SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL: ASPECTOS ATUAIS DA PROPEDÊUTICA Luiz A. H. Melki* Marco A. P. de Oliveira** Waldyr T. Filho*** Hildoberto C. de Oliveira**** RESUMO Os autores tecem considerações sobre a propedêutica atual do sangramento uterino anormal (SUA) em especial o exteriorizado por menorragia. A tendência presente inclina-se para a simplificação e racionalização dos pedidos de exames e escolha dos métodos diagnósticos. É recomendável que essa propedêutica se faça em duas etapas: avaliação inicial e avaliação secundária se houver necessidade dessa segunda etapa. A avaliação inicial, que atualmente recomenda-se que seja o mais simples possível, seria aplicável aos casos em que os exames abdominal e pélvico se mostrem normais e segue o seguinte protocolo: 1) obter história clara de menorragia; ausência de sangramento intermenstrual ou pós-coito, 2) solicitar hemograma completo, 3) não solicitar testes de função tireóidea e outras avaliações endócrinas se não houver sinais e sintomas que justifiquem tais exames, 4) a biopsia do endométrio não é requerida na avaliação inicial, 5) encaminhar para avaliação secundária os casos que não se resolverem em três a seis meses. Na avaliação secundária, além de nova avaliação clínica e hematológica, inclui-se o estudo da cavidade uterina, inicialmente por ultra-sonografia transvaginal (USGTV) e biopsia do endométrio e, subseqüentemente, por histeroscopia caso a USGTV se mostre anormal. De acordo com os achados o tratamento pode ser clínico ou cirúrgico. PALAVRAS-CHAVE: sangramento uterino anormal, menorragia, propedêutica, ultra-sonografia, histeroscopia. INTRODUÇÃO É interessante observar as mudanças evolutivas na propedêutica de algumas patologias com o passar do tempo. O natural é que se vão agregando procedimentos cada vez mais sofisticados, de forma a ampliar consideravelmente o leque de opções de exames diagnósticos; assim, os mais simples tendem a cair em olvido em detrimento dos mais modernos, mais complexos e mais fidedignos. Paradoxalmente, a par dos avanços diagnósticos no campo da Ginecologia, os aspectos atuais na propedêutica do sangramento uterino anormal (SUA) tendem, pelo menos na avaliação inicial, para uma extrema simplificação às vezes difícil de se entender num primeiro momento. De fato, se consultarmos compêndios mais antigos – e não precisa ser muito antigo, basta de uma década atrás, veremos que a propedêutica do SUA no menacme incluía, além dos indispensáveis exames clínico e ginecológico, uma ampla bateria de exames como dosagens hormonais (FSH, LH, progesterona), provas funcionais tireoidianas, avaliação da coagulação, curetagem para estudo do endométrio, histerossalpingografia e ultrasonografia. Também se acrescentava a colposcopia e a colpocitologia oncótica. Hoje, muitos conceitos mudaram. Alguns exames como a curetagem uterina (D&C) amplamente praticada num passado recente cedeu lugar à moderna video-histeroscopia, sendo atualmente utilizada em poucos casos(1,6,7,8,9,13). Outros exames como provas funcionais, dosagens hormonais e estudo histológico do endométrio só são solicitados em situações especiais, não fazendo mais parte obrigatória de um plano geral de investigação como há poucos anos (10,11,12). Em verdade, se chegou à conclusão de que é imperativo pautar-se por propedêutica racional que se lastreia em pelo menos três aspectos fundamentais: 1) o melhor conhecimento da etiopatogenia do SUA trouxe à luz que a maior parte – principalmente o que se *Prof. Adjunto da Disciplina de Ginecologia da Faculdade de Ciências Médicas – UERJ. **Prof. Assistente da Disciplina de Ginecologia da Faculdade de Ciências Médicas – UERJ. ***Diretor da Clínica de Endoscopia Ginecológica (CLINEG). ****Prof. Titular da Disciplina de Ginecologia da Faculdade de Ciências Médicas – UERJ. