MEDICALIZAÇÃO – UMA EXPRESSÃO DA “QUESTÃO SOCIAL” SILENCIADA E REDUZIDA À NORMAS, DISCIPLINA E CONTROLE Alcione Alves1 Camila Fernanda Daniel Koeche2 RESUMO: Este artigo tem como objetivo analisar a medicalização infantil como forma de camuflar uma das expressões da “questão social”, ou seja, a patologização como forma de contraposição ao que tem origem nas condições de (re)produção social ou numa sociedade que é regida por padrões de normalidade impostos de modo hegemônico. A construção do referencial teórico se dará a partir da pesquisa bibliográfica e documental, de modo a referenciar brevemente a construção histórica da Política de Educação, Saúde, Reforma Sanitária, que se compõem através de lutas que resultam em conquistas e garantia de seus direitos, primando a igualdade de classe. PALAVRAS-CHAVE: Medicalização; política social; questão social; educação. INTRODUÇÃO Há uma latente inquietação de pais, professores e educadores na busca por uma definição ou diagnóstico para crianças tidas com alguma espécie de “disfunção” ou “desencaixe”, no entanto, é notável nesta sociedade que há algumas condutas normativas que são preconizadas, e entre elas a procura pela sensação de estar encaixado no todo, respondendo as expectativas geradas, e o não pertencimento a esta gera preocupação e insatisfação. Então, se estabelece a procura por algum padrão no qual o sujeito se encaixe, justifique sua conduta a determinada patologia, sendo que esta desvia o olhar para o sistema e foca na condição do indivíduo. Vivemos em uma sociedade onde predomina a desigualdade, e onde esta predomina, entende-se que quem detém a riqueza detém também o poder de julgar, classificar e sentenciar os demais. A manutenção de um sistema fundado em desigualdade é possível, entre outras coisas, graças a um discurso que tenta explicar as diferenças entre os indivíduos – e as próprias desigualdades, produzidas pelo sistema – a partir de um padrão rígido e único de normalidade. A essência deste discurso consiste em naturalizar as desigualdades socialmente produzidas e 1 2 Acadêmica do 4º ano do curso de [email protected], (45) 99553810 Acadêmica do 4º ano do curso de [email protected], (45) 99168087 Serviço Social da Unioeste/campus Toledo/Pr, Serviço Social da Unioeste/campus Toledo/Pr, 1 considerar que sua origem está naquilo que é exclusivamente de cada indivíduo. Sem levar em conta o movimento histórico e as disputas sociais, assim sendo, esta retórica busca, na rotulagem, biologização, explicação para as desigualdades sociais, como se fossem causa e conseqüência, e não inerentes ao sistema capitalista. Quando esta percepção se aplica a escola percebe-se que as crianças que não tem um bom desempenho se encaixam em um padrão em que são responsabilizadas por tal situação, no entanto, é necessário se analisar o contexto social ao qual esta se insere para poder buscar por uma avaliação que possa determinar uma resultante que possibilite uma intervenção, que não esteja focado no fator isolado, mas que busque apreender a conjuntura com um todo. EDUCAÇÃO, “QUESTÃO SOCIAL” E EXCLUSÃO A Educação é um dos pilares no qual se assenta uma sociedade, porém, no país esta sempre esteve ligada ao conceito de higiene3 e de boas maneiras, que primasse por atender ao padrão de moral e ordem burguês, e para que estes padrões se efetivassem havia a comunhão com a medicina, “nesse sentido, educação e saúde se uniram como elementos inseparáveis na implantação de um programa de normalização e moralização, que visava manter forte pilar social – a ordem – pelos bons hábitos.” (LUENGO, 2010, p. 45). Sendo assim, uma das condições necessárias para que se possa compreender a dimensão educativa é a análise da realidade educacional brasileira, o modo como a escola cumpre ou deixa de cumprir sua função social, produz reflexos na sociedade que emergem através de demandas para o Serviço Social. Estas refrações, advindas da “questão social”4 se tornam perceptíveis nas mais diversas áreas que abrangem o campo de atuação 3 4 A medicina social, através de sua política higiênica, reduziu a família a este estado dependência [...] pretextando salvar os indivíduos do caos em que se encontravam que a higiene insinuou-se na intimidade de suas vidas. Valendo-se dos altos índices de mortalidade infantil e das precárias condições de saúde dos adultos, a higiene conseguiu impor a família uma educação física, moral, intelectual e sexual, inspirada nos preceitos sanitários da época. Esta educação, dirigida sobretudo as crianças, deveria revolucionar os costumes familiares. A higiene, enquanto alterava o perfil sanitário da família, modificou também sua feição social. (COSTA, 2004, p.12) A expressão “questão social” permanece entre aspas devido: “[...] uma das resultantes de 1948 foi a passagem, em nível histórico-universal, do proletariado da condição de classe em si a classe para si. As vanguardas trabalhadoras acenderam, no seu processo de luta, a consciência política de que a “questão social” está necessariamente colada à sociedade burguesa: somente supressão deste conduz à supressão daquela. A partir daí, o pensamento revolucionário passou a identificar, na própria expressão “questão social”, uma tergiversação conservadora, e a só empregá-la indicando este traço mistificador” (NETTO, 2001, p. 44-45). 