A procura de uma metodologia ideal para o isolamento de

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Instituto Oswaldo Cruz/FIOCRUZ
LRNCEB/LABENT
Doenças de Transmissão Alimentar: aspectos clínicos, coleta e transporte de material
Dalia P. Rodrigues, Grace N. D. Theophilo, Eliane M. F. Reis &
Norma S. Lázaro
Laboratório de Referência Nacional de Cólera e outras Enteroinfecções
Bacterianas – Laboratório de Enterobactérias
LRNCEB/LABENT
IOC/VPSRA/FIOCRUZ
Outubro/2008
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Doenças de Transmissão Alimentar: Características Clínicas e Coleta de Material
O perfil epidemiológico das Doenças de Transmissão Alimentar (DTAs)
bem como das Doenças Diarréicas Agudas (DDAs) vem sofrendo mudanças,
tendo
em
vista,
principalmente,
o
surgimento
de
novos
patógenos
denominados emergentes. Estes podem provocar graves manifestações
clínicas, óbitos e seqüelas, resultantes de seu potencial patogênico e grande
capacidade de disseminação, tendo atualmente, como principais fontes de
veiculação a água e os alimentos.
As características clínicas, de um modo geral, se caracterizam por uma
síndrome que incluem como sintomas: anorexia, náuseas, vômitos, diarréia,
febre, presente ou ausente. Os digestivos, dependendo do agente causal,
não são as únicas manifestações dessas doenças, podendo determinar
infecções extra-intestinais, nas quais afetam diferentes órgãos e sistemas,
tais como geniturinário, o fígado, articulações, sistema nervoso central, etc.
Mais
especificamente
os
termos
DTA
e
DDA
envolvem
uma
multiplicidade de agentes causais, destacando-se os de origem bacteriana
como os mais freqüentes.
Entre estes, a maioria é encontrada na família Enterobacteriaceae:
Escherichia coli enteropatogênica clássica (EPEC), E.coli enterotoxigênica
(ETEC), E.coli enteroinvasora (EIEC), E.coli enterohemorrágica (EHEC),
E.coli enteroagregativa (EaggEC), E.coli aderência difusa (DAEC), Shigella
sp., Salmonella spp., Plesiomonas shigelloides e Y.enterolítica; família
Vibrionaceae (V.cholerae, V.parahemolyticus, V.vulnificus. etc.); gênero
Campylobacter, destacando-se C.jejuni e C.coli sendo C.jejuni responsável
por 90% das infecções e o gênero Listeria. Além desses, outros patógenos
assumem relevância nos processos intestinais, como Aeromonas sp.,
Staphylococcus aureus, Bacillus cereuse e Clostridium prefringens.
Existem vários mecanismos de agressão envolvidos com a determinação
das DTAs e DDAs por agentes bacterianos, os quais podem ser agrupados
em duas categorias, as infecções e as intoxicações:
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As infecções alimentares são causadas pela ingestão de alimentos
contendo células viáveis de microrganismos patogênicos. Estes aderem à
mucosa do intestino humano e proliferam, colonizando-o. Em seguida, pode
ocorrer invasão da mucosa e penetração nos tecidos e disseminação para
outros órgãos (bactérias invasivas), ou ainda, a produção de toxinas que
alteram o funcionamento das células do trato gastrintestinal (bactérias
toxigênicas).
Estes processos infecciosos geralmente são exclusivos, ou
seja, apenas um deles prevalece.
Bactérias invasivas: Entre estas se destacam Salmonella, Shigella,
E.coli enteroinvasiva, Yersinia enterocolítica, entre outras. Geralmente são
associados a diarréias freqüentes, mas não volumosas, contendo sangue e
pus, dores abdominais intensas, febre e desidratação leve, sugerindo
infecção do intestino grosso por bactérias invasivas. A microscopia das fezes
revela numerosos piócitos e leucócitos. Há também registros de síndromes
pós-infecção reconhecidas como importantes seqüelas de DTA, como a
síndrome hemolítica urêmica, após infecção por E.coli O157:H7, síndrome
de Reiter após salmonelose, Guillain-Barré após campilobacteriose e
abortamento ou meningite em pacientes com listeriose.
Já o segundo tipo (bactérias toxigênicas), o quadro clínico é determinado
por toxinas liberadas quando estas se multiplicam na luz intestinal. Essas
atuam nos mecanismos de secreção/absorção da mucosa do intestino. As
infecções por Escherichia coli enterotoxigênica, Vibrio cholerae, Vibrio
parahaemolyticus, Campylobacter jejuni, Clostridium perfringens e Bacillus
cereus, são exemplos clássicos. Normalmente a diarréia, nestes casos, é
intensa, sem a presença de sangue ou leucócitos, febre discreta ou ausente,
sendo comum a desidratação.
As intoxicações: Quando ocorre a ingestão de toxinas formadas em
decorrência da intensa proliferação do microrganismo patogênico no
alimento, tendo como conseqüência a ocorrência de diarréia e vômitos.
Exemplos deste processo são as intoxicações causadas por Staphylococcus
aureus, Bacillus cereus (cepa emética) e Clostridium botulinum.
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Aspectos clínicos e etiológicos das DDAs e DTAs
Vibrio
As infecções por Vibrio são geralmente divididas em três principais
síndromes clinicas: gastrenterite, septicemia primária e infecção cutânea.
Gastrenterite e septicemia são adquiridas através da ingestão de produtos
do mar crus ou mal cozidos. Entre as espécies patogênicas associadas com
gastrenterites destacam-se o V.cholerae O1, V.cholerae não-O1 não O139 e
V.parahaemolyticus como as mais freqüentes, seguidas de V.vulnificus,
V.fluvialis, V.hollisae e V.mimicus.
V. cholerae não-O1 não-O139, pode ocasionalmente causar sintomas
similares àqueles por V. cholerae O1. V. vulnificus pode estar envolvido com
gastrenterite, infecção cutânea ou septicemia; esta última, especialmente
em pessoas com doença hepática ou imunossuprimidos, pode ocorrer
subseqüente à ingestão do microrganismo ou penetração através da pele.
Entre os alimentos envolvidos, destaca-se o pescado (peixes, crustáceos
e moluscos) consumido sem ou com cocção insuficiente.
V.cholerae
Doença infecciosa intestinal aguda, causada pela enterotoxina do Vibrio
cholerae, manifestando-se com diarréia aquosa, abundante e incoercível,
com inúmeras dejeções diárias, vômitos ocasionais, cãimbras musculares,
desidratação,
acidose
e
colapso
circulatório.
A
febre
não
é
uma
manifestação comum. Em geral o período de incubação é de 2 a 3 dias, com
extremos de algumas horas até 5 dias. A patogênese da cólera está
intimamente associada à produção e ação de uma enterotoxina sobre as
células epiteliais do intestino delgado, associada à secreção de AMP-cíclico
e, conseqüentemente, diarréia hipersecretória, com grande perda de
líquidos e eletrólitos.
Embora um elevado número de sorogrupos possa causar diarréia,
somente o O1 e O139 determinam os clássicos sintomas da cólera.
