A IMPORTÂNCIA DA DEMANDA AGREGADA PARA O

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A IMPORTÂNCIA DA DEMANDA AGREGADA PARA O CRESCIMENTO
ECONÔMICO BRASILEIRO NO PERÍODO ENTRE 1970 A 2007
[email protected]
Apresentação Oral-Economia e Gestão no Agronegócio
VALDIR ANTONIO GALANTE; FRANCISCO CARLOS DA CUNHA CASSUCE;
VALDEMIR ANTONIO DE ALMEIDA.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ, FRANCISCO BELTRAO - PR BRASIL.
A IMPORTÂNCIA DA DEMANDA AGREGADA PARA O CRESCIMENTO
ECONÔMICO BRASILEIRO NO PERÍODO ENTRE 1970 A 2007
Grupo de Pesquisa: Economia e Gestão no Agronegócio
Resumo: Os gastos públicos no Brasil sempre foram objeto de discussão por toda sociedade,
não só por economistas e tampouco pelo Governo. Abordar esse assunto e suas implicações
no crescimento econômico é o objetivo desse trabalho. A economia brasileira passou por
momentos distintos, e a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nas últimas
décadas oscilou muito, alternando períodos de taxas elevadas com outros com crescimento
medíocre. O trabalho também verifica o comportamento dos juros e das exportações frente o
Produto Interno Bruto (PIB). Um breve histórico da economia brasileira será apresentado
fazendo-se alguns apontamentos. Para verificar o comportamento das variáveis frente ao PIB,
será feita estimação da equação por MQO das variáveis PIB gastos públicos, taxa de juro e
exportações. Antes porém, foram realizados alguns testes, como: teste de estacionariedade,
teste de co-integração e autocorrelação. Como resultado, constatou-se que as variáveis gastos
públicos e exportações tiveram sinal positivo e afetaram de maneira significativa o PIB,
enquanto os juros que foi usado como proxy de investimento, teve sinal negativo e ainda não
foram significativos. Como as séries não são co-integradas a interpretação á ser feita é de
curto prazo.
Palavras-chave: Gasto Público; Crescimento Econômico; Produto Interno Bruto.
THE IMPORTANCE OF THE AGGREGATE DEMAND FOR THE BRAZILIAN
ECONOMIC GROWTH IN THE PERIOD BETWEEN 1970 TO 2007
Abstract: The public expense in Brazil always were object of argument by all society, not
only for economists and neither by the Government. Approach this subject and your
implications in the economic growth is the objective of this work. The Brazilian economy
passed for moments distinct, and the growth rate of the Rough Internal Product (PIB) in the
last decades oscillated, alternating periods of rates elevated with others with mediocre
growth. The work also verifies the behavior of the interest and of the exportations front the
Gross Domestic Product (GDP). To verify the behavior of the variables facing the PIB, will
be make estimation of the equation for Least Squares of the variables GDP, public expense,
rate of interest and exportations. Before, however, they carried out some tests as: test of
stationarity, test of co-integration and autocorrelation. As a result, it was estabilished that the
variables public expense and exportations had positive sign and affected in a significant way
the PIB, while the interest that was used like proxy of investment, had negative sign and still
were not significant. As the series do not be co-integrated the interpretation to be deed is of
short term.
Key-words: Public expense; Economic growth; Gross domestic product.
1. INTRODUÇÃO
Os gastos públicos é peça importante para atuação do governo de qualquer país. É
através destes que se estabelecem as prioridades, no que se refere a prestação dos serviços
públicos como também os investimentos públicos (RIANI, 2002).
O consumo do governo (gastos públicos) como componente da demanda agregada não
tem sido apontado como fator capaz de gerar crescimento econômico, principalmente em se
tratando da economia brasileira. Pelo contrário, eles podem ser considerados maléficos para o
crescimento do PIB. Para Garcia (2006) os gastos públicos são um entrave ao crescimento
econômico. Segundo o autor, existe um grande número de economistas que difundem a idéia
que os gastos públicos ao aumentarem a demanda agregada geram crescimento econômico.
Para ele, o forte inchaço dos gastos públicos é pernicioso ao crescimento econômico. A alta
carga tributária advém dos altos gastos. Estes impostos acabam onerando a produção,
desestimulando investimentos e fomentando a sonegação, diminuindo a produtividade e o
crescimento econômico.
Porém, segundo Souza (2004), nos EUA, os gastos com defesa desde o início do
século XX, vem contribuindo para o crescimento do PIB, ou seja, a produção e venda de
armamentos influenciou de maneira positiva o crescimento do produto norte-americano.
Para Carneiro e Wu (2003), a economia brasileira apresenta alta volatilidade com
relação ao crescimento do PIB, relacionado a problemas fiscais e monetários. Segundo os
autores, existe uma correlação entre o comportamento do PIB dos EUA com o PIB brasileiro,
ou seja, um bom desempenho da economia norte-americana traz grandes benefícios para o
comércio exterior brasileiro, implicando diretamente sobre a taxa de crescimento do PIB.
