MODELO – RESUMO EXPANDIDO

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O LUGAR DO MARXISMO NO DEBATE CONTEMPORÂNEO: A
QUESTÃO DA IDENTIDADE E A PÓS-MODERNIDADE
Leonardo Prado Kantorski1.
Introdução
Considerando que a sociedade contemporânea se insere em um processo
dialético de transformação no qual as mudanças das últimas décadas transformaram
a economia e a política, redefinem-se muito dos processos sociais que formulam a
vida cotidiana2, o pensamento pós-moderno surge, nos países industrializados,
inicialmente, como aponta João Emanuel Evangelista, “dirigido a temática das
questões estéticas e arquitetônicas, tendo, desde então, uma crescente repercussão
no mundo da cultura e incidindo amplamente na elaboração da teoria social
(EVANGELISTA, 2001, p.30)”.
A teoria social tornou-se um campo de investigações e debate em busca de
explicações para uma variada gama de fenômenos sociais resultantes dessas
transformações. Entende-se que, no debate atual, a perspectiva marxista 3 deixou de
ser alvo do pós-modernismo4 para fazer uma crítica contundente ao mesmo,
apontando considerações extremamente relevantes sobre este processo
(EVANGELISTA, 2006).
Ao longo do trabalho, procura-se apresentar algumas idéias, no sentido que
tange a temática da identidade e pós-modernidade e tenta-se com isso relacionar
considerações e debater alguns apontamentos da teoria marxista sobre o pósmodernismo.
Metodologia
O debate da pós-modernidade está presente no cerne do sistema de idéias
da atualidade. Parte-se da proposta que, em qualquer sociedade, os interesses de
uns contrariam os de outros, que a vida social, possui inúmeras contradições, buscase utilizando do referencial do materialismo histórico, debater o pós-modernismo e
seu papel no conjunto dos processos contemporâneos. Baseando-se em algumas
preposições do marxismo-leninismo, entende-se o proletariado5 como agente físico
1
Estudante do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de Pelotas;
E-mail: [email protected].
2
É importante considerar que as modificações sociais, não ficaram somente ligadas às esferas
política e socioeconômica. Como aponta João Emanuel Evangelista “poucas vezes em sua história,
as sociedades modernas sofreram transformações tão rápidas e profundas (EVANGELISTA, 2006, p.
273)”.
3
Considerando que: “O marxismo é uma teoria que toma como ponto de partida para a compreensão
da história as relações sociais “objetivas”, ou seja, relações que são, nas palavras de Marx,
indispensáveis e independentes da vontade de qualquer pessoa (PRZEWORSKI, 1989, p. 114)”.
4
Como aponta Perry Anderson, consideramos que o alvo da crítica pós-moderna é o marxismo e a
esquerda (ANDERSON, 1999).
5
Destacada por Adam Przeworski, a nota de rodapé da edição inglesa do Manifesto Comunista do
ano de 1888: “Por proletários [entende-se] a classe dos atuais trabalhadores assalariados que, não
possuindo meios de produção, são obrigados a vender sua força de trabalho para viver
(PRZEWORSKI, 1989, p. 76)”.
da transformação social. Um dos argumentos dos pós-modernistas é que “os
problemas e as contradições da moderna sociedade burguesa são atribuídos à
modernidade” e assim “tratados como se não tivessem nenhuma relação com a sua
lógica capitalista”. Pode-se perfeitamente propor a “superação” da modernidade sem
quaisquer rupturas com a ordem social burguesa (EVANEGELISTA, 2001, p.30). É
nesse sentido que adota-se como ponto de partida, a proposta aprimorada por
Lênin6, na qual o proletário é educado pelo próprio capitalismo, compreende-se a
contingência, a fragmentação do individuo, a descentralização, propostas por
estudiosos do pós-modernismo, como um elemento justificador de contradições
sociais e mantenedor do Sistema Capitalista7.
Resultados e Discussão
O pensamento pós-moderno significaria, simultaneamente, uma crítica e uma
ruptura com a modernidade. Com diversas implicações que atingem desde a vida
cotidiana até a produção do conhecimento social, mas não apresentando nenhum
tipo interesse em alternativa para ordem capitalista (EVANEGELISTA, 2001).
Compreende-se como primordial, notar que ocorre a crítica e a ruptura com a
acepção moderna, sem romper com a essência capitalista. O confronto teórico com
o pensamento pós-moderno propiciou ao marxismo pensar a realidade
contemporânea a partir de uma perspectiva intelectual que combina a análise crítica
da cultura e a crítica da economia política (EVANGELISTA, 2006).
Conclusões
Conclui-se que o pós-modernismo mantém uma relação intrínseca junto ao
mercado, constituindo uma forma de consciência social que lhe é perfeitamente
funcional. O pós-modernismo é uma expressão cultural de nova sensibilidade que
produziu uma agenda intelectual, que não pode ser ignorada. Os autores que
adotam o referencial teórico do marxismo fortalecem sua vertente ao buscar
responder aos desafios apresentados pelo pós-modernismo, que na sociedade
contemporânea é visto por muitos como o principal meio interpretativo da sociedade.
Referências
ANDERSON, Perry. As origens da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Zahar, 1999.
EAGLETON, Terry. As ilusões do pós-modernismo. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
EVANGELISTA, João Emanuel. Elementos para uma Crítica da Cultura Pósmoderna. Revista Novos Rumos, São Paulo, ano 15, n. 34, 2001.
EVANGELISTA, João Emanuel. Teoria social e pós-modernismo: a resposta do
marxismo aos enigmas teóricos contemporâneos. Revista Cronos, Natal, v. 7, p.
271-281, 2006.
LÊNIN, Vladmir Ilichy. Obras escolhidas. São Paulo, Alfa-ômega, 1979.
PRZEWORSKI, Adam. Capitalismo e Social-Democracia. São Paulo, Companhia
das Letras, 1989.
6
Ver: LÊNIN, Vladmir Ilichy. Obras escolhidas. São Paulo, Alfa-ômega, 1979.
As observações de Terry Eangleton, nesse sentido, sobre os limites do pós-modernismo são de
enorme importância. Ver: EANGLETON, Terry. As ilusões do pós-modernismo. Rio de Janeiro:
Zahar, 1998.
7
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