Bancos vão criar cadastro do bom e mau pagador

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VITÓRIA, ES, QUARTA-FEIRA, 07 DE SETEMBRO DE 2016 ATRIBUNA
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Economia
Bancos vão criar cadastro
do bom e mau pagador
ANTONIO MOREIRA - 12/07/2016
Caixa, Banco do Brasil,
Bradesco, Santander
e Itaú/Unibanco se
uniram e vão avaliar os
dados dos clientes para
liberar empréstimos
Samantha Dias
mercado de empresas de
análise de crédito no Brasil
pode ganhar mais um concorrente. Cinco dos maiores bancos do País vão se unir, criar um
bureau (agência) com o cadastro
dos bons e dos maus pagadores
para liberar empréstimo.
Os bancos vão criar a Gestora de
Inteligência de Crédito (GIC) e serão, ao mesmo tempo, fornecedores e tomadores de informações do
histórico dos clientes.
O objetivo da GIC é formar uma
base de dados cadastrais e financeiros a respeito da adimplência e
inadimplência de pessoas físicas e
jurídicas. Com as informações
desse novo órgão, decidirão sobre
concessão de crédito.
Itaú/Unibanco, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa
Econômica Federal tiveram a
aprovação da SuperintendênciaGeral do Conselho Administrativo
de Defesa Econômica (Cade) para
a criação, porém com algumas
condicionantes.
Se os bancos se comprometerem
a estabelecer metas para o crescimento do cadastro positivo; garantir a não discriminação para bureaus de crédito concorrentes (Serasa Experian, Boa Vista SCPC
Serviços e SPC Brasil) no acesso a
informações de crédito; além de
mecanismos de governança corporativa para evitar a troca de informações entre os bancos sócios
por meio da joint venture poderão
ter a aprovação final do tribunal do
Cade.
Os clientes terão de autorizar os
bancos a repassar os dados cadastrais e de crédito à GIC, informou
em nota a Federação Brasileira de
Bancos (Febraban).
Disse, também, que estima-se
que a nova empresa levará cerca
de quatro anos para realizar a estruturação tecnológica e a geração
de dados que viabilizem a operação.
O economista e coordenador de
Extensão da Rede Doctum, Paulo
Cezar Ribeiro Silva, disse que a
nova empresa vai prejudicar as
que já existem, pois os bancos, até
para reduzir custos, vão priorizar
o repasse de informações à GIC.
“Por isso a importância do acordo que o Cade está exigindo. Não
pode haver discriminação do repasse de informações”, disse a
economista e professora da Fucape Arilda Teixeira, para quem a
medida é uma saída buscada pelos
bancos para tentar reduzir o número de inadimplência.
O
ARILDA TEIXEIRA diz que essa é uma saída buscada pelos bancos para tentar reduzir o número de inadimplência
SAIBA MAIS
Empréstimos podem ter juros menores
Análise de crédito
Empréstimo
> CINCO BANCOS SE uniram no Brasil
> COM ESSA BASE DE dados, os ban-
para criar uma empresa de análise
de crédito, chamada de bureau. Os
bancos são: Itaú/Unibanco, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
> ESSA NOVA EMPRESA, chamada de
Gestora de Inteligência de Crédito
(GIC), vai concorrer com a Serasa
Experian, Boa Vista SCPC Serviços e
SPC Brasil.
> ELAS VÃO ENVIAR e receber informações do histórico dos clientes, formando uma base de dados dos bons
e dos maus pagadores (assim como
já fazem com as três existentes).
cos vão poder melhorar as condições
de empréstimo, já que vão conhecer
quem são os bons e os maus pagadores.
> PARA OS BONS, os empréstimos vão
ficar mais baratos, com redução de
taxas e juros.
> A INTENÇÃO TAMBÉM É destravar o
cadastro positivo, que encontra resistência por parte dos bancos, com
medo de perderem seus clientes.
