UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS COORDENAÇÃO DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO SERVIÇO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM ADMINISTRAÇÃO RANY AUGUSTO PINHEIRO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR GLBT DE BARES DA CIDADE DE JOÃO PESSOA – PB. TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ÁREA: ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING João Pessoa – PB Abril de 2008 RANY AUGUSTO PINHEIRO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR GLBT DE BARES DA CIDADE DE JOÃO PESSOA – PB. Trabalho de Conclusão de Curso Apresentado à Coordenação do Serviço de Estágio Supervisionado em Administração, do Curso de Graduação em Administração, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal da Paraíba, em cumprimento às Exigências para a Obtenção do Grau de Bacharel em Administração. Orientador: Prof.ª Rita de Cássia de Faria Pereira. João Pessoa – PB Abril de 2008 Ao Professor Orientador_____________________________________-- Solicitamos examinar e emitir parecer no Trabalho de Conclusão de Curso da aluna Rany Augusto Pinheiro. João Pessoa, 18 de abril de 2008. ___________________________ Prof. Rosivaldo de Lima Lucena Coordenador do SESA Parecer do Professor Orientador: ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ _____________________ RANY AUGUSTO PINHEIRO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR GLBT DE BARES DA CIDADE DE JOÃO PESSOA – PB. Trabalho de Conclusão de Curso Aprovado em:__________________. Banca Examinadora ___________________________ Prof.ª Rita de Cássia de Faria Pereira Orientadora __________________________ Prof. André Gustavo Carvalho Machado Examinador ___________________________ Prof. Carlos Eduardo Cavalcante Examinador Dedico este trabalho, com amor, aos meus pais Graça e Benício e a toda minha família. Pessoas essenciais na minha vida e que sempre me apoiaram, sendo participantes fieis tanto dos bons como dos maus momentos, fornecendo sempre apoio nos momentos mais críticos, responsáveis diretos das minhas maiores conquistas. Com sua dedicação e carinho, contribuíram para minha formação acadêmica, mas principalmente na concepção do que hoje sou como pessoa. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, pois sem a sua presença nada disso seria possível. Pela força encontrada nos momentos de oração e a confiança alcançada para enfrentar mais essa etapa da minha vida, com fé. Agradeço aos meus pais que sempre depositaram em mim sua confiança, por seu esforço na minha formação, pela paciência e compreensão durante toda minha vida e principalmente nos momentos mais difíceis. Agradeço à minha Neguinha, minha mãe de coração, quem ajudou na minha formação enquanto pessoa, quem cuidou de mim, desde que era pequenininha, sempre me agüentando nos meus piores momentos, me apoiando quando mais precisava, pelo amor e tempo a mim dedicados. Agradeço às minhas irmãs, de sangue e de coração, Danuta, Glenda e Ramira, peças cruciais do jogo da minha vida, minhas mais sinceras amigas e confidentes, cúmplices de tudo que me acontece, me fornecendo apoio quando preciso, elogios quando mereço e críticas quando necessário, obrigada por serem meu porto seguro. Agradeço aos meus cunhados, Joullyson e Arthur, verdadeiros irmãos, pelo apoio e carinho sempre oferecidos. Agradeço ao meu namorado, Luan, pela paciência, compreensão, carinho e amor dedicados a mim nos momentos mais difíceis que enfrentei nos últimos dias. Agradeço aos meus avôs (in memoriam) e avós, tios e tias, primos e primas, sempre muito próximos e me ensinando o que importa realmente na vida e contribuindo, desde meus primeiros passos, para a minha evolução como indivíduo, como ser humano. Agradeço a todos os mestres, que através dos seus conhecimentos transmitidos contribuíram para a minha formação acadêmica e pessoal. Em especial os professores Márcio Machado, Kátia Ayres e Jailson Ribeiro, por seus ensinamentos e lições de vida. Agradeço em especial à minha estimada orientadora, professora Rita de Cássia de Faria Pereira, por toda dedicação e contribuição na realização desse trabalho, me ajudando em todos os momentos. Agradeço às minhas amigas, Anna Wanessa, Diana, Manuella e Paula, pessoas maravilhosas que tive o prazer de conhecer e conviver ao longo de toda a graduação. Colegas de sala que se tornaram parte integrante da minha vida, minhas alegrias matinais, conselheiras, motivadoras, briguentas, pacientes em ouvir a mesma história inúmeras vezes, capazes de falar ao mesmo tempo e mesmo assim se entenderem, enfim, afetos que eu construí e que pretendo manter por toda minha vida. Agradeço ao meu grande e amado amigo Bruno, por todas as conversas, por todos os momentos de descontração, pelos “puxões de orelha”, pelos conselhos, obrigada por tudo. Agradeço, enfim, aos meus demais amigos e em especial Bia, Hallan e Amanda, que além de serem considerados da família, me auxiliaram no momento da realização da pesquisa. Sempre me fortalecendo quando eu necessitava. Obrigada a todos. “Plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar, que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida.” William Shakespeare RESUMO A presente monografia consiste em uma pesquisa que objetivou caracterizar o comportamento do consumidor GLBT que freqüenta bares na cidade de João Pessoa – PB. A elaboração deste trabalho aconteceu dividindo-o em algumas etapas. Na primeira, foi feita uma revisão da literatura a fim de identificar as variáveis mais importantes no tocante da pesquisa. A importância deste estudo em particular é evidenciada quando Pereira, Ayrosa e Ojima (2005) destacam que cada vez mais a relação entre cultura e consumo tem interessado os estudiosos do comportamento do consumidor e ainda acrescentam que o segmento dos homossexuais é um dos que mais tem crescido no panorama brasileiro. Baseando-se na literatura existente na área de marketing, considera questões como o conceito de marketing; o comportamento do consumidor de forma geral, destacando informações que envolvem o processo de compra, tipos de decisão, influências intrínsecas e extrínsecas; a segmentação do mercado; e o estudo do mercado GLBT; constituindo estes fatores essenciais para qualquer estudo sobre comportamento do consumidor. A partir do arcabouço teórico construído, baseado em importantes autores desta área, um questionário foi elaborado e aplicado, por meio de pesquisa descritiva e quantitativa, numa amostra de 150 clientes de bares, os quais geraram uma base de dados suficientes para o desenvolvimento da pesquisa. A partir dos dados obtidos realizou-se a análise destes e pôde-se chegar a alguns resultados. Pode-se observar, sucintamente, que o público em questão configura um segmento composto por pessoas principalmente do sexo masculino e numa faixa etária mais jovem, favorecendo assim o caráter da pesquisa em virtude da maior freqüência de jovens no setor de bares, escolhido em razão desse estudo. Percebeu-se também um público exigente, que julga importante a maior parte das variáveis consideradas, conforme se verificou a partir da análise, a presença das médias altas na maior parte das questões. Portanto evidencia a relevância do estudo realizado bem como a necessidade de maior número de trabalhos neste sentido, a fim de entender e atender às exigências e necessidades desse público. Palavras-chave: Marketing. Comportamento do consumidor. Segmentação do mercado. Público GLBT. Bares. João Pessoa. LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Ambiente físico...................................................................................... 68 Tabela 2 – Cardápio (comidas e bebidas)............................................................... 70 Tabela 3 – Atendimento........................................................................................... 71 Tabela 4 – Comunicação......................................................................................... 72 Tabela 5 – Custo/benefício...................................................................................... 73 Tabela 5 – Conveniência......................................................................................... 74 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Hierarquia das necessidades de Maslow............................................... 23 Figura 2 – Influência das percepções de valor no comportamento pós-compra..... 26 Figura 3 – Tipos de decisão de compra do consumidor.......................................... 29 Quadro 1 – Dimensões e variáveis da pesquisa..................................................... 53 Figura 4 – Sexo dos respondentes.......................................................................... 57 Figura 5 – Idade dos respondentes......................................................................... 57 Figura 6 – Estado civil dos respondentes................................................................ 58 Figura 7 – Grau de instrução dos entrevistados...................................................... 58 Figura 8 – Renda mensal dos respondentes........................................................... 59 Figura 9 – Confirmação da condição de GLBT assumido ou não........................... 59 Figura 10 – Categoria GLBT do respondente.......................................................... 60 Figura 11 – Bairro dos respondentes...................................................................... 61 Figura 12 – Profissão dos respondentes................................................................. 62 Figura 13 – Freqüência dos respondentes em idas a bares................................... 63 Figura 14 – Dias de freqüência a bares................................................................... 63 Figura 15 – Ocasiões de freqüentar bares.............................................................. 64 Figura 16 – Modo de buscar informações sobre bares........................................... 64 Figura 17 – Pessoas com quem costuma ir a bares............................................... 65 Figura 18 – Formas de pagar a conta..................................................................... 66 Figura 19 – Tempo de freqüência a bares............................................................... 66 Figura 20 – Bar que vai com mais freqüência......................................................... 67 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÂO..................................................................................................... 13 1.1 SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA........................................................................... 14 1.2 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA....................................................................... 16 1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA............................................................................. 18 1.3.1 Objetivo geral................................................................................................ 18 1.3.2 Objetivos específicos................................................................................... 18 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................... 19 2.1 CONCEITO DE MARKETING........................................................................... 19 2.2 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR......................................................... 20 2.2.1 O processo de compra do consumidor...................................................... 21 2.2.1.1 Reconhecimento da necessidade................................................................ 22 2.2.1.2 Busca de informações................................................................................. 23 2.2.1.3 Avaliação das alternativas........................................................................... 24 2.2.1.4 Decisão de compra...................................................................................... 25 2.2.1.5 Avaliação pós-compra................................................................................. 25 2.2.2 Tipos de decisão do consumidor................................................................ 27 2.2.3 Influências intrínsecas e extrínsecas no comportamento do consumidor............................................................................................................ 29 2.3 SEGMENTAÇÂO DO MERCADO..................................................................... 40 2.4 MERCADO GLBT.............................................................................................. 45 2.4.1 Estudos sobre o mercado GLBT................................................................. 48 3 MÉTODO DA PESQUISA.................................................................................... 50 3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA..................................................................... 50 3.2 DEFINIÇÃO DA ÁREA E POPULAÇÃO-ALVO................................................. 51 3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS.................................................. 52 3.4 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE..................................................................... 54 4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS.................................................... 56 4.1 PERFIL DA AMOSTRA..................................................................................... 56 4.2 EXPERIÊNCIAS DE CONSUMO...................................................................... 62 4.3 ATRIBUTOS...................................................................................................... 67 4.3.1 Ambiente físico............................................................................................. 68 4.3.2 Cardápio........................................................................................................ 70 4.3.3 Atendimento.................................................................................................. 71 4.3.4 Comunicação................................................................................................ 72 4.3.5 Custo/benefício............................................................................................. 73 4.3.6 Conveniência................................................................................................ 74 5 CONCLUSÃO....................................................................................................... 75 REFERÊNCIAS........................................................................................................ 79 APÊNDICE............................................................................................................... 85 1. INTRODUÇÃO Na atualidade, as empresas enfrentam o problema da concorrência ocasionada pela busca constante de novas tecnologias, bem como no aumento da qualidade encontrada nos produtos e/ou oferecida nos serviços. Outro fator que contribui no aumento dessa competitividade é a característica do mercado globalizado no qual as empresas se inserem. Conforme comenta Nicola (2004), a realidade vem mudando numa velocidade muito grande e junto com ela muitos dos conceitos aceitos de mercado. Destaca o fato da mudança nas relações do público brasileiro com o consumo, que antes estava habituado a ter poucas, ou menos opções de escolha e acabavam sendo obrigados a aceitar o que lhes era oferecido. Hoje, devido à facilidade de se obter informações, com maiores condições de realizar comparações, com o Código de Defesa do Consumidor, entre outras medidas surgidas para amparar o consumidor, este modificou sua postura, e pode-se imaginá-lo mais informado, consciente e mais exigente. Portanto, é imprescindível que as organizações, com o objetivo de sobreviverem neste contexto, compreendam o mercado, obtenham o conhecimento sobre os principais elementos que o regem, assim como as necessidades e especificidades procuradas pelos consumidores. Neste sentido, o presente trabalho tem por objetivo identificar os principais elementos considerados pelos consumidores, através da análise do comportamento de compra e da caracterização do perfil dos consumidores GLBT de bares. A estrutura do trabalho é inicialmente composta pela situação problemática que motivou a realização do trabalho e pelos objetivos e justificativa da pesquisa. Num segundo momento, tem-se a base do trabalho constituída pelo referencial teórico utilizado para fundamentar o trabalho. Em seguida, tem-se a escolha do método utilizado para a realização do estudo, bem como a apresentação dos instrumentos utilizados para a pesquisa e o método de processamento e avaliação dos resultados. Por último, é oferecida a análise dos resultados obtidos e feitas as considerações finais baseando-se nestes dados. 