS).........................................................70 LISTA DE ABREVIATURAS ACCP Do inglês American College of Chest Physicians AIDS Síndrome da imunodeficiencia adquirida AST Aspartato aminotransferase BASES Do Inglês Brazilian Sepsis Epidemiological Study BH4 Tetraidrobiopterina CASP Introdução de cateter no cólon ascendente CLP Ligadura e perfuração do ceco DMSO Dimetilsulfóxido FAD Flavina adenia dinucleotídeo FMN Flavina mononucleotídeo H2O2 Peróxido de Hidrogênio ICAM-1 Molécula de adesão intracelular IL-1 Interleucina 1 IL-4 Interleucina 4 IL-6 Interleucina 6 IL-8 Interleucina 8 IL-10 Interleucina 10 IFN- γ Interferon-gama LPS Lipopolissacarídeo MHC Complexo principal de histocompatibilidade MSR Do inglês Macrophage Scavenger Receptor NADPH Nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato reduzida NFB Fator nuclear kappa B NK Células Natural Killer NO Óxido nítrico NOD Proteína Contendo Domínio de Oligomerização Nucleotídica NOS Óxido nítrico sintase PMA Forbol miristato acetato PAF Fator de ativação plaquetária PAMPs Padrões Moleculares Relacionados a Patógenos pH Potencial hidrogênico RNA Ácido ribonucleico ROS Espécies Reativas de Oxigênio RRP Receptores de reconhecimento de padrões SIRS Síndrome de Resposta Inflamatória Sistêmica SOC Canais operados por estoque SOD Superóxido dismutase TGF-𝛽 Do ingles tumoral growth factor 𝛽 TH-1 Células T helper tipo 1 TH-2 Células T helper tipo 2 TLR Receptores Semelhantes a Toll TNF-α Fator de necrose tumoral alfa TRP Receptores de potencial transitório TRPC Receptores de potencial transitório canônico TRPV Receptores de potencial transitório vanilóide TRPM Receptores de potencial transitório melastatina TRPP Receptores de potencial transitório policistina TRPML Receptores de potencial transitório mucolipina TRPA Receptores de potencial transitório anquirina UTI Unidade de terapia intensiva VCAM-1 Molécula de adesão vascular SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...............................................................................................16 1.1 Sepse..........................................................................................................16 1.2 Resposta Celular Inata na Sepse................................................................17 1.3 Mediadores inflamatórios............................................................................20 1.4 Modelo de endotoxemia..............................................................................27 1.5 Família dos receptores de potencial transitório...........................................29 1.6 TRPC4 e TRPC5.........................................................................................33 1.7 Antagonistas dos receptores TRPC4 e TRPC5..........................................36 2 OBJETIVOS...................................................................................................39 2.1 Geral............................................................................................................39 2.2 Específicos..................................................................................................39 3 METODOLOGIA............................................................................................40 3.1 Animais........................................................................................................40 3.2 Tratamento farmacológico...........................................................................40 3.3 Modelo de endotoxemia..............................................................................41 3.4 Temperatura e peso....................................................................................42 3.5 Avaliação de danos em múltiplos órgãos....................................................42 3.6 Dosagem de ureia.......................................................................................42 3.7 Análise do sangue e lavado peritoneal........................................................43 3.8 Dosagem de NOx.........................................................................................43 3.9 Dosagem de H2O2.......................................................................................44 3.10 Dosagem da superóxido-dismutase (SOD) ..............................................44 3.11 Dosagem de citocinas...............................................................................45 3.12 Fagocitose “Ex vivo” .................................................................................45 3.13 Drogas e reagentes...................................................................................46 3.14 Análise estatística......................................................................................46 4 RESULTADOS...............................................................................................47 4.1 Score de severidade, mortalidade, peso e temperatura corporal................47 4.2 Efeito do ML204 nos marcadores de falência de órgãos ...........................51 4.3 Efeito do ML204 na produção de citocinas plasmáticas.............................53 4.4 Efeito do ML204 no perfil de células sanguíneas........................................55 4.5 Efeito do ML204 na produção de citocinas no lavado peritoneal...............57 4.6 Efeito do ML204 na produção de NO, H2O2 e atividade da SOD................59 4.7 Efeito do ML204 no perfil de células peritoneais.......................................61 4.8 Efeito do ML204 na fagocitose mediada por macrófagos .........................62 4.9 Efeito da deleção gênica para o TRPC5 no score Severidade, peso e temperatura em camundongos.........................................................................63 . 4.10 Efeito da deleção gênica para o TRPC5 nos marcadores de falência múltipla de órgãos.............................................................................................65 4.11 Efeito da deleção gênica para o TRPC5 na produção plasmática de NO e H2O2...................................................................................................................67 4.12 Efeito da deleção gênica para o TRPC5 na produção peritoneal de NO, H2O2 e fagocitose mediada por macrófagos....................................................69 6 DISCUSSÃO.................................................................................................71 7 CONCLUSÃO...............................................................................................87 REFERÊNCIAS................................................................................................89 16 1 INTRODUÇÃO 1.1 Sepse A sepse pode ser definida como síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SRIS), podendo ser desencadeada em resposta a diferentes agentes infecciosos como bactérias, fungos e vírus (WARD, 2012). As infecções causadas por bactérias Gram-negativas são as mais frequentes, apesar de nos últimos anos ter sido observado um aumento de casos de sepse causada por bactérias Gram-positivas (BENJAMIN, 2001). Usualmente, o início do quadro clínico se manifesta com alterações inespecíficas e sutis dos sinais vitais como taquicardia e taquipnéia (KNOBEL, 2005) e evolui clinicamente sob diferentes formas: i) a sepse grave, a qual encontra-se associada à disfunção de órgãos, hipoperfusão e hipotensão; ii) o choque séptico, associado a hipoperfusão e hipotensão persistente; e iii) a síndrome da disfunção de múltiplos órgãos, a qual pode representar o estágio final da resposta sistêmica grave à infecção (CARVALHO et al., 2010). A resposta inflamatória sistêmica característica da sepse ocorre de forma descontrolada e é caracterizada pela produção desbalanceada de mediadores inflamatórios, excessiva vasodilatação, extravazamento plasmático, hipotensão, lesão tecidual e, finalmente, a falência de múltiplos órgãos, responsável pela letalidade da sepse (DEVESA et al., 2011). Clinicamente, pelo menos duas das seguintes alterações devem estar presentes: hipertermia ou hipotermia, aumento ou redução da frequência cardíaca, diminuição da frequência respiratória e alterações na contagem de células brancas do sangue (leucopenia, leucocitose ou presença de formas celulares imaturas maior que 10%). Sendo assim, de acordo com uma conferência realizada pela American College of Chest Physicians e a Society of Critical Care Medicine em agosto de 1991, a SRIS é uma resposta inflamatória a uma grande variedade de condições clínicas severas. Essa resposta é manifestada por duas ou mais das seguintes condições: 1) temperatura > 38 oC ou < 36oC; 2)freqüência cardíaca > 90 bpm; 3) freqüência respiratória > 20 ipm 17 ou pCO2 < 32 mmHg; 4) contagem de glóbulos brancos > 12.000/ mm 3 ou < 4.000/mm3 ou bastonetes > 10% (BONE et al., 1996). A sepse possui uma incidência relativamente alta, sendo a principal causa de morte nas unidades de terapia intensiva (UTI) (MARTIN, 2003). Países como a Finlândia apresentam cerca de 38 casos de sepse por 100.000 habitantes (KARLSSON et al., 2007). Da mesma forma, a incidência da sepse por cada 100.000 habitantes é de 51 casos na Inglaterra, Gales e Irlanda do Norte (PADKIN, 2003), 77 casos na Oceania (FINFER et al., 2004), 81 casos nos EUA (MARTIN et al., 2003), e 95 casos na França (BRUN-BUISSON et al., 2004). A taxa de mortalidade da sepse pode variar de 20% a 80% dependendo da rapidez de diagnóstico e tratamento (ANDRADE et al., 2006). No Brasil, o estudo BASES (Brazilian Sepsis Epidemiogical Study) (SILVA et al., 2004), desenvolvido em cinco UTI dos estados de São Paulo e Santa Catarina, mostrou uma incidência de sepse, sepse grave e choque séptico de 46,9%, 27,3% e 23%, respectivamente, com taxa de mortalidade de 33,9%, 46,9% e 52,2%. Um estudo posterior avaliou a incidência da sepse em 75 UTI em todas as regiões do país. Em uma população de 3.128 pacientes, 16,7% apresentaram sepse, com uma mortalidade geral de 46,6%. Quando discriminados em sepse, sepse grave e choque séptico, a incidência foi 19,6%, 29,6% e 50,8% e a mortalidade foi 16,7%, 34,4% e 65,3%, respectivamente (SALES et al., 2006). Outro estudo realizado na região sul do Brasil em pacientes com choque séptico admitidos em UTI, durante os anos de 2003 e 2004, mostrou incidência de 30% e mortalidade de 66,5% (DIAS et al., 2007). 1.2 Resposta Celular Inata na Sepse As células do sistema imune (tais como neutrófilos, macrófagos, células dendrídicas, linfócitos T reguladores e células natural killers) formam a frente inicial de defesa do organismo frente a infecções, exercendo funções importantes como fagocitose, ação microbicida, produção de mediadores inflamatórios, apresentação de antígenos e subsequente ativação da resposta imune específica ao microrganismo invasor (LUKAS et al., 2015). O reconhecimento do microrganismo pelo hospedeiro é realizado através de 18 receptores específicos, chamados receptores de reconhecimento de padrões (RRP), os quais são capazes de reconhecer padrões moleculares associados à patógenos (PAMPs) (EASTON et al., 2009). Os PAMPs incluem proteínas, RNA, DNA, sacarídeos, lipídios, dentre outras moléculas derivadas do microrganismo invasor (MOGENSEN, 2009). Já a família de RRPs engloba receptores do tipo Toll (TLR; do inglês Toll-like receptors), esses receptores foram descobertos durante estudos com a resposta imune inicial em cepas de Drosophila (HANSSON et al., 2005). Estes estudos apontaram que esses receptores eram capazes de reconhecer fragmentos de bactérias, fungos ou vírus, iniciando assim a resposta imune inata. Antes da descoberta desses receptores, acreditava-se que a produção de mediadores inflamatórios se dava apenas após a fagocitose, o que levou a comunidade científica a investir em pesquisas tomando por objetivo principal, buscar algo semelhante em humanos. Logo após, o primeiro TLR foi caracterizado em humanos, o TLR4 (MEDZHITOV et al., 1997b). Com o avanço das pesquisas, mais de 10 tipos desses receptores foram caracterizados, cada um apresentando especificidade para diferentes PAMPs, tais como: TLR1 é responsável pelo reconhecimento de lipopeptídeos bacteriano; TLR2: peptídeoglicanos; TLR3: dsRNA (RNA dupla fita); TLR4: lipopolissacarídeo; ácido lipoteicóico; TLR5: flagelo bacteriano; TLR6: diacillipopeptídeos; TLR7: ssRNA (RNA fita simples, regiões ricas em uracila); TLR8 ssRNA (RNA fita simples, regiões ricas em guanina); TLR9: CpG DNA (MEDZHITOV et al., 2000). Após a caracterização desses receptores, os TLRs receberam importante atenção devido a sua capacidade de reconhecer moléculas que desencadeiam a resposta imunológica. O TRL4 (também conhecido como CD284) reconhece moléculas como o LPS, uma endotoxina presentes em bactérias Gram-negativas e iniciam a resposta inflamatória da sepse, mediada por citocinas pró-inflamatórias (OKLA et al., 2015). Outros receptores também estão envolvidos com o reconhecimento de PAMPS, tais como moléculas de superfície, como o receptor de macrófagos scavenger (MSR; do inglês Macrophage Scavenger Receptor), CD11b/CD18, canais iônicos (COHEN, 2002) e outros receptores intracelulares como o NOD1 e NOD2 que reconhecem microrganismos que penetram no citoplasma celular, como 19 algumas espécies de bactérias intracelulares ou detectam produtos que podem ser liberados dentro do citoplasma decorrentes dos processos de fagocitose e degradação de micróbios (WILLMENT & BROWN, 2008). Recentemente foi demonstrado que membros da família de Receptores de Potencial Transitório (do inglês Transient Receptor Potential Channels) também podem ser ativados por compostos microbianos, como o LPS (MESEGUER et al., 2014). Quando ocorre a infecção ou bacteremia, a primeira linha de defesa do hospedeiro é realizada por células fagocitárias (macrófagos, monócitos e granulócitos polimorfonucleares) que reconhecem e destroem esses patógenos (LUKAS et al., 2015). Os componentes dos patógenos, como o LPS desencadeiam uma cascata inflamatória, estimulando as células a produzirem e liberarem mediadores inflamatórios como interleucinas, quimiocinas, moléculas de adesão, radicais livres de oxigênio, óxido nítrico, dentre outros; além de expressarem diferentes receptores, ocasionando assim, a amplificação do processo inflamatório (BALDWIN, 2001). À medida que a inflamação local progride, novas células são recrutadas, inclusive à partir da medula óssea, sendo comum a presença de células não maduras no siítio de inflamação (ARLETE et al., 2009). Em alguns casos, a inflamação local passa a tomar dimensões sistêmicas, uma vez que a proliferação de bactérias e/ou a liberação e disseminação de componentes bacterianos na circulação acarreta um processo inflamatório generalizado, e provocando assim, alterações da perfusão e consequentemente falência de órgãos vitais, podendo levar ao óbito do paciente. Neste contexto, os macrófagos exercem um papel primordial. Estas células, residentes em diferentes tecidos e mucosas, são capazes de fagocitar microorganismos e/ou antígenos, apresentar antígenos bacterianos aos linfócitos T, e subsequentemente estimular uma resposta específica ao estímulo infeccioso. Desta forma, a próxima seção detalhará a relevância da resposta imune como maquinaria para a produção de mediadores inflamatórios e seu impacto na resposta a infecções bacterianas. 