2 profissional, sejam nas próprias escolas, em instituições de contra turno social ou escolar, nos serviços públicos, na saúde ou na assistência social. De acordo com Iamamotto (2011) e Netto (2010), a “questão social” é o resultado do antagonismo de classe, da contradição entre capital e trabalho, onde o processo de acumulação do capital rebate diretamente na configuração social e expressões da desigualdade vivenciadas pelo conjunto da classe trabalhadora, oprimidas pela disputa de interesses, gerando impactos na conjuntura, isto é, na realidade histórica. A “questão social”, que tem sua gênese no capitalismo, tem como característica explicativa, na perspectiva do modo de produção capitalista e Estado neoliberal, a naturalização das suas expressões, sendo vinculadas tão somente ao indivíduo, dissociando-o do contexto histórico. Para se entender a “questão social” e suas expressões, é necessário uma contextualização histórica no país, considerando que esta não é linear, a-temporal, sem movimento e abstrata. A história assim como a “questão social” se dá sob perspectiva dialética, na realidade concreta, onde a interação entre os indivíduos sociais e o movimento histórico, bem como, a relação sujeito e objeto não são naturais, mas construídas (BULLA, 2003, p. 3-4). Sendo assim, a partir da década de 1930, no Brasil, se intensifica a industrialização, a imigração europeia e a saída do homem do campo para as cidades, a “questão social” torna-se mais evidente, bem como suas expressões: a urbanização desenfreada, a miséria, o desemprego, a violência, a desigualdade social dentre outras, ficando clara um progressiva elevação da miséria relativa à acumulação do capital. A exclusão no sistema educacional brasileiro tem uma longa história, que tem seu auge entre o final do século XIX e início do século XX, na criação das escolas como instrumento regulador para os pobres, que tinham como intuito o recolhimento de crianças abandonadas e combater em consequência disto, a mortalidade infantil. Deste modo, conforme Costa (2004), a escola nasce destinada a receber o povo abandonado, ou seja, os mestiços advindos de relações extraconjugais e afins, e os que fossem tidos como “degenerados” sociais, aqueles que não tinham a convicção da importância da manutenção da saúde, do bem-estar e do progresso da população, fazendo assim necessário a estatização dos mesmos para que absorvessem através do processo educacional tal concepção. Deste modo, as técnicas disciplinares saem do ostracismo colonial e se destacam como primeiro plano da cena política urbana no país. 3 Assim, as crianças pertencentes às classes que detinham maiores condições econômicas eram mantidas em seus lares, onde recebiam o conhecimento de modo mais abrangente, gerando uma classe intelectual, que devia perpetuar a ordem social, e para, além disto, a distinção entre classes, ou seja, “superiores” e “inferiores”. Esta mesma divisão se perpetua aos dias atuais, de modo mais sutil, e que se expressa na falta de oportunidades de acesso à escola pública e de qualidade, nos elevados níveis de evasão escolar e na permanência das crianças e adolescentes por toda esta fase de suas vidas nas escolas, e, no entanto, sem se apropriarem de fato dos conteúdos escolares. O ambiente escolar, conforme Luengo (2010) tem como intuito garantir a apropriação do saber, e deveria possibilitar também o desenvolvimento de formas mais elaboradas de compreender o meio social. Para tanto, esse processo não deve ocorrer de forma passiva e mecânica, este se constrói nas relações do homem com o contexto social e, ao mesmo tempo, é determinado pela singularidade de cada indivíduo e do respeito a esta singularidade. Assim, segundo Constantino (2000), é impossível compreender o sentido subjetivo e pessoal do ser, sem situá-lo na trama complexa das relações sociais. Isso significa que embora cada sujeito possa atribuir significados à sua vida e ao mundo, a individualidade e a subjetividade continuam ligadas à objetividade, ou seja, ao contexto sócio histórico. Observa-se, que a própria origem da palavra sujeito nos leva a questionar sua intenção, ou seja, sua raiz que está na sujeição, domesticação, subordinação, obediência, seja da mente ou do corpo no seu modo físico ou espiritual. Para que o atual sistema se perpetue há a necessidade de que as relações se constituam através de valores morais apreendidos como verdade, que não permite o seu questionamento e que derivam da incorporação de um conformismo que impede os indivíduos de exercerem sua capacidade crítica e de escolha. Estes conceitos, adquiridos através da valoração moral e que são sintetizados como naturais à sociedade, vão sendo absorvidos, de forma que o ser os adota como caráter integrador, de forma subjetiva, que se concretiza a partir dos vínculos sociais que se estabelecem