Anais da VI Semana de Medicina Veterinária SEMVET – UFAL, v. 2, 2019 PENECTOMIA TOTAL EM JABUTI-PIRANGA (Chelonoidis carbonaria SPIX, 1824) – RELATO DE CASO OLIVEIRA, L. H. J.1; VIEIRA, M. P. S.1; OLIVEIRA, M. R.1; ARAGÃO, N. da S.; GONÇALVES, M. C.2; SCHAFFER, M. P. H.2; LIMA, V. F. S.2 1. Discente em Medicina Veterinária, Universidade Federal de Sergipe, Campus do Sertão, Nossa Senhora da Glória, Sergipe, Brasil. 2. Docente do Núcleo de Graduação em Medicina Veterinária, Universidade Federal de Sergipe, Campus do Sertão, Nossa Senhor da Glória, Sergipe, Brasil. *e-mail: [email protected] Introdução: Os jabuti-piranga (Chelonoidis carbonaria), também conhecidos como Testudines, fazem parte da criação cultural de animais no Nordeste brasileiro e constituem parte da casuística médica veterinária de animais silvestres. Uma alteração comum nos machos desta espécie é o priapismo, uma condição resultante de acidentes no momento da cópula, devido a movimentação repentina dos animais, estiramento do órgão, traumas, hiperparatireoidismo, problemas neurológicos, parasitas intestinais, cálculo vesical ou cloacal. Sendo recomendada a intervenção cirúrgica para amputação peniana. Objetivo: Descrever um caso de penectomia total realizada em um jabuti-piranga (C. carbonaria). Relato do caso: Um jabuti-piranga macho, de 900 gramas e 2 anos de idade, foi resgatado pelo IBAMA e encaminhado para atendido na Universidade Federal de Sergipe, campus do Sertão pelo Grupo de Estudos em Animais Silvestres (GEAS SERTÃO) para avaliação clínica e posteriormente cirurgia após observação de prolapso peniano com processo inflamatório, incapacidade retrátil, odor fétido, escoriações, crostas e pontos de necrose. Como protocolo anestésico foi administrado uma associação de Cetamina (10 mg/kg/IM) e Diazepam (0,5 mg/kg/IM), para posterior limpeza e lavagem do pênis, cloaca e região de casco e plastrão. Em seguida foi realizada a cateterização da veia jugular para fluidoterapia e administração de Propofol (5 mg/kg). Após indução anestésica, procedeuse a intubação orotraqueal com sonda 2 mm para oxigenação durante o período operatório, seguido da anestesia epidural intercoccígea (Cc1-Cc2) e administração de Lidocaína 2% (0,1 ml/5 cm de carapaça). Para realização do procedimento cirúrgico o animal foi posicionado em decúbito. Após antissepsia da regiao pericloacal e dos apê ndices peĺ vicos houve exposiç ao completa do pê nis. A parte desvitalizada foi isolada do campo cirúrgico por compressas estéreis. Os corpos cavernosos foram progressivamente incisados ao passo que a base do pênis, na região do proctodeu, foi suturada em padrão Cushing com fio 4-0. A hemostasia foi realizada com ligadura circular em continuidade ao padrão invaginante. No pós-operatório imediato, o animal recebeu Meloxicam (0,2 mg/kg/IM) e Butorfanol (0,5 mg/kg/IM) e foi mantido com compressas aquecidas para o auxílio na termorregulação. Resultados: Após vinte e seis minutos do término do procedimento cirúrgico o paciente já apresentava sinais de locomoção espontânea. No pós-operatório, o animal recebeu Enrofloxacina (10 mg/kg/IM/uma vez ao dia durante três dias), Meloxicam (0,2 mg/kg/IM/uma vez ao dia durante três dias) e hidratação oral até retorno de alimentação. O animal foi reavaliado ao sétimo dia pós-cirurgia, sendo observado melhora clínica. Discussão: O paciente deste relato recebia uma alimentação e manejo inadequado para a espécie, sendo estes, prováveis fatores que influenciaram no surgimento do prolapso peniano (OLIVEIRA et al., 2015). Neste caso o diagnóstico do prolapso peniano foi realizado por meio do exame Anais da VI Semana de Medicina Veterinária SEMVET – UFAL, v. 2, 2019 físico, como o recomendado por Martínez-Silvestre et al. (2015). A técnica cirúrgica utilizada neste relato foi a amputação total do pênis, a qual não interfere na micção do animal por não haver conexão do sistema urinário com o reprodutor no canal cloacal, e não necessita da sutura das margens da uretra com a mucosa ou pele circundante (OLIVEIRA et al., 2015). No pós operatório foi recomendado a utilização de antibióticos, analgésicos e anti-inflamatórios, e apesar da possibilidade de reincidiva, o paciente deste relato obteve melhora e alta clínica. Conclusão: A penectomia foi um procedimento eficaz no tratamento do prolapso peniano do jabuti, sendo imprescindível o conhecimento anatômico, cirúrgico e terapêutico recomendados à espécie. Vale ressaltar que este procedimento torna-o incapaz de ter uma vida reprodutiva. Palavras-chave: quelônios, prolapso peniano, tratamento cirúrgico.