Educação DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS

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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS ÉTICAS EM CRIANÇAS DE TRÊS E QUATRO
ANOS, POR INTERMÉDIO DA LITERATURA INFANTIL
Luiza Leitão Leal1, Natane Alves dos Santos 2, Anézio Cláudio Bernardes n
Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP/Faculdade de Educação - FEA, Rua Tertuliano Delphin Jr, 181,
e-mail: [email protected], [email protected], [email protected].
Resumo – Esta pesquisa tem como objetivo, verificar, por intermédio de observações, um processo de
ensino e aprendizagem, em que se insere a literatura infantil, de uma forma lúdica e contextualizada, a fim
de se construir conceitos que façam entender a relação de ética e o ambiente escolar, considerando-se,
nesse processo, os temas transversais, para o desenvolvimento de competências éticas desde a educação
infantil, período esse em que a criança deve adquirir valores morais e éticos, princípios que possuem o
objetivo de guiar e orientar as relações futuras dessas crianças. Constitui-se em uma pesquisa bibliográfica
e em um trabalho de campo, realizado com vinte crianças de faixa etária de três e quatro anos, em uma das
escolas de ensino público da cidade de São José dos Campos, interior do estado de São Paulo. Construiuse o embasamento teórico a partir do RCNEI - Referencial curricular nacional para a educação infantil, e
dos pressupostos de Coelho, VRIE e ZAN, entre outros autores. Os resultados apontam que, se a literatura
infantil for inserida em um processo de ensino e aprendizagem, de crianças de três e quatro anos, esse
processo se tornará dinâmico, lúdico e proficiente, uma vez que a magia desse gênero literário converge
para o mundo mágico-infantil das crianças dessa faixa etária, possibilitando-lhes o desenvolvimento de
competências éticas.
Palavras-chave: ética, educação infantil, literatura infantil, lúdico, temas transversais.
Área do Conhecimento: Ciências Humanas (Educação)
Introdução
Este trabalho justifica-se, uma vez que esse
gênero literário, além de evitar um processo de
ensino e aprendizagem descontextualizado e
fragmentado, caracteriza-se pela fantasia, pelo
ludismo e, assim sendo, pode proporcionar a
essas crianças possibilidades de desenvolverem
atitudes éticas, ao identificarem-se com os
protagonistas das histórias infantis.
Constitui-se em uma pesquisa bibliográfica e
em um trabalho de campo, realizado com crianças
de faixa etária de três e quatro anos, em uma das
escolas de ensino público da cidade de São José
dos Campos, interior do estado de São Paulo.
Esta pesquisa tem como objetivo, verificar, por
intermédio de observações, um processo de
ensino e aprendizagem, em que se insere a
literatura infantil, de uma forma lúdica e
contextualizada, a fim de se construir conceitos
que façam entender a relação de ética e o
ambiente
escolar,
considerando-se,
nesse
processo, os temas transversais, para o
desenvolvimento de competências éticas desde a
educação infantil, período esse em que a criança
deve adquirir valores morais e éticos, princípios
que possuem o objetivo de guiar e orientar as
relações futuras dessas crianças.
Metodologia
Constitui-se de uma pesquisa bibliográfica e de
um trabalho de campo, em que foram observadas
vinte crianças de uma turma de educação infantil,
com idade entre três e quatro anos, em uma das
escolas da rede pública de ensino de São José
dos Campos, estado de São Paulo, em que se
desenvolve um processo de ensino e
aprendizagem a partir da literatura infantil.
Resultados
Lajolo garante que se ler é essencial, a leitura
literária também é fundamental. Para essa autora
(2008):
XVII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XIII Encontro Latino Americano de PósGraduação e III Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba
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É à literatura, como linguagem e como instituição, que
se confiam os diferentes imaginários, as diferentes
sensibilidades, valores e comportamentos através dos
quais
uma
sociedade
expressa
e
discute,
simbolicamente, seus impasses, seus desejos, suas
utopias. Por isso a literatura é importante no currículo
escolar: o cidadão, para exercer, plenamente sua
cidadania, precisa apossar-se da linguagem literária,
alfabetizar-se nela, tornar-se seu usuário competente,
mesmo que nunca vá escrever um livro: mas porque
precisa ler muitos. (LAJOLO, 2008, p.106).
