ARTIGO DE REVISÃO PROLAPSOS DE ÓRGÃOS PÉLVICOS: REVISANDO A LITERATURA PELVIC ORGAN PROLAPSE: LITERATURE REVIEW Wagner Horst1 Jean Carl Silva2 RESUMO O presente artigo faz uma revisão sobre a epidemiologia, sintomas, diagnóstico e tratamento dos prolapsos de órgãos pélvicos - POP. Sua elaboração foi possível por intermédio de uma pesquisa eletrônica acerca do tema na base de dados Pubmed. Do universo das publicações encontradas, foram consideradas e revisadas aquelas que despontam com maior relevância na área, nos últimos 10 anos. POP, a herniação dos órgãos pélvicos através da vagina, é uma condição comum em saúde feminina. Muitas mulheres com prolapso têm sintomas que causam impacto no dia a dia, na função sexual e atividade física. O diagnóstico é baseado no exame POP-Q e o tratamento pode ser cirúrgico ou conservador. Há muito a ser estudado sobre os POP e os fatores de risco individuais devem ser identificados para estabelecer estratégias de prevenção. Descritores: Prolapso de órgãos pélvicos. Epidemiologia. Diagnóstico. Tratamento. ABSTRACT This article aims to review epidemiology, clinical manifestations , diagnosis and treatment of pelvic organ prolapse- POP. A Pubmed search has been performed and selected preferentially publications from the last ten years . POP is the herniation of the pelvic organs to or beyond the vaginal walls, is a common condition. Many women with prolapse experience symptoms that impact daily activities, sexual function, and exercise. Diagnosis is based on POP-Q examination and treatment cab be either conservative or surgical. There is much to be learned about POP and its natural history. Individual risk factors must be clearly delineated, and preventive strategies devised. Keywords: Pelvic organ prolapse. Epidemiology. Diagnosis. Treatment. INTRODUÇÃO O prolapso de órgãos pélvicos (POP) constitui-se em uma herniação dos órgãos pélvicos através da vagina. É uma condição prevalente de baixa morbi-mortalidade, mas que afeta as mulheres no seu cotidiano, sexualidade e atividade física. 1,2 A prevalência desta condição é próxima a 22% em mulheres entre 18–83 anos, variando até 30%, em mulheres de na faixa etária dos 50 a 89 anos. Os POP são a principal indicação de histerectomia em mulheres na pós-menopausa. Aproximadamente um quinto de todas as histerectomias realizadas, são devidas ao prolapso. 3–5 1 Médico Ginecologista e Obstetra. Mestrando em Saúde e Meio Ambiente – UNIVILLE – Universidade da Região de Joinville, Joinville SC 2 Doutor em Medicina pela UNIFESP. Professor Adjunto da UNIVILLE – Universidade da Região de Joinville, Joinville – SC. Arq. Catarin Med. 2016 abr-jun; 45(2): 91-101 91 Esta revisão tem como objetivo sistematizar e discutir diversos aspectos dos Prolapsos de Órgãos Pélvicos tais como: sua epidemiologia, sintomas, diagnóstico e tratamento. MÉTODOS Para elaboração deste artigo, foi realizada uma pesquisa eletrônica com os seguintes termos de procura: Prolapso de Órgãos Pélvicos; Prolapso Uterino; Cistocele e Retocele, juntamente com seus respectivos termos em língua inglesa. As bases de dados pesquisadas foram Medline e PubMed, utilizando como palavras-chave os descritores MeSH, do Medline. A pesquisa resultou em 454 artigos, entre os quais foram consideradas, preferencialmente, publicações de maior relevância dos últimos 10 anos. Foram, também, incluídas publicações com citações frequentes e alguns artigos, como referências adicionais. EPIDEMIOLOGIA A prevalência exata dos POP é incerta.1,6 Pesquisas não costumam contabilizar as pacientes assintomáticas e, por se tratar de constrangimento, é difícil prever quantas mulheres com POP não procuram assistência médica. Estudos populacionais baseados em questionários, mostram que de 6 a 8 % das mulheres referem sintomas de prolapso .2 Diferenciar as pacientes sintomáticas das que não tem sintomas é fundamental, já que o tratamento é indicado, somente, para aquelas que possuem sintomas. 