ABORDAGEM SOBRE O CONHECIMENTO SALVO

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ABORDAGEM SOBRE O CONHECIMENTO SALVO: EXCELÊNCIA ACADÊMICA,
CONSTRUÇÃO HUMANA E MECANISMOS DA MEMÓRIA
Layla Rosa Maciel Pereira1, Prof. Dr. Anderson Cristiano da Silvan
1 Escola Estadual de Ensino Médio Integral Professor Nelson do Nascimento Monteiro / Rua
Hermenegildo Scarensi, 91, Conjunto Residencial 31 de Março, São José dos Campos – SP
[email protected]
n Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP/LAEL). Secretaria da Educação do Estado
de São Paulo (SEE-SP). Escola Estadual de Ensino Médio Integral Professor Nelson do Nascimento
Monteiro / Rua Hermenegildo Scarensi, 91, Conjunto Residencial 31 de Março, São José dos
Campos – SP
[email protected]
Resumo - Esta pesquisa objetiva discutir a interligação das conexões nervosas modeladas às
experiências sensoriais cotidianas, a construção humana e funções executivas estruturadas a partir
da primeira infância, gradativamente desenvolvidas, relacionando o comportamento e a atividade
cerebral. Justifica-se este trabalho pelo interesse em buscar arcabouços teóricos, tais como:
neurociência, neuropsicologia, neurolinguística e pedagogia para auxiliarem os profissionais da
educação a informar os discentes quanto às funções cognitivas superiores: atenção, percepção,
linguagem, memória e demais aplicabilidades no processo de ensino e aprendizagem. Em termos
metodológicos, por meio de um mapa conceitual desenvolvido por uma estudante de dezessete anos,
foi feita análise associativa, emocional e resposta da memória, como instrumento de estudo ao
interpretar a validade do conhecimento adquirido. Levando-se em conta o que foi observado, a
consolidação de informações é influenciada pela seleção prévia, estímulo, experiência sensorial,
canal de aprendizagem, método comunicativo, além do processo solitário e ativo do recordar.
Palavras-chave: Funções executivas; Atividade cerebral; Ensino; Aprendizagem.
Área do Conhecimento: Técnico
Introdução
Este trabalho tem por objetivo fazer um estudo sobre a transcorrência das experiências sensoriais
humanas vivenciadas1, que influenciam diretamente na educação, construção humana e desempenho
acadêmico, pois desenvolvem a criatividade e permitem que os alunos aprendam com mais
facilidade, uma vez que o cérebro é capaz de atender às demandas do cotidiano por meio de
diferentes canais para a entrada de conhecimento, contemplando todos os estilos de aprendizagem:
auditivos, visuais e cinestésicos.
Justifica-se esta pesquisa pela necessidade de debatermos como, na atualidade, é fundamental
preparar um jovem, aprimorando seu perfil crítico e transformador, sobretudo, no processamento de
memórias declarativas - retenção de informações que processamos conscientemente ligadas às
lembranças de coisas e episódios em tempo ou lugar particular; conhecimentos acerca do mundo,
passado e futuro - e procedurais - hábitos, competências e regras; funções que memorizamos e
utilizamos involuntariamente, direcionadas às atividades sensório-motoras (SECCHI, 2007).
Metodologia
Através de um mapa conceitual desenvolvido por uma estudante de dezessete anos do Ensino
Médio, foi feita análise associativa, emocional e resposta da memória, como instrumento de estudo
ao interpretar a validade do conhecimento adquirido, ainda que por efeitos e passagem do tempo.
Sob outro aspecto, a utilização de um mapa conceitual como um método avaliativo, trata-se de uma
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Trata-se de experiências vivenciadas em ambiente escolar, ou em outras esferas, por meio dos sentidos
humanos, explorando sensações, sentimentos e pensamentos nas experimentações e atividades, estimulando
percepções visuais, auditivas, olfativas, táteis, espaciais e gustativas.
XX Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XVI Encontro Latino Americano de Pós-Graduação e VI
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técnica não tradicional e qualitativa, que busca observar como o aluno estrutura, organiza,
hierarquiza, integra e relaciona conceitos de certa unidade de estudo, procurando obter evidências de
aprendizagem significativa.
