ÉTICA E CIDADANIA

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UNIVERSIDADE VALE DO ACARAÚ- UVA
UNIVERSIDADE ABERTA VIDA - UNAVIDA
CURSO: PEDAGOGIA
DISCIPLINA:
ÉTICA E CIDADANIA
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA – Disciplina: Ética e Cidadania – Professor: Tibério Mendonça
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
Ética e cidadania são dois conceitos fulcrais na sociedade humana. A ética e
cidadania estão relacionados com as atitudes dos indivíduos e a forma como estes
interagem uns com os outros na sociedade.
Desde cedo aprendemos a não mentir, roubar, cobiçar, aprendemos que isso não é
ético. Mas o que é ética?
Ética é o nome dado ao ramo da filosofia dedicado aos assuntos morais. A palavra
ética é derivada do grego, e significa aquilo que pertence ao caráter. A palavra “ética”
vem do Grego “ethos” que significa “modo de ser” ou “caráter”.
A ética é uma característica a toda ação humana, por esta razão, é um elemento
vital na produção da realidade social. Todo homem possui um senso ético, uma espécie
de “consciência moral”, estando constantemente avaliando e julgando suas ações para
saber se são boas ou más, certas ou erradas, justas ou injustas. A ética possui normas,
regras e valores, ela visa estabelecer os comportamentos morais.
Cidadania significa o conjunto de direitos e deveres pelo qual o cidadão, o
indivíduo está sujeito no seu relacionamento com a sociedade em que vive. O termo
cidadania vem do latim, civitas que quer dizer “cidade”.
A história da cidadania confunde-se em muito com a história das lutas pelos
direitos humanos. A cidadania esteve e está em permanente construção; é um referencial
de conquista da humanidade, através daqueles que sempre lutam por mais direitos,
maior liberdade, melhores garantias individuais e coletivas, e não se conformam frente às
dominações arrogantes, seja do próprio Estado ou de outras instituições ou pessoas que
não desistem de privilégios, de opressão e de injustiças contra uma maioria desassistida e
que não se consegue fazer ouvir, exatamente por que se lhe nega a cidadania plena cuja
conquista, ainda que tardia, não será obstada. Ser cidadão é ter consciência de que é
sujeito de direitos. Direitos à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade, enfim, direitos
civis, políticos e sociais. Mas este é um dos lados da moeda. Cidadania pressupõe
também deveres. O cidadão tem de ser cônscio das suas responsabilidades enquanto
parte integrante de um grande e complexo organismo que é a coletividade, a nação, o
Estado, para cujo bom funcionamento todos têm de dar sua parcela de contribuição.
Somente assim se chega ao objetivo final, coletivo: a justiça em seu sentido mais amplo,
ou seja, o bem comum diferenciando o certo do errado tendo ética.
Um dos pressupostos da cidadania é a nacionalidade, pois desta forma ele pode
cumprir os seus direitos políticos. No Brasil os direitos políticos são orquestrados pela
Constituição Federal. O conceito de cidadania tem se tornado mais amplo com o passar
do tempo, porque está sempre em construção, já que cada vez mais a cidadania diz
respeito a um conjunto de parâmetros sociais.
A cidadania pode ser dividida em duas categorias: cidadania formal e substantiva.
A cidadania formal é referente à nacionalidade de um indivíduo e ao fato de pertencer a
uma determinada nação. A cidadania substantiva é de um caráter mais amplo, estando
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relacionada com direitos sociais, políticos e civis. O sociólogo britânico T.H. Marshall
afirmou que a cidadania só é plena se for dotada de direito civil, político e social.
Com o passar dos anos, a cidadania no Brasil sofreu uma evolução no sentido da
conquista dos direitos políticos, sociais e civis. No entanto, ainda há um longo caminho a
percorrer, tendo em conta os milhões que vivem em situação de pobreza extrema, a taxa
de desemprego, um baixo nível de alfabetização e a violência vivida na sociedade.
A ética e a moral têm uma grande influência na cidadania, pois dizem respeito à
conduta do ser humano. Um país com fortes bases éticas e morais apresenta uma forte
cidadania.
Os valores morais são juízos sobre as ações humanas que se baseiam em
definições do que é bom/mau ou do que é o bem/o mal. Eles são imprescindíveis para
que possamos guiar nossa compreensão do mundo e de nós mesmos e servem de
parâmetros pelos quais fazemos escolhas e orientamos nossas ações. Os valores morais
servem justamente para orientar as pessoas no momento de escolhas e de construção de
suas existências.
É uma característica inerente a toda ação humana e, por esta razão, é um
elemento vital na produção da realidade social. Todo homem possui um senso ético, uma
espécie de "consciência moral", estando constantemente avaliando e julgando suas ações
para saber se são boas ou más, certas ou erradas, justas ou injustas. A ética está
relacionada à opção, ao desejo de realizar a vida, mantendo com as outras relações justas
e aceitáveis. Está fundamentada nas ideias de bem e virtude, enquanto valores
perseguidos por todo ser humano e cujo alcance se traduz numa existência plena e feliz.
