IGOR KNABBEN ESTUDO COMPARATIVO ENTRE ALONGAMENTO ESTÁTICO PASSIVO E FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA EM RELAÇÃO AO AUMENTO DA FLEXIBILIDADE DE ISQUIOTIBIAIS EM UNIVERSITÁRIAS SAUDÁVEIS DA UNISUL Tubarão, 2005 IGOR KNABBEN ESTUDO COMPARATIVO ENTRE ALONGAMENTO ESTÁTICO PASSIVO E FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA EM RELAÇÃO AO AUMENTO DA FLEXIBILIDADE DE ISQUIOTIBIAIS EM UNIVERSITÁRIAS SAUDÁVEIS DA UNISUL Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Fisioterapia como requisito a obtenção do titulo de bacharel em fisioterapia. Universidade do Sul de Santa Catarina Orientador: Prof. Especialista Fernando Soldi Tubarão, 2005 IGOR KNABBEN ESTUDO COMPARATIVO ENTRE ALONGAMENTO ESTÁTICO PASSIVO E FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA EM RELAÇÃO AO AUMENTO DA FLEXIBILIDADE DE ISQUIOTIBIAIS EM UNIVERSITÁRIAS SAUDÁVEIS DA UNISUL Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Fisioterapia como requisito a obtenção do titulo de bacharel em fisioterapia. Universidade do Sul de Santa Catarina Tubarão, 2005 ________________________________________ Prof. Esp. Fernando Soldi Universidade do Sul de Santa Catarina _________________________________________ Profª. Esp. Inês Alessandra Xavier Lima Universidade do Sul de Santa Catarina _________________________________________ Prof. Msc. Paulo Madeira Universidade do Sul de Santa Catarina AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, fonte de sabedoria e paz e que vem me iluminando durante toda esta trajetória. Aos meus pais que nunca me negaram a oportunidade de estudo e sempre me apoiaram para o termino deste estudo. Ao meu irmão Allan Knabben (Toko), que sacrificou suas horas no Messenger para que eu pudesse dar prosseguimento deste estudo fazendo uso do computador. Ao meu orientador Fernando Soldi pela sua paciência, compreensão e sabedoria infinita transmitidos a mim durante esta caminhada. Ao professor e grande amigo Ralph, pelos artigos e sites enviados, os quais foram de extrema importância para a conclusão deste trabalho. Não poderia deixar de lembrar do Professor Paulo Madeira, pela paciência e disposição em me auxiliar com todas aquelas formulas estatísticas. Meus grandes amigos de todas as noites de clinica, Diogo Thizon (fibro), Fernando (HI-HI) de Souza e Rodrigo Felix (abadaf) que sempre de um modo ou de outro deram forças para não desistir nunca. E não posso deixar de agradecer a todas as meninas que se dispuseram a fazer parte da minha amostra, mesmo que em momentos meio inoportunos. “A maior recompensa de nosso trabalho não é o que nos pagam por ele, mais aquilo em que ele nos transforma.” (John Ruskin) DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais Edison Knabben e Jane Maria Bento Knabben que sempre estiveram ao meu lado com todo apoio e compreensão. E também a Albani (tia), uma pessoa muito especial que me acompanha desde a infância sempre com muito amor e dedicação incansável. RESUMO Os músculos isquiotibiais atuam predominantemente na postura. Encurtamentos deste grupo muscular causados por posturas inadequadas podem gerar limitação da ADM e prejuízos posturais o que dificulta a realização de tarefas diárias e aumenta o risco de lesões. Esta pesquisa teve como objetivo verificar dentre as técnicas de alongamento estático passivo e Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP), qual se torna mais eficaz para o aumento da flexibilidade do grupo muscular isquiotibiais em universitárias saudáveis. Participaram da pesquisa 36 indivíduos do sexo feminino, escolhidos por estarem no local da coleta de dados. Estes foram divididos em três grupos: G1- grupo controle (12), G2- alongamento estático passivo (12) e G3- FNP(12). Para verificar a flexibilidade dos isquiotibiais no período pré e pós-exercício de alongamento foi utilizado a Goniometria de quadril e joelho a 90°, teste do Tripé, Finger-Floor e Banco de Wells. Para análise dos dados utilizou-se o teste não-paramétrico de Wilcoxon para amostras dependentes e independentes com α= 5%. Comparando os grupos de alongamento estático passivo e FNP notou-se que ambos obtiveram resultados estatisticamente significantes, exceto no teste Goniometria de quadril e joelho a 90°, onde FNP demonstrou maior efetividade. Conclui-se então, que tanto o método de alongamento estático passivo como o FNP geram aumentos agudos da flexibilidade músculoarticular, sendo estas equivalentes de acordo com os achados deste estudo. Palavras-chave: alongamento estático, Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva, isquiotibiais. ABSTRACT The hamstring muscles act predominantly in the posture. Thightness of this muscular group caused by inadequate postures can generate limitation of range of motion and damages posturais that it hinders the accomplishment of daily tasks and it increases the risk of lesions. The purpose of the current study was to verify between the techniques of passive static stretching and Proprioceptive Neuromuscular Facilitation(PNF), which if it turns more effective for the increase of the flexibility of the hamstring muscles in healthy university students. The study participants consisted of 36 individuals which were invited to participate for they be at the place of the collection of data. They were divided in three groups with twelve individuals each: G1 - group control (12), G2 passive static stretching (12) and G3 – PNF (12). An evaluation record was used containing the tests of hamstribg flexibility to be accomplished in the period pré and stretching powder-exercise: Hip Goniometria and knee to 90°, test of the Tripod, Finger-Floor and Bank of Wells. The non-parametric test of Wilcoxon was accomplished for samples dependent and independent with the = 5%. Comparing the groups of passive static stretching and PNF is noticed that both obtained resulted significant statistic, but just in the test hip Goniometria and knee to 90° PNF demonstrated larger effectiveness. It is ended then, both the method of passive static stretching and PNF they generate sharp increases of the flexibility to muscle-articulate, being these equivalent techinics. Key-words: static stretching, Proprioceptive Neuromuscular Facilitation, Hamstrings. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Fibra muscular.................................................................................................19 Figura 2: Fuso muscular..................................................................................................21 Figura 3: Órgão Tendinoso de Golgi...............................................................................23 Figura 4: Goniometria de quadril e joelho a 90º..............................................................36 Figura 5: Finger-Floor.....................................................................................................36 Figura 6: Banco de Wells................................................................................................37 Figura 7: Teste do Tripé..................................................................................................38 Figura 8: Aquecimento muscular....................................................................................39 Figura 9: Alongamento estático passivo de isquiotibiais................................................40 Figura 10 A: Alongamento utilizando FNP D1...............................................................41 Figura 10 B: Alongamento utilizando FNP D2.............................................................................41 LISTA DE TABELAS Tabela 1: média, desvio padrão (D.P) e Wilcoxon para o teste do Tripé nos grupos G1, G2 e G3 no pré e pós-teste...............................................................................................43 Tabela 2: média, desvio padrão (D.P) e Wilcoxon para o teste Finger-Floor nos grupos G1, G2 e G3 no pré e