O mapa conceitual deve ser utilizado preferivelmente quando os alunos já possuem certa
familiaridade com o conteúdo. Desse modo, os mapas de conceitos são bons instrumentos para
representar a estrutura cognitiva do aluno, averiguando além das subsunções2 já existentes, as
mudanças que ocorrem na estrutura cognitiva durante a instrução (MOREIRA,1980). A estudante
possui fator de atividade física moderada e leva uma rotina de estudos diária, desenvolvendo
gradativamente a facilidade da articulação e organização. A ferramenta didática foi utilizada pela
estudante desde o Ensino Fundamental, no qual contextualizava matérias sem ter os fundamentos do
método, adotando-o despropositadamente. A título de ilustração, segue o corpus com a ilustração de
um mapa conceitual realizado pela discente:
Figura 1 – Mapa conceitual (aluna do 3º ano do Ensino Médio)
Exercícios cerebrais feitos de maneira rotineira apresentam efeitos muito positivos sobre a
memória, semelhante ao que ocorre com exercícios musculares realizados para se manter a forma
física. A atividade cerebral também deve ser realizada com frequência, sempre procurando estimular
os principais sentidos: olfato, paladar, tato, visão e audição, bem como nossa memória e inteligência.
De modo progressivo e integrado, determinados conceitos são desdobrados no espaço do conteúdo
de maneira particular – segundo a compreensão cognitiva do seu idealizador e empenho emocional
para compor o conhecimento novo com o já existente – a técnica pode ser aperfeiçoada, como uma
habilidade disciplinada ao cérebro, pois, é de suma importância aprimorar a capacidade de
armazenar informações, lembrar-se delas e utilizá-las prontamente. Diante do instrumento de análise,
certos estímulos, estruturas, processos e conceitos foram aprofundados, amparando considerações
finais.
Repercussões da emoção
Os estímulos emocionais correlacionam-se às atividades cerebrais. Nenhum cérebro é estático e
imutável, pois somos seres destinados a aprender, por meio da aquisição e evocação de informações
diárias, que refletem em nosso aprendizado. Temos uma propriedade em mãos chamada
neuroplasticidade: capacidade de modificar a estrutura e funções do sistema nervoso pelas
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Trata-se de conceitos e aprendizados incorporados estavelmente que serão acrescentados ou transformados
com as novas informações.
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experiências, pensamentos e análises (HAASE; LACERDA, 2004). Quando se usa o cérebro de
maneira inovadora, reorganiza-se os neurônios existentes, o que permite aprender, memorizar e
adaptar por meio desses eventos a sua volta, progressivamente, com excelência.
Grande parte das informações armazenadas que constituem memórias é absorvida por sentidos
nesses eventos carregados de cargas emocionais distintas. O funcionamento dos circuitos envolvidos
é frenético e, assim, o cérebro declara se a informação processada é nova ou não, importante ou se
carece de uma resposta imediata. A formação de memórias é altamente guiada por vias nervosas
vinculadas às emoções, estímulos sensoriais e estados de ânimo, que interferem na resposta do
aprendizado, determinando-o de curta ou longa duração, é o que acontece com diversas funções
executivas humanas, como a atenção e concentração à descoberta de que a capacidade de filtrar
distrações emocionais correlaciona-se com a de filtrar distrações sensoriais, nas quais, esta
canalização, interfere diretamente no progresso de conhecimento salvo.
Em consonância com tais informações, é preciso compreendermos com mais clareza a maneira
como a memória de longo prazo é constituída nas pessoas. Desse modo:
Para que a memória de curto prazo seja convertida à memória de longo prazo - que
pode ser evocada em tempo aleatório - esta tem que ser consolidada. Isto é, a
memória deve, de alguma forma, iniciar as mudanças físicas, químicas, e
anatômicas nas sinapses, que são responsáveis pelo tipo de memória a longo prazo.
Esse processo requer 5 a 10 minutos para a consolidação mínima e 1 hora para a
consolidação forte. (GUYTON; HALL, 1997, s.p.).
É reafirmado em descrição técnica e teor científico, o processo de conexão real da liberação e
envio da mensagem a ser consolidada, reagindo a estímulos conduzidos:
Nas sinapses, os impulsos nervosos (informações) chegam através dos axônios e
provocam a liberação de neurotransmissores nos locais de “contato”, que podem ser
no corpo celular, axônio, dendritos, sendo que este último representa o maior local
de sinapses. Mais dendritos significa mais conexões, e menos dendritos, menos
conexões. (BRUNO NETO, 2007, p.14).
Retomada do conhecimento
Com alicerce em Driemeyer, “a mudança qualitativa é mais crítica para o cérebro mudar sua
estrutura do que o treinamento contínuo de uma tarefa já aprendida” (2008, s.p.). O aluno que permite
tornar-se ativo e não meramente passivo (receptor de informações), passa a colocar em prática três
fases da consolidação do conhecimento: atenção, repetição e associação. Esse processo é solitário,
onde a aula dada transforma-se em aula estudada. O ponto de atenção no ensino e aprendizado
durante a formação seria que nada fosse esquecido para o dia seguinte, as memórias provisórias
simplesmente não sobrevivem a uma noite de sono, que faz ligação à emoção, expressão e busca do
indivíduo, sua falta de uso, desencadeia morte sináptica ou neuronal, esquecimento. O sistema
límbico pode anexar e carregar as matérias dadas pelos professores com facilidade durante o dia,
mas aquilo que será fixado como permanente no córtex necessita dessas fases ou todo o conteúdo é
descartado pelo cérebro em questão de horas ou menos.
