hematoma retroperitoneal espontâneo em paciente usuário de aas

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HEMATOMA RETROPERITONEAL ESPONTÂNEO
EM PACIENTE USUÁRIO DE AAS:
UM RELATO DE CASO
SANTOS, MO¹; CASTRO, MDC¹; BRITO, CRL¹; LANZA, GHSP¹; RASO, LAM¹
¹Médicos residentes de Clínica Médica do Hospital da Polícia Militar de Minas Gerais
INTRODUÇÃO
O hematoma retroperitoneal espontâneo é formado
pelo extravasamento de sangue no compartimento
retroperitoneal sem ocorrência de trauma externo, manobra
endourológica ou endovascular. Ele pode levar à rápida
depleção de volume, gerando sinais de hipovolemia severa
e choque hipovolêmico.
Nesses casos, qualquer atraso
na terapia pode levar a isquemia, bem como choque
irreversível e falência orgânica múltipla.
Nesse contexto, tem-se identificado alguns fatores que
contribuem para risco aumentado de sangramento, dentre
os quais destaca-se o uso de anticoagulantes. Estudos
descrevem uma possível influência dos antiagregantes,
sendo ainda poucos casos descritos e este considerado
diagnóstico de exclusão.
OBJETIVOS
Este trabalho tem como objetivo discutir um caso de
hemorragia retroperitoneal espontânea em paciente usuário
crônico de ácido acetilsalicílico (AAS) e o papel desta
medicação na gênese de eventos semelhantes ao descrito.
MÉTODOS
Paciente evoluiu no pós operatório com redução progressiva
da necessidade de uso de drogas vasoativas e estabilização
dos níveis pressóricos e hematimétricos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A hemorragia retroperitoneal espontânea tem como
causas mais frequentes hemorragias de origem renal,
principalmente as de etiologia tumoral. Apesar de bem
documentada a ocorrência de hemorragia retroperitoneal
associada ao uso de anticoagulantes (incidência variando
entre 0 - 0,6%), eventos associados ao uso de
antiagregantes são menos frequentes. O uso destes parece
não estar envolvido na gênese do sangramento, mas atuar
em sua perpetuação. Desta forma, acredita-se que seja
necessária lesão prévia para justificar a formação do
hematoma.
Tal sangramento é evento grave, ao qual os pacientes
em anticoagulação estão mais expostos, com aumento dos
riscos associados ao volume de sangramento entre aqueles
em uso de antiagregantes. Diante da alta mortalidade
associada a este evento, é essencial a vigilância ativa de
pacientes que apresentam queda hematimétrica sem fator
etiológico definido.
Figura 1
Revisão da literatura nas bases de dados MEDLINE e
SciELO sobre hematoma retroperitoneal espontâneo e
discussão de caso do referido sangramento em paciente
usuário crônico de AAS.
CASO CLÍNICO
JAM, 72 anos, hipertenso, diabético, com histórico de
revascularização miocárdica percutânea em 2002 e
acidente vascular encefálico isquêmico em 2012; em uso
regular de AAS, valsartana e carvedilol. Admitido em pronto
atendimento com queixa de dor abdominal e evacuações
líquidas de início no dia anterior. Realizada revisão
laboratorial que foi inconclusiva, sendo liberado para
domicílio. Negava comemorativos infecciosos e traumas.
Retornou ao pronto atendimento no dia seguinte, mantendo
as queixas, e apresentou síncope durante sua avaliação,
sendo optado por internação hospitalar para propedêutica.
Exames
laboratoriais
iniciais
evidenciaram
níveis
hematimétricos normais e discreta hiponatremia (Na 130,
VR 135). Evoluiu com rebaixamento do sensório e
necessitou de intubação orotraqueal. Apresentou choque
após indução em sequência rápida, com necessidade de
doses progressivas de aminas vasoativas.
Nova revisão laboratorial com queda hematimétrica de
4 pontos, quando comparada à inicial. Solicitada
ultrassonografia abdominal, que mostrou presença de
massa indefinida em retroperitôneo. Optado pela realização
de tomografia computadorizada de abdome, a qual foi
sugestiva de sangramento em retroperitôneo. Paciente
prontamente encaminhado ao bloco cirúrgico para
laparotomia exploratória de urgência, que confirmou
hipótese diagnóstica de hematoma retroperitoneal. Foi
identificada pequena lesão sangrante em corpo do
pâncreas, a qual foi suturada.
Figura 2
Figuras 1 e 2: TC de abdome demonstrando lesão expansiva
localizada no epigástrio e hipocôndrio esquerdo, de limites mal
definidos, hiperdensa, indefinindo os contornos pancreáticos,
sugerindo hematoma retroperitoneal à direita.
Imagens cedida pela SERMIG
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1.VAYÁ, Amparo et al. Enoxaparin-related fatal spontaneous retroperitoneal
hematoma in the elderly. Thrombosis research, v. 110, n. 1, p. 69-71, 2003.
2. FIGUEIROL, Viviane Di Conti; SALGUEIRO . JÚNIOR, Marco Antonio; LEME,
Marcelo Betim Paes. Spontaneous retroperitoneal hematoma. Revista do Colégio
Brasileiro de Cirurgiões, v. 32, n. 1, p. 52-53, 2005.
3. TOPGÜL, Koray et al. Surgical management of enoxaparin-and/or warfarininduced massive retroperitoneal bleeding: report of a case and review of the
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