pós-teste.......................................................................................43 Tabela 3: média, desvio padrão (D.P) e Wilcoxon para o teste do tripé nos grupos G1 e G2 no pré e pós-teste.......................................................................................................44 Tabela 4: média, desvio padrão (D.P) e Wilcoxon para o teste Finger-Floor nos grupos G1 e G2 no pré e pós-teste...............................................................................................45 Tabela 5: média, desvio padrão (D.P) e Wilcoxon para o teste Banco de Wells nos grupos G1 e G2 no pré e pós-teste...................................................................................46 Tabela 6: média, desvio padrão (D.P) e Wilcoxon para o teste Goniometria de quadril e joelho a 90° nos grupos G1 e G2 no pré e pós-teste........................................................46 Tabela 7: média, desvio padrão (D.P) e Wilcoxon para o teste Goniometria de quadril e joelho a 90° nos grupos G1 e G3 no pré e pós-teste........................................................46 Tabela 8: média, desvio padrão (D.P) e Wilcoxon para o teste do Tripé nos grupos G1 e G3 no pré e pós-teste.......................................................................................................47 Tabela 9: média, desvio padrão (D.P) e Wilcoxon para o teste Finger-Floor nos grupos G1 e G3 no pré e pós-teste. .............................................................................................47 Tabela 10: Tabela 10: média, desvio padrão (D.P) e Wilcoxon para o teste Goniometria de quadril e joelho a 90° nos grupos G2 e G3 no pré e pós-teste....................................48 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................13 2 ASPECTOS IMPORTANTES SOBRE ANATOMIA, FLEXIBILIDADE E ALONGAMENTO MUSCULAR................................................................................17 2.1 Anatomia fisiológica do músculo esquelético........................................................17 2.1.1 .Receptores musculares..........................................................................................19 2.1.1.1 Fuso muscular......................................................................................................20 2.1.1.2 Orgão Tendinoso de Golgi (OTG).......................................................................21 2.2 Definindo flexibilidade............................................................................................23 2.2.1 Princípios para ganho e manutenção da flexibilidade............................................24 2.2.2 Limitações da flexibilidade articular......................................................................25 2.3 Definindo alongamento muscular..........................................................................27 2.3.1 Tipos de alongamento.............................................................................................28 2.3.1.1 Alongamento estático..........................................................................................29 2.3.1.2 Alongamento balístico.........................................................................................30 2.3.1.3 Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP)..............................................30 2.3.2 Benefícios com a prática de alongamento muscular..............................................32 3 DELINEAMENTO DA PESQUISA.........................................................................33 3.1 Tipo de pesquisa......................................................................................................33 3.2 População/amostra..................................................................................................34 3.3 Instrumentos............................................................................................................35 3.4 Procedimentos para coleta de dados......................................................................38 3.5 Procedimentos para analise e interpretação dos dados.......................................41 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS.................................................................42 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................50 REFERÊNCIAS.............................................................................................................52 APÊNDICES..................................................................................................................58 Apêndice A: Ficha para coleta de dados.........................................................................60 Apêndice B: Termo de consentimento............................................................................62 1 INTRODUÇÃO A correria do dia-dia faz com que cada vez menos reservemos um pequeno espaço de tempo para cuidar de um bem tão valioso e insubstituível, a saúde e harmonia do nosso corpo. Em todas as atividades que realizamos é fundamental um bom equilíbrio muscular com uma flexibilidade satisfatória para que estas atividades relativamente simples não se tornem mais um obstáculo a ser vencido. Desde a antiguidade, o alongamento e o desenvolvimento da flexibilidade tem sido utilizado para atingir vários objetivos. Por um lado à flexibilidade e o alongamento podem ser usados para melhorar o bem-estar de uma pessoa. Por outro lado, pode ser utilizado em detrimento do bem-estar do individuo e causar a morte, como as torturas a fim de punição (ALTER, 1999). Em todas as atividades físicas o movimento perfeito, pressupõe o desenvolvimento de força, pelos vários músculos agonistas, antagonistas e sinérgicos, em que sua flexibilidade, bem como a dos tecidos de suporte e fixação são fundamentais. Boas posturas corporais dinâmicas e estáticas são essenciais para a realização de tarefas diárias, para evitar lesões e economizar energia, o que garante mais disposição e retarda a fadiga (ACHOUR JUNIOR, 2002). A flexibilidade muscular pode ser adquirida ou aprimorada a partir da prática de exercícios de alongamento regularmente utilizando as mais variadas formas de alongamento. Duas destas modalidades são: alongamento estático, “ [...] onde o próprio individuo conduz o grupo musculoarticular lentamente até determinada amplitude, a qual oferece tensão e a mantém durante algum tempo.” (ACHOUR JUNIOR, 2004, p. 242) e Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP), “cujas técnicas envolvem algum padrão de contração e relaxamento alternados dos músculos agonistas e antagonistas com a finalidade de tirar vantagem da resposta dos OTGs.” (HALL, 2005, p.130). A soma do período de tempo em que se permanece em uma postura incorreta durante o dia-dia do ponto de vista anatômico é bem maior que o tempo em que se permanece numa postura de alongamento. Essa idéia pode ser melhor compreendida se pensarmos em universitários, que permanecem por períodos prolongados em postura sentada variando de 4 a 8 horas, favorecendo o aparecimento de encurtamentos musculares como o do grupo muscular isquiotibial. Os músculos isquiotibiais formados pelo bíceps femural, semimenbranoso e semitendinoso são músculos que atuam predominantemente na postura. Encurtamento deste grupo muscular causados por posturas inadequadas podem gerar limitação da ADM em extensão de joelho ou a flexão do quadril/tronco com os joelhos estendidos. Pode ainda diminuir a curvatura lombar, aumentando a carga na coluna e comprometendo a função e a estrutura da coluna lombar (ACHOUR JUNIOR, 2002). A manutenção de bons níveis de flexibilidade nas principais articulações esta associada a benefícios para a prevenção de lesões, problemas posturais e redução de dores musculares, principalmente em região dorsal e lombar (ORTIZ; MELLO, 2004). Conforme Baltaci et al (2003, p. 59), “a integridade dos isquiotibiais e a flexibilidade da coluna lombar pode prevenir danos músculo-esqueleticos agudos e