Todas as partes do córtex estão associadas à retenção de memórias, troca de impulsos com
outras áreas corticais (associação) e a transmissão dupla de impulsos (aferentes e eferentes) com
áreas sub-corticais. Com base em Cardoso (1997), o córtex é dividido em quatro lobos: frontal;
parietal; temporal e occipital, que aludem o raciocínio e o pensamento abstrato; reconhecimento de
estímulos sensoriais específicos, uso de símbolos como meio de comunicação (linguagem),
habilidade de desenvolver ideias e respostas motoras necessárias; linguagem, comportamento
emocional, impulsos aferentes relacionados à audição e, por fim, recebimento de estímulos visuais,
respectivamente.
Conclusão
A consolidação do conhecimento possui interferências diretas quanto à construção humana,
emoções (estímulo e impacto), além das experiências sensoriais: "Nada há no intelecto que não
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tenha estado antes nos sentidos" (MARSHALL, 1988, p. 378). Funções executivas aplicadas ao
recebimento de informações e consequentemente, em sua ativação, também possuem papel
marcante na memória. O aprendizado e a memória são propriedades básicas do sistema nervoso;
não existe atividade nervosa que não inclua ou não seja afetada de alguma forma pelo aprendizado e
pela memória. Aprendemos a caminhar, pensar, amar, imaginar, criar, fazer atos-motores ou
ideativos simples e complexos, etc.; e nossa vida depende de que nos lembremos de tudo isso
(PAVLOV, 1960). As aquisições pelos canais de aprendizagem agem como registro e ali estarão,
temporariamente, se não forem conservadas e evocadas num processo ativo e solitário pelo aluno,
incitado pela persistência e interesse. As informações recebidas passam pelo seguinte processo:
pensamentos, emoções, comportamentos, comunicação e por fim, respostas, que determina qual
será a importância de adquiri-las, pois a memória não perde o que vale a pena ser salvo, o que nós
decretamos por etapas de seleção prévia, partindo da atenção e concentração, funções cognitivas
superiores para o rendimento.
A palavra projeto vem de projetar; projeta-se o passado, por meio do presente, em direção a um
incerto futuro. Como a variedade e quantidade de experiências possíveis é enorme, a variedade de
memórias possíveis é também enorme. Assim, talvez, não tenha muito sentido falar em "memória",
senão em "memórias" (McGAUGH, 1988). Num misterioso e sublime armazenamento, pode-se, por
meio da consolidação, evocar memórias fatuais e eventuais que, claramente, são utilizados por
diferentes sistemas sensoriais e vias de aprendizado (associativos e motores).
De fato, só reconhecemos que "aprendemos algo" quando se trata de algo novo; não de algo já
conhecido. A amígdala participa dos processos de seleção como consequência de sua função
moduladora da consolidação (McGAUGH, 1988). Em suma, a disciplina alcançada como evolução
pessoal, a revolução de métodos da comunicação no ensino e a importância direcionada ao
aprendizado, fortalecem o registro e codificam notas e dados de qualquer traço ao decorrer do tempo,
jamais se abstendo da construção humana. Seja qual competência for, todos são capazes de obtê-la
e recuperá-la, pois o ser humano é destinado a aprender incessantemente.
Referências
BRUNO NETO, R. Neuropsicologia: o desenvolvimento da consciência, aprendizagem e
transtornos.
2007.
Disponível
em:
http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2012/10/plasticidade-cerebral-e-podasneuronais.html Acesso em 30 jul. 2016.
CARDOSO,
S.
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1997.
Disponível
http://www.cerebromente.org.br/n01/arquitet/arquitetura.htm Acesso em 02 set. 2016.
em:
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GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de fisiologia médica. 9.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
1997.
HAASE, V. G.; LACERDA, S. S. Neuroplasticidade, variação interindividual e recuperação funcional
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MARSHALL, J. C. Sensation and semantics. In: Nature, p.334- 378, 1988.
McGAUGH, J. L. Modulation of memory storage processes. In: SOLOMON, P. R. et al. Perspectives
of memory research. New York, Springer Verlag. p. 33-64. 1988.
MOREIRA, M. A. Mapas conceituais como instrumentos para promover a diferenciação
conceitual progressiva e a reconciliação integrativa. Ciência e Cultura, 32, v. 4: 474-479, 1980.
PAVLOV, I. P. Conditioned reflexes. New York: Dover, 1960.
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SECCHI, D. Utilitarian, managerial and relational theories of corporate social responsibility. In:
International Journal of Management Reviews. Volume 9. Issue 4, p. 347-373, 2007.
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