De acordo com Silva (2001), as variáveis taxas de crescimento da economia norteamericana e a taxa de crescimento cumulativa do produto real brasileiro condicionaram a
evolução da economia brasileira, já que eram importantes como determinantes das
exportações nas décadas de 80 e 90. Segundo o autor, as políticas fiscais implementadas pós
anos 80, foram prejudiciais para os investimentos em infra-estrutura, educação e ciências &
tecnologia. Isto fez com que o país fosse pouco competitivo externamente.
Como os investimentos ficaram estagnados, as chances de expansão sustentadas das
exportações se tornam remotas e consequentemente o crescimento da renda também fica
comprometida.
Verifica-se que há uma alternância na estrutura da demanda agregada quanto aos
fatores que há compõem e, consequentemente, influenciam o comportamento do PIB. A partir
de 2000, houve um revezamento entre as exportações e o consumo interno. Para o IPEA
(2000), um dos componentes da demanda agregada (DA) que contribuíram para a sustentação
da economia em 1999 foram as exportações líquidas de bens e serviços não fatores. Segundo
Ferrari (2005), isto ocorre via multiplicador de comércio exterior, ou seja, á medida que se
aumenta as exportações, ocorre um aumento na produção de bens manufaturados, que por sua
vez aumenta a produtividade reduzindo os custos e estimulando o aumento das exportações.
Por isso, as exportações líquidas têm papel importante para o crescimento econômico. Alem
desse fator, as exportações líquidas elevam a disponibilidade de divisas, o que possibilita a
elevação das importações, também contribuindo para manter taxas de crescimento econômico
elevadas por longos períodos.
Hori (2007) corrobora o fato de que as exportações têm papel fundamental para o
crescimento do PIB brasileiro. Porém, a valorização do real fez, mesmo com o aumento das
exportações no ano de 2005 e 2006, ocorresse uma redução do valor das exportações como
comportamento do PIB.
Já para Oreiro, Nakabaschi, Lemos e Silva (2007), segundo testes econométricos, 95%
do crescimento do PIB de 1990 a 2005 é explicado por componentes da demanda agregada.
Esse crescimento apresentou característica endógena e se deu devido, principalmente, a
aumento dos gastos de consumo de bens duráveis refletindo o ganho de importância da
demanda interna.
Analisando o comportamento da economia brasileira nos últimos anos, principalmente
a partir de 2004, verificou-se que o crescimento do PIB deu sinais de melhora depois de ter
apresentado modestas médias de crescimento. Em 2004 os 5,7% de crescimento foi puxado
principalmente pelas exportações que cresceram 15,3%. O contrário, porém, verificou-se em
2007, onde a taxa de crescimento de 5,4% do PIB foi resultado do aumento de 6,5% no
consumo das famílias, levado principalmente pelo aumento da massa salarial e do crédito.
Além disso, observou-se um aumento do consumo doméstico e dos investimentos privados e
uma conseqüente redução de dependência do cenário internacional (REZENDE E SOUZA
JUNIOR 2008).
Para o IPEA (2008), o crescimento do PIB de 5,4% em 2007, foi resultado de uma
combinação do aumento de 6,8% na demanda interna, e -1,4% na demanda externa. O
consumo pessoal cresceu 6,5%, resultado do aumento do emprego, salários, crédito pessoal e
de programas como bolsa família.
Analisando o comportamento dos fatores que tem contribuído para o crescimento
econômico brasileiro, principalmente a partir de 2000, vê-se que tanto o crescimento das
exportações como o consumo interno tem contribuição considerável como apontado pelos
autores acima.
1.1 Problema e sua Importância
A teoria keynesiana evidencia a importância do governo na economia, à medida que
preconizou o aumento dos gastos públicos como propulsor do crescimento econômico, ou em
um contexto de queda da demanda efetiva, devido ao aumento da incerteza e, portanto, da
preferência pela liquidez, o governo deve aumentar temporariamente os seus gastos para
compensar a queda da demanda efetiva.
Tendo que a economia brasileira apresentou um crescimento modesto nos últimos
anos, torna-se relevante analisar a relação entre os gastos públicos e o crescimento
econômico. Para tanto, parte-se do pressuposto que os gastos do governo são capazes de gerar
demanda efetiva e desencadear o efeito multiplicador, de tal forma que a economia possa ser
dinamizada e apresentar taxas expressivas de crescimento.
Em um contexto histórico, os gastos públicos foram analisados por Peacock e
Wiseman (1967), nos períodos das duas grandes guerras mundiais, onde o impacto das
guerras nos gastos do governo foi chamado de “efeito deslocamento”. Os gastos aumentavam
durante a guerra e diminuía depois, porém, continuavam maiores que no período anterior à
guerra.
Quando o crescimento dos gastos foram analisados levando em consideração estágios
de desenvolvimento e o crescimento dos países, observou-se que de início há uma grande
demanda de investimentos nos mais diversos setores: como em transportes, saneamento,
estradas, educação, administração pública e outros, e que estes gastos vão diminuindo à
medida que o país cresce. Porém, quando se está num estágio de desenvolvimento adiantado,
estes gastos voltam a crescer em relação ao PIB, devido ao crescimento dos gastos sociais,
que serão maiores que os outros gastos (PRATA 2003).