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ, ANO 2, JANEIRO / JUNHO DE 2003 11 exterioriza como menorragia -, ocorre por disfunção de orientação mundial, tanto em relação à semiótica hormonal, isto é, não é decorrente de lesão orgânica; quanto ao tratamento do SUA. 2) utilizando-se propedêutica ampla, sem racionalidade, muitos exames mostram-se ETIOPA ETIOPATOGENIA DO SUA desnecessários e outros, improfícuos; 3) se não houver As causas de SUA são várias, resumidas na racionalização dos meios propedêuticos os custos Tabela 1. Embora no menacme as desordens tornam-se astronomicamente elevados. menstruais possam ter causas sistêmicas, é muito mais Esse atual conceito de simplificação e freqüente que a etiopatogenia das mesmas tenham racionalidade no rastreio do SUA não partiu, como como substrato causas disfuncionais ou orgânicas. se poderia esperar, de nenhum país subdesenvolvido ou em desenvolvimento sufocado com seus Tabela 1 - Etiopatogenia do SUA custos médico-hospitares. Ao contrário, partiu a) Sangramento Uterino Disfuncional de nações do primeiro mundo, altamente desenvolvidas e ricas, mas preocupadas com o b) Anormalidades do trato reprodutor alarmante custo médico-hospitalar que envolve Lesões pélvicas benignas o diagnóstico e o tratamento do SUA, tendo em - Mioma submucoso vista o elevadíssimo número de mulheres que - Pólipo cervical ou endometrial acomete. Apenas para se ter uma idéia, o SUA é - Adenomiose - Endometriose a queixa de aproximadamente 20% das mulheres - Tumores ovarianos produtores de estrogênio que procuram o ginecologista. Segundo um Infecção estudo americano, as desordens menstruais têm Malignidades prevalência anual de 53,0 por 1000 o que Trauma equivale dizer que naquele país c) Complicações da gravidez aproximadamente 2,5 milhões de mulheres por ano apresentam SUA( 3 ). Prenhez ectópica Abortamento espontâneo O astronômico custo médico-hospitalar que Retenção de restos ovulares o SUA acarreta é problema da magna Doença trofoblástica gestacional importância e de longa data preocupa os paises desenvolvidos. Já na década de 80, Grimes d) Fatores iatrogênicos alertava que nos EUA eram gastos por ano mais de um bilhão de dólares só com curetagens uterinas. Mais recentemente, na Inglaterra, onde - DIU - Implante de levonorgestrel (Norplant) um grande contingente de médicos-de-família - Medroxiprogesterona injetável (Depo-provera) atende a vasta população feminina, estudos - Anticoncepcional oral efetuados pelo Royal College of Obstetricians and Gynaecologists (RCOG) em 1998 e 1999, mostrou que o país gastava anualmente sete e) Doença sistêmica milhões de libras só com prescrições para Discrasia sanguínea tratamento da menorragia (12,13). Assim, com Doença hepática (cirrose) vistas não só em racionalizar a propedêutica, Doença renal mas também a simplificar o tratamento, Hipotireoidismo uniformizar a terapêutica medicamentosa, evitar a diversidade de prescrições, diminuir a perda sanguínea, melhorar a qualidade de vida, corrigir a O SUA decorrente de doença sistêmica é raro anemia e, ao mesmo tempo, reduzir custos em pacientes assintomáticas. O sangramento uterino decorrentes de solicitações de exames desnecessários disfuncional – aquele decorrente de anovulação ou num primeiro momento, o RCOG (1998, 1999,) e de corpo lúteo insuficiente, onde, portanto, não há outras associações de tocoginecologistas dentre as lesão na cavidade uterina -, é a mais freqüente causa quais citaremos a Society of Obstetricians and de SUA, seja na puberdade, no menacme ou no Gynaecologists of Canadá (SOGC, 2001) (14) climatério. Após os 50 anos a taxa de câncer do publicaram protocolos para o manejo do SUA endométrio aumenta muito (+/- 10% dos casos de objetivando os desideratos acima mencionados. Esses SUA). Em adolescentes que sangram protocolos,elaborados por equipe de destacados abundantemente, principalmente na primeira especialistas são hoje importantes guidelines em termos menstruação, devemos suspeitar de coagulopatia. 