20 1.3 Mediadores inflamatórios Durante a sepse há uma produção excessiva de mediadores inflamatórios, principalmente citocinas, quimiocinas, mediadores lipídicos e radicais de oxigênio e nitrogênio. Normalmente, durante a resposta inflamatória, essas moléculas são necessárias para aumentar a infiltração de leucócitos no sítio da infecção, na tentativa de destruir o patógeno invasor e reparar danos teciduais (DEVESA et al., 2011). O quadro séptico induz nos macrófagos, um aumento do consumo de glicose e oxigênio, capacitando-os para matar microorganismos e células tumorais. Os macrófagos também são um dos mais potentes reconhecedores de LPS, sendo altamente ativados em contato com essas moléculas (GYORFY et al., 2013). Durante a fagocitose, Macrófagos e Neutrófilos produzem espécies reativas de oxigênio (EROs), devido à estimulação com vários agentes através da ativação do complexo de enzimas NADPH (Nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato reduzida) oxidase (FORMAN & TORRES, 2002). A produção biológica de EROs está diretamente relacionada com diversas funções biológicas, tais como a ativação transcricional, proliferação celular e apoptose (FORMAN & TORRES, 2002). Esse processo de produção de ERO é chamado de burst oxidativo, devido ao consumo transitório de oxigênio e é considerada um importante evento durante a fagocitose, tendo efeitos bactericida (FORMAN & TORRES, 2002). A ocorrência do busrt oxidativo é observada em resposta à ativação de neutrófilos e macrófagos por mediadores inflamatórios solúveis específicos ou particulados e está associado com um aumento do consumo de oxigênio de 2 a 20 vezes e também ao aumento do metabolismo da glicose, dependendo da célula e da natureza do estímulo, sendo o LPS uma importante molécula para a ativação de macrófagos e burst oxidativo (GRAHAM et al., 2015). Durante o burst oxidativo, as moléculas de oxigênio (02) sofrem redução a ânions superóxidos (O2-). O complexo NADPH age como doador de elétrons, sendo a enzima flavocitocromo oxidase b558 (Componente do NADPH) que medía essa reação. O superóxido formado é, então, convertido em H2O2 com a ajuda da enzima superóxido dismutase (SOD) (FANG, 2004). O peróxido de hidrogênio 21 exerce diversas funções no organismo humano, dentre elas, atua como molécula sinalizadora, é um agente citotóxico no sistema de defesa e também, em alguns casos, pode causar doenças (FORMAN & TORRES, 2002; HALLIWELL et al., 2004). A produção de óxido nítrico ocorre a partir da oxidação do átomo de nitrogênio do aminoácido L-arginina, mediada pela enzima óxido nítrico sintase (NOS). Logo em seguida o NO é convertido em nitrito (NO2-). Atualmente existem três isoformas de NOS conhecidas e foram descritas baseadas nas características gênica de cada uma, sendo duas isoformas constitutiva (cNOS), as quais são sensíveis à estimulação pelo cálcio, denominadas óxido nítrico sintase endotelial (eNOS) e óxido nítrico sintase neuronal (nNOS). Ainda, uma forma induzida de óxido nítrico sintase (iNOS) exerce um papel essencial na produção de NO durante processos inflamatórios (PACHER et al., 2007). A cNOS é responsável pela produção de pequenas concentrações de NO, nano ou picomols e sua ativação é dependente da interação com a calmodulina e é controlada pelos níveis de Ca++ (ALDERTON et al., 2001). A iNOS está presente nos macrófagos, é cálcio dependente e sua atividade é induzida por citocinas, como o fator de necrose tumoral - Alfa (TNF-α), a interleucina-1 (IL-1) e o interferon-gama (IFN- γ), além de também ser induzida por componentes estruturais microbianos, como o lipopolissacarídeo, presente na parede celular de bactérias gram-negativas (FÖRSTERMANN et al., 2012). A iNOS é responsável por uma maior produção de NO e a síntese desse mediador inflamatório dura até a completa depletação de L-arginina e dos co-fatores necessários para sua produção, ou até ocorrer a morte celular, cessando a infecção/inflamação (FÖRSTERMANN et al., 2012). A síntese de NO envolve duas etapas, a hidroxilação de um dos nitrogênios guanidinos da L-arginina para gerar NG-hidroxi-L-arginina (NHA), reação mediada pelo complexo NADPH e O2 e, provavelmente, envolve o complexo heme da NOS. Após essa reação, ocorre a conversão da NHA em nitrito (NO) e L-citrulina. Os co-fatores utilizados nesta reação são: Flavina adenia dinucleotídeo (FAD), flavina tetraidrobiopterina (BH4) (YAMASAKI, 2000). mononucleotídeo (FMN) e a 22 O NO tem um vasto papel no organismo, desempenhando uma variedade de processos fisiológicos, como a regulação do sistema imune (PEREIRA et al., 2011). O óxido nítrico também atua na imunidade inata, tendo um potencial microbicida, antibacteriano, antiviral e antiparasitária, atuando em altas concentrações e sendo tóxico para microorganismos invasores. Em concentrações mais elevadas o NO pode desenvolver toxicidade às células do hospedeiro (PEREIRA et al., 2011). No processo inflamatório, o NO tem um duplo papel. Quando secretado em altas concentrações pelos macrófagos, possui um importante papel na defesa contra microorganismos e células tumorais (RAFIEE et al., 2003). Por outro lado, a produção exacerbada de NO, necessária para os efeitos próinflamatórios, estão relacionados a diversas doenças como o choque séptico, doenças auto-imunes e cardiovasculares (FÖRSTERMANN et al., 2012). O NO também pode sofrer um processo oxidativo com espécies reativas de O2, formando outros intermediários ativos, como o peroxinitrito, capaz de reagir com a tirosina e cisteína das proteínas. Longa exposição a grandes concentrações de NO (como ocorre quando a iNOS é ativada) inibe a atividade de diversas enzimas, como a aconitase, citocromo C oxidase e ribonucleotídeo redutase, sendo assim, o óxido nítrico pode se tornar citotóxico ou citoestático. No entanto, em concentrações não tão altas o NO se torna uma molécula sinalizadora útil em diversos eventos fisiológicos, como a ativação de alguns receptores presentes em diversas células, inclusive endoteliais (ACHIKE & KWAN, 2003). Elevadas concentrações de NO sintetizadas por macrófagos pode contribuir para a capacidade de essas células suprimirem a proliferação linfocitária. As citocinas produzidas por linfócitos ativados regulam a síntese de NO nos macrófagos (MOILANEN & VAPAATALO, 1995). Dentre os mediadores inflamatórios produzidos durante a sepse ressaltam-se as citocinas TNF-α, IL-1β, IL-6, IL-17 e IL-10. Após o reconhecimento dos PAMPs e ativação das células do sistema imune, ocorre a translocação do NFB ao núcleo e a expressão gênica dessas moléculas é aumentada (BALDWIN et al., 2001). As citocinas pró-inflamatórias aumentam a expressão de moléculas de adesão em leucócitos e células endoteliais. 23 Embora os neutrófilos ativados destruam microorganismos, eles também causam aumento da permeabilidade vascular, ocasionando edema tecidual. Além disso, as células endoteliais ativadas liberam óxido nítrico, um potente vasodilatador que tem papel fundamental na patogênese do choque séptico (RUSSEL, 2006). A ativação dos monócitos e macrófagos e a intensa ação dos mediadores iniciais acarretam a síntese de outras citocinas, como IL-6, IL-10, com vários efeitos sinérgicos e antagônicos na resposta inflamatória. A secreção de IL-6 leva à reprogramação da expressão gênica hepática, a chamada “resposta de fase aguda”, caracterizada pela produção de proteínas de fase aguda como a proteína C reativa e a supressão das proteínas negativas de fase aguda, como a albumina (KORTEGEN et al., 2006). A produção de TNF-α na sepse é ativada em monócitos/macrófagos pelo LPS, e também por mediadores endógenos, como a interleucina-1 (IL-1). Uma alta concentração de TNF pode ser encontrada no plasma em diversas doenças inflamatórias e infecciosas, como sepse, meningite bacteriana, malária cerebral, síndrome da angústia respiratória do adulto, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e artrite reumatóide (PLODER et al., 2006). O papel do TNF-𝛼 e da IL-1 na sepse foi demonstrado em diversos estudos, incluindo estudos em modelos de animais experimentais de choque séptico e sepse em humanos. A administração de LPS (proveniente de bactérias gramnegativas, como a E. coli) resulta em uma produção e liberação de TNF-𝛼 e IL1 no sistema circulatório, onde o pico de concentração é detectado entre 60 e 90 minutos após a administração de LPS. Uma vez liberadas, TNF-𝛼 e IL-1 agem em diferentes células alvo, tais como macrófagos, células endoteliais e neutrófilos. O TNF-𝛼 leva o aumento da produção de macrófagos nas células progenitoras (SENCHINA et al., 2007) e promove a ativação, diferenciação e aumenta a capacidade de sobrevivência dessas células (CONTE et al., 2006). O TNF-𝛼 estimula linfócitos T e B, induz a febre, estimula hepatócitos a produzirem proteínas de fase aguda e ainda suprime a lipase lipoproteíca, contribuindo para a caquexia (SCHULTE et al., 2013). Nas células endoteliais, o TNF-𝛼 aumenta a expressão de moléculas de adesão, tais como a molécula de adesão intracelular (ICAM)-1, molécula de adesão vascular (VCAM)-1 e quimiocinas (NAKAE et al., 1996; SHIMAOKA, 2008). Também aumenta a 24 expressão de integrinas e adesinas nos neutrófilos e promovem seu extravasamento para os tecidos. Ambas TNF-𝛼 e IL-1 foram identificadas como os principais mediadores da inflamação induzida por ativação da coagulação, com o TNF-𝛼 tendo uma potente ação reguladora pro-coagulante na expressão endotelial. Além disso, o TNF-𝛼 e a IL-1 amplificam cascatas inflamatórias de forma autócrina e parácrina, ativando macrófagos que secretam outras citocinas pro-inflamatórias (IL-6, IL-8 e MIF), mediadores lipídicos e espécies reativas de oxigênio e hidrogênio (COHEN, 2002; SCHULTE et al., 2013), levando a disfunção de órgãos. Devido a sua capacidade única de modular a liberação de todas estas citocinas, o TNF-𝛼 é considerado o "regulador mestre" na produção de citocinas pro-inflamatórias (PARAMESWARAN & PATIAL, 2010). A expressão de TNF-α também é dependente da ativação do fator de transcrição NFκB (EIGLER et al., 1997; SCHULTE et al., 2013), um fator de transcrição que possui um papel crítico na expressão de mediadores inflamatórios. Esse fator está sequestrado no citosol, formando um complexo com seu inibidor, o IκB (FORMAN & TORRES, 2002). O NFκB possui uma variedade de função quando comparado a outros fatores de transcrição até então caracterizados.Isto é devido a variados estímulos capazes de o ativarem, bem como a inúmeros genes e fenômenos que ele regula. Entre esses estímulos estão os neurotransmissores (como o glutamato), neurotrofinas, proteínas neurotóxicas (como a β-amilóide), citocinas (IL-1 e TNF-α), glicocorticóides, ésteres de forbol, peptídeo natriurético atrial, ceramidas, produtos provenientes de vírus e bactérias, irradiação ultravioleta, produtos de reações de enzimas como a iNOS e a ciclooxigenase tipo 2 (COX-2). Independendo do estímulo, parece haver participação de espécies reativas de oxigênio (estresse oxidativo) e o aumento de cálcio intracelular para a ativação do NFB. A implicação desse fator de transcrição como alvo terapêutico é decorrente da variedade de genes que sofrem regulação pelo fator NF-B, envolvidos em vários processos celulares, tais como desenvolvimento, plasticidade, morte e defesa celular. Entre tais genes, podem ser citados os envolvidos na produção de enzimas, como a iNOS, a COX-2 e a SOD, e de citocinas, como o TNF-α (GLEZER et al., 2000). 25 A IL-6 é uma glicoproteína produzida por uma grande variedade de células, tais como células dendrídicas, macrófagos, linfócitos, células endoteliais, fibroblastos e células do músculo liso em resposta à estímulo com lipopolissacarídeo, IL1 e TNF-α (ROSSOL et al., 2011; SCHELLER & ROSEJOHN, 2006). Elevadas concentrações de IL-6 são detectadas em muitas condições inflamatórias agudas, como queimaduras, cirurgias de grande porte e sepse, tendo seu pico de concentração subsequente ao do TNF-α e IL-1 (MARÍA et al., 2012). Essas condições em que os níveis de IL-6 se mantêm elevados são correlacionadas como indicadores de gravidade de muitas doenças e escores clínicos (SEN et al., 2012), estresse pós-cirurgia (CRUICKSHANK et al., 1990), trauma (BOTHA et al., 1994), falha múltipla de órgãos e choque séptico (SADOWSKY et al., 2015) e mortalidade em geral (SEN et al., 2011). A IL-6 tem uma variedade de efeitos biológicos, incluindo a ativação de linfócitos B e T, o sistema de coagulação e a modulação da hematopoiese (MARÍA et al., 2012). Em contraste com o TNF-α e IL-1, a injeção de IL-6 por si só não pode produzir uma resposta inflamatória sistêmica (PREISER et al., 1991). Uma de suas principais funções é a indução da febre (DINARELLO, 2004) e a mediação da resposta da fase inflamatória aguda, uma reação sistêmica devido a um estímulo inflamatório que é caracterizado por febre, leucocitose e a liberação de proteínas hepáticas, tais como proteína C-reativa, componentes do sistema complemento, fibrinogênio e ferritina (HEINRICH et al., 1990). Embora suas propriedades pro-inflamatórias, a IL-6 também tem demonstrado promover respostas anti-inflamatórias, inibindo a liberação de TNF-α e IL-1 (STARKIE et al., 2003), melhorando também os níveis circulantes de mediadores anti-inflamatórios, como IL-1Ra, TNFRs, IL10, TGF-𝛽 e cortisol (STEENSBERG et al., 2003; XIAO et al., 2005). Em estudo experimental, a IL-6 demonstrou um efeito protetor durante a endotoxemia, causada por LPS, por exemplo (XING et al., 1998). A IL-10 é produzida por diversos tipos de células do sistema imunológico, como os monócitos, macrófagos, linfócitos B e T e células assassinas naturais ou NK (LATIFI et al., 2002). Estudos funcionais revelaram que a IL-10 possui funções anti-inflamatórias, inibindo a produção de mediadores pro-inflamatórios, tais como TNF-α, IL-1, IL-6, IFN-γ e GM-CSF em 26 células do sistema imune (MALEFYT et al., 1991). Em contraste, a IL-10 não possui nenhum efeito na expressão constitutiva de TGF-β, uma citocina também com propriedades anti-inflamatórias. Além disso, a IL-10 estimula a produção de IL-1Ra e sTNFRs, neutralizando assim as ações pro-inflamatórias de IL-1 e TNF (SEITZ et al., 1995). Em um modelo experimental murino, a administração de IL-10 recombinante protegeu os camundongos de uma endotoxemia letal, mesmo quando a injeção de IL-10 foi injetada 30 minutos após a administração de LPS (HOWARD et al., 1993). Em contraste, a imunoneutralização dessa citocina resultou em níveis circulantes elevados de TNF-α e IL-6 (HOWARD & O'GARRA, 1992) e inverteu a capacidade da IL-10 de proteger os animais contra uma endotoxemia letal (HOWARD et al., 1993). Apesar dos efeitos protetores da IL-10 em patologias induzidas por LPS, suas ações nem sempre foram benéficas no modelo de sepse polimicrobiana (CLP). De fato, a inibição da IL-10 doze horas após a CLP, aumentou a sobrevivência dos animais (SONG et al., 1999). No entanto, a administração de anticorpos que neutralizam IL-10 no momento da CLP parcialmente agravou a mortalidade (VANDERPOLL et al., 1995). Estes achados indicam que o tempo para administração de anticorpo anti-IL-10 é crucial para o resultado e que a IL-10 pode apresentar efeitos protetores ou nocivos durante a sepse. A interleucina-17 (IL-17) é uma citocina pró-inflamatória produzida por células T (T helper 17), suas funções biológicas ainda são muito estudadas, porém, sabe se que ela é responsável pela ativação e maturação de neutrófilos e também estimula os macrófagos a produzirem e expressar outras citocinas pró-inflamatórias, como o TNF-α. Estudos mais recentes comprovaram que a IL-17 não era apenas uma, mas uma família (que inclui IL-17A a F) de citocinas com efeitos semelhantes (ZRIOUAL et al., 2008; WRIGHT et al., 2008). As células produtoras de IL-17, as Th17 foram descobertas em 2005/2006, como células do tipo T CD4+, diferentes das demais já conhecidas (T helper 1 e T helper 2), contribuindo assim, para a melhor compreensão da patogenia de várias doenças autoimunes, como a artrite reumatoide, psoríase, doença de Crohn, esclerose múltiplica, etc (IVANOV et al., 2009; HEO et al., 2010). Além da produção de citocinas pro-inflamatórias e da ativação e maturação de neutrófilos, a IL-17 também está envolvida nas interações entre células através 27 da expressão do Receptor Activator of Nuclear kB Ligand (RANKL) (PARSONAGE et al., 2008). Durante o quadro séptico, diversos parâmetros imunológicos são ativados com a finalidade de proteger o organismo da infecção, no entanto, a resposta imunológica exacerbada pode também contribuir para um pior prognóstico do paciente, com isso, ao estudar a sepse, é importante a escolha de um modelo experimental animal que desencadeie os mesmos mecanismos da sepse humana; o modelo de sepse escolhido no presente trabalho será explorado no próximo tópico. 1.4 Modelo de endotoxemia Diferentes modelos experimentais têm sido empregados no estudo da sepse, incluindo modelos animais. Dentre estes, destacam-se a inoculação de bactérias ou endotoxinas por via intravascular ou intraperitoneal, a ligadura e perfuração do ceco, introdução de cateter no cólon ascendente, modelos de infecção de tecidos moles, modelos de pneumonia e de meningite (GARRIDO, 2004). Apesar de nenhum dos modelos de experimentação em animais ser capazes de mimetizar todos os aspectos da sepse humana, eles são úteis em fornecer informações acerca da fisiopatologia da síndrome da resposta inflamatória sistêmica característica da sepse, e para o estudo de terapias alternativas para o tratamento da mesma. A escolha do modelo experimental para o estudo da sepse então, deve levar em consideração os seguintes critérios: 1. Capacidade de prever os resultados positivos e negativos de novos agentes terapêuticos; 2. Baixo custo; 3. Ser reprodutível dentro de um determinado laboratório; 4. Ser reprodutível em diferentes laboratórios; 5. Ser humanitário; 6. Ser capaz de prever o ponto de mortalidade; 7. Reproduzir os parâmetros hemodinâmicos, hematológicos e bioquímicos de maneira similar ao observados na sepse humana (LIMA et al., 2011). No presente estudo foi utilizado o modelo de sepse por injeção intraperitoneal de lipopolissacarídeo (LPS), que será discutido a seguir. O LPS é um componente bacteriano muito utilizado como modelo experimental para induzir a síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SRIS) 28 associada à sepse em animais (FINK, 2014). A administração de LPS pode ser realizada por via endovenosa ou intraperitoneal. Após a administração da endotoxina, a resposta inflamatória é iniciada a partir desse foco infeccioso, mimetizando a sepse humana através da produção local e sistêmica de mediadores inflamatórios como citocinas e quimiocinas. Assim, desencadeia fenômenos inflamatórios sistêmicos, como a migração de células inflamatórias para o local da inflamação, coagulação intravascular disseminada, disfunção vascular e ocasionando falência múltipla de órgãos devido ao excesso de mediadores da resposta inflamatória como os reativos de oxigênios que diminuem a irrigação sanguínea dos órgãos devido a hipoperfusão (WARD, 2012). Uma das desvantagens deste modelo é devido ao início do processo ocorrer de forma muito rápida, e não gradativa, como acontece na maioria dos casos clínicos (NEMZEK, 2008). A endotoxemia é um modelo experimental utilizado para mimetizar a SRIS característica de quadros de sepse estéril, com vantagens sobre o controle da dose e reprodutibilidade de resultados (THOMAS et al.,2014). No entanto, este modelo experimental emprega frequentemente animais jovens ao contrário da sepse humana, na qual a maioria dos casos é observada em idosos e pacientes com outras doenças associadas, onde nem sempre o agente causal é conhecido e as vezes é provocada por mais de uma bactéria ou outros microrganismos, como fungos e vírus (LIMA et al., 2011). De forma geral, apesar das diferenças em comparação com a sepse humana, o modelo de endotoxemia tem contribuído bastante para o entendimento dos mecanismos sistêmicos da sepse e do choque séptico; ainda, é útil para compreender alguns aspectos clínicos da sepse humana, visto que, mesmo após a morte da bactéria, as endotoxinas liberadas da parede celular desses microorganismos ainda continuam desencadeando a SRIS no paciente, o qual pode ir a óbito devido a essa resposta inflamatória continuada. Ressalta-se que na sepse clínica mesmo após a morte bacteriana aproxidamente 50% dos pacientes vão a óbito devido a inflamação causada por componentes/produtos bacterianos como as endotoxinas presentes na circulação. Além do mais, o modelo de endotoxemia, por não ter intervenção cirúrgica, é um modelo que reduz o sofrimento animal. Visto que os mecanismos da sepse e dos modelos 29 experimentais são medeiados por diversos receptores presentes no organismo, investigamos o papel de receptores ainda pouco conhecidos na modulação da resposta imune; tais receptores serão descritos a seguir. 