1,6 Uma alta prevalência de pacientes com prolapso sintomático é sugerida pelo número de pacientes submetidas ao tratamento cirúrgico do prolapso. Aproximadamente 200.000 cirurgias são realizadas, anualmente, nos Estados Unidos.5 Estudos populacionais revelam que cerca de 11 a 19 % das mulheres apresentam risco de submissão à cirurgia de prolapso durante a vida. Deste número não podemos estimar a prevalência de pacientes com prolapso sintomático, já que muitas pacientes realizam outros tratamentos que não o cirúrgico.3 A presença do Prolapso de órgãos pélvicos não sintomático, pode ser ainda maior. Alguns autores utilizaram o exame clínico para estimar a prevalência de prolapso de órgãos pélvicos. Um deles reuniu 497 mulheres, que foram vistas em um ambulatório para exames de rotina. Foi utilizado o sistema POP-Q (Pelvic Organ Prolapse Quantification System)7 para avaliar a presença de prolapsos, demonstrando que a maioria das pacientes se encontrava nos estágios 1 e 2 , formando uma curva em forma de sino. Apenas 6,4% das mulheres não apresentaram nenhum tipo de prolapso.8 Arq. Catarin Med. 2016 abr-jun; 45(2): 91-101 92 FATORES DE RISCO Relacionados à Gravidez e Parto Um estudo de coorte com mais de 17.000 mulheres, verificou que, quando comparado à nuliparidade, o risco de internação por prolapso de órgãos pélvicos quadruplicou em quem teve um parto, aumentando 8 vezes com o segundo nascimento. O parto por via vaginal, também, mostrou um risco maior de desenvolvimento de prolapso, quando comparado à cesárea.9 Outras situações relacionadas ao nascimento podem estar envolvidas com o desenvolvimento do prolapso, tais como: macrossomia fetal, segundo período do trabalho de parto prolongado, episiotomia, laceração do esfíncter anal, analgesia peridural, uso de fórceps e estimulação do trabalho de parto com ocitocina.1 Idade Pesquisa realizada com 1.000 mulheres demonstrou que cada 10 anos de idade, conferiam à mulher um risco 40% maior de desenvolver prolapso. Embora a menopausa e o hipoestrogenismo sejam frequentemente citadas como fatores de risco para prolapso genital , trabalhos realizados não mostram diferença estatística entre mulheres recebendo terapia hormonal com estrogênio e progesterona, quando comparadas ao grupo placebo.10 Obesidade Ainda, mulheres com Índice de Massa Corpórea maior que 25, têm risco duas vezes maior de desenvolver prolapsos que outras mulheres. 1 Fatores Relacionados ao Esforço Crônico A constipação crônica, a realização de atividades que requisitam força (por exemplo, mulheres cujo trabalho exige o levantamento de objetos pesados) e a tosse crônica, têm sido associadas a um maior risco para prolapso. 1 Doenças do Colágeno Mulheres com distúrbios do colágeno, como a Síndrome de Marfan e Ehlers-Danlos podem ter maior probabilidade de desenvolver prolapso. 1 Fatores Étnicos Quanto à origem étnica, sabe-se que mulheres brancas e asiáticas apresentam risco mais baixo que as hispânicas. Mulheres negras apresentam pelve androide ou antropoide, mais frequentemente. Isso as protege do prolapso em comparação com as mulheres brancas, que apresentam principalmente pelve ginecoide.11 Arq. Catarin Med. 2016 abr-jun; 45(2): 91-101 93 FISIOPATOLOGIA Para entender melhor a fisiopatologia dos POP, uma abordagem baseada nos fatores de risco é bastante útil. Conforme combinados, estes podem predispor, provocar, acelerar ou descompensar estes eventos. 12 (tabela 1) O suporte anatômico das vísceras pélvicas se dá principalmente pelos músculos elevadores do ânus e pela fascia endopélvica. O rompimento ou a disfunção de um desses componentes pode levar à perda do suporte e, consequentemente, ao prolapso genital. Os músculos elevadores do ânus são: pubococcígeo, puboretal e iliococcigeo. Quando do repouso, estes músculos permanecem firmemente contraídos e têm como função prover uma superfície firme para as vísceras pélvicas. 