12 Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ, ANO 2, JANEIRO / JUNHO DE 2003 Tabela 2 - Fatores indicativos de semiologia complementar - Sangramento irregular - Alteração brusca na perda sanguínea - Sangramento intermenstrual - Sangramento pós-menstrual - Sangramento pós-coito - Dispareunia - Dor pélvica - Dor pré-menstrual PROPEDÊUTICA ATUAL ATUAL DO SUA A propedêutica atual do SUA compreende duas etapas: avaliação inicial e avaliação secundaria. Recorre-se a esta última quando falha a terapêutica sugerida pela avaliação inicial, ou o caso requer avaliação mais rigorosa. Devemos salientar, de início, que nem todos os casos de SUA se prestam a uma avaliação simplificada como sugerem os protocolos atuais. Os casos mais apropriados para esse tipo de abordagem são aqueles em que o SUA se exterioriza como metrorragia (perda sanguínea menstrual excessiva seja em quantidade ou em duração); sangramento cíclico, portanto. Outra condição fundamental para que o caso seja passível dessa avaliação simplificada é que o exame ginecológico deva estar dentro da normalidade.Os casos que requerem investigação adicional estão sumarizados na Tabela 2. RECOMENDAÇÕES RELACIONADAS À AVALIAÇÃO INICIAL Seguindo de perto a orientação do RCOG 12, 13 listamos abaixo as principais recomendações no que tange à avaliação inicial da menorragia. Todos os itens de recomendações têm peso maior ou menor, pois obedecem a critérios de validade diferentes e que, por sua vez, levam as letras A, B ou C dependendo do critério levado em conta, assim: A: baseados em estudos controlados e randomizados. B: baseados em estudos experimentais robustos ou observacionais. C: baseados em evidências mais limitadas, mas a informação conta com a opinião de especialistas e tem o endosso de autoridades respeitadas. As recomendações seriam as seguintes: 1 – Deverá ser obtida uma história de sangramento menstrual acentuado por vários ciclos, sem sangramento intermenstrual ou pós-coito (C). Revista - Uso de tamoxifen - Terapêutica estrogênica sem oposição - Síndrome dos ovários policísticos - Obesidade - Idade >50 anos 2 – Praticar exame abdominal e pélvico e solicitar hemograma em todas as mulheres com queixa de menorragia (B). 3 – Testes de função tireóidea não necessitam serem feitos rotineiramente, a menos que a paciente exiba sinais de hipotireoidismo (C). 4 – Nenhuma outra investigação endocrinológica é necessária na investigação da menorragia (B). 5 – A biopsia endometrial não é requerida na avaliação inicial ( C). RECOMENDAÇÕES RELACIONADAS À AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA Essas recomendações se destinam aos casos que não respondem ao tratamento clínico primário (Figura 1): 1 – Proceder à nova avaliação: história menstrual, exames abdominal, bimanual e especular (C). 2 – Solicitar novo hemograma completo (B). 3 – Testes de função tireóidea e endócrina deverão ser solicitados apenas se existem fatos sugestivos presentes na história ou no exame clínico (C). 4 – A cavidade uterina deverá ser investigada por ultra-som transvaginal (B). 5 – A biópsia endometrial deverá ser considerada em toda mulher com menorragia persistente (C). 6 – A curetagem não dá mais informações diagnósticas adicionais do que a histeroscopia com biopsia endometrial (B). 7 – A histeroscopia permite visão direta da cavidade uterina e a oportunidade de se realizar a biopsia endometrial sem necessidade de anestesia geral (A). 8 – Deverão ser feitas tentativas para se conseguir medida objetiva ou semi-objetiva da perda sanguínea menstrual antes de se decidir por um tratamento cirúrgico definitivo (C). 9 – A paciente deverá ser incluída no processo decisório a respeito do tratamento, as informações deverão estar ao alcance do entendimento da mesma (C). 10 – Se for decidido pelo tratamento cirúrgico definitivo, os prováveis achados e complicações Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ, ANO 2, JANEIRO / JUNHO DE 2003 13 AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA DA MENORRAGIA AVALIAÇÃO CLÍNICA E LABORATORIAIS NORMAIS EXAMES GINECOLÓGICO E ABDOMINAL NORMAIS HISTÓRIA CONFIRMADA DE MENORRAGIA USGTV ANORMAL BIOPSIA ENDOMETRIAL HISTEROSCOPIA + BIOPSIA DIRIGIDA NORMAL MIOMA SUBMUCOSO, PÓLIPO, HIPERPLASIA ENDOMETRIAL DISCUTIR AS OPÇÕES COM A PACIENTE MIOMECTOMIA HISTEROSCÓPICA POLIPECTOMIA HISTEROSCÓPICA OPÇÃO TERAPÊUTICA DE ACORDO COM A BIOPSIA E IDADE DA PACIENTE DIU LIBERADOR DE PROGESTÓGENO HISTERECTOMIA DROGAS DE SEGUNDA LINHA CIRURGIA ABLAÇÃO ENDOMETRIAL HISTERECTOMIA Figura 1 Figura 1. Avaliação secundária do SUA e procedimentos terapêuticos. Quando falha a terapêutica com base na avaliação inicial, faz-se necessário nova revisão clínica, laboratorial e da cavidade uterina. Nesta fase a USGTV e, principalmente a histeroscopia com biopsia dirigida, são exames essenciais. A histeroscopia separa de imediato dois grupos, aqueles casos que necessitam cirurgia daqueles que podem continuar com o tratamento clínico, o que representa um enorme avanço no diagnóstico e na terapêutica.USGTV: ultra-sonografia transvaginal. deverão ser discutidos com a paciente com antecedência. Essas discussões deverão ser documentadas por escrito (C). 