1.1 SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA Conforme se sabe, as empresas vivem em uma era de competitividade acirrada, buscando adquirir vantagens competitivas umas sobre as outras. Para tanto, é importante manterem-se sempre atualizadas sobre as tendências do mercado no qual estão inseridas, podendo utilizar-se do marketing estratégico, seguindo uma orientação do marketing voltado para o valor. O marketing para o valor traz o cliente como foco principal do seu negócio, ou seja, os profissionais de marketing devem reconhecer que as trocas com os clientes são essenciais para o sucesso das organizações. É importante que estas saibam a relação que seus consumidores têm com seus produtos ou serviços, como os utilizam, como os compram, qual a visão que têm deles. (CHURCHILL; PETER, 2000). As empresas, que antes tinham seu foco voltado, principalmente, para a própria organização, começam a observar alguns fatores externos, com uma abordagem mais direcionada para o mercado, procurando atender as exigências dos seus consumidores e o valor percebido por estes de seus produtos e/ou serviços. Sobre o valor percebido pelo cliente, Woodruff (apud GOLDSTEIN e TOLEDO, 2001, p.2) destaca: por valor do cliente entendemos a perspectiva do cliente de uma organização, seja consumidor final, ou intermediário, ou consumidor industrial, considerando o que o cliente quer e acredita conseguir comprando e usando o produto da organização. Estas organizações começam a compreender que para destacarem-se na disputa por seus clientes precisam conhecer bem seus anseios, assim como as formas de atrair suas atenções, ou seja, seguindo uma orientação voltada para o valor percebido pelo cliente e não mais apenas para outros setores comumente considerados como produção, fatores internos da organização, recursos humanos. Segundo Baker (apud HAMZA; GALHANONE; TOLEDO, 2006, p.3), os produtores têm direito ao lucro e à medida que adicionam maior valor aos seus bens e quanto mais satisfação proporcionarem, mais o consumidor estará disposto a pagar por essa satisfação superior. O comportamento do consumidor que consiste em uma das áreas mais complexas do marketing, por atuar na busca pela compreensão de questões tanto de natureza externa aos clientes, como classe social e cultura; bem como de diversos aspectos intrínsecos a cada indivíduo; mostra-se um estudo relevante na procura por conhecimentos mais amplos acerca do mercado e suas especificidades. Cobra (1997, p.59) enfatiza que: “cada consumidor reage de forma diferente sob estímulos iguais, e isso ocorre porque cada um possuiu uma „caixa preta‟ diferente". “Mais do que nunca, compreender o consumidor é reconhecida como uma necessidade vital não apenas para as empresas, mas para toda a organização que se assuma como orientada para o mercado” (DUBOIS apud VIEIRA, 2004, p.3). As organizações podem dividir seu mercado em segmentos específicos e relativamente homogêneos a fim de focar suas atividades. Esse processo é conhecido como segmentação de mercado. Essa separação é feita com o objetivo de reconhecer quais segmentos de mercado podem atingir de forma mais lucrativa, ou seja, utilizar a segmentação do mercado para identificar grupos com semelhantes desejos, necessidades, percepções de valores, comportamentos. Segundo colocam Churchill e Peter (2000), as organizações podem segmentar um mercado com o objetivo de identificar que grupos de indivíduos têm necessidades e desejos semelhantes e, consequentemente, maior possibilidade de comprar seus produtos ou utilizar seus serviços. Buscando encontrar um diferencial em relação a outras organizações, muitas empresas, hoje em dia, buscam formas de diferenciação dos seus serviços e produtos. Dessa forma, seus produtos serão vistos de maneira única pelos seus consumidores, com características próprias que os diferem dos seus concorrentes. Isso pode ser atingido utilizando a segmentação de mercado, através de certa homogeneidade percebida em cada segmento. Um dos segmentos que tem apresentado grande crescimento no mercado, se lançando na economia brasileira é o da subcultura GLBT, termo utilizado para designar indivíduos de diferentes orientações sexuais, quais sejam: gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros; respectivamente. Apesar da importância deste segmento no mercado, ainda existem poucos estudos no Brasil com o intuito de entender as características específicas deste grupo. Conforme dados de uma pesquisa realizada pelo CENSO GLS (2006) Instituto de Pesquisa e Cultura GLS numa joint-venture entre as empresas GLS Planet e JUMP Pesquisas, em 2006, dezoito milhões de brasileiros eram homossexuais, o que corresponde a 10% da população do país. Tomou-se como base para a presente pesquisa o mercado de bares, ou seja, estabelecimentos do setor de lazer e alimentação “fora do lar”, devido a sua importância para a economia do país, bem como por se tratar de um setor com bastante multiplicidade de instituições existentes. Segundo uma pesquisa realizada pelo Governo Federal, de 353.224 empresas prestadoras de serviço no turismo, 287.021, que corresponde a 81,25% são empresas de alimentação. O segmento recebeu destaque no tocante de maiores receita líquida, número de empresas e totais de empregos e postos de trabalho gerados. (IBGE, 2006) A escolha do setor bem como do público em questão foi feita a partir da importância de uma segmentação que é percebida no setor de bares. O público GLBT é um público bem particular e percebe-se a intenção de alguns bares em segmentar o mercado, em atingir um determinado público-alvo, como forma de diferenciação e vantagem frente aos seus concorrentes. Diante deste contexto, formula-se a questão problemática da pesquisa: Como se caracteriza o consumo do público GLBT de bares de João Pessoa? 1.2 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA Percebe-se atualmente, uma grande preocupação das organizações em desenvolverem estratégias de diferenciação como fator essencial para sua permanência no mercado,assim como de adquirirem vantagens competitivas sobre seus concorrentes, enfatizando-se a importância dos estudos na área de marketing. O marketing é a função dentro de uma organização que busca reconhecer as necessidades e os desejos do consumidor, bem como determinar quais os mercados-alvo que a organização pode melhor servir e a partir de então planejar produtos e programar serviços adequados a esse mercado. Entretanto, o marketing vai mais além de uma função isolada, é uma filosofia que serve de guia para determinada organização. O maior objetivo do marketing é garantir a satisfação do cliente de maneira a atingir lucro para a organização, criando relação de valor com clientes potenciais. (KOTLER, 1999) Empresas de sucesso devem, obrigatoriamente, estar sempre atentas às mudanças do mercado e da sociedade na qual estão inseridas. Através deste monitoramento das tendências do mercado e do comportamento dos seus consumidores, estas organizações podem alinhar e posicionar suas estratégias. Como afirmam Churchilll e Peter (2000), é fundamental que os profissionais de marketing conheçam o que motiva os consumidores a utilizar determinado produto ou serviço, para que assim possam atender a essas motivações. De acordo com Saab (apud SILVA; OLIVEIRA; SPROESSER, 2006, p.18): em todo o mundo, o comportamento do consumidor está passando por uma série de mudanças. O processo de globalização acelera o fluxo de informações entre as pessoas de diferentes países, permitindo que informações sobre os hábitos alimentares e preferências do consumidor se espalhem rapidamente. Diante da importância de se destacar num mercado tão intensamente mutante e com essa facilidade de adquirir informações, a presente pesquisa pretende contribuir para um maior conhecimento do comportamento do consumidor, um tema fundamental na realidade da sociedade e das empresas do setor alimentício, principalmente, diante do crescimento potencial do consumidor GLBT. A escolha deste segmento em particular se deu pelo próprio caráter dessa subcultura, por se tratar de um grupo importante na economia e que ainda não recebeu a devida atenção de algumas organizações. A realização desta pesquisa busca fornecer informações essenciais sobre o perfil do consumidor GLBT e características do seu processo de tomada de decisão, podendo estas serem utilizadas por organizações que demonstrarem interesse em atuar nesse segmento e, mais especificamente, com esse público. Através da presente pesquisa, possuindo importantes informações sobre as necessidades destes consumidores, bem como do que estes consideram no momento de escolha do serviço de um bar ou restaurante, empresas deste setor poderão utilizar esses dados na implantação de uma estratégia voltada para este público, como forma de diferenciação da sua organização. Adquirindo conhecimento do mercado em que atuam, bem como dos critérios valorizados por seus consumidores, as empresas poderão adquirir vantagens competitivas em relação aos seus concorrentes. De acordo com Pereira, Ayrosa e Ojima (2005, p.1): um dos segmentos que mais tem se projetado no cenário brasileiro é o dos homossexuais. Apesar dessa crescente visibilidade, são quase inexistentes os estudos que procuram compreender a forma como os gays interagem com o mundo dos produtos. Considerando o público GLBT, esta pesquisa torna-se relevante por se tratar de um estudo das necessidades de um grupo importante para o mercado estudado, mas que mesmo assim sofre ainda muita discriminação por parte da sociedade como um todo e por algumas organizações. 1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA 1.3.1 Objetivo geral Caracterizar o comportamento do consumidor GLBT de bares da cidade de João Pessoa. 1.3.2 Objetivos específicos 1. Caracterizar o perfil do público GLBT; 2. Caracterizar o processo de tomada de decisão do público GLBT; 3. Identificar motivações de compra do segmento. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A presente pesquisa se fundamentou em estudos e pesquisas de diversos autores a fim de ter uma base sólida para as futuras conclusões. Realizou-se uma revisão da literatura existente sobre os principais aspectos do comportamento do consumidor, bem como da segmentação de mercado e do público e setor em questão. 2.1 CONCEITO DE MARKETING Keegan (2005) salienta que o conceito de marketing vem mudando ao longo dos anos, e que este conceito mudou de forma significante. Uma disciplina que tinhas antes um foco voltado para o produto, na busca da melhor maneira de fabricálo, baseando-se em normas e valores apenas de dentro da organização. Objetivando o lucro maior, acreditava-se que o melhor meio para atingi-lo seria vender ou convencer o cliente potencial a efetuar a troca do seu dinheiro pelo produto da organização. Com a evolução do conceito de marketing, seu foco se transfere do produto para o cliente. Com o objetivo ainda sendo o lucro, o que vem a ser modificado é o meio de atingi-lo, um meio de deixou de ser voltado apenas para a manufatura do produto e incluíram-se outros aspectos importantes, os demais componentes do que forma o composto de marketing, ou seja, os 4Ps, como são conhecidos na disciplina, e que abrangem: produtos, preço, ponto de venda ou distribuição, e promoção, utilizando-se da comunicação. (KEEGAN, 2005) Para Kotler (1994), o marketing consiste em um processo, social e administrativo, por meio do qual as pessoas obtêm aquilo que necessitam e desejam, num processo de criação e troca de produtos e/ou serviços e valores, com outras pessoas. O marketing é definido, pela American Marketing Association (apud CHURCHILL; PETER, 2003, p. 4) como: ”o processo de planejar e executar a concepção, estabelecimento de preços, promoção e distribuição de idéias, produtos e serviços a fim de criar trocas que satisfaçam metas individuais e organizacionais.” 2.2 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Grande parte dos estudos na área de marketing tem sido voltada para uma compreensão de como as pessoas se comportam em relação à compra de produtos [ou à prestação de serviços] e neste sentido buscam identificar tanto aspectos do processo de decisão de compra, bem como as variáveis que influenciam e/ou interferem nesse processo. São então construídos processos operacionais de marketing com o intuito de atender ao consumidor bem como indicar novas oportunidades de mercado e aumentar a lucratividade das organizações. (VIEIRA, 2001) Segundo Kotler (2000, p.182), “o campo do comportamento do consumidor estuda como pessoas, grupos e organizações selecionam, compram, usam e descartam artigos, serviços, idéias ou (1997), o experiências para satisfazer suas necessidades e seus desejos.” Como destaca Cobra comportamento humano deve ser compreendido, principalmente, através de uma análise de suas necessidades. Já na visão de Sauerbronn e Ayrosa (2002), o comportamento do consumidor é um dos campos mais complexos da teoria de marketing, fato explicado pelo envolvimento de diversas áreas do conhecimento humano – psicologia, sociologia, antropologia – no estudo desta questão. Para Lamb, Hair e MacDaniel (2004), o comportamento do consumidor consiste em entender como acontece a decisão de compra por parte dos consumidores e como eles utilizam e se desfazem de mercadorias e/ou serviços. Porém, esse estudo também diz respeito à compreensão dos fatores que influenciam essa decisão de compra e de utilização do produto. Sauerbronn e Barros (2005) nos seus estudos destacam que considerando-se a troca como principal elemento do conceito de marketing, bem como o fato de as trocas envolverem em sua natureza relações de valores, torna-se indispensável entender a essência e os tipos de valores obtidos pelos clientes no momento do consumo. Esta percepção torna-se questão central na pesquisa de marketing, ao passo que permite contemplar um fator importante do fenômeno de consumo, que é a conexão das relações entre valores pessoais do consumidor e a forma como valorizam produtos. 2.2.1 O processo de compra do consumidor Considerando estudos de Churchill e Peter (2003), entende-se que o processo de decisão de compra de do consumidor envolve cinco etapas, a saber: (1) reconhecimento da necessidade, (2) busca de informações, (3) avaliação das alternativas, (4) decisão de compra e (5) avaliação pós-compra. Vale também destacar que este processo ainda é influenciado por outros fatores sociais, de marketing e situacionais. Para Lamb, Hair e MacDaniel (2004), essas etapas representam, de forma geral, um processo que o consumidor percorre desde o momento que reconhece a necessidade de obter um produto ou serviço até a sua avaliação após a compra. Ainda segundo Lamb, Hair e MacDaniel (2004), é importante lembrar que as decisões dos consumidores podem não seguir todas as etapas deste processo, bem como o consumidor poderá encerrar este processo no momento em que desejar, podendo até mesmo não chegar a efetuar a compra. Engel, Blackwell e Miniard (2000), consideram mais etapas para este processo que os autores acima citados. Nos seus estudos defendem que o consumidor realiza sua tomada de decisão em alguns estágios, quais sejam: reconhecimento de necessidade; busca de informação; processamento de informação; avaliação de alternativa pré-compra; compra; consumo e avaliações de alternativa pós-consumo; despojamento. Na construção deste referencial teórico, utilizou-se a definição de Lamb, Hair e MacDaniel (2004), com a estrutura do processo de compra em cinco etapas que serão posteriormente detalhadas. No entanto, em virtude da pesquisa só serão utilizadas as quatro primeiras dimensões destes autores. 