Segundo Coelho (1991), a literatura infantil
surge, de fato, na França, na segunda metade do
séc. XVIII, na monarquia absoluta de Luís XIV, o
“Rei Sol”, que se manifesta abertamente à
preocupação com a literatura para crianças e
jovens. As Fábulas (1668), de La Fontaine; os
contos da mãe gansa (1691/1697), de Charles
Perrault; os Contos de Fadas (8 volumes-16961699), de Mme D’Aulnoy; e Telêmaco (1699), de
Fénelon, são os livros pioneiros do mundo literário
infantil. Assim, pode-se afirmar, portanto, que foi a
França, por intermédio desses autores, o berço da
literatura infantil no mundo.
Já, a literatura infantil brasileira surgiu tempos
depois do início da europeia. Com a implantação
da Imprensa Régia, em 1808, começaram a serem
publicados os primeiros livros para crianças no
Brasil como afirmam Zilberman e Lajolo (1986):
A tradição de As aventuras pasmosas do Barão de
Munchausen e, em 1818, a coletânea de José
Saturnino contendo uma coleção de histórias morais
relativas aos defeitos ordinários às idades tenras e um
diálogo sobre geografia, cronologia, história de Portugal
e história natural. (LAJOLO; ZILBERMAM, 1986, p. 23).
Analisando-se a história da literatura infantil, no
Brasil e no mundo, pode-se perceber como a sua
produção se relaciona às práticas sociais de cada
época. O que se explica pela própria natureza da
literatura que, segundo Coelho (2000):
É um fenômeno de linguagem, resultante de uma
experiência existencial/social/cultural. Ou seja, a
literatura, como toda arte, é a expressão de um tempo,
constituindo-se através de um ideário e, ao mesmo
tempo, expressando-o.
Para essa autora:
Ao estudarmos a história das culturas e o modo pelo
qual elas foram sendo transmitidas de geração para
geração, verificamos que a literatura foi o seu principal
veículo. Literatura oral ou literatura escrita foram as
principais formas pelas quais recebemos a herança da
tradição. (COELHO, 2000, p. 16).
Por intermédio de observações realizadas
dentro de sala de aula, foi possível verificar a
veracidade da importância de se trabalhar ética
desde a educação infantil, visto que, com o auxílio
da literatura infantil, a professora foi introduzindo,
de forma lúdica, porém contextualizada, assuntos
que dizem respeito à ética e moral, no cotidiano
das crianças.
As crianças, embora sendo direcionadas pela
professora, constantemente citavam conflitos que
realmente aconteceram, comparando-os com os
da história infantil que estava sendo contada.
Após o término da história, a professora
conduzia o assunto, em uma roda de conversa,
em que deixava as crianças se expressarem, e,
apesar de dar abertura para que as crianças
falassem espontaneamente, a referida docente
desafiava-os,
para
que
eles
olhassem,
questionassem e refletissem sobre as várias
possibilidades de solução de um problema, já que
a problematização direciona para a construção de
uma moralidade autônoma e, dessa forma, na
escola, cada criança torna-se participante da
formação de um novo ambiente social, o qual, por
sua natureza, é sociointerativo.
Discussão
Uma abordagem pedagógica sobre a moral e a
ética pode ser introduzida já na Educação Infantil,
período em que as crianças ampliam suas
potencialidades de inserção e de participação nas
diversas práticas sociais.
A criança é criativa e precisa de matéria-prima sadia, e
com beleza, para organizar seu ‘mundo mágico’, seu
universo possível, onde ela é dona absoluta: constrói e
destrói. Constrói e cria, realizando tudo o que ela
deseja. A imaginação bem motivada é uma fonte de
libertação, com riqueza. É uma forma de conquista de
liberdade, que produzirá bons frutos, como a terra
agreste, que se aduba e enriquece, produz frutos
sazonados. (CARVALHO, 1989, p. 21).
