110664_Jhon - riuni

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
JHON JORDÃO DE OLIVEIRA
ASPECTOS FITOSSANITÁRIOS DA CULTURA DO TOMATEIRO (Lycopersicon
esculentum Mill.) NA SERRA DE IBIAPABA (CE)
Tubarão
2012
JHON JORDÃO DE OLIVEIRA
ASPECTOS FITOSSANITÁRIOS DA CULTURA DO TOMATEIRO (Lycopersicon
esculentum Mill.) NA SERRA DE IBIAPABA (CE)
Trabalho de Conclusão do Curso apresentado ao
Curso de Graduação Agronomia da Universidade
do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial à
obtenção do título de Engenheiro agrônomo.
Orientadora: Prof.ª Patrícia Menegaz de Farias, Msc.
Supervisor: Natalício de Souza Brandão, Eng. Agr.
Tubarão
2012
JHON JORDÃO DE OLIVEIRA
ASPECTOS FITOSSANITÁRIOS DA CULTURA DO TOMATEIRO (Lycopersicon
esculentum Mill.) NA SERRA DE IBIAPABA (CE)
Este Trabalho de Conclusão do Curso foi julgado
adequado à obtenção do título de Engenheiro
Agrônomo e aprovado por sua forma final pelo
Curso de Agronomia, da Universidade do Sul de
Santa Catarina.
Tubarão, 14 de Novembro de 2012.
________________________________________________________
Prof.ª e orientadora Patrícia Menegaz de Farias, Msc.
Universidade do Sul de Santa Catarina
_____________________________________________________
Prof.ª Rossana Faraco Bianchini, Msc.
Universidade do Sul de Santa Catarina
_____________________________________________________
Prof. e coordenador Celso Lopes de Albuquerque Júnior, Msc.
Universidade do Sul de Santa Catarina
“Dedico este trabalho à minha família, que
são à base da minha vida e por estar
sempre ao meu lado me apoiando durante
toda esta trajetória.”
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço a Deus por estar sempre ao meu lado, por ter
me dado força e coragem, fazendo com que conseguisse vencer cada obstáculo
encontrado em meu caminho.
Aos meus pais, João Oliveira e Maria Solange Jordão de Oliveira que me
proporcionaram a realização deste curso e pela preocupação para com minha
educação e bem-estar. Pelos momentos de apoio, de escuta, por sempre acreditar
no meu potencial, por me dizerem palavras de conforto e por compreender a minha
ausência. Amo vocês.
À minha namorada, Angela Pereira Pires que demonstrou ser mais que
uma companheira, uma verdadeira amiga. Que compreendeu, apoiou e, respeitou
minha ausência, deu colo nas horas tristes, fazendo-me sorrir e ter fé que tudo daria
certo e, assim, estaríamos sempre juntos. A distância pôde impedir que eu te
tocasse, mais nunca impediu que eu te amasse. A você meu grande amor, meu
eterno agradecimento.
À IHARABRAS Indústrias Químicas S/A, por ter me oportunizado o
estágio e o conhecimento indescritível durante esta caminhada, tendo a
oportunidade de conhecer pessoas ótimas e acima de tudo, por me tornar um
profissional preparado para o mercado de trabalho.
À minha orientadora e amiga professora Patrícia Menegaz de Farias, por
aceitar orientar meu trabalho, pela sua dedicação, seus conselhos e por ter
acreditado em mim. Com certeza foi uma pessoa indispensável para que esse
caminho pudesse ser concluído.
Aos meus tutores, Waldenir José Castellar e Natalício de Souza Brandão,
por todos os ensinamentos que me ofereceram durante o estágio, que auxiliaram e
contribuíram para o andamento desta caminhada.
Ao Sr. Francisco Romildo Mesquita e Dona Zádina Maria Camelo
Mesquita, por terem me acolhido em sua empresa e fornecido toda apoio que foi
preciso durante o estágio. Pela atenção dada e por me dizer: “Calma, que no final
tudo dá certo”. Meus sinceros agradecimentos.
Ao meu amigo Fabiano Lopes, pelas diversas vezes em que ajudou nesta
etapa de minha vida. Pelos momentos de descontração com suas piadas e por todo
conhecimento prático que pode me proporcionar.
À minha amiga Julia da Silva Machado, que foi uma pessoa fundamental
durante toda essa etapa. Quero que saiba que você ocupa um lugar especial em
minha vida e quero te ter sempre por perto.
A todos os professores do curso de Agronomia, da Universidade do Sul
de Santa Catarina, que fizeram parte deste processo de aprendizagem. Em especial
ao prof. Celso Lopes de Albuquerque Júnior, que auxiliou muito durante toda a
minha vida acadêmica. Por todas as informações fornecidas, pela paciência em
ensinar e pela confiança em mim depositado. Meu muito obrigado!
São inúmeras as pessoas que contribuíram para que este sonho fosse
concretizado, e foram contribuições das mais diversas, desde profundas discussões
conceituais até um simples, mas valioso olhar de carinho e segurança na hora certa.
Então, o que tenho a dizer é muito obrigado à todos.
“Quando penso que cheguei ao meu limite descubro que tenho forças para ir além”.
(Airton Senna)
RESUMO
O tomate (Lycopersicon esculentum Mill.) é uma das hortaliças mais cultivadas nos
Brasil, ingrediente de vários pratos típicos e importante componente de uma dieta
saudável devido seu alto teor de licopeno, vitaminas A, C e sais minerais. Por
demandar considerável mão de obra, a tomaticultura contribui como atividade
geradora de empregos. A produção de tomate na Serra de Ibiapaba (CE) vem sendo
difundida entre os agricultores da região, ganhando cada vez mais destaque. O
sistema de manejo predominante nas propriedades é convencional e, as lavouras
ficam expostas aos efeitos diretos do clima, consequentemente ao ataque de pragas
e de doenças em suas diferentes fases fenológicas. Buscou-se através da
oportunidade do estágio curricular, realizado na Agrofértil Camelo Comércio de
Adubos, no município de Guaraciaba do Norte (CE), o acompanhamento de visitas
técnicas e dias de campo aos produtores de tomate (Lycopersicon esculentum Mill.),
da região da Serra de Ibiapaba (CE), com ênfase nos aspectos fitossanitários da
cultura. O problema principal da atual nesta região refere-se à fitossanidade,
principalmente ataque de pragas, sendo elas: Tuta absoluta (Meyrick) (Lepidoptera:
Gelechiidae) (traça-do-tomateiro); Neoleucinodes elegantalis (Guenée) (Lepidoptera:
Crambidae) (broca-pequena); Bemisia tabaci (Bellows & Perring) (Homoptera:
Aleyrodidae)
(mosca
branca);
Liriomyza
huidobrensis
(Blanchard)
(Diptera:
Agromyzidae) (mosca minadora); Frankliniella schultzei (Trybom) (Thysanoptera:
Thripidae) (tripes); já as doenças com maior severidade foram: Alternaria solani
(ELL. & Martin) (pinta preta); Phytophthora infestans (Mont.) de Bary (requeima) e o
Oidium lycopersici (Cooke & Massee) (oídio). Sendo assim, para o controle dos
problemas citados, o químico é o mais eficiente e mais utilizado pelos produtores.
Palavras-chave: Lycopersicon esculentum; Aspectos fitossanitários; Serra de
Ibiapaba (CE).
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Tipos de inflorescências do tomateiro: simples (A), bifurcada (B) e
ramificada (C) ............................................................................................................ 23
Figura 2 - Vista lavoura de tomate: Método de tutoramento em “V” invertido
utilizando estacas de Marmeleiro Croton sonderianus .............................................. 24
Figura 3 - Adultos de Bemisia tabaci Biótipo B em folha do tomate .......................... 30
Figura 4 - Excreção de substâncias açucaradas pelo inseto, resultando o
crescimento de Fumagina (A); Transmissão de geminivírus, causado pela Bemisia
tabaci Biótipo B (B) .................................................................................................... 31
Figura 5 - Adulto de Tuta absoluta (Meyrick) (Lepidoptera: Gelechiidae) ................. 33
Figura 6 - Danos causados por Tuta absoluta (Meyrick) (Lepidoptera: Gelechiidae)
(traça-do-tomateiro) ................................................................................................... 34
Figura 7 - Forma adulta da Neoleucinodes elegantalis (Guenée) (Lepidoptera:
Crambidae) (broca-pequena) .................................................................................... 36
Figura 8 - Danos causados por Neoleucinodes elegantalis (Guenée) (Lepidoptera:
Crambidae) em frutos de tomate ............................................................................... 37
Figura 9 - Adulto de Liriomyza huidobrensis (A); Pucnias (cavidade para depositar os
ovos) realizadas por L. huidobrensis em folha do tomate (B).................................... 39
Figura 10 - Danos causados pela Liriomyza huidobrensis em planta de tomateiro... 40
Figura 11 - Ninfa (coloração clara) e adulto de Frankliniella schultzei (Trybom)
(Thysanoptera:Thripidae) (tripes) .............................................................................. 41
Figura 12 - Planta contaminada pelo vírus do “vira-cabeça” do tomateiro – vetor:
Frankliniella schultzei (Trybom) (Thysanoptera: Thripidae) (tripes) ........................... 42
Figura 13 - Sintomas da Alternaria solani (ELL. & Martin) (pinta preta) no tomateiro44
Figura 14 - Sintomas de Phytophthora infestans (Mont.) De Bary na folha do
tomateiro ................................................................................................................... 46
Figura 15 - Sintomatologia de Oidium lycopersici em tomateiro. Primeiro, folhas ficam
grossas e com manchas amareladas (A); Segundo, folhas começam a enrolar (C);
Terceiro, aparecimento do mofo na folha (B) ............................................................ 48
Figura 16 - Croqui dos municípios que compõem a Serra de Ibiapaba (CE) e detalhe,
a sede da revenda Agrofértil ..................................................................................... 49
Figura 17 - Campo Demonstrativo na cultura do tomate com a realização do
tratamento IHARA (A); Realização do Dia de Campo para demonstrar a eficiência no
controle de problemas fitossanitários com os produtos IHARA (B) ........................... 52
Figura 18 - Aplicador de Produtos fitossanitários utilizando todas as peças do EPI
(A); Aplicador de Produtos fitossanitários sem o uso do EPI (B) ............................... 52
Figura 19 - Utilização de armadinhas luminosas distribuídas na lavoura de tomate
(A); Aplicação de inseticida para o controle de N. elegantalis (B) ............................. 58
Figura 20 - Realização do teste do pH da água (A); Fazendo a leitura do teste do pH
(B). ............................................................................................................................ 62
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Dados de área plantada, produção e rendimento médio da cultura do
tomate no Brasil / Safra 2011. ................................................................................... 26
Tabela 2 - Inseticidas IHARA® registrados na cultura do tomate com seus
respectivos alvos e doses. ........................................................................................ 56
Tabela 3 - Fungicidas IHARA registrados na cultura do tomate com seus respectivos
alvos e doses. ........................................................................................................... 60
LISTA DE SIGLAS
ANDEF – Associação Nacional de Defesa Vegetal
ETENE – Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
GEECAS – Grupo de Estudos em Ecologia e Conservação de Abelhas Silvestres
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INPEV – Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias
MAPA – Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 15
2. IDENTIFICAÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO ........................................................ 19
3. IDENTIFICAÇÃO DO ESTÁGIO ........................................................................... 20
3.1. IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO.............................................. 20
3.2. IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO DA CONCEDENTE .................................. 20
3.3. IDENTIFICAÇÃO DO ESTAGIÁRIO................................................................... 20
3.4. IDENTIFICAÇÃO DO ESTÁGIO PROPRIAMENTE DITO ................................. 20
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 22
4.1. CULTURA DO TOMATEIRO (Lycopersicon esculentum Mill.) ........................... 22
4.2. ASPECTOS FITOSSANITÁRIOS NO TOMATEIRO (Lycopersicon esculentum
Mill.). .......................................................................................................................... 27
4.3.
INSETOS-PRAGA PRESENTES NO TOMATEIRO ....................................... 28
4.3.1. Aspectos bioecológicos de Bemisia tabaci
(Bellows & Perring)
(Homoptera: Aleyrodidae) ...................................................................................... 28
4.3.1.1. Danos e controle .......................................................................................... 30
4.3.2. Aspectos Bioecológicos de Tuta absoluta (Meyrick) (Lepidoptera:
Gelechiidae) ............................................................................................................. 32
4.3.2.1. Danos e controle .......................................................................................... 33
4.3.3.