crônicos, problemas lombares, desvios posturais, alterações da marcha e riscos de queda”. Bandy e Irion (1994), afirma que a flexibilidade precária é um dos mecanismos potenciais para lesões musculares dos isquiotibiais. O encurtamento posterior da coxa leva a uma restrição da extensão do joelho quando o quadril é fletido. Estes músculos são mais susceptíveis a traumatismos pelo fato de transporem duas articulações e de exercerem funções antagonistas no decorrer de um mesmo movimento. Kapandji (1990), acredita que em relação à marcha, os isquiotibiais exercem uma função importante durante a fase de apoio, realizando a extensão do quadril com o apoio do calcanhar. Já durante a corrida são ativos por mais tempo na fase de oscilação e de apoio inicial da marcha “O alongamento é recomendado para prevenir danos e melhorar a performance através da amplitude de movimento (ADM), pelo aumento da flexibilidade.” (KUBO et al 2001, p. 520). Para Ortiz e Mello (2004), a flexibilidade é um importante componente da aptidão física relacionado à saúde, ajudando na eficácia e coordenação em atividades cotidianas, assim como na melhora funcional das habilidades motoras, favorecendo uma técnica de movimento mais eficiente. Cabe então aos profissionais da saúde estimular a prática diária destes exercícios com qualidade e segurança para que possamos retirar desta prática somente seus inúmeros benefícios para com a saúde e bem-estar do corpo como um todo. A pesquisa tem como objetivo verificar dentre as técnicas de alongamento estático passivo e Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP), qual se torna mais eficaz para o aumento da flexibilidade do grupo muscular isquiotibiais em universitárias saudáveis: verificar se há aumento da flexibilidade utilizando o alongamento estático passivo de isquiotibiais em universitárias saudáveis; verificar se há aumento da flexibilidade utilizando a técnica de alongamento conhecida como Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP) para o grupo muscular isquiotibiais em universitárias saudáveis e comparar qual técnica de alongamento de isquiotibiais é mais efetiva para o aumento da flexibilidade em universitárias saudáveis. Esta pesquisa caracteriza-se como um estudo comparativo experimental, com uma amostra de 36 indivíduos do sexo feminino com idades entre 18 e 25 anos, sendo estes universitários do campus de Tubarão. A amostra foi dividida em três grupos com doze indivíduos cada, e nestes foram realizados os protocolos determinados para cada grupo. A pesquisa foi dividida em cinco capítulos, sendo os resultados e discussão expostos no capítulo quatro. 2 ASPECTOS IMPORTANTES SOBRE ANATOMIA, FLEXIBILIDADE E ALONGAMENTO MUSCULAR Com base na literatura atual disponível, serão expostos pontos a se considerar antes da realização ou prescrição de uma técnica de alongamento muscular com o intuito de aumentar a flexibilidade músculo-articular sem acarretar danos ou prejuízos ao individuo. 2.1 Anatomia fisiológica do músculo esquelético “Os músculos e grupos musculares são arranjados de modo que possam contribuir individualmente ou coletivamente para produzir um movimento muito pequeno ou um muito amplo e potente.” (HAMILL; KNUTZEN, 1999, p. 72). Para entender a função muscular, é preciso primeiro examinar a organização estrutural do músculo a partir da anatomia macroscópica externa até seu nível microscópico de ação muscular. Cada fibra muscular esquelética é formada em sua disposição paralela por todo o comprimento do músculo por centenas de miofibrilas também dispostas na mesma direção. Estas por sua vez constituídas por milhões de diminutos filamentos de actina e miosina. O arranjo desses filamentos protéicos confere aspecto estriado ao músculo esquelético. Actina e miosina se fixam através de seu ponto médio a uma membrana intracelular conhecida como membrana Z, esta fixada a membrana muscular da fibra muscular. A parte da fibra muscular situada entre duas membranas Z sucessivas é o sarcômero. Quando os filamentos de actina e miosina deslizam entre si o comprimento do sarcômero encurta, tornando-o conhecido como a unidade contrátil do músculo esquelético (GUYTON, 1988) (figura 1). Cada fibra muscular é inervada por um motoneuronio simples, o qual termina próximo ao meio da fibra muscular. Um motoneurônio e todas as fibras que ele inerva são coletivamente denominados unidade motora. A sinapse, ou a fenda, entre um motoneuronio simples e uma fibra muscular, é denominada junção neuromuscular. É nesse local que ocorre a comunicação entre os sistemas nervoso e muscular, ocorrendo a estimulação dos motoneurônios, iniciando o processo de contração muscular (ANDREWS; HARRELSON; WILK, 2000). Figura 1: fibra muscular. Fonte: Hall (2005, p. 143). 2.1.1 Receptores musculares O aumento ou manutenção da flexibilidade envolve o alongamento dos ligamentos e dos músculos que limitam sua flexibilidade. Varias são as abordagens utilizadas para o alongamento destes tecidos, com alguns sendo mais efetivos que outras em virtude das respostas neuromusculares diferenciais induzidas (HALL, 2005). As terminações musculares são mecanoceptores da sensibilidade tecidual profunda, que detectam deformação mecânica (KAVALCO, 1998). Os músculos e tendões têm uma quantidade abundante de dois tipos especiais de receptores: os fusos musculares e os órgãos tendinosos de Golgi (OTG). 2.1.1.1 Fuso muscular Os fusos são estruturas alongadas, com comprimento variável entre 4 a 10 mm e compostas de feixes de pequenas fibras musculares conhecidas como fibras intrafusais, não tendo quaisquer elementos contrateis. Estas são localizadas paralelas às fibras extrafusais, o componente muscular produtor de força, e fixam-se em ambas as extremidades das fibras extrafusais ou dos tendões musculares (JONES, 2001). O fuso pode ser excitado de duas maneiras diferentes: pelo estriamento de todo o músculo ou pela contração das porções terminais das fibras intrafusais (KAVALCO, 1998). Conforme Hall (2005), observa-se dois tipos de terminações sensoriais na região receptora do fuso muscular: fusos primários, que respondem tanto ao grau de alongamento muscular quanto ao ritmo deste alongamento (resposta dinâmica); fusos secundários, o qual só responde ao grau de alongamento (resposta estática). De acordo com Achour Junior (2002, p. 308), “funcionalmente o fuso muscular informa sobre a respeito da extensão, velocidade, aceleração e desaceleração das fibras musculares, e possivelmente com menor efetividade informa sobre a contração muscular.” O mecanismo de ativação do fuso muscular é fundamentado por Hall (2005, p. 127), concluindo que “[...] a resposta de ativação dos fusos inclui a ativação do reflexo de alongamento e a inibição da elaboração de tensão do grupo dos músculos antagonistas”, fenômeno conhecido como inibição recíproca. O reflexo de alongamento também conhecido como reflexo miotático, é provocado pela ativação dos fusos em um músculo alongado (figura 2). Figura 2: fuso muscular. Fonte: Lent (2004, p. 358). 