Normas para a observação e descrição de Perfis de solo (Adaptado de J. Carvalho e J. Faustino Fernandes, 1972. " Normas para a observação e descrição de perfis e colheita de amostras", S.R:O.A. 1 - Observação de perfis Observe o perfil do solo. - Abrir uma cova por exemplo de 1m x 1m cm e profundidade tal que se possa observar o material originário) 12345 Fotografe / represente os diferentes horizontes. Em cada horizonte observar: Cor Espessura e transição Textura e proporção de grosseiros Estrutura Consistência Recolha amostras de cada um dos horizontes. Recolha outras informações que julgue pertinentes (elementos que não dizem propriamente respeito ao perfil mas sim ao local ou área em que este se situa (topografia, drenagem, vegetação, uso do solo, etc.) - Descrição do perfil Para que as descrições de perfis possam ser comparadas e entendidas por todos é necessário usar uma terminologia comum. 1. Cor: Determina-se comparando-a com os padrões da escala de Munsell e indica-se pelos símbolos da respectiva escala. A seguir aos símbolos da côr, pôr-se-á o símbolo(s) para indicar que a determinação foi realizada em solo seco ou (h) para solo húmido. Se a massa de solo não apresentar côr uniforme mas se apresenta mosqueada ou manchada, deve indicar-se a côr da matriz ou de fundo e a côr ou cores das manchas principais. Essas manchas deverão ainda ser classificadas quanto ao contraste, abundância e tamanho. Contraste: a. b. c. Pouco distintas Distintas, quando se distinguem facilmente (diferem da côr da matriz por 1 ou 2 unidades de “hue” ou várias unidades de valor). Muito distintas, quando o mosqueado é o aspecto dominante do horizonte. Abundância: a. b. c. Poucas, menos de 2% da superfície observada. Algumas, de 2+ a 20%. Muitas, mais de 20%. Tamanho: a. b. c. Pequenas, se a maior dimensão é inferior a 5 mm. Médias, se a maior dimensão é entre 5-15 mm. Grandes, se a maior dimensão é superior a 15 mm. 2: Espessura e Transição: Regista-se a profundidade a que os limites superior e inferior de cada horizonte se encontram, contada a partir do topo do horizonte Al. Os limites das camadas dizem-se: a. b. c. d. Planos Ondulados (com concavidades ou convexidades mais largas do que altas) Irregulares (com convidades ou convexidades mais altas do que largas) Descontínuos 2 A transição entre 2 horizontes descreve-se ainda como: a. b. c. d. Abrupta (zona de transição com espessura inferior a 2 cm) Nítida (zona de transição com espessura entre 2-6 cm) Gradual (zona de transição com espessura entre 6-12 cm) Difusa (zona de transição com espessura superior a 12 cm) 3. Textura e proporção de grosseiros: a textura avalia-se na terra fina (material 2 mm) recorrendo à Tabela I. A proporção de grosseiros é avaliada pela quantidade de material retido no peneiro de 2 mm (algum, bastante, muito). Designação Blocos > 20 cm Calhaus 20 - 10 cm Pedras 10 - 5 cm Pedras médias 5 - 2 cm Cascalho Saibro 2 cm - 5 mm 5 - 2 mm 4. Estrutura: A descrição de campo inclui a determinação do tipo, da classe e do grau da estrutura. O tipo refere-se à forma dos agregados: a. b. c. d. Laminar Prismática/Colunar Anísoforme (angular/sub-angular) Granular Quando os limites entre horizontes não são planos, as profundidades que se indicam são profundidades médias e deve fazer-se referência à amplitude da sua variação – Ex: 12 (8-16). A classe determina-se em função do valor médio das dimensões dos agregados predominantes (ver o gráfico em anexo). O grau refere-se à maior ou menor nitidez da estrutura e depende da estabilidade dos agregados e da facilidade com que se separam uns dos outros. O grau mais elevado é caracterizado por máxima força de coesão