2.2.1.1 Reconhecimento da necessidade Conhecido como o primeiro estágio do processo de decisão do consumidor, pode ser identificado quando o consumidor percebe um desequilíbrio entre aquilo que possui e aquilo que deseja (LAMB; HAIR; MACDANIEL, 2004). De acordo com Churchill e Peter (2003), esse reconhecimento de uma necessidade pode se originar tanto de um fator interno como de um estímulo externo. Os consumidores percebem que têm uma necessidade e o impulso interior para atendê-la é conhecido como motivação, logo, os profissionais de marketing precisam conhecer quais fatores motivam seus consumidores para que possam satisfazer essas motivações. (CHURCHILL; PETER, 2003) Ainda sobre reconhecimento de necessidades, é essencial o estudo da teoria de Maslow, psicólogo alemão, que criou um modelo que ficou conhecido como hierarquia das necessidades de Maslow. Maslow afirmou que aquilo que motiva as pessoas não são as necessidades não atendidas e que as pessoas satisfazem algumas necessidades básicas antes de se sentirem motivadas a satisfazer outras. Os desejos das pessoas podem ser ordenados numa hierarquia de cinco necessidades, e ao passo que um indivíduo atinge suas necessidades em cada nível dirige-se aos níveis mais altos. (CHURCHILL; PETER, 2003; KEEGAN, 2005) Segundo afirmam Churchill e Peter (2003, p.147), de acordo com a teoria de Maslow, as pessoas tentam primeiro satisfazer as necessidades da base da hierarquia – necessidades fisiológicas, como de alimento e descanso. Quando as necessidades das categorias inferiores são satisfeitas, as pessoas movem-se para o entendimento das necessidades de categorias superiores, como de segurança, sociais, estima e auto-realização. Esta afirmação pode ser mais bem compreendida com a Figura 1 que ilustra a as necessidades consideradas por Maslow na sua ordem hierárquica. Figura 1: Hierarquia das necessidades de Maslow. Fonte: Churchill e Peter (2000, p.147) Outro importante conceito sobre motivação das pessoas no momento do consumo é o de necessidades utilitárias ou hedônicas. Ainda segundo Churchill e Peter (2003), as necessidades utilitárias estão relacionadas a funções básicas e busca por benefícios materiais, encontrando-se uma tendência nas pessoas quando satisfazem essas necessidades, de serem mais racionais nas suas escolhas. Se tratando das necessidades hedônicas, correspondem a necessidades relacionadas ao desejo de prazer e auto-expressão, observando-se uma tendência mais emocional no momento da satisfação dessas necessidades. Neste primeiro momento do processo de compra, os profissionais do marketing podem influenciar os consumidores a enxergar as suas necessidades e despertar, ou até mesmo criar um desejo de compra de determinado produto ou utilização de um serviço. E um importante instrumento utilizado neste sentido é o uso da pesquisa sobre as preferências do consumidor, destacando seus desejos e necessidades. (CHURCHILL; PETER, 2003; LAMB; HAIR; MACDANIEL, 2004) 2.2.1.2 Busca de informações O momento posterior ao reconhecimento das necessidades é a procura por informações acerca das mais diversas alternativas disponíveis para satisfazer suas vontades. Esta busca pode acontecer internamente, externamente ou de ambas as formas. A busca é interna quando o consumidor faz um resgate em sua memória à procura de informações armazenadas, que se originam principalmente de experiências passadas com um produto ou serviço. A busca externa ocorre através de pesquisa de informações no ambiente externo, informações estas que podem vir de fontes controladas pelo marketing – publicidade, propagandas, promoção de um produto – ou de fontes não controladas por ele – informações que não estão associadas às mensagens promocionais de um produto ou serviço (LAMB; HAIR; MACDANIEL, 2004). Entretanto, Churchill e Peter (2003) são mais específicos nessa definição de quais são as fontes disponíveis para a procura de informações e defendem que considerando-se o grau de experiência que o consumidor tem em satisfazer determinado tipo de necessidade, sua busca de informações pode ocorrer em cinco fontes básicas, quais sejam: (a) fontes internas, onde as informações se encontram na memória das pessoas; (b) fontes de grupos, aqui, os consumidores podem consultar outras pessoas, como seus amigos e familiares; (c) fontes de marketing, que consiste na obtenção de informações contidas nas ações de marketing; (d) fontes públicas, correspondendo a fontes independentes dos profissionais de marketing, podendo ser artigos na mídia, estudos de outras organizações, entre outros; e (e) fontes de experimentação, quando os consumidores experimentam o produto ou serviço antes de efetivamente comprá-los. 2.2.1.3 Avaliação das alternativas Após serem coletadas as informações, os consumidores identificam as maneiras de satisfazerem suas necessidades e desejos. O consumidor seleciona um conjunto de produtos alternativos, ou seja, as suas alternativas preferidas, baseado na decisão de quais características ou recursos são importantes e qual destes recursos ou características cada uma destas alternativas apresenta. (LAMB; HAIR, MACDANIEL, 2004; CHURCHILL; PETER, 2003) 2.2.1.4 Decisão de compra Depois de colhidas as informações e avaliadas as alternativas, os consumidores irão efetuar a compra, ou seja, tomar a decisão de qual produto comprar ou qual serviço utilizar. Segundo Churchill e Peter (2003, p. 150), “os consumidores podem agir rapidamente, em especial se o produto estiver em liquidação, desistir da compra se nenhuma das opções identificadas de fato satisfazer suas necessidades e desejos ou podem adiar a compra se decidirem economizar dinheiro.” Se a decisão do consumidor for a de efetuar a compra, podese prosseguir para a última fase do processo de compra, a avaliação pós-compra. 2.2.1.5 Avaliação pós-compra Os consumidores adquirem um produto ou utilizam um serviço e logo após avaliam, formal ou informalmente o resultado desta escolha. De forma geral, eles verificam se suas necessidades e desejos foram atendidos. Entendido isto, essa fase é essencial para os profissionais de marketing, pois, se um consumidor tem uma boa imagem de determinada marca, pode desenvolver lealdade a esta, bem como podem indicar esta marca a amigos e familiares. (CHURCHIIL; PETER, 2003) Segundo Churchill e Peter (2003), ao passo que os consumidores ficarem mais satisfeitos, maior é a probabilidade de utilizarem novamente os produtos ou serviços, podendo até mesmo tornarem-se leais à marca, e aumentando assim a possibilidade da organização detentora da marca estabelecer um relacionamento a longo prazo com seus clientes. O contrário também pode ocorrer, estando o consumidor insatisfeito, buscará novas informações e outras marcas para consumir. Fator que pode ser melhor compreendido na Figura 2 que segue. Figura 2: Influência das percepções de valor no comportamento pós-compra. Fonte: Churchill e Peter (200, p. 151) Segundo Lamb, Hair e MacDaniel (2004), os consumidores escolhem produtos e serviços e esperam alguns resultados na sua aquisição, Logo, à medida que essas expectativas são ou não atendidas é que vai determinar se o consumidor está ou não satisfeito com sua decisão de compra. Ainda segundo Lamb, Hair e MacDaniel (2004, p.132), “um importante elemento de qualquer avaliação póscompra é a redução de quaisquer dúvidas do consumidor quanto ao fato de a decisão ter sido bem tomada.” Quando os consumidores percebem uma divergência entre seus valores e opiniões e seu comportamento, tendem a sentir uma tensão interna conhecida como dissonância cognitiva. (LAMB; HAIR; MACDANIEL, 2004). Cobra (1997, p.42) destaca, “uma pessoa pode mudar sua opinião, pode mudar seu comportamento através da mudança de informações sobre ela, e pode ainda distorcer sua percepção e sua informação sobre o mundo que a cerca.” Logo, é importante para os profissionais de marketing compreender, da melhor maneira possível, as motivações dos seus consumidores, através de uma comunicação efetiva com estes consumidores, a fim de conhecer também se estes estão realmente satisfeitos com as escolhas que tomaram. (COBRA, 1997; LAMB; HAIR; MACDANIEL, 2004) 2.2.2 Tipos de decisão do consumidor Kotler (1994) assim como Churchill e Peter (2003), defendem a idéia de que a tomada de decisão do consumidor varia de acordo com o tipo de compra que vai efetuar, ou seja, segundo a importância da compra em questão. Tornando-se importante, portanto, que as organizações pesquisem o processo de decisão de compra que envolve a categoria do seu produto. Churchill e Peter (2003) e Lamb, Hair e MacDaniel (2004) concordam que, de uma maneira geral, há três tipos de tomadas de decisão dos consumidores, que são: (a) tomada de decisão rotineira; (b) tomada de decisão restrita ou limitada; e (c) tomada de decisão ampla ou extensiva. a) Tomada de decisão rotineira Consiste no tipo de decisão que ocorre, na maioria das vezes, na compra de produtos ou serviços simples, geralmente comprados com maior freqüência. (CHURCHILL; PETER, 2003; LAMB; HAIR; MACDANIEL, 2004) Ainda de acordo com Lamb, Hair e MacDaniel, é importante destacar que neste tipo de decisão as mercadorias e serviços podem ser chamados de produtos de baixo envolvimento, fato explicado pelo pouco tempo gasto pelo consumidor na busca e avaliação de informações antes da decisão de compra. Churchill e Peter (2003, p.152) observam que “a tomada de decisão rotineira costuma envolver a consideração de uma ou poucas marcas, a comparação entre elas em termos de uma ou poucas características (como preço, cor ou velocidade de entrega) e minimização dos custos de compra.” Para Lamb, Hair e MacDaniel (2004, p.133) “consumidores engajados em decisões rotineiras não reconhecem a necessidade do produto até que seja exposto à publicidade ou o vejam exposto em uma prateleira da loja.” Afirmação que explica a importância da atuação dos profissionais de marketing neste sentido de “chamar” a atenção para estes tipos de produtos e serviços. b) Tomada de decisão limitada ou restrita O processo de decisão restrita ou limitada ocorrerá caracteristicamente no momento em que o consumidor tiver experiência com o produto, porém não se encontrar familiarizado com outras marcas atuais disponíveis (LAMB; HAIR; MACDANIEL, 2004). Churchill e Peter (2003) defendem que os consumidores neste tipo de tomada de decisão, consideram várias marcas e comparam algumas características dos produtos, podendo obter informações sobre o produto de diversas fontes. c) Tomada de decisão ampla ou extensiva Tipo de tomada de decisão geralmente utilizada quando se trata de produtos de maior valor, mais complexos, pouco conhecidos no mercado, ou apenas produtos de grande significado para os consumidores. É um processo importante para o consumidor e exige maior grau de envolvimento e tempo disponível deste na busca de grande número de informações sobre o produto bem como na análise das alternativas disponíveis, que neste tipo de tomada de decisão apresentam-se em maior número, devida a importância da compra. (CHURCHILL; PETER, 2003; LAMB; HAIR; MACDANIEL, 2004) Lamb, Hair e Macdaniel (2004) ainda acrescentam que os produtos e/ou serviços podem ser mais bem descritos nessas categorias em termos de cinco fatores: nível de envolvimento do consumidor, tempo para tomar a decisão, custo da mercadoria ou serviço, grau de busca de informações e número de alternativas consideradas. Fatores que se encontram ilustrados na Figura 3: Figura 3: Tipos de decisão de compra do consumidor. Fonte: Lamb, Hair e MacDaniel (2004, p. 133) 2.2.3 Influências intrínsecas e extrínsecas no comportamento do consumidor Autores diversos concordam na afirmação de que diversos são os fatores que exercem influência sobre os consumidores. Entres esses fatores estão os de natureza cultural, social, fatores individuais, psicológicos, fatores do ambiente bem como aqueles relacionados ao composto do produto. (KOTLER, 1994; CHURCHILL; PETER, 2003; LAMB; HAIR; MACDANIEL, 2004; COBRA, 1992) Neste sentido, percebe-se que o comportamento do consumidor pode ser influenciado tanto por fatores de natureza intrínseca de cada indivíduo, como por fatores extrínsecos, referentes ao ambiente em que se encontram. Em virtude da presente pesquisa, foi feita uma classificação desses fatores, baseando-se em estudos de Medeiros e Cruz (2006). a) Fatores culturais Segundo Kotler e Keller (apud Medeiros; Cruz, 2006), fatores culturais consistem nos fatores que exercem maior grau de influência sobre os consumidores e, encontram-se divididos em três categorias: cultura, subcultura e classe social. Cultura Segundo Cobra (1992, p. 204), “a cultura é a mais importante determinante dos desejos de compra de uma pessoa.” Lamb, Hair e MacDaniel (2004, p.138) ratificam essa afirmação quando destacam que “os fatores culturais exercem a mais ampla influência sobre o comportamento de consumo e a tomada de uma pessoa.” Lamb, Hair e MacDaniel (2004) classificam como elementos da cultura, fatores como valores, crenças, idioma falado, costumes, ou seja, componentes que definem o comportamento de uma sociedade, e que é transmitido de geração em geração. Ainda na visão destes autores, a cultura “engloba todas as coisas que os consumidores fazem sem escolha consciente porque seus valores, costumes e rituais culturais estão arraigados em seus hábitos diários”. (LAMB; HAIR; MACDANIEL, 2004, p.138) Churchill e Peter (2003) destacam que devido à importância da cultura como fator de influencia nas decisões dos consumidores, os profissionais do marketing tem maior chance de obterem sucesso quando agradam aos valores culturais dos seus mercados-alvo. Subcultura Cobra (1992), Kotler (1994), Churchill e Peter (2003) e Lamb, Hair e MacDaniel (2004) entendem a subcultura como sendo um segmento com características mais homogêneas dentro da cultura geral. São segmentos “dentro de uma cultura que compartilham valores e padrões de comportamento distintos que diferem dos pertencentes à cultura geral” (BENNET apud CHURCHILL; PETER, 2004, p. 156). Existem basicamente quatro tipos de subcultura, que são conhecidos por: grupos de nacionalidade, grupos religiosos, grupos raciais e áreas geográficas. (KOTLER, 1994) Segundo Churchill e Peter (2003), é essencial ter em mente que quando as subculturas são identificadas, os profissionais de marketing caracterizam valores e interesses gerais para esse segmento, como uma espécie de padronização, o que não vai implicar que todos os indivíduos destes agrupamentos necessariamente se encaixem neste padrão. Classe social De acordo com Kotler (1994, p. 210), as classes sociais “são divisões relativamente homogêneas e permanentes de uma sociedade, organizada hierarquicamente, e cujos membros compartilham valores, interesses e comportamento similar.” Lamb, Hair e MacDaniel (2004, p.145 e 146) concordam e complementam afirmando que “é um grupo de pessoas consideradas igualmente em status ou estima, que se relacionam regularmente, tanto formal como informalmente, e que compartilham normas comportamentais.” Kotler (1994) apresenta algumas características importantes relacionadas a classes sociais, como por exemplo, pessoas pertencentes à mesma classe social comportam-se de maneira mais similar que pessoas de classes sociais distintas; indivíduos podem ser notados como ocupantes de posições inferiores e superiores dependendo da classe social à qual pertencem; a classe social de uma pessoa é determinada por uma série de fatores, tais como ocupação, renda, educação, valores; e as pessoas podem alternar entre uma ou outra classe social ao longe de sua vida. b) Fatores sociais Segundo Kotler (1994), o comportamento do consumidor é também influenciado por aspectos sociais, tais como grupos de referência, família, papéis e posições sociais. Grupos de referência Além de compartilhar os valores da cultura, das subcultura e da classe social, os consumidores ainda consideram opiniões de alguns grupos de pessoas conhecidos como grupos de referência (CHURCHILL; PETER, 2004). Podem ser entendidos como qualquer grupo de indivíduos que exerçam influência sobre a decisão dos consumidores, seja