2.1.1.2 Orgão Tendinoso de Golgi (OTG) Os órgãos tendinosos de Golgi (OTG) são receptores sensoriais localizados na junção musculotendinosa e nos tendões em ambas as extremidades dos músculos. “Ao contrario do que seu nome possa fazer crer, não se encontram nos tendões, mas na extremidade das fibras musculares, nas aponeuroses peri e intramusculares.” (BIENFAIT, 2000, p. 37). Aproximadamente 10 a 15 fibras musculares estão conectadas em linha direta, ou em série com cada OTG (HALL, 2005). É uma coleção de fascículos de colágeno em forma de fuso, cercada por uma cápsula que continua para dentro dos fascículos criando compartimentos. As fibras de colágeno são conectadas diretamente com as fibras extrafusais do músculos (HAMILL; KNUTZEN, 1999). Para Kavalco, (1998), o órgão tendinoso têm uma resposta dinâmica e uma resposta estática, respondendo com intensidade quando a tensão do músculo aumenta subitamente, mas dentro de uma pequena fração de segundo ele se acomoda em um nível inferior de disparo constante, que é quase diretamente proporcional à tensão muscular. Assim, o órgão tendinoso de Golgi proporciona ao sistema nervoso uma informação instantânea do grau de tensão de cada pequeno segmento de cada músculo. Para Bienfait (2000), estes órgãos são sensibilizados pela tensão do músculo, seja ela causada por um alongamento mecânico ou pela própria contração muscular. Tanto a tensão produzida por um alongamento passivo como a advinda de uma contração muscular pode estimular o OTG, porem o limiar para a estimulação para o alongamento passivo é muito mais alto (HALL, 2005). “Os OTGs respondem através de suas conexões neurais inibindo o desenvolvimento de tensão nos músculos ativados e desencadeando o desenvolvimento de tensão nos músculos antagonistas.” (HALL, 2005, p. 127). Hamill e Knutzen (1999), acredita que a resposta do OTG pode ser inibida em circunstancias extremas, como quando uma mãe levanta um carro que esta em cima de seu filho (figura 3). Figura 3: Órgão Tendinoso de Golgi. Fonte: Lent (2004, p.360). 2.2 Definindo flexibilidade Segundo Kisner e Colby (1998), para desempenhar a maioria das tarefas cotidianas funcionais, assim como atividades ocupacionais e recreativas, é necessária uma amplitude de movimento sem restrições e sem dor. Fredette (2003, p. 466), caracteriza flexibilidade como “a capacidade imediata de adaptar-se às necessidades novas e diferentes ou variáveis e se aplica mais especificamente à amplitude de movimento que ocorre em uma articulação ou uma serie de articulações.” Essa afirmação pode ser completada por Pedralli (2002), que define flexibilidade como uma qualidade física responsável pela execução voluntária de um movimento de amplitude angular máxima, por uma articulação ou por um conjunto de articulações dentro dos limites morfológicos, sem risco de provocar lesões. “Uma flexibilidade aumentada aprimora a fluidez, a naturalidade, a coordenação e a responsividade de movimento.” (FREDETTE, 2003, p. 466). A flexibilidade depende de inúmeras variáveis especificas, tais como a distensibilidade da cápsula articular, aquecimento adequado e viscosidade muscular. Alem disso, a tensão de vários outros tecidos, como ligamentos e tendões, afeta a amplitude de movimento (BOLODY et al, 2004). 2.2.1 Princípios para ganho e manutenção da flexibilidade Para manter uma flexibilidade considerável ou adquiri-la é preciso tomar por habito a prática diária de exercícios de alongamento. Há uma controvérsia entre autores sobre a prática de tais exercícios. Webright, Randolph e Perrin (1997), acreditam que a prática diária de alongamento estático realizado duas (2) vezes ao dia por 30 segundos é suficiente para aumentar a amplitude de movimento. Já Bandy, Irion e Briggler (1997), fundamentam que a prática de alongamento uma vez por dia é suficiente para aumentar a amplitude de movimento. Por fim Bolody et al (2004), propõe sobre quantidade e qualidade no desenvolvimento e manutenção dos exercícios de flexibilidade, baseado nas crescentes evidencias nos benefícios dos mesmos, como a melhoria da performance muscular, amplitude de movimento e da flexibilidade músculo tendinea através dos mecanismos proprioceptivos de reflexos inibitórios e de sua viscosidade. Recomenda-se para o método estático a manutenção da postura por um período de 10 a 30 segundos de duração num ponto de desconforto médio, o método FNP utiliza a contração isométrica por um período aproximado de 6 segundos para o aumento e manutenção da flexibilidade com uma freqüência de 2 a 3 sessões por semana. 2.2.2 Limitações da flexibilidade articular Basicamente a flexibilidade é resultante da capacidade de elasticidade demonstrada pelos músculos e os tecidos conectivos, combinados à mobilidade articular, com isso, a manutenção de uma boa elasticidade dos tecidos muscular e conectivo, poderá garantir a manutenção de níveis desejados de flexibilidade (HALL, 2005). Diversos são os fatores capazes de influenciar diretamente os níveis de flexibilidade, como o gênero, idade, temperatura corporal e estado de treinamento. Há alguns outros aspectos como a pele, tecido conjuntivo e volume muscular gerando uma limitação mecânica em pessoas com hipertrofia muscular, impedindo por exemplo, uma maior flexão do cotovelo devido ao volume exacerbado do bíceps braquial que exercem influencia sobre este tipo de parâmetro (ORTIS; MELLO, 2004). Além desses fatores, acredita-se que a estrutura das superfícies articulares e a elevada concentração de tecido adiposo em torno das articulações, influenciem de forma negativa os níveis de flexibilidade articular, possivelmente esse comprometimento da flexibilidade em determinadas articulações deve estar atrelado a um aumento do atrito entre as superfícies articulares, reduzindo a capacidade da amplitude articular (ACHOUR JUNIOR, 2002). Em geral as mulheres têm demonstrado maiores níveis de flexibilidade do que os homens, independente da idade, essas diferenças se mantêm ao longo de toda vida (ORTIS; MELLO, 2004). Achour Junior (2002), considera que essas diferenças são provenientes de uma maior capacidade de estiramento e elasticidade da musculatura e dos tecidos conectivos no sexo feminino. Independente do sexo, vários autores têm descrito que a flexibilidade decresce com a idade (ALTER, 1999; HALL, 2005; ORTIS; MELO, 2004). Por sua vez Halar e Bell (2002), apontam que um decréscimo mais acentuado só é verificado a partir dos 30 anos. Esta redução parece estar estreitamente associada a uma diminuição da capacidade de estiramento dos tendões, ligamentos e músculos, devido a uma perda de água, fibras elásticas, mucopolissacarídeos. Por outro lado, Hall (2005) associa esta redução mais a um decréscimo nos níveis de atividade física decorrente do avanço da idade do que ao processo de envelhecimento. De fato, à medida que ficamos mais velhos, ocorre, no geral, uma menor capacidade de estiramento das estruturas musculares e tendinosas. Por outro lado, um programa de treinamento sistemático pode retardar ou influenciar positivamente os fatores que determinam a flexibilidade articular (ALTER, 1999). Assim, indivíduos fisicamente ativos normalmente apresentam uma melhor flexibilidade do que indivíduos inativos. Para este grupo, parece ocorrer um encurtamento dos tecidos colágenos, tornando-os mais rígidos, com isso acarretando na diminuição da capacidade de elasticidade (POLLOCK; WILMORE, 1993). O principal componente estrutural de todo tecido conectivo é determinado pela fibra colágeno, este é sintetizado por fibroblastos e tem capacidade de regenerar-se ao longo da vida, mesmo em situações de trauma e inflamação (HALAR; BELL, 2002). Verzar apud Alter (1999), registrou que o colágeno é tão inextensível que um peso superior ao seu próprio peso em 10.000 vezes pode não ser suficiente para estendê-lo. Uma fibra de 1 mm mantém um peso de 10 kg sem ruptura. Achour Junior (2002). Afirma que com o estilo de vida pouco ativo, o envelhecimento, a imobilização e as doenças neuromusculares diminuem o tamanho e a quantidade de tecido colágeno. Conseqüentemente o tecido muscular enfraquece e a elastina aumenta proporcionalmente. Uma vida ativa é primordial para manter a homeostase entre a síntese de colágeno e sua degradação. A síntese do colágeno depende da habilidade da célula em transmitir a força mecânica dentro de uma ação bioquímica. A fáscia tem sido descrita como o tecido mais penetrante no corpo, representando uma rede tridimensional da cabeça aos pés (BIANCHINI; MOREIRA, 2003). A fáscia compreende cerca de 30% da massa muscular, quantidade considerada significativa para alterar a densidade e o comprimento muscular, por meio de exercícios de força e alongamento (BIANCHINI; MOREIRA, 2003). Achour Junior (2002), completa afirmando que a amplitude de alongamento certamente depende também da elasticidade e plasticidade da fáscia. Sem essa