nos meio de (re)produção da vida social (MÉSZARÓS, 2010). Assim, partindo de um modelo ideal de comportamento, discorre Luengo (2010), os indivíduos que não seguem o caráter normatizante, são considerados como não pertencentes ao padrão tido como ideal, sendo que a ânsia pela produtividade desenfreada, própria da 4 sociedade capitalista advinda de uma cultura globalizada, a liquidez das relações, somada a conquistas científicas e tecnológicas, fez por conceber o homem como um ser que necessita estar apto, a adequar-se a um mundo nas diversas situações que passa a enfrentar, e aquele que por algum motivo não acompanha o todo é visto como o diferente, o incompleto, o desajustado, o imperfeito que necessita de ajuda para justapor-se aos anseios sociais. MEDICALIZAÇÃO E CONTROLE Para Foulcault (1987), o que determina a sujeição humana é o medo, a coação, a vergonha pelo “não pertencimento”, e estes são administrados através da ordem, a qual o indivíduo é submetido, e da naturalização desta através das normas, valores e significados produzidos e reproduzidos na esfera social e que é progressivamente materializada no campo real, [...] significa uma adaptação e harmonia dos instrumentos que se encarregam de vigiar o comportamento cotidiano das pessoas, sua identidade, atividade, gestos aparentemente sem importância; significa uma outra política a respeito dessa multiplicidade de corpos e forças que uma população representa. (FOULCAULT, 1987, p. 72-73) Esta influência surge a partir da época clássica (meados do século XVI até finais do século XVIII), onde o corpo é descoberto como objeto e alvo de poder. Deste modo, o indivíduo capaz torna-se o indivíduo sadio, que detinha controle tanto de sua saúde física quanto de uma boa conduta moral. Assim, o ser considerado leproso, louco, bêbado, gera a estigmatização e rotulagem de um estado de anormalidade, de degeneração, que reforça os padrões ideais que a classe tida como “normal” deve seguir para não se tornar alvo de segregação, daí, o sentido de pertencimento a determinada classe que vai se dividindo entre os aptos e inaptos, ou seja, os que trabalham e os que por algum motivo não tem condições para exercê-lo. Neste sentido, a sociedade ao moldar, controlar e punir, priva o ser de sua essência, a liberdade. Liberdade de expressão, liberdade de pensar, de procurar seus próprios interesses, de socializar, de reivindicar, de errar, enfim, de ser ele mesmo, pois ao expressar esta essência o ser humano retorna ao seu estado original (FOULCAULT, 1987). 5 Ao ser tolhido o exercício desta capacidade, o ser social vai perdendo seus sentidos originais. Deste modo, até mesmo a linguagem corporal lhe é cerceada, ou seja, se o indivíduo não pode mais manifestar as dores e os sabores por meio do corpo ou da fala enquadra-se ao sistema que a rejeita, ele passa a internalizar a disciplina e aceitar o que lhe é imposto (LUENGO, 2010). Para tanto, compreender as tramas sociais que corrompem e desumanizam o ser desde a infância, através do processo educacional, revela o mundo como um sistema fechado de conceitos e que reduz o outro a um molde dentro do qual se pretende enquadrar, que destrói o aspecto crítico e questionador inerente ao ser, ou seja, A análise do fracasso escolar tem como um de seus principais argumentos, o fato de que os problemas de aprendizagem incidem maciçamente sobre as crianças das classes populares e é sobre elas que durante décadas recaem as explicações a respeito dos chamados problemas de aprendizagem: ou porque apresentam problemas psicológicos, ou biológicos, ou orgânicos ou mais recentemente, sócios culturais; bem como analisando o caráter ideológico e repleto de equívocos presentes nessas explicações, resultado de concepções preconceituosas a respeito do pobre e da pobreza no Brasil (SOUZA, 2010, p. 59). No panorama atual, nota-se que cotidianamente muitos alunos são rotulados como difíceis, desequilibrados, depressivos, maníacos, bipolares, agressivos, introvertidos, e muitos passam a engrossar a fila de espera para atendimento em serviços públicos de saúde em todo o país. Deste modo, para Luengo (2010), essas práticas que pretensamente visam identificar e tratar alunos com problemas emocionais na verdade fazem parte de um processo de enquadramento dos desviantes do tipo psicológico ordinário, alimentado por valores excludentes e preconceituosos. Assim é notável que os primeiros “diagnósticos” em relação a alguma dificuldade social da criança parte da escola, que identifica e analisa o ser a partir de manifestações comportamentais e não sob o viés da realidade concreta na qual este ser se encontra, pois, como já visto, há uma estrita ligação histórica entre a educação e a medicina. A medicalização da infância veio como conseqüência da higienização e, nesse sentido, educação e saúde se uniram como elementos inseparáveis na implantação de um programa de normalização e moralização, que visava manter um forte pilar social – a ordem – pelos bons hábitos. (...) Ao longo da história, foram vários os nomes dados aos distúrbios de aprendizagem, e