O grande dilema da economia brasileira após a implantação do Plano Real é a questão
do crescimento econômico e o equilíbrio fiscal. Muito se fala sobre as finanças públicas, onde
o alcance da estabilidade passa pelo corte de gastos públicos. Que esses gastos são as amarras
para o crescimento e uma das causas inflacionárias.
A partir de 1999, o setor público brasileiro tem alcançado superávits fiscais primários1
superiores a 3% do PIB. Para Reis e Valadares (2004), esse ajuste tem prejudicado o
crescimento da economia brasileira, já que apresenta como base o aumento da carga tributária
juntamente com a expansão dos gastos correntes, comprimindo os investimentos públicos.
Para Prata (2003), uma explicação para o aumento dos gastos a partir do Plano Real
foi quando o governo, na tentativa de manter a paridade do real com o dólar, elevou as taxas
de juros a fim de obter recursos para financiar o balanço de pagamentos, o que provocou um
forte aumento da dívida pública e, consequentemente, o aumento dos gastos com serviço da
dívida.
Ao contrário de Reis e Valadares (2004), Almeida, Giambiagi e Pessoa (2007),
verificaram que o crescimento do gasto público nos últimos anos no Brasil se deve
principalmente devido ao crescimento dos gastos do INSS e sociais, este último, a partir de
2001, com destaque para os programas de transferências de renda. Segundo autores para haver
um crescimento econômico maior e mais sustentado, é necessário que o crescimento dos
gastos sociais, Previdência e INSS, aumentem a um ritmo menor que o do crescimento do
PIB.
No geral o que se percebe é que os gastos públicos estão aumentando
desenfreadamente. De 1991 a 2005 os gastos do governo central aumentaram sua participação
no PIB em quase 10 pontos percentuais, provocando uma elevação da carga tributária. Esse
aumento gera empecilhos, principalmente às indústrias, já que desestimulam os investimentos
(ALMEIDA, GIAMBIAGI E PESSOA 2007).
O que marca o período de 1995 á 2004 principalmente a partir de 1998, segundo a
FIESP (2005), foi a grande elevação da carga tributária e das despesas como proporção do
PIB. O governo, para acomodar as despesas, acabou ampliando a carga tributária, resultado de
um acordo realizado junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI). O crescimento das
receitas públicas, de 1995 a 2004, foi de 63,5% um crescimento médio anual de 5,6%.
Enquanto que no mesmo período, o crescimento do PIB não passou de 2,2% ao ano. O
aumento da receita foi acompanhado pelo aumento dos gastos da união, onde o índice do
período ficou em 61,5%, média anual de 5,5% (FIESP, 2005).
O que se verifica, é que os padrões dos gastos e da carga tributária estão numa
trajetória de crescimento muito superior que o crescimento do PIB, o que pode levar a uma
situação insustentável.
Como pode ser observado, há divergências quanto ao efetivo efeito de uma expansão
contínua dos gastos públicos sobre o PIB brasileiro. O fato é que, principalmente no período
pós-Plano Real, a taxa real de crescimento dos gastos governamentais superou
consideravelmente o crescimento real do PIB. Diante disso, dada à importância do governo na
economia brasileira, é fundamental verificar se o aumento crescente da participação
governamental no Brasil foi o principal responsável pelo crescimento observado no período,
1
Superávit primário é o total das receitas menos total das despesas, excluídos os gastos com os juros da dívida.
ou se, o aumento dos gastos públicos contribuíram, de fato, como um entrave ao crescimento
brasileiro.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Determinação da Renda para uma Economia Aberta
Para Froyen, (2003) a diferença de um modelo Keynesiano simplificado para uma
economia aberta é a adição da demanda externa pelos produtos nacionais (exportações),
diminuindo desse as despesas domésticas de bens adquiridos no exterior (importações). Assim
tem-se a equação (1):
DA = C + I + G + ( X − M ) ..................................................................................... (1)
Em que X são as exportações e M as importações de bens e serviços do exterior.
Como a renda (Y) é composta por consumo (C), investimento (I) e gastos do governo
(G), mais as exportações líquidas (X – M), e é igual à demanda agregada (DA). A condição de
equilíbrio para a economia aberta é dada pela equação (3):
Y = DA = C + I + G + ( X − M ) .............................................................................. (2)
Para chegar ao produto de equilíbrio no modelo de economia aberta, consideram-se os
gastos do governo como exógenos. Então analisaremos os componentes: consumo,
investimento, exportação e importação.
De acordo com a teoria econômica, consumo é o principal componente da demanda
agregada, e é função estável do nível da renda disponível. A função consumo é definida pela
equação (3) conforme Keynes:
a > 0 e 0 < b<1 ....................................................................... (3)
C = a + bYd
Em que:
a = consumo autônomo.
b = Propensão Marginal a Consumir.
Yd = Renda disponível (Y-T).