13 A perda do tônus habitual dos músculos elevadores – por denervação ou trauma direto acarreta na abertura do hiato urogenital, enfraquecendo, assim, a orientação horizontal do complexo dos músculos elevadores. A fascia endopélvica é a rede de tecido conjuntivo que envolve todos os órgãos da pelve e os conecta à musculatura que confere suporte e aos ossos da pelve. Este conjunto (fascia endopélvica, músculos e ossos) mantém a vagina e o útero em sua posição habitual, ao mesmo tempo em que conferem mobilidade às vísceras para permitir o armazenamento de fezes e urina, coito, trabalho de parto e parto. A ruptura ou estiramento dessas ligações de tecido conjuntivo ocorrem durante o parto vaginal, histerectomia, o esforço crônico ou com o envelhecimento. Mulheres com anormalidades do tecido conjuntivo estão predispostas ao prolapso de órgãos pélvicos. Estudos mostram que indivíduos com prolapso podem ter uma diminuição do colágeno do tipo I e aumento no colágeno tipo III. A homeostase anormal da elastina pode contribuir para o desenvolvimento da doença através de uma resposta anormal ao dano. A musculatura lisa da parede vaginal também sofre alterações. Nestas mulheres, a parede vaginal apresenta feixes desorganizados de músculo liso, com uma proporção menor de musculatura lisa na camada muscular quando comparada à mulheres com suporte normal. Variantes anatômicas da pelve óssea também têm sido associados ao desenvolvimento de prolapso. A perda da lordose lombar e estreito superior da pelve menos verticalizada é mais comum em mulheres que desenvolvem prolapso genital do que em mulheres que não desenvolvem. 13 Arq. Catarin Med. 2016 abr-jun; 45(2): 91-101 94 Tabela 1 - Potenciais fatores de risco para desenvolvimento de prolapso de órgãos pélvicos PREDISPÕE PROVOCA Genética (Congênito ou Gravidez e Parto ACELERA DESCOMPENSA Obesidade Idade Histerectomias Tabagismo Menopausa Miopatia Tosse Crônica Neuropatia Neuropatia Constipação Crônica Miopatia Trabalho Pesado Debilidade Medicações Hereditário) Raça (Branco >Negro) Sexo (Feminino > Masculino) Adaptado de : Weber, A. M., & Richter, H. E. (2005). Pelvic organ prolapse. Obstetrics and gynecology, 106(3), 615-634. Alguns termos são comumente usados para especificar os locais prolapsados, tais como: cistocele, retocele, uretrocistocele, prolapso uterino, retocele e enterocele . Para fins terapêuticos, no entanto, a vagina foi dividida em compartimentos a saber: Tabela 2 - Nomenclatura utilizada de acordo com compartimento acometido NOMENCLATURA ANTIGA NOMENCLATURA ATUAL Cistocele Prolapso de parede anterior Retocele Prolapso de parede posterior Prolapso de útero ou cúpula Prolapso Apical vaginal (pós Histerectomia) Prolapso Total Prolapso Total DEFINIÇÃO Hérnia da parede vaginal anterior, relacionado à procidência da bexiga Comumente relacionado com a descida do reto Descida da vagina ou útero para o himen ou através do introito vaginal. Comumente associado com enterocele Prolapso de todos os compartimentos através da parede vaginal A classificação dos POP se dá através de um teste objetivo, sítio específico para descrição e estadiamento, chamado POP-Q ,que é o teste de escolha pela ICS (International Continence Society).7 Esta classificação propõe medidas e pontos pré-definidos da estática pélvica da mulher (Figura 1). A posição de cada compartimento é avaliada de acordo com a sua distância da carúncula himenal, que é um ponto fixo de fácil identificação. A partir desse ponto, as posições são descritas. Positivos, referem-se a posições abaixo ou distais ao hímen; os valores negativos, acima ou proximais ao hímen. Caso a localização seja ao nível do hímen, denomina-se como zero. Os seis pontos têm como referência o hímen, contendo dois na parede anterior da vagina, dois na parte vaginal superior e dois na parede vaginal posterior . Também são mensuradas o hiato vaginal Arq. Catarin Med. 2016 abr-jun; 45(2): 91-101 95 (abertura) - do ponto médio do meato uretral até o ponto posterior da fúrcula vaginal - e o corpo perineal, que corresponde à medida da margem posterior do hiato genital até a metade da abertura anal. O comprimento total da vagina é a maior medida, do hímen até o ponto mais profundo da vagina, no fundo do saco posterior, quando há colo do útero, ou na cicatriz da cúpula vaginal, quando paciente histerectomizada. Deve-se identificar o ponto de maior distopia, através da manobra de Valsalva, podendo-se utilizar de artifícios como a tração ou solicitar que a paciente fique de pé. Tendo como referência o hímen, com o auxílio de uma régua graduada em centímetros , o prolapso é quantificado com números