Aspectos
Bioecológicos
de
Neoleucinodes
elegantalis
(Guenée)
(Lepidoptera: Crambidae) ....................................................................................... 35
4.3.3.1. Danos e controle .......................................................................................... 36
4.3.4. Aspectos Bioecológicos de Liriomyza huidobrensis (Blanchard) (Diptera:
Agromyzidae) ........................................................................................................... 38
4.3.4.1. Danos e controle .......................................................................................... 39
4.3.5. Aspectos bioecológicos Frankliniella schultzei (Trybom) (Thysanoptera:
Thripidae) ................................................................................................................. 40
4.3.5.1. Danos e controle .......................................................................................... 41
4.4. PRINCIPAIS DOENÇAS PRESENTES NO TOMATEIRO ................................. 42
4.4.1. Epidemiologia de Alternaria solani (ELL. & Martin) ................................... 43
4.4.2. Epidemiologia da Phytophthora infestans (Mont.) de Bary ....................... 45
4.4.3. Epidemiologia de Oidium lycopersici (Cooke & Massee) (Oídio).............. 47
4.5. CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO ...................................................................... 48
5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ....................................................................... 50
5.1.
INSETOS-PRAGA PRESENTES NO CULTIVO DE TOMATE NA SERRA DE
IBIAPABA (CE) .......................................................................................................... 55
5.2.
DOENÇAS PRESENTES NO CULTIVO DE TOMATE NA SERRA DE
IBIAPABA (CE) .......................................................................................................... 59
6.
CONCLUSÃO ..................................................................................................... 63
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 64
15
1. INTRODUÇÃO
Uma das hortaliças mais comercializadas, o tomateiro (Lycopersicon
esculentum Mill.) (Solanaceae) apresenta porte herbáceo e, seu cultivo é favorecido
pelo clima fresco e seco, juntamente com a alta luminosidade (FILGUEIRA, 2008).
Seu cultivo é amplamente difundido em todo o território nacional devido à
importância comercial, seja para o consumo in natura ou para industrialização
(FILGUEIRA, 2003; ALVARENGA, 2004). Características físico-químicas, tais como:
a aparência, o sabor e o aroma; tornam as cultivares de tomateiros mais adequadas
ao consumo (CARVALHO & NAKAGAWA, 2000). Para o desenvolvimento da cultura
é necessário temperatura no período diurno de 20° a 25°C, e no noturno entre 11° e
18°C (FILGUEIRA, 2008), temperaturas acima de 35°C, ou em temperaturas
excessivamente baixas (-2°C) podem ocorrer problemas na frutificação, fecundação
prejudicada e, queda acentuada de flores e frutos (CALIMAN et al, 2005)
O tomateiro possui caule flexível, incapaz de suportar o peso dos frutos e
manter a posição vertical (FILGUEIRA, 2000). O método de tutoramento do
tomateiro tradicionalmente usado na maior parte das regiões produtoras é o cruzado
(WANSER, 2007). Embora seja uma planta perene, o cultivo é anual, o ciclo varia de
quatro a sete meses, incluindo um a três meses de colheita (FILGUEIRA, 2000). As
flores formam cachos, são hermafroditas dificultando a fecundação cruzada (SILVA,
2009). Seu cultivo exige alto nível tecnológico e intensa utilização de mão de obra, o
que confere a esta cultura elevada importância econômica e social (LOPES et al.,
2000).
No Brasil, o tomate constitui uma das hortaliças fruto mais importantes
comercialmente (MUELLER et al., 2008). O Estado do Ceará possui uma produção
anual de 114.554 toneladas, com área plantada em torno de 2.235 ha (IBGE, 2011).
A produção desta hortaliça tem se destacado no Nordeste, em contrapartida, sua
produtividade média é considerada baixa (cerca de 42.250 toneladas/ha), devido a
grande instabilidade climática e ocorrência de longos períodos secos, assim, resulta
em um substancial impacto negativo no crescimento e desenvolvimento da cultura,
aliado aos problemas fitossanitários que ocorrem com grande incidência (IBGE,
2011; ETENE, 2010).
16
Na região da Serra da Ibiapaba (CE), além do cultivo de tomate há outras
hortaliças, tais como: pimentão, pepino, repolho, couve-flor; estas atuam como
importantes fontes de renda aos pequenos agricultores. Os municípios cearenses
com produção de hortaliças localizam-se em regiões de clima favorável, com
altitudes acima de 800 metros do nível do mar, ideais para o cultivo dessas plantas.
A Serra da Ibiapaba é composta por nove cidades e por sua tradição e potencial,
abastece mercados consumidores dos Estados do Piauí, Maranhão e regiões
adjacentes do Ceará (MARTINS et al., 2010).
A produção
de tomate
é
considerada atividade de
alto
risco,
principalmente, devido à variedade de ambientes e sistemas de cultivo, bem como a
suscetibilidade ao ataque de pragas e doenças e a exigência em insumos e
serviços, que acarreta em elevados investimentos de recursos financeiros por
unidade de área (LOOS et al., 2008). A cultura do tomate apresenta alto custo em
relação ao tratamento fitossanitário, sendo que os agroquímicos são responsáveis
por aproximadamente 30% do custo total da produção (PINTO, 2008).
Segunda MARTINS et al., (2010) devido à incidência de fungos, bactérias
e aos constantes ataques de insetos-praga, as lavouras são pulverizadas em média
duas vezes por semana com produtos fungicidas e inseticidas para reduzir os danos
e garantir produção comercial. Porém, os produtores recentemente buscam
alternativas para melhorar a qualidade dos frutos e reduzir os custos relacionados à
utilização e aplicação dos defensivos agrícolas. A produção integrada, no Brasil
surge não como uma revolução técnica, mas como uma reflexão moderna sobre a
melhor forma de administrar os ecossistemas combinando métodos tradicionais, que
se adaptam e ajustam conforme os cultivos, o clima e o solo, com toda uma gama
de novas tecnologias, produtos e serviços (PROTAS & SANHUEZA, 2003). Emprega
uma gama de métodos de controle, como a utilização de armadilhas luminosas para
diminuir a incidência de pragas nas plantações. Nessa região, a Serra da Ibiapaba, o
cultivo sucessivo do tomateiro e o abandono dos restos de cultura ao final da safra
são as principais fontes de inóculos de desenvolvimento de epidemias em novos
cultivos (MARTINS et al., 2010).
Os principais insetos-praga que atacam a cultura do tomateiro são: Tuta
absoluta
(Meyrick)
(Lepidoptera:
Gelechiidae)
(traça-do-tomateiro),
ocasiona
broqueamento do caule e de frutos, entretanto pode também atacar as folhas ao se
alimentar do parênquima foliar gerando minas (PAULA et al., 1998); Neoleucinodes
17
elegantalis
(Guenée) (Lepidoptera:
Crambidae)
(broca-pequena)
o dano
é
caracterizado por um orifício de entrada, no qual permite a larva se alojar no interior
do fruto, alimenta-se da polpa (PICANÇO et al., 1999); Helicoperva zea (Hüeb.)
(Lepidoptera: Noctuidae) (broca-grande-do-fruto), o dano caracteriza-se pela
presença de orifícios na epiderme do fruto com formatos irregulares (MUELLER et
al., 2008); Bemisia tabaci (Bellows & Perring) (Homoptera: Aleyrodidae) (mosca
branca) compromete a capacidade fotossintética da planta devido à sucção de seiva,
favorecendo a proliferação de fungos (principalmente, fumagina) (VILLAS et al.,
1997), além de transmissão de diversos vírus (JONES, 2003); Liriomyza
huidobrensis (Blanchard) (Diptera: Agromyzidae) (mosca minadora), as fêmeas
perfuram as folhas para alimentação e/ou para oviposição, além disso, as larvas se
desenvolvem
no
interior
destas,
formando
minas
caracterizando
o
dano
propriamente dito (LENTEREN & YATHOM 1989) e; Frankliniella schultzei (Trybom)
(Thysanoptera: Thripidae) (tripes), um dos principais transmissores de vírus para as
plantas (NAGATA et al., 1999).
Segundo a EMBRAPA HORTALIÇAS (2012), existem várias doenças que
atacam o tomateiro e conforme a severidade, estas podem causar uma grande
redução da produtividade e da qualidade do produto. Sendo assim, é necessário
realizar vistorias frequentes na lavoura, procurando identificar os problemas
fitossanitários que ocorrem frequentemente, permitindo assim, a identificação
precoce das doenças e consequentemente o controle ideal que deve ser realizado
para cada problema.
Alternaria solani (ELL. & Martin) (pinta preta) é uma das mais importantes
e frequentes doenças da cultura. Apresenta alto potencial de proliferação ao incidir
sobre folhas, hastes, pecíolos e frutos do tomateiro, gerando elevados prejuízos
econômicos. O fungo sobrevive nos restos culturais e, infecta outras hortaliças
(TOLEDO et al., 2009). Além desta doença, existem outras que causam danos
severos,
tais
como:
Colletotrichum
gloesporioides
(Penzig)
(antracnose),
caracterizado por atacar todos os órgãos da parte aérea da planta (ramos, botões
florais e frutos), as lesões são deprimidas com podridão seca, cujo sintoma é o
enrugamento precoce da área afetada (SANTOS FILHO et al., 2004); Phytophthora
infestans (Mont.) de Bary (requeima), os sintomas se manifestam intensamente nas
folhas e as lesões tendem ao formato circular (TOLEDO et al., 2009);
18
Doenças e pragas incidem sobre folhas, hastes, pecíolos e frutos,
ocasionando elevados prejuízos econômicos (VIDA et al., 2004). Por isso são
necessários estudos que busquem alternativas para o controle e soluções destes
problemas fitossanitários que ocorrem nas várias etapas do cultivo do tomateiro.
Serão abordados temas como a produção do tomate, descrição dos
principais insetos-praga e doenças, danos e sintomas, bem como os métodos de
controle utilizados. Este trabalho teve como objetivo o acompanhamento de visitas
técnicas a produtores de tomate da região da Serra de Ibiapaba (CE) com ênfase
nos aspectos fitossanitários da cultura.
19
2. IDENTIFICAÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO
A IHARABRAS S.A. Indústrias Químicas atua há 45 anos no mercado e
possui em seu portfólio mais de 60 produtos para as mais diversas culturas e
também para o controle de pragas domésticas. A IHARA produz fungicidas,
herbicidas, inseticidas, nutrientes, produtos especiais, domissanitários e fumigantes.
No município de Sorocaba (SP) estão localizados o escritório central, a estação
experimental (reconhecida pelo Ministério da Agricultura para experimentos oficiais)
e a fábrica que estabelece, documenta, implementa e mantém seu sistema de
gestão integrada segundo os requisitos da ISO 9001:2000, ISO 14001:2004 e
OHSAS 18001, em contínua melhoria.
A empresa está situada em uma fazenda de 230 hectares, sendo mais de
20% do total desta área Reserva Legal. A IHARA conta com seis filiais, localizadas
em Goiânia (GO), Cuiabá (MT), Luís Eduardo Magalhães (BA), Londrina (PR), Porto
Alegre (RS) e Barueri (SP), criadas para otimizar a logística e oferecer atendimento
mais rápido aos clientes. O trabalho da IHARA proporciona além das soluções ao
agricultor, serviços com o objetivo de auxiliar o produtor rural a obter uma melhor
produtividade com a maior qualidade possível e de forma sustentável. Estabelece
parcerias com outras empresas do setor, com as quais realiza intercâmbio de
produtos para melhor atender o agricultor, oferecendo-lhe uma gama de opções na
resolução de seus problemas na lavoura.
A Agrofértil Camelo Comércio de Adubos LTDA. é uma das revendas que
a IHARA é parceira. Está localizada em Guaraciaba do Norte (CE). Esta revenda
atende produtores principalmente de hortaliças, atuando na região da Serra de
Ibiapaba. A Agrofértil Camelo trabalha com revenda e representação agrícola de
sementes, adubos, defensivos agrícolas, fertilizantes e venda e instalação de
irrigação. A empresa também oferece assistência técnica aos clientes, através de
técnicos agrícolas e agrônomos.
20
3. IDENTIFICAÇÃO DO ESTÁGIO
3.1. IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO
Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL
Endereço: Av. José Acácio Moreira, 787- Tubarão / SC
CNPJ: 86.445.293/0001 – 36
Representante: Ailton Nazareno Soares
Orientador (a): Professor Eng. Agr. Msc. Patrícia Menegaz de Farias
Contato: patrí[email protected] / (48) 3621-3994
3.2. IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO DA CONCEDENTE
IHARABRAS S.A. Indústrias Químicas
Endereço: Av. Liberdade, 1701, Cajuru do Sul- Sorocaba (SP)
Supervisor (a) de estágio: Eng. Agr. Natalício de Souza Brandão
Contato: [email protected] / (88) 9961-2843
3.3. IDENTIFICAÇÃO DO ESTAGIÁRIO
Jhon Jordão de Oliveira
Endereço: BR 101, Km 422, Sanga da Areia- Araranguá (SC)
Curso: Agronomia
Fase: Décima (10ª)
Contato: [email protected] / (48) 8813-6675
3.4. IDENTIFICAÇÃO DO ESTÁGIO PROPRIAMENTE DITO
Agrofértil Camelo Comércios de Adubos LTDA.