esta influência direta ou indireta. (KOTLER, 1994) Esta influência pode acontecer, principalmente, não porque os grupos de referência impõem a decisão aos consumidores, e sim pelo respeito que os consumidores têm em relação à opinião dos membros desses grupos. (CHURCHILL; PETER, 2003). De acordo com Kotler (1994), existem os grupos primários, formados por indivíduos que se encontram num maior grau de aproximação com os consumidores, como a família, os amigos, vizinhos, resultando em relações mais informais. E existem também os grupos secundários, que tendem a ser mais formais e ter uma interação menos contínua, como os grupos religiosos, sindicatos, associações. Ainda segundo Kotler (1994), existem os grupos de dissociação e os grupos de aspiração. Estes são entendidos como grupos aos quais o individuo gostaria de pertencer, já aqueles são grupos com valores ou comportamentos que o indivíduo rejeita. Vale salientar que os grupos de referência apresentam maior influência nos consumidores quando estes não estão muito familiarizados com o produto e reconhecem o grupo de referência confiável, atraente. (CHURCHILL; PETER, 2003) Família A família é considerada um dos grupos de referência de maior influência sobre as pessoas e seu comportamento de compra. (COBRA, 1992; KOTLER, 1994; CHURCHILL; PETER, 2003; LAMB; HAIR; MACDANIEL, 2004) Conforme Lamb, Hair e MacDaniel (2004), a família é responsável pelo chamado processo de socialização, termo usado para designar a forma como são transmitidos os valores e normas culturais para as crianças. Destaca ainda, que as crianças aprendem observando o os padrões de consumo dos seus pais e tendem a comprar de modo similar. Churchill e Peter (2003) destacam que os profissionais de marketing, cientes da importante influência da família nas decisões de compra dos consumidores, procuram identificar quais membros da família tomam e influenciam decisões de compra e que tipos de decisões de compra estão relacionados a cada estágio do ciclo de vida da família. Ainda dentro de grupos de referência, pode-se encaixar a influência dos líderes ou formadores de opinião. São pessoas que, geralmente consumem antes o produto ou serviço e influenciam outras pessoas em suas escolhas. O processo de identificação de um líder de opinião não consiste em algo fácil, por tratar-se de um fenômeno pessoal e praticamente imperceptível. (LAMB; HAIR e MACDANIEL, 2004) Papéis e posições sociais Conforme Kotler (1994), as pessoas pertencem a grupos diversos no curso de suas vidas, como família, grupos de amigos, associações; e em cada um desses grupos os indivíduos exercem uma função ou papel. Cada papel traz em si uma função social, que irá refletir a opinião geral que é dada pela sociedade. Ainda segundo Kotler (1994, p. 214) “as pessoas escolhem produtos que comunicam seu papel e função na sociedade.” c) Fatores pessoais Medeiros e Cruz (2006) definem os fatores pessoais como aspectos relacionados com a individualidade de cada ser, pelas experiências que cada um vive, pelo momento em que estão vivendo de suas vidas, aspectos que acabam interferindo no seu comportamento de consumo. Cobra (1992), Kotler (1994), Lamb, Hair e MacDaniel (2004) concordam, afirmando que as pessoas podem ser influenciadas por aspectos de natureza individual, pessoal, características de cada indivíduo, tais como: idade e fase de vida em que se encontram sexo, ocupação, condições econômicas, estilo de vida, personalidade e auto-estima. Idade O comportamento do consumidor transforma-se à medida que este evolui no seu ciclo de vida. As pessoas variam produtos e serviços que elas consumem ao longo do curso de suas vidas. As preferências dos consumidores estão também relacionadas às suas idades. Portanto, os profissionais de marketing devem estar sempre atentos para adaptarem seus produtos e serviços ou criarem outros mais adequados a cada etapa do ciclo de vida do consumidor (COBRA, 1992; KOTLER, 1994; LAMB; HAIR; MACDANIEL, 2004). Sexo De acordo com Lamb, Hair e MacDaniel (2004), o sexo é um fator que também exerce influência sobre o comportamento do consumidor. Homens e mulheres mostram interesses e preferências distintos, bem como apresentam diferentes tipos de necessidades, explicadas pelas diferenças psicológicas entres os sexos. Ocupação Cobra (1992) e Kotler (1994) concordam na afirmação de que o padrão de consumo de uma pessoa é influenciado pelo tipo de trabalho que exerce, ou seja, por sua ocupação. Para explicar que diferentes tipos de ocupação podem conduzir a diferentes tipos de comportamento de consumo das pessoas, Cobra (1992, p. 210) exemplifica: “um operário consome roupas, alimentos, sapatos e recreação diferentemente de um executivo, por exemplo.” Condições econômicas As condições econômicas das pessoas podem ser compreendidas pelo conjunto que envolve sua renda disponível, poupança, patrimônio e crédito, condições de crédito, atitudes em relação às despesas. Esses aspectos são importantes por afetarem, de forma direta, o comportamento do consumidor, com base nos estudos de Kotler (1992) e Medeiros e Cruz (2006). Estilo de vida Segundo Kotler (1994, p. 215), “estilo de vida da pessoa é o padrão de vida expresso em suas atividades, interesses e opiniões.” Ainda conforme Kotler (1994), o estilo de vida reflete a pessoa de forma completa, identificando seu modo de ser, de agir, de lidar com as relações do ambiente no qual se insere. Para Lamb; Hair e MacDaniel (2004), se tratando de estilo de vida é importante destacar o uso da psicografia, que consiste em uma técnica analítica utilizada para examinar os estilos de vida dos consumidores bem como classificálos. Ainda segundo Lamb, Hair e MacDaniel (2004, p.157), “a análise psicográfica e de estilo de vida é voltada explicitamente para a maneira como os consumidores expressam externamente seu eu íntimo em seu ambiente social e cultural.” As características do estilo de vida dos indivíduos constituem ferramentas essenciais na segmentação de um mercado e escolha de um público-alvo e muitas empresas têm feito uso dessa técnica para melhor compreender seu segmento de mercado. (LAMB; HAIR e MACDANIEL, 2004) Cobra (1992, p. 211) destaca que “é preciso pesquisar para identificar agrupamentos de consumidores com estilos de vida semelhante, que possam ter hábitos de consumo razoavelmente iguais.” De forma mais completa, Boyd e Levy (apud KOTLER, 1994) afirmam: marketing é um processo em que os consumidores são partes de um mosaico potencial, a partir do qual eles, como artistas de seus próprios estilos de vida, podem escolher peças cuidadosamente para desenvolver um conjunto que parece ser o melhor. O homem de marketing que considera os seus produtos desta forma, procurará entender as posições e relações potenciais conforme os estilos de vida do consumidor e, desta forma, aumentar o número de maneiras que os encaixe, significativamente, nos padrões. Personalidade Conforme Cobra (1992), existem diversas teorias sobre personalidade, e muitas destas complexas e subjetivas. Mas conceitua a personalidade como um código individual de comportamentos, atitudes e escala de valores que distinguem os indivíduos uns dos outros. Richers (1984, p.49) afirma que “a personalidade de um indivíduo é composta de uma multiplicidade de componentes que incluem valores, atitudes, crenças, motivos, intenções, preferências, opiniões, interesses, preconceitos e normas culturais”. Kotler (1994) defende que a personalidade pode ser uma variável útil no estudo do comportamento do consumidor desde que os tipos de personalidade possam ser identificados e que sejam percebidas ligações significativas do tipo de personalidade com a escolha do consumidor. d) Fatores psicológicos Lamb, Hair e MacDaniel (2004, p.157) definem as influências psicológicas como ”ferramentas que os consumidores utilizam para reconhecer seus sentimentos, obter e analisar informações, formular idéias e opiniões e executar ações.” Conforme Cobra (1992), Kotler (1994), Lamb, Hair e MacDaniel (2004), os consumidores podem ser influenciados por quatro fatores psicológicos principais: percepção, motivação, aprendizado e crenças e atitudes. Percepção A percepção pode ser definida como “o processo pelo qual as pessoas selecionam, organizam e interpretam estímulos em um quadro significativo e coerente.” (LAMB; HAIR e MACDANIEL, 2004, p.157) Ainda segundo os autores, a percepção é a forma como os indivíduos respondem aos mais diversos estímulos a que são expostos no ambiente onde vivem. As pessoas apresentam diferentes respostas aos estímulos, mesmo que sejam submetidas ao mesmo estímulo, em situações idênticas; concluindo-se que cada indivíduo tem sua maneira de perceber uma determinada situação. (KOTLER, 1994). Gade (1998) e Depexe e Petermann (2007) concordam quando afirmam que a percepção não é apenas uma mera observação de um estímulo do ambiente, mas sim que depende das características dos estímulos, do contexto no qual estão inseridos, bem como de características do próprio indivíduo, como valores, cultura experiências passadas e de como essas percepções estão integradas. Motivação Conforme Kotler (1994), as pessoas têm diversas necessidades que podem ser de natureza fisiológica, como sede, fome, bem como de natureza psicológica, onde se encaixam as necessidades relacionadas a estados psicológicos como reconhecimento, auto-estima. O autor define que um motivo, ou impulso, existe quando uma necessidade é suficientemente importante para levar o consumidor a agir. Para Cobra (1992, p. 221), motivação, que vem do latim movere que significa mover, pode ser definida como “uma força que move um indivíduo a optar por caminhos de satisfação e necessidades.” Novamente, utiliza-se o conceito da hierarquia das necessidades de Maslow, considerado importante na visão de Lamb, Hair e MacDaniel (2004) à medida que vem classificar as necessidades das pessoas em ordem de importância. Aprendizado O comportamento do consumidor pode ser modificado pelo aprendizado advindo de experiências passadas. (COBRA, 1992; KOTLER, 1994; LAMB, HAIR; MACDANIEL, 2004) Ainda de acordo com Cobra (1992) e Kotler (1994), o aprendizado de uma pessoa é produzido da interação entre estímulos, respostas e reforço, ou seja, as pessoas percebem um estímulo, têm um impulso para realizá-lo; obtém as repostas destes impulsos, que podem ser as decisões de consumir ou não determinadas produto ou serviço; e obter um reforço após o consumo. Lamb, Hair e MacDaniel (2004) salientam que este reforço pode acontecer tanto de forma positiva como de forma negativa, que vai depender da satisfação das necessidades dos consumidores no momento posterior à compra. Se não existirem nem reforços positivos, nem reforços negativos, os consumidores não se estarão motivados a repetir ou evitar o mesmo padrão de comportamento. Segundo destaca Kotler (1994, p. 222), “a importância da teoria de aprendizado para os homens de marketing é que eles podem estabelecer a demanda de um produto ao associá-lo com fortes impulsos, usando sugestões motivadoras e fornecendo reforços positivos.” Crenças e atitudes As pessoas adquirem suas crenças e atitudes através das suas ações e seus aprendizados, sendo, portanto, fatores que influenciam seus comportamentos de compra. (COBRA, 1992; KOTLER, 1994) Para Lamb, Hair e MacDaniel (2004, p. 164), “uma crença é um padrão organizado de conhecimento em que o indivíduo se baseia para definir o que é verdadeiro sobre o mundo.” Já na visão de Cobra (1992) e Kotler (1994), uma crença é um pensamento que influencia uma pessoa a respeito de alguma coisa. Lamb, Hair e MacDaniel salientam que essas crenças podem se basear em conhecimentos próprios, boatos, fé, e acabam por criar uma imagem da marca, que pode ser entendida como um conjunto de crenças sobre determinada marca. A imagem que os consumidores têm de uma marca vai guiar a sua decisão de compra, ou seja, vai influenciar a atitude do consumidor (LAMB, HAIR; MACDANIEL, 2004). Kotler (1994, p. 223) descreve atitude como “a resistência de uma pessoa, favorável ou desfavorável, às avaliações cognitivas e emocionais e tendências de ação, acerca de alguns objetos e idéias.” Conforme Kotler (1994), as atitudes levam as pessoas a agir de forma razoavelmente consolidada em relação a objetos semelhantes, ou seja, economizam tempo e pensamento por não terem mais que reagir e interpretar cada objeto de modo diferente, estabelecendo-se um padrão consistente de consumo. Logo, as organizações obteriam mais vantagem procurando encaixar seus produtos e serviços em atitudes já existentes dos consumidores ao invés de tentar modificar as atitudes dos consumidores. Para Lamb, Hair e MacDaniel (2004), a análise do comportamento de consumidor e dos fatores que o influenciam é essencial para a identificação dos mercados-alvo e para a projeção de compostos de marketing efetivos. Kotler (1994, p. 223 e 224), salienta: a decisão de compra de uma pessoa é o resultado de uma complexa interação de fatores culturais, sociais, pessoais e psicológicos. Muitos destes fatores não podem ser influenciados pelo homem de marketing. Contudo, eles são úteis, para identificar os compradores que poderiam ter maior interesse no produto. Outros fatores estão sujeitos à influência do homem de marketing e o sugestionam sobre como desenvolver o produto, o preço, a distribuição e a promoção, para atrair uma resposta mais forte do consumidor. Segundo Elliott (apud SAUERBRONN; BARROS, 2005), no momento em que o indivíduo consome um produto ou serviço ele tem a oportunidade de estabelecer, manter e compartilhar sua identidade e os seus significados sociais. Neste sentido, identifica-se o uso do consumo como fonte para criação de sentidos envolvendo tomada de decisões que são suficientemente importantes para serem classificadas como existenciais. Para Vieira (2001) na tentativa de entender como as pessoas se comportam em relação à compra de produtos [ou utilização de serviços], a teoria de marketing procura estudar o processo de decisão de compra, de um lado, bem como busca identificar as variáveis que influenciam nesse processo. Há um grande número de estudos voltados para a elaboração de estratégias de marketing que visem atender o consumidor e ao mesmo tempo criar oportunidades de mercado bem como aumentar a lucratividade das organizações. 