Não é algo superposto à conduta humana, pois todas as nossas atividades
envolvem uma carga moral. Ideias sobre o bem e o mal, o certo e o errado, o permitido e
o proibido definem a nossa realidade. Quando os valores e costumes estabelecidos numa
determinada sociedade são bem aceitos, não há muita necessidade de reflexão sobre
eles. Mas, quando surgem questionamentos sobre a validade de certos costumes ou
valores consolidados pela prática, surge a necessidade de fundamentá-los teoricamente,
ou, para os que discordam deles, criticá-los. Refere-se às ações humanas e se essas ações
estão totalmente determinadas de fora para dentro, não há qualquer espaço para a
liberdade, para a autodeterminação e, consequentemente, para a ética.
A ética revela uma relação entre o comportamento moral e as necessidades e os
interesses sociais, ela nos ajuda a situar no devido lugar a moral efetiva, real, do grupo
social. Por outro lado, ela nos permite exercitar uma forma de questionamento, onde nos
colocamos diante do dilema entre "o que é" e o "que deveria ser", imunizando-nos contra
a simplória assimilação dos valores e normas vigentes na sociedade e abrindo em nossas
almas a possibilidade de desconfiarmos de que os valores morais vigentes podem estar
encobrindo interesses que não correspondem às próprias causas geradoras da moral. A
reflexão ética também permite a identificação de valores petrificados que já não mais
satisfazem os interesses da sociedade a que servem.
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Não é função da ética, formular juízos de valor quanto à prática moral de outras
sociedades, mas explicar a razão de ser destas diferenças e o porquê de os homens terem
recorrido, ao longo da história, a práticas morais diferentes e até opostas.
Logo, o homem percebe de modo espontâneo a bondade ou a maldade dos atos
livres: qualquer pessoa tem a experiência de certa satisfação ou remorso por ações
realizadas. Assim, a Ética é a parte da Filosofia que estuda a moralidade do agir humano,
isto é, considera os atos humanos enquanto bons ou maus em um sentido muito
concreto, não extensível aos atos ou movimentos não livres. Procura sistematizar e
fundamentar os princípios do agir humano, sob o aspecto de sua retidão moral ou
moralidade. E proporcionar as normas necessárias para agir bem.
Concepções Éticas
Você já questionou se existe diferença entre ética e moral?! Etimologicamente, as
duas palavras possuem origens distintas e significados idênticos. Moral vem do latim
mores, que quer dizer costume, conduta, modo de agir; enquanto ética vem do grego
ethos e, do mesmo modo, quer dizer costume, modo de agir. Essa identidade existente
entre elas marca a tendência de serem tratadas como a mesma coisa, embora do estreito
vínculo que as une, elas são diferentes.
Poder-se-ia dizer que a moral normatiza e direciona a prática das pessoas, por
referir-se às situações particulares e quotidianas, não chegando à superação desse nível,
e a ética, tornando-se examinadora da moral, teoriza acerca das condutas, estudando as
concepções que dão suporte à moral. São, pois, dois caminhos diferentes que resultam
em status também diferentes; o primeiro, de objeto, e o segundo, de ciência. Donde
deduzimos que a Ética é a ciência da moral.
Cada sociedade, cada cultura cria valores morais diferentes, correspondentes a
suas condições históricas e sociais e a seus interesses e necessidades. Portanto, por conta
da articulação histórica e pela forma como cada sociedade vê os valores, é compreensível
que existem diferentes concepções éticas, articuladas ao tempo e ao espaço.
Para Sócrates pensando sobre o comportamento humano analisou que, quem é
justo e bom, seja homem seja mulher é feliz e o injusto, infeliz. Não é possível que ao
homem bom aconteça algum mal, nem na vida nem na morte os deuses se ocupam.
Já para seu discípulo Platão, observou que, o que nos destrói é a injustiça, a
desmedida e a desrazão. A justiça é na pólis, reflexo da ordem e da harmonia do
universo, pela justiça nos assemelhamos ao que é invisível, divino, imortal e sábio.
Aristóteles concluiu que, a sociedade é uma espécie de comunidade e toda
comunidade se forma com vistas a alcançar algum bem. É evidente que a mais
importante de todas e que conclui todas as outras famílias e aldeias visa ao mais
importante de todos os bens, ela é comunidade política.
Procuraremos expor sucintamente as concepções éticas consideradas mais
importantes, sem nenhuma pretensão de esgotar o assunto; nosso propósito é lançar um
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olhar para que possamos compreender a historicidade dos valores e nos apropriarmos de
elementos necessários às reflexões.
As relações que os indivíduos mantêm com o mundo alteram-se continuamente,
pois elas seguem o fluxo das transformações histórico-sociais e, principalmente,
econômicas. Com isso, não queremos dizer que as formas de produção ou a história são
as únicas responsáveis pelo destino dos seres humanos. Ao contrário, existe uma relação
dialética entre elas e as ideias humanas, sendo esses os maiores protagonistas da
história. Assim, a moral transforma-se em um conjunto de normas construídas a partir do
próprio processo e desenvolvimento das sociedades, tornando-se temporais e espaciais.