dentro de cada agregado e mínima (ou nula) adesão entre os agregados. Assim, a estrutura designa-se: a. b. c. d. Nula, quando não há agregação visível. Se a massa é coerente a estrutura diz-se massiça; se não é coerente diz-se sem agregados. Fraca, se os agregados são pouco evidentes no perfil. Uma vez esboroado, o material do solo separa-se numa mistura de poucos agregados inteiros, alguns partidos e muito material não agregado. Moderada, se existem agregados bem formados, evidentes no perfil. O material, quando esboroado, separa-se numa mistura de muitos agregados inteiros, alguns partidos e pouco material não agregado. Forte, se existem agregados muito evidentes no perfil, aderindo fracamente uns aos outros, separandose facilmente quando se remexe o solo. Quando retirado do perfil, o material apresenta-se constituído quase inteiramente por agregados inteiros, com pouco ou nenhum material não agregado. 5. Consistência: refere-se à intensidade (e natureza) das forças que formam os agregados naturais dos solos. A terminologia a adoptar para a consistência do solo varia com as condições de humidade do solo (seco, húmido e muito húmido). A consistência no estado húmido é normalmente a mais significativa e avalia-se tentando esmagar uma porção de solo que esteja ligeiramente humedecida. Conforme os casos, o solo designa-se: 3 Consistência no estado seco (tenacidade): Determina-se em solo seco ao ar, procurando-se esboroar ou quebrar entre os dedos (ou quebrar recorrendo ás duas mãos) material agregado retirado do perfil. Solta. Não coerente. Branda. Desfaz-se em pó ou grãos individuais sob pressão muito ligeira. Ligeiramente dura. Quebra-se facilmente entre o polegar e o indicador. Dura. Dificilmente se consegue quebrar entre o polegar e o indicador, mas pode quebrar-se nas mãos com dificuldade. Muito dura. Não se pode quebrar entre o polegar e o indicador, e só com dificuldade se consegue quebrar nas mãos. Extremamente dura. Não se pode quebrar nas mãos. Consistência no estado húmido (Adesividade e Plasticidade) Adesividade. Para avaliar aperta-se uma porção de material do solo entre o polegar e o indicador e nota-se a sua maior ou menor aderência. Podem distinguir-se os seguintes graus de adesividade: Não pegajoso. Depois de se deixar de fazer pressão, praticamente nenhum material adere ao polegar ou indicador Pouco pegajoso. Depois de apertado, o material adere aos dois dedos mas, afastando os dedos um do outro, distende-se pouco e deixa um dos dedos limpo. Pegajoso. Depois de apertado, o material adere aos dois dedos e, se estes se afastarem um do outro, o material distende-se um tanto e tende a ficar dividido pelos dois dedos, em vez de ficar preso só num deles. Muito pegajoso. Depois de apertado, o material adere fortemente aos dedos e distende-se nitidamente quando estes se afastam. Plasticidade. Para se avaliar rola-se uma porção de material do solo entre o polegar e o indicador, procurando formar-se um filamento. Classifica-se como se segue: Não plástico. Não é possível formar-se filamento. Pouco plástico. Forma-se filamento e a massa á facilmente deformável. Plástico. Forma-se filamento e, para deformar a massa, é necessário exercer pressão moderada. Muito plástico. Forma-se filamento e é necessário exercer forte pressão para deformar a massa. 