2.3 SEGMENTAÇÃO DO MERCADO Lamb, Hair e MacDaniel (2004) conceituam mercado como sendo composto por indivíduos ou organizações, necessidades ou desejos, recursos e intenção de comprar; e diz ainda que se não existir um só desses fatores, não se trata, portanto, de um mercado. Churchill e Peter (2003, p.204) trazem o conceito de mercado, de forma mais resumida, como constituído de “indivíduos ou organizações com o desejo e a capacidade de comprar bens e serviços.” Autores como Cobra (1992), Kotler (1994), Churchill e Peter (2003), Lamb, Hair e MacDaniel (2004) e Keegan (2005) concordam com a importância de se ter um mercado dividido, segmentado. Esse conceito tem evoluído ao longo dos anos e muitas organizações o seguem, hoje em dia. Essa evolução de pensamento pode ser explicada pela compreensão de que a utilização de estratégias de marketing de massa envolve um grande número de consumidores com muitas diversidades entre suas exigências e comportamentos de compra. Ao passo que a organização volta suas atenções para segmentos mais homogêneos dentro do mercado global, como características, vontade e comportamentos mais similares, pode conseguir satisfazer de forma mais eficiente esse público e obter vantagens competitivas em relação a seus concorrentes. Lamb, Hair e MacDaniel (2004) salientam que as empresas segmentam seus mercados devido a três motivos, principalmente, quais sejam: a identificação e análise das características e comportamento de compra de grupos de clientes com necessidades similares; obtenção de informações essenciais para a projeção do composto de marketing que atenda às particularidades e desejos de um ou mais segmentos; e, sendo consistente com o conceito de marketing, a satisfação das necessidades dos consumidores, bem como o alcance dos objetivos da organização. Segundo Keegan (2005, p.156), “a segmentação de mercado é o esforço de identificar e categorizar grupos de clientes e países de acordo com várias características.” Bennett (apud Keegan, 2005) completa essa definição e descreve a segmentação como: o processo de subdividir um mercado em vários subconjuntos de clientes que se comportam de maneira semelhante ou tenham necessidades similares. Cada subconjunto pode ser escolhido como um alvo de mercado a ser atingido com uma estratégia específica de marketing. O processo começa com uma base de segmentação – um fator específico ao produto que reflita as diferenças de exigências ou de resposta às variáveis de marketing por parte dos clientes. Como exemplos de variáveis de segmentação, podemos citar: comportamento de compra, uso, benefícios pretendidos, intenções, preferências ou fidelidade. Kotler (1994) descreve o processo de segmentação ocorrendo em três etapas principais: (1) a segmentação propriamente dita, o ato de dividir o mercado em grupos distintos de compradores que podem exigir diferentes mix de produtos; (2) a escolha de estratégias que atraiam os segmentos nos quais escolha atuar; e (3) o posicionamento do produto, oferecer um posicionamento competitivo vantajoso para a empresa e oferecê-lo a cada mercado-alvo. Segundo Furrier e Serralvo (2006, p.3), defensores do posicionamento como ferramenta de estratégia utilizam-se de argumentos de contexto (vantagem competitiva), de benefícios (diferenciação) e de desempenho (rentabilidade) para justificar a relevância do tema. Os enfoques de posicionamento estratégico, de marcas, de produtos/serviços e de composto de marketing misturam-se nesses três eixos de relevância, de acordo com a apropriação do conceito. Os profissionais de marketing utilizam variáveis específicas para segmentar um mercado. Podem utilizar apenas uma, que torna a segmentação mais simples, ou vários critérios, que tornam a tarefa mais complexa, porém mais precisa que a primeira. Entre estas variáveis estão idade, gênero, nível de educação, opção sexual, entre outras. Segundo Keegan (2005), as empresas atuais tendem a segmentar seus mercados considerando um o mais critérios, como: geografia; demografia – onde aparecem a renda nacional e o tamanho da população; variáveis psicográficas, incluindo valores, atitudes e estilo de vida; características comportamentais e benefícios procurados. a) Segmentação geográfica Dividir um mercado com base em aspectos geográficos significa criar segmentos separados pro sua localização geográfica, criando unidades geográficas distintas como: países, regiões, estados, municípios ou bairros. Consiste critério simples, devido à facilidade de pesquisa proporcionada pela proximidade dos mercados, porém, não é um critério muito eficiente, já que o fato de localizarem-se numa mesma região geográfica não significa, necessariamente, que tenham comportamentos de compra semelhantes. (COBRA, 1992; KOTLER, 1994; CHURCHILL; PETER, 2003; LAMB; HAIR; MACDANIEL, 2004; KEEGAN, 2005) Lamb, Hair e MacDaniel (2004) ainda completam afirmando que os mercados ainda podem ser divididos considerando-se o seu tamanho, sua densidade ou até mesmo o clima de determinada região. b) Segmentação demográfica Churchill e Peter (2003) afirmam que a maneira mais comum de segmentar um mercado é com base em critérios voltados para características da população. Keegan (2005, p.157) traz uma visão mais completa quando observa que: a segmentação demográfica tem como base características mensuráveis das populações, como idade, sexo, renda, escolaridade e ocupação. Uma quantidade considerável de tendências demográficas – envelhecimento da população, quantidade menor de filhos, mais mulheres trabalhando fora, rendas e padrões de vida mais altos – sugere o surgimento de segmentos globais. Lamb, Hair e MacDaniel (2004) justificam a segmentação do mercado com base em variáveis demográficas pelo fato de consistirem fatores amplamente disponíveis e que, normalmente, podem ser relacionados com o comportamento de compra do consumidor. c) Segmentação psicográfica De acordo com Kotler (1994), seguindo a segmentação por variáveis psicográficas, o mercado será dividido em grupos distintos com base em critérios como classe social, estilo de vida e/ou características da personalidade dos consumidores. O autor ainda aponta para o fato de que pessoas pertencentes ao mesmo grupo demográfico podem apresentar perfis psicográficos bastante distintos. Churchill e Peter (2003) concordam quando afirmam que as segmentações geográficas e demográficas não abordam diretamente as necessidades e os desejos dos seus consumidores. As variáveis psicográficas de segmentação de mercados podem ser utilizadas de forma individual ou podem ser combinadas com outras variáveis, a fim de proporcionar resultados e descrições mais detalhadas sobre os segmentos de mercado (LAMB; HAIR; MACDANIEL, 2004). De acordo com Schiffman & Kanuk (apud Anãnã et al., 2006) a utilização da base psicográfica torna-se complexa devido à dificuldade de identificação e mensuração das variáveis que as compõem. d) Segmentação comportamental Referindo-se à segmentação por variáveis de comportamento, os mercados serão divididos baseando-se em aspectos que reflitam o conhecimento, as atitudes, os usos ou respostas dos consumidores pesquisados. (KOTLER, 1994) Churchill e Peter complementam afirmando que este tipo de segmentação geralmente concentra-se em alguma relação entre a freqüência de uso de um produto ou serviço, o grau de lealdade com a marca e a situação do usuário, ou seja, se utilizaram esse produto ultimamente, se pretendem repetir ou não seu uso, entre outras. e) Segmentação por benefícios Segundo Churchill e Peter (2003, p. 216), a segmentação por benefícios consiste no “processo de dividir o mercado com base nos benefícios que os clientes desejam.” Ainda conforme estes autores, para realizar este tipo de segmentação, é necessária uma pesquisa de mercado, com o intuito de identificar quais são as reais necessidades dos consumidores e o que estes esperam do produto e/ou serviço que procuram. Kotler (1994) afirma ainda que este tipo de segmentação estabelece que sejam identificados os principais benefícios oferecidos pelos consumidores, os tipos de pessoas que procuram cada um desses benefícios e as principais marcas que expressam cada benefício. Keegan (2005) salienta que esse processo pode proporcionar excelente resultados para a organização, visto que disponibiliza uma maior compreensão, por parte dos pesquisadores, acerca do problema que um produto resolve ou do benefício que ele oferece. Segundo Las Casas (apud FERREIRA; VEIGA, 2006): toda organização deve traçar uma definição clara dos seus mercados de atuação, identificando para quais consumidores deve direcionar seus produtos. Pode utilizar, por exemplo, a estratégia da abordagem única de mercado, desenvolvendo ações de marketing indiferentes às características distintas dos consumidores. Desta forma, desenvolve produtos que são ofertados para os consumidores em geral, ganhando em economia de escala. De acordo com Levy e Weitz (apud LIRA e MARQUETTI, 2006), ao passo que são identificados os atributos considerados pelos consumidores na seleção e avaliação de uma determinada marca de produto ou serviço, tem-se uma melhor compreensão de como ocorre a construção das preferências e quais são os benefícios esperados e considerados pelo consumidor. 2.4 MERCADO GLBT Segundo MacRae (apud FRANÇA, 2006), o movimento homossexual começou no Brasil por volta de 1978, com o nascimento do Grupo Somos, na cidade de São Paulo. O grupo surge com o propósito de fortalecer a identidade homossexual e valorizar as suas categorias. França e Facchini (apud FRANÇA, 2006) expõem que ao longo dos anos, o movimento homossexual ganhou força e foram multiplicando-se as categorias abrangidas por tal movimento. No ano de 1993, é utilizada a expressão “Movimento de Gays e Lésbicas”; em 1995, temos o movimento “GLT” (Gays, Lésbicas e Travestis); e finalmente, em 1999, adota-se em parte do movimento, a partir de São Paulo, a expressão GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros). Peñaloza (apud PEREIRA; AYROSA; OJIMA, 2005), em seus estudos realizados através de uma análise pós-moderna do segmento gay, considera que os critérios tradicionais de segmentação de mercado seriam muito rígidos para a avaliação deste mercado em particular e baseia, então, em estudos sobre movimentos sociais, cultura de consumo e teoria cultural pós-moderna. O autor reconhece uma forte relação dos segmentos de mercado com os movimentos sociais, considerando que diversas questões do estudo de movimentos sociais como identidade, subjetividade, também são essenciais para a compreensão do lugar que os homossexuais ocupam no mercado econômico contemporâneo. Explica sua teoria, baseando-se no fato de que como membros de um movimento social, os homossexuais tenham desenvolvido uma consciência de grupo, como conseqüência de uma vida comum entre eles. Pereira, Ayrosa e Ojima (2005, p.4) sintetizam os estudos sobre o mercado consumidor afirmando: o mercado gay se desenvolveu junto com a formação da comunidade gay, justamente pela necessidade de identificação dos gays entre si. Esta identificação muitas vezes estava baseada na utilização de certos produtos e marcas, que passaram a serem associados ao mundo gay. A formação da comunidade gay foi sendo reforçada pelos movimentos sociais relativos às causas homossexuais. Segundo Aldrich e Branchik (apud PEREIRA; AROYSA; OJIMA, 2005) o mercado de consumo gay que muitas vezes é percebido como um fenômeno recente é, na verdade, um mercado que cresceu junto com o desenvolvimento da comunidade gay e do próprio movimento em busca dos seus direitos. Um fator que em muito contribuiu para o fortalecimento desse mercado, foi o processo de urbanização, no sentido de que as cidades serviam de refúgio para os homossexuais vindos do campo, onde sofriam grande discriminação por parte da sociedade extremamente conservadora a respeito de sexualidade. Pereira, Ayrosa e Ojima (2005) complementam a afirmação, destacando que além de uma maior liberdade proporcionada pela vida nas cidades, os homossexuais migraram também pelo mesmo fator que atraiu muitas outras pessoas, que eram maiores oportunidades de crescimento, de melhorar suas vidas economicamente. A questão da homossexualidade tem despertado grande interesse na mídia em geral, bem como tem se tornado tema de discussão e estudo, tanto no Brasil, como, principalmente, em países como os Estados Unidos. Esse interesse é refletido em programas de televisão como novelas que abordam o tema, trazendo personagens como diferentes opções sexuais, programas de humor, filmes, e até séries voltadas especialmente para esse público em particular, como por exemplo, The L World, um seriado americano, transmitido pelo WarnerChannel, que trás personagens lésbicas no seu cotidiano. (DAVI; RODRIGUES, 2003; PEREIRA, AYROSA; OJIMA, 2006) Surgem ainda revistas específicas para este público, como exemplo a G Magazine, que se encontra em circulação desde 1997, bem como produtos e serviços especializados para os homossexuais, mostrando a importância desse consumidor para o mercado. (DAVID; RODRIGUES, 2003) De acordo com Simões e França (apud FRANÇA, 2006, p.105), a última década trouxe em si algumas novidades voltadas para o público GLBT, entre elas está a segmentação de espaços de consumo destinados a cada subgrupo desse público. Já existem bares especializados para lésbicas e gays, e também espaços destinados às mais diversas preferências dentro destes grupos, salientando que mesmo dentro de um grupo relativamente homogêneo ainda existem diferenças de necessidades e valores, bem como diferentes comportamentos de consumo. Atores que a rigor constituiriam o mercado segmentado também começaram a ser vistos – e a se considerarem – como articuladores de uma ação política, estimulando a “auto-estima" dos ”homossexuais” e a formação de uma “identidade positiva” – mediante iniciativas como festivais de cinema, editoras e mesmo espaços de lazer e sociabilidade – e circulando informações dentro da “comunidade”, por meio de sites e revistas especializadas. (FRANÇA, 2006, p.105) Apesar de muitas organizações estarem voltando suas atenções para este público, Avena e Rosseti (2004) salientam que os homossexuais ainda sofrem muita discriminação e acabam vivendo aspectos da sua vida e sexualidade em guetos exclusivos para este segmento da sociedade. Como destacam David e Rodrigues (2003, p. 6 e 7): a criação de valores sociais e sexuais, a construção de símbolos lingüísticos, de vocabulários peculiares, de modismos, de regras e normas e, muitos outros aspectos, tornaram a cultura homossexual atraente alvo de investigação científica e de investimento financeiro. As comunidades ou guetos gays foram se constituindo nas cidades dos países desenvolvidos a partir de fortes linhas de amizade e de cooperação para fugir da polícia e conseguir parceiros (as). A partir dos bares, cafés, cinemas, lanchonetes, os (as) homossexuais passaram a se apropriar de bairros inteiros nos grandes centros. Ainda sobre os estudos de David e Rodrigues (2003), pode-se perceber que nos locais mais freqüentados especificamente por homossexuais, desenvolveram-se manifestações de ritos de iniciação, trocas sexuais, construção de identidades e práticas eróticas. Hoje gays e lésbicas procuram além de satisfazer seu desejo, construir uma subjetividade homoerótica específica, refletida em símbolos e representações presentes em bares, boates, salões, entre outros. No Brasil, as cidades onde se mais realizam estudos sobre o público GLBT são: São Paulo, Rio de Janeiro e depois outras capitais como Salvador. Nesses estudos, verificou-se a presença de determinadas partes ou áreas urbanas povoadas por bares, cinemas, lanchonetes, boates, saunas e outros ambientes permissivos à homossexualidade. Em São Francisco e Los Angeles, nos Estados Unidos como em Londres e Paris, as comunidades gays assumiram o controle de grandes extensões territoriais o que ainda não ocorre no Brasil. (DAVID e RODRIGUES, 2003) 2.4.1 Estudos sobre o mercado GLBT Percebe-se uma mudança do que, na década de 1990 era conhecido por "gueto" homossexual, no sentido de uma solidificação do seu mercado. Observa-se significativa abundância de iniciativas, onde aparecem estabelecimentos como casas noturnas, mas que vai além, envolvendo também a presença de uma mídia segmentada, festivais de cinema, agências de turismo, livrarias, canais de TV a cabo, inúmeros sites, lojas de roupas, etc. (FRANÇA, 2007). Segundo McCraken (apud PEREIRA; AYROSA; OJIMA, 2005), grupos que se encontram à margem da sociedade, como é o caso dos gays, são “provedores de significado” e tornam-se percussores de tendências para a cultura dominante, e esta criação de significados por parte da cultura gay reflete-se também nos produtos, na música, artes e em especial na moda. Um estudo realizado pela Silos Representações (1999) voltado para a revista gay de maior circulação no Brasil identificou algumas características de seus leitores assumidamente gays, quais sejam: 48% possuíam nível superior, 39% pertenciam às classes A e B, a renda mensal familiar era de em média R$3.500,00, gostavam de freqüentar bares e boates direcionadas para o público gay e também gostavam de gastar em viagens e roupas (PEREIRA; AYROSA; OJIM, 2005) França (2007) destaca que a segmentação de espaços destinados ao público homossexual acontece simultaneamente a um processo de multiplicação de identidades no interior do movimento GLBT. Nota-se que além das grandes categorias de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais assumidas pelo movimento homossexual, surgem também alguns subgrupos, incentivados pela multiplicidade de fóruns e listas de discussão na internet e pertencentes principalmente ao segmento dos gays. Como exemplos destes grupos, encontramse comunidades no Orkut voltadas para essa temática; movimentos para atender e defender interesses dessa população, como o Movimento do Espírito Lilás, na cidade de João Pessoa; as manifestações públicas, conhecidas como as Paradas Gays, que acontecem em várias cidades do país. Penãloza (apud PEREIRA; AYROSA; OJIMA, 2005) reconhece uma forte relação dos segmentos de mercado com os movimentos sociais, considerando que diversas questões do estudo de movimentos sociais como identidade, subjetividade, também são essenciais para o entendimento da ocupação do mercado GLBT na economia contemporânea. Pereira, Ayrosa e Ojima (2005) destacam que segmento de consumidores gays tem despertado a atenção do mercado no Brasil e enfatiza que a mídia cada vez mais vem se interessando por esse consumidor gay, focando sua programação para questões voltadas ao público em questão. O comentário dos autores pode ser confirmado à medida que se observa reportagens, novelas, filmes, seriados, entre outras programações da TV aberta, bem como de canais pagos. Segundo estudo realizado por Kates (apud PEREIRA; AYROSA; OJIMA, 2005) de uma comunidade gay, no Canadá, verificou-se que a afiliação a esta subcultura estava associada a uma identidade social e conseqüentemente ao consumo próprio. O autor chegou a esta conclusão após uma análise, em tempo integral, de como este grupo utilizava o consumo para delimitar as barreiras dessa subcultura, os significados de consumo do grupo e como os indivíduos utilizavam as práticas de consumo para se reconhecerem entre si e se diferenciarem da cultura predominante. 