sempre sob influência da literatura norte-americana, que contribui para o crescimento desenfreado da indústria fármaco-psicotrópica. (LUENGO, 2010, p. 45 – 68) 6 Neste contexto, a escola passa a ser o lugar propício para a construção do ser para resultar no adulto do porvir, ou seja, a escola passa a ser o local mais apropriado para que a medicina influenciasse principalmente no que tange o comportamento de cada ser, conferindo neste espaço, o seu poder disciplinador, “visto que a família estaria distante daquelas ações e ainda seria diretamente “beneficiada” com a modificação das condutas infantis [...], em vez de castigar os cidadãos, deveriam prevenir pensando nos adultos de amanhã” (LUENGO, 2010, p. 31). Este adulto de amanhã deveria se constituir num ser sujeitável e submisso, “dócil” a ideologia empregada e a disciplina imposta, o cidadão ideal. Assim, a medicina passa a atuar de modo mais próximo das pessoas, a partir de uma prática filantrópico-assistencialista que passa intervir na vida privada sem que isto fosse notado como tomada territorial. Conforme Luengo (2010), a escola foi concebida como local pertinente para a continuidade da ordem social, ou seja, onde a ética e os valores burgueses regem as condutas do convívio social que modelam o indivíduo para que tanto sua vida privada quanto social ou familiar sigam atreladas aos anseios políticos desta classe, e não sob a perspectiva de valorização do ser e de suas singularidades que compõem o todo numa interação contínua. Deste modo, a educação passa a ser atribuída a um ambiente controlador e disciplinador, que não corresponde ao caráter livre, criativo e comunicativo, característicos da infância. A patologização escolar conforme Collares e Moysés (1985, p. 10) “consiste na busca de causas e soluções médicas, a nível organicista e individual, para problemas de origem eminentemente social”. É evidente que não se pode realizar qualquer trabalho pedagógico sem uma rotina escolar, entretanto, esta deve ser construída cotidianamente com a finalidade de se colocar a serviço da função social da escola, ou seja, socializar conhecimentos e desenvolver o potencial crítico e questionador inerente ao ser. No entanto, nos ambientes escolares está sempre em cheque normas e critérios adotados de modo genérico, que não levam em consideração o aspecto singular do ser, e, por outro, a atitude passiva dos professores que esperam que, ao entrar na escola, os alunos rompam de maneira imediata com as formas de comportamento cotidianas, e que venham a se adaptar instantaneamente a estas, e os que têm alguma dificuldade nesta adaptação tem de ser normatizados ou silenciados. Assim, conforme Foucault, “O emprego da psicofarmacologia e de diversos <<desligadores>> fisiológicos, ainda que provisório, corresponde perfeitamente ao sentido dessa penalidade <<incorpórea>>.” (FOUCAULT, 1987, p. 17, grifo do autor). 7 Deste modo, na sociedade ocidental vem crescendo a transferência de expressões resultantes das relações de (re)produção social para a área médica, ou seja, a transformação de questões de origem coletiva, de ordem social, econômica e política serem reduzidas a questões individuais e biológicas, ou seja, conforme Collares e Moysés (2010), este modo de definição “[...] iguala o mundo da vida ao mundo da natureza. Isentam-se de responsabilidade todas as instâncias de poder, em cujas entranhas são gerados e perpetuados tais problemas.” (COLLARES E MOYSÉS, 2010, p. 72). Ou seja, as expressões da questão social, são transformadas por meio de operações discursivas, em algo com origem e solução no campo médico, sendo que este processo se mantém inalterado em todos os campos científicos dela derivados, não podendo se deixar de lado que “a medicalização naturaliza a vida, todos os processos e relações socialmente constituídos e, em decorrência, desconstrói direitos humanos, uma construção histórica do mundo da vida.” (COLLARES E MOYSÉS, 2010, p. 72). Segundo Collares e Moysés (1994), o TDAH5 (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), concomitante ao uso do metilfenidato6, no âmbito escolar surge como justificativa para a repetência e o atraso, ou seja, crianças que apresentam comportamentos que não correspondem ao esperado ou desejado, são tidos como portadores do transtorno, e os pais, influenciados pelas queixas dos educadores, passam a procurar ajuda médica e psicológica no intuito de apaziguar tais comportamentos tidos como desviantes. Deste modo, a medicalização7 na infância vem como consequência da junção entre saúde e educação, como elementos interligados na implantação de um programa de normalização e moralização, visando a geração e manutenção de um forte pilar social, ou 5 6 7 TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade - pelo DSM-IV (Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais, American Psychiatric Association) ou Transtornos Hipercibernéticos é segundo a CID -10 (Classificação Internacional de Doenças, Organização Mundial de Saúde – 1993), na atualidade, o transtorno com maior frequência de