1.5 Família dos receptores de potencial transitório Os canais TRPs foram descobertos em 1969 quando Cosens e Manning identificaram uma variedade mutante de Drosophila melanogaster, um inseto conhecido como mosca-da-fruta. Era observado que esses insetos mutantes ficavam cegos quando eram expostos a intensa iluminação. Analisando o sistema visual desses insetos, observou-se que as cepas mutantes de Drosophila apresentavam respostas no eletroretinograma transitórias à estimulação luminosa intensa prolongada, enquanto cepas com fenótipo normal apresentavam uma resposta contínua. Assim, a denominação de receptor de potencial transitório (TRP) foi designada ao fotoceptor desta variante mutante do inseto, devido à resposta transitória a partir da exposição e estimulação com luz intensa (NILIUS et al., 2011). Posteriormente, pesquisadores isolaram a região do DNA que expressava o gene trp que, depois de clonado e sequenciado, foi descrito como contendo 1275 aminoácidos e seis domínios transmembrana (ISHIMARU et al., 2009). A superfamília dos receptores TRPs (do inglês, transient receptor potential) são canais iônicos que se diferenciam dos outros pela sua seletividade de íons e modos de ativação. Nos mamíferos compreendem cerca de 30 membros diferentes e estão divididos em sete subfamílias com base na homologia de suas sequencias de aminoácidos: Canônica (TRPC; inclui TRPC1-7), Melastatina (TRPM; inclui TRPM1-8), Vanilóide (TRPV; inclui TRPV1-6), Policistina (TRPP; inclui TRPP1-3), Mucolipina (TRPML; inclui TRPML1-3), Anquirina (TRPA; inclui TRPA1) e NOMPC (TRPN; expressos em Drosophila sp, sapos, truta e vermes) (PEDERSEN et al, 2005). Seus membros compartilham características comuns de seis domínios transmembranais, variações nas sequências de aminoácidos e a permeabilidade iônica. As regiões N- e C-terminal são voltadas para o meio intracelular e os domínios transmembranais, em conjunto, formam um poro entre os domínios 5 e 6, por 30 onde ocorre o influxo de íons (CLAPHAM, 2003; LEVINE & ALESSANDRIHABER, 2007). A maioria dos TRPs são canais catiônicos não seletivos expressos nas membranas celulares e apresentam índices de permeabilidade variável para o Ca++. Eles medeiam funções sensoriais (Como a visão, nocicepção, paladar, temperatura e sinalização de feromônio) e funções homeostáticas (como liberação hormonal e osmorregulação, por exemplo), sendo importantes sinalizadores em doenças inflamatórias (PREMKUMAR, 2014). Existe uma baixa homologia entre as diferentes famílias de TRP e por isso os canais apresentam uma grande variedade de modos de ativação (LEVINE & ALESSANDRI-HABER, 2007), tais como, mudanças de temperatura (VAY et al., 2012), pH (WANG et al., 2013), estímulos mecânicos (PETER, 2011), hormônios (QIU et al., 2010), espécies reativas de oxigênio (NAYLOR et al., 2010) e outros mediadores inflamatórios (FERNANDES et al., 2012); e exógenos (como produtos derivados de plantas, fumaça de cigarro, poluição, substâncias químicas, etc (BAHNASI et al., 2008; FERNANDES et al., 2012). Os estímulos nociceptivos e vias de reconhecimento do processo inflamatório ativam diferentes receptores compartilhados por diferentes células do sistema imune e do sistema nervoso periférico. Em particular, os canais TRPs reconhecem sinais exógenos, padrões moleculares relacionados ao dano (DAMPs) no local da inflamação (por exemplo, calor, acidez, produtos químicos) e sinais endógenos liberados durante o trauma ou lesão tecidual (ATP, estresse osmótico, ácido úrico, etc). Além disso, outros estímulos celulares (como o estresse mecânico) também podem ativar canais TRPs e induzir a inflamação (CLAPHAM, 2003). Dentre estes receptores, os mais bem estudados em relação às suas interações com a resposta inflamatória são os canais TRPV1 e TRPA1. O recente conhecimento de que estes receptores também encontram-se expressos em células imunes, despertou o interesse da comunidade científica em entender a relevância destes, na resposta imune à infecções. Este aspecto será discutido ao longo desta seção. As primeiras evidências de que os receptores TRP são moduladores da resposta imune contra infecções foram obtidas de modelos experimentais em animais tratados com antagonistas seletivos para o TRPV1, ou com deleção 31 gênica deste receptor. Os receptores TRPV1 geralmente são expressos em fibras sensoriais, sendo importantes para a detecção de estímulos nocivos (SZALASSI et al., 2007). Este receptor pode ser ativado por substâncias exógenas, como a capsaicina (composto pungente da pimenta vermelha) e resiniferatoxina (isolada da Euphorbia resinifera), por agentes inflamatórios endógenos, e também por calor nocivo, maior que 43ºC (JARA-OSEGUERA et al., 2008; Schumacher, 2010). Por ser um sensor de estímulos nocivos, que podem ser ativados por diversos mecanismos, o TRPV1 está relacionado a diferentes patologias dolorosas, tais como dor inflamatória, visceral, neuropática e também câncer (JARA-OSEGUERA et al., 2008; ADCOK, 2009; PATAPOUTIAN et al., 2009). O TRPV1 demonstrou ter um efeito protetor contra a hipotensão e hipotermia em ratos com endotoxemia, enquanto o tratamento com capsaicina, um antagonista deste receptor, aumentou a mortalidade dos animais (WANG et al., 2008). A deleção gênica para o receptor TRPV1 aumenta os níveis de TNFα, NO e de marcadores de falência múltipla de órgãos durante a endotoxemia (CLARK et al., 2007). Estes recentes achados indicam um efeito protetor do TRPV1 no quadro séptico. O TRPV1 tem sido sugerido como um dos moduladores da resposta imune frente aos estímulos causados por bactérias, tornando-se um receptor importante para a resposta inflamatória contra infecções (CLARK et al., 2007). Na sepse, o tratamento com capsaícina (agonista do TRPV1) aumenta a taxa de sobrevivência em ratos (BRYANT et al., 2003), diminui a febre em camundongos (IIDA et al., 2005), ajuda a combater e controlar infecções bacterianas (CLARK et al., 2007; FERNANDES et al., 2012), ameniza os níveis plasmáticos de aspartato-amino transferase, um marcador de falência hepática (CLARK et al., 2007). Outros trabalhos recentes demonstram que o TRPV1 também pode modular a resposta imune em camundongos infectados com o parasito da malária. Além do TRPV1, outros receptores da família dos TRPs também contribuem para a resposta inflamatória contra infecções. O TRPA1 é o único membro da subfamília TRPA, foi primeiramente descrito como um sensor para o frio nocivo nas terminações periféricas de fibras sensoriais (STORY et al., 32 2003). Este receptor é ativado por estímulos mecânicos e por várias substâncias naturais e irritantes derivadas de plantas, como a alina, composto presente no alho e o cinemaldeído, presente na canela (BANDELL et al., 2004; JORDT et al., 2004). O TRPA1 está expresso em terminações nervosas e corpos celulares de neurônios sensoriais, juntamente com o receptor TRPV1 e com neuropeptídeos como a substância P e peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP). A ativação de tais terminações nervosas acarreta na liberação de neuropeptídeos que podem induzir os sinais clássicos da inflamação, causando um fenômeno denominado inflamação neurogênica, a qual está envolvida no mecanismo de uma variedade de doenças inflamatórias, como a dor neuropática, asma, enxaqueca e dermatite (INOUE et al., 1997; PETERS et al., 2006). Além do mais, o TRPA1 pode ser ativado por uma variedade de mediadores inflamatórios e substâncias oxidantes e eletrofílicas, podendo participar da resposta inflamatória através do desencadeamento de vários mecanismos devido aos múltiplos mediadores químicos e biológicos que participam da sensibilização e ativação dos nociceptores primários durante a injúria tecidual e inflamação (MEYER et al., 1991). Ambos o TRPV1 e o TRPA1 são considerados como sensores de estresse oxidativo, podendo ser ativados por EROS e também são capazes de regular a produção destes radicais. Estudos recentes têm demonstrado que a ativação do TRPA1 com seu antagonista (cinemaldeído) possui efeitos protetores na sepse. A estimulação desse receptor atenua a falência hepática e altera o perfil de células inflamatórias circulantes e no foco infeccioso. O mesmo estudo demonstrou que a estimulação do TRPA1 promove a diminuição dos níveis plasmáticos de mediadores inflamatórios produzidos em excesso durante a sepse, dentre eles a IL-1β e TNF-α. Níveis locais de óxido nítrico também foram reduzidos no foco infeccioso utilizando o modelo experimental por administração intraperitoneal de LPS. Tais dados sugerem que o TRPA1 modula alguns mecanismos da resposta inflamatória sistêmica em modelos experimentais de endotoxemia em camundongos (MENDES, 2015; SOUSA et al., 2015). Ambos o TRPV1 como o TRPA1, são atualmente denominados como sensores de estresse oxidativo, podendo ser ativados por produtos pró- 33 oxidantes derivados desta via; além de regularem a produção destes produtos (KIM et al, 2013; MILLER et al, 2011). Recentemente, sugeriu-se que outro membro da família TRP, o TRPC5, pode ser ativado tanto por produtos pró- (H2O2) quanto anti-oxidantes (tioredoxina; TRX), embora a relevância desta interação na sepse nunca tenha sido avaliada, estes achados adicionam uma nova camada de complexidade nas funções patofisiológicas dos receptores TRP. Desta forma, a seguir, será discutida a importância do TRPC5, seja como homodímero (TRPC5/TRPC5), ou heterodímero (TRPC4/TRPC5 e TRPC1/TRPC5), em relação às suas conhecidas funções patofisiológicos, e sua potencial relevância para a sepse e/ou a resposta inflamatória sistêmica associada a esta síndrome; o TRPC4 também foi avaliado neste estudo devido a sua capacidade de formar heterodímeros com o TRPC5, que é sensor do estresse oxidativo, o qual se apresenta aumentado durante a sepse. Devido a outros membros desta família de receptores participarem de mecanismos da resposta inflamatória, pela primeira vez esses receptores foram estudados como possíveis moduladores da resposta imune na sepse. 1.6 TRPC4 e TRPC5 Os canais TRPC formam uma das subfamílias dos TRPs e compartilham características similares em suas estruturas. Eles contém 3 a 4 repetições de anquirina e um domínio terminal C conservado (PHILIPP et al., 2000). São canais de cátions não seletivos permeáveis ao cálcio e sódio, variando entre seus diferentes membros. Muitas das subunidades dos TRPCs podem se apresentarem juntamente expressos nas membranas celulares, formando homômeros e heterômeros (NILIUS et al., 2007). Os TRPCs, assim como outros membros das subfamílias dos TRPs, são classificados como canais operados por estoque (SOC, do inglês, store-operated channels), canais que são ativados quando as reservas intracelulares de cálcio se esgotam. Os canais TRPCs predominantes no cérebro de mamíferos são os TRPC1, TRPC4 e TRPC5 e estão densamente expressos nas regiões corticolímbicas do cérebro, como o hipocampo, córtex pré-frontal e septo lateral (MELISSA et al., 34 2007; FOWLER et al., 2012). Canais TRPC1, C4 e C5 são ativados pelo receptor metabotrópico de glutamato do grupo 1 DHPG (FOWLER et al., 2007). De forma geral, os canais TRPCs podem ser ativados pela fosfolipase C e alguns membros pelo diacilglicerol. O TRPC5 é ativado pela tiorredoxina extracelular reduzida (XU et al., 2008). Os canais TRPC são ativados através de receptores acoplados à proteína G, incluindo receptores muscarínicos, adrenérgicos, serotonérgicos. Os sete canais TRPCs são divididos em quatro subgrupos, TRPC1, TRPC2, TRPC3/6/7 e TRPC4/5, baseado em suas sequencias de similaridades. TRPC4 e TRPC5 são homólogos próximos, compartilhando 64% de similaridade (KIM, 2012). O TRPC5 é um dos sete canais TRPC presente em mamíferos. É uma proteína de membrana não seletiva permeável ao Ca ++. Esse receptor possui vários mecanismos de ativação, podendo ser estimulado de forma isolada na membrana, formando homodímeros (TRPC5-TRPC5), e heterodímeros com os receptores TRPC1 (STRÜBING et al., 2003; HOFMANN et al., 2002), TRPC3 e TRPC4 (HOFMANN et al., 2002). Além do mais, esse receptor interage com uma vasta quantidade de substâncias e proteínas, incluindo calmodulina, CABP1, enkurin, Na+, proteína de ligação ao GTP induzida por interferon (MX1), dentre outros (SOSSEY-ALAOUI et al., 1999). Os homômeros de TRPC5 e heterômeros TRPC5-TRPC1 podem ser ativados por tioredoxina extracelular reduzida e propofol (BAHNAS et al., 2008). O TRPC5 Está predominantemente expresso no sistema nervoso central, incluindo o hipocampo, cerebelo, amígdala, neurônios sensoriais, retina e mais restritamente na periferia, principalmente nos rins e no sistema cardiovascular. São ativados principalmente pelos receptores acoplados às proteínas Gq, fosfolipase C e/ou Gi. Há uma variedade de outros ativadores dos canais TRPC5, como o óxido nítrico, lisofosfolipídeos, esfingosina-1-fosfato, tiorredoxina reduzida, prótons, lantanídeos e cálcio. Muitos desses ativadores do TRPC5, como o óxido nítrico, têm sua produção aumentada durante a sepse e podem ativar o receptor diretamente (ZHOLOS, 2014). É conhecido que a tiorredoxina aumenta a produção de alguns mediadores inflamatórios importantes na sepse, como o peróxido de hidrogênio, já mencionado acima. 35 Embora as propriedades sejam similares com o TRPC4, os canais TRPC5 são sensíveis ao frio e podem ser ativados por uma variedade adicional de estímulos, como o aumento citosólico de Ca++ (BECK et al., 2013). O TRPC4 está expresso em uma grande variedade de tecidos, incluindo o cérebro e endotélio. No músculo intestinal liso o TRPC4 induzem a despolarização, influxo de Ca++ e contração, assim, acelera a motilidade intestinal, além disso, também exerce um importante papel em fenômenos que participam de processos inflamatórios e infecciosos como na permeabilidade endotelial, contribuindo para a migração de células do sistema imune para os tecidos, em caso de infecções locais; vasodilatação, um importante fenômeno vascular importante em processos inflamatórios tanto locais quanto sistêmico, podendo influenciar em quadros graves como na sepse, por exemplo; liberação de neurotransmissores e proliferação celular (BECK et al., 2013). O TRPC4 existe em duas isoformas e estão expressos em diferentes tipos de células e tecidos (PHILIPP et al., 1996; WALKER et al., 2001). O TRPC4-α representa a forma completa do receptor, já o TRPC4-β falta um segmento do amino ácido 84 do terminal carboxilo (MERY et al., 2001; SCHAEFER et al., 2002). O TRPC4-α, originalmente clonado de retina bovina, mostrou ser ativado com a administração de GTPγs ou depleção intracelular dos estoques de cálcio (PHILIPP et al., 1996). Uma série de funções fisiológicas foram atribuídos aos canais TRPC4 baseado em estudos em camundongos TRPC4 knockout, incluindo vasodilatação mediada por células endoteliais aórticas (FREICHEL et al., 2005), formação de fibras de actina e permeabilidade microvascular em células endoteliais vasculares no pulmão (TIRUPPATHI et al., 2002), indução da liberação dendrídica serotonina-dependente de ácido aminobutírico em interneurônicos talâmicos (MUNSCH et al., 2003) e modulação da contração e motilidade intestinal na musculatura lisa (FREICHEL et al., 2005; TSVILOVSKYY et al., 2009) Os heterodímeros formados pelo TRPC4/C5 apresentam sensibilidade ao NO e quando ativados por esse mediador inflamatório conduzem a entrada de Ca++ em células endoteliais e podem ter um papel determinante na proliferação celular (YOSHIDA et al., 2006). Além disso, também tem sido 36 especulado o papel desses heterodímeros na integridade das junções celulares das barreiras endoteliais (CIOFFI et al., 2006). Com base nessas informações, sugere-se que durante a sepse a produção de NO é aumentada de forma descontrolada, ocasionando uma maior ativação desses heterodímeros que, por sua vez, pode acarretar uma maior vasodilatação e alterações vasculares, podendo agravar ainda mais o quadro séptico. 