Onde a renda disponível é o produto menos a carga tributária. O consumo autônomo
independe da renda disponível e “b” mostra o que ocorre com o consumo quando se tem
variações na renda disponível, que é chamado de Propensão Marginal a Consumir. De acordo
com a teoria, o consumo aumenta conforme o aumento da renda disponível, sendo que, a
proporção no aumento do consumo será menor que o aumento da renda. Como a demanda de
consumo é uma função estável da renda, quer dizer que ao longo dos ciclos econômicos, o
movimento do consumo segue, passivamente, o movimento da renda.
Como a renda disponível é Y − T pode-se apresentar outra função para os tributos, que
é representado pela equação (4):
T = T0 + tY 0 < t < 1 ............................................................................................... (4)
onde: T0 é a tributação autônoma; t é a propensão média a tributar sobre a renda.
Considerando o investimento endógeno tem-se a equação (5):
I = α + β r .............................................................................................................. (5).
A equação (5) representa a função de investimento, em que: α >0 e β <0; “r” é a taxa
real de juros; I é o investimento.
Os investimentos dentro de uma economia capitalista apresentam uma relação inversa
ao nível das taxas de juros praticadas em certo período, ou seja, quanto maior for a taxa de
juros praticada, menor serão os investimentos realizados em ativos reais e vice-versa. Portanto
a taxa de juros é uma variável que interfere de forma direta a decisão dos empresários em
realizar investimentos e com isso ela também pode provocar oscilações no produto da
economia (BARROS, 2007).
A equação (6) traz as importações como função de um componente autônomo, da
renda interna (Y), e da taxa de câmbio.
M = e + uY + dS
e >0, 0< u < 1 e d<0 .................................................... (6).
As importações dependem diretamente da renda interna e inversamente da taxa de
câmbio real. Onde o componente “e” representa as importações autônomas e o parâmetro “u”
representa a propensão marginal a importar, ou seja, ele mostra o comportamento na demanda
por importações dado os aumentos unitários no produto interno.
Substituindo (3), (4), (5) e (6) na equação (1) obtemos a equação (7) que traz o ponto
de equilíbrio da economia em que o produto interno depende de um componente autônomo
(W-bT0) da taxa de juros reais e das variáveis gastos do governo e exportações, tidas como
exógenas por dependerem, respectivamente, da decisão do governo de gastar e da renda
externa.
Y = a + b(Y − T0 − tY ) + (α + β r ) + G + ( X − (e + uY + dS )) .................................... (7)


1
[(a − bT0 + α − e ) + βr + G + X − dS ] .................................... (8)
Y = 
 (1 − b + bt + u ) 


1
 , na equação (8), quanto maior
Considerando o multiplicador da renda 
 (1 − b + bt + u ) 
a propensão a importar, ou seja, quanto maior “u”, menor será o multiplicador dos dispêndios
autônomos. Haverá uma alteração na demanda, ocasionado uma redução na demanda pelos
bens internos e elevando a demanda por bens importados. Da mesma forma, uma elevação na
propensão a tributar (t) reduz o estimulo ao consumo reduzindo também o efeito deste sobre a
renda, diminuindo, portanto, o multiplicador. Em contrapartida, uma elevada propensão
marginal a consumir (b) aumentaria o multiplicador2, expandindo os efeitos do consumo
sobre a renda. (FROYEN, 2003).
Ainda analisando a equação (8), verifica-se que um aumento nas exportações ocasiona
uma elevação na demanda agregada e, conseqüentemente, na renda de equilíbrio. O mesmo
pode ser dito a respeito dos gastos do governo. Uma elevação nos gastos públicos aumenta a
renda na proporção do multiplicador.
A taxa de juros exerce efeito negativo sobre a renda de equilíbrio. Um aumento na
taxa de juros (lembrando que β < 0 ), reduz o número de investimentos viáveis,
desestimulando, portanto, a geração de novos investimento no país. A queda dos
investimentos efetivos irá, necessariamente, provocar uma queda da renda de equilíbrio.
É difícil de compreender as flutuações da renda ou do produto, porque o número das
variáveis envolvidas é grande, o que dificulta uma análise mais detalhada, e um diagnóstico
correto e preciso. As políticas macroeconômicas, em seu conjunto, representam as opções
com as quais o Estado pode interferir na economia depois de traçar os objetivos almejados. A
forma, o momento e quais políticas a serem adotadas, dependem da situação dos diagnósticos
realizados e dos objetivos do Estado.
3. METODOLOGIA
Dada a relação entre a produção e os componentes da demanda agregada exposta no
capítulo 2, será estimado o modelo de equilíbrio do mercado de bens, para a economia
brasileira, representado pela equação (1).
2
Um aumento de b elevaria o multiplicador pelo termo b e reduziria pelo termo bt. Contudo o efeito final é de
um aumento sobre o multiplicador uma vez que 0<t<1.