positivos (+1 +2, + 3 centímetros) quando exteriorizado além dele e números negativos (-1, 2 , -3 centímetros) quando internos com relação ao ponto fixo(interno à vagina). Figura 1: Pontos de Classificação dos Prolapsos de Órgãos Pélvicos Bump, RC, Mattiasson, A, BØ, K, et al, Am J Obstet Gynecol 1996; 175:10. Ponto Aa: Localizado três centímetros para dentro do hímen, na linha média da parede anterior da vagina. Ponto Ba: Ponto de maior prolapso na parede vaginal anterior. Se há prolapso total, ele equivale ao comprimento vaginal total. Ponto C: Ponto mais distal do colo uterino ou da cúpula vaginal pós-histerectomia. Ponto D: Localizado no fórnice vaginal posterior, no nível de inserção dos ligamentos útero-sacrais. Na ausência do útero, este ponto é ignorado. Ponto Ap: Localizado na linha média da parede vaginal posterior, correspondente do ponto Aa na parede posterior. Ponto Bp: Representa o ponto de maior prolapso da parede vaginal posterior, correspondente do ponto Ba na parede posterior. gh: Hiato genital pb: Medida do corpo perineal tvl: Comprimento total da vagina (em repouso) O examinador deve observar qual o ponto de maior prolapso, através de manobra de valsalva ou leve tração. Determinados os pontos, os prolapsos são classificados em : Arq. Catarin Med. 2016 abr-jun; 45(2): 91-101 96 Estadio 0: ausência de prolapso. Os pontos Aa, Ap, Ba e Bp estão em - 3centímetros, e os pontos C e D estão entre o CVT e o CVT - 2centímetros. Estadio I: ponto de maior prolapso está localizado até 1 centímetros para dentro do hímen ( 1centímetros). Estadio II: o ponto de maior prolapso está localizado entre -1centímetro e +1centímetro (entre 1 centímetros acima e 1 centímetros abaixo do hímen). Estadio III: o ponto de maior prolapso está a mais de 1 centímetro para fora do hímen, porém sem ocorrer eversão total. Estadio IV: eversão total do órgão prolapsado. O ponto de maior prolapso fica no mínimo no comprimento vaginal menos dois centímetros APRESENTAÇÃO CLÍNICA Pacientes com prolapso genital podem ter sintomas relacionados especificamente com o prolapso, tais como abaulamento ou sensação de peso na região pélvica, sintomas urinários, defecatórios ou sexuais. 1 Os sintomas, na maioria das vezes, estão relacionados à posição, sendo menos perceptíveis pela manhã e com o passar do dia se tornam mais evidentes.12 Mulheres com prolapsos em estágios iniciais podem não apresentar incômodos. Alguns estudos apontam que “marco anatômico” para que o prolapso se torne sintomático, é o hímen.1,12 Sintomas de pressão, abaulamento ou sensação de “bola na vagina”, geralmente, são características de mulheres com prolapsos em graus mais avançados. Pode haver, ainda, o relato de desconforto durante as relações sexuais, em razão da protrusão da vagina ou mesmo o útero. Ulceração e corrimentos vaginais são sintomas frequentes, à medida que o prolapso se exterioriza e ocorre o traumatismo constante . Sintomas como incontinência urinária de esforço podem coexistir em razão da perda do suporte da parede vaginal anterior, ou ápice vaginal. Pacientes podem ainda apresentar redução do jato ou retenção urinária em função da “dobra” da uretra, podendo às vezes ter que utilizar o dedo para auxiliar no esvaziamento da bexiga. Além disso, mulheres com POP possuem um risco de até cinco vezes maior, comparados a população geral.14 Portadoras de prolapsos de parede posterior da vagina, retoceles e enteroceles, podem, ainda, cursar com constipação e outras alterações da função intestinal, como desconforto à evacuação, evacuações líquidas ou incompletas e auxílio manual para esvaziar o intestino15–17 TRATAMENTO O tratamento para pacientes com prolapso de órgãos pélvicos deve ser sempre individualizado, tendo como meta o alívio dos sintomas. O impacto em sua qualidade de vida, seus anseios e Arq. Catarin Med. 2016 abr-jun; 45(2): 91-101 97 expectativas com relação ao tratamento, não devem ser negligenciados. Tanto o tratamento conservador quanto o cirúrgico devem ser oferecidos, não sendo recomendado o tratamento de mulheres assintomáticas. 