Karl Marx insurge num período caracterizado pelo franco progresso científico e a
promoção do indivíduo como ser humano concreto. Declarou ser o sujeito um ser
histórico e social, hábil e apto a interferir no mundo que o rodeia; entende-se,
igualmente, não apenas o mundo físico, mais, seus pressupostos valorativos.
Instituindo uma estreita conexão entre a realidade das relações produtivas e a
realidade conceitual, Marx observou que aqueles que detêm os meios de produção
prescrevem os valores morais a serem acatados (sendo a moral um corpo de preceitos
que alinham todas as dimensões das relações humanas, possuindo flexibilidade para
adequar-se as condições sociais singulares).
O empreendimento marxista assenta-se no valor de expor os artifícios
especializados daqueles que detêm os meios de produção, e os mecanismos de poder a
eles articulados, com o intento de alertar a população, como Sócrates e Platão o fizeram
anteriormente, sobre o risco que é viver alienado, ou seja, transferir para outrem o
domínio do seu juízo, principalmente, àqueles que detêm os modos de como produzir.
Marx incentiva não apenas a conscientização da população, mais ainda, fomentou
a insurreição do proletariado contra os burgueses e seus modos valorativos.
Num mundo onde não existe profundidades e sim aparência somente, o único
caminho para a verdade são o útil e o necessário, o que determinará a moral; esta
adaptando-se ao contexto dirigido, assistindo o conviver bem entre os seres humanos. O
absoluto só existe, por conseguinte, mediante o particular real e concreto.
Para Jean-Paul Sartre, filósofo francês, a existência molda a essência – é o sujeito
que forja a sua realidade, e não uma existência sobrenatural a ele. O indivíduo é tudo o
que escolhe ser, é o resultado do seu projeto, por ser naturalmente dotado do direito de
escolher o seu destino e a sua vida – logo, sendo o único responsável.
Como é a experiência concreta que confere ao mundo valor, a ética sartreana
fundamenta-se na liberdade como fim primeiro e último e valor absoluto. O ser humano
é livre para escolher; sendo assim, liberto de toda submissão a parâmetros
condicionantes, ele norteia seu ato moral particular, desprezando toda resignação tendo
como fim reestruturarem suas vidas.
Valores e Virtudes
Justiça. Honestidade. Liberdade. Responsabilidade. Respeito. Confiança. Disciplina.
Solidariedade. Ufa! Inicialmente gostaríamos de deixar bem claro a imperiosa
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necessidade de debruçarmos atenciosa e laboriosamente sobre estes valores e virtudes,
que permeiam o nosso viver, principalmente em nossas relações de trabalho;
especialmente, por observamos que a ética no meio social reflete uma ética individual.
Deste modo, por exemplo, não é a empresa que faz a pessoa ética, mas é esta que,
possuindo forças éticas internamente, cristaliza-as em comportamentos favorecendo a
criação de um ambiente ético. Assim todos estes valores não se impõem por leis ou
códigos, mas podem e até devem ser estimulados com reflexões constantes na empresa,
especialmente a partir de situações conflitantes.
Que tal nos relacionarmos diretamente com a descrição de cada um desses valores
e virtudes?
 Justiça
Justiça é a particularidade do que é justo e correto, como o respeito à igualdade de
todos os cidadãos, por exemplo.
Etimologicamente, este é um termo que vem do latim justitia. É o princípio básico
que mantém a ordem social através da preservação dos direitos em sua forma legal.
A Justiça pode ser reconhecida por mecanismos automáticos ou intuitivos nas
relações sociais, ou por mediação através dos tribunais.
Em Roma, a justiça é representada por uma estátua, com olhos vendados, que
significa que "todos são iguais perante a lei" e "todos têm iguais garantias legais", ou
ainda, "todos têm iguais direitos". A justiça deve buscar a igualdade entre todos.
Conceito de Aristóteles: “O hábito segundo o qual, com constante e perfeita
vontade, se dá a cada qual o seu direito ou o que lhe pertence”. Sendo um hábito ela é
adquirida pela pessoa com exercícios e prática na vida em geral, e no caso que estamos
estudando na empresa em particular.
A forma mais profunda encontra-se na delicadeza da consciência em promover os
direitos fundamentais do ser humano à vida, à liberdade, à segurança, à verdade, à
felicidade, à honra, à dignidade, etc., ultrapassando mesmo as medidas estabelecidas
pela sociedade.
Em uma empresa o ser humano justo se preocupa não apenas com seu bem-estar,
mas igualmente com seu entorno, dedicando atenção, por exemplo, tanto às questões
interpessoais quanto socioambientais.
 Honestidade
Honestidade é a palavra que indica a qualidade de ser verdadeiro: não
mentir, não fraudar, não enganar.
Quanto à etimologia, a palavra honestidade tem origem no latim honos, que
remete para dignidade e honra.