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V. parahaemolyticus
A gastrenterite associada com este microrganismo caracteriza-se por
diarréia aquosa, cólicas abdominais, náuseas, vômitos, dor de cabeça, febre
e calafrios. Nos casos mais severos, ocorre disenteria com fezes mucóides e
sanguinolentas. Além disso, este microrganismo ocasionalmente pode
causar infecções extra-intestinais, tendo sido isolado de feridas, olhos,
ouvido e do sangue. O período de incubação varia de 12 a 24 horas após a
ingestão de alimentos, porém pode situar-se entre 30 horas e a duração da
doença de 2 a 7 dias.
Os mecanismos dessa patologia ainda não estão completamente
elucidados, porém sugerem uma forte associação das hemolisinas TDH
(Thermostable Direct Hemolysin) e TRH (Thermostable Related Hemolysin)
com a doença, ou seja, são importantes fatores de virulência desta bactéria.
A dose infectante para causar a infecção é geralmente superior a 106
organismos, podendo ser inferior quando se faz uso de antiácidos.
Entre os alimentos envolvidos, destaca-se o pescado (peixes e moluscos)
consumido sem ou com cocção insuficiente.
V. vulnificus
O reservatório primário de V. vulnificus é a água do mar e os
indivíduos acometidos pela infecção relatam o contato ou ingestão de
alimentos marinhos sem cozimento, especialmente de ostras.
É um dos patógenos que apresenta maior poder de invasibilidade,
com duas vias de entrada no organismo humano. Uma delas é através de
ingestão de alimentos marinhos. A segunda via é através de lesões
cutâneas pré-existentes na epiderme. Clinicamente pode se manifestar por
uma septicemia primária, cujos sintomas iniciais incluem febre, mal estar,
calafrios, sobrevindo septicemia em 36 horas. Neste caso, a diarréia é rara.
Constituem-se grupos de risco, para essa forma da doença, indivíduos com
infecções agudas ou crônicas com aumento dos níveis séricos de Fe, bem
como imunocomprometidos.
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Na outra forma de infecção cutânea, os sintomas podem aparecer
dentro de quatro horas pós-infecção e caracterizam-se por dor intensa,
eritema e edema no local que rapidamente evolui para lesões necrosadas,
envolvendo o tecido subcutâneo acompanhada por toxemia severa.
A septicemia primária a morte ocorrem rapidamente >50% dos
casos. Contrariamente à septicemia primária, as infecções das feridas
apresentam baixa taxa de mortalidade podendo, porém, levar à amputação
do membro afetado.
Um quadro gastrentérico em pessoas sadias, caracterizando-se por
vômitos, diarréia e dor abdominal vem sendo notificado de 12 horas a 3
dias após consumo de alimento contaminado.
Salmonella
Sorovares de Salmonella podem ser divididos em 3 categorias com
base na especificidade do hospedeiro e padrão clínico por eles determinado:
salmonelas altamente adaptadas ao homem incluindo S. Typhi e S.
Paratyphi A,B e C, agentes da febre entérica (febres tifóide e paratifoide);
salmonelas altamente adaptadas aos animais
S.Dublin (bovinos), S.Choleraesuis e
representadas
por
S.Typhisuis (suinos), S.Pullorum e
S.Gallinarum (aves), responsáveis pelo paratifo dos animais. Entretanto, em
determinadas situações (idade jovem, pacientes com doenças crônicas,
idosos, imunocomprometidos) os sorovares S. Dublin e S.Choleraesuis
podem determinar no homem, um quadro septicêmico, i.é., mais grave do
que o causado por S.Typhi.
A terceira categoria inclui a maioria dos sorovares que atingem
indiferentemente o homem e animais, designadas salmonelas zoonóticas,
as quais são responsáveis por quadro de gastrenterite (enterocolite) ou
doenças de transmissão alimentar. Sua distribuição é mundial, sendo os
alimentos os principais veículos de sua transmissão. São responsáveis por
significantes índices de morbidade
e
mortalidade, tanto nos países
emergentes como desenvolvidos, determinando surtos que envolvem,
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principalmente, o consumo de alimentos de origem animal como ovos, aves,
carnes e produtos lácteos.
Na forma gastrentérica, os sintomas aparecem 12 a 36 horas após o
consumo do alimento e são manifestados por dor abdominal, diarréia,
vômito e febre. O período de incubação pode variar em função da
quantidade de células viáveis ingeridas e do sorovar envolvido. A doença
usualmente dura de 4 a 7 dias, com uma dose infectante, para pessoas
saudáveis, entre 105 a 107 UFC e a maioria das pessoas se recupera de
modo
espontâneo.
As
infecções
extra-intestinais
incluem
septicemia,
eritema nodoso, meningite, osteomielite, pneumonia e outros. As infecções
podem ser severas, especialmente em crianças, idosos e imunodeprimidos.
A febre tifóide está associada a condições sanitárias, de higiene
pessoal e ambiental precárias, sendo freqüente sua ocorrência sob a forma
de
surtos
relacionados
com
o
consumo
de
água
e/ou
alimentos
contaminados. A doença é causada pela Salmonella enterica subespécie
enterica sorovar Typhi (S.Typhi). É uma doença bacteriana aguda, de
gravidade variável que se caracteriza por septicemia, febre, mal estar,
cefaléia, náusea, vômito e dor abdominal. Pode afetar diversos órgãos como
fígado, baço e vesícula biliar. Nas formas mais severas podem ser
observadas
disfunção
cerebral,
delírio,
choque
e,
ocasionalmente,
perfuração intestinal e hemorragia. O período de incubação pode variar de 3
dias a 3 meses, sendo em média de 1 a 3 semanas.
Shigella
São conhecidas quatro espécies ou sorogrupos: Shigella dysenteriae,
Shigella flexneri, Shigella boydii e Shigella sonnei. Ocorre em locais com
precárias condições de higiene e problemas de saneamento básico;
endêmica em países subdesenvolvidos e emergentes, usualmente de clima
tropical, especialmente as espécies S.flexneri e S. dysenteriae. Todas as
espécies podem produzir doença grave com exceção de S.sonnei a qual é
relativamente mais leve e limitante. Caracteriza-se por cólicas abdominais,
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diarréia com sangue, pus ou muco, febre, vômitos e tenesmo. Em alguns
casos a diarréia pode ser líquida, durando cerca de 4 a 7 dias. No caso de
S.dysenteriae, as manifestações clínicas podem progredir com um processo
de ulceração com diarréia sanguinolenta e elevada concentração de
neutrófilos nas fezes. A produção da “toxina de Shiga” pelo patógeno
representa um importante papel em sua patogênese. Shigella spp. parece
melhor adaptada para causar doença no homem que a maioria das outras
bactérias entéricas. O período de incubação é em média de 1a 3 dias, e
cerca de 1 semana para a S. dysenteriae 1 e a ingestão de 10–100 células
pode determinar a infecção, dose infectante menor que as de outras
bactérias entéricas.
Escherichia coli
E. coli é um bacilo Gram negativo, utilizado como indicador de
contaminação fecal em alimentos, por pertencer a microbiota normal do
trato entérico. Seu envolvimento em patologias gastrentéricas humanas
tem
como
base
os
fatores
de
virulência,
manifestações
clínicas
e
epidemiológicas, os quais permitem o agrupamento em seis classes: E.coli
enteroagregativa
enteroinvasiva
(EaggEC),
(EIEC),
E.coli
E.coli
enterohemorrágica
aderência-difusa
(EHEC),
(DAEC).