3. MÉTODO DA PESQUISA Neste capítulo, pretende-se explicitar a forma como a pesquisa se realizou, suas características e classificações, bem como os métodos e critérios que foram utilizados ao longo do seu processo, ou seja, os procedimentos metodológicos que melhor se aplicam à pesquisa em questão. Como destaca Roesh (1999, p. 125), “o capítulo da metodologia descreve como o projeto será realizado”. 3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA Considerando a teoria de Vergara (2005), a pesquisa pode ser classificada, basicamente, pela utilização de dois critérios: de acordo com seus fins, bem como se considerando seus meios. A presente pesquisa, quanto aos seus fins, caracteriza-se como uma pesquisa descritiva e exploratória, considerando-se as definições destas pesquisas, encontradas na taxionomia de Vergara (2005). Para Vergara (2005), a pesquisa descritiva exibe características de uma população ou fenômeno em particular, além de, muitas vezes, constituir conexões entre as variáveis e definir sua natureza. É uma pesquisa que não tem por objetivo a explicação dos fenômenos por ela delineados, porém, pode servir de base para essa explicação. Apresentou-se como uma pesquisa descritiva porque visa descrever aspectos e características do comportamento dos consumidores GLBT em bares de João Pessoa. A pesquisa exploratória consiste em um tipo de pesquisa realizado em aéreas onde há pouco, ou nenhum conhecimento acumulado e sistematizado. Por sua natureza de sondagem, não suporta hipóteses que por acaso venha surgir durante o andamento da pesquisa, ou mesmo na sua conclusão (VERGARA, 1990). É classificada como uma pesquisa exploratória porque, apesar de se encontrar muitos estudos acadêmicos sobre comportamento do consumidor, o público em questão não consiste em tema de muitos estudos, no Brasil. Considerando a classificação baseada nos meios, a pesquisa tem caráter de pesquisa de campo, que é definida por Vergara (2005, p. 47), como a “investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo.” O presente estudo apresenta esse caráter de pesquisa de campo porque vai coletar dados junto à população-alvo. 3.2 DEFINIÇÃO DA ÁREA E POPULAÇÃO-ALVO A presente pesquisa foi realizada no setor de bares da cidade de João Pessoa. O setor de bares, um segmento importante para a economia brasileira, vem cada vez mais ganhando destaque entre as opções de lazer dos consumidores. Segundo pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) do Recife, com mil pessoas, das classes A, B e C de todo o Brasil, o segmento de bares e restaurantes aparece no ranking do sétimo lugar na preferência dos brasileiros como opção de lazer, isso no ano de 2000 (MARICATO, 2004). Ainda de acordo com Maricato (2004), no Brasil, bares e restaurantes, além de disputarem o mercado consumidor entre si ainda têm que disputar clientes com as franquias multinacionais, cada vez mais freqüentes no país, advindas com a globalização. Destaca ainda, o fato de que esses estabelecimentos precisam se modernizar, investir em tecnologia e se atrelarem à importância de satisfazer um consumidor mais exigente. Voltando-se para a realidade da cidade de João Pessoa, há apenas cinco bares cadastrados como associados na Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel, 2007). De acordo com a Abrasel, os seus associados, constituem um grupo seleto de estabelecimentos que compartilham de toda a estrutura promocional da entidade e participam de licitações, eventos, cursos de aperfeiçoamento, ações publicitárias e encontros para intercâmbio de experiências. Essas empresas dispõem ainda de convênios em assistência jurídica, visitas periódicas de acompanhamento, boletins e informações exclusivas e, claro, têm o respaldo da Abrasel em todas as questões de interesse da categoria. Entretanto, para o caráter da presente pesquisa, foram abordados consumidores de bares que constituem um universo tanto daqueles cadastrados como dos não cadastrados da cidade, em virtude do caráter específico da população estudada, que teve que ser buscada em bares específicos para elas a fim de reconhecer e entrevistar o público correto. O estudo deste setor realizou-se com base em um tipo de público específico, os consumidores que constituem o segmento GLBT, através de uma escolha de uma amostra não-probabilística, por se tratar de uma pesquisa selecionada por acessibilidade, por tipicidade (VERGARA, 2005). O universo da pesquisa foi composto por consumidores do público GLBT, que estavam presentes na amostra, baseando-se no critério da conveniência. O setor em questão, o público GLBT, onde a pesquisa realizada possui um aspecto quantitativo, apresenta uma população infinita e foi colhida uma amostra de cento e cinqüenta pessoas. Em virtude de ser uma amostra não probabilística, o índice de erro e de confiabilidade, que é de 5%, para ambos quando em uma amostra probabilística, não pôde ser calculado. 3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS Em caráter do estudo em questão e baseando-se nas variáveis apresentadas no arcabouço teórico, questionários foram elaborados a fim de promover a realização da pesquisa. De acordo com Roesh (1999) e Vergara (2005), questionário, um dos instrumentos mais utilizados em pesquisas quantitativas, caracteriza-se por uma série de perguntas escritas, apresentadas ao respondente. Ainda segundo Roesh (1999), os questionários são utilizados, principalmente, quando se trata de pesquisas de grande escala, como as que buscam observar a opinião de uma população ou mesmo identificar a preferência do consumidor. Formulados com questões de múltipla escolha, os questionários foram então aplicados ao segmento, com a finalidade de solucionar os objetivos específicos da pesquisa, relembrando: caracterizar o perfil do público GLBT, caracterizar o processo de tomada de decisão do público GLBT; e identificar motivações de compra do segmento. Considerando o segmento da pesquisa, o público GLBT, por se tratar de uma pesquisa quantitativa, a amostra foi abordada através do contato pessoal, em pontos de fluxos. Devido ao caráter do público em questão, por se tratar de uma população com determinado limite de reconhecimento, foram selecionados métodos que facilitem esse reconhecimento da população-alvo, que consistem tanto na indicação de pessoas assumidamente homossexuais por outras, como na busca dessa população em associações e estabelecimentos voltados para este público. Como exemplos têm-se: o Movimento Espírito Lilás, a Associação dos Travestis da Paraíba (ASTRAPA), o Vogue e o Empório Café. As questões foram elaboradas utilizando-se uma escala do tipo Likert que varia de 1 a 5, variando de pouco importante para muito importante. Considerandose a teoria de Roesh (1999), as escalas, que são outro instrumento de coleta de dados, são utilizadas, geralmente, quando o pesquisador busca medir várias dimensões dentro de uma mesma questão, como a variável atitude, por exemplo. O questionário foi elaborado, considerando-se algumas dimensões e variáveis já existentes e que foram copiladas, na ocasião desse estudo e encontram-se elencadas no Quadro 1: Dimensões Reconhecimento das necessidades Variáveis Necessidades Motivos Memória Grupos de influência Família Fontes de marketing Fontes públicas Atributos de decisão Tipo de tomada de decisão Nível de envolvimento do consumidor Custo Cultura Subcultura Classe social Grupos de referência Família Personalidade Influências psicológicas Percepção Motivação Segmentação geográfica Bairro Busca de informações Avaliação de alternativas Decisão de Compra Influências sociais Influências pessoais Autor Churchill e Peter, 2003 Churchill e Peter, 2003 Churchill e Peter, 2003 Churchill e Peter, 2003 Lamb; Hair e MacDaniel, 2004 Churchill e Peter, 2003 Churchill e Peter, 2003 Cobra (1992); Kotler (1994); Lamb, Hair e MacDaniel (2004); e Depexe e Petermann (2007) Churchill e Peter, 2003 Lamb; Hair e MacDaniel, 2004 Idade Sexo Churchill e Peter, 2003 Segmentação demográfica Ocupação Lamb; Hair e MacDaniel, 2004 Condições econômicas Escolaridade Quadro 1: Dimensões e variáveis da pesquisa. Fonte: elaborado pelo autor. Os dados que foram coletados na pesquisa classificam-se como dados primários, que são aqueles coletados especificamente para uma determinada ocasião. (CHURCHILL; PETER, 2003) 3.4 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE Na pesquisa de caráter quantitativo, os dados adquiridos através da sua realização, em virtude dos questionários respondidos, foram codificados, tabulados (utilizando-se o aplicativo Microsoft Office Excel 2003), e então se realizou a análise e interpretação dos dados. Ainda dentro da análise dos dados quantitativos, deve-se considerar que foi feita uma estatística descritiva da população, e algumas indicadores devem ser considerados neste estudo, tais como: a média; a freqüência ou porcentagem; e o desvio padrão. Conforme Stevenson (2001), a média de uma amostra pode ser calculada, através da determinação da soma dos valores do conjunto, dividida pelo número de valores que compõe o conjunto. O processo do cálculo da média aritmética é sempre o mesmo, tanto para um conjunto de valores que traduzem representações amostrais, quanto para todos os valores de uma população. Utiliza-se o símbolo µ para a média de uma população, e N para o número de componentes desta população. Ainda segundo Stevenson (2001), são necessários dois tipos de medidas para descrever adequadamente um conjunto de dados. Além da informação da média de um conjunto de dados, é importante também a escolha de um método que permita exprimir a dispersão da estatística. Voltado a esse intuito, será utilizado o método de desvio padrão, definido por Stevenson (2001) como uma das medidas mais utilizadas para distribuições, desempenhando papel relevante na estática. Aparece sempre na mesma medida da média e é calculado pela raiz positiva da variância (a média dos desvios dos valores a contar da média). Deve-se, ainda, destacar a importância da freqüência em um estudo que se baseia em métodos da estatística descritiva como ferramenta da análise. Uma distribuição de freqüência é um método de grupamento de dados através de classes, ou intervalos, de maneira que se possa determinar o número ou a percentagem (a freqüência) de cada classe em questão. Uma distribuição de freqüência pode ser apresentada tanto na forma gráfica como na tabular (STEVENSON, 2001). Em virtude desta pesquisa, ambos os casos de representação da distribuição de freqüência foram utilizados. 4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS Neste capítulo, estão apresentados os resultados da pesquisa de campo realizada, através da aplicação de questionários ao público alvo, a população GLBT, auxiliados por tabelas e figuras para a melhor compreensão destes, baseando-se nas dimensões e variáveis escolhidas na montagem do questionário. 4.1 PERFIL DA AMOSTRA A amostra foi composta de 150 entrevistados, definida através da técnica de amostragem não probabilística e por conveniência, com perguntas respondidas não apenas relacionadas aos bares de forma geral, mas também questões de cunho pessoal que possibilitaram a caracterização do perfil dos respondentes. Como destaca Solomon (2002) para ocorrer o processo de segmentação do mercado é necessário considerar as dimensões demográficas, como: idade, gênero, estrutura familiar, classe social e renda, raça e etnia, estilo de vida, e geografia; ou seja, características voltadas pra a identificação do perfil da amostra. Além disso, existem também os diferentes tipos de personalidade e de gostos, que não podem ser mensuradas de forma objetiva, mas que podem consistir em influências importantes na escolha dos produtos ou serviços. A seguir, encontram-se os gráficos correspondentes às respostas das questões referentes ao perfil da amostra selecionada, bem como a análise dos dados obtidos a partir das respostas do público entrevistado. Escolheu-se modelos de gráficos que mostrem, de forma simples, as freqüências de respostas para cada questão em particular. 24,7% Feminino Masculino 75,3% Figura 4: Sexo dos respondentes. Fonte: dados da pesquisa (2008) De acordo com os dados coletados na pesquisa, o maior número de respondentes, 75,3%, é o sexo masculino. Todos os entrevistados responderam a essa questão. Resultado importante para a pesquisa, pois segundo Lamb, Hair e MacDaniel (2004) o sexo dos consumidores consiste em um fator de influência no processo de compra, explicado pela diferenças psicológicas entre os sexos masculino e feminino, refletindo preferências e interesses divergentes. 6% 21,3% 0% 34% 15 a 22 anos 23 a 30 anos 31 a 40 anos 41 a 50 anos acima de 50 anos 38,7% Figura 5: Idade dos respondentes Fonte: dados da pesquisa (2008) Como pode ser observado na Figura 5, a maior parte dos respondentes está na faixa de idade entre 23 e 25 anos, traduzindo 38,7% dos entrevistados, caracterizando uma população jovem, o que evidencia e confirma a idéia de que comumente são pessoas mais jovens que costumam freqüentar bares e boates, por encontrarem-se na fase da vida onde esse hábito de sair geralmente se inicia. É importante destacar que não houve nenhum respondente a marcou acima de 50 anos. 2,7% 0% 5,3% Solteiro Casado Divorciado/separado Viúvo 92% Figura 6: Estado Civil dos respondentes Fonte: dados da pesquisa (2008) Considerando o exposto na Figura 6, percebe-se que a grande maioria dos entrevistados é solteira, 92%, fato explicado pela questão da ausência de lei no país no sentido de amparar a questão do casamento entre homossexuais. Durante as entrevista muitos respondentes deixaram clara a insatisfação por não poderem legalizar, civilmente, a relação que têm com seus companheiros, bem como a vontade de mudar esta situação. 8% 22,7% 34,7% 22,6% 8,7% 3,3% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% Pós-graduação Superior completo Superior incompleto 2º grau completo 2º grau incompleto 1º grau 40,00% Figura 7: Grau de instrução dos entrevistados. Fonte: dados da pesquisa (2008). Através da pesquisa percebeu-se um índice de 34,7% dos respondentes com nível superior incompleto e um número também significativo, 22,7%, com superior completo. Este fato confirma a pesquisa realizada pelo Censo GLS (2007), que traz dados onde uma faixa de 97% dos entrevistados possui pelo menos o segundo grau de escolaridade, refletindo uma população com um grau de instrução de médio a alto quando se trata de Brasil, país detentor de um grande número de analfabetos. 14,7% 7,3% 21,3% 56,7% 0,0% 20,0% 40,0% Acima de R$2660,00 de R$1900,00 a R$2660,00 de R$1140,00 a R$1900,00 de R$380,00 a R$1140,00 60,0% Figura 8: Renda mensal dos respondentes. Fonte: dados da pesquisa (2008) Segundo a Figura 8, grande parte dos entrevistados, 56,7%, possui renda mensal entre R$380,00 a R$1140,00, fator que pode ser explicado pelo número maior de jovens que ainda não terminaram o nível superior, como já exposto, e devido a isso apresentam uma menor renda. No entanto, ilustra também um número significativo de respondentes (14,7%) com renda acima de R$2660,00 evidenciando a atratividade do segmento. 