extensibilidade, não é possível conceber um movimento bem coordenado, o que pode repercutir em tensão e dor. 2.3 Definindo alongamento muscular “O desempenho ótimo, não é um acaso, mas uma construção prática bem elaborada. Ou seja, a flexibilidade é uma capacidade motora que pode ser mantida ou desenvolvida com exercícios de alongamento.” (ACHOUR JUNIOR, 2004, p. 280). Macedo e Gusso (2004, p. 28), definem alongamento como “um conjunto de técnicas que visam a manter e aumentar a amplitude de movimento dentro dos limites naturais da mobilidade articular.” É um termo geral usado para descrever qualquer manobra terapêutica elaborada para aumentar o comprimento de estruturas de tecidos moles e desse modo aumentar a amplitude de movimento (KISNER; COLBY, 1998). Pinfildi, Prado e Liebano (2004), afirmam ser o alongamento uma das técnicas mais utilizadas na fisioterapia para se obter um aumento da ADM por meio do aumento da flexibilidade, também atuando na diminuição do tônus, encurtamento e espasmo muscular, alem de ser utilizado para preparar a musculatura antes de exercícios físicos, evitando assim, lesões musculares. O que precisamos ter em mente é que o alongamento é benéfico e potencialmente agradável. Também deve ser salientado que a qualidade do alongamento e não a quantidade é que posteriormente determina o grau de flexibilidade (ALTER, 1999). Para Rosário, Marques e Maluf (2004), o alongamento muscular permite que o músculo recupere seu comprimento, necessário para manter um alinhamento postural correto e a estabilidade articular, garantindo principalmente a integridade e a função muscular. Não há um consenso sobre a duração a qual deve ser mantida a posição de alongamento para este se tornar mais efetivo, porem o American College of Sports Medicine (2004), propõe que o alongamento deve ter uma duração de 10-30 segundos para se tornar eficaz. 2.3.1 Tipos de alongamento Nelson e Bandyt (2004), citam que na literatura existem três tipos de alongamento tradicionalmente bem definidos como um esforço que tende a aumentar a flexibilidade: alongamento estático, alongamento balístico e Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP). Todos os três métodos fazem com que ocorra aumento da amplitude de movimento após sua execução (ROBERTS; WILSON, 1999). 2.3.1.1 Alongamento estático Existem diversos tipos de alongamento descritos na literatura dentre os quais se destaca o alongamento estático (DANTAS, 1999). Os tipos de alongamento estático incluem o método passivo, ativo-assistido e ativo. Um alongamento estático é lento e sustentado a fim de aumentar a movimentação de uma determinada articulação quando um segmento é manipulado em relação a outro segmento (FREDETTE, 2003). Castro e Simão (2001), completam acrescentando que o método estático com uma movimentação lenta até o limite de desconforto e a posterior manutenção da postura, parece ser o mais difundido pela sua facilidade de aplicação, aprendizado, menores riscos de lesões e eficiência. Ainda Ortiz e Mello (2004), acrescentam que devido o baixo risco de lesão e pouco tempo de prática para se obter bons resultados são razões que tornam o método estático o mais recomendado dentre os métodos de alongamento. Vujnovich e Dawson (1994) apud Castro e Simão (2001), citam que este método consegue diminuir a excitabilidade do motoneurônio alfa, em função da menor velocidade, criando melhores adaptações aos tecidos musculares e conjuntivo favorecendo as propriedades mecânicas. Outro fator abordado é o menor consumo energético, com diminuição do sofrimento muscular, favorecendo o relaxamento e o alivio de algias. 2.3.1.2 Alongamento balístico Alongamento balístico é uma técnica que envolve um ritmo e um movimento oscilatório (NELSON; BANDYT, 2004). Este tipo de alongamento utiliza o movimento dos segmentos corporais para estender repetidamente a posição de um segmento articular até ou além dos extremos de sua ADM, onde a posição alongada final não é mantida. Uma vez que o alongamento balístico ativa o reflexo de estiramento e resulta na elaboração imediata de tensão no músculo que esta sendo alongado, podem ocorrer micro-lesões deste tecido (HALL, 2005). Devido à rapidez e a força natural do alongamento balístico, que teoricamente podem exceder a extensibilidade limite do músculo e com isso causar uma lesão, faz com que não seja bem aceito na literatura (ROBERTS; WILSON, 1999). 2.3.1.3 Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP) O método Kabat ou facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) consiste em uma filosofia de tratamento criada pelo Dr. Herman Kabat na década de 40 e tem como objetivo principal auxiliar o paciente a alcançar seu maior nível funcional. Os procedimentos e as técnicas da FNP são baseados principalmente no trabalho de Sherrington (1947) no qual foram definidos os conceitos de efeito pós-descarga, somatório temporal, somatório espacial, irradiação, indução sucessiva e inervação recíproca (MORALES; CARVALHO; GOMES, 2003). Carvalho (1995, p. 33), afirma que “[...] a FNP trabalha com cadeias musculares e não com um músculo isolado, e usa o fenômeno de irradiação, ou seja, trabalha-se os músculos mais fracos utilizando-se o potencial dos músculos mais fortes.” Os movimentos das cadeias musculares, ou movimentos em massa, são de características espiral e diagonal, bastante similares aos movimentos das atividades de vida diária, do trabalho e dos esportes. Essas características estão em harmonia com as características espiral e rotatória do sistema esquelético atuando em alavancas com os músculos, articulações e ligamentos, e cada cadeia muscular tem um alinhamento próprio. Em geral, “os métodos de flexibilidade por meio de FNP, combinam alternadamente contração e relaxamento dos músculos agonistas e antagonistas.” (ACHOUR JUNIOR, 2002, p. 362). A técnica impede a contração dos músculos alongados pela inibição dos fusos e pela ativação do OTG. Durante a fase de contração a força exercida relaciona-se ao alongamento do próprio tecido conectivo (ACHOUR JUNOIR, 2002). Durante a atividade motora do funcionamento normal, ocorrem três planos de movimento. Por causa desta relação agonista-antagonista do sistema nervoso, cada componente está associado com um movimento antagônico (HALL ; BRODY, 2001). - Flexão versus extensão - Abdução versus adução nos movimentos das extremidades e laterais do tronco - Rotação interna versus rotação externa Combinações destes componentes trabalham juntas para produzir as diagonais de movimento que compõe o método Kabat para membros inferiores: D1- movimento: dorsiflexão, rotação externa e flexão com adução de quadril; D2- movimento: dorsiflexão, rotação interna e flexão com abdução de quadril. 2.3.2 Benefícios com a prática de alongamento muscular A manutenção de bons níveis de flexibilidade nas principais articulações tem sido comumente associada a: a) maior resistência as lesões; b) menor propensão quanto a incidência de dores musculares, principalmente na região dorsal e lombar; c) prevenção contra problemas posturais (PASSOS ; HUBINGER, 2005). Ainda não se dispõe de informações suficientes que permitam esclarecer a influência da flexibilidade na redução de lesões no sistema músculo-articular, no entanto Hall (2005), afirma que quando os tecidos que atravessam as articulações se mostram menos extensíveis existe maior probabilidade de ocorrer rupturas e estiramentos, sobretudo, quando a articulação é forçada acima do seu arco de movimento normal. Dentre os benefícios dos exercícios de alongamento estão: evita ou elimina o encurtamento musculotendíneo; diminui os riscos de alguns tipos de lesão muscular e articular; aumenta o relaxamento muscular e melhora a circulação sanguínea; melhora a coordenação e evita a utilização de esforços adicionais no trabalho e no desporto; reduz a resistência tensiva muscular antagonista e aproveita mais economicamente a força dos músculos agonistas; libera a rigidez e possibilita melhorar a simetria muscular; evita e/ou elimina problemas posturais que alteram o centro de gravidade, provocando adaptação muscular (HAMILL; KNUTZEN, 1999). 