Υt = β 0 + β1 J t + β 2 Gt + β 3 X t + u t ........................................................................ (9),
onde “J” é a taxa de juros, “G” gastos do governo, “X” exportações e ut são os
resíduos da equação. Espera-se que β1 seja menor que zero, pois, um aumento na taxa de juros
desestimula o consumo e o investimento. No caso de β 2 que ele seja maior que zero, pois um
aumento nos gastos do governo gere crescimento do produto. Também que β 3 seja maior que
zero, pois, um aumento nas exportações, causam impacto no produto.
Como componente da demanda agregada os investimentos representam um importante
papel para a economia. Através dos investimentos é possível aumentar o nível da capacidade
produtiva no logo-prazo. Porém, as taxas de juros podem ser um entrave para os
investimentos, juros altos significam menor atratividade pelo acúmulo de capital, ou seja, em
vez de investir é preferível adquirir ativos financeiros.
Também importante componente da demanda agregada, os Gastos Públicos, como
citado anteriormente, são considerados peça importante para os governos como ferramenta de
política econômica. Assim uma expansão dos gastos tende a elevar o produto da economia, o
tamanho e o efeito dos gastos vão depender da magnitude e para quais setores serão
direcionados.
Para o caso das exportações, as expectativas é que essas gerem aumento do produto.
Quanto maior a quantidade exportada maior será a quantidade produzida no país, ou seja, se a
produção interna esta sendo escoada e trazendo bons retornos aos produtores internos maior
será a renda da economia.
Para o caso dos resíduos (ut), esses representam todas as variáveis omitidas no modelo
que afetam de maneira coletiva a variável dependente, nesse caso, todas as variações do PIB
que as variáveis “J”, “G” e “X” estão contidas nos resíduos (ut).
A equação (9) será estimada por MQO. Este é considerado um dos métodos mais
difundidos para a análise de regressão, não sendo necessário descrever detalhadamente essa
metodologia3.
Serão realizados testes de raiz unitária, de co-integração e de autocorrelação nos
resíduos.
O teste de raiz unitária consiste em verificar como o processo estocástico gerador das
séries se comporta ao longo do tempo, ou seja, verificar se as séries são ou não estacionárias.
Uma série temporal é definida como estacionária se suas médias, variâncias e covariâncias
não mudarem independentemente do período de tempo em que forem medidas. Quando os
dados apresentam tendência ascendente ou descendente ao longo do tempo a condição de
estacionariedade é violada.
Segundo Greene (1999), citado por Dias e Assis (2005), ao se usar modelos que
envolvem séries temporais não estacionárias, pode-se incorrer no processo chamado de
regressão espúria, ou seja, tem-se um R2 elevado sem relação significativa entre as variáveis.
Este fato é devido a uma tendência crescente ou decrescente das séries que eleva o valor de R2
sem necessariamente apresentar uma relação verdadeira entre as séries.
Os testes de raiz unitária têm um papel importante para avaliar a natureza da não
estacionariedade, sendo que as séries temporais, na maior parte, apresentam esta
característica. Assim, para remover a tendência deve-se trabalhar com as séries diferenciadas
e não em nível.
Portanto, para verificar a ordem de integração das séries através do teste de PhillipsPerron (teste-PP), desenvolvido por Phillips e Perron (1988), o qual é representado pela
equação seguinte:
X t = α + β t + ρX t −1 + υ t ....................................................................................... (10)
3
Para maiores detalhes a respeito de MQO, ver Gujarati (2000).
onde υ t é o vetor de correlação serial. A hipótese nula é a de que ρ seja igual a zero,
isto é, há uma raiz unitária mostrando que os dados não são estacionários. Se o valor absoluto
calculado das estatísticas exceder os valores críticos das estatísticas tabeladas, não se rejeitara
a hipótese de que a série temporal seja estacionária. Porém, se o valor absoluto das estatísticas
não exceder os valores críticos tabelados a série temporal será não estacionária (Gujarati,
2000).
Para testar a co-integração entre as séries será utilizada a metodologia de Johansen,
essa análise é recomendável quando são utilizadas variáveis não estacionárias. Que terá como
objetivo detectar se há relação de longo prazo entre as variáveis. Que consiste em utilizar o
método de máxima verossimilhança para descobrir quantos vetores de co-integração o sistema
tem.
Quanto ao teste de autocorrelaçao será utilizado o teste “d” de Durbin-Watson que é
apresentado pela equação (11), sendo definido por:
t =n
∑ (û −û ) 2
t
t −1
t =2
d=
...................................................................................... (11)
t =n
∑ ût2
t =1
em que “d” é a razão da soma das diferenças, elevadas ao quadrado entre os sucessivos
resíduos e a SQR. Como a estatística “d” de Durbin Watson se baseia nos resíduos estimados
elas são dadas juntamente com a regressão assim como também estatísticas R2 , R2 ajustado e
teste F que serão apresentados pelo programa do eviews, ferramenta utilizado para rodar a
regressão (GUJARATI, 2000).