E.coli
E.coli
enteropatogênica (EPEC) e E. coli enterotoxigênica (ETEC).
EPEC (E. coli enteropatogênica clássica)
Agente envolvido em casos de gastrenterite em crianças, sendo os
recém nascidos e os lactentes jovens os mais susceptíveis enquanto adultos
geralmente
não
manifestam
a
doença,
constituindo-se
portadores
assintomáticos. O mecanismo patogênico envolve adesão à membrana
plasmática
dos
enterócitos
causando
destruição
do
microvilovisades
adjacentes. A diarréia resulta da perda das propriedades absortivas das
células infectadas, caracterizando-se pela presença de muco abundante,
sem sangue, acompanhada de dores abdominais, febre, vômitos e
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desidratação, sendo reconhecida inclusive por causar diarréia crônica. A
duração da doença varia de seis horas a três dias (média de 24 horas), com
período de incubação variando entre 12 e 36 horas.
EIEC (E. coli enteroinvasiva)
Ocorre com maior freqüência nos países subdesenvolvidos, atingindo
adultos e crianças de maior faixa etária, estando também envolvidas em
surtos de infecção alimentar nos países industrializados. A maioria das
cepas de EIEC apresenta características bioquímicas que as tornam
bastante semelhantes à Shigella. Entre essas características especiais estão
a incapacidade de descarboxilar a lisina, ausência ou fermentação tardia da
lactose e imobilidade.
Invadem
o
epitélio
sendo
sintomas
característicos
da
infecção,
disenteria, cólica abdominal, febre e mal estar geral, com eliminação de
sangue, muco e polimorfos nucleares nas fezes. O período de incubação
varia de 10 a 18 horas após a ingestão do alimento contaminado. A
disenteria causada por esta bactéria é normalmente auto-limitada sem
complicações, sendo seqüela comum, especialmente em crianças, síndrome
hemolítica urêmica (SHU). Estudos realizados com voluntários indicam que
a dose de infecção é elevada (106 a 108 células), porém também tem sido
notificadas doses reduzidas (10 células).
ETEC (E. coli enterotoxigênica)
A infecção por ETEC se caracteriza por adesão aos enterócitos e
produção de enterotoxina termo-lábil (LT) e/ou enterotoxina termoestável
(ST) determinando uma diarréia secretória. Leva a um quadro de
desidratação grave em crianças nos primeiros anos de vida, sendo também
uma importante causa de diarréia em viajantes. Neste caso o quadro clínico
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se manifesta por diarréia líquida, dor abdominal, febre baixa, náusea e malestar. A infecção é usualmente auto-limitada, durando não mais que 5 dias,
exigindo, especialmente, em crianças e idosos debilitados, reposição
hidroeletrolítica. A dose de infecção é de 106 a 108 células e o período de
incubação varia de 10-12 horas, podendo se estender por até 24-72 horas.
EHEC (E. coli enterohemorrágica)
Tem como principal representante o sorotipo O157:H7, protótipo do
grupo por ser o mais freqüente em casos de doença de transmissão
alimentar. O mecanismo pelo qual E.coli O157:H7 atua no epitélio do
intestino
é
muito
enteropatogênicas,
parecido
incluindo
com
àquele
aderência
às
observado
células
em
epiteliais,
cepas
com
destruição das microvilosidades adjacentes e produção de citotoxina. São
produzidas duas as citotoxinas por E. coli O157:H7, Shiga-like toxina tipo I
(SLTI) e Shiga-like toxina tipo II (SLTII). Elas são assim denominadas por
serem similares à toxina produzida por Shigella dysenteriae 1. Essas toxinas
são conhecidas pelo nome de Verotoxinas, por possuírem efeito citotóxico
em células Vero.
Um aspecto peculiar da E. coli O157:H7, é a capacidade de produzir
um amplo espectro de manifestações clínicas, incluindo colite hemorrágica,
síndrome hemolítica urêmica (HUS) e púrpura trombocitopênica trombótica
(PTT). As manifestações sistêmicas na HUS e PTT podem ser fatais e
provavelmente resultantes da isquemia vascular, secundária à formação de
trombos nos rins, no caso de HUS e disseminados, no caso de PTT.
A
colite
hemorrágica
é
caracterizada
clinicamente
por
dores
abdominais severas e diarréia aguda, seguida de sanguinolenta, diferindo
das manifestações clínicas causadas por outros agentes invasores, pela
grande quantidade de sangue nas fezes e ausência de febre. O período de
incubação varia de três a oito dias. A duração da doença de dois a nove
dias.
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Embora a E.coli O157:H7 seja a mais estudada, cepas de E coli
pertencentes
a
diversos
outros
sorotipos
já
foram
descritas
como
produtoras de citotoxinas. Alimentos de origem animal, principalmente a
carne bovina, parecem ser o principal veículo deste patógeno.
EaggEC (E. coli enteroagregativa)
A E.coli enteroagregativa tem sido implicada como causa de diarréia
aquosa persistente, com duração superior a 14 dias em crianças de seis
meses a três anos de idade, nos países emergentes. Seu mecanismo
patogênico envolve adesão aos enterócitos, produção de enterotoxina
termoestável e hemolisina termo-lábil. Sua ocorrência em alimentos ou em
casos de surtos de origem alimentar ainda não foi relatada.
DAEC (E. coli aderência difusa)
Foi descrita em crianças com diarréia, porém seu real papel na
síndrome diarréica não está ainda definido. Não foi demonstrada a produção
de toxinas, mas tem sido identificados fatores de adesão relacionados
àqueles presentes em cepas responsáveis por infecções urinárias, tais como
proteína de membrana (AIDA), fímbria F1845 e adesinas afimbriais (AFA-I e
AFA-III). As implicações destas estruturas na patologia digestiva não foram
ainda determinadas.
Plesiomonas shigelloides
Plesiomonas shigelloides, pode ser isolado de ecossistemas aquáticos.
Sob o aspecto clinico, normalmente determina doença auto-limitada,
moderada, apresentando febre, calafrios, dor abdominal, náusea, diarréia
ou vômitos; a diarréia é geralmente líquida, sem muco e sem sangue; em
casos severos, pode ser amarelo-esverdeado, espumosa, com grumos de
sangue; a duração em pessoas saudáveis pode ser de 1 a 7 dias.
Pode
evoluir para disenteria persistente e colite pseudomembranosa, seguidas de
dor abdominal, febre, náuseas, vômitos e desidratação, principalmente em
pacientes imunocomprometidos, onde
podem
evoluir
para septicemia e
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morte. Os sintomas podem iniciar entre 20 a 24 horas após o consumo de
alimentos e/ou água contaminados com duração de 1 a 7 dias.
Yersinia enterocolitica
Y. enterocolitica é uma bactéria psicrotrófica e os alimentos refrigerados
de origem animal são importantes fatores de risco para o consumidor. Tem
sido isolada de diversos alimentos em diferentes países, inclusive no Brasil,
entre estes, carnes de diferentes origens e seus derivados, leite, lacticínios
e verduras. Apesar de ser amplamente distribuída na natureza, apenas
alguns sorotipos (O3, O5, O8 e O9) são patogênicos para o homem e
prevalentes em suínos, sendo Y enterocolitica O3, fagotipo VIII, o mais
freqüente no Brasil.