1.7 ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES TRPC4/TRPC5 A busca por antagonistas seletivos para receptores com funções fisiológicas pouco conhecidas tem sido um alvo das pesquisas científicas. O bloqueio seletivo de canais presentes em membranas celulares contribui para a descoberta de suas funções e interações com outros complexos orgânicos. Por serem estruturalmente parecidos, a maioria dos bloqueadores para os TRPCs são não seletivos, ou seja, incapazes de bloquear apenas um tipo de receptor dessa subfamília. Dentre os mais comuns, podemos citar alguns antiinflamatórios, como o ácido flufenâmico, ácido mefenâmico, ácido niflúmico e diclofenaco de sódio, que demonstraram inibição não seletiva dose dependente dos canais TRPC4 e TRPC5 (JIANG et al., 2012). No entanto, a caracterização funcional desses canais em tecidos nativos tem sido prejudicada devido a falta de ferramentas farmacológicas específicas. SKF96365, 2-aminoetoxidifenil borato, latânio e gadolíneo podem modular as funções do TRPC4 e TRPC5, porém, não apresentam seletividade para esses canais (MILLER et al., 2011). Estudos recentes demonstraram que a ligação do complexo ca++/calmodulina com os canais TRPC3 e TRPC4 causa a inibição intrínseca destes canais (TANG et al., 2001; ZHANG et al., 2001). Muitos inibidores da atividade do TRPC5 têm sido utilizados, porém em sua maioria, os mesmos bloqueiam outros canais além do TRPC5; tais como SKF96356 e ácido flufenâmico, porém, esses compostos são moduladores seletivos ainda mal conhecidos, podendo afetar outros canais de diferentes subfamílias dos TRPs, dentre outros canais (INOUE et al., 2001). O 2-APB é um inibidor do receptor inositol 1,4,5-trifosfato e também bloqueia o TRPC5 de 37 forma reversível e voltagem-dependente (XU et al., 2005), no entanto, não é um receptor seletivo para a classe dos TRPCs, pois pode afetar também receptores de outras subfamílias, como TRPV, TRPM e TRPP (XU et al., 2005). Um estudo recente caracterizou o CH (do inglês; clemizole hydrochloride), como um novo bloqueador dos canais TRPC5, bloqueando esse receptor independente da atividade da fosfolipase C. O HC também demonstrou ser eficiente no bloqueio de homômeros de TRPC5 e o heterômero TRPC1-TRPC5 (RICHTER et al., 2014). Outros antagonistas não seletivos do TRPC5 incluem: latânio e gadolínio (JUNG et al., 2003), ML204 (que vai ser discutido mais abaixo) (Miller et al., 2011) e ATP interno (DATTILO et al., 2008). O ML204 foi sintetizado e caracterizado como um potente e seletivo antagonista dos canais TRPC4 e TRPC5 através de um estudo realizado por Miller et al., 2011, utilizando uma linhagem de células HEK293 expressando alguns membros da família TRP e também neurônios ganglionais dorsais e células do músculo liso obtidas de camundongos C57BL/6; utilizando métodos eletrofisiológicos para caracterização do bloqueio dos receptores. Embora o composto tenha alguns efeitos fracos sobre receptores muscarínicos e receptores acoplados à proteína G, ele exibe, pelo menos, 20 vezes mais seletividade para os canais TRPC4 sobre outros canais iônicos receptores, incluindo o TRPC6, dentro da mesma família e outros membros das subfamílias de TRPs, como TRPV1, TRPV3, TRPM8 e TRPA1. Este nível de seletividade é muito superior à de outros bloqueadores farmacológicos atualmente utilizados em pesquisa para canais TRPC e fornece bloqueio seletivo dos canais TRPC4 e TRPC5 em tecidos nativos, realizados em estudos fisiológicos. O ML204 é um bloqueado muito eficaz no estudo das funções fisiológicas e fisiopatológicas dos TRPC4/C5, e deve facilitar o desenvolvimento de novas terapias relacionadas a estes canais (MILLER et al., 2011). Os TRPs são uma família de receptores, cujas funções ainda não são completamente elucidadas. Estudos recentes têm demonstrado que alguns membros dessa família de receptores demonstram modular alguns mecanismos imunológicos durantes a sepse, como o TRPV1 que exerce uma 38 função protetora quando estimulado e o TRPA1 que causa um agravamento no quadro séptico. Os TRPCs são canais que também fazem parte dessa família de receptores e, assim como o TRPV1 e TRPA1, são conhecidos por serem sensíveis ao estresse oxidativo, podendo, então, de forma semelhante outros membros da mesma família, modular os mecanismos da sepse. Assim, o objetivo desse estudo foi avaliar a participação dos receptores TRPC4 e TRPC5 nos mecanismos da sepse utilizando um antagonista seletivo para ambos os receptores, o ML204. Além do mais, a descoberta de novas drogas que melhoram o quadro séptico seria uma alternativa para o tratamento somente com antimicrobianos, visto que, a sepse bacteriana pode levar a morte mesmo com o uso de antibióticos, principalmente em casos onde o agente etiológico são bactérias gram-negativas, tendo o LPS estruturalmente em sua parede celular, assim, o tratamento ideal para a sepse seria uma droga que combatesse a bactéria e reduzisse a resposta inflamatória frente à toxinas liberadas após a morte desses microorganismos. 39 2 OBJETIVOS 2.1 Geral Caracterizar a relevância dos receptores TRPC4 e TRPC5 na sepse induzida por LPS através do tratamento repetido com o antagonista seletivo destes receptores o ML204, e do emprego de camundongos com deleção gênica para o TRPC5. 2.2 Específicos - Avaliar os efeitos do antagonista de receptores TRPC4 e TRPC5, ML204, e da deleção gênica do TRPC5 sobre as alterações de peso e temperatura de animais sépticos. - Verificar o efeito do tratamento de camundongos com ML204 e da deleção gênica para TRPC5 sobre os níveis de leucócitos sanguíneos e do lavado peritoneal de animais sépticos. - Estudar a liberação de mediadores inflamatórios (citocinas, NO, ROS) circulantes e no lavado peritoneal de camundongos com sepse induzida por LPS tratados ou não com ML204 e em camundongos com deleção gênica para o TRPC5 (TRPC5KO). - Analisar os efeitos do ML204 e da deleção gênica para o TRPC5 na falência de múltiplos órgãos induzida por LPS através da dosagem de aspartato-amino transferase, creatinina e lipase. - Avaliar os efeitos do ML204 e da deleção gênica para o TRPC5 sobre a fagocitose mediada por macrófagos. 40 3 METODOLOGIA 3.1 Animais Foram utilizados camundongos C57BL/6 (49 machos e 49 fêmeas, 3-4 meses de idade). Os animais foram mantidos em ambiente climaticamente controlado (temperatura e umidade controladas; 22 ± 2 °C e ~60%, respectivamente), em ciclo 12h claro/12h escuro e com água e ração ad libitum. Os animais foram fornecidos pelo Biotério da Universidade Ceuma. Foi utilizado tanto animais fêmeas quanto machos, na mesma quantidade com a finalidade de observar as variações devido aos gêneros diferentes e melhor mimetizar a doença humana. Todos os experimentos foram conduzidos de acordo com os Princípios Éticos de Experimentação Animal adotado pela Sociedade Brasileira de Ciência de Animais de Laboratório (SBCAL) e aprovados pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Universidade Ceuma através do protocolo 108/14. Um outro grupo de animais de linhagem 129/SvImJ, porém, com deleção gênica para o receptor TRPC5 (TRPC5KO, 12 machos/2 a 3 meses de idade) e wild type (WT, 12 machos/2 a 3 meses de idade) (RICCIO et al., 2009), também foram utilizados no presente estudo. Esses animais também foram mantidos nas mesmas condições acima mencionadas e os procedimentos foram realizados de acordo com o UK Home Office Animals (Scientific Procedures) Act of 1986 e Comitê de Ética do King’s College London. 3.2 Tratamento farmacológico Para avaliar a contribuição dos receptores TRPC4 e TRPC5 na sepse induzida por LPS, os animais foram tratados com o antagonista seletivo para estes receptores, ML204. Para isto, os animais receberam ML204 por via subcutânea (s.c.; 1 mg/kg; Miller et al., 2011), 2 vezes ao dia, por cinco dias. Animais tratados com veículo (6% DMSO em PBS, 5 dias, 2 x ao dia, s.c.) foram utilizados como controle. 41 3.3 Modelo de endotoxemia Utilizou-se o modelo de sepse estéril de caráter leve ou moderada induzida por LPS. Para isto, os animais receberam uma injeção intraperitoneal de PBS contendo LPS (E. coli, sorotipo 0111:B4; 11,25 milhões EU/kg), 1h após o último tratamento com ML204 ou veículo. 24 horas após a indução da sepse, os animais foram anestesiados terminalmente com uma mistura de cetamina e xilazina (75 mg/kg e 1 mg/kg, respectivamente) e então exanguinados para coleta de sangue por punção cardíaca. Uma alíquota de sangue foi separada para contagem de células totais e diferenciais, e o restante do sangue utilizado para separação do plasma, o qual foi mantido em freezer -80oC para análise posterior. Em seguida, a cavidade peritoneal foi lavada com 3 ml de PBS estéril e o lavado peritoneal foi coletado por laparotomia. Uma alíquota de lavado foi separada para contagem de células totais e diferenciais e o restante foi mantido em freezer -80oC para análise posterior de diferentes parâmetros. Em um grupo separado de animais foi avaliado o impacto dos receptores TRPC4/TRPC5 na severidade da sepse. Para isto, 20 animais foram distribuídos em dois grupos; um grupo foi tratado com veículo e outro com ML204 durante cinco dias, no sexto dia os dois grupos receberam LPS (i.p) e foram observados por 72 horas. A cada 24 horas foram registrados peso, temperatura e um escore foi atribuído para cada um dos seguintes parâmetros: comportamento de limpeza (1-limpeza normal, 2-limpeza reduzida, 3-sem limpeza), ambulação (1-ambulação normal, 2-parcialmente reduzida, 3ambulação prejudicada, 4-sem ambulação), piloereção (1-ausência, 2presença), secreção ocular (1-ausência, 2-presença). A soma das pontuações atribuídas a cada um dos parâmetros para cada animal foi tomado como índice de gravidade, com os escores mais altos correspondentes a piora da doença; ainda, a taxa de mortalidade desses animais foram observadas por 72h após o LPS (Mendes, 2015). Em um grupo separado de animiais, avaliou-se a severidade da sepse em animais WT e TRPC5KO por 24h após a injeção de LPS. 42 3.4 Temperatura e peso Os animais foram pesados com uma balança de precisão (FILIZONAMF-6/1), antes do tratamento com o ML204 e veículo, 5 dias após o tratamento e 24 horas após a indução da sepse por LPS (i.p); um outro grupo de animais TRPC5KO e WT também tiveram o peso corporal registrados antes e 24h após administração de LPS. A temperatura dos animais foi mensurada em graus centígrados, antes do esquema de tratamento, no sexto dia antes da indução da sepse por LPS (i.p) e 24 horas após; Animais TRPC5KO e WT também tiveram a temperatura retal registrada antes e após o tratamento i.p de LPS. Para isso foi utilizado um termômetro digital e vaselina sólida, a haste do termômetro foi introduzida 1cm no reto do animal. 3.5 Avaliação de danos em múltiplos órgãos A disfunção do fígado, rins e pâncreas foi avaliada por quantificação dos níveis plasmáticos de aspartato-amino transferase (AST), creatinina e lipase em animais sépticos e controles, tratados e não com o ML204. Os resultados foram expressos em UI/L (lipase e AST) ou µmol/l (creatinina). Foi utilizado um analisador automático LABMAX-240/Labtest no laboratório de bioquímica da Universidade Ceuma, São Luís-MA; AST e creatinina também foram dosadas pelo método citado acima em animais com deleção gênica para o receptor TRPC5 e WT, tratados ou não com LPS (i.p, 24h). 3.6 Dosagem de ureia A ureia plasmática foi determinada através do analisador automático iSTAT (Abbott Point of Care, Princeton, NJ) de acordo com as instruções do fabricante. Dez µl de sangue total obtidos de camundongos WT e TRPC5 KO, tratados ou não com LPS; foram analisados em cartucho i-STAT CHEM 8+. Os resultados foram expressos em mmol/l. 43 3.7 Análise do sangue e lavado peritoneal Foi realizada a contagem total de leucócitos (x10 6) a partir da diluição do sangue total (1:1000) em azul de tripan e analisado na câmara de Neubauer com auxílio de um microscópio óptico comum. A contagem diferencial de leucócitos foi realizada em esfregaços sanguíneos corados com o corante Panótico. O plasma foi obtido por centrifugação do sangue (Centrifuga refrigerada, CT-500R) a 1500 rpm por 15 min, separado em eppendorfs para quantificação de citocinas por Cytometric Bead Array (CBA, BD Biosciences) e os marcadores de falência AST (fígado), creatinina (rim) e lipase (pâncreas). Após a coleta do lavado peritoneal, uma alíquota de 20µl foi analisada em câmara hemocitométrica tipo Neubauer para quantificação dos leucócitos (x106), o lavado foi diluído (1:10) em azul de tripan. Outra alíquota de 20µl do exsudato peritoneal foi utilizada para determinar a população de leucócitos (Contagem diferencial) através da análise de esfregaço corado com kit Panótico rápido. O restante do lavado foi dividido em 2 alíquotas, sendo uma delas centrifugada (Centrifuga refrigerada, CT-500R) a 1500 rpm por 10 min, para obtenção de lavado para análise de citocinas e SOD, H 2O2, NOX; e a outra utilizada para análise de citometria de fluxo e quantificação da capacidade fagocítica. 3.8 Dosagem de NOx O conteúdo de NO2-/NO3- foi mensurado pelo ensaio de Griess, um indicador da produção de NO obtidos do lavado peritoneal de animais submetidos ao esquema de tratamento farmacológico acima. NO3- foi reduzido para nitrito (NO2-) por incubação de 80µl de amostra com 20 µl de 1U/ml nitrato redutase e 10 µl de 1mM NADPH por 30 min a 37ºC em placa de 96 poços. Após, 100 µl de reagente de Griess (5% v/v H3PO4 contendo 1% de sulfanilamida/0,1% de dihidrocloreto de naftileno) foi adicionado e incubado por 15 min a 37ºC. A absorbância foi determinada com filtro de 550 nm em espectrofotômetro (MB-580/Heales); outro grupo de animais WT e TRPC5KO 44 tratados e não com LPS (i.p) também tiveram seus níveis de NOx quantificados no plasma e lavado peritoneal pela mesma metodologia acima descrita 3.9 Dosagem de H2O2 A produção de H2O2 foi mensurada em amostras de lavado peritoneal usando o kit de H2O2/ peroxidase (Sigma-Aldrich). O ensaio foi realizado em placa de 96 poços conforme metodologia descrita por Fernandes et al., 2012, modificada. Para isto, 50 µl foram incubadas com 46µl do tampão de ensaio, 2µl do substrato fluorescente de peroxidase e 2ul do substrato de H 2O2, em seguida a placa foi incubada a 37ºC no escuro, após 3 min a absorbância inicial foi determinada com um filtro de 570nm, medindo a cada 10 min até que uma das amostras apresente leitura similar ou maior do que o maior ponto da curva padrão; outro grupo separado de animais WT e TRPC5KO tratados e não com LPS (i.p) também tiveram a concentração plasmática e no lavado peritoneal mensuradas pelo mesmo método. 3.10 Dosagem da superóxido-dismutase (SOD) A quantificação da superóxido-dismutase (SOD) foi realizada com o lavado peritoneal de animais que receberam o esquema farmacológico acima, para tal, foi utilizado o kit de ensaio para SOD (Sigma-Aldrich). O ensaio foi realizado em placa de 96 poços, de acordo com as instruções do fabricante. Para isto, foi utilizado uma alíquota de 20 µl de lavado com células, a amostra foi sonicada (3 vezes por 10 segundos) e incubada por 20 min, a 37ºC com os reagentes do kit. A absorbância foi determinada através de espectrofotometria (MB-580/Heales) com filtro de 450nm. Os resultados foram expressos em % de inibição da enzima. 45 3.11 Dosagem de citocinas As citocinas (TNF-α, IL-1β, IL-6, IL17 e IL-10) foram quantificadas no plasma e no lavado peritoneal, através do kit CBA (Cytometric Bead Array) utilizando citometria de fluxo, conforme as especificações do fabricante. Os resultados serão expressos em picogramas/mililitro (pg/ml). 3.12 Fagocitose “Ex vivo” A fagocitose foi analisada a partir de células peritoneais obtidas de camundongos sépticos tratados ou não com ML204 e de camundongos com deleção gênica para o TRPC5 e seus respectivos WT. Animais tratados com veículo foram utilizados como controle. Para isto, 24 h após a indução da sepse, a cavidade peritoneal foi lavada com 3 ml de PBS estéril. O lavado foi então centrifugado (10 Min/1500RPM) e resuspenso em DMEM contendo 10% SBF (v/v), glutamina (2mM), penicilina e estreptomicina (1x, Life Technologies). Em seguida, as células (2 x 105 células/poço) foram incubadas em uma câmara de cultura para células à 37 ºC por 2 horas, para permitir a adesão de células. Em seguida, o sobrenadante (rico em células não aderidas) foi removido e as células aderidas (macrófagos) foram incubadas na presença e ausência de esferas (2 µm) fluorescentes de látex (1:100; 10 µl/poço) por 12 horas. Depois do período de incubação, o meio de cultura foi removido e cada poço foi lavado 3 vezes com PBS. Os poços foram então fixados com paraformaldeído (PFA, 2%) por 10 minutos e lavados 3 vezes com 100 µL de PBS para remoção do excesso de PFA. Em seguida, foram adicionados 10 µl de PBS em cada poço, e a lâmina foi selada com lamínula de vidro e analisada em microscópio de campo claro, com objetiva de 40x. Os resultados foram expressos como percentagem de células contendo esferas de látex e como número de esferas fogocitadas por 100 células. 