Aprovação
> A SUPERINTENDÊNCIA-GERAL do
Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (Cade) recomendou a
aprovação da criação.
> MAS OS BANCOS VÃO ter de assinar
acordo que prevê: metas para o crescimento do cadastro positivo; garantias de não discriminação para bureaus concorrentes; e mecanismos
de governança corporativa para evitar a troca de informações entre os
bancos sócios por meio da joint venture.
> SE ASSINADO O ACORDO, o tribunal
do Cade deverá confirmar a aprovação.
Fonte: Pesquisa A Tribuna, Cade e especialistas consultados.
Benefícios a quem paga em dia
DIVULGAÇÃO
SEDE do Cade: regras para criação
Com a criação da Gestora de Inteligência de Crédito (GIC) e, consequentemente, o compartilhamento das informações dos adimplentes e dos inadimplentes, os
bons consumidores poderão ser
beneficiados.
“Hoje, os bancos calculam o valor das taxas e juros considerando
os riscos de não receberem. Conhecendo quem não deixa de quitar as contas, os bancos podem
oferecer melhores condições a
eles. Ou seja, o empréstimo pode
ficar mais barato”, afirmou a economista Arilda Teixeira.
Na proposta dos cinco bancos
interessados em criar a bureau
(Itaú/Unibanco, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa),
um dos objetivos é destravar o cadastro positivo, em que concedem
juros menores a clientes com bom
histórico.
Por outro lado, segundo o Conselho Administrativo de Defesa
Econômica, uma empresa a mais
também aumenta a concorrência e
estimula melhores condições.
“Mas o Cade deve exigir o repasse de informações positivas, pois
há uma resistência, com medo de
perder os bons clientes aos concorrentes”, disse Arilda.
Saques da
poupança
superam
depósitos
BRASÍLIA
O volume de recursos que os
investidores sacaram da poupança em agosto, já descontadas as aplicações, foi de R$
4,466 bilhões. Os saques líquidos foram superiores aos verificados em julho, quando R$ 1,115
bilhão deixaram a poupança.
Em agosto do ano passado,
R$ 7,502 bilhões líquidos haviam saído da caderneta — o
pior resultado para um mês de
agosto na série histórica, iniciada em 1995.
Em 2016 até o momento, em
função da crise econômica, que
faz as famílias recorrerem aos
recursos da poupança para fechar as contas, foram verificados saques líquidos em todos os
meses: R$ 12,032 bilhões em janeiro, R$ 6,639 bilhões em fevereiro, R$ 5,380 bilhões em março, R$ 8,246 bilhões em abril,
R$ 6,592 bilhões em maio, R$
3,718 bilhões em junho e R$
1,115 bilhão no mês passado.
Em agosto, de acordo com o
BC, o total de aplicações foi de
R$ 167,366 bilhões e o de saques,
de R$ 171,832 bilhões. O estoque
do investimento na poupança
está em R$ 641,126 bilhões, já
considerando os rendimentos
de R$ 4,294 bilhões de agosto.
O desempenho em agosto só
não foi pior porque, na primeira
semana do mês e nos dois últimos dias úteis, houve ingressos
líquidos na caderneta.
Nos dias 30 e 31, os depósitos
líquidos somaram R$ 4,961 bilhões. Esse movimento de arrecadação nos últimos dias é tradicional e ocorre com aumento
dos depósitos em razão de aplicações automáticas da conta
corrente que alguns investidores já deixam programadas para
ocorrer.
A contínua e acentuada deterioração da caderneta se dá por
conta da piora do cenário econômico, com a alta da inflação e
do aumento do desemprego.
Além disso, outros investimentos se tornaram mais atrativos ao apresentarem rentabilidade maior.
Já a fuga dos investimentos da
caderneta de poupança nos primeiros oito meses deste ano
chegou a R$ 48,187 bilhões.
DIVULGAÇÃO
POUPANÇA: piora do cenário
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