Suínos são considerados a principal fonte de sorotipos patogênicos de
Y.enterocolitica para o homem, uma vez que o intestino e as tonsilas de
recém nascidos são facilmente colonizados, tornando-os portadores. O
período de incubação é de 3 a 7 dias.
A patogenicidade de Y.enterocolitica ocorre através da invasão da
mucosa intestinal em nível da região ileocecal, produzindo enterite, ileíte
terminal e linfadenite mesentérica. No caso de enterite, os sintomas mais
comuns são febre, diarréia às vezes sanguinolenta e dores abdominais.
Náuseas e vômito são freqüentes. Algumas cepas são capazes de causar dor
abdominal tão intensa que leva a confundir essa infecção com uma
apendicite. Infecções extra-intestinais por Y.enterocolitica podem ocorrer,
entre elas, septicemia, artrite, síndrome de Reiter, eritema nodoso,
endocardite e glomerulonefrite.
Campylobacter
Uma das maiores causas de gastrenterite no homem nos países
desenvolvidos e emergentes, afetando principalmente crianças com idade
inferior a dois anos, algumas vezes resultando em morte. Embora várias
espécies de Campylobacter estejam associadas à doença, C.jejuni, C.coli e
C.lari são
as
espécies
mais
freqüentemente
isoladas
em
casos
de
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gastrenterite humana. Seu período de incubação é de 2 a 5 dias, mas pode
se estender até 10 dias. Os sintomas mais comuns incluem diarréia que
pode ser líquida ou com muco e sangue (geralmente oculto) e leucócitos,
dor abdominal, febre, dor de cabeça, dores musculares, náuseas e vômitos
que perduram 7 a 10 dias. Formas graves podem ocorrer em pacientes
muito jovens, idosos e imunodeprimidos. Bacteremia, hepatite, pancreatite
têm sido reportados bem como seqüelas representadas por artrite, que
pode durar vários meses e distúrbios neurológicos tais como sindrome
Guillain-Barré.
Aeromonas
O gênero Aeromonas tem sido reportado como agente causador de
infecções
oportunistas
no
homem,
particularmente
em
crianças
e
imunocomprometidos e atualmente este grupo de microrganismo tem sido
relacionado a uma variedade de infecções locais e sistêmicas em indivíduos
sadios. A. caviae, A.hydrophila e A. veronii biovar sobria constituem-se 85%
de todos os isolados clínicos envolvidos com infecções gastrentéricas e
extra-intestinais No amplo espectro das patologias incluem-se celulites,
meningites, bacteremia, peritonites, infecções bronco-pulmonares e, mais
freqüentemente, infecções gastrintestinais.
A sintomatologia das gastrenterites por Aeromonas spp tende a
cronicidade em adultos e aguda e mais severa em crianças. A diarréia pode
ser do tipo secretória ou invasiva, com a presença de muco e sangue nas
fezes (disentérica) e o tempo de duração pode exceder a dez dias,
ocasionando perda de peso e desidratação profunda. Em pacientes idosos,
podem ser observados quadros de enterocolites, seguidos de vomito, febre
e presença de leucócitos nas fezes. O período de incubação é variável, de
horas a dias. Como tem capacidade de sobrevivência em ambiente aquático
dulcícola, salobro ou marinho, sua disseminação pode se dar através de
diferentes tipos de alimentos.
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Staphylococcus aureus
Dezenove (19) espécies fazem parte deste gênero, e dentre estas,
S.aureus (o mais importante), S. hyicus, S. chromogens e S. intermedius,
apresentam interesse em microbiologia de alimentos. S. aureus pode ser
encontrado no solo, na água bem como na microbiota do homem e animais.
O homem é o principal reservatório, podendo ser encontrado nas fossas
nasais, de onde se propaga direta ou indiretamente para a pele e feridas.
S.aureus tem potencial para causar intoxicação no consumidor
mediante ingestão de alimentos que apresentem a toxina estafilocócica préformada, produzida pela multiplicação da bactéria nos alimentos quando
mantidos em temperatura inadequada. Portanto, o agente causal não é a
bactéria, mas uma das várias enterotoxinas (A, B, C1, C2, C3, D, E) de
natureza protéica, termoestáveis. Atualmente, sabe-se que as espécies
S.intermedius e S.hyicus também são capazes de produzir enterotoxinas.
Os principais sintomas da intoxicação ocorrem dentro de 30 minutos a 8
horas, em media 2 a 4 horas após a ingestão, com o aparecimento de
náuseas, vômitos, cólicas, prostração, hipotensão e temperatura subnormal.
A desidratação, devido aos vômitos e diarréia é a principal complicação,
devendo o tratamento corresponder às medidas de suporte com hidratação
oral ou venosa e a recuperação geralmente ocorre dentro de dois dias.
Entre os alimentos de maior freqüência são apontados carnes cozidas,
queijos, tortas cremosas, leite, ovos, camarões, alimentos onde houve
manuseio excessivo e condições precárias de higiene.
Bacillus cereus
Bacillus cereus é um bacilo Gram positivo, amplamente distribuído
na natureza, sendo o solo o seu reservatório natural. Por esta razão,
contamina facilmente alimentos como vegetais, cereais, condimentos,
etc. Várias espécies estão presentes no solo úmido no qual se cultiva
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o arroz e B.cereus, em especial, permanece associado com a planta
durante todo o seu desenvolvimento.É também encontrado na
superfície de carne bovina, suína e de frango, em laticínios (queijos e
sorvetes), alimentos desidratados, sendo seus esporos muito comuns
no leite em pó. Seus esporos são resistentes às temperaturas de
cozimento e pasteurização dos alimentos.
Produzem duas exotoxinas diferentes que dão origem a duas
formas clínicas distintas: a toxina emética e a diarréica. A diarréica é
destruída pelo aquecimento a 55o C por 20 minutos. É inativada pela
tripsina, pepsina e proteinase, sendo instável em pH <4,0. É
segregada
no
intestino
pelo
microrganismo
ingerido
com
alimentos
contaminados. Estimula adenilciclase, provocando acúmulo de sais e
eletrólitos (Na+ e Cl-), interferindo na absorção de glicose e
aminoácidos. O período de incubação varia de sete a 12 horas e seus
principais sintomas são diarréia intensa, dores abdominais, tenesmo,
raramente ocorrendo náuseas e vômito. A duração da doença é de 12
a 24 horas. Os alimentos envolvidos são vegetais crus e cozidos,
produtos cárneos, pescado, massa, leite, sorvete, pudins á base de
amido, entre outros.
A emética é resistente ao aquecimento a 120oC/90 minutos,
acidez, desidratação, enzimas digestivas e a síndrome se caracteriza
por um período de incubação curto (de uma a oito horas), causando
vômitos, náuseas e mal-estar geral e, em alguns casos, diarréia com
seis a 24 horas de duração. Esta síndrome está quase que
exclusivamente associada a alimentos farináceos, contendo cereais.
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Doenças de Transmissão Alimentar: Características Clínicas e Coleta de Material
Coleta e Transporte das Amostras Clínicas
Considerações Gerais:
A detecção de patógenos entéricos tem como principais fatores
limitantes a complexa e abundante microbiota normal e a utilização de
procedimentos incorretos de coleta e transporte do material fecal até o
laboratório.