46 3.13 Drogas e reagentes Foram utilizados os seguintes reagentes da Sigma-Aldrich (Brasil): Azul de tripan, PBS (pastilhas), DMSO, LPS e ML204. Outros reagentes incluem: cetamina (Dopalen®, Ceva Santé Animale, Brasil), xilazina (Kensol®, König, Brasil) e vaselina sólida (Uniphar, Brasil). 3.14 Análise estatística Todos os valores foram expressos em média e erro padrão com exceção da curva de sobrevivência, expressa em porcentagem x tempo após injeção de LPS; e dos resultados referentes à dosagens de citocinas e escore de severidade, os quais estão expressos em mediana (mínimo-máximo). Incialmente, foi feito o teste de normalidade de Shapiro-Wilk das variáveis numéricas, aquelas que apresentaram distribuição normal a comparação entre os grupos foi realizada através do teste de análise de variância (ANOVA), seguido pelo teste de Bonferroni, para dados paramétricos. Aquelas variáveis numéricas que não apresentaram normalidade foram comparadas pelo teste não paramétrico de Kruskal-Wallis seguido do teste de Dunn. Ainda, os dados relativos à curva de sobrevivência foram analisados pelo teste Log-rank MantelCox no software estatístico GraphPad Prisma 5.0. O nível de signifcância aplicado em todos os testes foi de 5%, ou seja, considerou-se significativo quando p<0,05. 47 4 RESULTADOS De acordo com o teste de normalidade de Shapiro-Wilk as variáveis de peso e temperatura apresentaram distribuição normal, logo foram analisadas a partir de testes paramétricos, enquanto que as demais variáveis não tiveram distribuição normal, logo foram avaliadas através de testes não paramétricos. 4.1 Efeito do bloqueio dos receptores TRPC4 e TRPC5 com o antagonista ML204 na severidade, mortalidade, peso e temperatura corporal em animais com sepse induzida por LPS Para determinar se o bloqueio dos receptores TRPC4/C5 tinha efeito protetor ou agravante na sepse, foi realizada a curva de mortalidade, onde os animais foram tratados com o ML204 e LPS, então foram acompanhados por 72 horas, sendo observados os sinais da sepse e feito um score de severidade, onde quanto maior o score, mais grave é o quadro séptico. Foi também registrada a morte para realização da curva de mortalidade, o peso e a temperatura corporal dos animais (Figura 1). Como podemos observar na figura 1A, nas primeiras 24 horas não houve diferenças entre animais sépticos e animais sépticos tratados com o ML204, no entanto, após 48 horas depois da indução da sepse com LPS, o ML204 agravou o quadro séptico, sendo os parâmetros mais afetados: a maior diminuição na mobilidade e a presença de secreção ocular nesses animais (tabela 1); após 72 horas não foi observada nenhuma diferenças entre estes animais. Confirmando o agravamento de animais sépticos pré-tratados com o ML204, observamos na figura 1B que, não houve morte em nenhum dos grupos durante 24 e 48 horas, porém, após 72 horas da indução da sepse a sobrevivência dos animais sépticos tratados com o ML204 começa a decair, chegando a diminuir 15% na sobrevivência após 96 horas em relação aos animais com sepse não tratados com esse antagonista dos receptores TRPC4 e TRPC5. A figura 1D mostra que o tratamento repetido com ML204 antes da administração intraperitoneal de LPS não afeta o peso dos animais, porém, após a indução da sepse os animais perdem mais peso e o bloqueio dos receptores TRPC4/C5 não influenciou nessa perda. De forma 48 semelhante, como mostra a figura 1D, o tratamento repetido com ML204 não altera a temperatura dos animais antes da indução da sepse; no entanto após a administração de LPS a sepse causou, de forma significante, hipotermia nos camundongos (aumentou 1,03 vezes a queda de temperatura) com relação o controle do mesmo grupo, de forma semelhante, o grupo de camundongos tratados com ML204 também aumentou a perda de temperatura em relação ao controle (1,06) e com relação ao grupo de animais sépticos não tratados com o ML204 (1,02 vezes mais a queda de temperatura). Na figura 1E, confirmamos que o tatamento com ML204 faz realmente com que animais sépticos percam mais temperatura que animais sépticos não tratados com esse antagonista; essa maior perda de temperatura é observada 24 e 48 horas após o LPS, no entanto, após 72 horas os animais que sobreviveram não apresentaram mais nenhuma diferença na temperatura corporal. Como mostra a figura 1F, o bloqueio dos receptores TRPC4/C5 realmente não modula a perda ou ganho de peso em animais sépticos em 24, 48 e 72 horas em relação a animais sépticos não tratados com o ML204. 49 Figura 1: Efeito do tratamento repetido com ML204 (1mg/Kg, 100 uI/Animal s.c, 2x ao dia/5 Dias) na severidade, mortalidade, peso e temperatura corporal em animais com sepse induzida pela injeção intraperitoneal de LPS (11,25 milhões de unidades de endotoxina/Kg em PBS). (A) Score de severidade (Quanto maior o score, mais grave é o quadro séptico), onde foram observados os seguintes parâmetros e atribuído os scores: Comportamento de limpeza (1-limpeza normal, 2-limpeza reduzida, 3-sem limpeza), mobilidade (1-mobilidade normal, 2-parcialmente reduzida, 3-pobre mobilidade, 4-sem mobilidade), piloereção (1-ausente, 2-presente) e secreção ocular (1-ausente, 2-presente), (B) Curva de sobrevivência, (C) Peso corporal 24 horas após LPS (g) e (D) Temperatura corporal 24 horas após LPS, (E) Temperatura corporal 24, 48 e 72 horas após LPS, (F) Peso corporal 24, 48 e 72 horas após LPS, em amostras obtidas de animais tratados com veículo (6% DMSO em PBS Estéril), veículo + LPS e ML204. *p<0,05, difere do grupo veículo. #p<0,05, difere do grupo veículo + LPS. N=10/Grupo. Porcentagem de sobrevivência A 10 9 # 8 7 6 5 4 24h 48h 72h 120 100 80 LPS LPS+ ML 60 40 20 0 24 Basal Após tratamento repetido com ML204 24 Horas após LPS 40 # * 35 * 30 25 20 Veículo + LPS Veículo 96 ML204 + LPS Basal Após tratamento repetido com ML204 24 Horas após LPS 30 28 26 24 * * 22 20 Veículo + LPS Veículo E ML204 + LPS F LPS ML204 LPS ML204 30 Peso Corporal (g) 40 38 36 34 ML204 28 26 24 22 20 ML204 LPS 72 48 24 72 48 24 5 LPS Tempo após injeção de LPS (h) 0 18 32 0 72 D Peso Corporal (g) Temperatura Corporal (ºC) C Temperatura Corporal (ºC) 48 Tempo após a injeção com LPS (h) 5 Score de Severidade Veículo + LPS ML-204 + LPS B Tempo após injeção de LPS (h) 50 Tabela 1: Efeito do tratamento repetido com ML204 (1mg/Kg, 100 uI/Animal s.c, 2x ao dia/5 Dias) na severidade de animais sépticos tratados com véiculo + LPS e ML204 + LPS. Parâmetros avaliados em 24, 48 e 72 horas: Comportamento de limpeza, mobilidade, piloereção e secreção ocular. Resultados expressos em mediana (mínimamáxima). N=10/grupo. 24 Horas 48 Horas 72 Horas Veículo + LPS ML204 + LPS Comportamento de Limpeza 2 (2-2) 2 (2-2) Mobilidade 2 (2-2) 2 (2-4) Piloereção 2 (2-2) 2 (2-2) Secreção Ocular 1 (1-2) 1 (1-1) Comportamento de Limpeza 2 (2-2) 2 (2-2) Mobilidade 2 (1-2) 2 (2-3) Piloereção 2 (1-2) 2 (2-2) Secreção Ocular 1 (1-1) 1 (1-2) Comportamento de Limpeza 2 (2-2) 2 (2-2) Mobilidade 1 (1-1) 1 (1-2) Piloereção 1 (1-2) 1 (1-2) Secreção Ocular 1 (1-1) 1 (1-1) 51 4.2 Efeito do bloqueio dos receptores TRPC4 e TRPC5 com o antagonista ML204 sobre marcadores plasmáticos de falência de órgãos, tais como aspartato amino-transferase (AST), creatinina e lipase em animais com sepse induzida por LPS Sabe-se que o quadro séptico também é responsável pela falência múltipla de órgãos em decorrência da produção descontrolada de mediadores inflamatórios, dentre os órgãos mais afetados estão o fígado, rins e pâncreas. O presente estudo também avaliou os níveis plasmáticos de marcadores de dano a órgãos, como a enzima sérica aspartato-amino transferase (fígado), creatinina (rins) e lípase (pâncreas) em animais com sepse induzida por LPS tratados ou não com o antagonista ML204 dos receptores TRPC4 e TRPC5 como mostra a figura 2. Os níveis plasmáticos de AST não foram alterados com o quadro séptico induzido pela administração de LPS em relação ao controle e o tratamento repetido com o ML204 também não alterou os níveis desta enzima (Figura 2A). Por outro lado, a enzima marcadora de falência renal (creatinina) teve seus níveis significativamente aumentados (3,46 X) 24 horas após o tratamento intraperitoneal com LPS em relação ao grupo tratado com veículo. O bloqueio dos receptores TRPC4/C5 com o ML204 não apresentou diferenças significativas em relação aos demais grupos (Figura 2B). As concentrações plasmáticas da lípase não apresentaram diferenças estatisticamente significativas em seus níveis em nenhum dos grupos avaliados, embora os animais pré-tratados com ML204 parecerem ter uma diminuição nos níveis desta enzima (Figura 2C). 52 Figura 2: Efeito do tratamento repetido com ML204 (1mg/Kg, 100 uI/Animal s.c, 2x ao dia/5 Dias) nos níveis plasmáticos dos marcadores de falência de órgãos, AST (aspartato amino-transferase, marcador de falência hepática), creatinina (rins) e lípase (pâncreas) em animais com sepse induzida pela injeção intraperitoneal de LPS (11,25 milhões de unidades de endotoxina/Kg em PBS). (A) AST (miliunidades/ml), (B) creatinina (ng/µl) e (C) lipase (miliunidades/ml), em amostras obtidas de animais tratados com veículo (6% DMSO em PBS Estéril; n=10), veículo + LPS (n=10) e ML204 + LPS (n=7). *P<0,05, difere do grupo veículo. A B Creatinina (ng / l) 40 800 600 400 200 * 30 20 10 C 10 8 6 4 2 LP S M L2 lo íc u Ve 04 + + LP íc ul S o 0 Ve Lipase (Miliunidades/mL) LP S S + LP M L2 04 + o íc ul Ve Ve M L2 íc ul o 04 Ve + íc u LP S S LP + íc u lo 0 lo 0 Ve AST (Miliunidades/mL) 1000 53 4.3 Efeito do bloqueio dos receptores TRPC4 e TRPC5 com o antagonista ML204 na produção de citocinas plasmáticas em animais com sepse induzida por LPS A produção plasmática de citocinas também foi quantificada durante este estudo (Figura 3) para melhor entender os mecanismos que desencadeiam a resposta imune durante a sepse induzida por LPS em camundongos tratados ou não com o antagonista dos receptores TRPC4/C5, o ML204. O TNF-α teve um aumento de 8,04 vezes na sua concentração (embora de forma não significativa) em relação aos animais tratados com veículo e o bloqueio dos receptores TRPC4/C5 não alterou esse aumento (figura 3A). Embora seja conhecido que a sepse aumenta a produção de IL-1β, os níveis plasmáticos desta citocina não apresentaram alterações significantes entre os grupos avaliados (figura 3B). A produção de IL-6 foi, de forma não significativa, aumentada durante a indução da sepse por LPS em relação ao grupo tratado somente com veículo. O bloqueio dos receptores TRPC4/C5 não alterou essa produção em relação ao grupo tratado com LPS (Figura 3C). Como mostra a figura 3D, os níveis de IL-17 foram aumentados durante o quadro séptico em relação ao grupo veículo, no entanto, esse aumento não foi significativo. Por outro lado, o tratamento com ML204 aumentou significativamente os níveis desta citocina (13,06 vezes) em relação ao grupo veículo. Embora seja evidente o aumento da IL-10 em animais sépticos em relação ao grupo veículo, esse aumento também não foi significativo, por outro lado, o tratamento com ML204 diminuiu significativamente os níveis desta citocina durante a sepse em relação a animais sépticos não tratados com esse antagonista dos receptores TRPC4/C5 (figura 3E). 54 Figura 3: Efeito do tratamento repetido com ML204 (1mg/Kg, 100 uI/Animal s.c, 2x ao dia/5 Dias) nos níveis plasmáticos de citocinas em animais com sepse induzida pela injeção intraperitoneal de LPS (11,25 milhões de unidades de endotoxina/Kg em PBS). Concentração plasmática (pg/ml) de (A) TNF-α, (B) IL-1, (C) IL-6, (D) IL-17 e (E) IL-10, em amostras obtidas de animais tratados com veículo (6% DMSO em PBS Estéril), veículo + LPS e ML204 + LPS. *p<0,05, difere do grupo veículo. #p<0,05, difere do grupo veículo + LPS. N=10/grupo B IL-1 plasmática (pg/ml) + lo cu M Ve í D 100 50 + M Ve í cu L2 04 lo + Ve í cu LP S lo LP S 0 E 3000 2000 1000 # + 4 L2 0 M Ve íc u lo + cu lo LP S LP S 0 Ve í IL-10 plasmática (pg/ml) Ve í cu lo + Ve í cu LP S lo 0 * 150 LP S 20000 200 + 40000 250 L2 04 60000 M IL-17 plasmática (pg/ml) C IL-6 plasmática (pg/ml) LP S o Ve í cu l LP S M Ve í cu l L2 0 4 o + Ve í 0 + LP S lo 0 20 LP S 200 40 + 400 60 4 600 80 L2 0 800 cu TNF- plasmático (pg/ml) A 55 4.4 Efeito do bloqueio dos receptores TRPC4 e TRPC5 com o antagonista ML204 sobre os níveis sanguíneos de leucócitos em animais com sepse induzida por LPS Para avaliar o perfil de células inflamatórias circulantes decorrente da inflamação sistêmica causada pelo LPS, um outro parâmetro avaliado foi a celularidade do sangue de animais com sepse induzida por LPS, tratados e não com o ML204. Para isso, foram realizadas as contagens total e diferencial de leucócitos sanguíneos (Figura 4). Apesar de haver uma tendência a diminuição na população de leucócitos durante a sepse, essa diferença não foi significativa (Figura 4A). Por outro lado, após ser realizada a contagem diferencial dessa população leucocitária, foi observado que a sepse diminuiu a população de células mononucleares em quase duas vezes em relação ao grupo tratado com veículo (1,9 vezes), no entanto, essa alteração não foi estatisticamente significativa. O grupo tratado com ML204 teve a população de células mononucleares significativamente reduzidas em relação ao controle (3,39 veze), mas não houve diferenças entre o grupo de animais tratados com o antagonista dos receptores TRPC4/C5 e o grupo tratado com LPS (Figura 4B). Ainda, animais sépticos tratados e não com o ML204 tiveram suas populações de polimorfonucleares levemente aumentadas, no entanto não foi um aumento significativo e os grupos de animais sépticos tratados e não com o antagonista dos receptores TRPC4/C5 não apresentaram nenhuma diferença entre si (figura 4C). 56 A 60 40 20 S LP L2 0 M 10 0 LP S LP S M L2 0 4 + + ul o S LP 4 L2 0 M ul o íc Ve + + íc LP S ul o 0 20 íc * 10 30 Ve 20 40 cu lo 30 C Ve í 40 Leucócitos Polimorfonucleares sanguíneos (X 10 8) 50 Ve 4 ul o íc Ve B Leucócitos Mononucleares sanguíneos (X 10 8) + + íc LP S ul o 0 Ve Leucócitos Sanguíneos Totais (X 10 8) Figura 4: Efeito do tratamento repetido com ML204 (1mg/Kg, 100 uI/Animal s.c, 2x ao dia/5 Dias) em células leucocitárias circulantes obtidas de animais com sepse induzida pela injeção intraperitoneal de LPS (11,25 milhões de unidades de endotoxina/Kg em PBS). (A) População total de leucócitos sanguíneos, (B) Células mononucleares e (C) polimorfonucleares, em amostras obtidas de animais tratados com veículo (6% DMSO em PBS Estéril; n=10), veículo + LPS (n=10) e ML204 + LPS (n=6). *p<0,05, difere do grupo veículo. 57 4.5 Efeito do bloqueio dos receptores TRPC4 e TRPC5 na produção de citocinas no lavado peritoneal em animais com sepse induzida por LPS As citocinas apresentam um papel fundamental para desencadear o início da resposta imune, sendo assim, foram avaliadas as concentrações a nível peritoneal durante a sepse, com e sem o bloqueio dos receptores TRPC4/C5 com o ML204 para analisar as alterações a nível local da inflamação produzida pela administração de LPS. A figura 5A mostra que a sepse aumentou (embora não de forma significativa) levemente as concentrações do fator de necrose tumoral (TNF-α), porém, o grupo de animais tratados com ML204 não alterou esse aumento a nível peritoneal, não apresentando diferenças entre os grupos. Após 24 horas da administração de LPS, os níveis de IL-1β não apresentaram diferenças entre os grupos avaliados (figura 5B). Conforme a figura 5C, a IL-6 teve seus níveis significantemente aumentados (547,72 X) durante o quadro séptico em relação ao controle. O bloqueio dos receptores TRPC4/C5 com o ML204 embora tenha diminuído os níveis desta citocina em relação aos animais tratados somente com LPS, essa alteração não foi significante. Em relação aos níveis da IL-17, não foram observadas alterações entre os grupos estudados (figura 5D). Como pode ser visto de acordo com a figura 5E, os níveis da IL-10 foram aumentados 24h após a administração de LPS, porém, não foi significante. Por outro lado, animais sépticos pré-tratados com o antagonista dos receptores TRPC4/C5 diminuiu a concentração peritoneal dessa citocina em 9,44% em comparação com animais sépticos tratados somente com o LPS. 58 Figura 5: Efeito do tratamento repetido com ML204 (1mg/Kg, 100 uI/Animal s.c, 2x ao dia/5 Dias) na concentração peritoneal de citocinas em animais com sepse induzida pela injeção intraperitoneal de LPS (11,25 milhões de unidades de endotoxina/Kg em PBS). Concentração peritoneal (pg/ml) de (A) TNF-α, (B) IL-1, (C) IL-6, (D) IL-17 e (E) IL-10, em amostras obtidas de animais tratados com veículo (6% DMSO em PBS Estéril), veículo + LPS e ML204 + LPS. *p<0,05, difere do grupo veículo. #p<0,05, difere do grupo veículo + LPS. N=10/grupo * 6000 4000 2000 LP + o ul Ve íc 10 5 # S LP LP S o 0 ul M L2 04 + + o ul Ve íc S S o ul Ve íc + 04 M L2 15 Ve íc LP M L2 0 E IL-10 lavado peritoneal (pg/ml) + + 5 S LP + ul o Ve íc 10 LP S ul o 0 D 15 S IL-17 lavado peritoneal (pg/ml) 8000 Ve íc o Ve íc M L2 ul 04 + Ve íc LP + o ul Ve íc C IL-6 lavado peritoneal (pg/ml) LP S ul o S 0 LP S lo 0 50 LP 5 04 10 100 + 15 04 20 150 M L2 IL-1 lavado peritoneal (pg/ml) B 25 Ve íc u TNF- lavado peritoneal (pg/ml) A 59 4.6 Efeito do bloqueio dos receptores TRPC4 e TRPC5 com o antagonista ML204 na produção de Óxido nítrico (NO), peróxido de hidrogênio (H2O2) e superóxido dismutase (SOD) em animais com sepse induzida por LPS Procurou-se também quantificar a produção de mediadores inflamatórios, tais como óxido nítrico (NO), peróxido de hidrogênio (H2O2) e a enzima superóxido dismutase (SOD) em animais com e sem o bloqueio dos receptores TRPC4/C5 com o ML204 durante a sepse induzida por LPS na inflamação local. A figura 6A mostra que não houve alteração nos níveis de óxido nítrico em animais com sepse após 24 horas da administração de LPS. Por outro lado, o bloqueio dos receptores TRPC4 e TRPC5 com o ML204 aumentou significativamente os níveis de NO (1,88 vezes) em relação ao grupo veículo. A concentração de peróxido de hidrogênio local (a nível peritoneal) não sofreu nenhuma alteração durante o tratamento com LPS ou com LPS + ML204, como mostra a figura 6B. De forma semelhante, a figura 6C mostra que os níveis da enzima superóxido dismutase (SOD) também não foram alterados em animais sépticos tratados e não com o bloqueador dos receptores TRPC4/5, o ML204. 