encaminhamentos de crianças a centros especializados de neurologia pediátrica. Também é considerado pelos especialistas como um transtorno mental crônico, o qual evolui ao longo da vida e que, segundo eles, a criança manifesta logo na educação infantil. (LUENGO, 2010, p. 19) Metilfenidato – medicação utilizada para tratar “Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade”, segundo classificação do CID 10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas relacionados a Saúde – 10ª Revisão. Organização Mundial da Saúde) Termo criado por Ivan IIlich (1996-2002), empregado e utilizado por Michel Foulcault (1926-1984) difundido no Brasil pelo movimento coletivo de psicólogos membros do Grupo Interestadual Queixa Esolar (GIQE), o Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP SP) e o Sindicato dos Psicólogos de São Paulo (SinPsi), que se explicita num manifesto de repúdio ao Projeto de Lei 0086/2006, de autoria do vereador Juscelino Gadelha, que dispõe sobre um Programa de apoio ao aluno portador de distúrbios de aprendizagem diagnosticado como dislexia. 8 seja, a ordem advinda dos bons hábitos, que faz com que a educação se torne alvo do poder médico. Para Collares e Moysés (1994), o conceito de medicalização é similar ao de patologização, ou seja, se refere ao processo de conferir uma aparência de problema de saúde ao que tange outras questões, que geralmente estão ligadas à natureza social. Assim, Angelucci e Souza (2010, p. 9), reforçam que este termo está fortemente presente na tendência a fazer com que a produção social e institucional das dificuldades de escolarização seja artificialmente transformada (e ocultada) por meio da atribuição destas a um suposto distúrbio orgânico dos alunos. A exclusão através da patologização dos indivíduos é parte da legitimação sutil do processo de produção e reprodução inerente ao sistema capitalista, e por isto, exige profissionais que possam fazer uso de um trabalho intelectual crítico, que propicie rupturas epistemológicas e que prime por desenvolver novos posicionamentos em relação a sociedade e a educação, sendo esta um dos pilares, senão o mais importante, e que pode viabilizar, partindo deste pressuposto, o despertar de uma nova consciência política, social e econômica. REFORMA SANITÁRIA E A POLÍTICA SOCIAL Segundo Robaina (2010), a psiquiatria surge na França com Pinel entre o século XVIII e XIX, porém, durante a Revolução Francesa que constitui uma nova ordem social, que se centra no homem, que passa a ser regida pelos preceitos de liberdade, igualdade e fraternidade, emerge uma inquietude sobre as condições hospitalares e asilares nas quais loucos e desviantes sociais eram submetidos. Contudo, a autora ressalta que as correntes organicistas da medicina vêm imprimir esforços para contrapor as teorias de Pinel (de isolamento do sujeito), buscando encontrar causas anatomopatológicas para a doença mental, dando início ao Movimento Higienista na Psiquiatria. Com base na doutrina das degenerações, que consistia em identificar em determinadas raças a degenerescência hereditária, sustentava com força de ciência a supremacia de uma raça sobre as outras, não aleatoriamente dos europeus sobre os colonizados, surge então a eugenia na psiquiatria (ROBAINA, 2010). 9 A partir dos anos de 1920, inicia-se a expansão das instituições psiquiátricas nos principais centros urbanos brasileiros. A instituição psiquiátrica busca legitimar-se como uma das instancias reguladoras do espaço social, extrapolando os limites do asilo clássico, construindo um espaço que se vincula ao surgimento da psiquiatria infantil. Deste modo, a psiquiatria vem disfarçada de higiene mental, que objetiva por ser considerada como fundamental, moldar o sujeito do amanhã, ou seja, as crianças, fazendo com esta intervenção o surgimento de uma geração higienizada. Sendo que o olhar sobre a criança justifica e sanciona a intervenção e controle sobre os pais, cabendo assim a higiene mental o papel de orientação científica das famílias. Segundo Schechtman (2005), este período é de forte presença da questão educacional no cenário brasileiro, assim um dos mecanismos estratégicos para a intervenção psiquiátrica sobre a criança era a que ocorria devido a atuação dos médicos na assistência escolar, pelos serviços de higiene e saúde escolar. Deste modo, a atividade desenvolvida pela medicina desempenhava caráter duplo, pois, além de detectar possíveis distúrbios degenerativos, serviria também para classificar e separar as crianças conforme sua evolução psicológica individual. Em 1961, Franco Basaglia, nomeado diretor do Hospital Psiquiátrico de Goriza, trouxe diversas transformações nas condições do cuidado com o paciente psiquiátrico, e afirmava a necessidade de transformações no modelo de assistência e na representação social da loucura, mudanças estas que escapam ao alcance da Psiquiatria. Como explicita Robaina (2010) para Basaglia, a reforma psiquiátrica preconizava o louco como um ser de direitos, um cidadão que não poderia estar à mercê de um sistema de tratamento excludente - mesmo que não desprezasse a necessidade do tratamento clínico - movimentou-se para o rompimento como o modelo hospitalocêntrico. Algumas visitas de Franco Basaglia ao país possibilitaram que se viabilizasse a Reforma Sanitária, estas discussões se iniciam na década de 1970. Este movimento se dá devido a questionamentos sobre o modelo de assistência psiquiátrica que se centra nos hospitais e os movimentos sociais em prol da efetivação dos direitos humanos. A Reforma Sanitária no país pode ser compreendida como um complexo processo político e social disseminado nas várias esferas governamentais com o apoio de diversos agentes (AMARANTE, 1994). 