Após o nascimento, a microbiota autóctone (residente normal ou
indígena) se implanta em determinadas áreas anatômicas do trato
intestinal. Em contraposição a microbiota alóctone (não residente, não
indígena e transiente) é detectada de maneira esporádica e acidental em
qualquer sítio anatômico do trato gastrintestinal. Os microrganismos
patogênicos podem ser alóctones (patogênicos verdadeiros) ou autóctones
(patogênicos oportunistas).
No adulto humano a microbiota intestinal de seres procarióticos e
eucarióticos pode atingir 1014 células/g de fezes. A predominância dos
microrganismos é observada particularmente no ceco e intestino grosso,
onde podem atingir níveis ≥1011 unidades formadoras de colônias (UFC)/g
de fezes. Nestas áreas é possível diferenciar três níveis de microrganismos:
1- Microbiota dominante: 99% da população, 109-1011UFC/g de fezes,
constituída de bactérias anaeróbias estritas.
2- Microbiota subdominante: 0,99% da população, 107-108 UFC/g de
fezes com predominância de anaeróbios facultativos.
3- Microbiota residual: 0,01% da população, <107UFC/g de fezes
contendo
gêneros
e
espécies
das
famílias
Enterobacteriaceae
e
Pseudomonadaceae e eucarióticos (leveduras e protozoários).
Deste modo, o êxito na detecção do enteropatógeno está associado
ao emprego de procedimentos corretos que envolvem desde a coleta e
transporte até o processamento e caracterização do agente envolvido.
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Doenças de Transmissão Alimentar: Características Clínicas e Coleta de Material
O quadro clínico apresentado pelos indivíduos, características das
fezes e patologia, podem ajudar a estabelecer o diagnóstico diferencial,
bem como indicar os espécimes mais apropriados que deverão ser obtidos
para a confirmação diagnóstica.
A colheita, conservação e transporte do material clínico constituem a
base do sucesso na definição etiológica do processo infeccioso, cabendo ao
laboratório
de
Microbiologia
normatizar
e
supervisionar
esses
procedimentos.
Para a colheita de material clínico, determinados critérios devem ser
obedecidos como:
9 Tipo de espécime a ser analisado;
9 Quantidade suficiente de amostra;
9 Obtenção da amostra antes da antibioticoterapia;
9 Fase da doença suspeita;
9 Condições que evitem contaminação.
A manutenção e transporte adequados do material são de vital
importância na recuperação do agente infeccioso, considerando-se o tempo
decorrido até a realização do exame. Demora excessiva ou exposição a
extremos de temperatura comprometem o resultado e devem ser evitados.
O meio de transporte empregado deverá manter a viabilidade bacteriana,
mas não deve permitir sua multiplicação.
Ao receber as amostras clínicas, cabe ao laboratório determinar a
ordem de prioridade para o processamento da mesma e o método de
conservação para aqueles que não tiverem seguimento imediato.
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Coleta de Espécimes Clínicos
SANGUE
Os
hemocultivos
são
negativos
nas
síndromes
de
infecções
transmitidas por alimentos (infecções intestinais), no entanto, determinados
patógenos quando presentes em indivíduos imunocomprometidos podem
causar septicemia, e neste caso deverá ser coletado o sangue para tentativa
de isolamento do agente.
Este procedimento reveste um interesse especial no caso de febre
tifoide e paratifoide, porém não é constantemente positivo. Os percentuais
de positividade, na ausência de tratamento antibiótico, são de 90% durante
a primeira semana de evolução, 75% na segunda, 40% na terceira e 10%
na quarta semana.
Principais cuidados para coleta:
•
A coleta deve ser efetuada antes da utilização de antimicrobianos
•
A desinfecção da superfície dos frascos de cultivo deve se efetivada
com álcool 70ºGL;
•
A assepsia do sítio de punção deve ser feita utilizando álcool 70ºGL
ou solução iodada, em movimentos concêntricos do centro para a
extremidade;
•
A amostra coletada deve ser enviada ao laboratório imediatamente
ou até duas horas, em temperatura ambiente.
Volume de sangue a ser utilizado para cultura:
Adultos: 20 mL de sangue devem ser coletados com seringa, divididos em
duas alíquotas para inoculação em dois frascos de meio de cultura,
inoculando 10mL do sangue em 100mL de meio enriquecido (ex. TSB Trypticase Soy Broth acrescido de anticoagulante SPS-Polianetolsulfonato
sódico).
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Crianças: inocular 1mL/10mL de meio enriquecido acrescido de SPS.
Peso
Volume total
<1,5 kg
1 mL
< 4 kg
1 mL
4-13 kg
3 mL
13-25 kg
10 mL
>25 kg
20 mL
AMOSTRAS DE SANGUE X QUADRO FEBRIL:
INSTRUÇÕES PARA OBTENÇÃO
1. Episódio febril agudo: duas coletas em sítios distintos dentro de 10
minutos antes do uso de antimicrobianos.
2. Infecção de características não agudas: duas ou três coletas de
locais distintos, dentro de 24 horas com intervalos de cerca de 3 horas.
3. Febre de origem desconhecida - duas ou três coletas de locais
distintos, com intervalo de ≥ 1 h, durante um período de 24 horas.
Na suspeita de febre tifóide, devem se coletadas três amostras,
visando aumentar a possibilidade de isolamento. É recomendada a coleta de
sangue durante os picos febris e a primeira amostra obtida, se possível,
antes do inicio de introdução da antibioticoterapia.
Transporte de sangue:
•
O encaminhamento é feito a temperatura ambiente, devendo chegar
no laboratório até 2 horas após a colheita.
•
A amostra de sangue deve ser transferida para o frasco contendo
meio de cultura, mantendo o mesmo em estufa a 37ºC até o
momento de encaminhamento para o Laboratório.
•
O sangue também poderá ser colhido e transportado ao laboratório
em tubos ou frascos estéreis sem anticoagulantes.
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FEZES
Devem ser coletadas durante a fase aguda da doença, antes do inicio
do tratamento com antibióticos, quando é mais elevado o número de
enteropatógenos eliminados. A detecção dos patógenos é mais difícil de ser
efetuada em fezes pré-formadas.
O conteúdo duodenal, vômito e sangue podem ser utilizados para
cultivo, visando determinados enteropatógenos, sendo recomendada a
cultura de sangue em pacientes com colite e/ou febre.
Principais aspectos a considerar:
•
As fezes devem ser coletadas durante a fase aguda, antes de se iniciar
o tratamento com antibióticos.
•
O conteúdo duodenal, vômito(?) e sangue podem ser utilizados para
cultivo, visando determinados enteropatógenos, sendo recomendada
cultura de sangue em pacientes com colite e/ou febre.
•
Conteúdos de colostomia ou ileostomia devem ser recebidos em
frascos para transporte de fezes;
•
Biopsia retal deve ser acondicionada em frasco contendo água
destilada esterilizada para prevenir dissecação;
•
Swabs retais devem ser priorizados para pacientes com infecção ativa,
do mesmo modo que para crianças ou indivíduos com dificuldade de
obtenção de amostras.
Fezes de emissão espontânea (in natura): é o mais recomendado para
a detecção de enteropatógenos. Principais aspectos:
•
As amostras devem ser colhidas em recipientes de boca larga, limpos
e/ou esterilizados, na quantidade aproximadamente de 0,5 a 2g de
fezes e quando da presença de sangue ou muco, esta deve ser a
porção selecionada para a avaliação laboratorial. Não deve ser feita a
coleta de espécimes fecais a partir das roupas do paciente, da superfície
de camas e/ou chão.
