SOPRO CARDÍACO NA CRIANÇA

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SOPRO CARDÍACO NA CRIANÇA
Ana Laissa /Enio/Leonardo/Nadja
1- CONSIDERAÇÕES GERAIS
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
Sopro cardíaco é um som gerado pela passagem do fluxo de sangue através do coração de
forma turbilhonar.
Achado comum durante o exame pediátrico de rotina;

É a causa mais freqüente de encaminhamento da criança ao cardiologista;

Em sua grande maioria, não significa doença cardíaca.
2- ABORDAGEM CLÍNICA DO DA CRIANÇA COM SOPRO CARDÍACO
Sopro cardíaco detectado em consulta de rotina (paciente assintomático), considerar:

Sopro Inocente (SI)- Sopro Fisiológico

Existência de uma cardiopatia ainda não diagnosticada- Sopro Patológico

Doença não cardíaca causando alteração da ausculta ( Ex: febre, anemia)
Importante: Avaliação clínica detalhada: Anamnese e exame físico (geral/cardiovascular)
2.1- Anamnese

Primeiros 3 meses de gestação: uso de medicamentos ou drogas, álcool, diabetes, infecções

Histórico do parto: peso e estatura ao nascer, uso de oxigênio, sopro descoberto no berçário;

História de malformações extracardíacas;

Recém-Nascidos e lactentes: dificuldade para mamar e baixo ganho de peso, taquipnéia,
sudorese, irritabilidade;

História de anemia, hipertireiodismo, outras doenças;

Pré escolares e adolescentes: cansaço aos exercícios, síncope, hipodesenvolvimento.
2.2 – Exame físico (geral/cardiovascular)

Presença malformações extracardíacas;
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Atraso no crescimento e desenvolvimento;

Precórdio abaulado, ou hiperdinâmico à palpação; cianose, palidez;

Pulsos: diminuídos ou aumentados, diferença de palpação entre membros superiores e
inferiores;

Pressão arterial: comparar a pressão de membros superiores e inferiores;

Sinais de insuficiência cardíaca: taquipnéia, taquicardia, hepatomegalia, edema;

Intensidade do sopro, localização no tórax, localização no ciclo cardíaco, mudança da ausculta
com a mudança de decúbito; Sopro contínuo ou diastólico

2ª bulha: intensidade, desdobramento; Arritmia, ritmo de galope; Estalidos.
2.3- Sopro Inocente (SI)

SI é a alteração da ausculta que ocorre na ausência de anormalidade anatômica ou funcional do
sistema cardiovascular;

A incidência é bastante alta, sendo detectado em cerca de 50% das crianças normais,
geralmente em idade escolar;

Alterações no crescimento/desenvolvimento, embora inespecíficas, sugerem um processo
patológico, cardíaco ou sistêmico, e não SI.

Saber diferenciar um SI de um patológico, evita encaminhamentos e exames cardiológicos
desnecessários
2.3.1- Características dos sopros inocentes

Nunca ocorrem isoladamente na diástole; são sistólicos ou contínuos;

São de curta duração e baixa intensidade (1+/4+);

Não se associam a frêmito/ruídos acessórios (estalidos, cliques);

São mais facilmente audíveis nos estados circulatórios hipercinéticos;

Localizam-se, geralmente, em uma área pequena e bem definida;

Não se associam a alterações de bulhas;