10 Estes movimentos divulgavam, através de denúncia, como se dava o atendimento psiquiátrico, a violência nos manicômios, a supremacia psiquiátrica no atendimento, os fins de consumo presentes nos atendimentos e a concentração do atendimento em redes privadas. Assim, em 1987, ocorre o II Congresso do MTSM (Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental) e a I Conferência Nacional de Saúde Mental, no Rio de Janeiro, que foi realizada no contexto da VIII Conferência Nacional de Saúde sendo que esta, configurouse num marco no Sistema Único de Saúde (SUS). Este evento direciona para a necessidade de mudança no modelo de assistência oferecida nos manicômios com base na supremacia do saber psiquiátrico (BRASIL, 2005). Portanto, com a aprovação da criação do SUS em 1988, ocorre no ano seguinte o Projeto de Lei nº 3657, proposto pelo deputado petista Paulo Delgado de Minas Gerais, que tem como princípio a regulamentação dos direitos dos pacientes com transtorno mental e a extinção dos manicômios. Deste modo, com a assinatura da Declaração de Caracas, em 1990 e com a realização, em 1992, da II Conferência Nacional de Saúde Mental, o Projeto de Lei 3657/89, vai sendo implementado, através da reinvindicação dos movimentos sociais, que geram a subsequente aprovação das legislações no que tange a viabilização de uma rede de atendimento de atenção à saúde mental por diversos estados da Federação (ALVES, 2009). Porém, somente em 2001 é que o Projeto de Lei de Paulo Delgado é sancionado – com alterações ao que se refere ao texto original – resultando na lei 10.216, que afirma o atendimento preferencialmente em base comunitária e pela rede de atenção, da proteção dos direitos dos sujeitos com transtorno mental e a progressiva extinção dos manicômios (BRASIL, 2005). É importante ressaltar que a política social - em qualquer área que se vincule, seja saúde, educação, habitação, entre outras - é fruto de uma conquista advinda de um processo histórico contraditório, da luta de classes e embates políticos. Conforme Behring e Boschetti (2008), a evolução das políticas sociais, é num primeiro momento, considerada como caráter punitivo e repressivo, pontual e fragmentada, tendo como primeiras legislações as leis inglesas, desenvolvidas no período que antecede a Revolução Industrial, “[...] tinham alguns fundamentos comuns: estabelecer o imperativo do trabalho a todos que dependiam de sua força de trabalho para sobreviver, obrigar o pobre a aceitar qualquer trabalho que lhe fosse oferecido; regular a remuneração do trabalho[...]”(BEHRING e BOSCHETTI, 2008, p.48). 11 Com este aspecto repressivo e intuito de induzir os indivíduos ao trabalho, as políticas sociais são um produto do desenvolvimento capitalista, onde o maior interesse desse modelo de sistema é a exploração através do trabalho para gerar a acumulação. Essas políticas atendem parte das necessidades da classe dos trabalhadores, pois são fragmentadas sendo somente o mínimo possível para manter uma ordem, pois tem como maior função a de regulação do mercado, atuando na reprodução social onde o objetivo é manter a lógica do capital – produção e reprodução, exploração, acumulação, centralização e contradição (IAMAMOTO, 2010). No Brasil atrasos acontecem durante toda história, um exemplo, ocorreu na Ditadura Militar, momento de repressão e proibição da leitura e publicação na área da Educação como em muitas outras. Enquanto política social, a Educação vem assumindo novas formas principalmente a partir dos anos 1990 com a alavancada das políticas neoliberais e a ocorrência de mudanças no que tange o campo cultural, social, político e econômico. As políticas sociais em sua totalidade sofrem com reduções, os recursos destinados a elas são limitados, privatizados, e em consequência deste quadro, as responsabilidades do Estado são minimizadas, resultando no aumento da exclusão e do agravamento das expressões da “questão social”, que se refletem na Educação e nas demais políticas sociais, porém, este é um momento em que o país vive a abertura para a democracia (SILVA, 2012). A Educação é um processo de constituição da vida social, é um alicerce para o desenvolvimento social e deve ser um instrumento de concretização para cidadania, contribuindo com o processo de luta pela democracia, pois um indivíduo apropriado de conhecimento e de capacidade crítica tem possibilidades de provocar transformações, ou seja, a Educação “deve ser compreendida como um processo político, exatamente por traduzirem objetivos e interesses de grupo social economicamente diferente.” (GADOTTI, 1983, p. 45). Portanto, com a modificação das relações sociais, mudanças no panorama econômico e a necessidade por profissionais qualificados, a Educação trava lutas no intuito de se colocar frente à sociedade como direito e para que seja estendido e garantido a todos. No entanto, somente a partir Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, da Declaração de Salamanca, em 1994, e efetivação com a Constituição Federal de 1988, é que a Educação adquire novos contornos, passando a ser um direito, embasado em leis, devendo ser garantida pelo Estado, por meio de diferentes políticas. 