Endereço: Av. Monsenhor Furtado, 544 - Guaraciaba do Norte (CE)
Representante: Francisco Romildo Marinho Mesquita
21
Área de atuação: Fitossanidade
Período: 02/07/2012 até 22/12/2012
Carga Horária Total: 300 horas
Nível de estágio: Curricular
Supervisor (a) de estágio: Eng. Agr. Natalício de Souza Brandão
Professor (a) Orientador (a): Eng. Agr. Msc. Patrícia Menegaz de Farias
22
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4.1. CULTURA DO TOMATEIRO (Lycopersicon esculentum Mill.)
Espécies selvagens de tomate (Lycopersicon esculentum Mill.) são
nativas da região Andina, abrangendo parte do Chile, Colômbia, Equador, Bolívia e
Peru, entretanto, a domesticação desta planta se deu no México (FILGUEIRA,
2003). A cultura do tomate é uma atividade agrícola socioeconomicamente
importante para o Brasil (HAJI et al., 2002). A intensa utilização de mão de obra se
dá principalmente para realização de tratos culturais, como desbastes, capinas e
colheitas manuais; mesmo com o alto índice de mecanização em operações
rotineiras como o preparo do solo, semeadura, irrigação e pulverização (SILVA &
GIORDANO 2000). Esta cultura é responsável pela geração de grande número de
empregos diretos e indiretos, contudo exige alto investimento, mão de obra
qualificada e elevado nível tecnológico (HAJI et al,. 2004).
Dentre as características que destacam a cultura estão: a ampla
adaptabilidade e a disponibilidade de cultivo no ano inteiro, a versatilidade de uso,
atratividade, baixo teor calórico, aroma estimulante e principalmente seu poder
nutracêutico e funcional, que corresponde a altos teores de potássio, vitamina A,
vitamina C, vitamina E (FONTES & SILVA, 2002). Além de ser uma rica fonte de
vitaminas e minerais, o tomate e seus derivados são fontes ricas de licopeno, além
de ser um carotenoide com alto poder antioxidante, benéfico no combate aos
radicais livres e à saúde (RAO & AGARWAL, 2000).
O tomateiro é uma dicotiledônea pertencente à família das solanáceas,
(ALVARENGA, 2004). Segundo FILGUEIRA, (2008) esta é uma planta herbácea,
com caule flexível e incapaz de suportar o peso dos frutos e manter a posição
vertical, sendo necessário o tutoramento e por ser uma planta perene, a cultura
comporta-se como anual – da semeadura até a produção de novas sementes, o
ciclo biológico varia de quatro a sete meses, incluindo um a três meses de colheita.
A raiz é do tipo pivotante, podendo chegar a uma profundidade de 1,5 m
sendo que 70% do sistema radicular encontram-se nos primeiros 20 cm,
superficialmente (ALVARENGA, 2004). As inflorescências da planta são cimeiras
bíparas, diferenciam-se no meristema apical do caule, assumem posição lateral
23
entre as folhas e o caule (ALMEIDA, 2006). As flores se encontram em cachos são
pequenas e amarelas (MINAMI & HAAG, 1989). Possuem entre cinco a 12 flores,
completas, hermafroditas e de corola amarela (ALMEIDA, 2006). A inflorescência do
tomateiro pode assumir a forma simples, bifurcada ou ramificada (Figura 1). O tipo
simples ocorre com maior frequência na parte inferior da planta; os tipos ramificados
desenvolvem-se na parte superior (MELO, 2007). A polinização é um dos processos
chave na manutenção da diversidade, da abundância e das atividades dos
organismos (KEVAN & VIANA 2003, KLEIN et al. 2007).
Segundo o GEECAS (2012) o tomate é uma planta cujas flores não
produzem néctar, de modo que o único alimento que elas fornecem para as abelhas
é o pólen, onde um leve movimento na flor é suficiente para que o pólen caia das
anteras sobre os estigmas. Entretanto, esse processo é mais eficiente quando os
ponilizadores vibram as flores, liberando uma nuvem de pólen que recobre seus
corpos e os estigmas (GEECAS, 2012). As flores abrem-se pela manhã, e a
liberação pólen ocorre duas horas após a abertura da flor. O estigma permanece
receptivo durante sete dias e até mesmo 16 horas antes de se abrir a flor (ALMEIDA,
2006).
Figura 1 - Tipos de inflorescências do tomateiro: simples (A), bifurcada (B)
e ramificada (C)
Fonte: MELO, 2007.
24
O fruto do tomateiro é uma baga plurilocular com forma, do tipo carnoso
(MINAMI & HAAG, 1989), cor e peso variáveis que dependem da cultivar. De acordo
com o formato do fruto, o tomate é classificado em dois grupos: oblongo, quando o
diâmetro longitudinal é maior que o transversal e redondo, quando o diâmetro
longitudinal é menor ou igual ao transversal (BRASIL, 1995; 2002). A forma do
tomate está relacionada ao grupo a que pertence a cultivar (MELO, 2007). A
coloração do fruto pode ser amarela, rosada, laranja ou vermelha (MINAMI & HAAG,
1989; ALVES FILHO, 2006). O peso dos frutos varia amplamente, de menos de 25 g
(tipo cereja) até mais de 400 g (tipo salada) (FILGUEIRA, 2008).
Em relação ao hábito de crescimento, pode ser indeterminado ou
determinado (ALVARENGA, 2006). Segundo ALVARENGA (2004), o crescimento
indeterminado apresenta dominância apical e a emissão de ramos florais a cada três
folhas lançadas, enquanto o determinado é marcado pela ausência de dominância
apical e hastes ou ramificações apresentando um único ramo floral apical.
Existem diversas formas de tutorar e diversos materiais, porém o mais
utilizado na Serra de Ibiapaba (CE) são as varas de marmeleiro (Croton
sonderianus) em forma de “V” invertido (Figura 2). À medida que cresce, a planta
deve ser amarrada aos tutores, conhecida como amarrio (ALVARENGA, 2004).
Figura 2 – Vista lavoura de tomate: Método de tutoramento em “V”
invertido utilizando estacas de Marmeleiro Croton sonderianus
Fonte: Autor, 2012.
25
A temperatura ótima para o crescimento vegetativo oscila entre 21 e 24ºC
com limites extremos mínimos e máximos de 18 e 32ºC, respectivamente;
temperaturas fora desses limites originam problemas no desenvolvimento da planta
em geral e do sistema radicular em particular (MELO, 2007). O tomateiro é exigente
em termoperiodicidade diária, pois requer temperaturas diurnas amenas e noturnas
menores, com diferença de 6-8°C entre elas (FILGUEIRA, 2008). Temperaturas
noturnas abaixo de 10ºC e superiores a 20ºC afetam a frutificação, devido o
desenvolvimento de óvulos e a mobilidade dos grãos de pólen ser afetadas
ocasionando aborto de botões florais.
Sob temperaturas superiores a 25ºC e
inferiores a 12ºC a fecundação é defeituosa ou nula (MELO, 2007).
As hortaliças obtêm os nutrientes que necessitam através da absorção
pelas raízes, dos elementos existentes na solução do solo. Os macronutrientes
secundários (Ca, Mg e S) são tão importantes quanto os primários (N, P e K), sendo
que o tomateiro é particularmente exigentes em Ca e Mg (MARTINS, 2010).
Segundo FILGUEIRA (2008) o cultivo do tomate é altamente exigente quanto à
fertilidade de solo, mais especificamente com relação ao teor de nutrientes, para que
se possa obter uma elevada capacidade produtiva.
Em relação aos tratos culturais, segundo ALVARENGA (2004), a amontoa
consiste no ato de colocar terra rente ao colo da planta para o aproveitamento da
emissão das raízes adventícias da base do caule, gerando assim melhor absorção
de água e nutriente. Esta prática depende muito do tipo de solo, pois apesar do
tomateiro ser adaptável a diversos tipos de solos, esta cultura não desenvolve-se em
solos que excessivamente argilosos, compactados e/ou mal drenados (FILGUEIRA,
2008).
Segundo ALMEIDA (2006), como as plantas não conseguem manter-se
eretas durante o desenvolvimento, o tutoramento permite que o tomateiro se
desenvolva na vertical, evitando o contato do fruto com o solo e com patógenos ali
presentes, onde garante a produtividade pela qualidade do fruto colhido.
A desbrota é uma prática cultural comum realizada em plantas de
crescimento indeterminado, representando 20% do custo de mão de obra na cultura
(ALVARENGA, 2004). Esta deve ser feita semanalmente, eliminando-se as
brotações originadas nas axilas de cada folha e deixando crescer apenas a gema do
ápice (SILVA et al., 2007). Possibilita aumento no peso médio dos frutos, além de
26
proporcionar uma melhora no arejamento da planta, facilitando o controle
fitossanitário (ALVARENGA, 2004).
Em 2010, a safra mundial de tomate de mesa e indústria totalizou 145,6
milhões de toneladas, em área cultivada de 4,33 milhões de hectare e produtividade
média de 33,5 toneladas por hectare. O maior produtor mundial foi a China, com
41,8 milhões de toneladas em 0,87 milhões de hectare e produtividade de 48,0
toneladas por hectare. O Brasil produziu 3,69 milhões de toneladas, em quase 61 mil
hectares, colocando-se em 9º e 13º lugares, respectivamente, na escala mundial. O
segmento de tomate de mesa contribuiu com 63,4% da produção (2,34 milhões de
toneladas) e os 36,6% restantes destinaram-se ao processamento industrial (1,35
milhões de toneladas) (FAOSTAT, 2012).
Segundo IBGE (2011) a área plantada foi de 66.221 ha e a produção
4.146.466 toneladas. Em relação à produtividade, a região Centro-oeste do país
detém o maior rendimento médio, 76.846 kg/ha. As regiões Sudeste e Sul
apresentam 66.188 kg/ha e 58.605 kg/ha, respectivamente (Tabela 1).
Tabela 1 – Dados de área plantada, produção e rendimento médio da cultura do
tomate no Brasil / Safra 2011.
Fonte: IBGE/CEPAGRO, Levantamento Sistemático da Produção Agrícola. Dezembro, 2011.
O principal produtor nacional é o estado de Goiás, responsável por
significativos 23,9% da área cultivada no país e por 30,3% da produção, já o estado
do Ceará é responsável por 1,1% da área cultivada no país e por 3,1% da produção
(IBGE, 2011).
27
4.2. ASPECTOS FITOSSANITÁRIOS NO TOMATEIRO (Lycopersicon esculentum
Mill.).
A cultura do tomateiro é uma das mais atacadas por insetos-praga, sendo
a infestação intensa e podendo ocorrer durante todo o ciclo dessa cultura, desde a
sementeira até a colheita dos frutos. A grande área foliar e o microclima favorável
criado pela planta de tomateiro propiciam o desenvolvimento de pragas e doenças,
as quais se instalam nessa cultura buscando a sua sobrevivência e, assim, o homem
tem que buscar alternativas para manejá-las e forma
mais conveniente
(FERNANDES et al., 2005).
Segundo LOPES & ÁVILA (2005) diversos problemas fitossanitários
relacionados ao cultivo do tomateiro, principalmente pragas e doenças que ocorrem
em todos os estádios de desenvolvimento dificultam o cultivo.
Estes podem
ocasionar perdas consideráveis na produção, sendo assim, o controle químico é o
mais utilizado pelos produtores, devido à facilidade do controle, porém deve-se ter
cuidado com este método, onde somente podem ser usados agrotóxicos registrados
para o controle específico de cada problema fitossanitário (SILVA & CARVALHO,
2004). Por isso é importante sempre seguir a orientação de um profissional
responsável, onde irá fornecer produtos registrados para cada cultura e o alvo que
será combatido (AZEVEDO, 2001).
Os desafios fitossanitários da cultura do tomate incluem insetos fitófagos
e agentes fitopatógenos que exigem a adoção de técnicas de manejo para minimizar
as perdas de produção, garantir a lucratividade em função da sazonalidade de
preços, e para reduzir o impacto no ambiente e na saúde humana (SILVA &
CARVALHO, 2004). O controle deve ser entendido como prática permanente de
medidas integradas, para, preferencialmente, evitar que os problemas fitossanitários
apareçam ou atinjam proporções que resultem em grandes danos e prejuízos, sendo
importante resaltar, que prevenir é a melhor solução (LOPES & ÁVILA, 2005).
