HIDROCEFALIA E COMPLICAÇÕES DA VÁLCULA DE DERIVAÇÃO VENTRÍCULO PERITONEAL EM PACIENTE PEDIÁTRICO Ana Carolina Stefenoni Ribeiro¹; Barbara Elias Prado²; Mateus Carvalho Mota²; Morgana Carvalho Mota²; Manoel Estevam de Ávila Filho² 1Acadêmica de Medicina da UNESC, ²Acadêmicos de Medicina do ITPAC INTRODUÇÃO: A hidrocefalia caracteriza-se por um acúmulo anormal de líquido cefalorraquidiano nos ventrículos, podendo ser causada por má formação congênita, infecções ou tumores. A principal escolha terapêutica é a derivação ventrículo peritoneal (DVP) que funciona como drenagem valvulada unidirecional com o objetivo de derivar o líquido em excesso nos ventrículos cerebrais para a cavidade peritoneal. As principais complicações da DVP são de origem mecânica e infecciosa. Figura 01 Figura 02 OBJETIVOS: Relatar e comparar com a literatura as complicações da válvula de derivação ventrículo peritoneal em paciente pediátrico com hidrocefalia adquirida. As informações foram obtidas através de um estudo retrospectivo, com análise do prontuário, entrevista com a acompanhante do paciente e revisão de literatura. RESULTADOS: Paciente LSS, sexo masculino, 12 anos de idade. Apresentou hidrocefalia aos 10 anos com sintomatologia de febre e cefaleia de forte intensidade. Feito exame radiológico detectou-se imagem sugestiva de tumor no mesencéfalo, não foi realizado a biópsia. A terapêutica foi de implantar a válvula de derivação ventrículo peritoneal (DVP). Evoluiu com excelente prognóstico e alta hospitalar. Posteriormente, aos 12 anos de idade, paciente sofreu trauma mecânico que repercutiu com hemorragia intraventricular, edema cerebral, obstrução e deslocamento da válvula DVP e hidrocefalia. Paciente entrou em coma arresponsivo por um mês sendo necessário realizar traqueostomia e gastrostomia. Houve contaminação da DVP por estar próxima da gastrostomia, o que desencadeou meningite. Esta foi diagnosticada e tratada de forma imediata. Atualmente, paciente apresenta-se em estado comatoso de vigília, Glasgow com descerebração e abertura ocular espontânea. Permanece internado no Hospital Regional de Araguaína (HRA) aguardando cirurgia de nova válvula de derivação ventrículo peritônio. DISCUSSÃO: A introdução do uso de drenagens valvuladas unidirecionais em pacientes hidrocéfalos tem gerado marcante diminuição da morbimortalidade, com destaque para a DVP, que foi a conduta de escolha neste caso. A infecção e as disfunções mecânicas são descritas como as principais complicações do procedimento, e ambas estiveram presentes no caso exposto. As complicações mecânicas têm sido relatadas com frequência entre 30% e 60%, ocorrendo sobretudo nos primeiros dois anos pósderivação, assim como descrito no caso referente à este estudo. O índice de infecção do sistema de drenagem varia entre 2% e 15%, com grande influência sobre a qualidade de vida dos pacientes e com risco de mortalidade entre 30% e 40%. No caso relatado, primeiramente ocorreu complicação mecânica, o que desencadeou a necessidade de gastrostomia e consequente contaminação da DVP, gerando meningite, que apesar de ser descrita com alta morbimortalidade foi rapidamente tratada no paciente, e mesmo com certo prejuízo neuro-psico-motor, evitou-se o óbito. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A principal derivação utilizada na prática é a ventrículo-peritoneal (DVP). A terapêutica de DVP foi evidentemente de grande valia para a estabilização do paciente assim que este foi diagnosticado com hidrocefalia. . Observa-se que os distúrbios mecânicos do sistema e a meningite pós-derivação foram as complicações mais frequentes. O tratamento imediato da meningite foi de grande relevância para a melhora do paciente visto que apresenta alta morbimortalidade. Mesmo que com prejuízo neuropsicomotor foi estabilizado e aguarda por recolocação da válvula de derivação ventrículo peritoneal. 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Figura 01: Disponível em: <http://www.neurocranioecoluna.com.br/site/o-quefazemos/neurocirurgia/hidrocefalia-de-pressao-normal.html>. Acesso em: 21 set. 2015. Figura 02: Disponível em: <http://www.neurocin.com.br/site/artigos_show.php?artigo=70> . Acesso em: 21 set. 2015. Email: [email protected]