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•
Manter sem processamento laboratorial por um período máximo de
duas horas após a coleta. Não sendo possível, as fezes deverão ser
inoculadas no meio de Cary & Blair ou Água Peptonada Alcalina, no
caso da suspeita de cólera.
Swab retal: devem ser priorizados para pacientes com infecção ativa,
assim como para crianças ou indivíduos com dificuldade de obtenção de
amostras. Principais aspectos:
•
Umedecer o swab em solução fisiológica ou água destilada esterilizada;
•
Introduzir o swab na ampola retal do paciente ou comunicante,
comprimindo-o em movimentos rotatórios suaves, por toda a extensão
da mesma;
•
Processar no período até duas horas e caso não seja possível,
introduzir o swab no meio de Cary & Blair. Neste meio de transporte o
espécime pode ser conservado até o processamento no Laboratório;
•
No caso de suspeita de cólera poderá ser feita inoculação em Água
Peptonada Alcalina (pH 8,4 a 8,6).
Coleta de fezes em papel filtro: constitui um recurso útil para remessa
de espécimes fecais ao laboratório.
•
Utilizar tiras de papel de filtro, tipo xarope ou mata-borrão, com
dimensões de 2,5cm de largura por 6,0cm de comprimento.
•
As fezes diarréicas ou emulsionadas em água devem ser espalhadas
em 2/3 de uma das superfícies do papel, com auxílio de um fragmento
de
madeira
(palito
individual)
ou
de
qualquer
outro
material
semelhante, disponível no momento.
•
Realizada
esta
etapa,
as
tiras
de
papel
de
filtro
devem
ser
acondicionadas em invólucros plásticos, perfeitamente vedados, para
evitar a dessecação do material fecal. Esta precaução adotada visa
manter a viabilidade de espécies da família Vibrionaceae, enquanto que
para os membros da família Enterobacteriaceae, é preferível que as
fezes estejam dessecadas, naturalmente.
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•
Sob estas condições, Salmonella spp. se mantém viável por um
período aproximado de 30 dias.
Swab fecal
•
Em amostra das fezes colhidas em recipientes de boca larga, efetuar a
coleta de uma amostragem, com auxílio de um swab, inserindo-o em
movimento rotatório nas fezes.
•
Introduzir no meio de transporte Cary&Blair ou em enriquecimento
(Água Peptonada Alcalina).
•
Processar as amostras acondicionadas no swab ou em enriquecimento
até 12 h após a coleta, se mantidas a temperatura ambiente e cinco
dias, se mantidas sob refrigeração.
•
As amostras coletadas por swab devem ser semeadas de imediato se
não forem acondicionadas em meio de transporte.
RESUMO E OBSERVAÇÕES:
•
O material recolhido deve ser representativo do processo infeccioso,
devendo-se evitar contaminações e procurar o melhor sitio da coleta;
•
A coleta deve ser efetuada na fase aguda do processo infeccioso e antes
da utilização de antimicrobianos;
•
Ao chegar no laboratório, as amostras “in natura”, devem ser
processadas no máximo até duas horas após a coleta . Nos casos em
que esta se realiza em locais distantes, deverá ser utilizado um swab
retal ou coletada parte das fezes contidas no recipiente de coleta, com o
auxilio de um swab fecal inserindo-o em movimento rotatório nas fezes.
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Em ambos os casos estes devem ser inoculados em meio de transporte
Cary & Blair, o qual permite a manutenção de patógenos entéricos por
período aproximado de duas semanas excetuando-se Campylobacter
sp. (sete dias).
•
Assinala-se que a manutenção do meio de transporte, após a coleta,
deve ser efetuada à temperatura ambiente e ao abrigo da luz, a qual
não inviabiliza nenhum tipo de agente etiológico.
•
Swabs retais devem ser priorizados para pacientes com infecção ativa,
do mesmo modo que para crianças ou indivíduos com dificuldade de
obtenção de amostras.
•
A pesquisa de Salmonella Typhi nas fezes é indicada a partir da segunda
semana da doença, assim como na convalescença e na detecção de
portadores. No estado de convalescença, é indicada a coleta de 2 (duas)
amostras do material com intervalo de 24 horas. No caso de portadores
assintomáticos, particularmente aqueles envolvidos na manipulação de
alimentos, recomenda-se a coleta de 7 amostras seqüenciadas. Sete
dias após o término do tratamento com antimicrobiano, realizar 3 (três)
coproculturas, com intervalos de 30 dias. Caso uma delas seja positiva,
essa série pode ser suspensa e o indivíduo deve ser novamente tratado.
•
Fezes
e
aspirados
gastrintestinais
podem
ser
transportados
sob
refrigeração em frascos estéreis, e biópsias podem ser conservadas com
um pouco de salina em frasco estéril.
•
Em geral o meio de transporte inviabiliza a pesquisa de leucócitos nas
fezes, sugestivo de agente invasor. Neste caso devem ser enviadas
fezes frescas para exame (não em swab).
•
Particularmente
Peptonada
para
Alcalina
espécies
pH
8,4-8,6
da
família
pode
ser
Vibrionaceae,
utilizada
a
Água
permitindo
a
viabilidade por até 48 horas. Embora as alternativas de manutenção
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existam, recomenda-se que as amostras clínicas sejam encaminhadas
para análise no menor espaço de tempo possível, para evitar as
interferências ambientais que podem implicar na perda de viabilidade
de microrganismos mais suscetíveis.
•
Todos
os
espécimes
devem
ser
apropriadamente
rotulados,
identificados, devidamente embalados, acompanhados de informações
clínicas e epidemiológicas e transportados para o laboratório em
condições adequadas de preservação (gelo ou temperatura ambiente),
condição esta na dependência do tipo de amostra e metodologia a ser
empregada para o diagnóstico:
•
Utilizar na medida do possível containers plásticos ou de isopor para
manutenção por período curto (duas a quatro horas) de transporte das
amostras;
•
Para reutilização dos containers para transporte, efetuar a desinfecção
utilizando solução de hipoclorito de sódio (100 ppm);
•
Envolver os isolados ou espécimes clínicos com plástico ou papel e
colocá-los em outra embalagem no interior da caixa de transporte;
-
Manter as fichas contendo as informações clínicas e/ou epidemiológicas
à parte de espécimes clínicos
Cuidados necessários para assegurar a confiabilidade das amostras
A aceitação deve estar vinculada as seguintes condições:
•
As fezes não devem estar misturadas com urina;
•
A quantidade de fezes deve ser de aproximadamente 0,5 a 2g;
•
De acordo com o quadro e a solicitação clínica, 2 a 3 espécimes
coletados com intervalos diários devem ser encaminhados, para
aumentar a probabilidade de isolamento;
•
O período máximo entre a coleta, a recepção e o processamento das
fezes não deverá exceder de 2 horas;
•
Quando período de coleta exceder 2 horas a amostra poderá ser
encaminhada em meio de transporte;
24
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•
Conteúdo duodenal, de colostomia ou ileostomia devem ser recebidos
em frascos para transporte de fezes;
•
Biopsia retal deve ser acondicionada em frasco contendo água
destilada e esterilizada para prevenir dessecação;
•
O paciente não deve estar em uso de antimicrobianos;
•
O transporte deverá obedecer as normas de biossegurança;
Espécimes fecais rejeitados:
•
fezes não preservadas coletadas por período superior a 2 horas;
•
fezes preservadas em meio com indicadores como vermelho de fenol,
no caso de amostra suspeita de cólera;
•
espécimes
clínicos
coletados
em
pacientes
com
uso
de
antimicrobianos;
•
swab não acondicionado em meio de transporte;
•
espécimes múltiplos coletados no mesmo dia.