Práticas de simples execução, como o uso de variedades resistentes, a
adoção de espaçamentos adequados, a adubação correta e o manejo da irrigação,
além de melhorarem a eficiência do controle químico, colaboram de maneira
significativa para a redução do número de pulverizações e, consequentemente, do
custo de produção e da contaminação do meio-ambiente (AZEVEDO, 2001).
28
Como as demais culturas, a cultura do tomateiro não pode ser
estabelecida sem que sejam adotadas medidas de segurança contra as pragas.
Desde o momento em que as sementes ou mudas são colocadas no solo, iniciam as
preocupações dos produtores, pois é comum a presença de insetos (ESPINOSA,
1991). O cultivo de tomateiro exige investimentos altos, principalmente no emprego
de defensivos que se torna uma prática obrigatória devido ao elevado índice de
perdas decorrentes a pragas (ALVARENGA, 2004).
4.3. INSETOS-PRAGA PRESENTES NO TOMATEIRO
Segundo OLIVEIRA et al., (2008) observa-se nas lavouras de tomateiro o
acréscimo de insetos que atuam como pragas, que inviabilizam o desenvolvimento
da cultura e comprometem quase que em sua totalidade a produção, onde danificam
as plantas ao se alimentarem, além disso, podem transmitir viroses, as quais
geralmente levam a planta à morte.
Dentre os insetos de importância econômica destacam-se na produção do
tomate a Bemisia tabaci (Bellows & Perring) (Homoptera: Aleyrodidae) (mosca
branca) o principal vetor do Geminivírus, Tuta absoluta (Meyrick) (Lepidoptera:
Gelechiidae) (traça-do-tomateiro), Neoleucinodes elegantalis (Guenée) (Lepidoptera:
Crambidae)
(broca-pequena),
Liriomyza
huidobrensis
(Blanchard)
(Diptera:
Agromyzidae) (mosca minadora) e Frankliniella schultzei (Trybom) (Thysanoptera:
Thripidae) (tripes).
4.3.1. Aspectos bioecológicos de Bemisia tabaci
(Bellows & Perring)
(Homoptera: Aleyrodidae)
A Bemisia tabaci biótipo B (Bellows & Perring) (Homoptera: Aleyrodidae),
conhecida popularmente como mosca branca, é atualmente uma das principais
pragas do tomateiro e apresenta difícil controle devido ao seu hábito de permanecer
na face abaxial das folhas (VILLAS BOAS et al., 1997).
A mosca branca apresenta metamorfose incompleta (GILL, 1990),
passando pelas fases de ovo, quatro estádios ninfais, sendo o último também
29
chamado de “pupa” ou pseudo-pupa, e adulto. Apenas o adulto é capaz de migrar
até novas plantas; os estádios imaturos permanecem o tempo todo numa mesma
planta (SALGUERO, 1993). A reprodução pode ser sexual ou partenogenética. Na
reprodução sexual, a prole será de macho e fêmea. Quando é partenogenética (sem
fecundação), a prole será composta apenas de machos (o que é denominado
arrenotoquia) (VILLAS BOAS & BRANCO, 2009).
O ovo apresenta coloração amarela e formato de pêra, medindo de 0,2 a
0,3 mm. É fixado por uma pequena haste ao tecido da planta. São depositados pelas
fêmeas, na parte inferior da folha, onde formam colônias (VILLAS BOAS &
BRANCO, 2009). Fêmeas de B. depositam seus ovos preferencialmente na face
abaxial das folhas mais novas, talvez pelo fato de a face abaxial apresentar cutícula
geralmente menos espessa e estar mais próximo do floema, facilitando a
alimentação e a oviposição (SIMMONS 1994; 1999). O local possibilita maior
proteção contra o vento, chuva e dessecação e menor exposição à luminosidade
(POLLARD, 1955; BUTLER & WILSON, 1984; VENDRAMIM, 2009).
As ninfas são translúcidas e de coloração amarelada. No final do quarto
estádio (também chamado de “pupa”), quando o adulto está prestes a eclodir, os
olhos vermelhos tornam-se bem visíveis (VILLAS BOAS & BRANCO, 2009). O
adulto da Mosca Branca se caracteriza por ser muito pequeno, de coloração branca
a olho nu (Figura 3) e, sob lupa, amarelo-pálido em razão de seu abdômen ser
dessa cor, os olhos são avermelhados e se destacam no corpo do inseto (FOLHA
RURAL, 2012).
30
Figura 3 - Adultos de Bemisia tabaci Biótipo B em folha do tomate
Fonte: Autor, 2012.
4.3.1.1. Danos e controle
Os danos da mosca branca podem ser diretos e indiretos (PRABHAKER
et al., 1998). A B. tabaci biótipo B os ataques são mais intensos comparada com a
própria Bemisia tabaci em função da sua maior agressividade, que resulta da maior
fecundidade, ampla gama de hospedeiros, alta resistência aos inseticidas e
capacidade de causar desordens fisiológicas nas plantas (COSTA & BROWN, 1990;
PRABHAKER et al., 1998).
Os diretos caracterizam-se pela alimentação, quando ocorre a sucção de
seiva da região do floema e a inoculação de toxinas (PRABHAKER et al., 1998);
atuando no amadurecimento irregular dos frutos, o que dificulta o reconhecimento do
ponto de colheita e torna a parte interna dos frutos esbranquiçada, com aspecto
esponjoso ou isoporizado e os danos indiretos, se dão pela transmissão de
geminivírus (Figura 4 B), decorrente da alimentação do inseto, sendo que as
geminiviroses
podem
retardar
o
desenvolvimento
das
plantas
reduzindo
significativamente a produção, quanto mais cedo ocorrer à infecção, maiores serão
as perdas (VILLAS BOAS & BRANCO, 2009). A infestação das lavouras de tomate
por B. tabaci contribuem para reduzir a produção, sendo que as perdas devido ao
31
alcance de transmissão vírus chegam de 40 a 70%, se as plantas são infectadas
dentro de 5-6 semanas após a germinação (VILLAS BOAS, 2005).
Além da transmissão de vírus, o inseto adulto de B. biótipo B excreta
substâncias que cobrem as folhas e servem de substrato para fungos, resultando no
crescimento de fumagina (Figura 4 A), onde o processo de fotossíntese é afetado,
podendo ocorrer redução na produção e qualidade dos frutos (VILLAS BOAS &
BRANCO, 2009).
Figura 4 - Excreção de substâncias açucaradas pelo inseto, resultando o
crescimento de Fumagina (A); Transmissão de geminivírus, causado pela
Bemisia tabaci Biótipo B (B)
Fonte: Autor, 2012.
O controle da mosca branca basicamente é realizado por inseticidas
(BACCI et al., 2007). Segundo o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento
(MAPA, 2012), existem diversos grupos químicos de inseticidas registrados para
controlar esta praga, sendo este: Neonicotinóides, Organofosforados, Piretróide,
Éter Piridiloxipropílico, Cetoenol e Feniltiouréia.
Uma alternativa para o controle é o uso de cultivares resistente. Algumas
características biológicas e comportamentais do inseto favorecem o aparecimento
de resistência aos inseticidas de diferentes grupos químicos (AHMAD et al., 2002).
Assim, o potencial para populações de B. tabaci biótipo B se tornarem resistentes,
32
como consequência do uso intensivo de produtos químicos, estimulam estudos em
estratégias alternativas de manejo integrado (BALDIN et al., 2005).
4.3.2. Aspectos Bioecológicos de Tuta absoluta (Meyrick) (Lepidoptera:
Gelechiidae)
Tuta absoluta (Meyrick) (Lepidoptera: Gelechiidae) (traça-do-tomateiro)
ocorre durante todo o ano, especialmente no período mais seco, quase
desaparecendo em períodos chuvosos (ALVINO et al., 2009). Lavouras irrigadas por
aspersão convencional ou por pivô central são menos danificadas do que as
irrigadas por sulco. A irrigação por aspersão derruba os ovos, larvas e pupas,
reduzindo o potencial de multiplicação do inseto (EMBRAPA HORTALIÇAS, 2012).
Ovos possuem formato elíptico e inicialmente são de coloração branca
brilhante ou amarela-clara brilhante, passando a marrom ou avermelhada próximo à
eclosão das lagartas, são depositados isoladamente ou em grupos nas superfícies
superior ou inferior dos folíolos (COELHO & FRANÇA, 1987). As lagartas eclodem
de três a cinco dias após a postura, possuem coloração esverdeada e penetram
imediatamente no parênquima foliar, nos ápices das plantas, ou nos frutos (FRANÇA
et al., 2000).
Desenvolvem-se em quatro ínstares durante nove a 13 dias, quando
próximo a atingir a fase de pupa assumem coloração vermelha no dorso (FRANÇA,
1993) e costumam abrigar-se no solo ou, principalmente, em folhas secas onde
tecem um casulo esbranquiçado (COELHO & FRANÇA, 1987), permanecendo nesta
fase em torno de 6 a 10 dias (COELHO & FRANÇA, 1987; FRANÇA et al., 2000).
Em condições de laboratório o ciclo completo da T. absoluta varia de 26 a 38 dias,
podendo haver sobreposição de gerações no campo (MICHEREFF FILHO &
VILELA, 2001).
Adultos de T. absoluta são microlepidópteros de coloração cinzaprateada, com envergadura variando de nove a 11 mm (COELHO & FRANÇA 1987;
MICHEREFF FILHO & VILELA, 2001; GALLO et al., 2002). Podem viver até uma
semana (Figura 5). Acasalam-se imediatamente após a emergência, voam e
ovipositam predominantemente ao amanhecer e ao entardecer (EMBRAPA
HORTALIÇAS, 2012).
33
Figura 5 - Adulto de Tuta absoluta (Meyrick) (Lepidoptera: Gelechiidae)
Fonte: Embrapa hortaliças, 2012.
4.3.2.1. Danos e controle
Tuta absoluta apresenta um grande potencial destrutivo, podendo atacar
órgãos da planta em qualquer estádio de desenvolvimento (SOUZA & REIS,1992).
Destrói grande parte da área foliar da planta devido à penetração da lagarta no
parênquima das folhas (COELHO & FRANÇA, 1987), atacam os frutos, depreciandoos para comercialização, e brotações apicais, podendo causar, em alguns
momentos, a morte do tomateiro (MICHEREFF FILHO & VILELA, 2001).
As larvas alimentam-se inicialmente do mesófilo foliar, constroe galerias
transparentes, podem também broquear o caule, perfurar o broto terminal e,
danificar flores e frutos (Figura 6). Estes, além de terem a polpa destruída, os frutos
ficam mais suscetíveis à penetração de microrganismos, tornando-se, na maioria
das vezes, inviáveis à comercialização (CASTELO BRANCO, 1992; SOUZA & REIS,
1992).
34
Figura 6 - Danos causados por Tuta absoluta (Meyrick) (Lepidoptera:
Gelechiidae) (traça-do-tomateiro)
Fonte: Embrapa hortaliças, 2012.
Segundo (MAPA, 2012) é de extrema importancia utilizar os produtos
registrados para o controle de cada praga, sendo assim, os principais grupos
químicos de inseticidas que estão registrados para o controle da T. absoluta são os
Aciluréias, Avermectina, Fosforados, Piretróides, Ditiocarbamato, Diacilidrazina,
Benoiluréia e Biológicos.
A aplicação de inseticidas não é capaz de eliminar todos os insetos
presentes nas lavouras. Normalmente, os produtos mais eficientes controlam cerca
de 95% da população. Estudos indicaram que o uso constante de um inseticida ou
de um mesmo grupo químico selecionam populações resistentes (EMBRAPA
HORTALIÇAS, 2012).
O controle é particularmente difícil devido ao fato do inseto alimentar-se
do interior da planta, o que torna ineficaz a ação dos inseticidas de contato; ter
grande fecundidade, que conduz ao aumento rápido das populações e apresentar
grande disponibilidade de plantas hospedeiras (SOARES et al., 2010).
Para facilitar o controle é recomendado realizar o Manejo Integrado de
Pragas (MIP), que segundo a FAO define como um sistema de manejo de pragas
que no contexto associa o ambiente e a dinâmica populacional da espécie, utilizando
todas as técnicas apropriadas e métodos de forma tão compatível quanto possível e
35
mantém a população da praga em níveis abaixo daqueles capazes de causar dano
econômico (WAQUIL et al., 2006).
4.3.3.
