SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM MARKETING – SIM Ricardo Gagliardi Tomar decisões faz parte de cada um dos momentos de nossa vida. O que fazer? Quando fazer? Como fazer? Onde fazer? É certo? É errado? São algumas de dúvidas que enfrentamos diante das alternativas que se apresentam à nossa frente. O processo de tomar decisões é complexo e, para escolher, consideramos uma série de fatores, que vão desde uma rápida consulta à nossa consciência até a uma extensa pesquisa em bibliotecas. É assim quando decidimos que carreira seguir ou que caminho devemos tomar para chegarmos mais rápido a um determinado lugar. Em Marketing, não é diferente. Contudo, o que muda é a maneira como buscamos as informações para apoiar as decisões. Diante de um mercado que se transforma todos os dias, o profissional de Marketing precisa ter informações confiáveis sobre sua empresa, seus produtos, o mercado em que atua, a concorrência e, fundamentalmente, sobre o comportamento do consumidor. Para aumentar suas chances de sucesso, o mercadólogo dispõe de ferramentas de apoio organizadas em Sistemas de Informação em Marketing – Sim. Com a análise criteriosa das informações obtidas pelo SIM, é possível mapear o mercado, detectando tendências e padrões de comportamento, identificando o que pode ser uma oportunidade ou uma ameaça e trabalhar para atingir com precisão as expectativas do consumidor. Com o SIM, você tem subsídios para fazer uma análise SWOT em sua empresa ou produto, identificando quais são os seus pontos fortes (Strenght), quais são os seus pontos fracos (Weakness), quais são as oportunidades (Opportunity) que você pode explorar e, por fim, quais são as possíveis ameaças (Threaten) que você pode encontrar no mercado. Enfim, o Sistema de Informação em Marketing é um sistema planejado para levar aos executivos de marketing todas as informações relevantes e atualizadas sobre sua área de atuação. O SIM é composto por Sistemas de Suporte à Decisão, Pesquisa de Marketing e o Sistema de Inteligência em Marketing. Sistemas de Suporte à Decisão Como o próprio nome sugere, são softwares que organizam as informações e auxiliam na tomada de decisão. Bastante versáteis, com esses sistemas é possível criar cenários alterando variáveis do composto de marketing (4p´s), analisando padrões de consumo do mercado e avaliando tendências de vendas. Assim, a natureza primordial desse tipo de ferramenta é que ela é, basicamente, voltada para a investigação. Outras qualidades esperadas são a interatividade, flexibilidade e a acessibilidade na utilização dos dados disponíveis. Os Bancos de Dados que registram o padrão de comportamento de compra dos consumidores são um valioso instrumento para se conseguir o sucesso no lançamento de novos produtos ou nas adequações do composto de marketing dos produtos ou serviços existentes. Esses bancos de dados são conhecidos como Data Base Marketing e o processo de pesquisar, localizar e avaliar quais são as informações relevantes para uma determinada ação chama-se Data Mining. Um exemplo brasileiro na implantação desse conceito foi a criação, há alguns anos, do Cartão Cliente Mais, do Grupo Pão de Açúcar, um dos maiores grupos supermercadistas em atuação no País. Com a meta de identificar e determinar o perfil de consumo nas lojas da rede, os clientes eram convidados a preencher um cadastro com dados pessoais. Esses clientes recebiam um cartão magnético de identificação, com direito a brindes e promoções. A cada compra, o cartão era solicitado e sua passagem nos check outs (caixas) registrava todas as mercadorias do tíquete de compra. Com a análise dessas informações, a rede conseguiu adequar o mix de produtos oferecidos em cada loja e promover a melhor distribuição dos produtos na rede, otimizando estoques e rentabilidade, entre outros fatores. Sistema de Inteligência de Marketing Philip Kotler, no livro Administração de Marketing, conceitua que o Sistema de Inteligência de Marketing nada mais é do que o conjunto de procedimentos e fontes utilizadas para se obter informações relevantes de marketing. Isso quer dizer que o sistema de informação deve ser capaz de monitorar muitas variáveis simultaneamente, como o comportamento de compra do consumidor, as investidas da concorrência e os indicadores econômicos que podem afetar o equilíbrio de forças do mercado. Assim, taxas de juros, Produto Interno Bruto – PIB, oscilação das