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A honestidade pode ser uma característica de uma pessoa ou instituição, significa
falar a verdade, não omitir, não dissimular. O indivíduo que é honesto repudia a
malandragem e a esperteza de querer levar vantagem em tudo.
Honestidade, de maneira explícita, é a obediência incondicional às regras morais
existentes. Existem alguns procedimentos para alguns tipos de ações, que servem como
guia, como referência para as decisões. Exercer a honestidade em caráter amplo é muito
difícil, porque existem as convenções sociais que nem sempre espelham a realidade, mas
como estão formalizadas e enraizadas são tidas como certas. Para muitos, a pessoa
honesta é aquela que não mente, não furta, não rouba, vive uma vida honesta para ter
alegria, paz, respeito dos outros e boas amizades. Atualmente, o conceito de honestidade
está meio deturpado, uma vez que os indivíduos que agem corretamente são chamados
de "caretas", ou são humilhados por outros.
Pressupondo clareza de intenção, a honestidade, pela qual o ser humano adquiri a
si mesmo, resolvendo e determinando seus atos, sendo um caminho do meio entre o
medo e a temeridade.
O respeito aos bens alheios, sejam públicos ou privados; A honestidade é a
consequência mais imediato da justiça; é a qualidade ou o atributo ligado à inteireza, à
honradez, à pureza e à decência; portanto, é um apreço, consideração ou estima pelas
ações boas; é um sentimento da própria dignidade com o brio e a coragem dos deveres
cumpridos alimentados por um ideal, moral.
 Liberdade
Liberdade significa o direito de agir segundo o seu livre arbítrio, de acordo com a
própria vontade, desde que não prejudique outra pessoa, é a sensação de estar livre e
não depender de ninguém. Liberdade é também um conjunto de ideias liberais e dos
direitos de cada cidadão.
Liberdade é classificada pela filosofia, como a independência do ser humano, o
poder de ter autonomia e espontaneidade. A liberdade é um conceito utópico, uma vez
que é questionável se realmente os indivíduos tem a liberdade que dizem ter, se com as
mídias ela realmente existe, ou não. Diversos pensadores e filósofos dissertaram sobre a
liberdade, como Sartre, Descartes, Kant, Marx e outros.
A liberdade de expressão é a garantia e a capacidade dada a um indivíduo, que lhe
permite expressar as suas opiniões e crenças sem ser censurado. Apesar disso, estão
previstos alguns casos em que se verifica a restrição legítima da liberdade de expressão,
quando a opinião ou crença tem o objetivo discriminar uma pessoa ou grupo específico
através de declarações injuriosas e difamatórias.
Com origem no termo em latim libertas, a palavra liberdade também pode ser
usada em sentido figurado, podendo ser sinônimo de ousadia, franqueza ou
familiaridade. Ex: Como você chegou tarde, eu tomei a liberdade de pedir o jantar para
você.
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A liberdade pode consistir na personificação de ideologias liberais. Faz parte do
lema "Liberdade, Igualdade e Fraternidade", criado em 1793 para expressar valores
defendidos pela Revolução Francesa, uma revolta que teve um impacto enorme nas
sociedades contemporâneas e nos sistemas políticos da atualidade.
De acordo com a ética, a liberdade está relacionada com responsabilidade, uma
vez que um indivíduo tem todo o direito de ter liberdade, desde que essa atitude não
desrespeite ninguém, não passe por cima de princípios éticos e legais. Segundo a
filosofia, liberdade é o conjunto de direitos de cada indivíduo, seja ele considerado
isoladamente ou em grupo, perante o governo do país em que reside; é o poder qualquer
cidadão tem de exercer a sua vontade dentro dos limites da lei.
Com a possibilidade de ser compreendida, a liberdade, num sentido simplesmente
físico, a capacidade de fazer ou deixar de fazer algo em um aspecto moral como
possibilidade de eleger os melhores caminhos para uma adequada realização como
pessoa. Torna-se perigoso, mas se compreendemos a liberdade não é simplesmente um
eximir-se de coisas (como horário, esforço, relacionamentos, etc.), mas caminhar para
coisas (como horário, esforço, relacionamentos, etc.), ela pode ser concebida desta
maneira como a superação de um processo individualista. A liberdade é uma construção
coletiva; deve existir uma rede de relações de engendramento em que um se preocupa
com a realização do outro como ser humano.
 Responsabilidade
Responsabilidade é um substantivo feminino com origem no latim e que
demonstra a qualidade do que é responsável, ou obrigação de responder por atos
próprios ou alheios, ou por uma coisa confiada.
A palavra responsabilidade está relacionada com a palavra em latim respondere,
que significa "responder, prometer em troca". Desta forma, uma pessoa que seja
considerada responsável por uma situação ou por alguma coisa, terá que responder se
alguma coisa corre de forma desastrosa.
Na nossa sociedade a responsabilidade é uma característica muito apreciada e
muito procurada, especialmente no mercado de trabalho, onde um trabalhador
responsável é devidamente recompensado pela sua responsabilidade.