Aspectos
Bioecológicos
de
Neoleucinodes
elegantalis
(Guenée)
(Lepidoptera: Crambidae)
A Neoleucinodes elegantalis (Guenée) (Lepidoptera: Crambidae) (brocapequena) é a principal praga do tomateiro cultivado no período chuvoso, no Estado
do Ceará. Os maiores danos na produção são decorrentes das perdas de frutos
furados, provocados pela mesma, com perdas que vão de no mínimo 20% até 80%.
No período chuvoso (Dezembro a Junho) é quando esta praga é a maior
preocupação e o maior volume de defensivos são direcionados para seu controle
(CRUZ & FEITOSA, 2003).
Os ovos têm formato achatado e depositados isolados ou agrupados no
pecíolo, cálice ou superfície do fruto (CARNEIRO et al., 1998). São elípticos e
apresentam
largura
e
comprimento
médio
de
0,46
e
0,69
milímetros,
respectivamente (MUÑOZ et al., 1991). A coloração é branca quando recémdepositados, tornando-se avermelhados quando se aproximam da eclosão da
lagarta (MUÑOZ et al., 1991; GALLO et al., 2002). A oviposição ocorre entre 19 e 6
horas, podendo ovipositar 160 ovos ao longo do ciclo.
Ao final do período larval, a lagarta sai do fruto e passa a pré-pupa e,
finalmente, a pupa (CARNEIRO et al., 1998; GALLO et al., 2002). Na fase de prépupa a lagarta não se alimenta, reduz o tamanho e assume coloração
esbranquiçada, onde as pupas ficam à profundidade de três a cinco cm, podendo
ser encontradas com certa facilidade, escavando próximo ao pé de tomate que
apresente frutos furados pela larva da broca pequena (CRUZ & FEITOSA, 2003).
Adultos de N. elegantalis apresentam dimorfismo sexual, sendo as
fêmeas de maior peso (20,2 ± 3,9 g) em relação aos machos (12,2 ± 2,6 g). As
dimensões das fêmeas também superam às verificadas para os machos quanto ao
comprimento do corpo (11,1 ± 0,7 e 9,8 ± 0,8 mm), comprimento da antena (9,4 ±
0,6 e 7,7 ± 0,8 mm), comprimento da asa (11,3 ± 0,9 e 8,1 ± 0,7 mm) e largura da
asa (4,6 ± 0,4 e 3,2 ± 0,4 mm) (JAFFE et al., 2007). As mariposas apresentam
coloração geral branca, asas transparentes, trazendo nas anteriores, uma mancha
36
cor de tijolo, e nas posteriores, pequenas manchas marrons esparsas (MUÑOZ et
al., 1991; GALLO et al., 2002). A fêmea possui abdome volumoso, com a parte final
truncada, enquanto no macho, o abdome é delgado com a parte final aguda e
recoberta por um tufo de escamas em forma de pincel (Figura 7) (MUÑOZ et al.,
1991; CARNEIRO et al., 1998).
Figura 7 - Forma adulta da Neoleucinodes elegantalis (Guenée)
(Lepidoptera: Crambidae) (broca-pequena)
Fonte: Autor, 2012.
4.3.3.1. Danos e controle
A broca-pequena é considerada praga chave na cultura do tomate por
danificar as partes reprodutivas das plantas (GRAVENA & BENVENGA, 2003). Os
frutos infestados tornam-se impróprios para o comércio e processamento industrial,
pois apresentam a polpa destruída (GALLO et al., 2002), além de comprometer o
controle de qualidade das empresas produtoras de sementes, devido ao menor
poder germinativo (REIS et al., 2007). O potencial de dano é caracterizado por
apenas uma lagarta no interior do fruto (TOLEDO, 1948), sendo relatados prejuízos
da ordem de 50% (GALLO et al., 2002), 79% (MIRANDA et al., 2005) e 90% da
produção (CARNEIRO et al., 1998).
37
N. elegantalis ocorre a partir do início do florescimento. As larvas
crescem no interior do fruto, alimentando-se da polpa e abrindo galerias. Saem para
empupar no solo, deixando um orifício (Figura 8) (EMBRAPA HOTALIÇAS, 2012).
Figura 8 - Danos causados por Neoleucinodes elegantalis (Guenée)
(Lepidoptera: Crambidae) em frutos de tomate
Fonte: Autor, 2012.
Devido à fisiologia do tomateiro, floradas sucessivas e frutos em fase
inicial
de
desenvolvimento,
aliado
ao
comportamento
de
oviposição
e
desenvolvimento larval garantem a combinação ao hospedeiro como praga ideal
para desencadear o início da reprodução (BADJI et al., 2003). Desta forma, o
controle químico destaca-se como a principal tática de controle. Em casos extremos,
são realizadas até três aplicações por semana, a partir do início do florescimento,
para o controle de N. elegantalis (MIRANDA et al., 2005).
Segundo (MAPA, 2012), os principais grupos químicos de inseticidas que
estão registradas para o controle desta praga são: Piretróides, Organofosforados,
Tiocarbamato,
Benzoiluréia,
Metilcarbamato
Antranilamida, Oxadiazina e Éter difenílico.
de
oxima,
Diacilhidrazina,
38
4.3.4. Aspectos Bioecológicos de Liriomyza huidobrensis (Blanchard) (Diptera:
Agromyzidae)
Segundo CRUZ & FEITOSA (2003) Liriomyza huidobrensis (Blanchard)
(Diptera: Agromyzidae) conhecida popularmente como mosca minadora apresenta
variação de ciclo conforme as condições climáticas. Nos meses de temperatura alta
e umidade relativa do ar baixa, o ciclo é mais curto girando entre 19 e 25 dias. Nos
meses de precipitação pluviométrica e baixa temperatura pode chegar aos 40 dias
(CRUZ & FEITOSA, 2003). O ciclo de vida completa-se entre 13 e 18 dias, sendo a
longevidade média dos adultos de 15 dias (PRANDO & CRUZ, 1986). Para cada
estádio, em média o ovo eclode com dois dias, as larvas com quatro dias, a pupa
com nove dias e o adulto pode sobreviver vários dias.
A larva apresenta coloração creme-amarelada, pequena, ápode, de corpo
liso e de alimenta da folha abrindo uma galeria. A galeria é inicialmente fina,
aumentando de largura conforme o desenvolvimento da larva, observando
atentamente, serão vistas dentro da galeria pontuações negras, que são as fezes da
larva. Para emergir da folha a larva abre uma pequena fenda no final da galeria
(CRUZ & FEITOSA, 2003). A pupa possui coloração amarelada inicialmente e tom
marrom, próximo à emergência do adulto, e localiza-se na face inferior das folhas ou
no solo (RIBEIRO et al., 2006).
Segundo CRUZ & FEITOSA, (2003) o adulto da L. huidobrensis é uma
pequena mosca, com cerca de 2 mm, de corpo preto com manchas brilhosas, com
as asas transparentes,apresentando voo rápido, gosta de pousar sobre varas,
arames
e
barbantes
(Figura
9
A). Realiza
a
postura
nas folhas,
onde
abre minúsculas cavidades para depositar os ovos (um por cavidade), sempre
iniciando a postura nas folhas mais velhas (Figura 9 B). A cavidade é chamada
de puncturas, sendo que as fêmeas ovipositam até 20 ovos (PRANDO & CRUZ,
1986).
39
Figura 9 - Adulto de Liriomyza huidobrensis (A); Pucnias (cavidade para
depositar os ovos) realizadas por L. huidobrensis em folha do tomate (B)
Fonte: Embrapa hortaliças, 2006 (A) / Autor, 2012 (B).
4.3.4.1. Danos e controle
O dano em cultivos de tomate é originado pela alimentação no
parênquima foliar e formação de galerias irregulares na folha (Figura 10) (RIBEIRO
et al., 2006). As rupturas de alimentação e posturas nas folhas, caracterizadas por
pontuações de coloração prateada no lado superior da folha, facilitam a infecção por
agentes fitopatogênicos (GRAVENA & BENVENGA, 2003).
Grandes prejuízos ocasionados pela L. huidobrensis foram verificados em
cucurbitáceas, solanáceas, fabáceas e brassicáceas (PRANDO & CRUZ, 1986). O
controle químico é largamente utilizado com prevenção, evitando que o ovo de L.
huidobrensis ecloda e provoque galerias nas folhas. Os grupos químicos de
inseticidas
registrados
para
o
controle
desta
praga
são:
Avermectinas,
Organofosforados, Tiocarbamatos, Metilcarbamato de benzofuranila e Triazinaminas
(MAPA, 2012).
40
Figura 10 - Danos causados pela Liriomyza huidobrensis em planta de
tomateiro
Fonte: Autor, 2012.
4.3.5. Aspectos bioecológicos Frankliniella schultzei (Trybom) (Thysanoptera:
Thripidae)
Segundo GALLO et al. (2002) a Frankliniella schultzei (Trybom)
(Thysanoptera: Thripidae) (tripes) vive em colônias nas folhas e nas brotações que,
em alguns casos, podem se dobrar e permanecer fechadas em decorrência das
substâncias tóxicas liberadas pelos insetos. As condições ideais são baixas
temperaturas associadas à estiagem e seu ciclo é cerca de 15 dias.
Segundo FERNANDES & BARROS (2005) são insetos pequenos, de
coloração variável, de um a três mm de comprimento, reconhecíveis em lentes de
aumento por apresentarem asas franjadas (Figura 11). Apresentam reprodução
sexuada e a oviposição é realizada nas folhas. Decorridos alguns dias, surgem às
formas jovens, que se distinguem das adultas devido a coloração mais clara e não
possuem asas (GALLO et al. 2002).
41
Figura 11 - Ninfa (coloração clara) e adulto de Frankliniella schultzei
(Trybom) (Thysanoptera:Thripidae) (tripes)
Fonte: Embrapa hortaliças, 2006.
4.3.5.1. Danos e controle
Na cultura do tomate, esse inseto é o principal vetor do vírus do viracabeça do tomateiro (AMIN et al., 1981; PAVAN et al., 1993). Do ponto de vista
agrícola, além dos danos indiretos, como a virose, que compromete mais de 50% da
produção, F. schultzei causa danos diretos atacando hastes, folhas, flores e frutos,
ocorrendo alteração na consistência das folhas, que ficam coriáceas e quebradiças;
podem também atacar brotações (STRECK, 1994).
Ao se alimentarem da seiva de plantas doentes, estas pragas
contaminam-se pelo vírus do “vira-cabeça” do tomateiro (Figura 12). Locomovendose para as plantas sadias, inoculam nestas a doença. As plantas assim atacadas
apresentam inicialmente as folhas bronzeadas e, posteriormente, o caule com
estrias negras, os frutos verdes com manchas amareladas, culminando com o
curvamento das extremidades dos ponteiros. Os sintomas manifestam-se a partir do
transplante, sendo que, para ser portador da virose, é necessário que o inseto se
alimente da planta doente (GALLO et al., 2002).
42
A medida mais eficiente e recomendada para o controle de F. schultzei
tem sido o químico, os principais grupos químicos de inseticidas que estão
registrados a esta praga são os Organofosforados, Neonicotinóides, Piretróides,
Metilcarbamato de oxima, Metilcarbamato de benzofuranila e Fulniltiouréia (MAPA,
2012). Entretanto, este método de controle tem que se ter cuidado devido à
resistência da praga, uma vez que as plantas daninhas podem ser reservatório tanto
de insetos vetores como de viroses, o manejo das mesmas pode envolver tanto a
sua eliminação, quanto o seu uso como plantas armadilha (DUFFUS, 1971).
Figura 12 - Planta contaminada pelo vírus do “vira-cabeça” do tomateiro
– vetor: Frankliniella schultzei (Trybom) (Thysanoptera: Thripidae)
(tripes)
Fonte: Embrapa hortaliças, 2006.
4.4. PRINCIPAIS DOENÇAS PRESENTES NO TOMATEIRO
Doenças de plantas é qualquer anormalidade causada por fatores bióticos
ou abióticos que agem na planta, de maneira contínua, alterando o seu metabolismo
(LOPES & ÁVILA, 2005). Quanto maior for à população de uma espécie vegetal e
maior for sua área cultivada, maior será o risco de ocorrência de epidemias de
doenças de plantas (REIS et al., 2007).
43
Muitas doenças atacam o tomateiro reduzindo a produtividade e a
qualidade do produto. A cultura do tomateiro está sujeita a várias doenças que,
dependendo do nível de resistência genética do cultivar usado, podem limitar sua
produção (KIMATI, 1997). O conhecimento da etiologia, da sintomatologia e dos
métodos gerais de controle permite a identificação precoce e o tratamento prévio
das doenças (LOPES & ÁVILA, 2005). A importância de uma ou mais doenças em
uma dada região depende de vários fatores, tais como temperatura, umidade, época
do ano, variedade, condições de cultivo e manejo da cultura (KIMATI, 1997).