•
swab seco ou sem sinais de fezes, biópsias secas.
Atenção: No caso de recebimento de espécimes não aceitáveis comunicar
ao remetente, mantendo o material a 4-10ºC até o recebimento de nova
amostra.
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Rejeição de amostras clínicas
A recepção e processamento de espécimes clínicos, coletados ou
transportados de forma inadequada, além de expor a instituição e os
profissionais ao descrédito, fornece ao paciente e ao clínico diagnóstico
errôneo e conseqüentemente falhas no tratamento.
Todo o Laboratório deve adotar como critério uma política de
recepção e rejeição de amostras visando ofertar qualidade e confiabilidade.
Quando rejeitar amostras:
•
Amostras sem identificação ou falhas nas informações;
•
Amostras clínicas em volume inadequado, quantidade insuficiente ou em
•
Condições inadequadas em meios de transporte;
•
Condições inadequadas durante o transporte;
•
Espécimes duplicados coletados no mesmo dia (exceto sangue);
•
Fezes não preservadas coletadas por período >2 horas;
•
Fezes preservadas em meio com corantes/indicadores;
•
Espécimes coletados em pacientes com uso de antimicrobianos;
•
Swab não acondicionado em meio de transporte;
•
Espécimes múltiplos coletados no mesmo dia.
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Tabela 1 - Interpretação presuntiva do exame direto de fezes em
alguns patógenos de transmissão alimentar
Observação
Macroscópica
Sangue
Observação
Microscópica
Neutrófilos
Mecanismo de
Agressão
Invasão
Microrganismos
Suspeitos
Shigella sp.
Sangue
Neutrófilos
Citotóxico
E.coli STEC
Muco
Monócitos
Invasão
Salmonella Typhi
Aquosa
Células epiteliais
Enterotóxico
V.cholerae
E.coli ETEC
Tabela
2.
Principais mecanismos fisiopatológicos
etiológicos mais comuns em DTA
Toxina préformada
S. aureus
(toxina
termoestável)
Bacillus cereus
(Cepa emética)
Toxina
produzida
in vivo
E. coli
enterotoxigenica
Bacillus cereus
(cepa diarreica )
V. cholerae O1
V. cholerae
Não O1
E. coli O157:H7
Invasão
tecidual
Salmonella spp.
Shigella spp.
E.coli
enteroinvasiva
P.shigelloides
Aeromonas
hydrophila
Campylobacter
jejuni
e
agentes
Produção de
toxina e/ou
invasão tecidual
Vibrio
parahaemolyticus
Yersinia
enterocolitica
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Doenças de Transmissão Alimentar: aspectos clínicos, coleta e transporte de material
Tabela 3. Agentes Etiológicos das DTAs e DDAs: Características e espécimes clinicos
Agente Etiológico
V. cholerae
V. parahaemolyticus
V. vulnificus
Salmonella spp.
Período de
Incubação
2 a 3 dias
Tipo de Diarréia
Principais sintomas
Profusa e aquosa
12 a 24 horas
Diarréia líquida/
Disenteria (muco e
sangue)
Diarréia aquosa, abundante,vômitos ocasionais, ecãibras musculares,
desidratação, acidose e colapso circulatório
Diarréia líquida, cólica abdominal, náusea, vômitos, cefaleia,
febre,calafrios; casos severos, disenteria, fezes mucóides e
sanguinolentas
12 horas
a 3 dias
(sintoma
secundário)
Febre, diarreia, septicemia em individuos com função hepática
prejudicada e imunodeprimidos.
12 a 36 horas
Pastosa, aquosa às
vezes com sangue
(Secretória ou
invasiva)
S.Typhi
Dor abdominal, diarréia, vômito e febre. Infecções extra-intestinais
Septicemia, febre, mal estar, cefaléia, náusea, vômito e dor
abdominal.
3 dias a 3 meses
(1 a 3 semanas)
Invasiva
Shigella sp.
1a 3 dias
Invasiva
Cólicas abdominais, diarréia com sangue, pus ou muco; febre,
vômitos e tenesmo.
10-12 horas
Aquosa, profusa
(secretória)
diarréia líquida, dor abdominal, febre baixa, náusea e mal-estar
E.coli ETEC
EIEC
10 e 18 horas
Invasiva
EHEC
3 a 8 dias
Aquosa com sangue
disenteria, cólica abdominal, febre e mal estar, fezes com sangue,
muco e polimorfos nucleares
dores abdominais severas e diarréia aguda, seguida de diarréia
sanguinolenta; posterior aparecimento de síndrome hemolítica
urêmica (HUS) e púrpura trombocitopênica trombótica
12 e 36 horas
Aquosa, pode ser
profusa
diarreia com muco abundante, sem sangue, acompanhada de febre,
dores abdominais, vômitos e desidratação
EPEC
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Manual de Procedimentos para Diagnóstico Laboratorial de Salmonella
Tabela 3. Agentes Etiológicos das DTAs e DDAs: Características e espécimes clínicos (Continuação)
Agente Etiológico
Yersinia enterocolitica
Campylobacter
Aeromonas
Plesiomonas shigelloides
Período de
Incubação
Tipo de Diarréia
Principais sintomas
3 a 7 dias
Invasiva
febre, diarréia às vezes sanguinolenta,dores abdominais,
náuseas e vômitos.enterite, ileíte terminal e linfadenite
mesentérica. Infecções extra-intestinais, septicemia
2 a 5 dias
Disentérica
(Invasiva) ou
secretória
variável, de
horas a dias
Invasiva ou
secretória
20 a 24 horas
Secretória ou
invasiva
febre, calafrios, dor abdominal, náusea, diarréia geralmente
líquida, sem muco e sem sangue ou amarelo-esverdeado,
espumosa, com grumos de sangue, desidratação
Geralmente pouco
importante
(sintoma
secundário)
Náuseas, vômitos, cólicas, prostração, pressão baixa e
temperatura sub-normal, diarréia, desidratação
S.aureus
30 min. a 8
horas (2 a 4
horas)
Bacillus cereus (toxina emética)
1 a 8 horas
Náuseas, Vômitos
Bacillus cereus (toxina diarreica)
7 a 12 horas
Diarréia aquosa
diarréia líquida ou com muco e sangue, dor abdominal, febre,
dor de cabeça, dores musculares, náusea, vômitos; infecções
extraintestinais
diarréia secretória ou invasiva (disentérica), com muco e
sangue, perda de peso e desidratação profunda.
vómitos, náuseas, diarréia e dores abdominais
diarréia intensa e dores abdominais; Raramente ocorre febre
e vómito.
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LRNCEB/LABENT
Manual de Procedimentos para Diagnóstico Laboratorial de Salmonella
Escherichia coli
enteroinvasiva
3-4 d
(1-10 d)
6-48 h
In natura: 2h
Cary & Blair: temperatura
ambiente ou sob
refrigeração. Não
congelar.