11 – Ponderações sobre a qualidade de vida são importantes e devem der enfatizadas durante o processo colaborativo de tomada de decisões (C). CONSIDERAÇÕES FINAIS: OPINIÃO DOS AUTORES Achados histerocópicos em mulheres com SUA, mostraram que 64% e 55% foram de histeroscopias normais nas faixas etárias de 18 a 30 anos e 31 a 40 anos, respectivamente. Os achados de lesões não carcinomatosa foram de 27% (12% restos ovulares) e 28% para as respectivas faixas etárias (Meki & Tostes Filho, 1994). Portanto, até os 40 anos é bastante justificável o protocolo de avaliação inicial 14 Revista conforme mencionamos linhas atrás. Em pacientes de 41 a 50 anos o mesmo estudo revelou taxas de histeroscopia normal em 41,1%. A taxa de pólipos endometriais e miomas submucosos em conjunto somou 36,3%. Esses dois percentuais, um tanto próximos, justificam avaliação mais rigorosa, devendo-se incluir o exame ultra-sonográfico da cavidade uterina nessa faixa etária. Após os 50 anos, ainda segundo o mencionado estudo, a taxa de histeroscopia normal caiu para apenas 36,8%; em contrapartida o índice de carcinoma endometrial comprovado por histopatologia ascendeu para 12,1% (dez vezes maior do que o observado para a faixa etária de 41 a 50 anos), o que torna obrigatório o cumprimento do protocolo de avaliação secundária nos casos de SUA após os 50 anos. Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ, ANO 2, JANEIRO / JUNHO DE 2003 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. GRIMES D.A. Diagnostic dilatation and curettage: a reappraisal. Am J Obstet Gynecol, 142:1-6, 1982. 2. JENNINGS, J. C. Abnormal uterine bleeding. MED CLIN NORTH A, 79:1357-1376, 1995. 3. KJERULFF, K. H., ERICKSON, B. A., LANGENBERG, P.W. Chronic gynecological conditions reported by US women: findings from the National Health Interview Survey, 1984 to 1992. Am J Public Health, 86:195-199, 1996. 4. LONG, C.A, GAST, M.J. Menorrhagia. Obstet Gynecol Clin North Am, 17:343-359, 1990. 5. 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The current tendency leant for the simplification and rationalization of the requests of examinations and choice of the diagnostic methods. Is advisable that propedeutics is made in two stages: initial evaluation and secondary evaluation if there is need of that second stage. The initial evaluation, that now is recommended that is the simplest possible, it would be applicable to the cases in that the abdominal and pelvic examinations are shown normal and it follows the following protocol: 1) to obtain clear history of menorragia; absence of intermenstrual bleedig or postcoitus, 2) to request complete blood count, 3) not to request tests of thyroid function and other endocrine evaluations if there are not signs and symptoms to justify such exams, 4) the biopsy of the endometrium is not requested in the initial evaluation, 5) to direct for secondary evaluation the cases that if they don’t solve in three to six months. In the secondary evaluation, besides new clinical and hematological evaluation, the study of the uterine cavity is included, initially for ultrasound scan transvaginal (TVUSG) and biopsy of the endometrium and, subsequently, for histeroscopy if the TVUSG is shown abnormal. In agreement with the discoveries the treatment can be clinical or surgical. Key-words: abnormal uterine bleeding, menorrhagia, propedeutics, ultrasound scan, histeroscopy. Endereço para correspondência: Luiz Augusto Henrique Melki Av. Prefeito Dulcídio Cardoso, 800, Bl 01/104. Rio de Janeiro - RJ CEP: 22620-311 E-mail: [email protected] Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ, ANO 2, JANEIRO / JUNHO DE 2003 15