A responsabilidade social é uma característica cada vez mais importante no mundo
empresarial. Os consumidores estão cada vez mais conscientes em relação à influência
que as empresas têm na sociedade e cada vez mais dão preferência às empresas que
demonstram ter uma consciência social.
Ser responsável é responder concretamente pelos seus atos assumindo as
consequências de suas escolhas, mesmo com dificuldades e sacrifícios; o responsável
cumpre suas obrigações não porque o chefe está vigiando ou pode ser punido, mas
porque descobriu um valor naquilo que está fazendo tanto para si como para os outros.
A responsabilidade faz a pessoa perceber que, uma vez que ela escolheu algo, ela
se limitou, mas é nesta limitação que está sua realização; a responsabilidade é a
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construção da liberdade, ela tem como base a coragem, a lealdade, a transparência. Na
sua dinâmica, impõe cuidados e vigilância.
O responsável não somente cumpre ordens como um autômato, mas procura
saber o que faz, por que faz e como faz; assim, numa empresa, não existem aqueles que
pensam e aqueles que executam, mas todos são seres pensantes e executores; nesta
perspectiva, a pessoa deixa de ser um mero tarefeiro de atividades burocráticas, pois
exercita a auto percepção, bem como busca prezar pelos valores humanos e pelas metas
a serem atingidas.
 Respeito
Respeito é um substantivo masculino oriundo do latim respectus que é um
sentimento positivo e significa ação ou efeito de respeitar, apreço, consideração,
deferência.
Na sua origem em latim, a palavra respeito significava "olhar outra vez". Assim,
algo que merece um segundo olhar é algo digno de respeito. Por esse motivo, respeito
também pode ser uma forma de veneração, de prestar culto ou fazer uma homenagem a
alguém, como indica a expressão "apresentar os seus respeitos". Ter respeito por alguém
também pode implicar um comportamento de submissão e temor.
O respeito é um dos valores mais importantes do ser humano e tem grande
importância na interação social. O respeito impede que uma pessoa tenha atitudes
reprováveis em relação a outra. Muitas religiões abordam o tema do respeito ao próximo,
porque o respeito mútuo representa uma das formas mais básicas e essenciais para uma
convivência saudável.
Uma das importantes questões sobre o respeito é que para ser respeitado é
preciso saber respeitar, o que em muitos casos não acontece. Respeitar não significa
concordar em todos as áreas com outra pessoa, mas significa não discriminar ou ofender
essa pessoa por causa da sua forma de viver ou suas escolhas (desde que essas escolhas
não causem dano e desrespeitem os outros).
O respeito também pode ser um sentimento que leva à obediência e cumprimento
de algumas normas (por ex: respeito pela lei). Falar sobre um tema com respeito (como
diferentes religiões, crenças e condutas) é falar de forma ponderada e sensível.
O que o respeito no impõe de imediato é a necessidade de estarmos atentos
atenção ao outro como ser humano com seus processos e idiossincrasias, percebendo as
riquezas e os valores de cada um; deve-se partir da realidade de como o outro é para se
entabular um relacionamento e uma convivência digna; é saber admirar o que é diferente
na diversidade das pessoas para atingir a igualdade fundamental; o respeito impõe a
aceitação de cada idiossincrasia pessoal evitando a massificação e a coisificação.
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 Confiança
A confiança é o sentimento de segurança ou a firme convicção (a fé) que alguém
tem relativamente a outra pessoa ou a algo. Também se trata da presunção de si próprio
e de uma característica que permite levar a cabo coisas ou situações por norma difíceis.
A confiança supõe uma suspensão, pelo menos temporária, da incerteza
relativamente às ações dos outros. Quando alguém confia no outro, está convicto de que
consegue prever as ações e os comportamentos deste. A confiança vem portanto
simplificar as relações sociais.
Sendo aderência às ações e reações do outro, por palavras ou gestos, como
resultado da aceitação do outro a confiança, entrando em comunhão recíproca com o
mesmo; ela é uma toda inteligência a mando da vontade; o fundo da mensagem torna-se
verdadeiro, mesmo que nem sempre inteligível ou explicável, porque a pessoa do outro
fazer jus a estima, importância e distinção. De fato ainda que a confiança em alguns casos
seja algo decidido no desconhecido, sem uma garantia total do que pode acontecer, mas
aí de um lado reside sua beleza e grandeza, pois ela implica a saída de um ser humano
para a invasão de outro ser humano, formando uma espécie de outro ser em que ocorre
uma partilha de descobertas; de outro lado, mesmo com riscos, ela mostra que o ser
humano não pode viver exclusivamente de dados inquestionáveis.
Também a confiança espelha humildade em que cada um reconhece os próprios
limites que são ultrapassados pelas potencializações do outro; revela o indivíduo que, em
vez de construir muros, constrói pontes com os outros à custa de gastar tempo, ouvir,
tolerar, ajudar e ser ajudado. Isto é importante na relação entre colegas, entre chefes e
subalternos, entre fornecedores e clientes, etc. Enfim, a confiança é uma atitude que
aceita a lealdade, a sinceridade, a franqueza, a integridade, a bondade, a pureza, o
altruísmo, a magnanimidade e a benevolência como valores existentes no ser humano,
inclusive durante uma atividade profissional.