12 Assim, a Educação no Brasil se orienta pela Constituição da República Federativa de 1988, que do Artigo 205 ao 214, estabelece os direitos sociais dos quais a educação passa a ser incluída, sendo direito de todos e responsabilidade do Estado e da família promovê-la e incentivá-la, com a colaboração da sociedade visando o pleno desenvolvimento do sujeito, o preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho. Cabe destacar que é a Constituição de 1988, em seu Artigo 208, que insere o princípio da universalização do acesso à educação pública, gratuita e de qualidade que prime pelo desenvolvimento do potencial humano em suas especificidades. A educação é regida também por demais legislações como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (1996), o Plano Nacional de Educação – PNE (2011-2020), Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE (2007), Estatuto da Criança e Adolescente – ECA (1990), assim, As normas básicas de regulamentação e funcionamento do sistema educacional estão sob responsabilidade da União, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e no PNE, traduzidas e especificadas pelas medidas estabelecidas no âmbito do Conselho Nacional de Educação – CNE. Os estados poderão expedir legislação complementar, adequando as normas gerais e particularidades locais. (SAVIANI, 2010, p. 279) Deste modo, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (1996) abrange a Educação aos processos formativos no que tange a vida familiar, a convivência humana, o trabalho, as instituições de ensino, e pesquisa se estendendo aos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e manifestações culturais. Assim, a partir da formulação dos documentos legais frente a Política de Educação, há a possibilidade de uma educação mais igualitária e não excludente, passa-se a incluir todas as pessoas, de todas as classes, indiferente de raça, gênero, religião e outros aspectos, no ambiente regular de ensino onde serão preparados para exercer sua cidadania, ampliando assim o horizonte de possibilidades, fazendo com que o direito à Educação seja efetivamente garantido a todos. Do mesmo modo que a Política de Educação foi construída historicamente, a Política da Saúde também tem como base para sua implementação a Constituição Federal de 1988, no artigo 196 do direito à Saúde. Este artigo é complementado pela LOS – Lei Orgânica da Saúde n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá 13 outras providências. Inclusive dispõe sobre o SUS – Sistema Único de Saúde, tais como atribuições, objetivos, princípios, diretrizes, gestão e outros. Assim, [...] as modificações da década de 80, que culminam com a promulgação da Constituição de 1988, que inaugura um novo sistema de proteção social pautado na concepção de Seguridade Social, que universaliza os direitos sociais, concebendo, a Saúde, a Assistência Social e a Previdência como questão pública, de responsabilidade do Estado. (BRAVO, 2006, p.88) Ou seja, as mudanças políticas e econômicas ocorridas na década de 1980, determinaram o esgotamento do modelo médico assistencial privatista hegemônico. O processo de redemocratização do Brasil estabeleceu novos rumos às políticas e fez surgir novos atores sociais que propunham um novo modelo de atenção à saúde. Sobre este momento, destaca Bravo, a “Saúde deixa de ser interesse apenas dos técnicos para assumir uma dimensão política, estando estreitamente vinculada à democracia.” (BRAVO, 2006, p. 95). A implantação do SUS, advém de uma manifestação nacional e anti-manicomial conhecida como Reforma Sanitária, que teve seu início nos anos 1970, e levantava questionamentos em relação ao modelo de assistência psiquiátrica. CONCLUSÕES Com a implementação da Política de Educação e Saúde o país rompe com uma longa tradição de exclusão educacional, que passa de algo com caráter assistencialista e de controle social para algo que engloba a todos, sem distinção de classe, cor, raça e etnia. No entanto há desafios a serem superados para que a educação possa promover a liberdade como veículo na direção da cidadania plena, e da liberdade que é inerente ao ser e a própria sociedade, uma delas é a medicalização, que vem imputar ao indivíduo algo que tem raiz na lógica excludente do sistema capitalista, que descola o sujeito da realidade social na qual se encontra