Para a realização deste trabalho os seguintes dados anuais foram coletados: Produto
Interno Bruto (PIB), taxas de juros (Jt), gastos do governo (Gt) e exportações (Xt), para
períodos anuais E serão coletados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), para
o período de 1970 a 2007 a valores de 2008. Para a série de dados dos gastos públicos foi
considerado como proxy, o consumo final da administração pública; governos federal,
Estadual e municipal.
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para estimar a relação entre o Produto Interno Bruto (PIB) e as variáveis taxa de juros
(J), Gastos do governo (G) e Exportações (X), há a necessidade de verificar a ordem de
integração das séries com o objetivo de evitar resultados espúrios, ou seja, regressão que não
faz sentido. Sendo assim, foi aplicado o teste de Raiz Unitária (teste de PHILIPS PERRONPP), nas séries em nível e em primeira diferença, sendo os resultados apresentados na Tabela
1.
Tabela 01 - Resultados do teste PHILIPS PERRON (PP) das séries anuais: Produto Interno
Bruto ( PIBt ), Gastos do governo ( Gt ), Juros reais ( J t ) e Exportações ( X t ). No
período de 1970 a 2007 para a identificação de Raiz Unitária
SÉRIE
EQUAÇÃO DO TESTE
ESTATISTICA DO TESTE P.
P.
PIBt
CeT
− 2,7184 ns
∆PIBt
Sem (C e T)
− 3,9016 ***
Gt
CeT
− 2,4188 ns
∆Gt
Sem (C e T)
− 5,0746 ***
Jt
Sem (C e T)
− 2,9028***
Xt
Sem (C e T)
1,4630 ns
∆X t
Sem (C e T)
− 4,9652 ***
Fonte: Dados da pesquisa.
Notas: C=constante, T=tendência; (ns) não significativo e (***) significativo a 1%.
Os resultados mostraram que para as séries em nível, apenas para Jt pode-se rejeitar a
presença de raiz unitária, considerando 1% de significância. As séries PIBt, Gt e Xt
apresentaram uma raiz unitária, indicando que tais séries são estacionárias apenas em primeira
diferença. Este resultado indica que se deve trabalhar com as séries em primeira diferença. A
conseqüência de analisar as relações entre as primeiras diferenças das séries é a de que perdese os efeitos de longo prazo. Sendo assim, o passo seguinte é verificar se há uma relação de
longo prazo entre as variáveis, ou seja, se elas são co-integradas. Caso elas sejam, seria
necessário estimar um modelo de correção de erros. Á Tabela 2, apresenta o teste de cointegração de Johansen.
Tabela 2 - Teste de co-integração realizado para as séries realizado para as séries PIBt, Jt, Gt e
Xt
Hipótese
nula (H 0 )
Hipótese
alternativa (H 1 )
r=0
r =1
r=2
r=3
r =1
r=2
r=3
r=4
Estatística do teste
Valor crítico (5% )
17,6637
10,7701
4,2830
1,0413
27,5843
21,1316
14,2646
3,8415
Fonte: Dados da pesquisa.
Os resultados mostram que, considerando um nível de significância de 5% não foi
possível rejeitar a hipótese nula de que não há vetores de co-integração, ou seja, as variáveis
não são co-integradas, devendo-se portanto, trabalhar com as séries em primeira diferença.
Sendo assim, o modelo estimado para explicar o PIB brasileiro, nos anos de 1970 a
2007, é apresentado na Tabela 3.
Tabela 3 - Modelo de determinação do produto
Var. dependente = ∆PIBt R 2 = 0,6035 DW = 1,7805 p-valor do teste F = 0,0004
∆PIBt
1
Constante
∆Gt
− 0,0016
0,5677
(0,0144 )
ns
∆X t
Jt
(0,1111)
***
− 0,0075
(0,0111)
ns
0,2060
(0,0831)**
Fonte: Dados da Pesquisa.
Obs.: os valores em parênteses são os respectivos erros-padrão dos parâmetros estimados. (ns) não significativo,
(***) significativo a 1%, (**) significativo a 5%.
Antes da interpretação do modelo estimado, convém analisar se há autocorrelação nos
resíduos. O resultado do teste de DW mostrou que o modelo não é autocorrelaciodado. O
valor “d” de DW calculado a partir da função estimada foi de 1,78. Comparando-se este valor
com os valores tabulados verificou-se que este valor ficou fora dos valores críticos e acima
desses valores. Para Gujarati (2006 p. 380), “se um modelo de regressão contiver valor (es)
defasado (s) do regressando, o valor de “d” nesses casos costuma ficar em torno de 2, o que
sugere que não há autocorrelação nos resíduos do modelo.
A relação entre PIB e a (Jt) apresentou sinal esperado. Contudo, o parâmetro estimado
não foi significativo. O fato de (Jt) não ter afetado significativamente o PIB no período
analisado não significa que essa variável não influencie o PIB. Como dito anteriormente, a
relação estimada foi de curto prazo e a política de juros afetara o PIB mais no longo prazo,
principalmente através dos investimentos. Além disso, ao considerar o período de análise,
constata-se que durante uma maior parte desse, os investimentos realizados no país foram via
financiamento e gerenciamento público, com destaque para a década de 70, onde o governo
brasileiro empregou vultuosas quantias em investimentos em infra-estrutura. Nesse caso,
possivelmente, a taxa de juros não seria fator determinante na realização dos investimentos
visto que seus objetivos eram criar condições de infra-estrutura e posterior crescimento do
país.