 Disciplina
Disciplina é a obediência ao conjunto de regras e normas que são estabelecidos
por determinado grupo. Também pode se referir ao cumprimento de responsabilidades
específicas de cada pessoa.
Do ponto de vista social, a disciplina ainda representa a boa conduta do indivíduo,
ou seja, a característica da pessoa que cumpre as ordens existentes na sociedade.
Neste aspecto, o oposto de disciplina é a indisciplina, quando há a falta de ordem,
regra, comportamento ou de respeito pelos regulamentos.
Como dito, cada grupo social apresenta o seu conjunto de normas e regras de
conduta, que variam de acordo com os seus preceitos. O significado de manter a
disciplina no trabalho ou a disciplina na igreja, por exemplo, são diferentes, visto que
para cada parte as regras e comportamentos costumam variar, de acordo com aquilo que
estas consideram de maior importância.
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Manter a disciplina ainda pode estar relacionado com o ato de ser constante, ou
seja, se dedicar no cumprimento de determinada tarefa para o alcance de um objetivo
final, por exemplo. Aliás, ter disciplina no trabalho é fundamental para o bom
desempenho de qualquer profissional.
Sendo a disciplina a maneira pela qual as pessoas de um grupo se conformam de
acordo com as normas já postas; ela tem uma, duas extensões: a da comunidade social
porque tem ressonâncias no conjunto humano que constitui uma empresa; de outro
lado, é individual porque interessa a cada pessoa como parte de um todo. Na relação
entre autoridade e súditos ela fomenta o respeito mútuo entre ambos, objetivando
manter a todos satisfeitos enquanto ensina e orienta a cada um no desempenho eficiente
de suas tarefas. Desta forma, ela faz parte das regras do jogo de uma convivência
humana, encaixando-se nas exigências da justiça para se conseguir o objetivo comum na
empresa.
A disciplina é um processo dinâmico, que é alimentado por duas fontes. Em um
modo, a fonte externa, que provém da própria organização enquanto estabelece normas
claras, fornece instruções a respeito das mesmas, estabelece procedimentos de
verificação do comportamento e de medidas a serem tomadas; destarte, a disciplina não
deve ser acolhida por si mesma, mas como um meio para que sejam logrados valores
ascendentes, que no caso da empresa seriam a eficácia no trabalho, a alegria em render e
produzir, a concordância de vida entre seres humanos.
 Solidariedade
Solidariedade é o substantivo feminino que indica a qualidade de solidário e um
sentimento de identificação em relação ao sofrimento dos outros.
A palavra solidariedade tem origem no francês solidarité que também pode
remeter para uma responsabilidade recíproca.
Em muitos casos, a solidariedade não significa apenas reconhecer a situação
delicada de uma pessoa ou grupo social, mas também consiste no ato de ajudar essas
pessoas desamparadas.
Solidariedade etimologicamente significa “dar a quem está só”; portanto ela
implica uma inter-relação ou uma interdependência. A solidariedade é, então, é uma
assistência recíproca. Ela brota da percepção de que o mal do outro que está só não
pertence só a ele, mas à coletividade, e esta deve combatê-lo; é uma alteridade que
supera o egoísmo. Aqui você deve estar se perguntando o por que conhecer este valores
e virtudes, a nós importa muito saber, compreender e executar, afinal, eis que já
percebemos quão complicado é o caos que nos encontramos e neste sentido a nós ficou
a incumbência de vivermos uma vida cada vez melhor. E vamos em frente!
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Principais Conflitos do Campo Ético
O questionamento ético revela algumas contra dições que fazem parte de nossas
vidas. A primeira é o conflito que pode existir entre meu interesse a curto prazo e meus
objetivos a médio ou a longo prazo. Podemos tomar como exemplo uma experiência
comum na nossa infância: a vontade de brincar sem parar e o objetivo de passar de ano
na escola. São dois objetivos bons “em si”, mas que, na maioria dos casos, são
contraditórios se coloca dos dentro da linha do tempo. Infelizmente ou felizmente a
nossa vida não é linear e os nossos interesses e objetivos não são necessariamente
acumulativos. Existem opções e interesses imediatos ou menores que se chocam com os
objetivos maiores e a longo prazo.
É claro que neste exemplo não há uma resposta a priori que sirva para todos. Cada
um que se vê neste tipo de situação deve pesar as vantagens e desvantagens de cada
opção e fazer, se não forem absolutamente excludentes, uma escolha que permita atingir
o bem maior sem negar totalmente os interesses imediatos.
Neste sentido se torna evidente que existe este tipo de conflito de interesses e que
no discernimento concreto deve prevalecer o bem (objetivo) maior do indivíduo ou do
grupo. Mas como existem motivos e objetivos inconscientes, muitas vezes não é tão
simples saber qual é o objetivo maior que deve servir de critério para definir o que se
deve fazer. Principalmente quando se trata de conflito entre interesses imediatos e de
longo prazo de um grupo social. Pois nesses casos os interesses inconscientes ou não
confessos têm um peso ainda maior.