60 Figura 6: Efeito do tratamento repetido com ML204 (1mg/Kg, 100 uI/Animal s.c, 2x ao dia/5 Dias) na produção de mediadores inflamatórios peritoneais em animais com sepse induzida pela injeção intraperitoneal de LPS (11,25 milhões de unidades de endotoxina/Kg em PBS). (A) NOx (µM), (B) H2O2 (µM) e (C) SOD (% de inibição), em amostras obtidas de animais tratados com veículo (6% DMSO em PBS Estéril), veículo + LPS e ML204 + LPS. *p<0,05, difere do grupo veículo. N=10/grupo A B 200 15 * 150 H2O2 (m) 100 5 50 20 15 10 5 LP L2 04 M Ve í + S LP + cu lo lo S 0 Ve íc u SOD (% de inibição) 25 + L2 04 M Ve í + LP S C LP cu lo lo Ve íc u M LP S + L2 04 + Ve í LP cu lo lo S 0 S 0 Ve íc u NOx (m) 10 61 4.7 Efeito do bloqueio dos receptores TRPC4 e TRPC5 com o antagonista ML204 sobre os níveis sanguíneos de leucócitos em animais com sepse induzida por LPS Como mostra a figura 7, buscou-se avaliar o efeito do bloqueio dos receptores TRPC4/C5 na sepse com o ML204 na migração leucocitária, sendo assim, foi realizada a contagem total e diferencial de leucócitos peritoneais. Não houve nenhuma alteração significativa na contagem de células totais e diferencial de leucócitos peritoneais entre os grupos avaliados (Figura 7 A,B e C). Figura 7: Efeito do tratamento repetido com ML204 (1mg/Kg, 100 uI/Animal s.c, 2x ao dia/5 Dias) em células peritoneais obtidas de animais com sepse induzida pela injeção intraperitoneal de LPS (11,25 milhões de unidades de endotoxina/Kg em PBS). (A) Leucócitos totais, (B) Células mononucleares (C) Células polimorfonucleares, em amostras obtidas de animais tratados com veículo 6% DMSO em PBS Estéril; n=10), veículo + LPS (n=10) e ML204 + LPS (n=7). 250 200 150 100 50 LP L2 04 + + cu lo M Ve í Ve í LP S S 0 cu lo Leucócitos Peritoneais (X 104) A + LP LP S S 0 M L2 04 + LP S L2 04 M Ve í cu lo + + LP cu lo S 0 50 cu lo 20 100 Ve í 40 150 cu lo 60 200 Ve í 80 Leucócitos polimorfonucleares peritoneais (X 104) C 100 Ve í Leucócitos mononucleares peritoneais (X 104) B 62 4.8 Efeito do bloqueio dos receptores TRPC4 e TRPC5 com o antagonista ML204 na fagocitose de macrófagos peritoneais em animais com sepse induzida por LPS Outro parâmetro avaliado neste trabalho foi o efeito do bloqueio dos receptores TRPC4/C5 na sepse com o ML204 na fagocitose mediada por macrófagos peritoneais. Como mostra a figura 8, a sepse não alterou a capacidade fagocítica dos macrófagos; o pré-tratamento com o ML204 antes da administração de LPS também não influenciou esse resultado. 1500 1000 500 + 4 L2 0 M LP S + Ve íc u LP S lo 0 Ve íc ul o Nº de beads/100 células Figura 8: Efeito do tratamento repetido com ML204 (1mg/Kg, 100 uI/Animal s.c, 2x ao dia/5 Dias) na fagocitose mediada por macrófagos peritoneais em animais com sepse induzida pela injeção intraperitoneal de LPS (11,25 milhões de unidades de endotoxina/Kg em PBS), em amostras obtidas de animais tratados com veículo (6% DMSO em PBS Estéril), veículo + LPS e ML204 + LPS. N=6/grupo 63 4.9 Efeito da deleção gênica para o receptor TRPC5 na severidade, peso e temperatura em camundongos com sepse induzida por LPS Com a finalidade de avaliar o efeito da deleção gênica para o receptor TRPC5 em parâmetros sistêmicos, foi realizado um score de severidade (quanto maior o score, mais sadios são os camundongos) de animais com sepse induzida por LPS e normais (tratados com veículo). Outros parâmetros como peso e temperatura também foram registrados em animais sépticos e não sépticos, para isso, foram utilizados dois grupos de animais, wild type (selvagens) e TRPC5KO (knockout para o receptor TRPC5), como é mostrado na figura 9. A figura 9A mostra que a sepse diminuiu o score de severidade em ambos os grupos wild type e TRPC5KO (58,95% e 58,33%, respectivamente). Animais TRPC5KO sépticos não apresentaram diferenças no score em relação a animais wild type com sepse. A figura 9B mostra que a sepse induzida por LPS aumentou significativamente a perda de peso em animais wild type (4,31 vezes); por outro lado, animais TRPC5KO sépticos não apresentaram diferenças significativas na perda de peso corporal em relação ao grupo de animais tratados com veículo. A figura 9C demonstra que o quadro séptico não alterou a temperatura em animais wild type em relação ao controle; no entanto, animais sépticos TRPC5KO tiveram um aumento significativo na perda de temperatura corporal em relação ao controle (6,81 vezes) e em relação a animais sépticos wild type (6,33 vezes). 64 Figura 9: Efeito da deleção gênica para o receptor TRPC5 na severidade, peso, temperatura e pressão sanguínea de camundongos com sepse induzida pela administração intraperitoneal (i.p) de LPS (11,25 milhões de unidades de endotoxina/Kg em PBS). (A) Score de severidade (Quanto menor o score, mais grave é o quadro séptico), onde foram observados os seguintes parâmetros e atribuído os scores: Comportamento de limpeza (1-sem comportamento de limpeza, 2-reduzido, 3normal), ambulação (1-sem mobilidade, 2-pouca mobilidade, 3-parcialmente diminuído, 4-normal), piloereção (1-presente, 2-ausente) e secreção ocular (1presente, 2-ausente), (B) Peso corporal (g), (C) Temperatura corporal (ºC), em animais tratados com veículo (PBS), veículo + LPS, em animais wild type (selvagens) e animais TRPC5KO (knockout para TRPC5). *p<0,05, difere do grupo veículo. #p<0,05, difere do grupo veículo + LPS de animais wild type. N=12/grupo A B Perda de peso corporal (% em relação a basal) 20 15 * 10 * 5 0 * 15 10 5 0 Veículo LPS Veículo WT Veículo LPS TRPC5 KO WT C Perda de temperatura corporal (% em relação a basal) Score de severidade 20 15 # * 10 5 0 Veículo WT LPS Veículo LPS TRPC5 KO LPS Veículo LPS TRPC5 KO 65 4.10 Efeito da deleção gênica para o receptor TRPC5 em marcadores de falência múltipla de órgãos em camundongos com sepse induzida por LPS Para avaliar o efeito da deleção gênica do receptor TRPC5 na falência múltipla de órgãos em animais com sepse induzida por LPS em animais wild type (selvagens) e TRPC5KO (knockout para TRPC5), foram mensurados os níveis plasmáticos de aspartato-amino transferase (AST), para avaliar a falência de células hepáticas; creatinina e ureia para avaliar a falência renal; e lipase para avaliar a função pancreática, como mostra a figura 10. Animais tratados com veículo (PBS) foram utilizados como controle nos dois grupos. De acordo com a figura 10A, a sepse não alterou os níveis plasmáticos de AST em nenhum dos grupos (wild type e TRPC5KO) em relação aos seus controles, embora animais sépticos TRPC5KO parecerem ter os níveis desta enzima aumentados. Os níveis de creatinina não foram alterados em nenhum dos grupos (figura 10C). No entanto, como observamos na figura 06C, animais sépticos TRPC5KO tiveram seus níveis de ureia significantemente elevados (5,05 vezes), tanto em relação ao controle quanto em relação a animais sépticos wild type. Os níveis de lipase não tiveram alterações significativas entre os grupos de animais sépticos e não sépticos (Figura 10D). 66 A 250 200 150 100 50 0 Veículo LPS WT Veículo LPS B 150 100 50 0 Veículo TRPC5 KO LPS Veículo WT LPS TRPC5 KO # * 40 30 20 10 0 Veículo WT LPS Veículo LPS TRPC5 KO Lipase (Miliunidades/mL) D C 50 Uréia (mmol/l) Creatinina plasmática (g/ml) Atividade da AST (milliunits/ml) Figura 10: Efeito da deleção gênica para o receptor TRPC5 na falência múltipla de órgãos de camundongos com sepse induzida por LPS (11,25 milhões de unidades de endotoxina/Kg em PBS, i.p). (A) AST (miliunidades/ml), (B) creatinina (µg/ml), (C) ureia (mmol/l) e (D) lipase (miliunidades/mL), em animais tratados com veículo (PBS), veículo + LPS, em animais wild type (selvagens) e animais TRPC5KO (knockout para TRPC5). *p<0,05, difere do grupo Veículo. #p<0,05, difere do grupo veículo + LPS de animais wild type. N=12/grupo 5 4 3 2 1 0 Veículo WT LPS Veículo LPS TRPC5 KO 67 4.11 Efeito da deleção gênica para o receptor TRPC5 na produção dos mediadores inflamatórios plasmáticos óxido nítrico (NO) e peróxido de hidrogênio (H2O2) na sepse induzida por LPS Os níveis plasmáticos de mediadores inflamatórios durante a sepse também foram mensurados (Figura 11) para melhor compreensão do efeito da deleção gênica do receptor TRPC5 (TRPC5KO) nas alterações sistêmicas durante a sepse induzida por LPS. A figura 11A mostra que a sepse aumentou a produção de NO a nível sistêmico em ambos os grupos wild type (822,31 vezes) e TRPC5KO (153,41 vezes) com relação a seus controles. Por outro lado, a deleção gênica do TRPC5 não alterou esse aumento quando comparados os animais sépticos de ambos os grupos. A concentração plasmática de H2O2 não sofreu alterações em seus níveis durante a sepse em animais wild type e TRPC5KO 24 horas após a administração de LPS (Figura 11B). 68 Figura 11: Efeito da deleção gênica para o receptor TRPC5 na produção dos mediadores inflamatórios plasmáticos NO e H2O2 na sepse induzida pela administração intraperitoneal (i.p) de LPS (11,25 milhões de unidades de endotoxina/Kg em PBS). (A) NO (µm), (B) H2O2 (µm), em animais tratados com veículo (PBS), veículo + LPS, em animais wild type (selvagens) e animais TRPC5KO (knockout para TRPC5). *p<0,05, difere do grupo veículo. N=12/grupo A NOx plasmático (M) 600 * * 400 200 0 Veículo LPS WT Veículo LPS TRPC5 KO B H2O2 plasmático (M) 500 400 300 200 100 0 Veículo WT LPS Veículo LPS TRPC5 KO 69 4.12 Efeito da deleção gênica para o receptor TRPC5 na produção dos mediadores inflamatórios óxido nítrico (NO) e peróxido de hidrogênio (H2O2) a nível local da inflamação (lavado peritoneal) e na fagocitose mediada por macrófagos peritoneais durante um quadro séptico induzido por LPS Para uma melhor compreensão de como a resposta inicial à sepse foi desencadeada, alguns mediadores inflamatórios tiveram suas concentrações quantificadas no lavado peritoneal; também foi realizado o teste de fagocitose com macrófagos obtidos do peritônio, 24 horas após administração de LPS para indução da sepse, em animais wild type e TRPC5KO (knockout para o receptor TRPC5), como mostra a figura 12. A figura 12A representa os níveis locais de NO, mostrando que não houve nenhuma diferença nas concentrações durante um quadro sépticos em animais wild type e TRPC5KO, nem em animais tratados com veículo (PBS) nem em animais sépticos tratados com LPS em ambos os grupos. De forma semelhante, como mostra a figura 1B, os níveis de H2O2 também não mostraram diferenças entre animais sépticos e normais em ambos os grupos wild type e TRPC5KO. Como observamos na figura 12C, a sepse causou um pequeno aumento na fagocitose em relação a animais tratados com veículos, no entanto, essa alteração não foi significante; animais não expressando o TRPC5 também não tiveram a capacidade fagocítica mediada por macrófagos alterada. 70 Figura 12: Efeito da deleção gênica para o receptor TRPC5 na produção dos mediadores inflamatórios NO (óxido nítrico) e H2O2 (peróxido de hidrogênio) no sítio local da inflamação (lavado peritoneal) e na fagocitose mediada por macrófagos peritoneais, na sepse induzida pela administração intraperitoneal (i.p) de LPS (11,25 milhões de unidades de endotoxina/Kg em PBS). (A) NO (µM), (B) H2O2 (µM) e (C) fagocitose, em animais tratados com veículo (PBS), veículo + LPS, em animais wild type (selvagens) e animais TRPC5KO (knockout para TRPC5). H2O2 Lavado peritoneal ( M) B 200 150 100 50 0 Veículo WT LPS Veículo LPS 15 10 5 0 Veículo TRPC5 KO WT C Número de Beads/100 células NOx lavado peritoneal ( M) A 300 200 100 0 Vehicle WT LPS Vehicle LPS TRPC5 KO LPS Veículo LPS TRPC5 KO 71 6 DISCUSSÃO Para melhor entender os mecanismos imunológicos e a participação dos receptores TRPC4 e TRPC5 na sepse, utilizou se um antagonista seletivo para estes receptores, o ML204 (MILLER et al., 2011). Ressalta-se que esta é o primeiro estudo acerca da participação desses receptores na SRIS associada a bactérias Gram-negativas. Estudos apontam que outros canais da família dos TRPs, podem influenciar fisiologicamente sistemas relevantes à resposta do hospedeiro durante a sepse e assim, representam um potencial alvo terapêutico para a SRIS (FERNANDES et al., 2012; MENDES et al., 2015; SAND et. al., 2015). O presente trabalho avaliou a participação dos receptores TRPC4 e TRPC5 na sepse induzida por LPS. Os resultados obtidos demonstram que o bloqueio destes receptores agrava a severidade da sepse 48h após a injeção de LPS, principalmente por diminuir a capacidade de ambulação e aumentar a ptose em camundongos sépticos. Ainda, o bloqueio destes receptores induz uma taxa de mortalidade de 15%, 72h após a sepse. Ressalta-se que o modelo de sepse utilizado é considerado um modelo leve a moderado em termos de severidade, uma vez que animais sépticos controle não vêm a óbito nas condições experimentais utilizadas. Assim, sugere-se que os receptores TRPC4 e TRPC5 venham a desempenhar um papel protetor na sepse. Um papel protetor para outro membro da família TRP foi recentemente descrito. De fato, a ativação do TRPV1 acarreta em proteção a diversos aspectos da resposta inflamatória à bactérias, e também é capaz de influenciar a taxa de sobrevivência relacionada a esta síndrome (WANG et al., 2013). De forma semelhante, Sand et. al., 2015 demonstraram que animais TRPV4KO apresentam uma severidade da sepse aumentada em relação a animais wild type. Neste caso, o efeito protetor deste receptor na sepse parece estar associado à sua expressão no endotélio vascular, e subsequente importância na manutenção do tônus vascular (SAND et. al., 2015). Por outro lado, a deleção gênica para o TRPC5 não alterou a severidade da sepse quando avaliada no tempo de 24 horas. No entanto, não se pode descartar que a deleção gênica para o TRPC5 possa afetar a severidade da sepse em tempos posteriores. Com isso, outros parâmetros 72 devem ser avaliados para a melhor compreensão da piora no quadro séptico pelo bloqueio dos receptores TRPC4/C5 e deleção gênica para o TRPC5, como a perda de peso e temperatura corpal, que serão discutidas a seguir. A perda de peso em camundongos sépticos tratados com LPS foi significativa neste estudo, o que já se esperava devido à vasta literatura que condiz com esses dados (SAND et al., 2015; FERNANDES et al, 2012; MENDES et al, 2015). Porém, o tratamento com ML204 ou a deleção gênica para o TRPC5 não interferiram nesse parâmetro, sugerindo que a ativação destes receptores não exerce papel relevante no controle do peso ponderal em quadros de sepse. No entanto, estudos demonstram que outros membros da família TRP podem modular o peso de animais sépticos como o TRPV4, uma vez que animais sépticos tratados com o antagonista de TRPV4, o HC-067047 ou TRPV4KO apresentam menor perda de peso quando comparados a animais controle (SAND et al., 2015). No presente estudo, também investigamos os efeitos do bloqueio dos receptores TRPC4/TRPC5 ou da deleção gênica para o TRPC5, nas alterações de temperatura corporal de animais sépticos Como esperado, a injeção de LPS promoveu hipotermia, sendo esta resposta exacerbada em animais tratados com o antagonista para TRPC4/C5,, ML204. De forma similar, animais TRPC5KO injetados com LPS, exibiram acentuada hiportemia em comparação com animais wild type. Estes resultados permitem sugerir que a regulação da temperatura em animais sépticos é mediada pelo receptor TRPC5. Estudos recentes sugerem um papel similar sobre a regulação da temperatura corporal para outros TRPs, como o TRPV1 (FERNANDES et al., 2012) e TRPV4 (SAND et al., 2015). É possível que os canais TRPV1, TRPV4 e TRPC5 atuem em conjunto modulando a temperatura corporal em animais com sepse; ainda que por mecanismos intermediários distintos. Por outro lado, novos estudos são necessários para a maior compreensão dos mecanismos associados à regulação da temperatura corporal pelo TRPC5. Durante a sepse, ocorre alteração funcional das células endoteliais, as quais desempenham um importante papel nos distúrbios