Segundo a FIERGS e CIERGS (2003), a política de manutenção da taxa de juros
elevada trouxe grandes prejuízos para o lado real da economia. A taxa de juros aumenta o
custo do crédito tanto para pessoas físicas como para as jurídicas gerando inadimplência,
queda nos investimentos, redução nas vendas das indústrias, aumento na taxa de desemprego
acarretando maiores gastos com juros da dívida, o que obriga o governo a reduzir gastos com
investimentos em infra-estrutura ocasionando uma diminuição na taxa de crescimento da
economia. Ou seja, a manutenção da alta taxa de juros acaba se desencadeando em um
processo que no final vai refletir num menor nível de atividade econômica.
Analisando os resultados obtidos na Tabela 3, verificou-se que os Gt afetaram o PIBt
de forma significativa. A resposta média para as mudanças de 1% nessa variável foi de
0,56%. Revelando que em caso de expansão dos gastos públicos, ocorrerá também um
incremento no Produto Interno Bruto. A relação apresentada deve ser considerada de curto
prazo, pois, como visto pelo teste de co-integração, não foi detectada uma relação de longo
prazo que explique o comportamento dessas variáveis.
Porém, Cândido Junior (2001), realizou uma análise para gastos públicos no período
de 1947 a 1995, para dados anuais, e verificou no curto prazo elasticidades positivas e
significativas no valor de 0,43, ou seja, um aumento de 1% nos gastos totais causariam um
impacto de 0,43% no produto da economia. Porém, quando o autor fez a análise considerando
apenas os gastos em consumo e transferências, esses apresentaram elasticidades negativas em
que um aumento nos gastos na ordem de 1% levaria a um decréscimo no crescimento do PIB
na ordem de 0,02%. No longo prazo tanto considerando os gastos de forma agregada, como
apenas os gastos em consumo e transferências as elasticidades encontradas foram negativas.
Segundo Cândido Junior (2001), a explicação para o caso brasileiro nesse período, são
os impostos inflacionários e a elevada carga tributária sobre a produção que serve para
financiar o aumento dos gastos públicos, ocorrendo uma transferência de renda do setor mais
produtivo para o menos produtivo que acaba impactando de forma negativa sobre a taxa de
crescimento econômico.
Explicação semelhante pode ser dada no caso da presente pesquisa. Os gastos públicos
se mostraram eficazes em elevar a produção no curtíssimo prazo. Porém, no longo prazo não
foi detectada relação entre essas variáveis, o que poderia ser explicado pelo fato de que o
aumento dos gastos deve ser acompanhado, adiante no tempo, por uma elevação dos impostos
para financiá-los. Esse aumento posterior na carga tributária eliminaria o efeito que os gastos
teriam causado sobre o PIB no curto prazo, visto que um aumento dos tributos gera um
impacto negativo sobre a produção interna. Esse efeito posterior do aumento tributário para
financiar os gastos poderia estar ocasionando, possivelmente, a ausência de relação entre os
gastos públicos e o PIB no longo prazo.
Dado os resultados desse trabalho assim como também o de outros autores citado
neste trabalho, o aumento dos gastos públicos deve ser visto com ressalvas, já que pode
ocasionar efeitos negativos sobre o PIB. Como os resultados de Cândido Junior (2001), para o
período de 1947 a 1995, compreendeu boa parte do período de estudo desse trabalho, os
resultados podem de certa forma corroborar com a análise desse trabalho.
Para Dias e Assis (2005), os gastos com investimentos e outros bens que causam
externalidades positivas tendem a aumentar a taxa decrescimento econômico do país.
Também chegaram a resultados em que o aumento gastos públicos financiados pelo aumento
da carga tributária reduz a rentabilidade dos investimentos do setor privado gerando um efeito
negativo da participação do governo na economia.
No caso desta análise, não foi possível captar os efeitos de longo prazo dos gastos e
ainda se considerou o consumo final total da administração pública como proxy dos gastos
públicos.
Em estudo realizado para o período de 1960 a 1998, Rodrigues (2006), encontrou
elasticidades indicando que os gastos públicos podem influenciar positivamente o crescimento
econômico desde que os gastos priorizados sejam em investimentos, principalmente os gastos
em infra-estrutura fornecidos pelas estatais. O autor encontrou valores indicando que um
aumento de 1% nos gastos federais levaria a aumentos no crescimento econômico de 2,40%.
Oreiro, Nakabaschi, Lemos e Silva (2007), através de testes econométricos, também
encontraram elasticidades de 0,37 para os gastos de consumo corrente do governo para o
período de 1990 a 2005. Assim, um aumento de 1% nesses gastos, refletiram em acréscimos
de 0,37% no PIB real brasileiro. Contribuindo de certa forma para o resultado do trabalho.