Ausência de história prévia de sopro, ou de evidências compatíveis com doença cardíaca;
Radiografia de tórax e eletrocardiograma normais
2.3.2- Diagnóstico diferencial dos sopros cardíacos inocentes mais freqüentes na criança
Tipo de SI
Sopro de Still
(+frequente)
Faixa etária mais
comum
Características
Diagnóstico diferencial
Escolares
Sistólico, vibratório
(Nunca rude)/ Borda
esternal esquerda
média e baixa;
diminuição da
intensidade na posição
ereta
CIV, miocardiopatia
hipertrófica e estenose
subaórtica discreta
Sopro de ejeção
pulmonar
8 a 14 anos
Sopro de ramos
pulmonares
Recém-nascidos
(principalmente
prematuros e baixo
peso ao nascer)
Sopro carotídeo ou
sistólico supraclavicular
Crianças de qualquer
idade
Zumbido venoso
3 a 6 anos
Sistólico, ejetivo/ Borda
esternal esquerda alta
Sistólico, ejetivo,
irradiação para as
axilas, dorso/ Borda
esternal esquerda alta
Sistólico, timbre baixo,
início abrupto, com
diminuição da
intensidade com a
hiperextensão dos
ombros/ Fossa
supraclavicular e/ou
unilateralmente sobre
as artérias carótidas
Contínuo, podendo ser
alterado ou desaparecer
com a cabeça virada
para o lado contrário ao
sopro ou com a pressão
digital sobre a veia
jugular/ parte anterior
baixa do pescoço e
região supraclavicular
CIA, estenose pulmonar
valvar.
Estenose pulmonar,
estenose dos ramos
pulmonares
Estenose aórtica, valva
aórtica bicúspide e
estenose pulmonar
Fístulas
arteriovenosas cervicais
e persistência do canal
arterial
2.4- Sopro patológico
É o sopro causado por uma doença cardíaca.
2.4.1- Características do Sopro Patológico
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Sopro holossistólico;
Ocorrência isolada na diástole ou sopro contínuo;
Maior intensidade (Grau II ou mais) ou timbre rude;
Presença de frêmito;
Irradiação bem nítida e fixa para outras áreas;
Associação com alterações dos ruídos cardíacos: bulhas, clics, estalidos;
Pode vir acompanhados de sintomas sugestivos de cardiopatia (cianose);
Exames laboratoriais alterados (Radiografia de tórax, eletrocardiograma, e ecocardiograma)
3- AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA CRIANÇA COM SOPRO CARDÍACO
Podem ser solicitados os seguintes exames:
 Radiografia de Tórax
 Eletrocardiograma
 Ecocardiograma
Obs: 1- A definição de Sopro inocente inclui resultados normais de tais exames;
2- No entanto, alguns autores não apontam a necessidade desses exames, desde que a
abordagem clinica inicial e o seguimento sejam cuidadosos, e revelem as características de normalidade
anteriormente citadas.
4- CONDUTA NA CRIANÇA COM SOPRO CARDÍACO
- Sopro Inocente: tranqüilizar a família e evitar encaminhamentos e exames desnecessários
- Quando encaminhar ao especialista?

Em situações de dúvida diagnóstica;

Nos casos de provável sopro patológico, a saber:
a) Sopro de intensidade acima do grau III em VI;
b) Neonatos com sopro persistente após as 1ªs horas de vida;
c) Crianças com síndromes genéticas ou malformações extracardíacas;
d) Crianças que apresentam sintomatologia associada, como déficit ponderal, infecções
pulmonares de repetição e cansaço aos esforços físicos;
e) Presença de précordio hiperdinâmico, arritmias, ou alterações nos pulsos;
f) Alteração na pressão arterial, ou pressão arterial diferente em membros superiores e
inferiores;
g) Cianose ou sinais de insuficiência cardíaca;
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DOS SOPROS CARDÍACOS NA INFÂNCIA
Sopro Cardíaco
CONTÍNUO
DIASTÓLICO
SISTÓLICO
PANSISTÓLICO
SOPRO SISTÓLICO DE EJEÇÃO
NORMAL
STILL
EJEÇÃO PULMONAR
SOPRO CAROTÍDEO
ANORMAL
ESTENOSE AÓRTICA
ESTENOSE PULMONAR
COARCTAÇÃO DE AORTA
DEFEITO SEPTAL ATRIAL
CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA
ANORMAL
DUCTO ARTERIAL PATENTE
MALFORMAÇÃO ARTERIOVENOSA
COMUNICAÇÃO AORTICOPULMONAR
DEFEITO VENTRICULAR SEPTAL
REGURGITAÇÃO MITRAL
REGURGITAÇÃO TRICÚSPIDE
Referências bibliográficas
1- Amaral, F.; Granzotti, J.A. Abordagem da criança com sopro cardíaco. Medicina Ribeirão Preto,
v.31, n.3, p. 450-455, jul./set. 1998.
2- Gallicchio, L. H. H et al. Investigação de sopro em pacientes pediátricos. Acta Médica
Portuguesa, Florianópolis, v.28, p. 525-532, 2007.
3- Horta, M.G.C; Pereira, R.S.T. Sopro cardíaco na criança. Tratado de Pediatria, p.579582, Manole, 2007.
4- Kobinger, M.E.B.A. Avaliação do sopro cardíaco na infância. Jornal de Pediatria, Rio de
Janeiro, v.79, Supl.1, p. 87-96, maio 2003.
5- Kobinger, M.E.B.A et al. Sopro cardíaco inocente e noções de cardiopediatria. Pediatria
em Consultório, p. 293-310, 5ª Ed , São Paulo, Sarvier, 2010
6- Zimmerman, L. F. et al. O sopro cardíaco inocente na criança. Revista Paulista de
Pediatria, São Paulo; v.19, n.3, p. 144-147, setembro 2001.
7- Behrman RE. Evaluation of the cardiovascular system. In: Behrman RE, Kliegman
RM, Arvin AM. Nelson textbook of pediatrics. 15 th ed. Philadelphia: Saunders; 1996. p.
665.
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