3 DELINEAMENTO DA PESQUISA O delineamento da pesquisa refere-se ao planejamento da pesquisa em sua dimensão mais ampla envolvendo tanto a sua diagramação quanto a sua previsão de análise e interpretação dos dados. Considerando o ambiente onde os dados foram coletados e as formas de controle das variáveis envolvidas (GIL, 1994). 3.1 Tipo de pesquisa A pesquisa caracterizou-se como um estudo comparativo experimental onde de acordo com Gil (1999, p. 34), “[...] o método procede pela investigação de indivíduos, classes, fenômenos ou fatos, com vistas a ressaltar as diferenças e similaridades entre eles.” A pesquisa experimental “[...] está interessada em verificar a relação de causalidade que se estabelece entre as variáveis.” (RUDIO, 1999, p. 72). Quanto ao nível de pesquisa Gil (1999, p. 43), cita que as pesquisas exploratórias “[...] tem como principal finalidade desenvolver, esclarecer ou modificar conceitos e idéias, tendo em vista, a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores”. Ainda Gil (1999, p. 43), “[...] afirma que pesquisas exploratórias são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar uma visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato.” Heerdt, Leonel e Gamez (2005, p. 67), completam, afirmando que “[...] o principal objetivo da pesquisa exploratória é proporcionar maior familiaridade com o objeto de estudo” 3.2 População/amostra A população foi formada por universitárias do sexo feminino, sendo que o motivo para escolha desta população é a grande demanda existente no campus universitário o que favorece a aquisição de amostra. A amostra foi constituída por trinta e seis (36) indivíduos os quais foram convidados a participar da pesquisa por estarem no local da coleta de dados (clínica escola de fisioterapia) e com vestimenta adequada para a realização dos procedimentos. Os mesmos foram divididos em três (3) grupos com doze (12) indivíduos cada. Dentre os critérios de inclusão da amostra estão: etnia branca, possuírem idade entre 18 a 25 anos, serem universitárias, não praticar exercícios físicos mais de 1 vez por semana e não ter historia de doença/trauma ortopédico para que não haja possíveis limitações de movimento. A seleção da amostra referente a cada grupo foi realizada de forma nãoprobabilística por conveniência, onde de acordo com Marconi e Lakatos (1999, p. 53), “[...] não fazendo uso de formas aleatórias de seleção torna-se impossível à aplicação de formulas estatísticas para qualquer fim.” Na amostra por conveniência a seleção das unidades amostrais é deixada em grande parte a cargo do entrevistador. Não raramente entrevistados são escolhidos por se encontrarem no lugar exato e no momento certo (TRIOLA, 1999). A seleção transcorreu da seguinte forma: à medida que os indivíduos chegavam para o teste eram automaticamente agrupados de acordo com a ordem de chegada (1º- grupo controle (G1), 2º- grupo de alongamento estático passivo (G2), 3ºgrupo de alongamento utilizando FNP (G3) e assim sucessivamente). 3.3 Instrumentos Para a coleta de dados foi utilizado uma ficha de avaliação confeccionada pelo autor (apêndice A), contendo os testes de flexibilidade de isquiotibiais a serem realizados no período pré e pós-exercício de alongamento para o mesmo grupo muscular, afim de uma possível comparação. Os testes de flexibilidade de isquiotibiais são: A- Goniometria de quadril e joelho a 90º, conforme Nelson e Bandyt (2004): Figura 4: Goniometria de quadril e joelho a 90º. B- Finger-Floor, conforme Macedo e Gusso (2004): com o paciente em pé com ambos os pés juntos, era solicitado uma flexão de tronco com alinhamento adequado para evitar ao máximo compensar com a coluna toráxica. O individuo permanecia na postura e então era mensurado o espaço em centímetros entre o chão e o terceiro dedo da mão (figura 5). Figura 5: Finger-Floor. C- Banco de Wells, conforme Baltaci et al (2005): utilizando o banco de Wells com escala entre 0-59cm. O individuo sentado com alinhamento adequado de quadril era solicitado a realizar uma flexão de tronco movendo o marcador ate seu limite máximo com o pesquisador mantendo o joelho em completa extensão. Mensurava-se em centímetros a distancia entre o ponto de partida e a distancia alcançada pelo 3º dedo (figura 6 A-B). A Figura 6 A: Banco de Wells. B B: teste utilizando o banco de Wells. D- Teste do Tripé, conforme Magee (2005): o individuo sentado com os MMII ao ar e com flexão de joelho a 90º e correto alinhamento pélvico era solicitado que estendesse o membro até seu limite e mantivera ate a mensuração do ângulo. Esta mensuração foi realizada da seguinte forma: o braço fixo do goniômetro paralelo à superfície lateral do fêmur dirigido para o trocânter maior, o braço móvel paralelo à face lateral da fíbula dirigido para o maléolo lateral e o eixo sobre a linha articular do joelho (figura 7). Figura 7: Teste do Tripé. Para mensurar de forma objetiva os resultados da pesquisa foi utilizado fita métrica com 100 cm e goniômetro com valores entre 0-360º. 3.4 Procedimentos para coleta de dados Antes da realização dos testes o paciente foi devidamente informado sobre os objetivos da pesquisa, assim como riscos e benefícios de se fazer parte da amostra. Também procedeu-se à entrega de um termo de consentimento (apêndice B), para fotos ou qualquer meio de exposição do material. O primeiro passo para a coleta de dados foi a aplicação dos testes de flexibilidade de isquiotibiais. No momento de início dos testes foram dados orientações sobre a posição correta para se proceder com os mesmos, assim como a manutenção da postura de alongamento para o grupo 1 (grupo controle) que apenas realizou os testes, aquecimento muscular e re-testes, grupo 2 (alongamento estático passivo) visto que realizou os testes, aquecimento muscular, alongamento e re-testes e grupo 3 (alongamento através de FNP) que realizou os testes, aquecimento muscular, alongamento e re-testes. Após o término dos testes procedia-se à aplicação dos exercícios de alongamento de isquiotibiais especifico para cada grupo da amostra, o qual era precedido por um aquecimento muscular fazendo uso da bicicleta ergométrica por 5 minutos sem carga (figura 8). Figura 8: Aquecimento muscular. Os indivíduos do grupo 1 (grupo controle- G1), eram apenas solicitados a realizarem os testes de flexibilidade de isquiotibiais, aquecimento muscular e então repetiam-se os testes de flexibilidade. Os indivíduos do grupo 2 (alongamento estático passivo- G2) eram solicitados a ficar na posição decúbito dorsal, com o membro a ser avaliado em extensão de joelho e quadril e o membro contra-lateral em semi-flexo de joelho e quadril. Foi realizado a flexão de quadril até seu limite Máximo suportado com o joelho em extensão ate sentir um desconforto muscular, e então esta postura era mantida por 20 segundos. O procedimento foi realizado 3 vezes com ambos os membros inferiores, com intervalos de 10 segundos entre as repetições conforme literatura pesquisada (figura 9). Figura 9: Alongamento estático passivo de isquiotibiais Os indivíduos do grupo 3 (alongamento utilizando FNP- G3), na posição de decúbito dorsal (DD), onde através de comandos verbais dados pelo idealizador da pesquisa, realizavam com o membro a ter a musculatura alongada as suas diagonais de movimento de membro inferior (D1- movimento: dorsiflexão, rotação externa e flexão com adução de quadril; D2- movimento: dorsiflexão, rotação interna e flexão com abdução de quadril), orientadas através de comandos verbais dados pelo idealizador da pesquisa, e então mantinha-se a posição por 6 segundos. O mesmo exercício foi realizado 3 vezes com ambos os membros inferiores, com intervalos de 10 segundos entre as repetições (figura 10 A-B). A B Figura 10 A: Alongamento utilizando FNP D1. B: Alongamento utilizando FNP D2 Após a realização do alongamento os indivíduos do grupo 2 e 3 refizeram todos os testes de flexibilidade onde foram obtidos novos valores para comparação. 