Forma
aguda da
diarréia
Cary & Blair modificado
(0,12% Agar)
Todos os espécimes e/ou amostras devem apresentar ficha preenchida com as informações:
Amostras clínicas: nome do paciente, idade, sexo, tipo de amostra (sangue, líquor, fezes, fômites)
Sob refrigeração
Fezes in natura ou
swab fecal/ retal
Vômitos: espécime
preferível para
detecção de
enterotoxina
Fezes in natura ou
swab fecal ou retal
Meio ambiente ou sob
24-48 h
(12 h-6 d)
Fase aguda
da diarréia
Transporte
refrigeração.
Shigella spp.
Preservação
In natura: 2h
Cary & Blair: temperatura ambiente ou sob
refrigeração.
Não congelar.
12-36 h
(8 h -10d)
Coleta
Fezes in natura ou swab fecal ou retal
(Meio de Cary&Blair).
Salmonella spp.
(não -tifóide)
Criança/Adulto:
1-3g; swab retal
e/ou fecal
Período de
coleta
Preferentemente nos três dias a partir do
inicio da infecção.
Criança/Adulto:
Fezes in natura :
1-3g; swab retal
e/ou fecal
Criança/Adulto: Fezes in natura :
1-3g; swab retal e/ou fecal
2-11 dias
Escherichia coli
enterotoxigênica
Quantidade/ No.
amostras
2-4 h
(1-7 h)
Campylobacter sp.
Escherichia coli
O157:H7 e outros
sorotipos
enterohemorrágicos
Tipo de
material
vômito
Staphylococcus
aureus
Período de
Incubação
Fezes
Enteropatógenos
Fezes,
Coleta e transporte de espécimes fecais
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LRNCEB/LABENT
Manual de Procedimentos para Diagnóstico Laboratorial de Salmonella
Enteropatógeno
V.cholerae O1 e
O139
V.cholerae não
O1 não O139
Aeromonas sp
Vibrio
parahaemolyticus
Yersinia
enterocolitica
Período
de
Incubação
12-72 h
(12 h-5 d)
12-24 h
(1-5 d)
12-24h
normalme
nte 4-48 h.
36-48 h
(1-10d)
Tipo de
material
Quantidade/ No.
amostras
Período de
coleta
Coleta
Preservação
Transporte
Fezes
Criança/Adulto:
1-3g; swab retal e/ou
fecal
Forma aguda
da diarréia
Fezes in natura ou
swab fecal ou retal
Temperatura ambiente
Sangue
Crianças:2-5mL
Adulto:5-10mL
Criança/Adulto:
1-3g; swab retal e/ou
fecal
Forma aguda
da diarréia
Tubo/frascoFrascos de
hemocultivo
Fezes in natura ou
swab fecal ou retal
Cary&Blair
temperatura
ambiente. Não
refrigerar/congelar
Fezes
Tubo/frascoFrascos de
hemocultivo
Refrigerar
Cary&Blair
temperatura
ambiente. Não
refrigerar/congelar
Sob refrigeração
Temperatura ambiente
Sob refrigeração
Refrigerar
Sangue
Crianças: 2-5mL
Adulto: 5-10mL
Sangue:
punção
venosa
Crianças: 2-5mL
Adulto: 5-10mL
1o-5odia- febril
3 coletas em
diferentes
períodos
Tubo/frascosemeadura direta
em frascos de
hemocultivo
4-8º C- até 72h
Quando semeados
35-37º C/24-96h
Líquor :
punção
sub-arac
nóideo.
Crianças: 1-3mL
Adultos: 3-6mL
1º -2º dia da
doença
Tubo/frascosemeadura direta
em frascos de
hemocultivo
4-8º C
semeados 35-37º
C/24-96h
tempo máximo coleta
e exame: 12h
Temperatura ambiente
até 6h; se semeado,
temperatura ambiente.
24-72h: forma
aguda da
diarréia
Frasco esterilizado
ou swab
4-8º C: fezes in
natura e swab- Cary
& Blair.
Não conservar a 20ºC
Caixa isotérmica
Tempo máximo
permanência: 24h
Cary & Blair: 96h
Caixa isotérmica
Semeado, temperatura
ambiente
Listeria
monocytogenes
Yersinia
enterocolitica
Listeria
monocytogenes
Yersinia
enterocolitica
Listeria
monocytogenes
16-48h
Fezes
Criança/Adulto:
1-3g; swab retal e/ou
fecal
Instituto Oswaldo Cruz/FIOCRUZ
LRNCEB/LABENT
Manual de Procedimentos para Diagnóstico Laboratorial de Salmonella
Enteropatógeno
Salmonella
Typhi
Salmonella
Paratyphi
Salmonella
Typhi
S. Paratyphi
Salmonella
Typhi
Incubaçã
o
8-15d
(5-35 d)
Material
Quantidade/
No. amostras
Sangue
Crianças: 25mL
Adulto: 510mL
8-15d
(5-35 d)
Fezes
Criança/Adulto
: 1-3g; swab
retal e/ou fecal
Paratifóid
e(1-10 d)
Secreçã
o biliar
Paratifoid
e1-10 d
Aspirado
medular
2 mL; volume
mínimo: 0,5
mL
Período de
coleta
Coleta
Preservação
Transporte
Duas
semanas
iniciais
(picos febris).
4-8º C semeados
35-37ºC/24-96h
Tempo máximo:
coleta à exame:
12h
4-8º C semeados
35-37º C/24-96h
Tempo máximo:
Coleta à exame:
12h
Temperatura
ambiente
≤2 horas;
Refrigerado
4º-8ºC
A partir da 2ª
a 5ª semana.
Intervalo: 3
dias.
Fezes in natura ou
swab fecal/retal
2 h ambiente ou 6 h
- refrigeração.
Temperatura
ambiente
≤2 horas;
Refrigerado
4º-8ºC
48h-ambiente ou
96h refrigeração (48°C).
Seringa com
semeadura
imediata.
Semeadura
imediata após a
coleta.
S. Paratyphi
Amostras alimentares, ambientais e animais: tipo, origem, fonte, data de coleta
Coleta: Coletar 50-150 g e transportar sob refrigeração, exceto manutenção da temperatura para alimentos congelados.
Semeadura
imediata.
Instituto Oswaldo Cruz/FIOCRUZ
LRNCEB/LABENT
Doenças de Transmissão Alimentar: aspectos clínicos, coleta e transporte de material
Referências Bibliográficas
Andrews, W. H. & Hammack. T.S. Bacteriological Analytical Manual.
Food Sampling and Preparation of Sample Homogenate. Edition 8, Revision
A, 1998. Chapter 1. 2003.
Christopher, K. & Bruno, E. Identification of bacterial species. Chapter 8. p.
103-130. M.A.O’Donnel, Proceedings of the 24th Workshop Conference
of the Association for Biology Laboratory Education (ABLE). 334 p.
2003.
WHO. Guidelines for the collection of clinical specimens during field
investigation of outbreaks. WHO/CDS/CSR/EDC/2000.4. 2004.
WHO. Manual de Laboratorio para la Identificación y Prueba de
Suscetibilidad a los Antimicrobianos de Patógenos de Importancia para la
Salud Publica en el Mundo en Desarrollo. WHO/CDS/RMD. 2003
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