inserido e lhe atribui características de um ser a-histórico, não levando em conta a singularidade e a subjetividade peculiares de cada ser. É importante analisar que para construção de uma nova ordem societária, democracia, cidadania, direitos sociais, políticos e humanos não devem se dissociar, pois são elementos interligados, dependendo um do outro para que mudanças concretas ocorram, sendo assim, a realidade na qual nos encontramos a deriva é construída dentro de um processo de transformações históricas, de mudanças sociais, culturais, políticas e 14 econômicas. Consequentemente, tendo em vista este contexto, é importante buscar por alternativas que busquem romper com a lógica excludente do capital. REFERÊNCIAS AMARANTE, P. Psiquiatria Social e Reforma Psiquiátrica. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1994. ANGELUCCI, C. B.; SOUZA, B. P. Apresentação. In:Medicalização de crianças e adolescentes: conflitos silenciados pela redução de questões sociais a doenças de indivíduos. Orgs. Conselho Regional de Psicologia de São Paulo; Grupo Interinstitucional Queixa Escolar. São Paulo. Casa do Psicólogo, 2010. BRASIL. Ministério da Educação. Documentos Subsidiários a Política de Inclusão. Secretaria de Educação Especial. 2005. Disponível em : http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/docsubsidiariopoliticadeinclusão.pdf. Acesso em: 20 mar. 2013. ______. Constituição da República Federativa. Brasília: Subsecretaria de Edições Técnicas, 1988. ______. Lei nº 8.080. Ministério da Saúde. Brasília: 1990. BEHRING, Elaine Rossetti; BOSCHETTI, Ivanete. Política social: fundamentos e história. 4 ed. São Paulo: Cortez, 2008. BRAVO, S. I. M. Política de Saúde no Brasil. In: Serviço Social e Saúde. São Paulo: Câmara Brasileira do Livro. p. 88-110, 2006. BULLA, L. C. Relações sociais e questão social na trajetória histórica do serviço social brasileiro. Revista virtual Textos & Contextos, nº 2, ano II, dez. 2003. Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fass/article/viewFile/947/727>. Acesso em: 18 de abril 2012. COLLARES, C. L.; MOISÉS, M. A. A. A transformação do espaço pedagógico em espaço clínico (A Patologização da Educação). RevistaSérie Idéias.nº 23. São Paulo. FDE. p. 25-31, 1994. ______. Fracasso escolar uma questão médica? Caderno Cedes, n.15. São Paulo: Cortez, 1985. ______Dislexia e TDAH: uma análise a partir da Ciência Médica. In:Medicalização de crianças e adolescentes: conflitos silenciados pela redução de questões sociais a doenças de indivíduos. Orgs. Conselho Regional de Psicologia de São Paulo; Grupo Interinstitucional Queixa Escolar. São Paulo. Casa do Psicólogo, 2010. CONSTANTINO, E. P. Meninos institucionalizados: a construção de um caminho. São Paulo: Arte e Ciência, 2000. COSTA, J. F. Ordem médica e norma familiar. 3. ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2004. FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes, 1987. 15 GADOTTI, M. Concepção Dialética da Educação: um estudo introdutório. 2. Ed. Cortez: Autores Associados. São Paulo, 1983. IAMAMOTO, M. V. Serviço Social em tempo de capital feitiche: capital financeiro, trabalho e questão social. 4 ed. São Paulo: Cortez, 2010. IAMAMOTO, M. V.; CARVALHO, R. Relações sociais e serviço social no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica. 33. ed. São Paulo: Cortez, 2011. LUENGO, F. C. A vigilância punitiva: a postura dos educadores no processo de patologização e medicalização da infância. 1. ed. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. MÉSZAROS, I. A educação para além do capital. São Paulo: Boitempo, 2005. NETTO, J. P.; BRAZ. M. Economia política: uma introdução crítica. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2010. ______. Cinconotas a propósito da “questão social”.Temporalis, Brasília: ABEPSS, Grafline, ano. 2, n.3, p. 41-50, jan/jul. 2001. ROBAINA, C. M. V. O trabalho do Serviço Social nos serviços substitutivos de saúde mental. Serviço Social e Sociedade. n.102. São Paulo: Cortez, 2010. ROSA, L. C. S. Os saberes construídos sobre a família na área da saúde mental. Serviço Social & Sociedade.n. 71. São Paulo: Cortez, 2002. SAVIANI, D. Organização da Educação Nacional: Sistema e Conselho nacional de Educação, Plano e Fórum Nacional de Educação. v.31, n.112, Campinas – SP, 2010. SCHECHTMAN, A. Consideração Histórica sobre Saúde Mental infantil no Brasil. In: Caminhos para uma política de Saúde Mental Infanto-Juvenil. Brasília: Ministério da Saúde, 2005, p. 25-29. SILVA, M. M. J. O lugar do Serviço Social na Educação. In: Serviço Social na Educação: Teoria e Prática. 1. ed. Campinas, SP. Ed.Papel Social, 2012. SOUZA, M. P. R. Retornando a patologia para justificar a não aprendizagem escolar: a medicalização e o diagnóstico de transtornos de aprendizagem em tempos de neoliberalismo. In:Medicalização de crianças e adolescentes: conflitos silenciados pela redução de questões sociais a doenças de indivíduos. Orgs. Conselho Regional de Psicologia de São Paulo; Grupo Interinstitucional Queixa Escolar. São Paulo. Casa do Psicólogo, 2010. 16