da circulação. A endotoxemia é apontada como responsável por diversas patologias, incluindo desordens na microcirculação e resultando em falência múltipla de órgãos 73 (ODA et. al., 2000). Avaliou-se o impacto do bloqueio dos canais TRPC4/TRPC5 e da deleção gênica para o TRPC5 nos níveis circulantes de marcadores de falência hepática (AST), renal (creatinina e ureia) e pancerática (lipase). A injeção intraperitoneal de LPS em camundongos não alterou os níveis circulantes de AST em relação à animais controle. Ainda, demonstrou-se que este parâmetro não foi alterado pelo tratamento com ML204 nem pela deleção gênica do TRPC5, 24h após a injeção de LPS. Um estudo realizado por Matsuzaki et al., 2001 também demonstrou que os níveis de AST não são alterados em camundongos, 24 horas após a administração de LPS. No entanto, deve se levar em consideração que a falência múltipla de órgãos é relatada em quadros de sepse grave (SCIENTIA MEDICA, 2009) e que o modelo utilizado no presente estudo foi de sepse leve ou moderada, sendo assim, os animais não evoluíram para um estágio mais avançado da doença; contudo, em acordo com a literatura publicada, outros órgãos além do fígado são afetados pela resposta inflamatória sistêmica. Durante a sepse, a produção exacerbada de mediadores inflamatórios pode contribuir para a diminuição do fluxo sanguíneo nos rins. A lesão renal aguda (LRA) durante a sepse está associada com 70% da mortalidade, enquanto a mortalidade somente para a LRA é de 45% (RIEDMANN et. al., 2003; SCHRIER et. al., 2004). A falha renal causada pela LRA é um dos principais fatores para a mortalidade na sepse devido ao complexo mecanismo pelo qual a síndrome da resposta inflamatória sistêmica leva a falha renal. Estudos prévios demonstram que a administração de LPS como modelo experimental da sepse causa a lesão renal aguda, devido a produção aumentada de citocinas, óxido nítrico e outras alterações na imunidade (SCHWARTZ et. al., 1997; KNOTEK et. al., 2001). Neste estudo, camundongos C57BL/6 sépticos apresentaram níveis de creatinina aumentados em relação a animais controle, o que está de acordo com outros estudos utilizando o mesmo modelo experimental, (TAKAHASHI et. al., 2012). Animais sépticos tratados previamente com o ML204 apresentaram uma diminuição, embora não significativa, dos níveis plasmáticos de creatinina em relação a animais tratados somente com LPS. Entretanto, os níveis de creatinina permaneceram inalterados em animais sépticos TRPC5KO quando comparados a WT. Por 74 outro lado, animais sépticos TRPC5KO apresentaram uma elevação na secreção de ureia em relação a animais WT, denotada pelo aumento nos níveis circulantes deste marcador. A ureia e a creatinina são substâncias produzidas pelo fígado resultantes da metabolização de proteínas que circulam no sangue e são úteis para avaliar a função dos rins (órgão responsável pela eliminação de ambas). Elevações nos níveis desses metabólitos são um sinal de mau funcionamento dos rins. O monitoramento da creatinina é um indicador importante, mais específico e confiável para avaliação da função renal. No entanto, o clearance da ureia, além de indicar distúrbios de filtração glomerular, também pode indicar alterações metabólicas associadas à sepse (PATELA et al., 2015). Essas alterações metabólicas ocorrem não somente para manter o gasto energético mas também para proteger o organismo da translocação de bactérias para outros órgãos (MICHIE, 1996). Recentemente, demonstrou-se a expressão de TRPC5 em células renais (Wong, 2010). No presente estudo a deleção gênica do TRPC5 aumentou os níveis circulantes de ureia, sem alterar os níveis de creatinina. Sugere-se que este receptor esteja envolvido na homeostasia das alterações metabólicas e renais decorrentes da sepse, podendo exercer um papel protetor neste órgão vital. Estudos recentes demonstram uma função protetora similar para outros canais TRPs, como o TRPV1 (WANG et. al., 2013); sugerindo que mais uma vez, estes receptores possam exercer papéis complementares na homeostasia. A lipase é uma enzima sérica que tem sido utilizada largamente como marcador de inflamação pancreática. Contudo, o aumento dos níveis desta enzima nem sempre predizem uma doença pancreática (BYRNE et. al., 2002), pois pode estar aumentada em outras situações que mimetizam a pancreatite aguda e outras doenças intra-abdominais como doenças do trato biliar, processos de oclusão ou isquemia intestinal, apendicite aguda, dentre outros (BYRNE et. al., 2002; OTSUKI et al., 2013). Neste estudo, observamos que animais tratados com LPS não apresentaram diferenças na quantificação plasmática da lipase. De forma semelhante, o tratamento prévio de animais sépticos com o antagonista dos receptores TRPC4/C5 também não apresentaram diferenças nas concentrações desta enzima em relação ao controle e a animais sépticos não tratados com o ML204; animais sépticos 75 TRPC5KO também não tiveram os níveis plasmáticos de lipase alterados em comparação com animais WT. Em contrapartida com esses resultados, estudos têm demonstrado o aumento dos níveis plasmáticos de lipase em camundongos com sepse induzida por LPS, 24 horas após a administração intraperitoneal (FERNANDES et al., 2012); No entanto, deve se levar em consideração que, neste estudo, os animais sépticos não evoluíram para o quadro de sepse grave, não podendo ser descartada a possibilidade de lesão pancreática nesse modelo. Contudo, tanto animais sépticos tratados previamente com o antagonista dos receptores TRPC4/C5 e animais TRPC5KO pareceram ter uma leve diminuição nos níveis desta enzima, porém, por não ser uma diminuição significativa, mais estudos são necessários para se afirmar que esses receptores exercem uma possível proteção pancreática durante a sepse. As citocinas são produtos derivados de células imunológicas ativadas por microorganismos ou componentes microbrianos (PAMPs). Elas formam um grupo heterogênio de mediadores inflamatórios e apresentam um papel essencial na patogenia da sepse e disfunção múltipla de órgãos, bem como na produção de outros mediadores inflamatórios (radicais reativos de oxigênio, nitrogênio e mediadores lipídicos) importantes no processo infeccioso (CHAUDHRY et al., 2013). Dentre as mais estudadas na sepse, destacam-se o TNF-α e a IL-1, por serem consideradas as primeiras citocinas a serem produzidas durante a resposta inflamatória inicial. O TNF-α representa uma das principais citocinas pró-inflamatórias para induzir a resposta imunológica após o contato com o foco infeccioso. São responsáveis por diversos efeitos no processo inflamatório, incluindo apoptose, proliferação e diferenciação celular, aumento de moléculas de adesão endotelial, replicação viral, dentre outros. Alguns estudos demonstram que anticorpos anti-TNF-α agem como protetores contra endotoxinas ou bactérias vivas na corrente sanguínea de animais (CHAUDHRY et al., 2013). Utilizando o modelo de sepse por endotoxemia, o presente estudo demonstrou que após a administração de LPS houve um aumento na secreção das citocinas TNF-α e IL1-β, tanto a nível local da inflamação (peritônio) quando nos níveis plasmáticos. Tais dados estão de acordo com vários estudos na literatura, onde 76 a presença de endotoxinas ocasiona a liberação de TNF-α e IL-1 (CHANDRA et al., 2006; COCA et al., 2009). O bloqueio dos receptores TRPC4/C5 com o ML204 não alterou os níveis circulantes e peritoneais de TNF-α e IL-1β em animais sépticos. Estudos envolvendo a participação dos receptores TRPC4 e TRPC5 na produção/inibição do TNF-α e IL-1β no quadro séptico ainda não foram publicados na literatura, sendo este o primeio estudo a relatar esses dados. No entanto outros receptores da família dos TRPs vêm sendo estudados na resposta imune e produção de mediadores inflamatórios. Estudos utilizando camundongos knockout para o receptor TRPV1 demonstraram que animais TRPV1KO tiveram os níveis de TNF-α, IL-1β e IL-6 aumentados durante a endotoxemia por LPS, tendo como consequência a maior produção de outros mediadores inflamatórios e aumentando ainda mais o dano causado por eles. (CATERINA et al., 1997; JULIUS et al., 2001; WIMALAWANSA et al., 1996). Sendo assim, os dados publicados na literatura confirmam que outros TRPs podem modular a síntese de TNF-α e IL-1β, no entanto, os receptores TRPC4/C5 não interferem na produção das mesmas. A IL-6 é uma citocina que estimula a síntese de proteínas de fase aguda pelo fígado (PCR, amilóide, etc), proliferação e diferenciação de linfócitos T e B e de células natural killer, dentre outros. Ela pode ser secretada por linfócitos T, linfócitos B, macrófagos, monócitos, fibroblastos, células endoteliais, dentre outras células (ŁUKASZEWICZ et al., 2007). Altas concentrações desta citocina durante a sepse indicam maior gravidade da doença e disfunção múltipla de órgãos. A persistência de níveis elevados de IL-6 está associada ao prognóstico letal da doença (WU et al., 2009). Este estudo demonstrou que a IL-6 teve seus níveis locais (peritoneais) aumentados de forma significativa durante o quadro séptico; os níveis plasmáticos também foram aumentos, mas não de forma significativa. Tal resultado condiz com uma vasta quantidade de estudos publicados na literatura, onde é bem definido o aumento da Il-6 nos modelos de sepse que utilizam o LPS (CHAUDHRY et al., 2013; HOCH et al., 2008). Essa citocina, em conjunto com outras, tais como TNF-α e IL-1β ativam sistemas celulares (fagócitos e endotélio) e humoral (rotas de coagulação, ativação de complemento, e mediadores de baixo peso molecular) os quais são primariamente orientados para eliminação dos agentes agressores (bactérias, 77 por exemplo), mas ocasionalmente se tornam mediadores de uma inflamação generalizada auto-destrutiva com consequências sistêmicas e falência múltipla de órgãos (LIEN et al., 2002; RYAN et al., 1992). Por outro lado, este estudo demonstrou que o pré-tratamento com ML204 não modulou a produção desta citocina em animais sépticos; vale ressaltar que este é o primeiro estudo demonstrando o papel dos receptores TRPC4/C5 na produção/inibição desta citocinas na sepse. No entanto, a literatura reporta que outros canais TRPs são ativados pelo LPS, aumentado os níveis plasmáticos de citocinas próinflamatórias, como o TRPA1. Um estudo realizado por Meseguer et al., 2014 utilizando camundongos knockout para o TRL4 (TRL4KO) demonstrou que a molécula de LPS pode ser reconhecida pelo TRPA1, induzindo os sinais da inflamação e o consequente aumento da produção sistêmica de IL-6 e outras citocinas. Além do TRPA1, estudos também comprovam a participação de outros TRPs na produção de mediadores inflamatórios, como o TRPV1, onde animais tratados com capsaicina (agonista do TRPV1) tiveram a secreção sistêmica de algumas citocinas pro-inflamatórias aumentadas, como a Il-6 e Il-8 (ZHANG et al., 2007). No entanto, com base nos dados obtidos no presente trabalho, o TRPC4/C5 não modula a produção de IL-6 no quadro séptico. A primeira citocina da família da il-17 foi descrita em 1995, sendo expressadas em células T ativadas (YAO et al., 1995). Apesar de suas funções biológicas não serem ainda bem conhecidas, sabe-se que ela é responsável pela ativação e maturação de células do sistema imune, como os neutrófilos e também estimula macrófagos a produzirem outros mediadores inflamatórios (ZRIOUAL et al., 2008). No presente estudo foi demonstrado que a administração de LPS em camundongos eleva os níveis plasmáticos de IL-17, tanto no lavado peritoneal quanto no plasma (embora estatisticamente não significativo), esse resultado condiz com muitos estudos publicados, onde esta citocina tem sua concentração elevada no quadro séptico (FREITAS et al., 2009). Esta pesquisa demonstra que a nível local da infecção, o ML204 não alterou os níveis desta citocina em animais sépticos; por outro lado, a nível sistêmico, o bloqueio dos receptores TRPC4/C5 aumentou de forma significativa a síntese de IL-17 em relação ao grupo de animais tratados somente com veículo, exacerbando essa produção em relação a animais 78 sépticos sem o tratamento prévio com antagonista desses receptores, o ML204. Este é o primeiro estudo demonstrando o papel desses receptores na produção de IL-17, no entanto, muitos estudos na literatura demonstram que outros membros da família TRP atuam como moduladores na secreção e produção de citocinas (ZHANG et al., 2007; JULIUS et al., 2001; MESEGUER et al., 2014); ressalta-se ainda, que a literatura a qual relata o papel da IL-17 na sepse ainda é muito limitada, bem como a modulação dos TRPs na sua produção/inibição. O presente estudo demonstra que os receptores TRPC4/C5 pode exercer um papel na produção de IL-17 durante a sepse, no entanto, necessita-se mais pesquisas para melhor compreender os mecanismos pelo qual estes receptores atuam na produção desta citocina. Após a eliminação e morte de microorganismos o organismo produz mediadores cujo papel é inibir o processo inflamatório que produz dano ao organismo, caso continue sendo estimulado por mediadores pró-inflamatórios. Tal papel é exercido por diversas substâncias endógenas, entre elas a IL-10. Essa citocina é produzida por monócitos e linfócitos, leva à inibição da produção de citocinas pró-inflamatórias, da expressão do complexo de histocompatibilidade principal tipo II (MHCII), fagocitose mediada por macrófagos, dentre outras funções (OPAL et al., 2000). A IL-10 desempenha um efeito protetor durante o quadro séptico, porém, altas concentrações desta citocina juntamente com a IL-6 está relacionado com um pior prognóstico da sepse (WU et al., 2009). No presente estudo observamos que após 24 horas a sepse aumentou, porém de forma não significativa, as concentrações de IL-10 tanto a nível peritoneal quanto sistêmico. Em concordância com os dados do presente trabalho, pesquisas demonstram que a produção de IL-10 é aumentada em pacientes com sepse ou em modelos experimentais com a função de contrabalancear as ações dos mediadores pró-inflamatórios, através da redução da síntese e da liberação desses mediadores para antagonizar seus efeitos; ainda, o aumento de IL-10 é fisiologicamente maior após o processo inflamatório inicial, tendo um importante papel na homeostasia do organismo (DINARELLO et al., 1997; SARAIVA et al., 2010). O bloqueio dos receptores TRPC4/C5 diminuiu de forma significativa os níveis desta citocina no lavado peritoneal e plasma em relação a animais sépticos não tratados com 79 o antagonista desses receptores. Levando em consideração que a IL-10 apresenta um efeito protetor tanto na sepse humana quanto em modelos experimentais relacionado à inibição da produção de TNA-α e il-1β (GÉRARD et al., 1993; HOWARD et al., 1993; OPAL et al., 2000; WAKABAYASHI et al., 1991), os receptores TRPC4/C5 também podem exercer um efeito protetor no quadro séptico, no entando, deve-se levar em consideração outros parâmetros e que altos níveis de IL-10 também estão relacionados com uma piora da sepse (GOGOS et al., 2000). Novamente ressalta-se que esta é a primeira pesquisa relatando o papel desses receptores na modulação da produção desta citocina durante o quadro séptico; no entanto, em contraste com esse resultado, outros estudos demonstram que o pré-tratamento de camundongos Balb/c com o cinemaldeído (agonista do TRPA1) é capaz de inibir a produção de algumas citocinas séricas, dentre elas a IL-10 (LIAO et al., 2012) e inibição do NFB, o fator de transcrição responsável pelo aumento da expressão gênica de citocinas pró-inflamatórias (KWON et al., 2010). Com base nos dados obtidos neste trabalho, observamos que os receptores TRPC4/C5 podem modular a produção de diferentes padrões de citocinas na sepse, dentre elas, a IL-10 foi a que mais demonstrou ter sua produção modulada por esses receptores. Após o LPS entrar em contato com as células do sistema imune inato, estas células são ativadas e secretam uma série de mediadores inflamatórios para combater a infecção e restaurar a homeostasia do organismo. Dentre estes mediadores, podemos citar substâncias vasoativas, como o óxido nítrico, um mediador pró-inflamatório produzido principalmente pela família das enzimas NOS, principalmente a isoforma induzida (iNOS). Durante a sepse há um conflito entre o sistema imune e o patógeno, isso induz a uma resposta inflamatória intensa, fazendo com que as células do sistema imune inato aumentem excessivamente a produção de óxido nítrico, o qual tem papel tanto benéfico quanto prejudiciais ao organismo. O NO em concentrações aumentadas provoca dano celular pela sua propriedade de espécie reativa e pela interação com o superóxido formando o ONOO-, um potente oxidante e também causando uma vasodilatação exacerbada nas células endoteliais (JAVESGHANI et al., 2003). 