38% Sim Não 62% Figura 9: Confirmação da condição de GLBT assumido ou não. Fonte: dados da pesquisa (2008) De acordo com a Figura 9, que envolve uma questão se os entrevistados eram GLBTs assumidos ou não, verificou-se que 62% assumiram a sua opção sexual. Uma explicação possível para tal dado é a maior discussão e importância dada a esse assunto, tanto na mídia como em pesquisas e estudos na área de psicologia, principalmente. Neste sentido, o público em questão pode sentir-se mais amparado e seguro para assumir essa opção sexual. 2,7% 24,7% 54% Gays Lésbicas Bissexuais Transgêneros 18,6% Figura 10: Categoria GLBT dos respondentes. Fonte: dados da pesquisa (2008) A Figura 10 ilustra as categorias GLBTs e as devidas proporções de entrevistados presentes em cada uma delas. Pode-se observar que 54% dos respondentes consideram-se gays, dado que é explicado pela maioria de respondentes homens entrevistados. Com uma freqüência 24,7% a categoria de bissexuais ainda apresenta um número relevante para a análise e provavelmente se deve à questão da dúvida em relação a sua orientação sexual que muitas vezes é comum nesse público, principalmente durante o processo conhecido como a “saída do armário”, citado por Pereira, Ayrosa e Ojim (2005). 8% 6% 8% 9,3% 13,3% 6,70% 10% 9,3% 13,3% 6,7% 4,7% 4,7% 0,00% 2,00% 4,00% 6,00% Róger Tambauzinho Tambaú Mangabeira Manaíra Cristo Centro Cabo Branco Bessa Bairro dos Estados Bancários Altiplano 8,00% 10,00% 12,00% 14,00% Figura 11: Bairro dos respondentes. Fonte: dados da pesquisa (2008) Conforme exposto na Figura 11, os bairros mais freqüentes nas respostas dos entrevistados foram Bessa e Manaíra, ambos com 13,3% das respostas, representando bairros na cidade que apresentam uma população relativamente grande. Os demais respondentes encontram-se distribuídos por mais dez bairros que apareceram nas respostas, que foram abertas. Vendedor Psicólogo 8% 2,7% 0,7% 1,3% Programador visual Programador de software Professor 11,3% Pedagogo 1,3% 2% Médico 4% Maqueador 2% Garoto de programa 4,7% 6% Garçon 22,7% 4% Estudante 2% Enfermeiro 4,7% Digitador 9,3% Design 5,3% 4% Cabeleireiro 2% 2% 0% Funcionário público Autônomo Ator 5% 10% 15% 20% 25% Arquiteto Advogado Figura 12: Profissão dos respondentes. Fonte: dados da pesquisa (2008) De acordo com o ilustrado na Figura 12, para a pergunta, também aberta, realizada com os entrevistados sobre suas profissões, obteve-se um número de vinte profissões distintas das quais, a que apresentou maior freqüência foi estudantes (22,7%). Mais uma vez se evidencia o caráter jovem dos entrevistados, bem como o fato de apresentarem-se, a maioria, ainda cursando o nível superior. Outras profissões que tiveram um nível importante de significância foram as de professor e cabeleireiro, com 11,3% e 9,3%, respectivamente. 4.2 EXPERIÊNCIAS DE CONSUMO Nesta fase da análise serão expostos os resultados da pesquisa referentes ao perfil de consumo dos entrevistados, com questões relativas à experiência destes em relação ao consumo no setor de bares. 14% 35,4% 9% Mais de uma vez por semana Uma vez por semana Três vezes por mês Duas vezes por mês 14% 27,3% Uma vez por mês Figura 13: Freqüência dos respondentes em idas a bares. Fonte: dados da pesquisa (2008) Conforme exposto na Figura 13, os entrevistados, em sua maioria, costumam freqüentar bares mais de uma vez por semana (35,4%) ou pelo menos uma vez por semana (27,3%). Este dado evidencia a importância da pesquisa quando mostra a grande freqüência de saídas desse público, vista como um hábito, no intuito de identificar quais as variáveis mais importantes para este segmento na visão do público estudado. Interessante destacar que não houve índice de entrevistados que não responderam à questão. 4,7% Durante a semana Finais de semana 95,3% Figura 14: Dias de freqüência a bares. Fonte: dados da pesquisa (2008) Segundo a Figura 14, a grande maioria dos entrevistados (95,3%) costuma freqüentar bares nos finais de semana. Provavelmente isso pode ser explicado por estes trabalharem ou estudarem durante a semana e permanecerem em casa nestes dias em virtude de suas obrigações do dia-a-dia. 26% 40% 0,7% 14,7% Encontrar-se com amigos Sair com companheiro(a) Comemorações em geral Happy hour Sem motivos especiais 18,6% Figura 15: Ocasiões de freqüentar bares. Fonte: dados da pesquisa (2008) Durante a pesquisa foi realizada uma pergunta sobre o principal motivo de ir a um bar. Os motivos mais significativos foram encontrar-se com amigos (40%) e sair com o companheiro(a) (26%). Estes consistem motivos comuns de saídas da população como um todo, não apenas deste público em especial. Um caráter particular deste público que pôde ser percebido no momento da pesquisa é a escolha delicada de lugares para ir com seus companheiros devido ao preconceito enfrentado por muitos dos respondentes. 18% Através de amigos Por familiares 10% Através de propaganda na mídia Outdoors pela cidade 2% 4% 66% Panfletagem Outros 0% Figura 16: Modo de busca de informações sobre bares. Fonte: dados da pesquisa (2008) Com relação ao local onde o público GLBT busca informações sobre os bares, no momento de escolha destes, foram disponibilizadas opções como: através dos amigos, por familiares, através da propaganda na mídia, outdoors pela cidade, panfletagem e outros. Nesta questão merece destaque o índice de busca de informações através de amigos (66%), podendo ser ocasionado pela ausência ou insuficiência de outras formas de divulgação do negócio, como propagandas na mídia, outdoors pela cidade, que apesar de serem instrumentos eficientes de marketing não estão recebendo a atenção que deveriam. Outro provável fator que pode explicar estes dados é o caráter diferenciado de bares que é procurado por este público. 3,3% 0% 8% 30,7% Com companheiro Com amigos Família Colegas de trabalho Sozinho(a) 58% Figura 17: Pessoas com quem costuma ir a bares. Fonte: dados da pesquisa (2008) De acordo com a questão à qual a Figura 17 se refere, foi questionado com quem os entrevistados geralmente iam a bares e, como pode ser observado, grande partes destes vão com seus amigos (58%) e com companheiro(a)s (30,7%). Vale salientar que nenhum dos respondentes marcou a alternativa que corresponde à família, podendo corresponder a uma relação delicada que estes apresentam com suas famílias em virtude da aceitação da sua orientação sexual que ainda não é muito comum na sociedade como um todo, apesar de tentativas para mudar tão situação. 39,4% 59,3% Em espécie Cheque Cartão de crédito 1,3% Figura 18: Formas de pagar a conta. Fonte: dados da pesquisa (2008) A Figura 18 mostra a freqüência de cada forma de pagamento utilizada pelo público GLBT. Nota-se um número grande de pagamentos em espécie (59,3%), bem como a utilização de cartões de créditos (39,4%) que consiste numa forma de pagamento que está cada vez mais sendo utilizada pelas pessoas. 51,4% 15,3% 15,3% 8,7% 9,3% Mais de 4 anos 3 a 4 anos 2 a 3 anos 1 a 2 anos Menos de um ano 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% Figura 19: Tempo de freqüência a bares. Fonte: dados da pesquisa (2008) Na questão ilustrada pela Figura 19, foi questionado há quanto tempo os entrevistados freqüentam bares e o que foi observado é que estes já costumam ir a este tipo de estabelecimento há pelo menos quatro anos (51,4%), sendo pequeno o percentual de pessoas que fazem isto há apenas um ou dois anos. 33,4% 5,3% 12,7% 9,3% 9,3% 20% 6% 4% 0% 10% 20% 30% Vogue Villa São Paulo Planet Bar Peixe Elétrico Ousadia Empório Café Dona Branca Bebe Blues e Come Jazz 40% Figura 20: Bar que vai com mais freqüência. Fonte: dados da pesquisa (2008) Considerando a Figura 20, onde aparecem os bares mais citados pelos respondentes, pode-se perceber que estes costumam freqüentar mais aqueles bares que são voltados para o público GLBT. Exemplos de bares neste sentido são o Vogue, que é específico para esse público e outros como o Empório Café e Peixe Elétrico, que apesar de serem muito freqüentados pelos GLBTs, também o são por pessoas que não pertencem a esse grupo. Essa característica pode se explicada pelo sentimento de identificação com o ambiente que é voltado para eles, em outras palavras, esse público sente-se mais à vontade num ambiente onde eles não serão julgados ou discriminados pela opção sexual que escolheram. 4.3 ATRIBUTOS Nesta etapa foram analisados os resultados concernentes aos atributos de um bar que são importantes para os consumidores GLBT, de acordo com o grau de importância que estes lhe atribuíram referentes aos fatores ambientais (interno e externo), de cardápio (comidas e bebidas), de atendimento, de comunicação, a relação custo benefício e fatores de conveniência. Segundo Bateson e Hoffman, (2001, p.48), atualmente é mais importante do que nunca entender os consumidores e como esses consumidores escolhem serviços alternativos que lhe são oferecidos e como avaliar esses serviços após recebê-los. Entender a ligação entre processos de escolha e avaliação é particularmente importante, já que consumidores satisfeitos são necessários para a repetição de negócios. Logo, nesta seção do trabalho os resultados foram analisados a fim de conhecer mais intimamente quais as percepções do público GLBT de variáveis básicas para o funcionamento de bares, e a partir de então obter informações úteis para o desenvolvimento de negócios ou abertura de novos empreendimentos neste setor. 4.3.1 Ambiente Físico Esta parte da análise diz respeito ao grau de importância atribuído pelos entrevistados a questões relativas ao ambiente físico, tanto interno como externo, como já foi anteriormente explicado, esse grau variando de 1 a 5, de pouco importante para muito importante e a coluna SCO, referente aos que não tiveram condições de opinar. 1 Tamanho do estabelecimento 2 Temperatura do ambiente 3 Decoração do ambiente 4 Disposição das mesas e o espaço entre elas 5 Conforto das cadeiras 6 Limpeza das mesas 7 Higiene dos banheiros 8 Iluminação do ambiente 9 Presença de fumantes no estabelecimento 10 Aparência dos garçons 11 Presença de barulhos e ruídos 12 Música ambiente (telões, som, ao vivo) Tabela 1: Ambiente Físico 1 2 3 4 4,0% 9,3% 22,0% 28,7% 4,0% 2,7% 8,0% 26,0% 7,3% 7,3% 15,4% 30,0% 18,0% 8,6% 22,7% 18,7% 5 36,0% 59,3% 39,3% 32,0% SCO 0,0% 0,0% 0,7% 0,0% Média 3,90 4,34 3,85 3,38 Desvio 1,17 1,02 1,22 1,46 12,0% 7,3% 2,7% 2,0% 28,7% 3,3% 4,0% 4,0% 9,3% 7,3% 12,7% 5,3% 4,7% 18,7% 18,0% 34,0% 24,0% 12,0% 30,0% 13,3% 38,0% 59,4% 75,3% 36,0% 27,3% 0,0% 0,0% 1,3% 4,0% 5,4% 3,82 4,24 4,57 4,01 3,19 1,32 1,19 0,96 1,13 1,71 18,0% 25,4% 4,0% 8,6% 9,3% 3,3% 26,0% 19,4% 8,0% 13,3% 14,0% 22,7% 33,4% 30,6% 62,0% 0,7% 1,3% 0,0% 3,37 3,15 4,33 1,49 1,60 1,05 Fonte: dados da pesquisa (2008). O tamanho das instalações mostrou-se um fator de grande importância, com um registro de 64,7% (soma dos graus 4 e 5) da opinião do público entrevistado. Mostra com isso um grau elevado de exigência desse público em relação a essa questão bem como outras que tiveram as maiores médias como: a higiene dos banheiros (4,57), a temperatura do ambiente (4,38) e a presença de música no ambiente (4,33). Pode-se perceber, no entanto, que o público GLBT é um público exigente, que considera bastante os atributos acima citados, dando atenção e atribuindo muito importante a questões como decoração (69,3% - soma dos graus 4 e 5) e a aparência dos garçons (46,7% - soma dos graus 4 e 5), que muitas vezes não são tão relevantes na concepção de outros segmentos. Outro fator importante é o maior desvio padrão (1,71) encontrado na afirmativa referente à importância da presença de fumantes no estabelecimento e isso se deve ao fato de haver uma grande diferença de importância para essa questão entre os que não fumam, que geralmente deram muita importância a essa questão e os que fumam, que ficaram entre os atributos de pouca importância. Destaca-se também, em relação a essa mesma questão, o maior número de respondentes que marcaram a opção SCO (5,4%). Vale salientar a presença de desvios padrão elevados. Desvio padrão altos indicam heterogeneidade, ou seja, maior variabilidade. Portanto, quanto maior o desvio padrão de uma questão, mais heterogênea foi a distribuição das suas respostas, neste sentido, as questões que refletiram maiores divergências nas opiniões dos respondentes foram as relativas à presença de barulhos e ruídos (1,60), à aparência dos garçons (1,49), à disposição das mesas e os espaços entre elas (1,46). Provavelmente, esses resultados refletem questões específicas do gosto e personalidade dos indivíduos que não podem ser objetivamente mensuradas, conforme destaca Solomon (2002). Outro aspecto de suma importância para estabelecimentos como bares é a higiene, tanto do ambiente onde o público permanece, como de locais como a cozinha, os banheiros, a área externa do bar. Essa afirmação pode ser traduzida nas questões 6 e 7 que apresentam médias relativamente mais altas, 4,24 e 4,57, respectivamente. 4.3.2 Cardápio Fatores que envolvem o cardápio estão relacionados a questões como a apresentação dos pratos, a higiene dos utensílios e a variedade de comidas e bebidas presente no bar, presentes no Quadro 4. Tabela 2: Cardápio (bebidas e comidas). 13 Apresentação dos pratos 14 Variedade de comidas e bebidas 15 Higiene dos utensílios 1 11,3% 5,3% 2 2,7% 5,3% 3 20,0% 14,0% 4 22,0% 20,7% 5 41,3% 53,4% SCO 2,7% 1,3% Média 3,87 4,15 Desvio 1,36 1,19 4,0% 0,7% 5,3% 12,7% Fonte: dados da pesquisa (2008). 77,3% 0,0% 4,59 0,94 Percebe-se alta importância, 90% (soma do grau 4 e 5), atribuída à questão da higiene dos utensílios, como copos, pratos, talheres, entre outros, utilizados nos bares. Em contrapartida, neste conjunto de variáveis, o que teve menor grau de importância e, consequentemente, a menor média (3,87) foi a questão da apresentação dos pratos, mas mesmo assim não deixou de ter um grau elevado de importância (63,3% - soma dos graus 4 e 5). A maior média foi 4,59, referente à questão da higiene dos utensílios dos bares, confirmando o resultado anteriormente apresentado sobre a preocupação e importância dada pelos respondentes à questão de freqüentar ambientes higiênicos e saudáveis, representando, além da maior média, o menor desvio padrão, ou seja, menor variabilidade de respostas. Com uma média também elevada, de 4,15, e com um desvio padrão relativamente alto (1,19), percebeu-se grande importância dada à questão da variedade de comidas e bebidas presentes no cardápio dos bares de forma geral, refletindo a importância de se oferecer produtos variados para o público GLBT, apesar da divergência de respostas encontradas. 4.3.3 Atendimento Nesta parte da análise, são consideradas variáveis referentes ao atendimento oferecido nos bares e a relevância dada a elas pelos entrevistados. Tabela 3: Atendimento. 16 Tempo de atendimento do garçom. 17 Tempo de espera pelo pedido. 18 Atendimento oferecido no caixa. 19 Educação dos funcionários. 20 Agilidade no pagamento da cota. 21 Informações fornecidas de maneira correta. 22 Informações corretas sobre a conta. 