Segundo
REIS
et
al.,
(2007)
dependendo
desses
fatores,
poderão
ser
desencadeadas epidemias com reflexos negativos na produtividade.
As doenças de plantas podem ser transmissíveis ou não-transmissíveis.
As doenças transmissíveis são causadas por fungos, bactérias, micoplasmas, vírus,
viróides e nematoides. São chamados de fatores bióticos. Já as doenças , também
conhecidas como distúrbios fisiológicos, são causadas por fatores abióticos tais
como desbalanço nutricional, fitotoxidez de agrotóxicos e condições climáticas
adversas ao desenvolvimento normal das plantas (LOPES & ÁVILA, 2005).
As doenças de plantas podem ser manejadas por diversos métodos,
como o genético, o cultural, o biológico e o físico (CAPRA, 2011). Portanto, torna-se
necessário o uso de medidas rápidas, práticas e eficientes no controle de doenças,
nas quais se enquadra o controle químico, que é o mais utilizado (REIS et al., 2007).
Existem diversos fungicidas registrados para a cultura do tomate com seus
respectivos
alvos,
Benzotiadiazol,
sendo
eles:
Isoftalonitrila,
os
Anilida,
Triazóis,
Estrobirulinas,
Dicarboximida,
Éter
Benzimidazol,
mandelamida,
Fenilpiridinilamina, entre outros (MAPA, 2012).
Para se tornar um controle mais eficiente para as doenças é necessário
que seja duradouro e econômico, sendo obtido pelo somatório de medidas de
controle disponíveis, nunca resultante de uma prática isolada (REIS et al., 2007).
4.4.1. Epidemiologia de Alternaria solani (ELL. & Martin)
No Brasil, a Alternaria solani (ELL. & Martin), conhecida popularmente
como pinta preta, representa uma das mais importantes e frequentes doenças
fúngicas na cultura do tomate (TOFOLI & DOMINGUES, 2004). A doença é causada
44
pelo fungo Alternaria solani (Ell.&Mart.), cuja reprodução do patógeno ocorre pela
formação de conídios multiseptados de cor escura. Os conídios são facilmente
dispersos pelo vento e respingos de água, podendo sobreviver em restos de cultura
e em outros hospedeiros, como a batata, a berinjela (AZEVEDO, 2003).
O agente causal é favorecido por temperatura e umidade altas, sendo,
portanto, mais severa durante o verão chuvoso. Pode aparecer também no inverno e
em períodos quentes acompanhados de umidade relativa do ar elevada, o que
acontece com frequência quando se irriga em excesso (LOPES & ÁVILA, 2005).
Segundo AZEVEDO (2003) plantas debilitadas nutricionalmente estão
mais predispostas à doença, principalmente no que se refere à deficiência de
nitrogênio, pois o patógeno penetra diretamente pela cutícula ou por ferimentos,
surgindo os sintomas dentro de três a cinco dias (Figura 13).
Figura 13 - Sintomas da Alternaria solani (ELL. & Martin) (pinta preta) no
tomateiro
Fonte: Autor, 2012.
Alternaria solani ocorre em folhas, caules e frutos e pode causar danos
durante qualquer estádio de desenvolvimento da planta. Inicialmente, as manchas
circulares tem coloração marrom-escura a preta e aparecem nas folhas mais velhas,
podendo apresentar halo amarelado, em volta da lesão
(MIZUBUTTI &
BROMMONSCHENKEL,1996) (Figura 14). À medida que as lesões crescem,
45
formam anéis concêntricos na parte central, sendo que ataques severos resultam
em secagem das folhas mais velhas, pela coalescência das lesões, que pode expor
os frutos à queima pelo sol (LOPES & ÁVILA, 2005).
Embora
um
programa
de
manejo
cultural
possa
minimizar
o
desenvolvimento da pinta preta, o uso de fungicidas é necessário para a proteção
dessas culturas, sob condições ambientes favoráveis (TOFOLI & DOMINGUES,
2004). O uso de fungicidas registrados no Ministério da Agricultura presta-se ao
controle da doença, fazendo-se pulverizações preventivas com fungicidas, tais como
cúpricos, mancozeb, clorotalonil, iprodione, e triazóis (LOPES et al., 2000; MAPA,
2012). Apresentam largo espectro de ação, baixa fungitoxicidade e conferem bons
níveis de controle sob baixa pressão de doença, além de ser produtos de custo
relativamente baixo, que podem ser aplicados em caráter preventivo durante todo o
ciclo da cultura (TOFOLI & DOMINGUES, 2004).
Para o controle da pinta preta recomenda-se, de maneira geral, a
aplicação preventiva (LOPES et al., 2000). São recomendados principalmente
fungicidas sistêmicos, as aplicações devem ser iniciadas assim que ocorram
condições favoráveis e/ou se evidenciem os primeiros sintomas da doença no
campo, sendo que a deposição adequada do fungicida nas plantas e, em especial,
nas folhas inferiores é fundamental para o controle efetivo da pinta preta (TOFOLI &
DOMINGUES, 2004).
4.4.2. Epidemiologia da Phytophthora infestans (Mont.) de Bary
Segundo LOPES & ÁVILA (2005) a requeima ataca toda a parte aérea do
tomateiro. É causada pelo fungo Phytophthora infestans (Mont.) De Bary que
pertence à classe Oomycetes e se reproduz de maneira assexuada formando
esporângios, que dependendo das condições de ambiente (especialmente a
temperatura), pode germinar diretamente, formando o tubo germinativo, ou
indiretamente, formando zoósporos (AZEVEDO, 2003).
Nas folhas, aparecem manchas grandes com aspecto encharcado, a
princípio localizado nas bordas da folha, onde são facilmente visualizados logo pela
manhã, quando se tem maior umidade relativa. As manchas aumentam de tamanho
rapidamente, cobrindo grande área do limbo foliar tomando uma coloração marrom
46
ao secarem (Figura 14). Pecíolos e hastes apresentam manchas de coloração
marrom-clara que podem ocupar grandes extensões (LOPES & ÁVILA, 2005). Nos
frutos, as manchas são, inicialmente, de cor marrom-clara, progredindo para
marrom-escuro ou negro (MIZUBUTTI & BROMMONSCHENKEL, 1996).
A germinação indireta ocorre mais frequentemente sob temperaturas
entre 10 - 15ºC e alta umidade relativa. Este modo de germinação do fungo tem
causado maior severidade da doença no tomateiro, já que cerca de oito a dez
zoósporos são formados por esporângios, o que significa dizer que o potencial de
infecção é multiplicado em até dez vezes (SANTINI, 2003).
Figura 14 - Sintomas de Phytophthora infestans (Mont.) De Bary na folha
do tomateiro
Fonte: Autor, 2012.
Em regiões de umidade elevada (neblina, chuva fina, orvalho, irrigação
frequente) e temperaturas em torno de 20ºC, pode levar a completa destruição da
lavoura em poucos dias (LOPES & ÁVILA, 2005). Sendo que a infecção ocorre por
meio de esporos do fungo carregados pelo vento, provenientes de outros cultivos de
tomate infectados, restos de cultura da safra anterior e de plantas daninhas
(SANTINI, 2003).
Entre as medidas de controle recomendam-se evitar plantios próximos a
lavouras anteriores de tomate e batata ou com maus cuidados; eliminar os restos
47
culturais logo após a colheita; não plantar em terrenos de baixada, úmidas e
sombreados e evitar irrigações em excesso; (EMBRAPA HORTALIÇAS, 2012).
4.4.3. Epidemiologia de Oidium lycopersici (Cooke & Massee) (Oídio)
O Oidium lycopersici (Cooke & Massee), é o agente causal da doença
conhecida popularmente por oídio pode causar redução de até 40% da produção, se
medidas de controle não são adotadas corretamente (AZEVEDO, 2003). A doença é
causada pelos fungos Erysiphe cichoracearum (Oidium lycopersici) e Leveillula
taurica, são parasitas obrigatórios e produzem micélio superficial no hospedeiro,
onde se formam os conídios, que são facilmente destacáveis, sendo disseminados
principalmente pelo vento (AZEVEDO, 2003). As condições normais de ocorrência
são aquelas de inverno seco. O O. lycopersici é mais importante nos cultivos em
estufas ou sob proteção de plástico, onde geralmente a temperatura é mais elevada
e a irrigação é por gotejamento, não havendo a “lavação” das folhas (LOPES &
ÁVILA, 2005).
A doença incide sobre os órgãos verdes da planta, principalmente ramos,
pecíolos e folíolos. Nestes, se observa desenvolvimento de uma eflorescência
branca do patógeno, realçando contra o verde-escuro da planta (Figura 15 B)
(AZEVEDO, 2003).
Em estádios mais adiantados, há necrose dos tecidos do hospedeiro,
formando-se manchas irregulares. Quando o ataque é muito severo, toda a
folhagem pode secar. As folhas mais velhas são as mais atacadas pelo fungo
(Figura 15 A; C). Mesmo infectadas, as folhas permanecem presas à planta, ao
contrário do pimentão que é também afetado por essa espécie de fungo (LOPES &
ÁVILA, 2005).
A medida mais eficiente de controle tem sido o emprego de fungicidas
preventivamente ou logo após o início da infecção, sendo que a irrigação por
aspersão desaloja os esporos das folhas e auxiliam no controle da doença
(AZEVEDO, 2003; LOPES & ÁVILA, 2005).
48
Figura 15 – Sintomatologia de Oidium lycopersici em tomateiro. Primeiro, folhas
ficam grossas e com manchas amareladas (A); Segundo, folhas começam a enrolar
(B); Terceiro, aparecimento do mofo na folha (C)
Fonte: Autor, 2012.
4.5.
CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO
A Serra de Ibiapaba situa-se em meio ao semiárido nordestino e a
noroeste do estado do Ceará e constitui-se geograficamente numa faixa
montanhosa que se inicia a 40 Km do litoral e se estende 110 km aos confins
ocidentais em território cearense abrangendo cidades de Carnaubal, Croatá,
Guaraciaba do Norte, Ibiapina, São Benedito, Tianguá, Ubajara e Viçosa do Ceará
(Figura 16). Com uma altitude média de 800 m. Apresenta uma cobertura vegetal
caracterizada pela presença de floresta úmida, no sentido norte-sul, mudando a
oeste com uma vegetação conhecida como “carrasco”, constituída por caatingas,
cerrado e matas secas.
O seu território é constituído de terras argilosas nas serras, e arenosas
nos sertões, quase todo montanhoso e pedregoso. Existem grandes áreas de boa
fertilidade onde predomina o cultivo de hortaliças, frutas e a criação de animais. Os
solos dessas regiões ficam próximos aos rios Piau e Inhuçu, que compõem a Bacia
Hidrográfica do Poti. As áreas restantes, que formam o “carrasco”, tem média
fertilidade e é boa produtora de milho, feijão, mandioca dentre outras culturas de
sequeiro.
49
O clima tem como características as temperaturas que variam, em média,
de 19 ºC no inverno a 29 ºC no verão Frio com média anual de 18 ºC, e a
precipitação pluviométrica em torno dos 800 a 1.250 mm. Sendo que os meses mais
quentes são Agosto, Setembro, Outubro e Novembro e os meses mais chuvosos
são Janeiro, Fevereiro, Março e Abril.
A Serra de Ibiapaba desponta como um celeiro na produção hortícola do
Estado do Ceará. A despeito da ocorrência de pequenas propriedades, a área
plantada com hortaliças, atualmente, deve se encontrar próximo a 4.000 hectares
(FREIRE et al., 2000).
Figura 16 - Croqui dos municípios que compõem a Serra de Ibiapaba (CE) e
detalhe, a sede da revenda Agrofértil
Fonte: Autor, 2012.
50
5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
A Serra da Ibiapaba (CE) é considerada uma região muito rica em
biodiversidade, apresenta grande diversidade e, em relação ao setor agropecuário a
produção de espécies olerícolas recebe destaque. É caracterizada por pequenos
produtores rurais, cujas propriedades variam de 0,5 a 3,0 hectares. Verificou-se que
os mesmos realizam policultivo, ou seja, uma produção agrícola com vários tipos de
culturas. Os produtos mais cultivados na região são: tomate, pimentão, maracujá,
batata doce, repolho, entre outras. A cultura do tomate é a principal e seu cultivo
ocorre em todas as épocas do ano. Segundo VEIGA SILVA, (2009) os policultivos
proporcionam diversas vantagens para os produtores rurais como a redução das
populações de insetos, o melhor uso de nutrientes do solo e o aumento da
produtividade por unidade de área.