3.5 Procedimentos para análise e interpretação dos dados Foi utilizado o teste não-paramétrico de Wilcoxon para amostras dependentes com um nível de significância de 95% (α= 0,05) para verificar se existe diferença estatística entre avaliação e reavaliação nos grupos G1, G2 e G3. Foi realizado o teste não-paramétrico de Wilcoxon para amostras independentes com um nível de significância de 95% (α= 0,05) para verificar se existe diferença estatística entre os grupos G2 e G3. Os resultados obtidos para uma melhor visualização e entendimento foram dispostos em forma de tabelas utilizando o Microsoft Office Excel 2003. 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS Atualmente não há um consenso sobre a duração e freqüência do alongamento, quando se refere ao aumento da flexibilidade muscular (BANDY; IRION, 1994). O alongamento não se torna eficaz quando utilizado por menos de 6 segundos, mas é eficaz quando utilizado de 15 a 30 segundos com um numero maior de repetições (PINFILDI; PRADO; LIEBANO, 2004). O grupo muscular isquiotibial foi o escolhido para o estudo, pois de acordo com Bandy e Irion (1994, p. 846), “[...] é o principal músculo que sofre encurtamentos com o sedentarismo.” A flexibilidade precária é um dos mecanismos potenciais para lesão musculares dos isquiotibiais. O encurtamento da musculatura posterior da coxa leva a uma restrição da extensão do joelho quando o quadril é fletido. Estes músculos são mais susceptíveis a traumatismos pelo fato de transporem duas articulações e de exercerem funções antagônicas no decorrer de um mesmo movimento. (BANDY; IRION; BRIGGLER, 1997, p. 1092). Após a análise estatística dos dados dos três grupos participantes da amostra notou-se uma diferença significante dos resultados obtidos no pré e pós-teste, sendo que estes variaram de acordo com os testes utilizados para mensuração da flexibilidade. Embora o grupo controle (G1), não tenha sofrido nenhuma intervenção (alongamento), notou-se um aumento estatisticamente significativo da flexibilidade do grupo muscular isquiotibial quando comparado ao outros dois grupos que sofreram a intervenção em dois testes como pode ser observado nas tabelas 1 e 2. Tabela 1: média, desvio padrão (D.P) e Wilcoxon para o teste do Tripé nos grupos G1, G2 e G3 no pré e pós-teste. Grupos G1 G2 G3 Pré- teste Média D.P 67,5 ±9,65 63,67 ±10,25 61,25 ±13,93 Pós-teste Média D.P 72,5 ±6,22 74,17 ±9,49 71,5 ±10,82 ≠ Estatística Sim Sim Sim Tabela 2: média, desvio padrão (D.P) e Wilcoxon para o teste Finger-Floor nos grupos G1, G2 e G3 no pré e pós-teste. Grupos G1 G2 G3 Pré-teste Média D.P 10,34 ±8,88 18,33 ±12,00 21,17 ±13,63 Pós-teste Média D.P 8,83 ±8,53 10,71 ±10,88 13,46 ±14,02 ≠ Estatística Sim Sim Sim Tal fato pode ser explicado ao considerarmos que o aquecimento muscular por si só já provoca um certo grau de liberdade muscular devido ao aumento da temperatura. Achour Junior (2002), afirma que a uma temperatura de 38,8 a 41,6°C as fibras musculares relaxam exigindo menor tensão e tempo para aumento da flexibilidade, evidenciando assim o efeito do aquecimento antes do treino de flexibilidade. Alter (1996), acrescenta afirmando que dentre os efeitos do aquecimento muscular estão o aumento do fluxo sanguíneo, diminuição da sensibilidade do fuso muscular para o alongamento, relaxamento muscular e tecido que sede mais facilmente ao alongamento. Outro fato que pode justificar este aumento seria que as participantes após a realização do primeiro teste, ao refazer o mesmo já o fariam com mais entendimento embora tivessem recebido todas as orientações antes da realização dos mesmos, fazendo com que obtivesse resultados maiores. Na literatura não foi encontrado nada que justifique tal afirmação. Em um estudo descrito por Achour Junior (2004), com nove indivíduos jovens do sexo masculino quando comparados os resultados da avaliação com reavaliação após serem submetidos a um aquecimento muscular de 15 minutos e posteriormente a uma serie de alongamento, não demonstrou diferença significante em relação ao aumento da flexibilidade em quadril, joelho e tornozelo. Ao compararmos os resultados obtidos do grupo controle (G1) com os do grupo que realizou o alongamento estático (G2), nota-se que houve uma melhora significativa da flexibilidade destes indivíduos no teste do Tripé e Finger-Floor, comprovando a eficácia da técnica realizada para o ganho imediato de flexibilidade (tabela 3 e 4). Tabela 3: média, desvio padrão (D.P) e Wilcoxon para o teste do tripé nos grupos G1 e G2 no pré e pós-teste. G1<G2. Grupos G1 G2 Pré-teste Média D.P 67,5 ±9,65 63,67 ±10,25 Pós-teste Média D.P 72,5 ±6,22 74,17 ±9,49 ≠ Estatística Sim Sim Tabela 4: média, desvio padrão (D.P) e Wilcoxon para o teste Finger-Floor nos grupos G1 e G2 no pré e pós-teste. G1<G2. Grupos G1 G2 Pré-teste Média D.P 10,34 ±8,88 18,33 ±12,00 Pós-teste Média D.P 8,83 ±8,53 10,71 ±10,88 ≠ Estatística Sim Sim Os ganhos obtidos demonstram a eficácia da técnica de alongamento estático passivo sustentado por 20 segundos. Bandy, Irion e Briggler (1998), em um estudo com 58 indivíduos de ambos os sexos comparou a eficácia de três tempos de manutenção do alongamento estático passivo de isquiotibiais e comprovou que o alongamento mantido por 30 e 60 segundos é mais eficaz que o de 15 segundos. Em um trabalho realizado por Borms, Van Roy e Santans (1987), concluíram que o alongamento mantido por 20 segundos é tão eficaz quanto ao de 30 segundos e mais eficaz que o de 10 segundos de manutenção. Kisner e Colby (1992), acreditam que os ganhos obtidos com alongamentos de curta duração são transitórios e atribuídos ao uma folga temporária entre as actinas e as miosinas nos sarcômeros. Segundo Souchard (1996), quando se alonga um músculo aquecido, este se torna mais flexível facilitando o alongamento, porem retorna ao seu comprimento inicial quando resfriado. As tabelas 5 e 6 demonstram que houve diferença estatística entre pré e pósteste do grupo que realizou o alongamento estático passivo no teste de Banco de Wells e goniometria de quadril e joelho a 90°, por outro lado não demonstra diferença estatisticamente significante quando comparado ao grupo controle (G1). Tabela 5: média, desvio padrão (D.P) e Wilcoxon para o teste Banco de Wells nos grupos G1 e G2 no pré e pós-teste. G1=G2. Pré-teste Média D.P 37,08 ±7,58 38,96 ±9,49 Grupos G1 G2 Pós-teste Média D.P 38,38 ±8,25 42,38 ±9,45 ≠ Estatística Não Sim Tabela 6: média, desvio padrão (D.P) e Wilcoxon para o teste Goniometria de quadril e joelho a 90° nos grupos G1 e G2 no pré e pós-teste. G1=G2. Pré-teste Média D.P 62,75 ±12,5 54,17 ±11,19 Grupos G1 G2 Pós-teste Média D.P 64,91 ±12,43 59,75 ±9,76 ≠ Estatística Não Sim Ao compararmos os resultados obtidos no pré-teste com pós-teste do grupo controle (G1) com grupo que realizou o alongamento com FNP (G3), nota-se uma melhora significativa da flexibilidade deste grupo em três testes, como demonstrado nas tabelas 7, 8 e 9. Tabela 7: média, desvio padrão (D.P) e Wilcoxon para o teste Goniometria de quadril e joelho a 90° nos grupos G1 e G3 no pré e pós-teste. G1<G3. Grupos G1 G3 Pré-teste Média D.P 62,75 ±12,5 50,92 ±12,27 Pós-teste Média D.P 64,91 ±12,43 59,67 ±12,82 ≠ Estatística Não Sim Tabela 8: média, desvio padrão (D.P) e Wilcoxon para o teste do Tripé nos grupos G1 e G3 no pré e pós-teste. G1<G3. Grupos G1 G3 Pré-teste Média D.P 67,5 ±9,65 61,25 ±13,93 Pós-teste Média D.P 72,5 ±6,22 71,5 ±10,82 ≠ Estatística Sim Sim Tabela 9: média, desvio padrão (D.P) e Wilcoxon para o teste Finger-Floor nos grupos G1 e G3 no pré e pós-teste. G1<G3. Grupos G1 G3 Pré-teste Média D.P 10,34 ±8,88 21,17 ±13,63 Pós-teste Média D.P 8,83 ±8,53 13,46 ±14,02 ≠ Estatística Sim Sim As técnicas de alongamento por facilitação