Além da relação entre Gt e o PIBt, a tabela 3 apresenta a influência das exportações
sobre a produção da economia brasileira no período de 1970 a 2007. O parâmetro estimado
para a variável explicativa Xt, foi positivo e significativo a 5%, indicando que uma variação
de 1% nessa variável implica mudanças médias de 0,20% no componente PIBt
As exportações brasileiras vem ao longo dos anos, alavancando a economia brasileira.
Esta questão esteve relacionado ao câmbio desvalorizado e, principalmente, ao crescimento da
renda mundial. O crescimento externo levou a economia brasileira a reboque. As exportações
brasileiras principalmente das commodities, historicamente foram fundamentais para a
economia brasileira. Apesar de haver períodos como na década de 50 onde as exportações
ficaram estagnadas com altas taxas de crescimento econômico e a década de 80, onde as
exportações apresentaram rápida expansão. Com tudo, a taxa de crescimento do produto ficou
muito baixa. Porém, se não fossem as exportações a economia brasileira teria tido um
resultado bem pior do qual foi verificado.
Segundo Morais e Morini (2006), com a desvalorização cambial em 1999 as
exportações brasileiras apresentaram um forte crescimento principalmente das commodities
que tiveram fortes aumento de preços. O resultado veio em função da expansão de países
emergentes com grande contingente populacional como China e Índia e o crescimento
generalizado do comércio internacional. Segundo o autor, em 1999 as exportações não
passavam de 9% a participação no PIB, e em 2004, essas representavam 16% do PIB
brasileiro. A desvalorização cambial foi mais bem aproveitada a partir de 2003 com a nova
desvalorização do câmbio, aliado a uma queda no mercado interno. Sendo, portanto,
componente da demanda agregada com grande representação.
O crescimento econômico observado nos três anos entre 2003 e 2005, mesmo na
média considerado baixo, para Marques e Nakatani (2007), foi resultado do desempenho das
exportações que como componente da demanda agregada teve o melhor desempenho entre as
variáveis. Como não se conseguiu criar condições de crescimento interno nesse período, temse um aumento a dependência do país com relação a performance do resto do mundo.
Oliveira (2002) observou através de testes econométricos para séries que possuem
uma relação de longo, que as exportações brasileiras no período de 1976 a 2000, para dados
trimestrais, não apresentaram papel importante como componente da demanda agregada para
o crescimento econômico brasileiro. Mesmo apresentando sinal esperado, o valor do
coeficiente de 0,22 foi considerado de magnitude pequena indicando baixa contribuição para
o crescimento do produto brasileiro.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
No presente trabalho procurou-se verificar qual dos componentes da demanda
agregada teve maior influencia sobre o crescimento econômico da economia brasileira para o
período de 1970 a 2007. Foi dado maior ênfase aos gastos públicos devido a sua considerável
expansão, procurando verificar se estes afetaram significativamente o produto da economia e
se foi de forma positiva ou negativa.
Os resultados foram testados estatisticamente utilizando-se a metodologia
econométrica da análise de séries temporais. Sendo assim, foram realizados testes de
estacionariedade e posteriormente teste de co-integração entre as séries. Os resultados de
estacionariedade mostram que as séries são estacionárias em primeira diferença. Já o teste de
co-integração de Johansen, mostrou que as variáveis não são co-integradas, portanto não
sendo necessário estimar um modelo de correção de erros.
A intensidade dos efeitos de cada variável foram calculadas com as seguintes
elasticidades de curto prazo: para a variável gastos públicos uma elasticidade de 0,5677, para
a taxa de juros a elasticidade foi de -0,0075 e para a variável exportações a elasticidade foi de
0,2060.
Portanto, estes resultados indicaram que os gastos públicos e exportações influenciam
positivamente o produto da economia, já a taxa de juros, apesar de apresentar sinal esperado,
não influenciou, estatisticamente o crescimento do PIB no período estudado. Os resultados
não possibilitaram definir uma relação de longo prazo entre os gastos públicos e o
crescimento do produto brasileiro no período em questão.
Com relação aos gastos públicos, foi possível observar que no curto prazo um aumento
desses, eleva o produto da economia dado os impactos sobre a demanda agregada através do
incremento da renda. Os impactos negativos sobre o setor produtivo se verifica mais no longo
prazo, devido ao aumento da carga tributária para financiar o aumento dos gastos e
consequentemente sobre o produto brasileiro. Por isso, o aumento dos gastos púbicos deve ser
visto com ressalvas, já que eles podem refletir de maneira negativa sobre a taxa de
crescimento do PIB brasileiro.
Como verificado, as exportações representam importante papel para o crescimento
econômico brasileiro já durante muitos anos tendo principalmente como pauta as
commodities. Verifica-se que mesmo nos períodos de fraco desempenho econômico, as
exportações é que seguram as pontas da economia. Se não fossem as exportações, o
desempenho da economia seria ainda bem menor. Assim, um câmbio mais desvalorizado
tende a aumentar a demanda externa e consequentemente gera-se mais renda para a economia,
contribuindo para o crescimento do PIB.
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