taxas de inflação além de outros indicadores econômicos são analisados e cruzados com o desempenho do produto. Pesquisa de Marketing É o processo de planejamento, coleta e análise dos dados relevantes para a tomada de decisão em Marketing. A Pesquisa de Marketing é um processo científico e traz muitas vantagens: melhora a qualidade das decisões, analisa problemas, auxilia na manutenção da carteira de clientes e ajuda a compreender as transformações do mercado. Em suma, a Pesquisa de Marketing pode ser feita explorar, descrever ou explicar uma determinada situação. Dependendo da complexidade e dos objetivos da pesquisa, ela pode ter um enfoque quantitativo ou qualitativo. Uma Pesquisa Quantitativa está preocupada em determinar um número, como por exemplo, quantos consumidores usam o sabonete X. Já na Pesquisa Qualitativa a preocupação é com a qualidade da informação, ou seja, identificar o porquê da preferência pelo sabonete X em relação ao seu concorrente. Hoje, a tendência é combinar os dois enfoques, fazendo uma pesquisa quantitativa e, após analisar os resultados, uma qualitativa. Como a orientação é a obtenção da informação das mais variadas fontes, o processo de Pesquisa de Marketing segue, basicamente, os passos abaixo: Definição do problema – a exata definição do problema significa o caminho mais rápido na busca das respostas para solucioná-lo. Por exemplo: ao analisar a participação de sua empresa no mercado, você verificou que houve uma queda de 5% em relação ao período anterior. Entendendo que essa queda de participação é apenas um sintoma, a definição do problema seria identificar sua real causa. Formulação a Hipótese – depois de identificar o problema, o pesquisador formula sua hipótese que será confirmada ou não com os dados obtidos no trabalho de campo. Uma hipótese nada mais é do que uma suposição sobre um determinado fenômeno que procuramos explicar. Coleta de Dados – existem dois tipos de dados: dados secundários e dados primários. Dados secundários são informações que já estão disponíveis ou publicadas, como, por exemplo, resultados de levantamentos feitos pelo IBGE ou por outros institutos de pesquisa. Eles podem ser colhidos por meio de observação ou entrevistas dentro ou fora da empresa (fontes internas ou externas) ou por estudos feitos por de empresas de pesquisa de mercado, leituras de relatórios de associações comerciais ou a pesquisa em sites na Internet. Usar dados secundários em uma pesquisa apresenta algumas vantagens, tais como baixo custo de obtenção, rapidez na coleta, facilidade de acesso, credibilidade e a variedade de fontes de consulta. Por outro lado, os dados secundários podem ser inadequados para uma pesquisa se estiverem desatualizados. Dados primários, por sua vez, são as primeiras informações registradas numa pesquisa específica. Por exemplo: você alterou seu produto e fez uma pesquisa entre seus consumidores para saber se gostaram ou não. Os dados primários trazem informações para resolver problemas específicos de uma pesquisa, porém são mais caros para se obter. Eles podem ser conseguidos em entrevistas, aplicação de questionários, pesquisas de observação ou experimentos, entre outras maneiras. Análise e Interpretação de Dados - depois de coletar os dados, é hora de analisá-los e interpretá-los e verificar se houve ou não a confirmação da hipótese da Pesquisa. Todas essas informações são condensadas num relatório de pesquisa encaminhado aos executivos da empresa. Agora, você já sabe a importância dos Sistemas de Informação de Marketing e seu papel na tomada de decisões. E você pode até arriscar a montar seu próprio sistema de informações. Mas é muito importante que você mantenha o hábito da leitura. Para aprofundar seu conhecimento, visite uma biblioteca e compare as visões dos autores citados na referência bibliográfica. Bons estudos! Referências Bibliográficas: Boone, L.E.; Kurtz, D. L. Marketing Contemporâneo. São Paulo: Cengage Learning, 2009. Churchill, G.A; Churchill. Marketing: criando valor para o cliente. São Paulo: Saraiva, 2000. Dias, S.R. (org.). Gestão de Marketing. São Paulo: Saraiva, 2003. Hair Jr., J.F.; Lamb Jr., C.W.; McDaniel, C. Princípios de Marketing. São Paulo: Thomson Learning, 2003. Kerin, R. A. et al. Marketing. 8a. Ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2008. Kotler, P.; Keller, K. Administração de Marketing. 12ª. Ed. São Paulo: Pearson Education, 2006.