80 O presente trabalho demonstrou que durante a sepse há um aumento na produção de óxido nítrico peritoneal e que animais sépticos pré-tratados com o ML204 exacerba significativamente essa produção. A concentração peritoneal de NO em camundongos TRPC5KO não foi alterada em relação ao controle nem a animais sépticos WT. Por outro lado, esses mesmos animais (TRPC5KO) tiveram os níveis plasmáticos de NO aumentados com a administração de LPS, porém, a deleção gênica para o TRPC5 não alterou esse aumento. Esses resultados sugerem que a produção local aumentada de NO pode está ligada ao bloqueio do TRPC4 ou do heterodímero TRPC4TRPC5 visto que animais TRPC5KO não sofreram alterações nos níveis peritoneais de NO. Essa maior produção de NO, em alguns casos, pode ser decorrente de uma maior produção pela enzima iNOS, o que condiz com um estudo realizado por Groeneveld et al., 2003 onde relata que a persistência de microorganismos ou de seus metabólitos faz com que o sistema imune continue aumentando a produção de óxido nítrico e outros mediadores inflamatórios, causando posteriormente o choque séptico no hospedeiro. O NO em concentrações aumentadas provoca dano celular pela sua propriedade de espécie reativa e pela interação com o superóxido, formando o ONOO-, o qual é um composto oxidante que estimula a inflamação pela ativação de fatores de transcrição, como o NF-B (COOKE et al., 2002). Victor et al., 2009 em seu estudo “Oxidative stress and mitochondrial dysfunction in sepsis: a potential therapy with mitochondria-targeted antioxidants”, relata que o óxido nítrico tem extensa atividade bactericida e que, quando produzido através da enzima óxido nítrico sintase induzível, que está presente nas células do sistema imune, como macrófagos e neutrófilos, pode conduzir à nitrozilação da membrana bacteriana, causando sua morte e protegendo o hospedeiro. A produção excessiva de óxido nítrico durante o quadro séptico, também pode desencadear diversos outros efeitos no organismo, tais como hipotensão severa resistente à terapia vasoconstritora, levando à insuficiência orgânica generalizada (JEANNERET et al., 2011). Outros estudos demonstram outras funções do óxido nítrico, como sua participação na temperatura corporal tanto em condições fisiológicos quanto fisiopatológicas (PEREIRA et al., 2014). Scammel et. al., 1996 demonstrou que o óxido nítrico atua como mediador na 81 indução da febre em ratos utilizando modelos com endotoxinas e que quando administrado inibidores da síntese de óxido nítrico, a temperatura corporal é reduzida. O presente trabalho relata prela primeira vez a influência do bloqueio dos receptores TRPC4/C5, bem como a deleção gênica para o TRPC5 na produção de óxido nítrico por células do sistema imune inato. No entanto, há estudos comprovando a participação de outros TRPs na produção de NO, como o estudo realizado por Lee, 2015, onde o pré-tratamento com um agonista do TRPA1 reduziu a produção de NO em animais sépticos. Su et al., 2014 demonstrou que o bloqueio parcial do TRPV1 é capaz de diminuir de forma significativa a produção de NO em camundongos. Wuensch et al., 2010 afirma que a indução do estresse oxidativo pela administração de 100 mol/l ONOO aumenta significativamente a expressão da proteína TRPC3 e TRPC6 em monócitos. O mesmo estudo demonstrou que, utilizando um bloqueador para o TRPC, o 2-APB, o aumento de cálcio induzido pela administração de ONOO foi significativamente atenuado. Balzer et al., 1999 sugeriu que os canais TRPC são a base molecular da ativação de canais iônicos oxidantes em células endoteliais. Poteser et al., 2006 reportou que a modulação no sistema redox de canais TRPC são responsáveis pelas mudanças induzidas pelo estresse oxidativo na sinalização mediada por cálcio citosólico. O óxido nítrico representa um importante mediador durante o quadro séptico e diversos estudos têm sido voltados para o conhecimento de sua produção e função, neste estudo, observamos que o TRPC4 ou o heterodímero TRPC4-TRPC5 pode está parcialmente relacionado com a síntese de NO, visto que exacerbou a produção desse mediador a nível peritoneal quando utilizado um antagonista para esses receptores; no entanto, camundongos não expressando apenas o TRPC5 não apresentou alterações nas concentrações de óxido nítrico nem a nível local nem sistêmico. O estresse oxidativo está quimicamente associado com a produção excessiva de espécies reativas de oxigênio (ROS), ou a redução na capacidade de defesa antioxidante (FINKEL et. al., 2000). Nos humanos, o estresse oxidativo contribui para a patogênese de doenças sistêmicas, metabólicas, cardiovasculares e neurodegenerativas (GIORDANO, 2005). O ROS também tem sido fortemente implicado na patogênese da dor inflamatória 82 e neuropática (YOWTAK et al., 2011). Alguns membros da família dos TRPs são considerados sensores do estresse oxidativo, como o TRPC5, que pode ser ativado pelo óxido nítrico (ZHOLOS, 2014); além do mais, estudos demonstram que o TRPV1 e TRPA1 modulam a produção de NO em camundongos (LEE, 2015). A sepse está muito relacionada com o aumento do estresse oxidativo e o balanço entre o oxigênio disponível e o seu consumo, tendo uma redução na extração do mesmo pelos tecidos associada a uma alteração importante na regulação da microcirculação. Além disso, a produção exacerbada de alguns reativos de oxigênio pode levar a uma vasodilatação periférica acentuada, que é caracterizada pela baixa resistência vascular sistêmica (KVIETYS et al., 2012). O presente estudo também buscou investigar os níveis de H 2O2 no lavado peritoneal de animais sépticos tratados e não com o antagonista dos receptores TRPC4/C5; e de camundongos sépticos com deleção gênica para o TRPC5 e WT. Os dados demonstraram que após a administração de LPS os níveis de H2O2 no lavado peritoneal de camundongos sépticos tratados e não com ML204 não apresentaram diferenças em comparação com o controle (animais tratados com veículo); ainda, a sepse não alterou a concentração desse mediador inflamatório no lavado peritoneal e plasma de animais sépticos TRPC5KO em comparação com animais WT tratados e não com LPS. No entanto, deve se levar em consideração alguns fatores para a não produção de uma maior quantidade de H2O2 como a concentração de LPS injetada e o período em que os parâmetros foram avaliados, visto que a literatura demonstram que há um aumento da liberação de peróxido de hidrogênio durante a sepse (HIMMELFARB, 2004), que é capaz de reagir com óxido nítrico e formar moléculas tóxicas como o peroxidonitrito, que oxidam e lesam as proteínas da membrana celular, possuindo grande citotoxicidade (REGUEIRA et al., 2011). Apesar de não modular a produção de H2O2, este é o primeiro estudo relatando a participação dos receptores TRPC4/C5 na síntese desse mediador inflamatório na sepse; no entanto, a literatura demonstra que outros membros da mesma família desses receptores (TRPs) podem modular a produção de H2O2. LIAO, 2012 relatou que a produção de H2O2 é diminuída 83 com a estimulação do TRPA1 pelo cinemaldeído (agonista desse receptor), decorrente da redução da glutationa, um antioxidante hidrossolúvel que metaboliza a molécula desse reativo de oxigênio. Um estudo recente realizado por Mendes, 2015, demonstrou que animais sépticos pré-tratados com cinemaldeído, agonista do TRPA1, também não apresentaram diferenças nas concentrações de H2O2 no lavado peritoneal de camundongos. Sabe-se que o H2O2 é uma molécula que pode estimular o TRPC5, no entanto, sabe-se muito pouco a respeito da participação desse receptor (bem como do TRPC4 e outros TRPs) na produção/inibição desse mediador inflamatório. No presente estudo os receptores TRPC4/C5 não influenciaram na produção/inibição de H2O2 durante a sepse. A superóxido dismutase é uma enzima que, em células eucarióticas, está localizada na membrana mitocondrial interna e é responsável pela conversão do ânion superóxido em peróxido de hidrogênio e oxigênio celular. A atividade da SOD está envolvida com o aumento do estresse oxidativo em diversos modelos experimentais, provavelmente para produzir peróxido de hidrogênio. Sendo assim, o aumento da atividade da SOD está ligada diretamente com a produção do peróxido de hidrogênio (VALKO et al., 2015). No presente estudo, investigou-se os níveis da SOD intracelular de macrófagos peritoneais, os resultados mostram que houve um pequeno aumento na atividade da SOD com a indução da sepse por LPS, no entanto esse aumento não foi significante. Como o peróxido de hidrogênio não apresentou essa diferença, sugere-se que esse aumento da atividade da SOD esteja relacionado com o aumento na produção de NO nesses animais. Por outro lado, em animais tratados com ML204, sugere-se que parte do NO gerado nesses animais esteja relacionado ao aumento da atividade da SOD e também pela produção desse mediador pela sua via clássica. A sepse se desenvolve quando a resposta inflamatória inicial se amplifica e é seguida de uma desregulação nessa resposta. Neste contexto, os leucócitos desempenham uma função fundamental em reconhecer o estímulo nocivo, ativar células e liberar mediadores inflamatórios iniciadores e amplificadores desta resposta. As células do sistema imune inato em particular reconhecem os componentes bacterianos (PAMPs) e ativam a resposta do 84 hospedeiro (MONNERET et al., 2015; RUSSEL, 2006). Investigou-se as alterações celulares no lavado peritoneal e no sangue de animais sépticos e saudáveis, tratados e não com o ML204. Os resultados deste estudo demonstram uma tendência à diminuição no número de leucócitos totais após tratamento com LPS. De fato, a injeção de LPS causa hipoperfusão, isto é, vasoconstrição, dificultando a migração celular para leitos microvasculares, como no caso, o leito mesentérico (ESMON, 2004); ainda, após estimulação prolongada, o LPS leva à apoptose celular (SHARIFI et al., 2010); a nível sistêmico, animais sépticos tiveram, embora de forma não significativa, uma diminuição na contagem de células mononucleadas e um aumento nas células polimorfonucleares; o pré-tratamento de animais sépticos com o ML204 não alterou a população de polimorfonucleares, no entanto, diminuiu de forma significativa as células mononucleares sanguíneas em relação a animais tratados somente com veículo; no sítio da inflamação não houve diferença na população de células mononucleares entre os grupos avaliados; no entanto, células polimorfonucleares tenderam a diminuir, porém, não de forma significativa. Alguns estudos demonstram que é característica da sepse as alterações das populações de células inflamatórias circulantes, assim como daquelas no sítio inicial da infecção como parte da resposta imune inata do hospedeiro frente à infecção (WIERSINGA et al., 2011). De fato, a patogênese da sepse está relacionada a uma disfunção generalizada da resposta imune/inflamatória, sobretudo no âmbito celular, a qual implica no aumento da morbidade dos pacientes acometidos (SIQUEIRA-BATISTA et al., 2012). Um estudo realizado por Svanbom et al., 1980 demonstrou que em 35% dos pacientes estudados, a sepse não apresentou uma resposta leucocitária, isto é, uma leucocitose; trata-se, portanto, de um resultado semelhante aos achados do presente trabalho. No entanto, deve se levar em consideração que, apesar de mimetizar muitos aspectos da sepse humana, o presente trabalho avaliou parâmetros de um modelo experimental de sepse por endotoxemia. O aumento de células polimorfonucleares também é relatado no quadro séptico. No estágio inicial da sepse há um aumento no número de neutrófilos circulantes disponíveis para migração até o sítio da infecção, com consequência do aumento de células polimorfonucleares tanto a nível local quanto sistêmico 85 (ALVES-FILHO et al., 2010). Este é o primeiro estudo demonstrando a participação dos receptores TRPC4 e TRPC5 na sepse induzida por LPS; por outro lado, estudos apontam que outros receptores TRPs são capazes de modular a resposta celular em modelos de inflamação (NISSINI et al., 2012). Estudos têm demonstrado que o TRPA1, o único membro da subfamília TRPA dos TRPs é capaz de ser ativado por moléculas de LPS e induzir o processo inflamatório. Dor e reações vasculares, incluindo inflamação neurogênica causado pelo LPS são dependentes da ativação do TRPA1 em neurônios sensoriais independente da ativação do TLR4 (MESEGUER et al., 2014). Sendo assim, esse receptor pode também está diretamente ligado à resposta celular na sepse por bactérias Gram-negativas. Um estudo realizado por Miyake et al., 2015 demonstrou que o TRPV1 também está expresso em células do sistema imune residente no cérebro (micróglias) e a ativação desse receptor com capsaicina é capaz de promover a migração dessas células em camundongos. O mesmo estudo demonstrou que a migração de micróglias induzida pelo tratamento com capsaicina é significantemente reduzida quando utilizado o antagonista do TRPV1 (SB366791). Os achados do presente trabalho demonstraram que, apesar do grupo de camundongos pré-tratados com ML204 apresentarem uma maior diminuição em células mononucleares circulantes, o bloqueio dos receptores TRPC4/C5 parecem não influenciar na celularidade leucocitária durante a sepse. Investigou-se também a capacidade de fagocitose de macrófagos peritoneais em modelo de sepse induzida por LPS em camundongos e da participação dos receptores TRPC4 e TRPC5 nesse parâmetro. Os dados demonstram que, embora não significativa, houve um aumento na taxa de fagocitose (beads/célula) mediada por macrófagos em comparação com animais controles não tratados com LPS. De forma similar, outros estudos comprovam esse aumento na taxa fagocitária em macrófagos após administração intraperitoneal de LPS (DANIKAS et al., 2008). O bloqueio dos receptores TRPC4/C5 com o ML204 e a deleção gênica para o receptor TRPC5 não alteraram o aumento dessa taxa. Alguns estudos demonstram que em quadros mais graves de sepse a produção de citocinas anti-inflamatórias, como a IL-10, pode suprimir a capacidade de eliminação de bactérias e 86 diminuir a fagocitose de macrófagos (SHUNG et al., 2007), diminuindo, assim, a defesa do hospedeiro. Outros receptores da família dos TRPs são capazes de modular a fagocitose mediada por macrófagos peritoneais, como o TRPV1 (Fernandes et al, 2012). No entanto, este estudo mostrou que o bloqueio do TRPC4/C5 e a deleção gênica para o TRPC5 não interferiram na capacidade fagocitária de macrófagos. 87 7 CONCLUSÃO Os achados do presente estudo demonstram que os receptores TRPC4 e TRPC5, bem como suas variações expressas nas membranas celulares (homodímeros e heterodímeros) exercem um efeito protetor durante a sepse induzida por LPS, o bloqueio desses receptores com o ML204 aumentou a gravidade e a mortalidade nesses animais; o receptor TRPC5 exerce um efeito protetor para as células renais, visto que a deleção gênica para este receptor aumentou os níveis plasmáticos de ureia. Embora nenhuma diferença significativa tenha sido observada nos marcadores de falência múltipla de órgãos com o bloqueio dos receptores TRPC4/C5, o ML204 pareceu reduzir os níveis plasmáticos de lipase, podendo exercer um efeito protetor ao pâncreas na sepse. Ainda o tratamento com ML204 é capaz de mediar a regulação da temperatura corporal e a produção de alguns mediadores inflamatórios, como o óxido nítrico, o qual teve seus níveis locais exacerbados em relação a animais sépticos sem o bloqueio dos receptores; a produção de citocinas também foi modulada pelo antagonismo do TRPC4/C4, sendo que a IL-10 teve seus níveis significativamente reduzidos tanto a nível local (peritônio), quanto sistêmico (plasma) no quadro séptico em relação a animais com sepse sem o prétratamento com o ML204; a secreção plasmática de IL-17 foi significativamente exacerbada em animais sépticos pré-tratados com esse antagonista. O bloqueio dos receptores TRPC4 e TRPC5, apesar de ter causado uma pequena redução na população de células mononucleadas circulantes, não parece influencia na celularidade de camundongos sépticos no sítio da infecção e a nível sistêmico. Neste estudo, esses receptores não influenciaram nos níveis de outros mediadores inflamatórios durante a sepse como o H 2O2 e a atividade da SOD, nem na fagocitose mediada por macrófagos peritoneais. Este trabalho apresenta as primeiras evidências de que a ativação por agonistas endógenos para os receptores TRPC4/C5 pode regular vias inflamatórias associadas à SRIS decorrente de infecções bacterianas. Algumas destas vias sugerem a relevância específica do TRPC5 para a proteção de órgãos vitais, como os rins. 88 Por outro lado, pouco se sabe acerca do impacto da ativação destes receptores por agonistas exógenos associados à infecções, como a tioredoxina derivada de microrganismos. Sugere-se então que estes receptores podem ter um papel ainda mais complexo na resposta do paciente, dependendo da fonte de agonistas capazes de ativá-los. No entanto, mais estudos são necessários para melhor compreender os mecanismos de ação desses receptores durante a sepse. 89 REFERÊNCIAS ACHIKE FI, KWAN CY. Nitric oxide, human diseases and the herbal products that affect the nitric oxide signalling pathway. Clin Exp Pharmacol Physiol. 2003 Sep;30(9):605-15. ADCOCK JJ. TRPV1 receptors in sensitisation of cough and pain reflexes. Pulm Pharmacol Ther 2009; 22: 65-70. ALDERTON WK, COOPER CE, KNOWLES RG. Nitric oxide synthases: structure, function and inhibition. Biochemical Journal. 2001;357(Pt 3):593615.inhibition. Biochem J. 2001 Aug 1; 357(Pt 3): 593–615. ALVES-FILHO JC, SPILLER F, CUNHA FQ. 2010. Neutrophil paralysis in sepsis. Shock 34 Suppl 1:15–21. ANDRADE, J.L.S. 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