O estágio se deu através de visitas técnicas às propriedades rurais da
região da Serra de Ibiapaba, com o objetivo de assessorar por meio de assistência
técnica a fim de auxiliar na melhoria da eficiência das atividades executadas pelos
produtores. Buscou-se assegurar a produção das culturas e a renda dos produtores
rurais da região por meio da aplicação de conceitos técnicos e orientações,
principalmente sobre nutrição das plantas e controle/manejo dos aspectos
fitossanitários.
Observou-se que na Serra de Ibiapaba (CE), os produtores reaproveitam
materiais presentes em sua propriedade para realização dos tratos culturais e vários
outras atividades. No caso do tutoramento de tomateiro, o modelo mais utilizado é o
de cerca cruzada ou “V” invertido, o qual consiste em amarrar as plantas em tutores,
geralmente são usadas estacas de Croton sonderianus Mull.Arg. (Euphorbiaceae)
conhecida popularmente como Marmeleiro é uma árvore comum na região. As
estacas são dispostas obliquamente ao solo, formando um “V” invertido entre duas
filas consecutivas. Desta forma, o tutoramento tem como finalidade dar suporte para
o crescimento das plantas, à medida que cresce, a planta deve ser amarrada aos
tutores, prática esta conhecida como amarrio (ALVARENGA, 2004). Através deste
método de tutoramento a planta apresenta facilidade para o desenvolvimento das
folhas e frutos, pois as mesmas ficam bem distribuídas no campo, ao mesmo tempo
em que se torna uma lavoura arejada e com boa luminosidade, facilitando assim os
tratos culturais.
51
Observou-se que os produtores rurais utilizam adubação de fundação, ou
seja, a primeira adubação realizada antes de transplantar a cultura, que esta seja de
qualidade através de estercos de animais, para que a planta tenha um bom
desempenho
e
desenvolvimento
desde
o
momento
que
as
mudas
são
transplantadas a campo.
Notou-se que a assistência técnica é uma necessidade na região,
principalmente devido aos ataques de pragas e doenças. Verificou-se que, muitas
vezes a falta de informação aos produtores é o principal fator. Principalmente, no
que diz respeito aos procedimentos ideais que devem ser adotados na aplicação e
utilização de defensivos agrícolas.
O acadêmico teve a oportunidade de aprimorar e aliar conceitos teóricos
e práticos nas recomendações fitossanitárias relacionadas à cultura do tomateiro
através das visitas técnicas. Atualmente os agricultores dispõem de produtos
químicos cada vez mais eficazes, tanto sob o ponto de vista toxicológico quanto
ambiental. Porém, as boas práticas agrícolas, incluindo o uso correto e seguro dos
fungicidas
e
inseticidas
são
essenciais
para
que
não
ocorram
problemas de intoxicações dos aplicadores, resíduos em alimentos e impactos
ambientais.
Foram realizados campos demonstrativos em algumas propriedades
rurais - Dias de Campos (Figura 17). Com o objetivo principal de realizar
experimentos, vislumbrando o monitoramento destas, para a demonstração ao
produtor da eficiência dos produtos e o modo correto de realizar as aplicações
destes defensivos agrícolas, bem como suas respectivas doses e os cuidados que
devem ser tomados (Figura 18 A).
52
Figura 17 - Campo Demonstrativo na cultura do tomate com a realização do
tratamento IHARA (A); Realização do Dia de Campo para demonstrar a eficiência no
controle de problemas fitossanitários com os produtos IHARA (B)
Fonte: Autor, 2012.
Figura 18- Aplicador de Produtos fitossanitários utilizando todas as
peças do EPI (A); Aplicador de Produtos fitossanitários sem o uso
do EPI (B)
Fonte: Autor, 2012.
53
Inicialmente com a autorização do produtor, foram adquiridas algumas
fileiras de sua plantação para fazer o tratamento de defensivos da IHARA® para o
controle preventivo dos problemas fitossanitários (fungicidas e inseticidas). No
restante da lavoura o produtor utilizava o procedimento padrão da propriedade.
Estes tratamentos foram iniciados desde o plantio das mudas a campo até o Dia de
Campo propriamente dito, no qual foram reunidos produtores da região para
demonstração da eficiência do controle dos produtos IHARA® nas plantas de
tomate.
O tratamento IHARA® consistiu pelo uso dos produtos conforme o estágio
da planta com finalidade de prevenção ao ataque das pragas e doenças na lavoura.
Foi utilizado óleo mineral Iharol (100 ml / 100 L de água) em todas as aplicações. No
caso dos inseticidas foram rotacionados a cada aplicação os seguintes produtos:
Cartap BR 500 (250 g / 100 L de água), Agree (0,3 kg / 100 L de água), Danimen
300 EC (150 ml / ha), Meothrin 300 (150 ml / ha), Safety (60 ml / 100 L de água),
Sumidan 25 EC (75 ml / 100 L de água), sendo todos registrados na cultura do
tomate e tem como alvo o controle da broca pequena e a traça do tomateiro. Já para
o controle da mosca branca, pulgões e tripes os produtos rotacionados no
tratamento foram: Saurus (40 g / 100 L de água), Rotamik (100 ml / 100 L de água) e
Tiger (100 ml / 100 L de água). No caso da mosca minadora os produtos foram o
Milbeknock (40 ml / 100 L de água) rotacionando com Rotamik (100 ml / 100 L de
água); além disso, os produtores aproveitavam o efeito que o Cartap (250 g / 100 L
de água) causa nas pragas, e o utilizavam também para mosca minadora. Como
este produto não apresenta cheiro, era acrescentado açúcar para atrair as pragas do
tomateiro.
Em relação aos tratamentos fitossanitários de doenças, os fungicidas
recomendados no tratamento IHARA® aos produtores rurais foram: Auge (3 a 4 L /
ha), Cerconil WP (200 g / 100 L de água), Dacobre WP (350 g / 100 L de água),
Daconil 500 (300 ml / 100 L de água), Daconil BR (200 g / 100 L de água),
Frowncide 500 SC (100 ml / 100 L de água) e Garant250 g / 100 L de água), onde
estes produtos são registrados para controlar a requeima e a pinta preta, sendo que
para o oídio eram utilizados Sumilex (150 g / 100 L de água), Cercobin 700 WP (70 g
/ 100 L de água) e Trifmine (50 g / 100 L de água). É importante resaltar que em
cada propriedade, os produtos utilizados variavam devido à incidência dos
problemas sanitários dependendo diretamente do ataque as plantas de tomate.
54
Também foram realizadas palestras aos produtores rurais, sendo
chamado “Café da manhã IHARA”. Consistia na escolha de temas relacionados às
pragas e doenças que apresentaram maior incidência em suas lavouras. Nestas,
abordava-se a teoria, com informações sobre: ciclos das pragas e doenças, dos
danos e as formas de controle. A ideia central foi abordar temas relevantes e
vivenciados pelos produtores a fim de interagirem e demonstrar soluções para tais
problemas fitossanitários encontrados.
Além disso, em todas as atividades realizadas as informações sobre o
uso do Equipamento de Proteção Individual (EPI) eram repassadas pelo acadêmico.
Pois na Serra de Ibiapaba (CE), como em diversos lugares do Brasil, nem todos os
produtores rurais se preocupam e, utilizam efetivamente, com o uso de EPI, devido a
grande importância que a utilização tem para saúde dos aplicadores. Segundo a
ANDEF (2010) o EPI é a ferramenta de trabalho que visa proteger a saúde do
trabalhador que utiliza os produtos fitossanitários, reduzindo os riscos de
intoxicações decorrentes da exposição. As vias de exposição são oral (boca),
inaladora (nariz), ocular (olhos) e dérmica (pele).
A função básica dos EPIs é proteger o aplicador de exposições ao
produto tóxico, minimizando o risco. O uso do EPI é uma exigência da legislação
trabalhista brasileira através de suas normas regulamentadoras, o não cumprimento
poderá acarretar ações de responsabilidade cível e penal, além de multas aos
infratores. As embalagens vazias de agrotóxicos devem ser lavadas e devolvidas em
cumprimento à Lei Federal número 9974/00. A destinação final correta das
embalagens vazias contribui para a preservação da saúde humana e do meio
ambiente e possibilita a economia de produto resultante da lavagem das
embalagens. Além disso, se lavadas adequadamente, algumas embalagens vazias
podem ser recicladas (INPEV, 2012).
É importante utilizar todas as partes do EPI, sendo eles: luvas, respirador,
viseira facial, calça, jaleco, avental, boné árabe e botas (Figura 17 A). Na Serra de
Ibiapaba (CE), os aplicadores de produtos fitossanitários dificilmente usam o EPI
(Figura 18 B), porém a maioria quando usam é somente algumas peças, como o
respirador, botas e luvas. Por isso é importante sempre resaltar estas informações
aos produtores. Além disso, é muito importante seguir todas as instruções presentes
na bula de cada produto, sendo necessário antes do descarte da embalagem
proceder a tríplice lavagem da embalagem, ou seja, quando estiver realizando a
55
aplicação e o produto estiver totalmente vazio, deve-se adicionar água limpa à
embalagem até ¼ do seu volume, tampar bem e agitar durante 30 segundos e
despejar no pulverizador. Esta atividade deve ser realiza três vezes e ao final deste
processo deve-se inutilizar perfurando o fundo da embalagem (INPEV, 2012).
De acordo com a nova legislação, os agrotóxicos só podem ser
comprados e aplicados na lavoura a partir do receituário agronômico. Toda
recomendação deve vir acompanhada do documento chamado receita agronômica.
Nela, estarão contidas todas as informações importantes como: nome do produto;
dosagem; condições a serem observadas antes, durante e após a aplicação do
agrotóxico; medidas de manejo integrado; cuidados e equipamentos de proteção
individual que devem ser usados (SAMPAIO & GUERRA, 1991).
O Receituário Agronômico não se posiciona contra o uso de defensivos
agrícolas, mas sim qualificar, quantificar e oportunizar o controle químico,
considerando os riscos e benefícios, além de procurar propor opções de métodos
alternativos de controle que possam oferecer maior segurança, eficiência e
vantagens econômicas (MAIRESSE, 2002).
5.1.
INSETOS-PRAGA PRESENTES NO CULTIVO DE TOMATE NA SERRA DE
IBIAPABA (CE)
Foi observado nos campos de tomate na Serra de Ibiapaba (CE) alta
incidência de insetos-praga, devido ao clima que favorece o sugirmento e
desenvolvimento destas. As principais registradas foram: L. huidobrensis (mosca
minadora); B. tabaci (mosca branca) e a N. elegantalis (broca-pequena).
Plantas fortemente atacadas pelas larvas da L. huidobrensis, sofrem alta
redução de área foliar verde, como consequência a fotossíntese é prejudicada, com
redução da vida da planta, menor produtividade e qualidade dos frutos. A redução
foliar expõe os frutos à ação do sol. Perdas superiores a 20% já foram constatadas
em plantios com alta incidência desta praga, principalmente no município de Croatá,
Serra da Ibiapaba (CE). Por outro lado, folhas minadas são portas de entrada para
outros patógenos (CRUZ & FEITOSA, 2003).
Já no controle da B. tabaci Biótipo B, o foco principal durante o estágio foi
constituído nos produtos da IHARA®, sendo que para esta praga os principais
56
produtos utilizados foram o Tiger (100 ml / 100 L de água), Saurus (40 g / 100 L de
água) e o Mospilan (40 g / 100 L de água) pertencentes aos grupos químicos Éter
Piridiloxipropílico e Neonicotinóide (MAPA, 2012).
Durante o estágio houve baixa densidade de T. absoluta, sendo que esta
nas safras anteriores foi uma das principais pragas do tomate, porém mesmo assim
devido ao fato de ser um inseto-praga de difícil controle, os produtores utilizavam
produtos registrados para mais de uma praga, ou seja, um produto que controla
duas ou mais pragas do tomateiro. Os produtos mais utilizados foram Cartap BR 500
(250 g / 100 L de água), Danimen 300 EC (150 ml / ha), Safety (60 ml / 100 L de
água) e o Sumidan 25 EC (75 ml / 100 L de água), que possui uma alta eficiência da
broca pequena do tomateiro e a traça do tomateiro. Alguns grupos de inseticidas
são utilizados para o controle das pragas do tomateiro com ocorrência na Serra de
Ibiapaba (CE), principalmente o grupo químico dos Neonicotinóides, Tiocarbamato e
os Piretróides (tabela 2).
Tabela 2 - Inseticidas IHARA® registrados na cultura do tomate com seus
respectivos alvos e doses.