neuromuscular proprioceptiva realizadas por meio de contração e relaxamento tem por finalidade contrair o agonista para inibir a contração dos músculos via orgão tendinoso de Golgi e assim relaxar o antagonista, músculo a ser alongado (ACHOUR JUNIOR, 2004). Os resultados obtidos com o uso de FNP vão ao encontro da literatura com relação a resposta aguda do exercício no ganho de flexibilidade. As técnicas de FNP podem induzir aumento significativo na amplitude articular de movimento através de uma única sessão de alongamento, e os estudos mostram que a FNP é superior as técnicas de alongamento estático e balístico durante um período prolongado de treinamento. (HALL, 2005, p. 131). Com a comparação dos grupos G2 e G3 os resultados encontrados neste estudo diferem com relação a maior efetividade do alongamento através de FNP quando comparado ao método estático. Ambos os grupos obtiveram resultados estatisticamente significantes quando comparado pré e pós-teste, mas em apenas um teste o FNP demonstrou maior efetividade como demonstrado na tabela 10. Tabela 10: média, desvio padrão (D.P) e Wilcoxon para o teste Goniometria de quadril e joelho a 90° nos grupos G2 e G3 no pré e pós-teste. G2<G3. Grupos G2 G3 Pré-teste Média D.P 54,17 ±11,19 Pós-teste Média D.P 59,75 ±9,76 50,92 59,67 ±12,27 ±12,82 ≠ Estatística Sim Sim Achados semelhantes a este estudo foram os de Vieira et al (2005), em um pesquisa com 14 individuos de ambos os sexos onde comparou a eficácia do alongamento estático e FNP no ganho de ADM e pico de torque em extensão de joelho. Para mensuração do grau de flexibilidade muscular deste estudo também foi utilizado o teste de goniometria de quadril e joelho a 90°. Após 3 semanas de alongamentos diários o autor ao comparar os resultados constatou que houve um aumento significante na ADM de extensão de joelho, embora não havendo diferença estatística entre os grupos. Vários são os autores que citam que o método por Facilitação neuromuscular proprioceptiva é o que traz mais resultados no ganho de amplitude de movimento quando comparado com alongamento estático, porem não apresentando diferença estatística entre os mesmos (ROBERTS; WILSON, 1999; SHRIER; GOSSAL, 2000; SPERNOGA et al 2001). Em um estudo experimental com objetivo de verificar a eficiência dos três métodos de treinamento da flexibilidade, Nunes (1986), submeteu um grupo de 51 universitários, divididos em três grupos, a um programa de flexibilidade que consistia em duas sessões semanais de 50 minutos durante 11 semanas, sendo a determinação dos níveis de flexibilidade realizados a partir da aplicação do teste do banco de Wells, no referido estudo, observaram que os três métodos (estático, dinâmico e FNP) são eficazes na melhoria da flexibilidade. Por outro lado, o método estático tem sido o mais indicado para o desenvolvimento da flexibilidade em programa de atividade física relacionado a promoção da saúde, por apresentar menor associação com desencadeamento de lesões músculo articular, dores musculares e além da grande facilidade de aprendizagem para a realização dos movimentos. O teste de sentar e alcançar vem sendo um dos mais indicados tanto para avaliação de crianças e adolescentes, quanto na avaliação de adultos. Além disso em um estudo de revisão observaram que o teste de sentar e alcançar era o único que apresentava a sua padronização descrita nas principais baterias de teste da performance motora. freqüentemente os resultados obtidos neste teste vem sendo empregados como sendo representativos da flexibilidade geral. Sua grande aceitação se deve a utilização de um movimento que se assemelha com algumas ações do cotidiano, grande facilidade na sua aplicação, a alta reprodutibilidade e por avaliar a flexibilidade ao nível da coluna e dos músculos isquiotibiais, que está associada a grande parte das queixas dolorosas na região lombar e aos problemas de ordem postural (FARIAS JUNIOR; BARROS, 2005). 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base nos resultados obtidos com este estudo fica comprovado que tanto o método de alongamento estático passivo como o de facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) geram aumentos agudos da flexibilidade músculo-articular após a sua realização, sendo estes resultados equivalentes aos obtidos em outros estudos descritos na literatura. Como este estudo não teve por objetivo determinar o efeito a longo prazo de tais técnicas, não é possível afirmar qual técnica produz efeitos mais duradouros em apenas uma única sessão de alongamento. Este estudo não conseguiu demonstrar qual técnica de alongamento é mais eficaz para aumentar a flexibilidade do grupo muscular isquiotibial, sendo estas equivalentes de acordo com os achados no pré e pós- teste, em três teste para mensurar a flexibilidade (Banco de Wells, Tripé e Finger-Floor). Em apenas um teste (Goniometria de joelho e quadril a 90°) o método FNP demonstro ser mais efetivo quando comparado ao método estático. Embora o teste tenha um grau de confiabilidade bem descrito na literatura acho pouco prudente concluir que o método através de FNP é superior ao estático, visto que de acordo com alguns estudiosos o teste que utiliza o Banco de Wells é o mais confiável para mensurar o grau de flexibilidade do grupo muscular em estudo, e os resultados obtidos com este teste se equivalem para ambos os grupos. Um fator que pode justificar os resultados seria que dois testes aplicados (Finguer-Floor e Tripé), não apresentam um bom nível de confiabilidade pela dificuldade em evitar que os indivíduos realizem algum tipo de compensação que possa influenciar nos resultados. Contudo este estudo abre portas para futuras pesquisas fazendo uso de amostras maiores, visto que neste estudo o numero de participantes foi limitado devido a pouca colaboração dos mesmos em se sujeitar a fazer parte da pesquisa. REFERÊNCIAS ACHOUR JUNIOR, A. Exercícios de alongamento: anatomia e fisiologia. São Paulo: Manole, 2002. _________. Flexibilidade e alongamento: saúde e bem-estar. São Paulo: Manole, 2004. ALTER, M. J. Ciência da flexibilidade. 2. ed. Porto Alegre: ARTMED, 1999. ANDREWS, J. R.; HARRELSON, K. M.; WILK, K. E. Reabilitação física das lesões desportivas. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. BALTACI, G et al. 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Goniometria de quadril e joelho a 90º Finger-Floor Banco de Wells Teste tripé G1- Grupo controle G2- Alongamento estático passivo de isquiotibiais G3- Alongamento utilizando Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP) Nome: ____________________________________________Idade:________ Avaliação Reavaliação Grupo perten. Goniometria de quadril e joelho a 90º Finger-Floor Banco de Wells Teste tripé G1- Grupo controle G2- Alongamento estático passivo de isquiotibiais G3- Alongamento utilizando Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP) APÊNDICE B Termo de consentimento TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Eu,_________________________________________________portador da cédula de identidade (RG)____________, concordo em participar voluntariamente da pesquisa “Estudo comparativo entre alongamento estático passivo e Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva em relação ao aumento da flexibilidade de isquiotibiais em universitárias saudáveis da Unisul”, realizada pelo acadêmico Igor Knabben e supervisionada pelo professor Fernando Soldi, podendo desistir a qualquer momento caso ache necessário. Também concordo com a publicação de fotos ou qualquer meio de exposição do material somente com caráter cientifico. _________________________________________ Concordando com os objetivos e fundamentos da pesquisa, assim como seus possíveis riscos e benefícios assino tal documento. ___________________________________________ Igor Knabben Idealizador da pesquisa ___________________________________________ Fernando Soldi Supervisor da pesquisa Tubarão(SC), 2005