UMA PEQUENA GOTA D’ÁGUA E O OCEANO Imaginemos o que seria uma gota d'água imersa na vastidão do oceano, onde a sua participação parecesse ser reflexo desta imensidão. Neste caso é fácil compreender o quanto a interatividade desta gota d'água seria plena, como se tudo resultasse de uma ação uníssona. Por outro lado, o que dizer de uma gota d'água que tenha ocasionalmente pulado fora do seu mar eterno. Quanta perplexidade seria se encontrar neste estado, de natureza tão frágil e solitária?! Aqui, torna-se-ia difícil a própria sobrevivência, diante até mesmo das intempéries naturais, tais como as altas temperaturas. Agora, imaginemos nós próprios, como seres humanos, sendo algo análogo a esta gota d'água, mesmo que ao invés de uma gota fôssemos uma poça d'água. Nas condições de separação, a primeira coisa a não fazer sentido seria a eternidade. Sabe-se que uma poça d'água não resiste sequer a pequenas estiagens, podendo ressurgir apenas numa nova temporada chuvosa. Além do mais, nesta condição finita de vida, apenas possível nos temporais, sempre se tem um sentimento de enorme vulnerabilidade. Nas condições de separação, também existe aquele sentimento de distância. Por vezes, é como se o próprio clamor não fosse devidamente ouvido. Será que a grandeza do mar de eternidade não perceberia a solidão dos que vivem às suas margens? Existe também o problema de que, aparentemente, todas as ações da poça d'água fortalecem o próprio isolamento, como a construir novas barreiras em sua volta. Por fim, resta à poça d'água uma espécie de rendição, baseada na certeza de que virão torrentes suficientes para desconstruir os seus velhos diques, o que possibilitaria que as poças rendidas se juntassem formando um rio rumo ao Oceano da Unidade. Que assim seja! Namastê, Egídio