Segundo Lancam:
A importância da primeira educação é tão grande na
formação da pessoa que podemos compará-la ao
alicerce da construção de uma casa. Depois, ao longo
da sua vida, virão novas experiências que continuarão
a construir a casa/indivíduo, relativizando o poder da
família (LANCAM, 1980 apud BOCK, 1989, p. 143).
De acordo com os PCNs – Parâmetros
Curriculares Nacionais (BRASIL, 2001), entre
diversos princípios, estão:
A dignidade da pessoa humana que implica respeito
aos direitos humanos, repúdio à discriminação de
qualquer tipo, acesso a condições de vida digna,
respeito mútuo nas relações interpessoais, públicas e
privadas; a igualdade de direitos que se refere à
necessidade de garantir a todos a mesma dignidade e
possibilidade de exercício de cidadania; a participação
como princípio democrático, em que se traz a noção de
cidadania ativa, compreendendo que a sociedade é
marcada por diferenças de classes, étnicas, religiosas
XVII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XIII Encontro Latino Americano de PósGraduação e III Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba
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etc.; a co-responsabilidade pela vida social, que implica
partilhar com os poderes públicos e diferentes grupos
sociais, organizados ou não, a responsabilidade pelos
destinos da vida coletiva.
Em relação à ética, este é o nome dado ao
ramo da filosofia dedicado aos assuntos morais. A
palavra ética é derivada do grego, e significa
aquilo que pertence ao caráter.
Ética é diferente de moral, uma vez que moral
se fundamenta na obediência a normas, costumes
ou mandamentos culturais, hierárquicos ou
religiosos e a ética busca fundamentar o modo de
viver pelo pensamento humano.
Pode-se compreender um pouco melhor esse
conceito examinando certas condutas do nosso
dia-a-dia, quando nos referimos, por exemplo, ao
comportamento de alguns profissionais, tais como
um médico, jornalista, advogado, empresário, um
político e, até mesmo, um professor. Para esses
casos, é bastante comum ouvir expressões, como:
ética médica, ética jornalística, ética empresarial e
ética pública.
Segundo De Vries e Zan (1998):
A ética é um conjunto de decisões, de princípios e
valores, com o fim de guiar e orientar as relações
humanas. Esses valores devem ter característica
universal, e têm de ser válidos para todas as pessoas.
Gislene Santos, professora da Escola de Artes,
Ciência e Humanidades da Universidade de São
Paulo, fala sobre ética e educação no programa
Ética e Cidadania, construindo valores na escola e
na sociedade. A questão central para Ética é um
dos problemas que se coloca na sociedade
contemporânea, de como educar para o respeito
às diferenças e para o respeito a todos os seres
humanos.
A educação para a cidadania, e os programas
educacionais voltados para esse fim, pressupõe a
crença na tolerância, a marca do bom senso, da
razão e da civilidade que faz com que os homens
possam se relacionar entrei si. Pressupõe,
também, a crença na possibilidade de formar este
homem, ensinando a tolerância e a civilidade
dentro do espaço e do tempo da escola. A LDB
institui que a escola é um espaço de formação de
cidadãos e difusão de valores que expirem
cidadania e ética.
Piaget (apud DE VRIES e ZAN, 1998, p. 90),
descreve significativamente como se desenvolve a
moralidade na criança, relatando que existem dois
tipos de moral: a heterônima, que se baseia na
obediência, na submissão e no castigo, e a
autônoma que está direcionada ao respeito mútuo
e à reciprocidade, daí a importância de se
trabalhar ética desde a educação infantil,
permitindo a identificação da criança com os
personagens da história e as ajudando a
direcionar tais conflitos para seu dia-a-dia.
Jesualdo (1978, p.19) define literatura infantil
como “um dos aspectos da literatura dentre as
várias modalidades artísticas”, é a literatura que se
preocupa com histórias para crianças, é forma
literária voltada para a psique infantil, com
vocabulário adequado ao conhecimento e à
compreensão da criança.