1,18 Pacientes que toleram bem ou não desejam ser submetidas à cirurgia, os sintomas podem seguir uma conduta expectante com visitas de rotina ao ginecologista, para avaliar se há piora dos sintomas. Boas alternativas àquelas mulheres que não querem ser operadas ou possuem alguma contraindicação , tais como condições médicas graves que impossibilitem a cirurgia, 1 são os pessários. Próteses de silicone ou látex de diversos formatos, que possuem função de preenchimento e suporte aos orgãos pélvicos. O tratamento dos POPs utilizando pessários é de baixo custo e suas contraindicações ou complicações graves são raras. Sua desvantagem reside no fato de que muitos dos modelos necessitam ser tirados diariamente para limpeza, a fim de que se evite uma infecção.12 Embora a fisioterapia uroginecológica tenha se consolidado como um tratamento efetivo para incontinência fecal e urinária, nos prolapsos genitais ela ainda necessita de estudos mais consistentes. Ensaio clinico randomizado publicado por Hagen e colaboradores, com 447 mulheres que realizaram fisioterapia uroginecológica com sintomas de prolapso de órgãos pélvicos, verificou uma melhora dos sintomas quando comparadas ao grupo controle e mudanças no hábito de vida.19,20 O tratamento cirúrgico é indicado para aquelas mulheres sintomáticas que não desejavam ou cujo tratamento conservador não teve êxito. Há diversos tipos e técnicas para correção, construtivos ou obliterativos , com ou sem uso de telas sintéticas e abordagens abdominal , vaginal e laparoscópica. 21 O objetivo da correção cirúrgica é restaurar a anatomia, aliviar os sintomas e corrigir alterações funcionais dos órgãos pélvicos. Nas mulheres em idade reprodutiva que desejam engravidar, indicam-se cirurgias conservadoras, preservando o útero. Em todas as demais, preconizam-se as cirurgias radicais.18,22 A maioria das mulheres com prolapsos sintomáticos são tratadas com procedimentos reconstrutivos. Procedimentos obliterativos são reservados para aquelas mulheres que possuem risco aumentado para longos períodos de cirurgia, ou que não têm mais relação sexual. Na vigência de prolapso apical, pode-se optar por manter o útero ou realizar a histerectomia.23 Em alguns casos, pode ser necessária a correção de diversos compartimentos anatômicos. A escolha da via depende do melhor acesso para a correção, aliada à experiência do cirurgião. Algumas vezes pode ser necessária a combinação de acessos.18 Quando houver incontinência urinária ou fecal, esta deve ser corrigida no mesmo ato da cirurgia para prolapso.21 Arq. Catarin Med. 2016 abr-jun; 45(2): 91-101 98 O uso de telas sintéticas é seguro, quando é usada a via abdominal. O uso de telas para correção de prolapsos por via vaginal têm se tornado popular, no entanto, questões têm sido levantadas quanto à segurança destes materiais e seu uso na via vaginal. Dados relacionados à eficácia e segurança do uso destes materiais são conflitantes. Esta incerteza torna difícil saber se estes procedimentos melhoram os resultados da cirurgia e se essas melhoras compensam os riscos de complicações.24 CONCLUSÕES O prolapso de órgãos pélvicos é um problema significativo em saúde feminina. A paciente com prolapso deve ser examinada com especial atenção aos sintomas e correlação anatômica. Fatores de risco para o desenvolvimento da doença devem ser explorados como forma de atuar na história natural da doença. O tratamento deve ser individualizado para cada paciente. Mais estudos devem ser feitos a fim de se estabelecer o papel da prevenção e da mudança do estilo de vida na doença. REFERÊNCIAS 1. Jelovsek JE, Maher C, Barber MD. Pelvic organ prolapse. Lancet. 2007;369:1027–38. 2. Barber MD, Maher C. Epidemiology and outcome assessment of pelvic organ prolapse. Int Urogynecol J [Internet]. 2013 Nov [cited 2013 Nov 3];24(11):1783–90. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24142054 3. Smith FJ, Holman CDJ, Moorin RE, Tsokos N. Lifetime risk of undergoing surgery for pelvic organ prolapse. Obstet Gynecol [Internet]. 2010 Nov [cited 2013 Nov 3];116(5):1096–100. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20966694 4. Wu JM, Kawasaki A, Hundley AF, Dieter A a, Myers ER, Sung VW. 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