PRODUTO COMERCIAL
Agree
(Biológico)
Cartap BR 500
(Tiocarbamato)
ALVO
DOSES
Broca pequena do tomateiro
(Neoleucinodes elegantalis)
0,25 - 0,3 kg / ha
Traça do tomateiro
(Tuta absoluta)
0,25 – 0,3 kg / ha
Mosca minadora
(Lyriomyza huidobrensis)
250g / 100 L de água
Broca pequena do tomateiro
(Neoleucinodes elegantalis)
250g / 100 L de água
Traça do tomateiro
(Tuta absoluta)
Broca pequena do tomateiro
(Neoleucinodes elegantalis)
Danimen 300 EC
(Piretróide)
Elsan
(Organofosforado)
Traça do tomateiro
(Tuta absoluta)
Traça do tomateiro
(Tuta absoluta)
250g / 100 L de água
150 ml / ha
150 ml / ha
1,5 L / ha
57
Tabela 3 - Inseticidas IHARA® registrados na cultura do tomate com seus
respectivos alvos e doses.
(Continua)
Broca pequena do tomateiro
(Neoleucinodes elegantalis)
Meothrin 300
(Piretróide)
Milbeknock
(Milbemicidas)
Safety
(Éter Difenílico)
Traça do tomateiro
(Tuta absoluta)
Mosca minadora
(Lyriomyza huidobrensis)
Traça do tomateiro
(Tuta absoluta)
Broca grande do tomate
(Helicoverpa zea)
Broca pequena do tomateiro
(Neoleucinodes elegantalis)
Traça do tomateiro
(Tuta absoluta)
Tripes
(Frankliniella schultzei)
Saurus
(Neonicotinóide)
Mosca branca
(Bemisia tabaci raça B)
Pulgão verde
(Myzus persicae)
Broca pequena do tomateiro
(Neoleucinodes elegantalis)
Sumidan 25 EC
(Piretróide)
Sumidan 150 SC
(Piretróide)
Tiger 100 EC
(Éter Piridiloxipropílico)
150 ml / ha
150 ml / ha
40 ml / 100 L água
40 ml / 100 L água
60 ml / 100 L água
40 – 60 ml / 100 L de água
60 ml / 100 L de água
250 g / ha
250 – 300 g / ha
250 g / ha
70 ml / 100 L de água
Traça do tomateiro
(Tuta absoluta)
Broca pequena do tomateiro
(Neoleucinodes elegantalis)
Mosca branca
(Bemisia tabaci raça B)
50 – 100 ml / 100 L de água
Mosca branca
(Bemisia tabaci)
75 – 100 ml / 100 L de água
75 ml / 100 L de água
20 ml / 100 L de água
Fonte: IHARABRÁS, 2012.
Recomendações foram fornecidas aos produtores quanto ao controle
preventivo de insetos-praga, tais como: a importância em realizar a destruição dos
restos culturais, bem como fazer o vazio sanitário de pelo menos quatro a seis
semanas (neste período recomenda-se a realização de solarização, que contribuirá
para a eliminação de pupas desta praga presentes no solo); Combate das
infestantes que servem de reservatório para o desenvolvimento da mesma, com
58
especial atenção para as da família das solanáceas; Colocação de armadilhas
desde o início para captura dos adultos; Utilização do controle biológico, através da
largada
de
mirídeos
(Nesidiocoris
tenuis,
Macrolophus
caliginosus)
e
de
Trichogramma sp. Realização de tratamentos fitossanitários, utilizando os produtos
homologados, entre outras técnicas (SOARES et al., 2010). As pulverizações para
controle desse inseto devem ser iniciadas a partir do florescimento. O jato de
pulverização deve ser dirigido aos botões florais e frutos (Figura 19 B).
Outro método que é muito utilizado pelos produtores da Serra de Ibiapaba
(CE) são as armadilhas luminosas, onde estas servem como atração e captura desta
praga (Figura 19 A). O método baseia-se na interrupção do ciclo de vida do inseto
no estágio adulto através de seu aprisionamento e morte na armadilha
(BIOCONTROLE, 2012). Assim, cada fêmea atraída e morta antes da postura
representa a eliminação de centenas de ovos que eclodiriam gerando pequenas
larvas, caso ocorresse a oviposição. Além disso, estas armadilhas servem como
uma medida de manejo integrado, pois através deste monitoramento o produtor
identifica a praga antes da ocorrência do dano no tomateiro.
Figura 19 - Utilização de armadinhas luminosas distribuídas na lavoura de
tomate (A); Aplicação de inseticida para o controle de N. elegantalis (B)
Fonte: Autor, 2012.
59
5.2.
DOENÇAS PRESENTES NO CULTIVO DE TOMATE NA SERRA DE
IBIAPABA (CE)
O tratamento fitossanitário no tomateiro deve sempre ser visto com muito
cuidado, tendo por base sempre prevenir o surgimento dos sintomas das doenças
fúngicas, pois uma vez instalada dificulta e encarece seu controle. Conforme as
condições climáticas durante o ciclo do tomate são traçadas as pulverizações, sendo
estas mais frequentes com alta umidade e sendo reduzidas gradativamente
conforme a estação chuvosa vai dando lugar a seca. Observou-se que devido ao
clima seco, o desenvolvimento das doenças no tomateiro na região da Serra de
Ibiapaba (CE) foi reduzido, sendo realizada em média uma aplicação por semana.
As aplicações foram feitas com o uso do pulverizador costal de 20 litros.
No acompanhamento e realização das visitas técnicas, ressaltou-se aos produtores
a maneira/forma com que são realizadas estas aplicações, bem como os horários,
pois no caso das mariposas, como estas tem hábito noturno foi recomendado
realizar as aplicações no fim da tarde onde tem mais incidência visando a maior
eficácia do produto, melhorando consequentemente a qualidade na aplicação por
otimizar o trabalho e evitar desperdícios.
Observou-se que para aplicação de fungicidas o produto se torna mais
eficiente se o bico do pulverizador for fino, para que o produto se distribuia em
gotículas pequenas, fazendo com que se fixem nas folhas e frutos, evitando assim o
desenvolvimento das doenças, além da economia de água. Atualmente, a
quantidade e qualidade da água na região vêm se tornando um problema devido à
seca. O uso agrícola da água no Estado do Ceará sofre fortes restrições, não
apenas pela sua pouca disponibilidade, como também pelas necessárias técnicas de
manejo dos recursos hídricos de forma a evitar a evaporação e a salinização dos
solos.
Diversos grupos de fungicidas foram utilizados na produção de tomate na
Serra de Ibiapaba (CE), principalmente o grupo químico dos Benzimidazol e
Fenilpiridinilamina (tabela 3).
60
Tabela 4 - Fungicidas IHARA registrados na cultura do tomate com seus respectivos
alvos e doses.
PRODUTO COMERCIAL
Auge
(Inorgânico)
ALVO
DOSES
Mancha de alternaria
(Alternaria solani)
3 a 4 L / ha
Mancha bacteriana
(Xanthomonas vesicatoria)
3 a 4 L / ha
Requeima
(Phytophthora infestans)
Septoriose
(Septoria lycopersici)
Cercobin 700 WP
(Benzimidazol)
Cerconil WP
(Bemzimidazol+Isoftalonitrila)
Completto
(Valinamida carbamato+
Fenilpiridinilamina)
Dacobre WP
(Isoftalonitrila+Inorgânico)
Daconil 500
(Isoftalonitrila)
4 L / ha
70g / 100 L de água
Podridão de Sclerotinia
(Sclerotinia sclerotiorum)
70g / 100 L de água
Mofo cinzento
(Botrytis cinerea)
70g / 100 L de água
Septoriose
(Septoria lycopersici)
200 g /100 L de água
Pinta-preta
(Alternaria solani)
Requeima
(Phytophthora infestans)
50 - 70 ml / 100 L água
Mancha de Stemphylium
(Stemphylium solani)
350 g / 100 L água
Requeima
(Phytophthora infestans)
350 g / 100 L água
Pinta-preta
(Alternaria solani)
350 g / 100 L água
200 g /100 L de água
Cancro bacteriano (Clavibacter
michiganensis subsp. Michiganensis)
Pinta-preta
(Alternaria solani)
300 ml / 100 L água
Mancha de Stemphylium
(Stemphylium solani)
300 ml / 100 L água
Requeima
(Phytophthora infestans)
300 ml / 100 L água
Septoriose
(Septoria lycopersici)
300 ml / 100 L água
350 g / 100 L água
61
Tabela 5 - Fungicidas IHARA registrados na cultura do tomate com seus respectivos
alvos e doses.
(Continua)
Daconil BR
(Isoftalonitrila)
Mancha de Stemphylium
(Stemphylium solani)
200 g / 100 L água
Requeima
(Phytophthora infestans)
200 g / 100 L água
Pinta-preta
(Alternaria solani)
200 g / 100 L água
Antracnose
(Colletotrichum gloeosporioides)
200 g / 100 L água
Septoriose
(Septoria lycopersici)
Requeima
(Phytophthora infestans)
Frowncide 500 SC
(Fenilpiridinilamina)
Garant
(Inorgânico)
Sumilex 500 WP
(Dicarboximida)
Pinta-preta
(Alternaria solani)
Requeima
(Phytophthora infestans)
Pinta-preta
(Alternaria solani)
Podridão de Sclerotinia
(Sclerotinia sclerotiorum)
Pinta-preta
(Alternaria solani)
200 g / 100 L água
100 g / 100 L água
100 g / 100 L água
250 g / 100 L água
250 g / 100 L água
1,0 – 1,5 Kg / ha
100 – 150 g / 100 L água
Fonte: IHARABRÁS, 2012.
Em todas as aplicações foi utilizado junto a calda o redutor de pH
(Oximult, pHfós), com a finalidade de diminuir o pH até a faixa de 5 – 6. Pois em
cada localidade da região a água apresenta pH muito variado, devido a fonte de
origem (rios, lagos, poços), assim com o uso deste produto consegue-se deixar a
calda no nível ideal de atuação dos fungicidas, aumentando a eficiência dos
mesmos (Figura 20).
62
Figura 20 - Realização do teste do pH da água (A); Fazendo a leitura do teste do
pH (B).
Fonte: Autor, 2012.
De acordo com KIMATI (1997), várias destas doenças só podem ser
controladas eficientemente quando se adota um programa de manejo integrado
adequado, envolvendo o uso de cultivares resistentes e a adoção de medidas de
exclusão, erradicação e proteção. Sendo assim, é interessante realizar o
rotacionamento dos produtos, para que não ocorra a resistência da doença na
planta.
Além disso, deve ser adotado um conjunto de medidas preventivas de
controle, tais como o tratamento de sementes, rotação de culturas com gramíneas
para eliminar ou reduzir a fonte de inóculo, evitar áreas de baixadas ou locais
sujeitos à neblina e áreas próximas a culturas mais velhas, adubação equilibrada e
utilização de matéria orgânica (LOPES et al., 2000)
63
6. CONCLUSÃO
O estágio curricular obrigatório proporcionou uma oportunidade única
vivida durante todo este período. Foi uma ferramenta fundamental para o acadêmico
demonstrar o nível de conhecimento teórico adquirido. O estágio por si só constituiu
uma oportunidade de aprimorar a relação teoria-prática, vivenciada no processo
pedagógico e, assim possibilitou ao acadêmico, condições de independência e
autonomia nas tomadas de decisões e da mobilização da habilidade em uma
determinada área para sua vida profissional futura. Tornou-se assim, processo de
reflexão e necessidade de elaboração de críticas, de rediscussão de definições e
objetivos da participação dos estudantes em procedimentos e objetivos inseridos,
que valoriza o diálogo com a sociedade.
A produção de tomate na Serra de Ibiapaba (CE) é característica de
pequenas áreas, porém, intensiva na utilização de insumos. Apesar de possuir
pouca tecnologia e muita mão de obra, esta região está sendo muito explorada,
devido o clima e a alta produção de tomate, que pode ser cultivado em todas as
épocas do ano.
Através das visitas técnicas são proporcionados muitos benefícios, como
no caso uso de adubação, irrigação localizada e principalmente de defensivos
agrícolas. É importante resaltar que ocorreu uma redução no uso de agrotóxicos
pelos produtores rurais, devido à eficiência que cada produto causa nas pragas e
doenças e pelo fato de um defensivo químico ser registrado controlando mais de um
problema fitossanitário, proporcionando menos gastas ao produtor e contribui para a
melhoria da qualidade de vida dos produtores e consumidores de tomate. Porém é
necessário divulgar muitas informações em relação às doses corretas de cada
produto e a utilização do Equipamento Individual de Proteção (EPI).
64
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