Além desse conflito, existe também o conflito entre interesse pessoal e coletivo.
Se não houvesse esse tipo de conflito, ou se não fosse importante, as pessoas não se
perguntariam sobre o que deve ou não fazer em relação às outras pessoas ou outros
grupos. Simplesmente buscariam os seus interesses próprios, ignorando os interesses e
direitos dos outros e os da coletividade como tal.
Mas a vida nos ensina que ninguém, ou quase ninguém, pode viver totalmente
isolado, não somente por causa das necessidades afetivas, mas também por causa das
necessidades materiais. É muito difícil para uma só pessoa produzir todas as coisas de
que necessita para sobreviver digna mente. A necessidade de conviver com outros nos
leva à necessidade de estabelecermos relações que permitam a sobrevivência de todos
os que compõem a coletividade. Isso significa na prática que os meus direitos e interesses
não podem ser absolutizados na medida em que entram em conflito com interesses e
direitos de outros com os quais necessito conviver. A absolutização dos meus interesses
seria a negação dos direitos de outros e a declaração de que eu não necessito deles para
viver. Se cada um toma este tipo de atitude, torna-se impossível a vida em um grupo
social.
Além disso, existem interesses da coletividade que não são somente diferentes,
mas também conflitantes com interesses individuais dos seus membros. Se pegarmos
como exemplo a cobrança de impostos, com certeza chegaremos à conclusão de que
ninguém gosta de pagá-las e que não os paga ria se pudesse e se tivesse a certeza de que
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não iria sofrer sanções. É exatamente por isso que se chama “imposto” (particípio
passado do verbo impor). Mas as pessoas que têm consciência do conflito entre os
interesses individuais e os da coletividade sabem que os impostos são uma necessidade
de todas as sociedades para a realização de serviços públicos.
Por trás de normas e valores morais que regulam este tipo de conflito está uma
experiência humana secular: um membro de uma coletividade não sobrevive se esta
mesma coletividade vier a se extinguir. É claro que existem exceções para membros que
conseguem encontrar novos grupos em substituição daquele que acabou. Mas quando a
coletividade que acaba é a própria humanidade, com a inviabilização da vida humana na
terra, nenhum indivíduo poderá se tornar esta exceção.
Os elementos constituintes do campo ético
Para que haja conduta ética é preciso que exista o agente consciente, isto é,
aquele que conhece a diferença entre bem e mal, certo e errado, permitido e proibido,
virtude e vício.
A consciência moral não só conhece tais diferenças, mas também reconhece-se
como capaz de julgar o valor dos atos e das condutas e de agir em conformidade com os
valores morais, sendo por isso responsável pelas suas ações e os seus sentimentos e pelas
consequências do que faz e sente. Consciência e responsabilidade são condições
indispensáveis da vida ética.
A consciência moral manifesta-se, antes de tudo, na capacidade para deliberar
diante de alternativas possíveis, decidindo e escolhendo uma delas antes de lançar-se na
ação. Tem a capacidade para avaliar e pesar as motivações pessoais, as exigências feitas
pela situação, as consequências para si e para os outros, a conformidade entre meios e
fins (empregar meios imorais para alcançar fins morais é impossível), a obrigação de
respeitar o estabelecido ou de transgredi-lo (se o estabelecido for imoral ou injusto).
A vontade é esse poder deliberativo e decisório do agente moral. Para que exerça
tal poder sobre o sujeito moral, a vontade deve ser livre, isto é, não pode estar submetida
à vontade de um outro nem pode estar submetida aos instintos e às paixões, mas, ao
contrário, deve ter poder sobre eles e elas.
O campo ético é, assim, constituído pelos valores e pelas obrigações que formam o
conteúdo das condutas morais, isto é, as virtudes. Estas são realizadas pelo sujeito ético
ou agente moral, principal constituinte da existência ética. O sujeito ético ou moral, isto
é, a pessoa, só pode existir se preencher as seguintes condições:
 Ser consciente de si e dos outros, isto é, ser capaz de reflexão e de reconhecer a
existência dos outros como sujeitos éticos iguais a ele;
 Ser dotado de vontade, isto é, de capacidade para controlar e orientar desejos,
impulsos, tendências, sentimentos (para que estejam em conformidade com a
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consciência) e de capacidade para deliberar e decidir entre várias alternativas
possíveis;
 Ser responsável, isto é, reconhecer-se como autor da ação, avaliar os efeitos e
consequências dela sobre si e sobre os outros, assumi-la bem como às suas
consequências, respondendo por elas;
 Ser livre, isto é, ser capaz de oferecer-se como causa interna dos seus sentimentos
atitudes e ações, por não estar submetido a poderes externos que o forcem e o
constranjam a sentir, a querer e a fazer alguma coisa. A liberdade não é tanto o poder
para escolher entre vários possíveis, mas o poder para autodeterminar-se, dando a si
mesmo as regras de conduta.