1 2 3 4 5 SCO Média Desvio 4,0% 3,3% 17,4% 19,4% 54,6% 1,3% 4,21 1,11 4,0% 2,0% 1,3% 4,7% 9,3% 11,3% 18,0% 24,0% 66,0% 56,7% 1,3% 1,3% 4,44 4,33 1,01 1,00 5,3% 2,7% 2,7% 5,3% 2,0% 9,3% 7,3% 26,0% 82,7% 56,7% 0,0% 0,0% 4,61 4,29 1,04 1,02 2,7% 2,7% 3,3% 21,3% 70,0% 0,0% 4,53 0,89 2,7% 1,3% 2,7% 9,3% 84,0% 0,0% 4,71 0,82 Fonte: dados da pesquisa (2008) Kotler (2000) enfatiza que todos os clientes buscam um bom atendimento, mas que este pode ser diferente para cada tipo de cliente. Como foi visto na pesquisa, alguns clientes desejam que o garçom os atenda o mais rápido possível e dão grande importância ao tempo de atendimento do garçom (54,6%) bem como à educação dos funcionários (82,7%) no momento de atendê-los ou explicar qualquer questionamento que por ventura venha a existir. No outro extremo, apenas 4% e 5,3%, respectivamente, conferem pouca importância a essas variáveis. Alguns clientes podem não gostar muito do atendimento muito rápido e visualizar nisso uma forma da empresa de querer livrar-se deles, o que pode explicar o alto desvio padrão da questão (1,11). Um fator que merece destaque é que 84% dos respondentes consideram muito importante receber informações corretas sobre a conta, evidenciando a relevância de se ter um cuidado especial no momento de registrar os produtos consumidos pelos clientes e lhes repassar essa informação. No momento da pesquisa foi observado que uma parcela dos respondentes destacou que tem preferência por atendimento no estilo self-service, ou seja, preferem ir eles mesmos ao balcão, fazer seus pedidos e recebê-los na mesma hora. Comunicação As questões relativas à comunicação estão ligadas, principalmente, à divulgação e promoção dos estabelecimentos desse setor e a importância conferida pelos entrevistados a esses instrumentos. Para Pereira, Ayrosa e Ojima (2006) quando os indivíduos suspeitam de serem homossexuais ou quando surge o risco de serem reconhecidos como gays, iniciam uma busca por informações referentes a temas ligados à homossexualidade, neste sentido encontra-se a importância de se ter uma divulgação voltada para o atendimento do público GLBT. Tabela 4: Comunicação. 23 Folders e propagandas vinculadas à mídia 24 Promoções 1 6,0% 2 13,3% 3 18,7% 4 22,0% 5 38,0% SCO 2,0% Média 3,79 Desvio 1,30 4,7% 6,0% 20,7% 23,3% 40,6% Fonte: dados da pesquisa (2008) 4,7% 4,03 1,21 Conforme pode ser observado no Quadro 6, é dada importância significativa, 60% (soma dos graus 4 e 5), à divulgação da marca através da distribuição de folders e propagandas na mídia. Este fato pode ser confrontado com o pequeno número de respondentes, 16% (soma dos percentuais de respondentes que buscam informações sobre bares em outdoors pela cidade, propagandas na mídia e panfletagem). Uma possível explicação para estes resultados é a carência de divulgação através desses meios de comunicação ou a falta de costume da população estudada de buscar informações nesses veículos, o que pode explicar também o desvio padrão 1,30 calculado. Com uma média de 4,03, nota-se grande importância dada ao uso de promoções como forma de atrair a atenção e a maior freqüência dos clientes aos estabelecimentos desse setor. Custo/Benefício Nesta seção da análise, encontram-se questões relativas aos preços dos produtos e /ou serviços dos bares, bem como opções de pagamento. 25 Preços dos produtos 26 Diferentes opções de pagamento 27Cobrança dos 10% Tabela 5: Custo/benefício. 1 2 3 4 4,0% 2,7% 29,3% 14,0% 6,0% 3,3% 16,0% 16,7% 5 48,7% 56,7% 30,7% 3,3% 20,7% 13,3% 22,0% Fonte: dados da pesquisa (2008) SCO 1,3% 1,3% Média 4,05 4,19 Desvio 1,14 1,19 10,0% 3,20 1,78 A média mais alta encontrada neste bloco foi 4,19, relativa à questão da presença de diferentes opções de pagamentos, fator de muita importância (56,7%) para os entrevistados, principalmente quando comparado com os percentuais vistos anteriormente, relativos às freqüências de formas distintas de pagamento realizadas pelos respondentes. Merece destaque a questão da cobrança dos 10% por apresentar um número maior de clientes que marcaram a opção relativa ao fato de não terem condições de opinar (10%), bem como por apresentar a menor média (3,20) do bloco e o maior desvio padrão (1,78) de toda a pesquisa. Reflete uma importância mediana dada a essa questão. Uma explicação provável para estes dados é o caráter facultativo dessa questão, ou seja, as pessoas não são obrigadas a pagar os 10%, mesmo em estabelecimentos que efetuem essa cobrança apesar dessa cobrança ser socialmente “desejada” ou “exigida” em alguns estabelecimentos. Conveniência Na presente etapa da pesquisa, estão as variáveis relativas à conveniência, como questões como o acesso ao local, a facilidade de estacionamento, bem como a segurança oferecida. 28 Acesso ao local 29 Facilidade de estacionamento 30 Segurança oferecida no local Tabela 6: Conveniência. 1 2 3 4 3,3% 4,0% 14,7% 28,7% 6,0% 2,7% 11,3% 21,3% 5 46,0% 57,4% SCO 3,3% 1,3% Média 4,20 4,25 Desvio 1,08 1,15 4,0% 86,0% 0,0% 4,68 0,93 2,0% 2,0% 6,0% Fonte: dados da pesquisa (2008). Na questão que diz respeito ao acesso ao local, 46% dos respondentes marcou a opção máxima de importância, configurando uma relevância ao local das instalações do estabelecimento, bem como o acesso a este. Para Mowen (2002), variáveis como distância entre o estabelecimento e a residência do consumidor, preço das marcas consideradas bem como serviços complementares, são fatores de influência na tomada de decisão. Extremamente importante, e possuidora da maior média do bloco (4,68) e menor desvio padrão (0,93) foi a variável “segurança oferecida no local”, evidenciando como é importante oferecer um local onde os consumidores sintam-se seguros, contribuindo assim para o retorno destes no estabelecimento. A questão dos estacionamentos recebeu, também, um grau elevado de importância, 57,4%, destacando a necessidade de fornecimento de estacionamentos pelos bares. Muitas vezes, os consumidores deixam de freqüentar, ou até mesmo parar em um bar ou outro pela falta de locais próximos para deixar seus veículos, ocasionando uma perda de clientes devido a esse fator. Deste modo, encerra-se a análise dos resultados obtidos através da pesquisa, obtida através da consideração, destaque e comentários dos dados mais representativos do público GLBT, enfatizando, sobretudo, o alcance dos objetivos geral e específicos pretendidos no momento que antecedeu a pesquisa. 5. CONCLUSÃO O presente trabalho trouxe contribuições relevantes para a compreensão do mercado consumidor GLBT por parte das empresas do ramo de bares, tanto para as que já atuam voltadas a atender esse público de maneira específica, quanto para aquelas que buscam atrair esse segmento. Durante o desenvolvimento do estudo e com a análise dos resultados alcançados, através de uma pesquisa quantitativa, baseada em critérios previamente pesquisados no momento da construção do referencial teórico, confirmou-se a importância do estudo, destacada também pelos próprios entrevistados no momento da aplicação dos questionários. Uma das conclusões mais importantes do estudo foi o reconhecimento da necessidade de trabalhos voltados para este público em particular. Muitos dos entrevistados demonstraram surpresa no momento da pesquisa explicada pela ausência de estudos semelhantes realizados anteriormente. Conforme estudos de Peñaloza e Haslop, (apud PEREIRA, AYROSA e OJIMA, 2006) é reconhecida uma forte ligação dos segmentos de mercado com os movimentos sociais, considerando que diversas questões do estudo de movimentos sociais como identidade e subjetividade, também são cruciais para a compreensão da posição que os homossexuais ocupam no panorama econômico atual. Questão explicada através do fato de os homossexuais terem desenvolvido uma consciência de grupo, apresentada como uma parte da segmentação do mercado, em decorrência de apresentarem uma história comum, principalmente observada através da sua exclusão e discriminação social. Exemplo que confirmam estas teorias é o estudo de Machado e Prado (2005) que demonstra que a ida a locais gays, como bares é um aspecto importante do ritual de socialização da cultura gay e construção da identidade homossexual para os indivíduos. Apresentaram-se as características relacionadas ao perfil da amostra, as variáveis que receberam maior importância dos consumidores, bem como elementos referentes à experiência de consumo da população GLBT. Vale ressaltar que não houve grandes dificuldades na realização da pesquisa, bem como não se apresentaram índices de não respostas. A análise do perfil da amostra trouxe, principalmente, a informação que a maior parte da população é composta por pessoas jovens, concentrando-se maior número de respondentes do sexo masculino. Característica que merece destaque nessa seção é o nível entre alto e médio de instrução dos entrevistados, refletindo uma população mais informada e mais exigente, como foi confirmado através dos resultados. Del-Vechio, Andrade e Bronemann (2007, p.3), ao considerar os diferentes papéis que homens e mulheres têm desempenhado ao longo da sua evolução, destacam que cada gênero sempre foi tratado de forma particular, diferenciada, alinhado aos valores relevantes a cada sociedade. Na idade da pedra, o instinto de sobrevivência exigia uma divisão das tarefas, fator que já evidenciava indícios das diferenças entre os gêneros. Os autores ainda completam comentando que: apesar destas diferenças estarem impregnadas na cultura de cada sociedade, elas vão muito além das normas de conduta social, o próprio ser humano ao se formar já carrega dentro de si estas diferenças. Homens e mulheres possuem características próprias, maneiras de pensar e agir distintas, assim como seus desejos, motivações, preferências, e outras características. No estudo que envolve os atributos mais considerados pelo público GLBT, percebeu-se alto grau de importância dada à maior parte das questões, que envolveram o ambiente físico, o cardápio, o atendimento oferecido, o processo de comunicação, a relação custo/benefício e a conveniência. Estes resultados refletem um público exigente, preocupado com detalhes. Observou-se a preferência dos consumidores em freqüentar bares voltados para o seu segmento. Como pôde ser detectado, estes consumidores sentem-se mais à vontade e livres do preconceito enfrentado, muitas vezes, nos ambientes que não oferecem essa proposta, oferecendo-lhes a sensação de segurança. Mais uma vez confirmando a importância do estudo diante dos resultados obtidos relativos à freqüência desse público nos estabelecimentos desse setor. Vale ressaltar a presença de desvios padrão elevados, e uma possível explicação para tal resultado pode ser a série de mudanças enfrentadas pelo público GLBT no período definido com a “saída do armário”, ou seja, o processo onde este público assume a sua opção sexual. Considerando os estudos de Pereira, Ayrosa e Ojim (2006), têm-se como resultados sugeridos pelos autores que os gays interagem com produtos e marcas durante a construção da identidade homossexual e que utilizam os produtos em estratégia de negação, camuflagem e reforço dessa identidade. Logo, além do caráter da segurança percebido no público GLBT quando da escolha por bares e ambientes específicos para eles, pode-se perceber ao mesmo tempo um desejo de reforçar a sua identidade. Entretanto, Pereira, Ayrosa e Ojima (2006), mais uma vez destacando as mudanças ocasionadas dependo do estágio do processo de “saída do armário” no qual os homossexuais se encontram, afirmam que indivíduos no estágio de aceitação da sua opção sexual costumam apresentar uma atitude muitas vezes até de rejeição de produtos e locais voltados para homossexuais. Logo, se explica a importância da questão referente ao fato de ser ou não um GLBT assumido, onde mais da metade, um percentual de 62% dos respondentes afirmaram ter assumido suas opções sexuais. Tendo em vista o que foi anteriormente mencionado, os bares podem traçar suas estratégias a fim de atender às exigências desse público e assim ter maiores chances de sobreviver neste mercado competitivo ou até mesmo obter vantagem em relação aos seus concorrentes. Uma limitação deste trabalho diz respeito ao caráter do público estudado. Por se tratar de uma população escolhida em função da sua orientação sexual e por esta ainda não ser uma questão considerada natural na sociedade, existe o fator discriminação, que dificulta muito que as pessoas que se enquadram neste segmento assumam a sua opção. Por conseguinte, a pesquisa foi realizada em ambientes voltados para esse público em virtude da certeza, ou pelo menos maior chance de estar abordando os consumidores realmente importantes para a pesquisa. Os resultados obtidos neste trabalho trouxeram significativa contribuição tanto acadêmica quanto gerencial, devido à insuficiente quantidade de estudos com essa população e à insuficiência de literatura sobre este público. Neste sentido, a presente pesquisa poderá ser utilizada como referência para futuros estudos, ou como uma forma de as empresas desse ramo melhor conhecerem seus clientes e a partir disso tomarem suas decisões e investirem em estratégias de marketing voltadas para o seu público alvo. Conforme os resultados da pesquisa percebeu-se a relevância de estudos voltados para a compreensão do público GLBT, compreendendo um número vasto de variáveis que podem ser abordadas em trabalhos posteriores. Desta forma, sugere-se uma análise mais ampla e mais profunda do público, bem como a realização de estudos voltados para a percepção dos gestores sobre este segmento em particular. REFERÊNCIAS Abrasel – Associação Brasileira de Bares e Restaurantes. Disponível em: <http://www.abrasel.com.br/>. Acesso em: 10 out. 2007. ALDRICH, Robert. Homosexuality and the City: An Historical Overview. In: Urban Studies, v. 41, n. 9, p.1719-1737, 2004. AÑAÑA, Edar da Silva. et al. Segmentação de Mercado Utilizando Dados da Comunidade Virtual Orkut. In: II ENCONTRO DE MARKETING - EMA, Rio de Janeiro - RJ. Resumo dos Trabalhos, 2006. BAKER, Michael J. The Marketing Book, 5th ed., Oxford: Elsevier Science, 2003. BATESON, John E.G. e HOFFMAN, K. Douglas. Marketing de Serviços. 4ª ed. 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AMBIENTE FÍSICO (interno e externo) 1 Tamanho do estabelecimento 2 Temperatura do ambiente 3 Decoração do ambiente 4 Disposição das mesas e o espaço entre elas 5 Conforto das cadeiras 6 limpeza das mesas 7 higiene dos banheiros 8 Iluminação do ambiente 9 Presença de fumantes no estabelecimento 10 Aparência dos garçons 11 Presença de barulhos e ruídos 12 Música ambiente (telões, som, ao vivo) CARDÁPIO (comidas e bebidas) 13 Apresentação dos pratos 14 Variedade de comidas e bebidas 15 Higiene dos utensílios ATENDIMENTO 16 Tempo de atendimento do garçom 17 Tempo de espera pelo pedido 18 Atendimento oferecido no caixa 19 Educação dos funcionários 20 Agilidade no pagamento da conta 21 Informações fornecidas de maneira correta 22 Informações corretas sobre a conta COMUNICAÇÃO 23 Folders e propagandas vinculadas à mídia 24 Promoções CUSTO / BENEFÍCIO 25 Preços dos produtos 26 Diferentes opções de pagamento 27 Cobrança dos 10% Pouco importante 1 2 Pouco importante 1 2 Pouco importante 1 2 Pouco importante 1 2 Pouco importante 1 2 Muito importante 4 5 3 Muito importante 4 5 3 3 3 3 SCO SCO 4 Muito importante 5 SCO 4 Muito importante 5 SCO Muito importante 4 5 SCO CONVENIÊNCIA 28 Acesso ao local 29 Facilidade de estacionamento 30 Segurança oferecida no local II – EXPERIÊNCIA DE CONSUMO 1 – Com que freqüência costuma ir a bares/boates? a. Mais de uma vez por semana. b. Uma vez por semana. c. Três vezes por mês. d. Duas vezes por mês. e. Uma vez por mês. 2 - Quando costuma freqüentar bares? a. Durante a semana. b.Finais de semana. 3 – Em que ocasiões geralmente vai a bares? a. Encontrar-se com amigos. b. Sair com companheiro(a). c. Comemorações em geral. d. Happy hour. e. Sem motivos especiais. 4 – Onde costuma buscar as informações sobre bares? a. Através de amigos. b. Por familiares. c. Através de propaganda na televisão. d. Outdoors pela cidade. e. Panfletagem. f. Outros. 5 – Com quem geralmente vai a bares? a. Com companheiro(a). b. Com amigos. c. Família. d. Colegas de trabalho. e. Sozinho(a). 6 – Como costuma pagar a conta? a. Em espécie. b. Cheque. c. Cartão de crédito. 7 – Há quanto tempo freqüenta bares? a. Menos de 1 ano. b. De 1 a 2 anos. c. De 2 a 3 anos. d. De 3 a 4 anos. e. Mais de 4 anos. Pouco importante 1 2 3 4 Muito importante 5 SCO 8 – Qual o bar você mais freqüenta? _____________________ III – PERFIL DO RESPONDENTE 1 – Sexo: a. Feminino. b. Masculino. 2 – É um GLBT assumido? ( ) Sim ( ) Não 3 – Em qual categoria GLBT se enquadra? a. Gays b. Lésbicas. c. Bissexuais. d. Transgêneros. 4 – Idade: a. De 15 a 22 anos. b. De 23 a 30 anos. c. De 31 a 38 anos. d. De 39 a 46 anos. e. De 47 a 51 anos. f. Acima de 51 anos. 5 – Estado civil: a. Solteiro. b. Casado. c. Divorciado/Separado. d. Viúvo. 6 – Escolaridade: a. 1º grau. b. 2º grau incompleto. c. 2º grau completo. d. Superior incompleto. e. Superior completo. f. Pós-graduação. 7 – Renda: a. De R$ 380,00 a R$ 1140,00. b. De R$ 1140,00 a R$ 1900,00. c. De R$ 1900,00 a R$ 2660,00. d. Acima de R$ 2660,00. 8 – Bairro: _______________________ 9 – Profissão: _______________________