Já, para Nelly Novaes Coelho, a Literatura
Infantil é:
Abertura para a formação de uma nova mentalidade,
além de ser um instrumento de emoções, diversão ou
prazer, desempenhada pelas histórias, mitos, lendas,
poemas, contos, teatro, etc., criadas pela imaginação
poética, ao nível da mente infantil, que objetiva a
educação integral da criança, propiciando-lhe a
educação humanística e ajudando-a na formação de
seu próprio estilo.(COELHO, 1991, p. 5).
É importante lembrar, que em toda convivência
humana há conflitos, sendo eles dentro ou fora da
escola, sendo eles presentes na escola, em sala
de aula, ambientes esses que as pessoas
interagem.
Alguns professores podem ter dificuldades em
lidar com algumas situações, além da dificuldade
de perceber que muitos conflitos são excelentes
oportunidades para se trabalhar a cooperação,
valores e regras, e, para isso, a Literatura Infantil
apresenta-se como excelente ferramenta no
processo de ensino, a fim de que aconteçam
aprendizagens significativas, relacionadas com o
cotidiano das crianças.
Conclusão
Deve-se objetivar o desenvolvimento da ética
discente e, para isso, ela deve entrar no contexto
escolar a fim de auxiliar, tendo-a como meta para
se construir uma boa educação, em que se
estimule a batalha por uma vida melhor e um
saber mais proficiente. Se assim for, que ela seja
bem-vinda e se acomode em cada cantinho dos
espaços escolares.
Em relação ao desenvolvimento ético discente,
a Literatura infantil pode se transformar em
excelente parceria para que ele se efetive no
contexto escolar, visto que ela contribui para o
desenvolvimento da criticidade, da criatividade e
do exercício da cidadania.
Espera-se, com a conclusão deste trabalho,
mostrar como crianças da faixa etária de três e
quatro anos podem desenvolver competências
éticas por intermédio da literatura infantil, sendo
possível que, quando introduzido em um processo
de ensino e aprendizagem, esse gênero literário
auxilia o desenvolvimento de valores éticos, uma
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vez que a criança se identifica com os
personagens das histórias infantis.
Em relação ao objetivo desta pesquisa, podese afirmar que houve consecução, uma vez que se
verificou, por intermédio de observações, um
processo de ensino e aprendizagem, em que se
insere a literatura infantil, de uma forma lúdica e
contextualizada, a fim de se construir conceitos
que façam entender a relação de ética e o
ambiente
escolar,
considerando-se,
nesse
processo, os temas transversais, para o
desenvolvimento de competências éticas desde a
educação infantil, período esse em que a criança
deve adquirir valores morais e éticos, princípios
que possuem o objetivo de guiar e orientar as
relações futuras dessas crianças.
VRIES, Rheta, De. e ZAN, Betty. A ética na
educação infantil - o ambiente sociomoral na
escola. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
Referências
BOCK, Ana Mercês Bahia et alii. Psicologias: uma
introdução ao estudo de psicologia. São Paulo:
Saraiva, 1989.
BRASIL. MEC. SEF. Parâmetros Curriculares
Nacionais. 2. ed. Brasília/São José dos Campos:
MEC/SEF/Univap, 2001 – Vol. 2.
_____. Ministério da educação e do desporto.
Secretaria de educação fundamental. Referencial
curricular nacional para a educação infantil.
Introdução. volume UM: Formação pessoal e
social; volume três: Conhecimento de mundo.
Brasília: MEC, 1998.
CARVALHO, Bárbara Vasconcelos. A literatura
Infantil – Visão Histórica e Crítica. 6. ed. São
Paulo: Global, 1989.
COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil. São
Paulo: Ed. Moderna, 2000.
_____. Panorama histórico da literatura
infantil/juvenil: das origens indo européias ao
Brasil contemporâneo. 4 ed. Ática, 1991.
LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a
leitura do mundo. 6. ed. São Paulo: Ática, 2008.
____ e ZILBERMAN, Regina. Um Brasil para
Crianças: Para conhecer a Literatura Infantil
brasileira: Histórias, autores e textos. São Paulo:
Global, 1986.
SOSA, Jesualdo. A Literatura Infantil. São Paulo:
Cultrix, 1978.
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