4 Determinação da textura de campo Características observadas no estado seco Áspero, formado exclusivamente por areia Características observadas no estado húmido Textura de campo quase Não pode moldar-se em filamento nem em bola coesiva; não é pegajoso ARENOSA Áspero, formado principalmente por areia mas já com algum material fino Não suscpetível de moldar-se em bola coesiva ou em filamento; contudo, já suja, já cora os dedos, não é pegajoso ARENO-FRANCA Com elementos ásperos (areias) e, em menor proporção, elementos macioa Fendilha quando se tenta moldar em filamento que só pode formar-se com muita dificuldade; não é pegajoso FRANCO-ARENOSA Áspero, embora já contendo mais material macio Susceptível de se amassar em bola coesiva mas apresentando coesão e aderência fracas: fendilha quando se tenta moldar em filamento, que só com muita dificuldade se consegue formar; não é pegajoso FRANCO-ARGILOARENOSA Heterogéneo, com maior proporção de materiais macios do que ásperos. Pode apresentar agregados que se esboroam facilmente Pode moldar-se em filamento mas com certa dificuldade; fendilha quando se tenta curvar em argola; não é pegajoso FRANCA Caracteres intermédios entre a anterior e a seguinte Caracteres intermédios anterior e a seguinte Exclusivamente ou quase formado por materiais macios. Pode ter agregados que é difícil ou impossível esboroar entre os dedos Facilmente moldávelem filamento alongado, que com facilidade se pode curvar em argola; pegajoso Caracteres intermédios entre a anterior e a seguinte Caracteres intermédios anterior e a seguinte Exclusivamente ou quase formado por materiais macios (sedosos) Facilmente moldável em filamento alongado, que com facilidade se pode curvar em argola; pouco pegajoso entre entre a a FRANCO-ARGILOSA ARGILOSA ARGILO-LIMOSA LIMOSA Nb – Casos intermédios entre FRANCA e LIMOSA correspodem a FRANCO-LIMOSA. Casos intermédios entre FRANCOARGILOSA e ARGILO-LIMOSA, correspondem a FRANCO-ARGILO-LIMOSA. Casos intermédios entre ARENOSA e ARGILOSA com proporção sensível igual dos elementos dominantes em cada uma destas duas texturas e fraca proporção de limo, correspondem a ARGILO-ARENOSA. 5 Tipos e classes de Estrutura Granular Laminar Anisoforme: angular e Prismático e Colunar subangular Abundância de manchas 6 Exemplo da descrição de um perfil de solo da Serra de Todo o Mundo (Bombarral) Topografia: plateau da Serra de todo o Mundo em situação de declive bastante ligeiro, 3-4% Vegetação: mato ralo com tojo, cardos, tufos de gramíneas Litologia: doleritos Observações: amostras para análise : A1 (0-9 cm); B (9-25 cm). Abaixo dos 60 cm aparece a rocha-mãe Horizonte Profundidade (cm) Descrição 0-10 7,5 YR 3/4 (s); 7,5 YR 2/2 (h): franco-arenoso com raro saibro de dolerito mais ou menos alterado e alguns elementos cascalhentos da mesma rocha; granulosa muito fina a média, fraca (a massa do solo tende a resolver-se na sua maior parte, num pó muito fino); compacidade média; consistência: pouco rija, pouco aderente, pouco plástico; medianamente poroso ou pouco poroso; abundantes raízes finas e médias; seco. Transição nítida para o horizonte B 10-25 7,5 YR 3/4 (s); 7,5 YR 2/2 (h): franco-argiloso com alguns elementos grosseiros de tamanho entre saibro e pedra de rocha doleritíca por vezes (especialmente para a granulometria mais fina) um tanto alterada; anisoforme subangulosa média a grosseira, moderada; assinalam-se algumas películas de argila (?); compacidade média; consistência rija a pouco rija, aderente, plástico; pouco poroso; bastantes raízes finas e médias, seco. Este horizonte assenta numa linha de pedras de dolerito, muito pouco alteradas. A1 B C 25-60 Horonte C por vezes CB com muitos fragmentos de rocha à mistura entre os quais se vêm núcleos arredondados de dolerito pouco alterado; rocha dura, pouco alterada , no fundo da cova. Os núcleos do horizonte B, subjacente à linha de pedras têm uma estrutura anisoforme subangulosa; argiloso muito aderente a aderente, muito plástico a plástico. Bastantes raízes finas e médias. 7