O campo ético é, portanto, constituído por dois polos internamente relacionados:
o agente ou sujeito moral e os valores morais ou virtudes éticas. Do ponto de vista do
agente ou sujeito moral, a ética faz uma exigência essencial, qual seja, a diferença entre
passividade e atividade.
Passivo é aquele que se deixa governar e arrastar pelos seus impulsos, inclinações
e paixões, pelas circunstâncias, pela boa ou má sorte, pela opinião alheia, pelo medo dos
outros, pela vontade de um outro, não exercendo a sua própria consciência, vontade,
liberdade e responsabilidade.
Pelo contrário, é ativo ou virtuoso aquele que controla interiormente os seus
impulsos, as suas inclinações e as suas paixões, discute consigo mesmo e com os outros o
sentido dos valores e dos fins estabelecidos, indaga se devem e como devem ser
respeitados ou ultrapassados por outros valores e fins superiores aos existentes, avalia a
sua capacidade para dar a si mesmo as regras de conduta, consulta a sua razão e a sua
vontade antes de agir, tem consideração pelos outros sem subordinar-se nem submeterse cegamente a eles, responde pelo que faz, julga as suas próprias intenções e recusa a
violência contra si e contra os outros.
Do ponto de vista dos valores, a ética exprime a maneira como os homens dotados
de autonomia encaram a cultura e a sociedade em que vivem e definem para si mesmos
o que julgam ser a violência e o crime, o mal e o vício e, como contrapartida, o que
consideram ser o bem e a virtude. Por realizar-se como relação intersubjetiva e social, a
ética não é alheia ou indiferente às condições históricas e políticas, económicas e
culturais da ação moral.
Consequentemente, embora toda a ética seja universal do ponto de vista de quem
a assume como disciplina filosófica fundamental, está em relação com o tempo e a
História, transformando-se para responder a exigências novas da sociedade e da Cultura,
pois somos seres históricos e culturais e nossa ação se desenrola no tempo. A reflexão
ética tem aberto, ao longo da História novas perspectivas à moral (ou aos sistemas
morais) vigentes em cada época.
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Além do sujeito ou pessoa moral e dos valores ou fins morais, o campo ético é
ainda constituído por um outro elemento: os meios para que o sujeito realize os fins da
sua ação moral.
Costuma dizer-se que os fins justificam os meios, de modo que, para alcançar um
fim legítimo, todos os meios disponíveis são válidos. No caso da ética, porém, essa
afirmação deixa de ser óbvia.
Suponhamos uma sociedade que considere um valor e um fim moral a lealdade
entre os seus membros, baseada na confiança recíproca. Isso significa que a mentira, a
inveja, a adulação, a má-fé, a crueldade e o medo deverão estar excluídos da vida moral e
as ações que os empreguem como meios para alcançar o fim serão imorais.
No entanto, poderia acontecer que para forçar alguém à lealdade seria preciso
fazê-lo sentir medo da punição pela deslealdade, ou seria preciso mentir-lhe para que
não perdesse a confiança em certas pessoas e continuasse leal a elas. Nesses casos, o fim
- a lealdade - não justificaria os meios - medo e mentira? A resposta ética é: não. Porquê?
Porque esses meios desrespeitam a consciência e a liberdade da pessoa moral, que agiria
por coação externa e não por reconhecimento interior e verdadeiro do fim ético.
No caso da ética, portanto, nem todos os meios são justificáveis, mas apenas
aqueles que estão de acordo com os fins da própria ação. Por outras palavras, fins éticos
exigem meios éticos.
A relação entre meios e fins pressupõe que a pessoa moral não existe como um
facto dado, mas é instaurada pela vida intersubjetiva e social, precisando de ser educada
para os valores morais e para as virtudes.
Poderíamos indagar se a educação ética não seria uma violência. Em primeiro
lugar, porque se tal educação visa a transformar-nos de passivos em ativos, poderíamos
perguntar se nossa natureza não seria essencialmente passional e, portanto, forçar-nos à
racionalidade ativa não seria um ato de violência contra a nossa natureza espontânea?
Em segundo lugar, porque se a tal educação visa a colocar-nos em harmonia e em
acordo com os valores da nossa sociedade, poderíamos indagar se isso não nos faria
submetidos a um poder externo à nossa consciência, o poder da moral social.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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O que é Ética e Cidadania? Disponível em: <https://www.significados.com.br/etica-ecidadania/> Acesso em 24 fev. 2017.
PASSOS, Elizete. Ética nas Organizações. São Paulo: Atlas, 2004.
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Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA – Disciplina: Ética e Cidadania – Professor: Tibério Mendonça
RIBEIRO, Vivian Paula; ARAÚJO, Adriano; MELO, Naurelice Maia. Filosofia, ética e o
mundo do trabalho. Salvador: Faculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância,
2007. 74 f. Apostila.
Significados. Disponível em: <https://www.significados.com.br/> Acesso em 24 fev. 2017.
SROUR, Robert Henry. Poder, cultura e ética nas organizações. 6 ed. Rio de Janeiro:
Campus, 1998.
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